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GRUPO BRASILEIRO DE PROFESSORES DE DENTISTICA COORDENADOR Adair Luiz Stefanello Busato Historico Durante o II] Congresso Odontolégico de Ribeirio Preto, realizado de 24 a 30 de Novembro de 1974, mais especificamente na manha do dia 28 de novembro, estiveram presentes professores de Dentis- tica de varias escolas de Odontologia do pais, convidados pelo Coordenador do I Encontro de Professores de Dentistica, Prof. Dr. Dionisio Vinha, A finalidade era discutir tema genérico voltado para a “experiéncia de ensino de Dentistica Operaté- ria e Restauradora, e 0 funcionamento das clinicas”, com material inclusive enviado previamente pelos docentes de cada instituigao. Dessa reunido emanaram vérios conceitos quanto & localizagio de disciplinas no curriculo, cargas horérias ¢ respectivos contetidos. Estando representadas varias liderangas nacionais da rea e, frente aos resultados altamente positivos obtidos nesse encontro, que seriam transmitidos as demais instituigdes brasileiras, decidiram os participantes, por proposta do Dr. Lincoln Steagall, criar 0 Grupo Brasileiro de Professores de Dentistica, e nomear um Conselho Dirigente para coordené-lo até seu 1° Encontro, marca- do para o periodo de 26 a 31 de outubro de 1975, em Salvador, Bahia, como atividade paralela do 1° Congresso Baiano de Odontologia. Esse conselho era constituido pelos Profs. Drs. Fausto Gabrielli, Guilherme Simées Gomes, José Mondelli, Lincoln Stegall e Miguel Russo. Foi entdo elaborado 0 anteprojeto do Estatuto do Grupo, posteriormente aprovado durante o seu 1° Encontro, e o temédrio para discussao naquele evento - Ensino de Dentistica - tendo sido relatores os Profs. Be Drs. Lincoln Stegall e Miguel Russo. Foi também eleita em Salvador a primeira Diretoria do G.BPD., constitufda por: Presipenre: Prof. Dr. José Mondelli 1° Vice-PresweNre: Prof. Dr. Germano Tabacof 2° Vice-PresiveNTe: Prof. Dr. Fortunato Rigoti Alice Tesoureino: Prof. Dr. Jodo Galan Jinior SecreTARIA: Profa. Dra. Maria Fidela de Lima Navarro A partir desse 1° Encontro, 0 G.B.PD. tem se consolidado e crescido, nao s6 em mimero de associa- dos, mas na contribuigao que tem oferecido a todas as escolas do pais, por meio de promocao de cursos, encontros regionais, preparo e distribuicdo de material didatico e representatividade no meio odontolégi co nacional. Torna-se importante mencionar que em abril de 1975 foi reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia a especialidade “Dentistica Restauradora”, cuja publicag3o no Diério Oficial da Unido ocorreu em 12 de agosto do mesmo ano. Digitalizado com CamScanner Encontros Organizados pelo GBPD I Encontro do GBPD - Salvador, BA - 1975 Il Encontro do GBPD - Curitiba, PR- 1977 Il Encontro do GBPD - Baur, SP - 1979 VI Encontro do GBPD - Recife, PE~ 1985 VIL_ Encontro do GBPD - Salvador, BA - 1987 VIII Encontro do GBPD - Canela, RS - 1989 IX Encontro do GBPD - Belém, PA - 1991 X Encontro do GBPD - Fo do Iguagd, PR - 1993 XI Encontro do GBPD - Campos do Jordio, SP - 1995. [vn XII Encontro do GBPD - Vit6ria, ES - 1997 XIII Encontro do GBPD - Recife, PE - 1999 Jubileu de Prata do GBPD - 1999 XIV Encontro do GBPD - Belo Horizonte, MG - 2001 XV__ Encontro do GBPD - Fortaleza, CE - 2003 XVI Encontro do GBPD - Rio de Janeiro, RJ - 2005 Digitalizado com CamScanner Uma nova filosofia em dentistica ALcEBIADES NUN! SIMONE ALBERTO! | | = - | PEDRO ANTONIO GONZALES HERNANDEZ | ] ] j RICARDO PRATES MACEDO LeaNoro AZAMBUIA REICHERT CCotaBorabores (ALUNOS DO CURSO DE MESTRADO EM Dentisrica ~ ULBRA-RS) Auprey SCHAFER - CrisTIANO MAGAGNIN Gracies TaLHeT! BRUM GUILHERME ANZILIERO AROSSI ! Luiz Feuire BuzTe COELHO | Rafael BaRReTO COGO - VALTER ORLANDO SOARES — VIRGINIA TEICHMANN ESPINA Digitalizado com CamScanner ee... BRASILEIRO DE PROFESSORES DE DENTISTICA - z UMA NOVA FILOSOFIA EM DENTISTICA ¢@ Minimizando para maximizar. ‘A valorizagao da estrutura dentéria; os novos matetiais adesivos e a estética transformaram a Odon- tologia Restauradora num evento novo. A nova dimensio da Odontologia, onde se deve dar méxima preservagio do remanescente ¢ execugao de uma restauragao minima, redimensio- nam a intervencao. A mudanga do modelo de atendimento, onde se privilegia 0 cuidado com a sade € nao com o tratamento completam as novas caracteristicas da “Nova Dentistica”. atengao a prevencio; Digitalizado com CamScanner UMA NOVA FILOSOFIA EM DENTISTICA “Novo é a mudanca do que ja existe, novo é aperfeicoar. Novo é um recomeco é continuidade. A ruptura da continuidade é 0 rompimento com 0 tradicional, mas também é a continuidade da tra- digéo.” Se seguirmos os caminhos que outros jé seguiram, chegaremos ao mesmo lugar que outros id chegaram. E preciso tentar ir além... Novo é um pensar diferente daquilo que jé existe. Na Odontologia, e mais precisamente na Dentistica, tudo esté baseado em BLACK, 1908. Quando 0 autor estabeleceu a terminologia que nada mais é do que a forma como os profis- sionais da mesma Area podem se comunicar, esta~ beleceu também normas, formas, procedimentos para que no mundo inteiro fosse possivel falar, escrever, comunicar fatos relacionados com 0 tra- tamento da doenca-carie. Na verdade toda a filo- sofia de BLACK € centrada no tratamento, toda~ via fez varias incursdes no campo da prevengio; sugerindo maneiras de evitar a instalagao da do-) enga, bem como previu que um dia, néo muito: distante, 0 entendimento de como a doenga se instala seria compreendido integralmente € novas, concepgies criadas. Na época, as concepgées fo- ram ctiadas considerando o tamanho dos instru- mentos ¢ dos materiais disponiveis. O amélgama era 0 material referencial para dentes posteriores, enquanto que para dentes anteriores o cimento de silicato, surgido em 1906 era a opgao para cavi- dades de classes V ¢ Ill, pois se tratava de um material de pouca resisténcia ao desgaste. Nos casos de envolvimento de angulo, por- tanto cavidade de classe IV, indicava-se uma res- tauragio fundida, com ou sem faceta estética. Como o amélgama, e também o cimento de silica- to eram materiais que nao se aderiam A estrutura dentéria, era necessdrio que fossem feitas reten- ges, mesmo que houvesse retencao friccional e a elas deu-se 0 nome de retengGes adicionais. Nao havia nesta época grande preocupagao com a esté- tica, o mais importante era devolver forma € por conseqiiéncia a fungio do dente. Todo procedi- mento restaurador implicava em criar a custa da dentina sadia uma forma de evitar a queda da restauragdo. Outro dado importante, 0 tratamen- to das lesées era feita com preparo cavitério e dai surgiu a classificagao de cavidades, ¢ nao das le- ses, Nao importava o tamanho da lesdo cariosa, © tratamento indicado era a preparagio ¢ a colo- cagio de um material restaurador, tendo ainda como recomendagao a extensao preventiva, enten- dida como a necessidade de levar as margens da cavidade para dreas de menor risco a instalagao de uma nova lesio, Em quase cem anos de Odontolo- gia, muitas coisas mudaram. Outras softeram adaptagdes ao momento ¢ a circunstancia. Muda- ram instrumentos ¢ materiais. Mudaram a filoso- fia eo ensino. Mudaram as necessidades ¢ 08 cur- riculos, Mudou © mundo... nés também estamos mudando... Fig 1.1 Ha um século @ Odontologia recuperave forma, fungto e “ESTETICA’ com restaurabes metdcas em outto. Digitalizado com CamScanner Figs. 1.2 € 1.3 ' Odontooga fo iad para waar da doenca Fig. 14 Em uma nov filosoia @ Odontologia cuida da satide eno da doenga. CLASSIFICACAO AS CAVIDADES (BLACK,1908) De forma muito genial, BLACK percebeu que as lesdes se repetiam em determinadas areas do dente, alguma com mais intensidade que outras, ¢ as denominou de acordo com a localizagio. As- sim chamou de CLASSE I, todas as cavidades que seriam feitas para tratar de leses que se manifes- tavam em rea de mé coalescéncia do esmalte {elas estdo situadas na oclusal dos dentes posterio- res, na regido de cingulo dos dentes anteriores, € nos dois tergos oclusais de dentes posteriores, principalmente em vestibular nos inferiores e em palatina nos superiores - nestas regides porque © sulco secundario se estende até o tergo oclusal). 0 que é uma md coalescéncia: um defeito do esmalte que ocorre com freqiiéncia nos pontos de uniso do esmalte, o qual pode estar profundo, ou até mesmo ausente, nestes casos caracterizaria uma fissura no fundo do sulco ou uma cicatricula no fundo da féssula, CLASSE Il: sio as cavidades preparadas na proximal dos dentes posteriores, tanto na mesial como na distal. Preferencialmente, estio situadas abaixo do ponto de contato € tem tendéncia a aumentar a partir de 14 anos, quarido Digitalizado com CamScanner todos os dentes estabelecem contatos interproxi- mais, se no houver uma limpeza correta. CLAS- SE IM: cavidades estabelecidas na proximal de dentes anteriores, situadas no tergo cervical e mé- dio, CLASSE IV: sio todas as preparagées que ocorrem nos angulos incisais dos dentes anterio- Fes, quer sejam por carie ou por fratura, CLASSE V: cavidades preparadas no terso cervical de todos os dentes, independente de ser por vestibular ou lingual. Na década de 70 outras propostas cavitérias foram apresentadas por situarem em areas nao descritas por BLACK. Assim HOWARD & SI- MON, descreveram a cavidade que ocorre na ponta das ciispides dos dentes posteriores ou no bordo incisal de dentes anteriores. Em 1975 SOCKWELL relata 0 aparecimento de uma lesio no tergo médio, regido de sulco em incisivos central superiores e-a denomina classe I de Sockwel. Classe | areas de ma coalescénda do esmale Fig. 1.6 = ass i= proximal dos dentespostrores Digitalizado com CamScanner Eee ae ee || GRUPO BRASILEIRO DE PROFESSORES DE DENTISTICA — Fig. 1.7 _ = Classe lil - proximal dos dentes anteriores Fig. 1.8 Classe IV - envolvimento do angulo incisal i~ ee Digitalizado com CamScanner UMA NOVA FILOSOFIA EM onsen Fig. 1.9 ‘Classe V = no tergo cervical de todos os dees. -—= A Fig. 1.10 7 Classe VI de HOWARD & SIMON ~ em pont de cispide ‘u borda incl. Digitalizado com CamScanner Fig. 1.11 Classe | de SOCKWELL no terco médio de incves cena superiors Considerando que o tratamento para todas as lesdes cariosas era restaurador, BLACK, tam- bem idealizou uma seqiiéncia para organizar a execugio da cavidade, de forma integrada e quase que indissocidvel; e que por razdes didaticas po- dem ser individualizadas para facilitar a compre- ensdo. Na verdade, durante o preparo elas acon- tecem simultaneamente, de modo que ao final do preparo todos estes aspectos estejam contempla- dos. Com este objetivo especifico foram criados os Principios Gerais do Preparo de Cavidades. O preparo cavitario sofreu significativas mu- dangas. O surgimento de novos materiais restau- radores, as mudangas nos paradigmas de atencao 4 satide e fundamentalmente o aprofundamento na etiologia da doenga-carie contribuiram para isto. Hoje, sabe-se que os dentes sao susceptiveis & carie, todavia, condigdes higiénicas podem livrar 0 dente do risco de desmineralizagbes. A alta com- plexidade da odontologia associada ao enfoque curativo, ao cardter mercantilista, monopolista e descoordenado, tem levado a estabelecer um mo- delo de arendimento ineficaz ¢ de baixa cobertura. Quando os programas de promogao de saiide se tornam ineficientes, surge a doenca, Neste-caso, ‘a lesio cérie, é€ a manifestagio do desequilibrio entre a microflora bucal e 0 hospedeiro. Esta claro que tratamento restaurador no significa a gf, minagdo da doenga, entretanto, contribui: parg minimizar os fatores de retengao ciclicos da mes. ma. Neste caso, a conservacao da estrutura dent. ria € fundamental. Desde 1908, com o surgimento dos Principios restauradores, sugeridos por BLACK, mudancas tem acontecido e ainda é necessaria a compreen. so do contexto atual. ROULET ¢ DEGRANGE (2000) propéem modificages drasticas quanto 4 conservacao da estrutura dentaria, entendendo como fundamental a petmanéncia do substrato dentinério para garantir a longevidade de uma restauracao. Embora a cavidade nao exija formas definidas como no caso do amélgama, ela ainda nao se constitui na solugao da doenca. ‘A promocao de satide € a varidvel fundamen. tal para favorecer, a cada dia, uma Dentistica me nos restauradoras Tentar entender como isso possivel, €a nova tarefaida‘Odontologia. ‘Até 0 inicio do°século passado, os prepa cavitdrios eram realizados de forma empirica, s:m conhecimentos mecanicos ¢ biolégicos. Em 190 BLACK desenvolveu os principios gerais do pe- paro cavitdrio, elaborando normas e regras pat execugao do mesmo, baseado em conceitos msi nicos. Com o passar dos anos, muitos mudat as foram sugeridas, sempre objetivando:a remo io de menor quantidade de estrutura dentaria sav a Com o surgimento do ataque Acido, prop: por BUONOCORE, em 1955, e com a introdu, dos materiaisadesivos, muitos conceitos aca! ram mudandov/A cavidade nao exigia mais formas definidas como no caso do amélgama, onde a re tengo dependia da conformagao do preparo, que muitas vezes levava a um desgaste excessivo de tecido sadio. Esta preocupagao com o desgaste de tecido foi reforgada por estudos de MONDELLI et al. (1980) que demonstraram a importancia n= manutengao da crista marginal para melhorat @ resistencia a fratura do remanescente dentério. Conhecimentos sobre a etiologia e a possibili- dade de controlar a doenca-cérie de forma mio invasiva, levaram.a uma mudanga nos conceitos de diagnéstico'e tratamento da doenga, modifr cando alguns procedimentos clinicos, na busca Promoao de satide. O conceito de extensio pi ventivo preconizado por BLACK (1908), passo¥ * ser obsoleto, definindo-se entao que o tratament? da leso nao precisava ser necessariamente inv vo, principalmente quando o diagnéstico for re zado precocemente. itd Digitalizado com CamScanner O contexto atual da Dentistica se fundamenta nos prineipios de maxima preservagio, maxima prevengio e minima restauragio ow intervengao. Isto traz uma mudanga radical no que concerne a0 preparo cavitério. PRINCIPIOS GERAIS DO PREPARO CAVITARIO: A TRADICAO, A MUDANGA E A INOVACAO @ Remocao da dentina cariada A cari dentaria € uma doenga infecciosa complexa, e multifatorial, que determina a des- ttuigao localizada dos tecidos mineralizados. Ela é influenciada pelo fator tempo e é descrita como um processo dependente da interagao entre micro- biota, especifica, carboidratos e uma superficie dentéria suscetivel. A progressiio da doenca é len- ta, resultante de um desequilibrio entre © mineral do dente ¢ os substratos da placa presentes nesté dente, causando uma perda mineral. A cérie, nor- malmente, nao é autolimitante, podendo causar a destruigao total do elemento dentario se nao for tratada, observando-se, assim, a importincia do diagnéstico precoce dos sinais clinicos da doenga (KRAMER et al., 1997; BUSATO et al., 1997). Desde os tempos de MILLER (1890), sabe-as que a doenga-cérie resulta da atividade de micror- ganismos capazes det produzir acidos. Entretanto, foi em 1924 que CLARKE, definiu a cérie como sendo resultante de um microrganismo streptococ- cus mutans, Esta teoria foi confirmada por KEYES (1960); FITZGERALD e KEYES (1965), que argumentaram a relagdo entre a carie e os microrganismos, 0 hospedeiro e a dieta. ‘A destruigio localizada dos tecidos duros é 0 sinal da doenca, resultante do desequilibrio dos farores desencadeantes ¢ se denomina de leséo. Inicialmente se apresenta como uma mancha branca, resultante da desmineralizagio que pro- duz perda da translucidez e porosidade no esmal- te. Este aspecto define a atividade da lesdo. Esta etapa pode ser reversivel, parcial ou totalmente. A lisura e o brilho superficial sao sinais de regressio da lesio (BUSATO et al., 1997). ‘A lesio de cérie evolui de acordo a area ana- tmica dentéria onde se localiza. Desta forma, ve- mos que na superficie oclusal se origina em zonas de dificil impeza (fossas ¢ sulcos), assim como em qualquer superficie onde se localizem estes aciden- tes anatémicos.\A progressio da lesio até alcangar a dentina, dé uma conformagio de um cone, com™ base maior na dentina, guiada pela direcio dos prismas de esmalte§Na jungao amelo-dentinaria, a lesdo propaga-se lateralmente, envolvendo grande nimero de tibulos dentindrios e seguindo sua di- regdo. Nas lesdes de superficies livres (vestibular lingual), sem irregularidades anatémicas, e de su- perficies proximais (mesial e distal), a progressio se dé da superficie para as zonas estrututais mais profundas, sendo que a velocidade é determinada, especialmente, pela relagao placa-dente (mecanis- mos de desmineralizacao e remineralizacao) e pela presenga de defeitos e microporos na superficie do esmalte. No comego, a cdrie causa muito pouco dano a superficie externa do esmalte, mas produz ‘uma grande desmineralizagao na zona subsuperfi- cial do mesmo} A destruicao cariosa do esmalte, normal toma a forma de um cone de base maior externa, Ao chegar ao limite amelo-dentiné- se estende lateralmente, chegando a tomar uma dimensdo maior que a lesio do esmal- te, podendo ficar socavada sob um tecido sadio. Na dentina, a progressio é rapida, seguindo os ribulos dentinarios, dando a forma de um cone com base no limite amelo-dentinario e vértice na regido pulpar. Tanto nas fissuras como nas superficies livres, a leso pode ser dividida em quatro zonas: zona translicida, zona escura, cozpo da lesio ¢ zona superficial (DARLING, 1956). Existem duas linhas filos6ficas para diagnost car cérie: a norte-americana, método tatil ou pal- pages indiretas, que utiliza a sonda exploradora, JACKSON (1950) ¢ a européia ou método visual, preconizada por MARTHALER (1966). Estudos comparativos mostraram que 0 uso da sonda nao facilita 0 diagnéstico da cérie, ¢ até pode desenca- dear danos ao tecido higido e desmineralizado, devendo ser descartada para tal finalidade (EKS- TRAND et al., 1987; LUSSI, 1991). Para facilitar a inspegao visual em lesdes pro- ximais, pode ser usada a técnica da separagio temporaria (BUSATO et al., 2002), podendo ser pelo método imediato, com afastadores mecani- cos, ou pelo método mediato, utilizando-se tira de borracha ou separador ortodéntico, deixados por 24 horas, 3 dias ou uma semana. A separago temporaria fornece um diagnéstico preciso quanto Digitalizado com CamScanner lesdes incipientes. Uso de microcémera intrabucal pode facilitar 0 diagnéstico pelo aumento signifi cativo da imagem (BUSATO et al., 2002). Nas lesdes em dentina, a inspegio visual de- pende da coloracio € consisténcia, O tom amar lo-claro e 0 aspecto simido identificam a lesio ati va. Jé as lesdes inativas sio caracterizadas por uma coloragio escura ou preta e firmeza a palpa- gio indireta. £ importante destacar que 0 exame titi deverd ser realizado’ de forma suave (KRA- MER et al., 1997; BUSATO et al., 2002). © exame complementar radiografico inter- proximal favorece a identificagio de lesées tanto ‘em superficies proximais como oclusais, No en- tanto, nao € considerado eficaz para lesGes de cé- rie oclusal incipientes, pois as alterag6es teciduais sio evidenciadas quando ja hé um comprometi- mento de mais de 0,5 mm/em dentina (KRAMER et al., 1997). Em lesdes fechadas de cingulo, 0 uso de radiografias periapicais para detectar sua pro- fundiddde é limitado, devido a sobreposicio de imagens (BUSATO et al.; 1997). Quando se tem suspeita de lesio em.dentina, seja’ do tipo aberta ou oculta, 0 exame radiografico &imprescindivel para confirmar o diagnéstico, tanto em localiza~ 40 como em extensio (BUSATO et al; 2002). DORFMANN eft al. (1943) identificou dife- rentes camadas histol6gicas numa‘lesio de cérie. A utilidade clinica deste descobrimento foi possivel quando FUSAYAMA, em 1979, introduziu um co- rante 04 evidenciador de cdrie capaz. de identificar tais camadas. O autor ndo considerou confiaveis 0s critérios de dureza e coloragao da dentina, suge- rindo o\uso de Fucsina Basica a 0,5% em Propile- no Glicol ou corante Verihelho Acido a 1% em Propileno Glicol para diferenciar as diferencas his- tol6gica’ no tecido cariado. Embora tenha sido discutida amplamente a vantagem do emprego de evidenciadores. no diagndstico de carie, tem sido sugerido que 0 uso dos mesmos nio assegura a total remogio de mi- crorganismos, e assim como pode levar a um des- gaste desnecessario de estrutura dental, devido a capilaridade da solugdo corante, principalmente na superficie pulpar, em cavidades profundas (HENZ, 1997). Torna-se necessério explicar que, em caso de restauragio no mesmé dia, 0 uso de evidenciadores é 0 método mais confivel para diagnosticar tecido cariado. Por ele se unir as ami- nas liberadas do colageno itreversivelmente desor- ganizado, nos permite identificar as areas dentit Imente desorganizadas. A presenga € imprescindivel para garantic xt esto pelo método de hibridizagao, fundamen, talmente, ou através da integragéo dent (NAKABAYASHI, 19825 BUSATO et al., 2002) ‘Um novo método de diagndstico de cétie é 9 sistema de transiluminagao com fibra éptica que lutiliza o FOTI, equipamento construfdo para for- hecer uma melhor visualizagao da superficie den. taria, Porém, devido a seu alto custo, KRAMER or al, (1997) € BUSATO, et al. (1997) sugerem {que @ utilizagao dos sistemas de luz dos aparelhos fotopolimerizadores & aceitavel. Este sistema, do ponto de vista pritico ¢ biol6gico, pode superar como diagnéstico auxiliar a radiografia, por néo utilizar radiagao ionizante. A transiluminacio por fibra ética dé o diagnéstico a partir das diferencas nos indices de transmissio de luz nos tecidos den- tarios, sendo que a cérie aparece como uma som bra escurecida, devido a maior difusdo de luz, ‘A medigao de resisténcia elétrica é um outr método de diagnéstico, que se fundamenta n principio de que 0 dente cariado possui meno resisténcia elétrica que um dente sadio. Apesar d: ASHLEY et al. (1998) mostrarem bons resultade no diagnéstico com este método, mais estude rias reversivel do coligeno integro precisam ser realizados. Uma vez diagnosticada a lesdo de cérie se re ‘move o tecido cariado. Os conhecimentos sobre doenga-cérie, assim como os novos materiais res tauradores estimulam a preservacao da estrutura dentéria, neceésitando-se de uma avaliagao dos métodos de remocio de tecido cariado existentes. METODOS DE REMOCAO DE DETINA CARIADA Embora os instrumentos rotat6rios, como brocas € pontas diamantadas, sejam os mais ust dos, existem alguns problemas que devem set le vados em consideracio, como: 0 desconforto 40 Paciente, necessidade de uma anestesia local, ° aquecimento causado pelo corte da broca, 4Y* Seaite com o spray de Agua, pode causar algu™ lano 4 polpa e muitas vezes, a ocorréncia de u™ sobrepreparo, com a remogio de dentina nao i ee As brocas podem, facilmente, abrir tib™ indrios sadios na dentina mais profuré® ei esate com a estimulagio dos proces don soblistcos pela agua, o que pode result POS © preparo, Na pratica, normalmet Digitalizado com CamScanner a Fr t a. OSOFIA EM DENTISTICA usam-se brocas ou pontas diamantadas em alta: rotagdo para ter 0 acesso a lesio. A baixa-rotagio e escavadores de dentina sio usados para a remo- io da cérie. O método utilizando escavadores de dentina parece ser © mais autolimitante, pois per- mite uma maior sensibilidade téctil pelo operador. A abrasdo a ar foi originalmente desenvolvi- da por R. B. BLACK em 1945, que investigou uma alternativa para remogio do tecido dentirio envolvendo o bombardeamento da superficie den- téria com particulas em alta velocidade (particulas de 6xido de aluminio), BLACK (1950). Este méto- do de remogio de dentina cariada parece reduzit 0s problemas de aquecimento do dente, vibragio € outros estimulos mecinicos, resultando em pouca dor para o paciente se comparado ao uso de brocas. O uso da tecnologia da abrasio a ar, juntamente com evidenciadores de cérie em le- ses iniciais, favorece a minima intervengio,’te- duz o surgimento de microfendas, melhorando a adaptagio do material restaurador com a superfi- cie dentéria, reduzindo o risco de fratura, Algumas desyantagens desta técnica sao a per- da de sensibilidade tétil durante o preparo, pois a ponta nao toca a superficie do dente, podendo haver 0 risco de sobrepreparo ou remocio inade- quada de dentina cariada, a dentina sadia e esmal- te podem ser.removidos, assim como 0 paciente € © profissional poderio inalar os tecidos residuais liberado, sendo necessario um bom’ método de sucgo, uso do isolamento absoluto € profissional ¢ auxiliar com méscaras de protegio. © ultra-som & estudado desde 1950. £ um mecanismo no qual a energia cinética das molécu- las de 4gua.é transferida para a superficie dentéria através de uma ponta abrasiva. Quanto mais duro © tecido, mais facil de cortar. Portanto, dentina cariada, que € um tecido amolecido, ficaria muito dificil de remover. A sugestao seria para a porsio mais interna, na qual a dentina é mais endurecida, A existéncia de fragmentos residuais de tecido cariado, apés a remogio pelos diferentes métodos explicados, levou HORNING (1987) estimular 0 uso de Air Polishing. Segundo 0 autor, a hidroso- lubilizagao de particulas de bicarbonato de sédio, com adicéo de fosfato tricélcio, aplicado sobre a superficie do dente utilizando ar pressurizado com jato de agua, removeria tais resfduos. © © Laser tem sido empregado como forma alternativa para a remocdo do tecido cariado. Vi- rios tipos de lasers existem para cortar tecidos du- ros, entretanto sua eficdcia depender de fatores y : ay como 0 comprimento de onda, energia de pulso, niveis de repeti¢ao e caracterfstica do tecido envol- vido. O laser Er YAG poderia remover tecido cariado, juntamente com dentina ¢ esmalte sadios, com minimos efeitos térmicos nos tecidos adjacen- tes, Posteriormente, trabalhos mostraram que ma- teriais como cimentos € compésitos também pode- riam ser removidos com o laser, porém coroas de ouro e ceramicas nio. Restauragées de amalgama no deveriam ser removidas, devido a evaporagao de merciirio durante 0 processo. Trabalhos mos- traram que a forga de unio da dentina preparada com laser é superior as dentinas preparadas meca- nicamente, © conforto durante a remogéo do tecido é superior quando empregado laser. O uso de anes- tesia foi reduzido em 80% dos pacientes quando comparado 0 método tradicional ao laser. Em 1998, ERICSON apresenta um novo método de remogao da dentina cariada, fundamentado no efei- to proteolitico decorrente:da associagao de aminod- cidos naturais (écido, glutimico, leucina ¢ lisina), hipoclorito de sédio 0,5% ¢ eritrosina como coran- te, identificado como Sistema Carisol™ Ble é uma evolugao tecnol6gica do Caridex (National Patent ‘Medical Products New Brunswich, NJ, USA), mate- rial empregado para remogio de tecido cariado, composto fundamentalmente por hipoclorito de s6- dio e que teve certa limitagao clinica. Este sistema se apresenta em forma de gel o que favorece a sua aplicagio e baixo nivel de escoamento superficial. mistura das substincias constituintes € cdlocada sobre a dentina cariada durante 60 segundos. Isto favorece 0 amolecimento do tecide assim como a delicada remogio, Os aminoacidos tém diferentes cargas e sofrem coloragdo interagindo com as fi- bras colagenas desorganizadas e 0 tecido necrosa- do, favorecendo a remogio da dentina cariada, ERICSON (1999). NOVA ABORDAGEM PARA A DENTINA CARIADA Desde o surgimento da Odontologia, e espe- cialmente a partir de BLACK, 1908, o tratamen- to para a cérie dental instalada era 0 procedi- mento restaurador. Paralelo a esta filosofia, tam- bém 0 modelo contemplava a extragio dentéria, inclusive como forma de tratamento definitivo. A Dentistica foi criada como forma de tratamento, tanto é que se chamou durante muitos anos “Res- Digitalizado com CamScanner teino pe PRores Método descoloracto, Fig. 1.14 Método evidenciador. tauradora”, pois se achava que a ela nao cabia fazer prevengio. Em fungao dos materiais restau- radores disponiveis e de técnicas, as cavidades eram construidas de forma ampla e defendia-se a remogio de areas de risco, como sulcos e féssulas, pois ali, se acreditava, eram as reas de maior risco pela dificuldade de remogio de restos ali- na ig. 1.13 Método dureza mentares, 0 que mais tarde iria se transformar er: placa bacteriana. Os principios gerais do prepa» He cavidades e a classificago de cavidades cor templavam o tratamento, portanto a conseqiiénc ¢ a nomenclatura sempre abordavam a cavidad ‘A extensdo preventiva se originou da necessidac de se tentar evitar “recidiva” e o sacrificio de tec do dentario sadio se justificava por isso. Na déc: da de sessenta, KEYS desenvolveu experiéncias & observagao de como a doenga-carie se instalava, ¢ como se desenvolvia. Concluiu que para haver desmineralizacao é necessdrio que varios fatores se associem, sendo os principais: a presenca de um hospedeiro (no caso o dente); uma flora microbia- na intensa (fundamentalmente streptoccocus mi- tans) ¢ um substrato cariogénico (ingestéo ni0 controlada de acticares). Esta nova leitura, criow novas perspectivas na Odontologia ¢ também 12 Dentistica, com novos desenhos cavitarios, € @ sfio que agora a doenga poderia ser evitada, cas° fossem removidos os fatores predisponentes. Na década de 80, THILSTRUP & FEJERSKOW observaram que mesmo sendo portador de fatores determinantes, nem todos os pacientes apresentavam? comportamento igual, ou seja, em alguns a cérie 14° se desenvolvia. Acresceram ao diagrama de KEYS? fator tempo, pois a formagao da placa ¢ a capac dade de desmineralizagao demoram algum tem?? Para ocorrer. A idéia de que a lesio cariosa Po Digitalizado com CamScanner ser interrompida, que nem todas as lesdes pre sam ser tratadas, passou a ser melhor evidencinda, A discussio sobre a extensio preventiva surge como questionamento para a remogio de dentina sadia, € 0 amalgama até entio lider de indicagdes, fruto de sua excelente performance clinica, comega a ser questionado em fungio da necessidade de “preparo cavitério” nunca minimo, e sempre maior do que realmente poderia ser. Surgem as resinas compostas e, as quais ladeadas pela técnica do con- dicionamento Acido, por BUONOCORE, em 1955, ¢ acrescidas dos agentes de unio, etiam um novo modelo cavitério; mais econdmico e por isso mes- mo valorizando a estrutura dentéria remanescente. 1A Dentistica Restauradora comeca a mudat. O io- nomero de vidro, € seu potencial de doagio de flor, vai se somar a resina composta, no sé em termos de restauragio, mas especialmente na pro- mogio ¢ adequagao do meio bucal, O movimento pela motivagao ¢ educagao do paciente sobrepuja 0 conceito restaurador, e admite-se que a Dentistica pode fazer também procedimentos preventivos. Novos materiais, novas sugestées de preparos de cavidade, mas também novos conceitos sobre 0 controle da placa e por conseguinte a possibilidade de evitar o aparecimento das lesGes cariosas passa a ser tematica de trabalhos de pesquisa, e 0s anos 90 chegam com uma nova leitura da realidade, onde até mesmo a remogio do tecido cariado, indispen- sivel para 0 uso de amilgama que teria que ser fortemente condensado, {4 ¢ admitido, MERTZ- FAHIRUST, 1979. Os conceitos iniciais de DORF- . MANN et al. (1942) e BESIC (1943), sobre a re- mogio do tecido cariado; de FUSAYAMA & TE- UMA NOVA FILOSOFIA EM conse RESHIMA (1972) os quais apregoavam a remogao total do tecido cariado, foi dando a possibilidade de permanecerem em parte, desde que tratados com que produzisse a remineralizagao da dentina amolecida.\Surgiu 0 tratamento expec tante, Esse tratamento preserva a dentina amol da e com a cobertura com hidroxido de calcio, se dizia, produzia em 60 dias-uma remineralizagio que permitiria executar 0 preparo cavitério em tis- cos de expor a polpa, A técnica apresentou um percentual de sucesso magnifico. De tal monta que, com o surgimento de materiais adesivos, a idéia de transformar este procedimento temporirio em defi nitivo passou a ser estudada e é hoje uma realidade nova. Desde o trabalho de MERTZ-FAHIRUST (1979), FRENCKEN (1992), MALTZ (1993), OLI- VEIRA (1994), MASSARA (1996), Figuras 1.15 a 1.18, SOUZA PINTO (2002), Figuras 1.19 a 1.25, CORRALO (2003), Figuras 1.26 a 1.31, as evidén- cias de que a permanéncia de dentina amolecida, porém sclada, independente do material, produz interrupgao do curso da doenga, passou a ser uma nova forma de tratamento, muito mais conserva~ dor, minimamente invasivo e com manutengao da resisténcia do remanescente dentério. Aliado a isto, as notérias evidéncias que a mudanga de habitos, a educagio, a motivacio familiar e social so fatores de prevengio, trouxe também para a Dentistica, agora néo mais necessariamente restauradora, um compromisso de responsabilidade pela prevencio se doenga jé houver, pela adequagio’ do meio. A Dentistica tem hoje uma nova visio: maxima atitu- de em prevengio; maxima preservagio € minima restauragio. Digitalizado com CamScanner Ica GRUPO BRASILEIRO DE PROFESSORES DE DENTIST 7 e118 Fig. 1.19 Fig. 1.20 7 _ Remocdo incomplete de denna carada nas paredes de fundo. Cobertura da denna amolecida com gua-pecha ehidrxido de cleo Fig. 1.21 Restauracdo adesiva imediata, Restauracdo adesiva apds 7 meses. —_ Fig. 1.22 Digitalizado com CamScanner UMA NOVA FILOSOFIA EM cose Fig. 1.23 Fig. 1.24 Remodo da restauragdo adesiva Remacao de restauraqdo e do material frrador. Observe aspecto da dentina remanescert, Fig. 1.26 27 = Dentina cariada remanescente ‘Mesma area da Fig, 1.26 apds 120 dias com hidrdxido de cdo Digitalizado com CamScanner RUPO DRASILEIRO DE PROFESSORES DE DENTISTICA 1.28 Dentina cariada remanescente Fig. 1.30 Dentin cariada remanescete Gentleza Prof, Daniela Coral, Passo Fundo, RS. FORMA DE CONTORNO Segundo BLACK (1908), a forma de contorno do preparo cavitério deveria englobar todo o tecido cariado e as dreas suscetiveis @ cdrie, seguindo os principios de remogio do esmalte sem suporte; loca lizagao das margens do preparo em areas de relativa resistencia A crie e de facil acabamento das mar- gens, estabelecendo a extensio preventiva; localiza- Gio subgengival das margens em pacientes jovens, em nivel gengival para pacientes adultos, e acima do nivel gengival em casos de recessao gengival; preser- vagio das estruturas de reforco (cristas, pontes de ‘Mesa drea da Fig, 128 apds 120 las iondmero de vido ‘Mesma &rea da Fig, 130 apds 120 dis com placebo. esmalte); ¢ as margens vestibular e lingual deveriam estar a 0,8 a 1,2 mm do dente vizinho. As primeiras modificagdes de forma de con- torno foram propostas por BRONNER em 1930. Para este autor, a area entre 0 ponto de contato ¢ a crista marginal nao é suscetivel 4 carie, e desta forma, nio necessita de extensio para prevengao. MARKLEY, em 1951 sugeriu um istmo estreito ¢ raso na seccio oclusal, com paredes vestibular ¢ lingual convergentes para oclusal; angulos diedros bem definidos ¢ retengdes adicionais. GILMORE, em 1967, sugeriu o estreitamento da secgio oclu- sal dando um istmo com 1/4 da distancia intercus- Digitalizado com CamScanner UMA pidea do dente, porém com angulos internos dondados. A caixa proximal seguir dagées de BLACK, com paredes paralelas, porém, com a extensio vestibular © lin; arr ia as recomen- ual das paredes limitadas a 0,5 mm o dente vizinho. Em 1968, STRICKLAND sustenta o principio markleiano de que as paredes da caixa oclusal fos- sem convergentes para ochusal © preparo sugerido por RODDA, em 1972, possui um istmo estreito, confinado a 1/4 da dis- tincia intercuspidea, com aproximadamente NOVA FILOSOFIA EM DE TISTICA [mm para os pré-molares ¢ 1,5 mm para os mo- lares. Ele sugere também a contecgio da curva reversa de Hollenbach, em forma de “S” para pro. duzir um alargamento para a caixa proximal; an gulos diedros arredondados; as paredes vestibular ¢ lingual da caixa oclusal paralelas entre si e per Pp proximal convergentes para oclusal, extendidas a idiculares 4 parede pulpar. As paredes da caixa 0,25 a 0,5 mm em relagio ao dente vizinho, A evolugio da forma de contorno descrita anterior mente pode ser vista nas Figuras 1.32 a 1.38. BLACK, 1908, Paredes cicundantes paralelas entre si. Anglos interns vivos Itmo largo. Abertura maxima V/L de VS. MARKLEY, 1951. tmo VL de 14. Seccdo acusal rasa. Paredes do cata ‘clusal comvergentes BRONNER, 1831 Paredes proximais sma, GILMORE, 1966, Itmo VL de 1/4. Paredes paral Digitalizado com CamScanner J CRUPO BRASILEIRO DE STRICKLAND, 1968, Paredes da cia ocusalcorwergents. Abertura do istmo de 14, 1.38 MONDELLL, 1972, Todas as paredes convergentes para oclusal. Angulos internos artedondados. 3 FORMA DE CONVENIENCIA a etapa do preparo cavitario que visa pro- porcionar um adequado acesso & cavidade, possi- bilitando uma boa instrumentagao e insergao do material restaurador. Muitas vezes, 0 primeiro procedimento que precisamos fazer é a adequagio do periodonto. Segundo CHIAPINOTO (1992), 0 sucesso em longo prazo da dentistica est relacio- nado com a saiide dos tecidos periodontais circun- PROFESSORES DE DENTISTICA RODDA, 1972, Paredes da caia oclusl convergentes. Anguos interos arredondados dantes, ¢, ao se realizar um trabalho restaurador, é preciso cuidar para este ndo ser um fator iatrogé- nico, tanto aos tecidos periodontais como ao siste- ma estomatogmatico. Sempre que possivel, as margens da restauragao devem ser mantidas su- pragengivalmente, porém sabe-se que em dentisti- ca, a extensio da margem sera determinada pela tensdo da lesao. Para facilitar o acesso e a adap- taco da restauragio, podemos langar mio de afastamentos mecanicos, quimicos, mecinico-qui- micos, cirtirgicos e eletrociriirgicos. Deve-se salien- tar que a promogao da saiide periodontal previa- mente ao tratamento restaurador é de suma impor- tincia, como remogao dos fatores de retengio de placa, instrucao de higiene oral, extracio de raizes residuais ¢ eliminacdo ou controle de bolsas perio- dontais. As técnicas cirdrgicas preconizadas para facilitar 0 acesso a lesdo podem ser: retracao cirir gica por gengivectomia, gengivoplastia, para cavi- dades de classes Ill, IV e V; retragao cindrgica por retalho de espessura parcial ou total, para cavida- des de classe V; retragio cinirgica para cavidades de classe Il, que so as cunhas proximais ou cunha distal; eo aumento de coroa clinica (BARATIERL 1992; BUSATO et al., 1996). Outra etapa importante na forma de convenién- cia é 0 isolamento do campo operatério, podendo ser absoluto ou relativo. Segundo MONDELLI (1977), todos os materiais restauradores requerem campo isolado, Seco e perfeitamente limpo para © rem inseridos ou condensados nas cavidades. 0 iso” Digitalizado com CamScanner co Ye lamento absoluto diminui a contaminagao do am- biente operatorio por particulas aetoséis, além de facilitar a visio do campo operatério, proteger 0 paciente de residuos ou materiais que poderiam cair na cavidade bucal e controlar a: umidade (MARSHALL, 1998; TATEL, 2000). Para a realizagao do isolamento absoluto sio necessarios materiais como o lengol de borracha, perfurador do dique de borracha, porta-dique, grampos e pinca porta-grampo. O isolamento re- lativo pode ser utilizado para restauragdes provi- s6rias ou em condigdes que nao é possivel a reali- zagio do isolamento absoluto, Normalmente, é realizado com o uso de rodetes de algodio, po- dendo-se utilizar ou no grampos especiais para reter 0 algodao. O afastamento interdentario constitui-se tam- bém em uma forma de conveniéncia para o preparo cavitario, principalmente naqueles que sero reali- zados nas superficies proximais. Este procedimento poderd ser executado mediata ou imediatamente. O uso de borrachas para afastamento ¢ restauragées provis6rias contribui para a criagio de espacos in- terproximais, que facilitam 0 acesso a lesio. Estas manobras sao periodontalmente mais aceitas e me- nos agressivas para o paciente. As restauragdes de Fig. 1.39 ‘ALMQUIST, 1973. Cavidade com minima extensdo odusd. amilgama sofreram varias modificages quanto a forma de conveniéncia desde a época de BLACK (1908). Para este autor, 0 acesso para a caixa pro- ximal em uma cavidade classe II deveria ser, inva- riavelmente, realizado pela face oclusal, mesmo esta nao estando envolvida pela lesao. Técnicas conservativas surgiram progressiva- mente. Em 1973, ALMQUIST propGe 0 acesso & caixa proximal, através de um slot auto-retentivo, restrito ao tergo ocluso-proxiial. Embora envol- vesse a crista marginal, este preparo tinha como finalidade preservar a maior quantidade de tecido sadio, CROCKETT, em 1975, descreveu uma técnica estritamente proximal, com acesso pela proximal em casos favoraveis, como por exemplo, auséncia do dente vizinho. ROGGENKAMP, em 1982, sugere 0 acesso proximal com preservagio da crista marginal. Para isto a abertura da cavida- de deveria ser iniciada nas superficies vestibular ¢ lingual, nos seus tergos proximais. Com 0 advento dos materiais adesivos, foi possivel para HUNT ¢ para KNIGHT, em 1984, descreverem a técnica da cavidade tipo tinel, na qual 0 acesso é feito por oclusal, sem envolvimen- to da crista mafginal, em lesdes estritamente pro- ximais associadas a lesdes oclusais incipientes. Fig. 1.40 _— CCROCKETT, 1975. Cavidade exclusivamente proximal. Digitalizado com CamScanner a Fig tat ROGENKAMP, 1982. Cavdade proximal com acesso vesibular A limitacao da técnica tipo tunel é a dificulda- de de remover toda dentina cariada, a presenga de raspas de dentina e a complexidade na insercao do ‘material restaurador (PAPA, 1993), A extensio do preparo para toda cavidade oclusal, como forma de extensio preventiva deve Ser evitada, pois se sabe que a perda de estrutura dentaria, em especial a crista marginal, diminui consideravelmente a resisténcia do dente a fratura (MONDELLI et al., 1980). As classificagdes de MOUNT e HUME (1997) e ROULET e DEGRANGE (2000), permi- fem que a cavidade seja definida com fins terapéu- ticos © nao mais sustentada em principios biome. C4nicos.A adesio é o fator fundamental na rela- 40 dente/material restaurador e a dentina passa a ser 0 substrato fundamental, A forma de convenié ncia para restauragdes adesivas esté determinada pelo principio de remo. $0 do tecido cariado, Neste caso, torna-se indis- pensavel que a trama de colageno, irreversivel. mente desorganizada, seja removida e uma estrus tura histologicamente organizada ¢ estavel se pre- Pare para receber 0 material de adesio (BUSATO ¢t al., 2002). Todos os métodos descritos para re- mover o tecido cariado adquirem dobrada impor Yancia, se considerado o fato de que a interferéne cia da dentina infectada contribuiré negativamen- te 0 sucesso da adesio, er AIT Fig. 1.42 HUNT, 1984 e KNIGNHT, 1984. Cavidade em forma de tinel oduso- proviral FORMA DE RESISTENCIA Ea caracteristica dada @ cavidade 4s estruturas remanescentes e a resta capazes de resistir as forcas mastigatorias, De acordo com BLACK (1908), a cavidade deveria Seguir os seguintes principios: abertura vestibulo- lingual néo superior a 1/3 do volume da ‘coro; Paredes circundantes paralelas entre si e perpendi- culares & parede pulpas; paredes pulpar e gengival planas, paralelas entre si e perpendiculares ao lon- 80 eixo do dente; conservar ciispides, cristas man. ginais € ponte de esmalte; remover todo’ esmalte Sem suporte; angulos internos vivos com Angulo 4xio-pulpar arredondado (Figura 1.43), Resultados, parcialmente semelhantes, foram identificados por LARSON et al. (1981), onde a metodologia utilizada por estes autores sugeriu aue as ciispides vestibulares © linguais, assim como, as cristas marginais formam um anel de resisténcia do esmalte. A conservacao destas estru- turas € imprescindivel para favorecer este princt- pio do preparo cavitario, Na resisténcia dos materiais adesivos torna-se importante entender o papel da hibridizacio, NAKABAYASHI (1982), que consiste na impregna- so dos monémeros hidrofilicos Para o interior da malha de colégeno, exposta por condicionamento para que iuracao sejam Digitalizado com CamScanner ¥ UMA NOVA FILOSOFIA EM seven Acido (microrretengées). Ap6s polimerizados, for- mam um compésito de resina e fibras coligenas, chamado de camada hibrida, que possui alta forca adesiva, num valor médio de 18 Mpa, porém que pode variar de 15 Mpa a 30 Mpa. As microrreten: ges favorecem a resisténcia dentéria e do material. A quelagio superficial do célcio, descrita por WIL SON ¢ KENT (1972), assim como a integra com a lama dentinaria, WATANABE (1994), po- dem ser consideradas variaveis de resisténcia, entre tanto dada a sua importancia na retengao do mate- rial sero descritas quando discutido esse principio. FORMA DE RETENCAO Ea forma dada a cavidade para tornd-la ca- paz de reter a restauragao e evitar seu desloca- 143A, mento. Para BLACK em 1908, quando a profun: didade da cavidade for igual ou maior que sua largura vestibulo-lingual, a cavidade ser auto-re- tentiva (Figuras 1.43B ¢ 1.43C1 e 1.43C2) 1.0502 Fig. 1.438 Figs. 1.43C1 e 1.43¢2 Digitalizado com CamScanner MARKLEY (1958), descreveu a técnica de restauragio de amélgama com a utilizagio de nos cimentados, Eram pinos de ago inoxidavel, cimentados em orificios na dentina, com didmetro de 0,0025 a 0,05 mm maiores que o diimetro do Pino. Os pinos que eram cimentados com fosfato de zinco, causavam itritagdo pulpar. Isto foi resol- vido com o uso de um verniz cavitério no interior do orificio, porém esta medida, pode diminuir a retengio dos pinos. A contra-indicagio de modifi- car os pinos apés a cimentagao, sugere que devem ser testados ¢ encurvados antes. Os riscos de fra- tura dentérios sugeridos por MARKELY (1958) hoje podem ser minimizados se utilizados mate- riais de cimentagio adesivos, como por exemplo 0 iondmero de video (BUSATO et al, 2002). Uma tentativa de minimizar este dano foi su- gerida por GOING (1966), com a técnica de pinos auto-rosquedveis. O pino é retido na dentina atra- vés de roscas, que se formam & medida que ele é inserido na dentina, sendo o diametro do orificio 0,038 a 0,1 mm menor que o didmetro do pino. A profundidade varia de 1,3 a 2,0 mm, dependendo do diimetro do pino utilizado. Os pinos auto-ros- quedveis dio uma retengio 5 a 6 vezes maior que os cimentados ¢ duas a trés vezes maior que os retidos por fric¢do, entretanto continuam a produ- » zir presses laterais e apicais, com as conseqiientes linhas de rachaduras dentindrias. ‘Com 0 objetivo de eliminar as desvantagens e as complicagdes de técnica do uso de pinos, OU- ‘THWAITE, em 1979, descreveu a técnica de cana- letas continuas realizadas em dentina, com uma broca tronco-cénica invertida, Em seu estudo, no qual comparou o valor retentivo das canaletas ao uso de quatro pinos auto-rosqueaveis, constatou- s¢ que a reten¢io provocada pelas canaletas era semelhante aquela produzida pelos pinos. Algu- mas desvantagens da técnica € que ela é bastante sensivel aos pequenos movimentos da matriz me- télica durante a condensagio do amélgama ou durante a remogao da matriz, podendo ocorrer 0 deslocamento da restauragao. A contra-indicagao € quando a canaleta precisa ser realizada muito proxima ao esmalte, deixando o esmalte e a cana- leta sem suporte adequado. Em 1988, CABRERA propés uma variagao na técnica das canaletas cur- vvas, com 0 uso de canaletas curvas interrompidas, seguindo os mesmos princfpios propostos por OUTHWAITE et al. (1979). Em 1980, SHAVELL e SENG et al, descreve- ram a técnica de construgo de orificios na denti- nna, nos quais © amélgama seria condensado. © primeiro utilizava broca cilindrica de ponta arre- dondada e 0 segundo, brocas tronco-cénica inver. tida. A essa técnica chamou-se de amalgapin. Os “amalgapins” fornecem retengio semelhante aos pinos, alm de nio provocar pressio interna ¢ trincas na dentina, nao necessitam de cobertura, podendo ser empregados em situagdes que nao se- riam possiveis com os pinos. Nao apresentam cus- to adicional, podem ser empregados em dentes que possuem uma menor estrutura dentaria ¢ seu tempo de confecgao é mais rapido. Sua desvanta- , gem reside na remogao de tecido sadio para a con- fecgio do pino. Atencio deverd ser prestada na hora de remocao da matriz. VARGA, em 1986, descreveu a unio do amal- gama as paredes cavitarias com o uso de um mate- rial adesivo intermediério, introduzindo 0 amélga- ma adesivo. Embora tenha sido idealizada utilizan- do a resina Pandvia EX, hoje, esta técnica pode ser realizada empregando materiais adesivos tais como ionémero de vidro, cimentos resinosos e adesivos dentinérios (BUSATO et al., 2002). E importante destacar que as vantagens desta técnica residem na diminuigo da infiltragio marginal da restauracao, aumento da resisténcia A fratura e diminuicéo da sensibilidade pés-operatéria. E uma técnica répida e conservativa e pode ser considerada o elo entre as restauragdes de amélgama e as adesivas. A forma de retengao para as restauracdes ade- sivas pode ser dada através da quelagao superficial do cilcio, da hibridizagéo ou através da integra- do. Estas duas iltimas s6 foram possiveis apés os avangos adesivos estimulados a partir do descobri- mento do condicionamento acido por BUONO- “ (1955) © objetivo do. condicionamento acido é de iamentar a adesio do material restaurador a es: trutura dentaria remanescente.|No esmalte; cria ‘irregularidades-e aumenta a energia de superficie (MONDELLI, 1977; BUSATO et al., 1997), 20 remover uma camada superficial que € pouco re- tentiva, expondo uma superficie mais reativa, que permite & resina, uma melhor capacidade de mo- Ihar essa superficie. Na dentina, produz a remo- géo da matriz inorginica, expondo a malha de coldgeno, area que servird como nicho de reten¢i0, do material adesivo.]© ataque dcido favorece @ ‘conservacao da estrutura dentindria, assim como qualidade do vedamento marginal ¢ a intera¢i0 dente/restauracéo (GARONE FILHO & GARO* NE NETO, 1976). Digitalizado com CamScanner weet a ae,..2. FILOSOFIA EM Em 1986, BARKMEIER et al., sugeriram o ataque dcido com Acido fosférico a 37% por 15 segundos, sustentado posteriormente por GILPA~ TRICK et al. (1991; 1994), Os padrées obtidos através do condiciona- mento cido em esmalte podem ser citados como: padrio tipo I, com dissolucéo da porgio central dos prismas de esmalte; padrao tipo I, com a dis- Solugéo da porcao periférica dos prismas de es- malte, mantendo seu centro intacto. O padrao tipo Ill é uma combinagio dos padrées tipo le Il, afetando 60 a 70% da superficie do esmalte (SIL VERSTONE et al., 1975). Para RETIEF (1973), ha ainda © padrao tipo IV, que ocorre quando 0 ataque € feito sobre a camada aprismatica. No esmalte, pode ser confeccionado um bisel em toda a_borda cavo-superficial da cavidade, executado com uma” angulacio de aproximada. mente 45 graus em relacao a superficie externa do dente. O' objetivo é de auméntar a forga de uniéo “entre o esmalte ¢ as resinas, possibilitando a expo- 10 de prismas de esmalte transversalmente, os quais, desta forma, fornecem um melhor padrio de condicionamento, possibilitar a exposigio de uma camada de esmalte mais energética, promo- ver um melhor selamento marginal e aumentar a area de para o ataque Acido. Para TORNEY (1978), 0 bisel_possibilita a transigao gradual do material festaurador para © dente, proporcionan. do-um melhor efeito estético. Em esmalte sem apoio ndo se faz bisel, para evitar a fratura do mesmo (CESAR, 1984; CAMPOS, 2003). YO corte ou desgaste da estrutura dentaria pro- duzido por instrumentos rotatérios ou manuais forma residuos que se depositam sobre as paredes de dentina, dando origem a lama dentindria..O termo “smear layer” foi introduzido por BOYDE et al., em 1963. BRANNSTROM (1984) dividiu a “smear layer” em duas camadas: a externa (“sme- ar on”) que é amorfa e repousa sobre a superficie dentinaria e a interna (“smear in”), formada por particulas menores, presentes também no interior dos tibulos. Com o desenvolvimento de sistemas adesivos dentindrios, surgiram os “primers” com a intengdo de modificar a superficie dentindria, tomando-a apta para receber os adesivos resino- sos (PASHLEY et al., 1992), sendo nofmalmente constituidos por dcidos (acido poliacrilico; acido tinico; acido bérico; EDTA e dcido maléico), com comportamento hidrofilico, que promovem a unio da dentina e do agente de unigo propria- ‘mente dito. © condicionamento Acido em dentina é reali zado com acido fosférico a 37%, por 15 segun- dos, causando uma remogio total da lama denti- néria, fundamentalmente quando procuramos hi- bridizé-la (NAKABAYASHI, 1982). Se o objetivo é integar a lama dentindria com © sistema adesivo, o profissional pode fazer uso dos sistemas “self-echting primers”, que fazem um condicionamento parcial da lama dentinaria, por possuirem dcidos fracos em sua composigao (WA- TANABE, 1994). A conservagao da matriz inorganica é impres- cindivel se a forma de adesao esta determinada pela quelagio superficial do calcio (mecanismo de adesio do cimento de ionémero de vidro), onde acontecem ligagdes quimicas dos radicais carboxi- licos do cimento ionomérico aos ions célcio ex: tente na superficie cavitaria, A reacio de gelifica- io entre 0 pé € 0 liquido do iondmero de vidro é Acido-base, resultando em um sal hidratado, sen- do que nos primeiros 5 minutos um gel de policar boxilato de calcio é formado, iniciando a adesio ao dente. Nas 24 horas seguintes, um gel de poli- carboxilato de aluminio é formado, maturando a adesio. ACABAMENTO DAS PAREDES DE ESMALTE i E a etapa que visa a remogdo dos prismas de esmalte sem suporte, pelo alisamento das paredes ou pelo preparo do angulo cavo-superficial (MONDELLI, 1977), visando promover um me- Thor vedamento entre o material restaurador e a estrutura dentéria. Para BLACK, 1908, todo o es- malte sem suporte deveria ser removido para evi- tar a fratura do remanescente dentitio, Em 1976, DENEHY e TORNEY, sugeriram 0 uuso de resina composta para reforcar © esmalte sem suporte, utilizando 0 condicionamento com Acido fosforico da regido interna do esmalte, ecto reforcado por MORIN et al., em 1984, SECCO, em 1992, sugeriu 0 uso de iondmero de vidro como uma falsa dentina em restauragdes de amélgama, devido as caracteristicas do mate- rial, como adesio a estrutura dentaria e proprie- dades fisicas préximas da dentina. Estes postulados foram comprovados por TURBINO (1993) e RODRIGUES FILHO (1994), Principalmente quando 0 material de reforgo foi a resina composta, as- Digitalizado com CamScanner Blgtte E. SECCO et al. (1997), demonstraram que a redugao da estrutura dental por um preparo classe Tl, diminuiu significativamente a resisténcia das ctispides, sendo que os materiais restauradores adesivos modificaram positivamente este padréo, principalmente se o dente for endodonticamente tratado (BUSATO, 1999). A sustentagdo da estru- tura dentéria com uma falsa dentina, formada pelo material adesivo é imprescindivel para a pos- terior restauragdo em amélgama. No caso de restauragdes adesivas, o esmalte sem suporte deve ser mantido, pois 0 espaco resi- dual ser preenchido pelo material restaurador. A regularizagio do esmalte pode favorecer uma me- Ihor adaptagéo do material restaurador, aumen- tando 0 vedamento marginal (MONDELLI et al., 1990) O uso de um bisel, de extensio varivel de 0,5 mm a 3 mm, aumenta a forga de unido entre 0 esmalte ¢ as resinas, possibilitando a exposigao de prismas de esmalte transversalmente, os quais, desta forma, fornecem um melhor padrio de con- dicionamento, possibilitar a exposigao de uma ca- mada de esmalte mais energética, promover um melhor selamento marginal e aumentar a area de para o ataque dcido (TORNEY, 1978; BUSATO, 1997). Entretanto esta manobra, pode ser total- mente dispensavel no critério de BARATIEIRI (1995), principalmente se a técnica restauradora se refere A colagem de fragmentos dentérios. LIMPEZA DA CAVIDADE ‘A limpeza da cavidade seria a remogao de particulas remanescentes do preparo cavitario, possibilitando a insergdo do material restaurador sobre uma superficie limpa (MONDELLI, 1977). desgaste ou corte do esmalte e da dentina por instrumentos rotat6rios ou manuais, deixa sobre a superficie da cavidade microfragmentos de didme- tros varidveis, de 2 a 50 mm, que obstruem e selam parcialmente os tibulos dentinérios e po- dem interferir negativamente na adaptagio do material restaurador, favorecendo a infiltragéo marginal (RETIER, 1974; BRANNSTROM e NY- BORG, 1974; JOHNSON e BRANNSTROM, 1976). A significdncia disto, é extremamente contro- versa, PASHLEY, em 1984, descreveu que a vanta~ gem de nao remover a lama dentindria é que ela constitui um forrador cavitario que reduz a per- meabilidade dentindria mais eficientemente que NE ro seasiieino be rroressones pe venristica qualquer selante cavitério, fundamento utilizado por WATANABE (1994) para sugerit a integragig do material restaurador com a lama dentindtia, No entanto, a desvantagem de manté-la, é que ela interfere na adesdo de alguns materiais odontolé. gicos com a dentina, se o principio de adesio é a hibridizagao. Para BLACK, em 1908, a limpeza deveria ser realizada somente com ar ou algodio seco, evitan- do qualquer tipo de liquido. Segundo FRANCISCHONE (1984), ela cons- titui-se na remogao de detritos que nao foram re- movidos durante o preparo cavitério, como raspas de dentina e esmalte, bactérias, pequenos frag- mentos ou particulas abrasivas dos instrumentos rotat6rios, dleos provenientes dos aparelhos, devendo ser realizada antes da colocagio do mate- rial de protegio ou de restauragio, sendo de fun- damental importancia para o sucesso do trabalho restaurador. Para BRANNSTROM e JOHNSON (1974) © efeito irritante dos microrganismos que perma necem na lama dentindria s6 é eliminado po: agentes de limpeza com ago bactericida, contes tada por NAGEM FILHO (1995) ao sugerir que penetragio destes, nos tiibulos dentindrios, pode ria agredir quimicamente 4 polpa. Os agentes germicidas poderiam incluir gua oxigenada a 3%. © perdxido de hidrogéni a 3% ou 10 volumes, aplicado por cinco segun dos, foi sugerido por MUNTZ (1943); GILMOR: (1973), pela sua ago germicida ¢ pela sua capaci dade de remover microfragmentos da camada su- perficial externa, mantendo a “smear plug”. Reco- menda-se a neutralizagéo da égua oxigenada com soro fisiolégico ou solugao de hidroxido de célcio, logo apés a limpeza, pois ela provoca uma reagio inflamatoria na polpa sadia e ndo reduz uma in- flamagao pré-existente (LANGELAND, 1968; MONDELLI, 2001). Outro agente germicida é o hipoclorito de s6- dio, que so solugdes contendo compostos clora dos. Usados alternadamente com a agua oxigen da, reagem com esta e liberam oxigénio, que é u™ excelente agente de limpeza e clareador das estrt" turas dentarias, Dé-se preferéncia ao uso da solt- do de Milton (hipoclorito de sédio a 1,0% de loro livre, estabilizada com cloreto de s6dioh também necesita ser neutralizado apés a limpe (GROSSMAN, 1974; MONDELLI, 2001)- As solugdes fluoretadas sao potenci Jmente bacteriostaticas.. GROSS e GOLDBERG, Digitalizado com CamScanner I 1974, avaliaram a utilizagao do fluoreto de sédio a 1,23% em cavidades Classe V, restaurando-as posteriormente com amélgama de prata, obtendo uma redugio de 50% de caries recorrentes. Auto- res como SHANNON (1976), ELLINDSEN ¢ ROLLA (1987) indicaram 0 uso da solugio de ftior, sugerindo que seu uso aumentaria a resistén- cia da dentina carie, dado comprovado por SARTINI FILHO, em 1986, Recomenda-se 0 so de uma solugio aquosa de fluoreto de sédio a 1,23%, com pH 3,6, podendo-se usar também, opcionalmente, gel ou solucao acidulado a 1,23%, com pH 4,0, {As soluges de clorexidina sio substancias que se apresentam carregadas positivamente, muito usadas na prevengao da placa dental, gengivites estomatites. Em trabalho realizado por PERDI- GAO, DENEHY e SWIFT JR. (1994), se compro- vou que 0 uso de clorexidina apés 0 ataque Acido nao interferiu na resisténcia adesiva ao cisalhamen- to da resina adesiva para esmalte e dentina. Mes- mos resultados foram observados por MEIERS KRESIN (1996), entretanto a clorexidina foi apl cada previamente ao condicionamento acido, dei- xando em aberto a conclusio da importancia do uso de substancias de limpeza, quando a técnica restauradora exige 0 condicionamento Acido da es- trutura dentéria. As substancias detersivas diminuem a tensio superficial dos detritos oleosos, aumentando sua capacidade de molhamento ¢ facilitando sua re- mogao através de varias lavagens (BERBERT et al., 1982). Segundo NAGEN FILHO (1989), sio agentes de limpeza especialmente indicados para remogao de substancias oleosas ¢ sangue. Para exemplos de substdncias detersivas sio 0 Tergen- tol, Tergensol. As substancias alcalinizantes (& base de hidr6- xido de célcio) sao tteis para qualquer profundi- dade de preparo, pois além de limparem mecani- camente a cavidade, neutralizam a acidez da mes- ma através de sua alcalinidade. Seu uso foi preco- nizado por MJOR em 1961; MONDELLI et al., (1979) e BERGENHOLIZ e REITZ (1980). Os autores recomendaram 0 uso de solucao saturada de hidréxido de célcio preparada pelo préprio cli- nico, com 10 ou 20 gramas do produto P.A. em 200 ml de agua destilada. NAGEN FILHO (1987), elaborou uma solugio aquosa de hidr6xi- do de calcio a 1%, porém devido aos estabilizan- tes base de glicol presentes em sua formula, este produto tem potencial irritativo em cavidades pro- fundas. O Departamento de Dentistica da FBO- USP tem indicado, além do uso de agua de hidré- xido de céleio, 0 uso de detergente combinado com hidréxido de célcio numa mesma solucéo (200 ml de detergente para 10 ou 20 gramas de hidréxido de calcio). A limpeza deve ser realizada antes dos procedimentos de protesio pulpar ou restauragdo (MONDELLI et al., 2001). Os agentes desmineralizantes so constituidos pelos dcidos. Os trabalhos de BUONOCORE, em 1955, guiaram a técnica, que pode ser realizada tanto em dentina quanto no esmalte. O diferente Acido empregado nas diferentes técnicas postula- das tem levado a variadas conclusdes. Entretanto fica clara a compreensio de que 0 acido em conta to com a superficie dentéria estimula a remocio da matriz inorganica € conjuntamente favorece a remogio dos residuos sobre ela depositada. Para BERRY et al., (1987) e PEREIRA et al., (1992) 0 uso dos dcidos poliacrilico, tanico e béri- co remove a smear on, oferecendo maior quanti- dade de fons célcio e fosfato para 0 processo de adesio. / Quando a restauragio € adesiva, torna-se in- dispensavel o uso de Acido fosférico como agente de condicionamento no esmalte ¢ na dentina. Ele promove uma completa limpeza da cavidade, re- movendo tanto a “smear on” como a “smear in”. © seu comportamento em relagéo a polpa tem sido discutido desde a década de 70. Em 1973, LEE et al., em trabalho realizado com 0 uso de microscopia eletronica, verificaram que 0 aci- do, mesmo permanecendo por cinco minutos, nao penetrava profundamente, ocasionando pouco efeito sobre a superficie dentindria, Ja para RETI- EF, AUSTIN e FATTI, em 1974, 0 emprego: de Acido fosforico a 50%, resultou em severa res- posta pulpar. Em 1979, FUSAYAMA ef al., relata- ram 0 uso de condicionamento dcido total, in vivo, com 0 emprego de Acido fosférico a 37%, condicionando 0 esmalte ¢ removendo a “smear layer”, para posteriormente aplicar 0 adesivo e restaurar com resina, Os resultados desta linha de pesquisa o levara a concluir em 1987, que a sensi- bilidade dentéria apés a restauragdo adesiva esta relacionada com a formagio de “gaps” que per- manecem entre 0 material restaurador e a dentina, podendo abrigar toxinas, bactérias ou causar a moyimentagdo de fluidos. Para evitar esta fenda 0 autor sugeriu 0 uso de dcido fosférico a 37%, oca- sionando a abertura dos canalfculos dentinarios, possibilitando a penetragio do adesivo. Digitalizado com CamScanner A limpeza da cavidade nunca substituiré a protegio dentino-pulpar em cavidades muito pro~ fundas ow perante a exposigao pulpar. Nestes ca- 808, © uso de materiais a base de hidréxido de cilcio sera a escolha, de acordo com as normas estabelecidas pelo Grupo Brasileiro de Professores de Dentistica em 1997. NOVA CLASSIFICACAO DE CAVIDADES Com o passar dos anos, através de novos co- nhecimentos sobre a etiologia da doenga-cérie, ‘com 0 surgimento de novos materiais restaurado- res e de um paradigma de tratamento conservador, ‘© modelo cirtirgico-restaurador tem dado lugar a um novo modelo, baseado na promogao de satide, que da importancia para o diagnéstico precoce de Iesoes de carie e para as caracteristicas individuais de cada paciente. Sao trés os principios que envolvem esta clas- sificagdo: conservagio da estrutura dentéria, ade- so e biointegra¢ao. A conservagao da estrutura dentaria da importancia para a preservagao das estruturas de reforco, em especial, cristas margi- ais; para a preservagao do esmalte socavado ¢ também da dentina desmineralizada, como forma de protesao pulpar. A adesao traz beneficios me- cdnicos, com microrretengdes, ¢ biol6gicos, com um maior selamento marginal, protegendo, desta forma, o tecido pulpar. A biointegragio significa Dois modelos restauradores tém coexistido desde 0 inicio do desenvolvimento dos materiais adesivos. O primeira, baseado nos principios de BLACK, ¢ 0 segundo, mais recente, baseado nas, caracteristicas adesivas dos novos materiais MOUNT e HUME, em 1997, conceituaram este novo modelo. O preparo deixa de ter uma forma de contorno pré-definida, esta resumido a remogio do tecido cariado. Os autores classifi- cam, entdo, as cavidades de acordo com a locali zacao € 0 tamanho. Estes principios foram enri- quecidos por ROULET e DEGRANGE (2000), quem incluiram mais um estagio da lesdo, a qual nao necessitaria de tratamento invasivo, criando assim uma classificagdo conhecida como “Sites/ Stages” (SilSta), com algumas semelhangas & de Black quando descreve a localizagao da leséo, po- rém diferente ao descrever os estagios da evoluséo da lesdo. Devido & importancia desta classificagio, achamos necessario mostré-la no nosso trabalho (Tabela 1.1), biocompatibilidade, recuperagio da fungio e da estética e prevencio de caries secundérias, (ROU- LET e DEGRANGE, 2000 - Figuras 1.43D, 1,44€ 1.45). REPAROS EM RESTAURAGOES A preocupagio com as falhas das restauragdes advém de HALEY & PHILLLIPS, em’ 1949, quan do 0s autores avaliando restauragées de amélga” ma observaram que cerca de 56% das mesmas %° Digitalizado com CamScanner laptado de ROULET & DEGRANGE, 2000 Nomendatura proposta por ROULET e DEGRANGE, para restauracbes, adesivas RELACKO DO ESTAGIO DA LESKO.CARIOSA EArROrOREAS OS ARDLMETO BR SOPEANETE DENTARIA Casein de ROULET & DEGRANGE 208) Relaglo presenca da lesto/envolimento ou ndo da pr@paaceo cvita. devia ao preparo cavitério incorreto; 40% pela deficiente manipulagao do material ¢ apenas 4% so devidos as propriedades do material restaura~ dor (Figuras 1.46 € 1.47). Num dos trabalhos mais famosos da literatu- ra, ELDERTON (1976), analisando o comporta- mento de restauragdes, afirmou “as restauragGes falham num tempo menor do que se possa imagi- nar”. As falhas, no entanto, si na verdade 0 comportamento clinico de materiais restauradores que ao se transformarem em restauragies, convi- vem em meio altamente oxidante, corrosivo ¢ de- é - UMA NOVA FILOSOFIA EM DENTISTICA Fig. 1.45 Sigesto de atmano par esauragbes ass. vem enfrentar uma forca oclusal severa, aliado ainda aos aspectos da mastigagio. Na boca, as restauragdes correm sérios riscos de apresentarem defeitos. Durante muitos anos, estes defeitos fo- ram motivo para troca da restauragio. A degrada- Gio marginal, a oxidagio, a corrosio, eram vistas como falhas, as quais poderiam levar a recidiva de cirie. A infiltrago marginal foi vista como 2 grande vil das trocas, tanto é que se criou como uma forma de diagnéstico para a troca a expres: so: tem infltragao. A infltragdo decorre da falta de-vedamento marginal, € se é verdadeiro que © Digitalizado com CamScanner amalgama com 0 passar do tempo melhora 0 ve- damento pela formagio de dxidos na interface, seria contraditério trocar, pois 0 defeito resultava ‘em uma qualidade (ELDERTON, 1977). 1961, TERKLA, é um dos primeiros auto- Fes a sugerir © conserto em restauragées, especial- mente nas margens degradadas. Em 1965, JOR- GENSEN, destaca que os defeitos de uma restau- racio esto presentes no momento do acabamento € polimento, Como € necessirio corte ¢ torque para desgastar o amélgama, gera-se calor, este amolece as bordas finas, além de por tragao da propria broca arrancar pequenas particulas da res- tauracio, ou ainda fraturas que ocorrem em fun- ‘sio da pressio para que as brocas de 12 laminas, com corte reduzido, fagam a agio de desgaste ¢ ajuste das margens. Com o surgimento de méto- dos de avaliagio clinica, por fotografias padroni zadas ou por meio de modelos em gesso, pode-se constatar com mais precisio como as falhas ocor- rem e se manifestam. © surgimento das formas de avaliagao clinica indireta, em 1982, BUSATO, ve- rificou © comportamento de restauragdes de ama gama in vivo. Estudou 0 comportamento clinico por avaliagao indireta, por meio de fotografias padronizadas e uma avaliagio complementar em microscopia eletrénica de varredura. Constatou que os defeitos sao crescentes, com o passar do tempo tendem a aumentar, mas nao significam que a restaurago deve ser substituida e sim, rea- cabada e repolida (Figuras 1.48, 1.49, 1.50 ¢ 151A € B). 4 MENDONGA, em 1982 avaliou a importan- cia da conformagao das paredes circundantes pa- ralelas entre si ou convergentes para oclusal em relagio ao comportamento de restauragdes em amélgama. Concluiu que, nem sempre as paredes imaginadas como convergentes para oclusal o sio, depende também da inclinagao das vertentes ciispideas. A propésito, em 1970, MATSUDA & FUSAYAMA, alertaram que as restauragdes de amalgama podem ser corrigidas com reacaba- mentos a cada dois anos, CIPRIANO, no ano de 1991, avaliou 0 comportamento de emendas, re- Paros imediatos ¢ mediatos em restauragdes de amAlgama, concluindo pela viabilidade desta Proposigao. Neste mesmo ano, ALMEIDA, anali- sou 0 comportamento de restauragdes conserta- das in vivo, considerando ao final uma técnica ndispensavel para a preservagio da estrutura dentdria. Em 2002, FORMOLO, demonstrou que restauragdes “velhas”, podem assumir aspec- to de recentes se forem repolidas. A autora fez interessante pesquisa onde fotografou restaura- Ges antigas, realizou polimento e fotografou no- vamente. Elas foram mostradas para profissio- nais, professores ¢ alunos, 0s quais, na maioria das vezes sugeriram que elas deveriam ser remo- vidas, Ao mostrar a mesma restauracao repolida, a sensacao de desconforto foi evidente. E decisi- vo 0 trabalho de BELTRAO (1985) demonstran- do a eficécia do reparo para restauragdes de amilgama. SILVA (1998) realizou reviséo da lite- ratura € observou discrepancia de opinides, toda- via 0 reparo foi considerado vidvel e uma forma de preservacio da estrutura dentéria. Para res- tauragées estéticas, a técnica do reparo também é hoje empregada largamente. Desde o trabalho de CORADAZZI et al. (1995), avaliando a eficién- cia de reparos em restauragoes de resina, passan- do por opinides como as de CONSANI et al., 1997; HOLDER, 1991; MJOR, 1993; MJOR & GORDANI, 2002; SODERHOLM et al., 1985; SCHNEIDER et al., 1997; BOYD & RICHAR- SON, 1985, até o trabalho de SCHNEIDER, 2003, um defeito em uma restauragao de resina pode ¢ deve ser consertado, utilizando técnica simples: desgaste superficial, limpeza com dcido, agente de unio e nova resina. Em nossa opinido a emenda, o reparo ou con- serto, como demonstrado por CIPRIANO (1994), € uma nova alternativa que economiza tempo, evi- ta o aumento do tamanho da cavidade e é uma forma preservativa da estrutura dental (Figuras 1.52 a 1,54), © concerto em restauracdes antigas de amél- gama, também podem ser feitos de forma adesiva “com ionémero de vidro”, ou com resina compos- ta, como visto nas Figuras 1.55 a 1.60. O reparo por acréscimo pode ser feito desgas- tando-se o material antigo e acrescido de um novo material utilizando-se a técnica do condiciona- mento dcida, adesiva ¢ aplicagio do novo material (Figuras 1.61 ¢ 1,62), A substituigdo de restauragdes de amdlgama Pode se justificar por razdes estéticas ou por ne cessidade de reforgo da estrutura dentéria rema- nescente (Figuras 1.63 e 1.64), Digitalizado com CamScanner UMA NOVA FILOSOFIA Em i is. 1.48 Fig. 1.47 Arto do de rsaaaes de amin (sna de onBinjda Resa de andre Indl content ata de pe cat. cisspides), Fig. 1.48 Restauracao de amalgams pola. Fig. 1.49 _ Imagem MEV de restaurardo pola. Digitalizado com CamScanner STICA (ed ..... BRASILEIRO DE PROFESSORES DE DENTE a | z PE ——, I Fig. 1.50 Fig. 1.518 Fig. 1.518 Detalhe da borde da restauracio de emalgama Detalhe da borda da restauracdo polda apds 1 Detalhe da borda da retauraio polda aps « polida ha 6 meses. ano anos, Fig. 1.52 Fig. 1.53 = Resouaco 2s oto aos apesetando vaameno maja cent. Canela na junglo dene malar festaurador para insetir © no. “amalgam Fig. 1.54 Aspecto dinico apos o reparo e repolimento do amélgama Digitalizado com CamScanner Fig. 1.55 Fig. 1.56 Restauracio de amalgama seis anos, ‘as oto anos acre fata d cispide mesio-vestbula. Fig. 1.57 Fig. 1.58 Antes de plang o“epro” a edagaa irterprosmal foi eect, ‘Vita ods do retauaio, Fig. 1.59 Fig, 1.60 Reconsrucao da cispide com técnica adesva/tesina compost Aspeco clinic da rstaurego antiga repolida e reparada Digitalizado com CamScanner sen yi et RAS | Figs. 1.61 € 1.62 Reparo por acéscimo de material. Genter Pot. Edvardo Glia Reson PROFESSORES DE DENTISTICA Figs. 1.63 ¢ 1.64 Substuicdo da restauracdo de amalgam por razbes estas CONSIDERACOES FINAIS O diagnéstico ¢ o tratamento na Odontologia atual se fundamentam em evidéncias. Hoje, na Dentistica, encontramos os princfpios de maxima Preservacao, maxima prevencao e minima restau- ragio. SGo eles os que regem a biomecanica no Preparo cavitério, O diagnéstico precoce da lesio carie garante tratamentos mais conservadores, inclusive a nao intervencao restauradora. Entretanto, quando é ‘necessario intervir, a remocio da dentina cariada associada 4 preservagdo da estrutura dentéria é um binémio indispensavel, A manutengio dos tecidos dentarios, e em es- pecial das estruturas de suporte, tais como, cristas marginais e vertentes cuspideas, favorece a resis- téncia da restauracdo € do preparo cavitario, que Pode ser ainda melhorada se empregados métodos. de adesio ao substrato dentinério, tais como bridizagao, quelagdo superficial do célcio e inte- Braco com a lama dentindria. Estes trés fatores todavia irio contribuir decisivamente para retet- 40 do material restaurador. A forma de conveniéncia, nio se limita 20 acesso a lesio de cdrie na estrutura dentéria. Um Periodonto saudavel, assim como garantir 0 isola mento do campo operatério so varidveis a sere™ Digitalizado com CamScanner UMA NOVA FILOSOFIA EM DENTISTICA consideradas, Por este motivo, procedimentos que garantam esta situagio deverio ser realivadoe quando necessirio, incluindo métodos cicingicos periodontais e t de afastamento interdental, O preparo cavitirio devera ser definido pela re. mogio do tecido cariado, e quando localizade om superficies proximais, deverio ser utilizados prin. cipios biomeciinicos conservadores. O esmalte sem suporte dentin: ser removido ¢ sim suportado por um: tina” ‘tio nao devera C a “falsa den- constituida por materiais restauradores ade- Evolugao dos preparos cavitarios BLACK, 1908 PRIME, 1926 BRONNER, 1931 MARKLEY, 1951 MARKLEY, 1958, GOING, 1966 GILMORE, 1966 STRICKAND, 1968 RODDA, 1972 MONDELU,, 1972 ALMQUIST, 1973 (CROCKKETT, 1975 OUTHWITE, 1979 SHAVELL, 1980 ROGEMKAMP, 1982 HUNT, 1984 KNIGHT, 1984 VARGA, 1986 MONDELLI, 1989, BARATIERI, 1989 ste principio pode ser utilizado tanto para restaurages adesivas como para as que serio realizadas com amélgama. A limpeza da cavidade ¢ imprescindivel ¢ ini- cia 0 contexto de protec do complexo dentino- pulpar em todo tipo de preparo, independente- mente do método restaurador selecionado. Quan do a forma de adesio escolhida for a hibridizacao, © condicionamento dcido funcionara como forma de limpeza, porém nao contra-indica a associagio @ outros métodos de lavagem da cavidade. Propostas para uso clinico das resinas compostas BUONOCORE, 1955 BOWEN, 1962 PHILLIPS, 1972 GARONE FILHO & GARONE NETO, 1975 JORGUENSEN, 1979 NAKABAYASHI, 1982 EAKLE & ITO, 1986 LUTZ, 1986 KREJCI, 1988 POLLACK, 1988, LEINFELDER, 1977 LEINFELDER, 1988 DONIY & ELLIS, 1989 JORDAN & SUZUKI, 1991 RETIEF, 1992 LEINFELDER, 1993 ‘CARDOSO, 1994 WATANABE & NAKABAYASHI, 1996 BUSATO ET AL, 1995 BUSATO, 1986 MOUNT & HUME, 1997 ROULET & DEGRANGE, 2000 GBPD, 2003, BUS/TO, 2004 Digitalizado com CamScanner No novo contexto da Odontologia, nem to- das as cavidades necessitam de restauragao. A manifestagao clinica da doenga-cérie tem como €stagio clinicamente visivel a mancha branca ¢ a perda do brilho superficial. Desta forma, varias alternativas estio disponiveis para tratar a lesio cavitéria, nem sempre com material restaurador, as vezes com orientagao ¢ motivagao, sem necessi- dade de colocagao de um material restaurador, Em fungao disto, 0 novo modelo de maxima atitude em prevengio, maxima atitude em preservagig « minima restauragio, se aplicam a classficagag 4 MOUNT & HUME. Hoje, mais do que saber roy taurar bem é necessario que se saiba por que rey, taurar ¢ todo 0 procedimento Odontolégico de vem ter como objetivo a manutengio ou a recupe. ragio da sade. O alvo do tratamento deve ser paciente ¢ nao o dente. A formagio ¢ a atuaci, profissional devem ter cardter de compromiss, social. A ciéncia é nova. Nem tudo 0 que é velho deixa de ser novo. Ainda que o tradicional seja referencial para um presente novo, as filosofias se sucedem de acordo com as mudangas temporais da humanidade, Assim, caminhat na diregdo de um mundo novo, é a cima de tudo respeitar os primeiros ensinamentos criados num deterti- nado tempo ¢ em um outro determinado momento. Digitalizado com CamScanner SHOSSOH SHO SOSH OOH OOS ANA CHRISTINA LAMOSA ANNA PAULA KALIX ‘ANA REGINA CeRvANTEs Dias Kama Rei Hosmiio CERVANTES Dias MAURO SAVAO DE MIRANDA “HELIO SAMPAIO FILHO A prevencio das doencas bucais divide-se em trés niveis (LESK et al., 193): prevencao primédria, prevengio secundaria e prevengao tercidria. ‘Antigamente, a prevengo priméria relacionava-se com o inicio da doenga. No caso da doenga carie, esse nivel era entendido principalmente pelo uso do flor para impedir sua progressao. A prevengio secundaria baseava-se em impedir a progressio ¢ recorréncia da doenga, que seriam o diagnéstico precoce e intervencao nas lesdes. A prevengao tercidria visava apenas evitar a perda da fungdo, ou seja, tratamento do paciente através da indicagao de préteses c/ou implantes. Essa classificagio priorizava o tratamento:das se- giielas & intervencio nos fatores determinantes 4 doenca, que poderia:impe- dir a instalagao da mesma, permitindo um equilibrio do paciente, oy seja, um individuo saudavel. ‘Atualmente a cigncia busca uma melhoria na qualidade de vida das pessoas; essa abordagem esta baseada na Filosofia de Promogio'de Satide, que apresenta esse objetivo no seu sentido mais amplo. A Promogio de Saiide é uma mudanga de paradigma na qual se sugere que, para uma. pessoa ser saudavel, a auséncia de doenga nao é suficiente, nem necesséria (PINTO, 2000), © que se busca é 0 equilibrio. ‘A OMS, em 1986, definiu cinco princfpios da Promogio de Saiide, entre eles a reorientagio dos servicos de satide. Por isso é necessério que o diag- néstico de uma determinada doenga e sua real necessidade de tratamento sejam realizados de maneira adequada, que os fatores socioecondmicos, am- bientais e comportamentais possam ser-avaliados e levados em consideragio OOOO OOOO O08 Digitalizado com CamScanner quanto a serem fatores detern inantes da satide. Portanto, € importante que os profissionais de satide estejam envolvidos nessa filosofia para que suas atitudes nos atendimentos dos pacientes, tan- to no setor priblico, quanto no privado, estejam baseadas nesses principios. Dessa forma, os niveis de prevengio passaram a ter novo enfoque, que sero abordados mais a frente. A doenga carie precisa ser abordada dentro do paradigma de Promocio de Satide, portanto se faz necessario um conhecimento profundo de sua instalagdo e manifestagao clinica assim como da interacao dos fatores essenciais e moduladores da doenca, para que metas apropriadas na prevengao € tratamento possam ser estabelecidos e realizados na clinica. A doenca cérie se caracteriza por ser uma do- enga infecciosa oportunista, de caréter multifa- torial, fortemente influenciada pelos carboidratos da dieta e pela acdo dos componentes salivares (WEYNE & HARARI, 2002). O aparecimento de lesdes de catie é o sinal Patognoménico da atividade dessa doenca, que é mediada pela presenga de placa, a qual s6 sera considerada cariogénica se ocorrer em, durante um determinado periodo de tempo, interagdes dos fatores em condigées criticas (WEYNE & HA- RARI, 2002). Os fatores que podem interagir e determinar a Presenga de doenga cArie séo classificados em fa- tores essenciais ~ microrganismo, hospedeiro ¢ substrato ou dieta; e fatores secundarios ou modu- ladores ~ saliva e exposigdo ao flior (ABOPREV, 1999), FATORES ESSENCIAIS ® Microrganismo O desenvolvimento da doenga cérie s6 ocorre 4 partir da interagio dos fatores em condigdes cri- ticas por um determinado perfodo de tempo. Por- tanto, € necessario que ocorra uma selegao ¢ do- minancia de microrganismos especificos dcidos to- lerantes, que causam uma queda do pH da placa, ctiando um potencial desmineralizador (BARAT. ERI, 2001). Os estreptococos do grupo mutans destacam- Se como microrganismos cariogénicos. mitidos verticalmente de mie para filho saliva na primeira infancia, em um py Sao trans- através da eriodo cha- mado de janela de infectividade. Estudos de CAULFIELD, realizados em 1993 afirmaram que © periodo critico para infecgao priméria dos EGM ocorre entre os 19 ¢ 31 meses. Estes microrga. nismos parecem colonizar inicialmente os molares, devido & maior facilidade de aderirem as area, retentivas da regido oclusal desses dentes. As teas de fissuras so dez vezes mais colonizadas pelos EGM do que as superficies livres. Outras pesquisas utilizando tipagens de bacte- riocinas, métodos sorolégicos e plasmideos de. monstraram que as cepas isoladas das criancas eram idénticas as encontradas na saliva das suas mies. O grau de similaridade dos genétipos entre as cepas encontradas nas mies e em seus filhos confere uma fidelidade na transmissio dos EGM sendo maior entre as mies e filhas do que entn mies e filhos. Para que ocorra a transmissio ; colonizacao dos EGM sio necessérios varios e fre qiientes contatos salivares diretos ou indiretos er tte mies ¢ filhos, pois a colonizacio present: em cada contato salivar é insuficiente par: uma eficiente transmissdo dos EGM. Os pais nai influenciam na contaminagéo dos seus filho (CAULFIELD, 1982 e 1985; BERKOWITZ & JONES, 1985). E importante que as maes sejam orientadas Para que evitem contatos salivares com seus filhos {as) através do beijo na boca, uso compartilhado de talheres, escovas de dente ou outros utensils, Para evitar ou diminuir a contaminagao das crian. gas durante a janela de infectividade. Esse traba- lho de Educacao em Satide Oral deve ser feito em conjunto com o pré-natal. Formagdo da placa cariogénica Os elementos dentirios sio revestidos por uma fina pelicula orginica, composta por prote nas salivares, denominada pelicula adquirida. Ess pelicula é formada instantaneamente, mesmo ap6s uma completa remogao de placa e tem a funcao de Proteger os dentes, dificultando 0 transporte dos fons, também desempenhando importante pape! na formagao da placa bacteriana ou biofilme. O biofilme pode ser entendido como células microbianas imersas em matrizes de polimeros eX" tracelulares, onde se concentram produtos do s¢! Proprio metabolismo, juntamente com fons ¢ trientes oriundos do ambiente ecolégico. No bio” filme ocorre uma interdependéncia entre as & Digitalizado com CamScanner

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