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REVISTA 2 - Dd ~INSTINUTO HISTORICO E GnOGRAPICO IO PAK PARA VOL. XIV Fundado a 3 de maio de 1900 Reinstalado a 6 de marco de 1917 Considerad ntitidade pibttea por Decreto Federal 9 a0, de 26 de Novembro de 1919 ¢ Tel Estodial n© 164K We 8 We Outubro de 10Fe, SEDE PROPRIA: Praga D. Pedra WH, 62 Antigo solar do Visconde de Arary ¢ Barao de Guajaré — Caixa Postal, 547 BELEM - PARA « BRASIL REVISTA . M0 . * INSTITUTO RISTORIGO £ GEOGRAPICO DO PARA VOL. XIV 1866/1967 Fundado a 3 de maic de 1900 Reinstalado a G6 de marge de 1917 Considerada de ulilidade mriblica por Deereto Federal n° 3.894, de 26 de Novembro de [19 e ' Lei Estadual n.° L641, de 6 de Gutubro de FI7. SEDE PROPRIA: Praca D. Pedro I, 62 Antigo solar do Visconde de Arary e Bardo de Guajara — Caixa Postal, 547 BELEM - PARA - BRASIL, INTROITO No ano de 1966, contondo com a deetdida boa vontade do Sr. Prof. Dr. José Rodrigues da Silveira, Magnifico Reitor da Universidade Federal de Pard ¢ nosso consécio Benemérita, éste silogeun pés em circulagdo o volume XIII da “Revista do Institu. to Histérico ¢ Geogrdfico do Pard” (1952/1965), a qual nao era publicada ha 14 anos. Persistindo aquéle elevado sentide de cordialidade ¢ in. contida desejo de cooperagio, Sua Magiificéncia, dando pleno acolhimento ag pedido que lhe féra formulado pela presidéncia desta institnigdo culjural, determinou 4 Imprensa Universitdria do Pard a impressdo do volume XIV da nossa Revista (1966/ 1967). Estd, portanto, novamente em contacto com o priblico € associagées que nos honram com a sua leitura, a “Revista do Instituto Histérico e Geogrifico do Paré", propagando, nos tér. mos do Estatuto da entidade, assuntos histéricos, geogrificos ¢ liferdrios de alta relevincia, especialmente alusivos a homens, fates ¢ coisas da regida amazénica. No presente volume colaboram alguns de nossos confra. des, predominando os discursos de elogios a vérios Patronos, pronunciados pelos consdcios efetivos fundadores e ocupantes das respectivas Cadeiras. Com o mesmo inttito louvdvel em face do qual Sua Mag. nificéncia, o Reitor da Universidade Federal do Pard, vem pug. nando pelo clevantamento culjural de nossa terra, estamos en. vidando esforgos em prol das boas imiciativas, objetivando o exato cumprimento da finalidade déste sodalicio. Apresentamos ao Sr. Prof. Dr. José Rodrigues da Sil” veira caldrosos agradecimentos por niais esta oportunidade que nos concedeu, de maneira cativante ¢ expressiva, estimulando, com sua gentilera, o nosso propésito de difundir episddios mar- cantes da vida paraense e capitulos assinalades da existéncia brasileira, A COMISSAO DA REDAGAO DA REVISTA ADMINISTRACAO PARA © TRIENIO 1966/1969 Eleigho efetuada em sessio de 23 de marge de 1968 DIRETORIA Presidente — Ernesto Horficio da Cruz (reeleito) Vice-Presidente — Paulo Maranhiio Filho 1+ Secretdario — Aliudio de Oliveira Melo (reelcito), 2: Secretiirlo — Victor Tamer ‘Tesoureiro — Arlindo Severlano de Miranda (reeleite) Diretor do Museu — Orlando Luciano Martins de Moraes Régo Bibliotecirio — Armando Bordalo da Silva (reeleito) MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Presidente — José Sampaio de Campos Ribeiro (reeleito) Vice-Presidente — Maria Anunciada Ramos Chaves (reeleita) Ls Secretdrio — Luis Ercilio do Carmo Faria . 2° Secretério — Arthur Napoledio Figueiredo COMISSOES FERMANENTES 1— — Gortissiio de Geografla © Etnografia Arthur Napoleso Figueiredo Armando Bordalo da Silva Jarbas Gongalves Passurinho 2— Comissiio de Histéria e Arqueologia José Rodrigues da Silveira Neto Marin Anunciada Ramos Chaves Bolivar Bordalo da Silva REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA 3 Comissio de Numismstica ¢ Fitatella Armando Bordalo da Silva Luis Erefiio do Carmo Faria Abelardo Lelio Conduru Comissiio de Admissie de Sbelos Arthur Napoledio Figueiredo Aloysio da Costa Chaves. ‘Olivio Mendonga ‘Comissio de Reduco da Revista José Sampaio de Campos Ribeiro Aldudio de Oliveira Melo Comissio de Pundes © Orgamentos ‘Cindido Marinho da Recha Silvio Augusto de Bastos Meira Raymundo de Souza Moura Os consécios Jarbas Goncalves Passirinho e Raymundo de Sou- za Moura afastaramse de Belém em principtos de 196T om virtude do terem sido nomeados, respectivamente, Ministro do Trabalho © Pro ‘vidincia Social © Mintstro do Superior Tribunal do Trabalho. SGCIOS FUNDADORES — (3 DE MAIO DE 1900) § 1- DO ART. 4> DO ESTATUTO 1 — Arthur Otavio Nobre Viana 2 — Dr. Américo Santa Rosa 3 — Dr, Arthur Lemos 4 — Dr. Augusto Olimpio de Araije ¢ Souza 5 — Dr. AntOénio Firmo Dias Cardoso 6 — Amando Gentil 7 — Dr, Antonio Passos de Miranda & — Anténio da Costa e Silva © — Senador AntOnio José de Lemos 10 — Dr, Alfredo Sérgio Ferreira 11 — Dr, Bento Miranda 12 — Bernardino Pinto Marques 13 — Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha 14 — Prof. Celestino Ferreira 15 — Domingos Antonio Raiol (Barfio de Guajardy if — COnego Domiciano Herculano Perdigiio Cardoso 17 — Monsenhor Domingos Maltez 1% — Dr. Emil Auguste Goeldi 19 — Dr. Enéas Martins, 20-- Dr. Estephiinio Barroso 21 — Dr, Ernesto Adolphe de Vasconcelos Chaves 22 Dr. Euphrosino Nery 23 -- Dr, Elidie de Amorim Lima 24 -— Estephiinio Francisco da Silva 25 -- Prof. Francisco Ferreira de Vilhena Alves 26 — Dr. Fidvie Cardoso 27 — Comandante Felipe Duarte 28 — Francisco José de Sales : 29 — Dr, Gentil Bitencourt 8% — Jolie Liicio de Azevedo 21 — Dr, Higino Amanajis so — Dr. Jolio Antonio Iariz Coelho 3 — COnego Joke Ferreira de Andrade Muniz Tce REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA 32-= Dr, Henrique Santa Rosa 30 — Dr. Genuino Amazonas de Figueiredo 30 — Dr. José Coelho da Gama ¢ Abreu (Barlo de Murajé) 40 — Dr. José Olintho Barroso Rebelo 41 — Dr, Justiniano de Serpa 42 — Dr, Jucques Huber 43 — Jo§io Lulz de La-Rocque #4 — Dr. José Barbosa Rodrigues 45 — Lulz Demétrio Tavares 46 — Manoel Ignacio da Cunha 47 — Manoel Baena 48 — Manoel Miranda Simoes 49 — Dr. Misael Corréa Seixas 50 — Prof. Otdvio Pires 51 — Prof. Raimundo Bertolde Nunes $2 — Dr. Raimundo Meschindes Alves da Costa 53 — Cel, Raimundo Cirfaco Alves da Cunha 4 — Dr. Samuel Wallace MacDowell 55 — Prof, Sabino Henrique da Luz 56 — Major Thomaz Cavalcante 51 — Dr, Theodoro de Brito Pontes 58 — Dr, Virgilio Cardoso de Oliveira 59 — Victor Manoel de Azevedo Barranco SOCIOS FUNDADORES — (6 DE MARCO DE 1917) REINSTALAGAG — § 1° DO ART. 42 DO ESTATUTO 1 — Dr, Abel da Gama @ Abreu Chermont 2 — Dr. Alcindo Comba do Amaral Cacela 4 — Dr .alfpio Dias Maia 4 — Alvaro Ant6nio Pires 5 — Dr. Américo Vitrivio Goncalves Campos 6 — Américo Dantas Ribeiro I — Dr, Angelino Rodrigues de Lima. 8 — Dr. Antenor Cavalcante 9 — Augusto Ferreira 10 — Dr. Augusto Octaviano Pinto 11 — Augusto de Matos Pereira 12 — Dr. Augusto Eduardo Pinto. 13 — Dr, Aldebaro de Albuquerque 14 — Padre AntOnio Clindido da Rocha 15 — Dr, Anténio Martins Pinheiro 16 — Desembargader Augusto Borborema 17 — Benedito Duarte Sociro 18 — Benedito Lopes David 19 — Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha 20 — Dr. Carlos Esteviio de Oliveira 21 — Constantino E, Wan-Meyel 2? — Dr. Deodoro Machado de Mendonca 23 — Domiciano Perdigio 24 — Dr. Eliidio de Amorim Lima 25 — Dr, Emanuel de Almeida Sodré 26 — Enéas Calandrine Pinheiro 27 — Dr. Ezequiel Antunes de Oliveira 78 — Dr. Francisco Caribé da Rocha 29 — Dr. Francisco de Paula Pinhe! 30 — Gilberto da Silveira Moreira 31 — Dr. Honorato de Castro Filgueiras 32 — Hordclito Ferreira 33 — Dr. Higino Amanajis REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA 44 — Dr. Igndcio Baptista de Moura, 25 — Jo&o Alfredo de Mendonca 36 — Jolo Baptista de Moura Carvalho 37 — Joo Baptista Cearense Cileno 88 — Dr, Joo Baptista Pena de Carvalho 39 — Dr, Joaquim de Arruda Falcho 40 — José Maria Leone - 41 — Dr. José Alves Maia 42 — Dr. José Ferreira Teixeira 43 — Prof. José Coutinho de Oilvelra 44 — Prof. José de Castro Figueiredo. 45 — José Eustichlo de Azevedo 46 — Cel. José Joaquim Pereira de Araijo 47 — Dr. Joio de Palma Muniz 48 — José Dias da Rocha 49 — José Carvalho 8 — Dr, Lauro Nina Sodré ¢ Silva 51 — Dr. Lauro Chaves 52 — Dr. Luiz Lebo 53 — Dr. Lulz Estevlo de Oliveira S4— Dr. Lucidio Freitas 85 — Dr. Manoel Mangos da Silva Vilaga 56 — Prof, Manoel Dias Mala 81 — Prof. Manuel Luiz de Paiva 68 — Prof. Manoel Braga Ribeiro 59 — Manoel Leopolding Leitio Cacela @ — Manoel Valente Cordelro 61 — Desembargador Napoledo Simbes do Oliveira 62 — Dr. Ophir Pinto de Loyola 63 — Dr. Pedro Cabral Pereira Fagundes 64 — Pedro de Almeida Gent 65 — Raimundo José Martins Bessa 68 — Prof. Raimundo Bertolde Nunes 67 — Dr. Renato Santa Rosa 68 — Conego Ricardo da Recha 69 — Cel. Raimundo Ciriaco Alves da Cunha 70 — Conego Raimundo Ulisses Penafort 71 — Dr. Severino Silva 72 — Simpliciano Torres 73 — Silvestre Monteiro Falco. v4 — Dr, Theodoro Braga —10— SOcIOS EFETIVOS (Por ordem alfabética) i— Abelardo Leio Conduru & — Adalberto Acatauassu Nunes — Alsudio de Oliveira Melo — Alberto Gaudéncio Ramos — Aloysio da Costa Chaves — Aplo Paes Campos Costa — Arlindo Severiano de Miranda Armando Bordalo da Silva Armando Serra de Menezes Arthur Napolelo Figueiredo Augusto Ebremar de Bastos Moira Aylton Quintiliano Bolivar Bordalo da Stlva Cindido Marinho da Rocha Cupertine Contente Deodoro Machado de Mendonca Ernesto Hordrio da Cruz Fernando José de Leiio Guilhon Georgenor de Souza Franco Jarbas Goncalves Passarinho José Marcos dos Santos BORER ESemaguaw 3 ee ee Scheel elatat 22 — José Maria Hesketh Gonduru 23 — José Sampaio de Campos Ribeiro 24 — José Rodrigues Fereira 25 — Josué Justiniano Freire 28 — Luis Ercilio do Carmo Farin 27 — Luiz Romano da Motta Araujo 28 — Maria Anunciada Ramos Chaves 29 — Miirio da Silva Machado 30 — Mauricio Cordovil Pinto 31 — Orlando Luciano Martins de Moraes Régo 32 — Otdvio Mendonca 33 — Paulo Maranhfie Filho —ill— SOCIO BENEMERITO Prof. Dr. José Rodrigues da Silveira S6CIOS HONORARIOS Dom Jaime de Barros Ciimara Dom Anténio de Almeida Lustosa Abguar Bastos Dr. Renato Franco Ciro Proencga. Dr. Pedro Moura Dr. Avelino Inécio de Oliveira Gen, Arnaldo Augusto da Mata Armando de Azevedo Pina Dr. Océiio de Medeiros Desembargador Augusto Rangel de Borborema Dr. Waldemar Torres da Costa Dr. Raul Rodrigues Pereira Dr. Joaquim Gomes de Nordes e Souza Desembargador Antonino de Oliveira Melo Dr. Guilherme Ling de Vasconcelos Chaves Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco Professéra Grazicla Moura Ribeiro sis S6CIOS CORRESPONDENTES Dr. Agnello Bittencourt (Amazonas) Dr, Nyceu Dantas (Sergipe) Dr, Cravelro da Costa (Alngoas) Br. Anténlo Botto de Menezes (Paraiba) Dr. Higino Cunha (Piaui) Dr, José Lopes de Agular (Acre) Dr. Arthur César Ferreira Reis (Rio) Dr. Osvaldo Orico (Rio) Or, Lulz da CAmara Cascudo (Rio Grande do Norte) Gr. Dante de Laytano (Rio Grande do Sul) Dr. Olavo de Oliveira (Ceara) Dr. Jolo Mata de Oliveira Roma (Maranhiio) Dr. Luiz Felipe Vieira Souto (Rio) Dr. Gultherme Martins Auler (Pernambuco) Jorge Moreira da Rocha (Ceara) Dr. Enzo Silveira (Sio Paulo) ‘Dr. Anténio de Aratijo de Aragio Bulcko Sobrinho (Bahia) Dr. José Pedro Leite Cordeiro (Slo Paulo) Dr. Carlos da Silveira (Siio Paulo} Romeu Calderaro Boltrio (Rio Grande do Sul) Dr. Orlando Marques de Albuquerque Cavalcanti (Pernambuco) D. Pedto Gastiio de Orleans © Braganca (Rio) Almirante Henrique Boiteaux (Rio) Dr. Mario Portugal Fernandes Pinheiro (Rio) Dr. Nelson Abel de Almeida (Espirito Santo) Coronel Salvador de Moya (Rio) Marechal Joio Batista de Matos (Rio) Prof. Guilherme Butler (Parana) Dr. Mario AntOnfo Barata (Rio) Prof. Dr, Verissimo de Molo (Rio Grande do Norte) Dr. Carlos Pedrosa (Rio) ‘Dr. Gabriel Hermes Filho (Brasilia) Vice-Almirante Mdrio Ferreira Franga (Rio) Dom Carlos Tasso de SaxeCoburgo e Braganca (Siio Paulo) —t15 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA Dr. Lulz de Castro Souza (Rio) Prof. E. D'Almelda Vitor (Brasilia) Dr. Oswaldo de Souza Valo (Rioy INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA CADEIRAS — PATRONOS — FUNDADORES — ATUAIS OCUPANTES 1 — ALBERTO RANGEL (Patrono) Ayiton Quintiliane (Fundador e ocupanto) 2— ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA (Patrono) Arthur Napolello Figueiredo. (Fundador © ocupante) 3 — ALFREDO LADISLAU (Patrono} ‘Candido Marinbo da Rocha (Pundador e ocupante) 4 — ANDRE PEREIRA (Patrono) (Pundador ¢ ocupante) 5 — ANTONIG LADISLAU MONTEIRO BAENA (Patrono) Aloysio da Costa Chaves (Fundador e ocupante) 6 — ANTONIO DE MACEDO COSTA (Dom) (Patrono) Cénego Aplo Paes Campos Costa (Pundador ¢ ocupante) 7 = ANTONIO VIEIRA (Padre) (Patrono) Otdivio Mendonca (Fundador e ocupante) & — ARTHUR OTAVIO NOBRE VIANA (Patrono) (Fundador © ocupante) 9 — ARTHUR THEODULO DOS SANTOS PORTO (Patrono) (Fundador e ocupante) a 10 — AURELIANO CANDIDO TAVARES BASTOS (Patrono) (Fundador e ocupante) ll — BENTO DE FIGUEIREDO TENREIRO ARANHA (Patrono) (Pundader ¢ ocupante) 12 — BERNARDO PEREIRA DE BERREDO (Patrono) (Fundader ¢ ocupante) 13 — DOMINGOS ANTONIO RAIOL (BARAO DE GUAJARA) (Patrono) Ernesto Hordiclo da Cruz (Fundador e ocupante) if — DOMINGOS SOARES FERREIRA PENA (Patrono) Armando Bordalo da Silva (Fundador e ocupante) — EMIL AUGUST GOELDI (Patrons) ‘Orlando Luciano Martins de Moraes Régo (Fundador ¢ ocupante) 16 — EUCLIDES DA CUNHA (Patrono) José Marcos dos Santos (Fundador e ocupante) —17 — REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA 1? — FRANCISCO FERREIRA DE VILHENA ALVES (Patrono) (Pundador ¢ ocupanto) 13 — FREDERICO BARATA (Patrono) Arlindo Severiano de Miranda (Fundador ¢ ocupante) 19 — HENRIQUE AMERICO SANTA ROSA (Patrono) Abelardo Leio Conduru (Fundador ¢ ocupante) 20 — HENRIQUE JORGE HURLEY (Patrono} (Pundador ¢ ocupante) 21 — INACIO BATISTA DE MOURA (Patrono) “ Victor Tamer (Fundador e seupante) 22 — JACQUES HUBER (Patrono) José Marla Hesketh Conduru (Fundador © ocupante) 28 — JOAO LUCIO DE AZEVEDO cPatreno} (Fundador ¢ ocupante) 24 — JOAO DE PALMA MUNIZ (Patrono} Augusto Ebremar de Bastos Meira (Fundador e ecupante) 25 — JOSH COELHO DA GAMA E ABREU (BARAO DE MARAJO) (Pa- trono) Aldudio de Oliveira Melo (Fundador ¢ ocupantey 26 — JOS VERISSIMO DIAS DE MATOS (Patrono) - (Fundador ¢ ocupante) 21 — JOSE: OLINTO BARROSO REBELO (Patrono) (Fundador ¢ ocupante) 28 — LAURO NINA SODRE E SILVA (Patrono) Josué Justiniano Freire (Fumdador © ocupante) 29 — LUIZ LOBO (Patrono) (Fundador ¢ ocupante) 30 — MANUEL BARATA (Patrono) (Fundador © ocupante) #1 — MANOEL BRAGA RIBEIRO (Patrono) (Fundador ¢ ocupante) #2 — MISAEL CORREA SEIXAS. (Patrono} (Fundador ¢ ocupante) 38 — PAUL LE COINTE (Patrono) (Pundador ¢ ocupante) 34 — PAULO ELEUTERIO SENIOR (Patrono) (Fundador ¢ ocupante) 35 — RAIMUNDO AVERTANO BARRETO DA ROCHA (Patrono) José Sampaio de Campos Ribeiro (Fundador © ocupante) 36 — RAIMUNDO CIRIACO ALVES DA CUNHA (Patrono) (Fundador ¢ ocupante) 37 — RAIMUNDG MORAES (Patrono) (Fundador ¢ ocupante? ge © INSTITUTO HISTORICO. VICTOR TAMER A gentileza sempre cativante do prof. Ernesto Cruz leroume em sua honrosa companhia a visitar o Institute Histdérice ¢ Geogrifico do Pard, antes que a éste pertencesse cu como sdcio, hoje definitiva- mente instalado no velho sobrado de azulejos doado parw tsse tim pelo entio governador Barata, nobre mans&o que pertenceu, no sé culo anterior, ao lustre parsense Bariio de Guajari o que se ergue, tranquilamente, ne indo esquerdo do antigo Largo do Palicio, ‘Nilo sel qual a razio por que trago comigo, vinde do berco, um acentuado amor ao passado © 4 quictude dos séculos. Ao contemplar, bor isso mesmo, numa fotografia desbotadn um aeontocimento do ses- Senta anos atrds, invademe a emocio de uma saudade que nko me pertence. Ou se alguém, vencido pela idade, se dispSe a contarme os episddios distantes de sun vida em que so patentele o espirito da Spoca, cisme a eseuti-lo, mergulhado no tempo esquecido, come se ma sua recordaglo comovida porventura se escondesse, também, a sombra de mim mesmo. Logo na entrada do prédio comeca para o visitante o recuo dos anos. Corredor largo, paredes revestidas cle azulejos, enorme lampiio pendente do férro, dots langos de escaca com patamar e clarabdia, vasto snguio colonial 4 vista, Ld em cima, o silénclo acolhedor das salas, Entre o férro imitando ralos de sol e © assoalho de acapu © Pau amarelo em tbuas corridas, levantamse as reliquias do Institu. to: mobilia de alto espaldar, quadros ilustres cobrinde as paredes, es- tantes repletas de livros e documentos preciosos, mostrudries diver: Sos contends colepies numisméticas ¢ objetos outros de dpocas desa- parecidas, Tudo alf se irmana em fungio do passado, onde quer que fixe- mos, em derredor, « curlosidade dos olhos. Até mesmo num compar. timente em que o foro apodrecido velo a desabar, mas logo repn. rado, até nessa descontinuldade passageira © antigo se manifestou. E que ficou A mostra o telhado em sun estrutura secular com duns dguas ‘convergindo sObre um rincio © mais em balxo, na linha horizontal clo teto cafdo, so desvendava a canalizacgho do gis de iluminagio por ld le REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA passando para alimentar os bicos solitdrios e os Justres custosos «ue dantes se acendiam em téda a casa, em pleno esplendor do progresso quo chegara. O prof. Ernesto Gruz, & medida que explicava a procedéncia ¢ valor das doagbes que enriquecem o patriménio daquela instituicio, tragaya-me com o entusiasmo de um apalxonado, os planos que tem em miira como atual presidente do Instituto a fim de injetar nova vida a ‘10 importante centro cultural do Estado, Em minha vida j4 experimentel, de certo, dentro do Brasil 7 no Velho Mundo, ns mais gratas sensac6es que nos transmitem os Mu- ous famosos 6 onde so apronde, fora dos compéndios, a evoluclo his- térica de todos os povos. Nenhum déles, porém, melhor me tocou a sensibilidade provinclana do que ésse nosso Instituto Histérico © Geo. gnifico do Paré, em cujo amblente amigo, que recorda a nossa yonte © 05 nossos acontecimentos passidos, o visitante paraense sente o res- pelto comovido de quem revé, enternecido, a augusta casa paterna! —2— PRESERVACGAO DA AMAZONIA CONTRA A ESPOLIAGAQ Discurso do dr. Aloysio da Costa Chaves Dia 12 de janeiro de 1966 transcorrou o 350.° aniversario Ue fun- dacho da cidade de Belém, Na noite do dia anterior, os Rotary Clubes do Pard iniciaram, com um banquete de mais de duzentos talheres, Rs comemoragies alusivas Aquele acontecimento histérico, em cuja casio o nosso conséelo dr. Aloysio da Costa Chaves, na qualidade de Governador Distrital do Rotary, pronunciou © seguinte discurso: “A HISTORIA E VIDA — tal o axioma inicial a propér. E nko apenas vida dos outros — de outres tempos, de outros sires — mas @ nossa vida, antes de nds. Longe esté de abracar a totalidade do pré- prio destine quem julgue que no histéria terrena comeca no nascimen- te c acaba na morte. A nossa histdria 6 tda a Historia. A histdria dos homens ¢ a Histéria do Homem — e a histéria de cada homem. Em cada homem, esti, por isso, a Histéria inteira — que colaborou na sua formagio ¢ velo até de como um impulse que, neste momento, nele se resolve ¢ condensa, A Histérin mos féz; — agora somos nds que a fazemos. Escrever a Histéria 6 buscarnos, compreendernes, definir-nos, sentirnos solidirios de um imenso movimento que nos inelul e nos leva. Nada mais VIVO, sem diivida, vista ser aquilo que em nés ¢ anterior a 6s” (AMEAL, “Histéria de Portugal"), Com esta ceriménla se iniclam as comemoragSes do 250° ani versdrlo da fundagia de Bolém. Qual o sentido desta celebracko ? Como situar 0 transcurso dessa ofeméride no mundo de hoje, destecando os ames que prendem o passado ji longinguo ao ritmo trepklante, Surpreendente ¢ admirdvel do progresso universal que hé mals de sito anos conduziu a humanidade ao pértico da Era Espacial? © ser humano modificou nesses séculos a fisionomia do mundo: revolucio- nou as técnicas de producio; deu ao conhecimento humano novas © ‘limitadas fronteiras. ‘No plano material a automagio esti entre-abrindo as portas de um “néve paraiso", a que se refere audaciosamente DIETHIER STOL- oS REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO EF GEOGRAFICO DO PARA ZE (Igual aos Deuses”), em cuja entrada niio se inscreverio as pa- lavras possimistas de alguns socidlogos, mas as promessas alvissarel- Tas COM que NOS AcchaM, hoje, cientistas © téenices : “a ciéncia lber- ta o homem da eseravidio milenar". A rovolucio teenolégica, impulsionada pela ciberndtica, estd ope- rando transformag6es profundas e radicals om todos os setores dn atividade humana, Cria-se uma nova socledade, sob o signo da cit: cla, perante a qual se extasinm até os economistas menos entusias- tas, Em face das fantdstieas passibilidades do “munde automatizado”, PETER THORNEYCEOFT, ministro do comércio da Gri-Bretanha, de- clarava hd pouco tempo: “Estamos no limlar do uma dramdtica trans- formacio na vida humana, mais extraordindrin do que aquela causa- da em tempos passados pela invenclo da roda, Dentro em breve have- ré por téda parte fibricas e usinas sem gente”. E o homem, senhor © mestre, finalmente livre de trabalhos ¢ fadigas, pode erguer os olhos para o alto. ‘A cifncia progrediu, pertanto, de tal manelra que os mals ar- rojados frutos da ficcio foram ultrapassados pela realidade clentifica. Descou o homem, nas ditimas décadas, & intimidade da matéria ¢ de vassou todos o8 sous sogredos, algandese, n seguir, no espago side- Tal nessa maravilhosa aventura do espirito humano, que o levard a0 fimage do préprio universo, muito além de tudo quanto antes con- cebeu a imaginagie humana. ‘No campo cspiritual vimos a Igroja, “como mic ¢ mestra de todos os poves”, adotar umf pesigho histories, assinalada pelas con- clusées corajosas ¢ licidas do Concflio Ecuménico Vaticano II. Dois ‘tragos caracterizam a posicio contemporinea da Igreja: a ccument- dade © a universalidade. Sentido do univorsalidade que conduziu S. SANTIDADE, om poregrinacio 4 Terra Santa: que o levou, poste- riormente, a participar de um congresso eucaristico na India. E té1o, recentemente descer do trono de “Pedro”, para levar ao plendrio dos EEUU, ferveroso ¢ oportune apiio em prol da paz universal. Fato inédito @ de transcendental importiincia cujas consequincias niio de- vemnes. minimlzar, A palavra canclente de PAULO VI, 0 ndvo apéstole da paz, nfio cairi no elvide enquanto houver um resquicio de bom. senso a iluminar a conscléncia dos homens responséveis pelos desti- nos dos povos civilizades. As dimenses politicas que dividem o mundo em dels campos aparentomente inconcilliivels, opdese o esfOrgo tonaz inquebrantével, dos que acreditam na vitéria do bem comum, na causa sacrossanta da pax ¢ do entendimento indispensiivel para que 0 homem possa li- vro 46 temor 6 da miséria, construir sun propria felietdade, No limiar dessa era admirdvel, que abre para o homem a pos- sibilidade de realizar todos os sous sonhos, a nossa cidade de Belém a REVISTA DO INSTITUTO HISTGRIOO E GEOGRAFICO DO PARA completa 350 anos de fundagllo. Sejanos, pols, permitido. afastar o pensamento do porvir e lancar @ nossa vista sdbre o passado para surpreender, em alguns fatos histéricos, 0 esférgo hereitleo, o idea lismo imarcessivel, a 1¢ sublime de quantos trouxeram a semonte da eiviliznglo ds terras do Novo Mundo. A fundaghe da cidade de Belém nico 6 um episddio histérico li. gado apenas & conquista da América, , na realidade, mais um elo — e um dos ltimos acrescentado pelo génio dos portugueses A suces- so de descobertas memordveis que resullaram das grandes vingens maritimas inieladas a partir do século XV| Para chogar a ésse mo- mento culminante da hist6rla universal — imensa, diffell ¢ érdua foi a ecaminhada oncetada pelos povos que tiveram a glérin de viver es- sa opopdia, que alargou os fronteiras do mundo ¢ deulhe nova di- mensko politica, econémica, social ¢ cultural. ‘Durante vwirios sdculos sbmente os feniclos se arrojaram além da bacia do mediterrinco oriental, pela falta de recursos técnicos apropriados © pelos perigos que as lendas © a escassez de conhect mento haviam incutido na mente de todos os homens. A investigneiio cientifica entre os gregos, que se destacaram pe- Io notével nivel que alcangou sua civilizacio, fleou subordinada & es. peculagiio filoséfica, que dominou a orlentagigo geral do pensamento. Assinain PAUL HUGON que, para os iildsofos gregos, a preo- cupacio essencial do Romem deve ser a vida da alma; 56 depois dove euldar do corpo e, em ultimo lugar, da riqueza. “Sdmente a alma”, escrevia XENOFONTE, “é o homem ou o homem nada ¢, E, pols, nos tratados dos fildsofes que se deve procurar os primeiros gedgrafos, que abordaram os problemas do ecumeno de maneira ocasional, com. cariter descritive, empirico, sem darlhes autonomia, pois estavam su. bordinades aos temas de natureza especulativa. No é sem razio, por- tanto, que se consideram os {1lésofos JOnicos como os primeiros ges- grafos clentiticos. Nessa época, © esférco principal consiste em compilar materials geogréticos : sobre povos ¢ paises, imprimindo apenas certo impulso fh geografia descritiva. As conquistas de Alexandre ¢ dos Romanos de- yam grande alento a essa orientaglo. Mas durante virios séculos 2 geografin aparecerd, na antiguidade, como tributdria de outras cién- ‘clas, de cujos progressos foi retirando, pouco a pouco ,os dados que abriram as portas do mundo, séculos apds, ao ciclo das grandes via- gons maritimas, A Idade Média 6 para a geografia, como para a mafor parte das eifneias, um perfode de eclipse ou mesmo de recuo. Ela ¢ marcada, come rossalta E. MARTONNE, sobretudo, por uma decadéncia com- pleta da geogratia goral Os drabes, como infatigdveis mavegantes, 6 quo prosseguem nos 5 REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA estudos geogrificos, preparando, de prefertncla no campo da carto- grafia, precioso material que serd mals tarde de grande utilidade A escola de Sagres, A renascenca marca para a geografia, como para quase todos os ramos do saber humano, uma época de renovaclo ¢ de atividades fe- bris. Houve — diz HUGON — no inicio dessa época a ressurreigho do espirito antigo e, fecundado por éle, um maravilhoso renovamento da clvillzagio, “Esse moviments mio se restringe A magnifica floragho de arte, quando ressoam os nomes imortais dos Leonardos da Vinci, dos ~ Migueis Angelos, dos Rafadis, dos Ticlanos”. © pensamento tornase leigo, Siio palavras ainda de PAUL HU- GON: “Esta evolucho, que se inicia com Petrarca, na Itilia, no sé culo XIV, prossegue com Erasmo, o grande humanista do fim do sé culo XV; no coméco de século XVI se espatha por todo munio, gra- gas a Rabelais, “Hi, por outro Indo, © retOrno sos métodes de observago e experitinein que permitirio o despertar da ciéncia moderna. © espirl- to humano é levado a estudar as ciéncias terrestres. O estudo cien- tifico substitui a tradigigo; a nogho do processo s¢ Inculca; a estag- migio da Idade Média da lugar & dinimica dds tempos modernos*, # a dpoea das grandes viagens, que revelam mundos ignotos, ¢ dis extracrdindrias descobertas cientificas que dio novas bases a to dios 0s ramos do conhecimento humano, Trés grandes fatos marcam ésse momento Unico na histérin universal: — o alargamente prodigio- 0 dos horizontes geogriticos:; — o notdvel desenvolvimento da car tografia; — 0 progresse das ciéneins fisicas, auxiliares da geografia. AS grandes descobertas marftimas fazem recur os limites do mundo, juntandose as transformagées de ordem intelectual @ poll fica que assinalam o advento dos Tempos Modems. A histéria reservou & nobre e imortal nacho portuguésa a maior parcel nn glorioss ¢popéia que deu ao homem o dominie sObre a na- tureza, 56 superado agora na tentativa de romper as barreiras do unl- verso. ragéo, cada sdculo depends dos que o presederam. “As doscobertas 56 thultiplicam; sio datas que todos conhecom © que vibram como um cante de epoptia: 1487, Bartolormeu Dias aleanca o cabo das Tor- mentas; 149, Colombo desembarca em Guanahanl; sete anos mais tarde VASCO DA GAMA atinge ns indias, e Albuquerque funda ai um Império Lusitano; 1500 Cabral descmbarca no Brasil; 1514, Magalhies faz, pela primeira ves, a volta ao mundo, terminada pelo seu lugar- tenente Sebastiiio col Cuno. 1819-1521, Cortez conquista 9 México; 1531, Pizarro tora o trono dos Incas ¢ as riqueras das cordilheiras, Em 1534, Jacques Cartier entrou na embocadura de Santit Lourent e plan- tou uma cruz de madeira na recha de Gaspé. see “O progresso”, registra HUGO, “se encadela do geragio a ge REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEQGRAFIGO DO PARA “Essa grande aventura de mil epopéias seria digna de inspirar um Homero © encontra seus aspoctos grandiosos © trigicos na pena de um Camées, Fol a grande aventura que esgotou os povos que a. viveram; esgotow-os, pols se deram corpo ¢ alma A conquista dam império que era vasto demais para perdurar”. A nacio portuguésa atingiu o dpice de sua histéria na sequén- ela dos grandes descobrimentos. O espirito indomével do lusitano a Snsurgir em cada episddio durante o cielo das viagens maritimas ga- rantin a expansiio dos dominios de Portugal nas terras pagis da Afri- ca, Anviriea ¢ Asia, Obstinaram-se os portuguéses nessa missio de pa- Indinos da {¢, enfrentando, em téda parte, a resistincia tenaz do sil- ‘icola herético ¢ da natureza multiféria dos novos mundos desco- bertos. Esse esférgo extraordindrio assume malor proporgio a0 recor- Garmos que a populagho de Portugal, no inicio do séoulo XVI, era pouco superior a um milhio de habitantes, distribufdos pelas princ!- pais cidades como Lisboa, Evora, Elvas, Setubal ¢ Portalegre. Com to reduzido contingente demogréfico, Portugal devia fazer face aos pesades encargos no territério metropolitano, na América, na Asia e na Africa. Afonso Arines de Melo Franco, na obra primorosa que € 0 “De- senvolvimento da Civilizaglo Material no Brasil”, escreve que “além destas pequenas z0nus fortemente povoadas o resto do pais era a mia- ta eo brejo, paraiso venatério para os poderosos sanhores, mas re- gides inseguras para o pove, que por isso mesmo as delxava deser- tas, “Aldelas ¢ desertos” chamou o cronista Rui de Pina & sua patria. AS diferenctagdes locals, tdo sensiveis em paises como a Franca, a Ale manha e a Itilia, eram muito insignificantes em Portugal, por causa mesmo da exiguidada e da eoncentragho das populacées “Com D. Manoel", esctevou Amal, “atingimos a culminincta. © império adquire enorme amplitude; quase téda a costa africana, a costa asiiitica entre Ormuz c Macau, a malor parte da costa ame- Ficana do sul ¢ imimeras ilhas pelos mares longinquos estilo sob o dominio da nossa bandeira, abertas i nclio ¢ no triifico das nossas armadas. “A sustentar todo ésse império monstruoso na posse de Portugal” — observa Alfredo Pimenta — “um punhade de homens apenas, que tinham de se repartir pela Agricultura, no eontinente eu- Topeu, pela Navegagho, pela Guerra ¢ pelo Coméreio, em téda a ex- tensio do Império". Claro que a manutencho de tio desmedido estir- go 4, priticamente, impossivel. Avizinha-se 0 declinio — pelo inevitd- vel jOgo das tOrcas histéricas”. Com 0 descobrimento do Brasil iniclase o terceiro ciclo das grandes descobertas maritimas de Portugal, de achrclo com o histo. iador Oliveira Martins, Para as novas terras nilo podia 6 Reino des- vinr colonos, uma vex que aqui nada encontravam os argutos explo- et REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA radores das primelras expedig6es. Nesse imonso mundo desconkec!- do, © pau-brasil ora uma riqueza modesta, eujn exploraglo a motré- pole entregou aos cristios novos. Dai ter acentuado com justeza Oli- velra Martins que do “Brasil, apenas descoberto, ninguém cura: sho demais os terras para tie pouca gente, ¢ o minotauro da india de- vora tédas as f6rcas © absorve tédas as cobicas. Essa ¢poca, denominads por Capistrano de Abreu de periodo précolonial, teve pouca duragio porque os insucessos no Oriente @ os francéses, ensalande om ultramar a eenstrugio de um vaste im- pérlo, obrigaram Portugal a clhar com mals zélo e carinho pelus ter- vas brasilelras, Vai assim, comecar a Histéria do Brasil, que é téda a historia admirivel de seu povosmento, das lutas desencadeadas para conquis far suas riquezas, dominar seu espaco fisico, levande-o muito além das estipulagdes diplomaticas, ¢ niio o registro de datas © nomes, cin- dos inexpressivos em si mesmos ¢ meros elementos subsididrios para. Seu estudo © Interpretactio, Somente apés a primeira metade do século XVI é que se im- planta dofinitivamente a colontescio portuguésa no Brasil, superando. a vontade onfmoda dos lusitanos todos os obstculos que foram opos- fos pela natureza exdtica dos trépleos, polos indigenas frequentemen te aculados pelo competidor estrangeiro e, mais farde, no Rio de Ja- neira © ni Amaztinia, pels tentativas francésas de arrebatar largos. frechos do territério brasileiro, Para o norte, a conquista da costa leste-ceste levou os portu. mutses, apés drdua gloriosa campanha contra o3 franctses do Ma- ranhiio, & fundacho desta cidade, 9 12 de janciro de 1614. A presenca de Portugal na fox do grande rlo, no infelo do século XVII, constitul fato de transcedental importincia porque levaria, em breve, o domi nio Iusitano & vasta direa amazdnica, devassada, palmilhada ¢ balizada. pela bravura inexcedivel de Pedro Teixeira. © proceso histérico da conquista da Amazénin ainda no se encerrou. Hii 144 anos recebemos com. o legaco da nossa independén- cia politica esta drea fmensa que devemos preservar, povear, desen- volver ¢ incorporar definitivamente 4 comunhio nacional, para que interdsses alienigenas, de qualquer natureza ou sob qualquer funda. mente — militar ou politico, isolado ou ab patrocinio de entidade internacional — nlio venha mais tarde atentar contra a unidade bra- sileira. A populaghe do mundo aumenta de mancira vertiginosa e den- tro de um século terd superado, sc nlio sofrerem alteracho os indices atunis de crescimento demogréfico, a 15 bilhGes de habitantes. Os calculos de especialistas autorizades admitem ainda que a populaglo do globo, em pouco mals de um século, se estabilizard em tOrno. do 20 ou 25 bilhées de habitantes. E para os que apontam a solugio da = San REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA “poz através do bemestar™, a existénela de uma drea imensn como a amaz6nica, possivel celeiro de inesgotdvel riqueza, deverd ficar con- dicionada & real possibilidade de sua utilizagio @ exploragio econd: mica em beneficio da humanidade. “A multidio segue sempre; nunca precede", sintetizou Maquia- ‘wel. 32, pols, tarefa civica da mais alta importincia atribulda hs nos- sus elites indicar no povo brasileira o meto certo de preservar a Ami z6nia contra téda © qualquer tentativa de espoliagio. Gabe aos brasileiros completar a obra gigantesca que fol cora- Josamente inicada ha 350 anos pelos portuguéses, cuja grande Nacdo deve Ser intimamento associada a €stes festejos. Este é 0 grande de- safio langado ao Brasil; esta deve ser a téniea das comemoragées do 360° aniversdrio da fundacio da cidade do Santa Maria de Belém do Grio Par Cidade portugudsa ¢ brasileira, edifieada sob a linha equato- rial, no pértico desta imensa planicie que nos liga a virios paises da América do Sul. Cidade diferente pelas suns caractoristicas bizarras. de outras que se espalham pelo Brasil ¢ que inspirou o grande poota Manoel Bandelra, bela e sonora cangio com a qual saudamos tam- bém esta data memorivel : Rembelelém Viva Belém! Belém do Parl, porto moderno integrado na equatorial Beleza eterna da paisagem Bombelexém Viva Belém ! Cidade pomar (obrigow a classificar um névo tipo de delinquente o aprojador do Manguciras). Bembelelém Viva Belém ! Belém do Paré onde as avenidas se chamam estradas : Estrada de Sio Jerénimo Estrada de Nazard ‘Onde a banal avenida Marechal Deodoro da Fonseca De todas as cidades do Brasil Se chama liricamente Brasilolramente Estrada do Generalissimo Deodoro Bombelelém Viva Belém! Nortista gostosa Eu t¢ quero bem. —n— z RETURN za a ee TRANSCRIGAO DE ATA — ELEICAO DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL — PREENCHIMENTO DE CARGOS VAGOS NA DIRETORIA E NAS COMISSOES DE ADMISSAO DE SOCIOS E DE FUNDOS E ORCGAMENTOS — DISCUSSAO E APROVACAO DO REGIMENTO IN. TERNO — PATRONOS DO INSTITUTO — ADMISSAGQ DE Socios Aos dezoito dins do més de fevereiro do ano de mil novecentos © sessenta e cinco, em sua sede social, & Praca D. Pedro 11 n° 62, an- Hgo solar do Visconde de Arari © Bario de Guajaré, reuniuse a As. sembi¢ia Geral do Instfuto Histérico e Geografico do Pard, extraor- diniriamente, conforme edital de convocagho publieade em dois ér- ios da imprensa desta eldade (Polka &6 Norte ¢ A Provincia do Pa- ra), com a finaliade de cleger a mesa de Assombléia Geral, preen- cher cangos vagos na Diretorla ¢ nas Comissies de Admissio de Sd- elo ¢ de Fundos ¢ Orgamento e discutir © aprovar o projeto do Re- gimento Interne ¢ @ quo ooorrer. Compareceram @ assinaram o li: vro de presenca os seguintes conséclos: Ernesto Cruz, AlsTllo Melo, José Sampaio de Campos Ribeiro, Vitor Tamer, Arlindo Miranda, Osvaldo Vale, Lulz Armijo, José Marcos dos Santos e Grlando de Mo- Faes Rigo. Deixaram dé comparecer com justificativa por escrito os consécios Lufs Faria e Candido Rocha. Fol ldo o expediente, que conmstou do seguinte : Oticio de 30 de outubro de 1964, de Dom Car- los Tasso de Saxe-Coburge © Braganca, de Sio Paulo, solicitando ox homes ¢ enderéces dos membros déste Instituto, a fim de remeter- Ines uma publicagio de caniter histdrico, Despacho: “A Secrotarin para atender". Offcio 1176/64, de 18 de dezembro do 1964, do Vice- Diretor no exercicio da Diretoria da Faculdade de Filosofia, Ciéncias ¢ Letras da Universidade do Pard, solicitando ao Instituto prestigiar & exposicho de material cartogrifico a ser promovida pela Cadeira de Cartografia daquela Faculdade em janeiro de 1965. Despacho: “A Biblioteca e Arquivo Publico, da qual ¢ Diretor © Presidente déste Institute, pos & disposighe da referida Faculdade, os scus salées, A Secretaria para arquivar™, Oficlo de 7 de janciro de 1965 do Professor Dr. Josd da Silveira Neto, Magnifico Reitor da Universidade do Pard, comunicanda haver recebico © oficio nr 25Sec, de 31 de dezembro de 1964, déste Instituto, no qual Ihe fOra comunicado haver-lhe sido alee REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFIOO DO PARA concedide 6 titulo de Séclo Benemérito déste silogeu © agradecondo a concessho da aludida benemertnela. Despacho : “Arquive-se™. Oficio de @ de jancire de 1965 da Agtncla local do Banco do Brasil, com nicando, em atendimento A solicitaglo anterior diste Instituto, nio ‘haver aquela casa de crédito recebido até a data mencionads, qual: quer ordem de pagamento a favor déste cendeule. Despacho: “Ar- quivese”. Officio de 29 de Janeiro de 1905, do Conselho da Comunt- dade Portuguésa do Paré, comunicande a cleigio © posse de seus no- ‘vos Corpos Administratives para 0 periodo de 1963/1968. Despacho : “agradecase © arquive-so”. Cépia do Officio nr 3Sec, de 15 de feve- reiro de 1965, du Presidincia désto Instituto, remetendo a0 Magnifi- co Reiter da Universidade do Pari, nosso consdécio Benemdrito, um exemplar do “Jornal do Dia", disirio desta Capital, edipio anquela data, no qual fol publicada uma reportagem sObre éste sodalicio, des- tacando © notictarista, com oportunidade © justica, o auxilio que a referida Universidade vem prestando a éste silogeu, por intermédio do sua Reitoria, Offcle nr 51 de 9 de feveroira de 1965, do 1- Secre- férlo da Associaglo Fluminense de jornalistas, apresentando o Capl- tio do Exército ¢ associade daquela entidade Hugo de Abreu Lisboa, eseritor ¢ futuro Diretor Cultural da Associagho em causa, Despa- cho: “A Secretaria para agradecer ¢ arquivar". Oficio nr 150, de 29 de janeiro de 1965, du Diretorin Executiva da Coordenagio do Aper- telcoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES), solicitando o preenchimento © remessa de um formubirlo referente ao trabalho de levantamento das instituigdes de pesquisas ¢ cursos de pés-graduacho do pals. Despacho: “A Secretaria para preencher formuldrio @ re- meter". A seguir, pelo 1° Secretarlo da Diretoria fol ida a ata da sessfio anterior de Assembldia Geral, referente 4 discussiic © aprova- cho do projeto do névo Estatute déste silogeu, a qual fol aprovada, com o adenda do consécio Luiz Araije, no sentido de que o inteiro teor do nvo Estatuto seja transcrito em seguimento A referida ata. Ainda com a palayra, o Dr, Lulz Araijo {8 refertncias clogiosns alu- sivas & conservagio do edificio diste Instituto, congratulando-se com a Presidéncia pelas obras que estilo sendo exccutadas. Apds. ter sido lido pelo Sr. Presidente edital que motivou a presente reuniio, rea- lizada. conforme estabelece © Art. 68, combinado com o panigrafo 37 do Art 26 o Art 27 do Estatuto vigente, 0 Sr. Presidente suspendeu a sesso momentdémeamente, a fim de serem confecclonadas as cha- ‘pas para os aludidos cargos. Reaberta a scssilo minutos apés, fol de- signada a Comissio constitufda dos consdcios José Marcos dos San: tos @ Osvaldo de Souza Vale, para servirem de escrutinadores. A se- guir foram chamados para votar, obsorvandose no livre de frequin- cia, os sdeios presentes, os quais, individuatmente, passoram a depo- sitar na urna préviamente examinada, as cédulas correspondentes As aS REVISTA DO INSTITUTO HISTORIGO E GEOGRAFIGO DO PARA respectivas funcies. Tendo sido verificado, posteriormente, que os niimeros das aludidns cédulas coincidiram com os mimeros dos vo- tantes, fol procedida 2 apuracio, a qual apresentou o seguinte re- sultado: Para a mesa da Assembiéia Geral — Presidente: Dr. José Sampaio de Campos Ribeiro, 9 vatos; VicePresidente: Dra. Marla Anunciada Ramos Chaves, 9 votos; 1” Secretério: Dr. Vitor Tamer, 9 votes © 2° Sccretdrio: Dr. Luis Faria, 9 votos. Para Diretor do mu- seu: Dr. Arthur Napoleso de Figueiredo, 9 votes. Para a Comissiio de Admissio de Sdelos- Dr. Otdvio Mendonga, 9 votos. Para a Comis- so de Fundos ¢ Orcamento: Dr. Silvio Meira, 8 votos e Dr. Jasd Mor- cos dos Santos, 1 voto. Apés haver o plenfrio, em face da solicita- lo do Sr. Presiente, se manifestado o respelte da posse dos elel- tos, foram os mesmos proclamados empossados pelo Sr. Presidente, devendo a posse ¢m causa ser confirmada por ocasifio da pféxima sesso. de Assembléin Geral, quando todos os cleites dovoriie estar presentes, Seguiuse uma salva de palmas. A Secretaria da Diretoria ficou de oficiar a respeito, aos recém-eleltes por determinaglo do Sr. Presidente. O 17 Secretétio da Diretoria procedeu a leitura, na inte- gra, do projeto do Regimento Interno, contendo 29 artigos, elabora- do pela Comissio antoriormente constituida dos consécles Aldudio Melo © Vitor Tamer, cujo trabalho, posto em discussio pelo Sr. Pre- sidente, fol devidamente aprovado pelo plendrie, inclusive a relacio a que se refere o Art 29, contendo os momes dos 40 Patronos das Ca- deiras a serem ocupadas pelos senhores consdclos, de acdrdo com o pardgeafo 2° do Art. 4° do Estatute, sendo os soguintes os Patronos em causa: Alberto Rangel, Alexandre Rodrigues Ferreira, Alfredo La- disiau, André Pereira, Anténio Ladistau Monteiro Baena, Dom An- tonio de Macédo Costa, Padre Anténio Vieira, arthur Otdvio Nobre Viana, Arthur Teddulo dos Santos Porto, Aureliano Clindido Tava- es Bastos, Bento de Figueiredo Ferreira Aranha, Bernardo Pereira de Berredo, Domingos Antinio Ralol (Bario de Guajari), Domingos Soares Ferreira Pena, Emilio Geoeldi, Euclides da Cunha, Francisco Ferreira de Vilhena Alves, Frodcrico Barata, Henrique Américo San- ta Rosa, Henrique Jorge Hurley, Indcio Batista de Moura, Jacques Huber, JoSo Liicio de Azevedo, Jofio de Palma Muniz, José Cotlho da Gama © Abreu (Bario de Maraj6), José Verissimo Dias de Matos, José Olinto Barroso Rebelo, Lauro Nina Sodré e Silva, Lulz Lobo, ‘Manoel Barata, Manoel Braga Ribeiro, Misael Corréa Seixas, Paul Le Colnte, Paulo Eleutdrio Sénior, Raimundo Avertano Barreto da Ro cha, Raimundo Cirfaco Alves da Cunha, Raimundo Morais, Dom Ro- muakto Antonio de Seixas, Teodoro Braga e Tito Franco de Almolda. © conséelo Osvaldo Vale oferecou ao Instituto um exemplar da Re- vista intituiada “Seleges Brasileiras" — nr 4 — Out 53, editada no Rio de Janeiro, qual hé a transcriglo de um trabalho de sua au- —3— REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA torin denominado: “O Passado ¢ 0 Presente Moram Juntos", verda- Aeiro hino de exaltacko ao nosso Instituto, merecendo ésse seu ges to calorosos agradecimentes da Presidéncia. O Sr. Presidente comu: nicou ter estado na SPVEA ¢ mantido conversacio com o Chefe de Gabinete dessa autarquia, Dr. Carlos Pedrosa, autor de vdrins obras de naturezs histdrica © geogrifica, o qual deverd promover junto ao Superintendente daquéle Grgio, ajuda financeira, com possivel brovi- dade, Contendo © parceer favordvel da Comlssio de Admissio de Sé- clos proferido na proposta devidamente preenchida, aprescntada pe- tos consdclos Aliudio Melo ¢ Arlindo Miranda, o plenério unfnime- mente aceitou a admission, como socio cfetivo déste Instituto, do Dr. Aloysio da Costa Chaves, Medisnte proposicio verbal de Sr. Presi. dente, aceita por unanimidade, © plonirio eoneedeu ao Dr, Carlos Pe Gross, 0 titulo de sdeto correspondente déste Instituto, na Guanaba.- ra, A Secretaria floou de cientificar aos menclonadas cidadies ague- las resolugdes. © Sr. Presidente eneaminhou a6 Tesoureiro a quantia de Cr$ 1.000 que the ontregara a nossa consécla honordria, profess6- ra Graziela Moura Ribeiro, como sua habitual © expontinea contri: buicio ao Instituto. Bisse ainda o Sr. Presidente ter estado na sede da Universidade do Pard, onde fora sabedor da existéncia, nesse 61 glo, de verba destinada a esta institule%io cultural. Esclarecou existir no Ministério da Educagio a verba de Cr$ 900,00 destinada a éste si- loReu © que © Sr. Governador déste Estado, por intermédio do lider do Govirno na Assembiéla Legisiativa Estadual, iri apresentar um projeto de let concedendo a éste Instituto a verba de Cr$ 500.000. In- formou ainda quo os deputados parsenses na Cimara Federal, Arman- do Corréa, Waldemar Guimaries © Lopo de Castro, flcaram de apre- sentar um projeto de lel referente h verba de Cr$ 5,000,000 destina- da & Gsto Instituto, visande os festejos comemoratives dos 350 anos da fundagho de Belém, a 12 de janeiro de 1965, quando o Instituto promoverd com solenidade, uma espécle de Congrosso do Historia 4% Amaz6nis, do qual deveriio participar, dentre outras fiuras do projegio intelectual, os Presidentes dos Institutes Histéricos da Ma- ranhio, do Amazonas ¢ possivelmente, de outros Estates brasileiros. ‘Tendo em vista dsse magno assunto, 6 Sr. Presidente designou a Co- missin constituida dos conséclos Dr. José Sampaio de Campos Ri- belo, Presidente da mesa da Assembléla Geral, Dr. Osvaldo Vale ¢ ‘Dr. Luiz Arailjo, com o objetivo de eluborar, © apresentar um tem. vio de historia para efelto de estudo ¢ debate, nas reuntées a serem sfetundas comemorativas da aludida fundacio. Informou ainda o Sr. Presidente ter estado com o Sr. Prefeite Municipal de Belém, em con- versa com 0 qual ficou resolvida a futura designagligo de uma gran- de Comissho a ser presidida pelo Magnifico Reitor da Universidade do Pari, para elaborar o grande programa dos festejos acima men- — 34 — REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO FARA elonades. O conséclo Luiz Araijo apresentou a proposicho, aceite undnimemente, no sentido do Institute offeiar A Universidade do Pa- ré, congratulando-se pela importante promogio alusiva ks conferin- clas recentemente pronunciadas nesta Capital pelo Professor Guy de Holanda. Antes de encerrar a sessio, 4s 20,30 horas (oticiais), o Sr. Presidente agradeceu a presenca do Dr. Osvaldo Vale, antigo sécio efetivo do Instituto, atualmente em Belém como Inspetor da Alfin: doga; ageadccou, outrossim, a presenga dos demais conséeios. E, para constar eu, Aliudlo de Oliveira Molo, 1 Secretério da Diretoria, la- vrei a presente ata que, depois de lida e achada conforme, serd apro- vada © assinada pelo Sr. Presidente. — Aprovada em sesslio de 2 de malo de 1965 (a) Emesto Cruz, Presidente. —35 = ‘CULTO AO HEROISMO Aliudio de Oliveira Melo Aquéles que se interessam pelos estudos histéricos niio igno- ram o lance de heroismo ocorrido ne ano #0 A. C., durante a segun: da guerra greco-pérsia, quando Lednidas I e 300 denodados esparta- nos, na tentativa alucinante de impedir o avango das hostes de Xer- xes, Rel da Pérsia, lutaram tenazmente contra milhares de soldados inimigos nas Termépilas, desfiladeiros que uniam a Thessilia & Bed- cla. ‘Nessa lula desigual ficou patenteada a bravura incomensuré: vel do Rel de Esparta © de seus companheiros, o8 quals, antes de par- tirem para o local do encontro sanguinolento, celebraram as pompas fiinebres de seu sacrificio, certos de que a agée meritéria que irlam perpetuar repereutiria por todos os recantos de seu pafs, cuja inte gridade periclitava. Em meio ao perigo — refere Plutarco — & imposigho de Xe xes contida na carte Incdnica “entrega as armas |", LeOnidas, escuda- do na audicia que © caracterizava, imediatamente respondeu, escro- vendo em scquida Rquelas palavras a frase incisiva “vem buscé-las !". ‘© combate desproporcional, ao rompor do dis, demonstrou o espirite de sacrificlo de imortal espartano, em face de cujo supremo beroismo — revela Herodoto — os seus pésteros fizeram esculpir nos rochedos onde se exemplificara o desprendimento pela vida em hholocausto A soberania da Patria, a legenddria expressiio composta pelo poeta Sismdnides: “Viandante, val dizer aos Incedemonios que morremos aqui, em obediincia as suas leis!” Relembrando, em répidas pinceladas, essa dignificante lilo do. patriotismo gravada nos anals da histéria universal, revigoranos o coraglio de brasileiro a inapapivel recerdacio do feito grandioso de 7 de Severeiro de 1633, nos entrechoques de que participaram brasi- lelros ¢ holandéses durante a campanha cruenta e prolongada quo fsses dols povos travaram na primeira metade do século XVII. Mantidas as devidas proporgSes, a grandiosidade de Lednidas com 03 seus 300 espartanos enfrentando milhares de soldados per- sas, encontra similitude em nossa Patria com o procedimento varonil —=isT REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA do Capito Pedro de Albuquerque, ao enfrentar desassombradamen- te 600 holandéses chefiados pelo oficial alemiia Segismundt Von Schkoppe na sua investida contra o forte do rio Formoso, guarne- cido apenas por duas pequenas pecas de ferro ¢ 20 brasileiros, © valor da resisténcia de nossos patricies se eonsumou na re- Pressilo aos quatro sucessivos ataques do inimigo. Dos obstinados © intransigentes propugnadores da agio defen- siva, apenas Jeronimo de Albuquerque conseguira escapar & truculén- cia dos invasores, fugindo a nado, depois de haver recebido trés ferl- mentos. Ao término de viirins investidas, quando os batavos consegul- ram penetrar no reduto dofendido com tanta bravura, depararam um quadro estarrecedor, empolgante pela intensidade do realismo pre- senciado, comovente pelo exemplo do dignidade assistido: dos 20 combatentes brasilcires, 19 haviam tombado no estrito cumprimento do dover militar, vinculandose & morte num arrebatamento de vo- Nipia guerreira; o inclite Pedro de Albuquerque — pernambucano de témpera forjada nos moldes de aco toledana — encontrava-se semi- morte entre os seus companheiros de luta, Os flamengos, 20 ocuparem @ baluarte defendido a piso de sangue, depois de haverem perdido 80 homens, reconhecendo 0 valor do um herdi de estirpo, renderamlhe tributo de sua homenagem limpandethe as feridas gloriosas — medalhas vivas conquistadas no ardor da peleja — ainda quentes e ruborejantes ante o fragor da con tenda, Ressalta 9 Barfo do Rio Branco nas suas aprociadas “Efemé- rides Brasileiras” que, os holandéses conduziram © intrépide pernam- bucano a Recife, de onde o transportaram ts Antilhas, apés a con. clusio de seu restabelecimento, sob a promossa do nko mais empu- nhar armas contra a Holanda, E ‘© preclaro brasileiro, contudo, voltou A sua terra em 1640, pa ra trabalhar em prol da cessagiio do dominio espanhol sébre Portu- gal, ocorrida no mesmo ano. Evidenciando a amplitucle da luta travada no rio Formoso, Ro: cha Pombo considera o ataque aquela piéiade homogénea na intre- pidez, na renincia e na abnegacio, simultinea com a defesn manti- da a todo transe, “um dos episddios mais ¢picos daquelas guerras, ® na nossa histéria fieou como uma grande legenda entre as muitas que glorificam o heroisme dos pernambucanos™. Voltando a6 Brasil © nlio tendo podide desembarcar em Slo Luiz, ainda ocupada pelos holandises, velo Pedro de Albuquerque ac Paré, aqui tomando posse no cargo de Governador Geral das Cap!- tanias do Maranhio ¢ Grio-Paré a 13 de julho de 1643, para o qual See REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA fora nomeade a 4 de setembro de M43, como reconhecimento & sua dedicagio pela causa da restauraclo de Portugal. Falecido no Park a 6 de fevereiro de 1644, depois de haver exer- sido a meneionada funcho durante apenas seis meses e vinte ¢ qua tro dias, seus restos mortals foram sepultados ma igroja de Nossa Senhora do Garmo, em cujo adro, a 6 de margo de 1940, foi colocada uma IMpide por iniclativa do Prefeito Abelardo Conduru, como ho- menagem do Instituto Histérico ¢ Geogratico do Paré, do qual era presidente, ¢ Instituto Arqueolégico de Pernambuco, sob 0s auspi clos da Prefeitura Munfcipal de Belém, ao “herdi insigme da resis- téncia do rio Formoso, em defesa da {¢ ¢ da integridade do Brasil Dessa forma, honrase a terra belemense em possuir como reliquia veneranda, acondicionadas no “laboratério da refusiio", no dizer do autor da “Filosofia da Vida", as cinzas do “LeOnidas Brasileiro", th tulo que 2 posteridade consagrou a um homem que soubera dar in- terpretagio positiva e verdadeira a0 arraigado sentimento nativista. E a nossa querida Cidade Velha — repositdrio de recordagies Inesquecivels. da atuagio do passado no rincio sctentrional, donde surgiram os fundamentos da capital da Provincla — ostenta, numa de suas mas — a antiga Travessa de Cintra — o nome do valeroso batalhador, glorificado entre os sous concidadiios. Segundo Will Durant, “a felleidade exige ago, ¢ dentro da pas sividade nenbunii prazer perdura: a melhor vida mais variada, mais alternida de pensamento ¢ atividade, de aventura e contempla- cho, de responsabilidade © perigo. A vida ¢ 0 que dela fazemos: se nos parece indies, talver seja nossa a culpa; se nos parece louca o sem Signifieagio, talvex disso tenha culpa a nossa {ilosofia”. No obstante a vida do pensamento, o movimento da inteli- géncia e 2 génese das idéias que se deparam nas varias conferéncias proferidas por Carlyle em 1804, enfelxadas no livro intitulado “Os He réis", escrito num émpalgante ritmo de beleza do imagens « perfei- ges estilisticas, o eminente pensador escocts, analisando a Mgura ex- traordiniria do herdi sol: vdrios aspectos, isto ¢, como divindade, como profeta, como sacerdote, como lterato © como estadista, det. xou de incluir nesse conjunto o herdi como guerreiro, como autén- tico ¢ bravo campeador, combatendio em pro! de um ideal justo, de arma na mio, enfrentande o inimigo ¢ desprezando a morte. Letnidas 1, de Esparta ¢ Pedro de Albuquerque, 0 “Leénidas Brasileiro", nfo figuram nas telas Uterdrias dos personagens carly: leanos; seus nomes, entretanto, ultrapassando as frontciras do herois- mo, ocupam lugar destacado ¢ merecido ma galeria dos super-homens @ no bronze cloquente da Histéria, integrados na frase lapidar de Frol Caneea, herdi da Confederaglo do Equador, sacrificado pelo. seu {dealismo : “A vida do Patriots, nfo pode o Tempo acubar!" —3— de agus dos Santos, Dr. Silvio Augusto de Bastes Meira, Académicos Georgenor Souza Franco ¢ Candido Marinhe da Rocha, presentes 4 sessio solene efe- ‘Da esquerda para a direita: conséciox Dr. Paulo Maranhio Filho, Vice-Prest- inte do Instittuo; Dr. Augusto Ebremar de Bastos Meira, Dr. José Mareos tuada dia 2-5.967, comemorativa do 677 anlversirio de fundagio do Instituto. TRANSCRICAO DE ATA — COMEMORAGAO DO 65 ANIVERSARIO: DE FUNDACAO DO INSTITUTO — DISCURSO DO CONSOCIO RAY- MUNDO DE SOUZA MOURA — POSSE DOS INTEGRANTES DA ME- SA DA ASSEMBLEIA GERAL E DA DIRETORIA — ENTREGA DE DIPLOMAS DE SOCIOS EFETIVOS, BENEMERITO E OORRESPONDENTES Aos dois dins do més de maio do ano de mil novecentos © ses- Senta ¢ cinco, em sua sede social A Praga D. Pedro II, nr 62, antigo solar do Visconde de Arari ¢ Bardo de Guajard, reuniuse a Assem- biéia Geral do Instituto Histérico e Geogrifico do Pari, em sessio solene, conforme edital de convecagio publicado em dois drglios da imprensa desta cidade ("Folha do Norte” ¢ “A Provincia do Para”), com a finalidade de comemorar o 65. aniversdrio de sua fundagio, dar posse ¢ quatro membros integrantes da Mesa da Assembidia Ge- ral, fazer a entrega de Diplomas de sécio benemérito, sdécios efetivos, s6cio correspondente, dar posse ao Diretor do Museu e 0 que ocorrer, A referida sesso antecipouse para ésse dia em virtude de haver sido deliberado deixar a data de 3 para as festas da Academia Paracnso de Letras, que comemoraria igual tempo de instalagio. Comparece- ram e assinaram o livro de presenga os seguintes consdcios : Ernesto ‘Cruz, AMiudio Melo, Joo Rodrigues Viana, Arthur Napoleio Figuel- redo, Cindido Marinho da Rocha, Georgenor Franco, José Marcos dos Santos, Maria Anunciada Chaves, Lufs Mota Arnijo, Abelardo Con- duru, Waldir Acatauassu Nunes, Armando Serra de Menezes, Otavio Mendonca, Silvio Meira, Vitor Tamer, Raimundo de Sousa Moura ¢ Aloisio da Costa Chaves, Abriu a sessiio o presidente Ernesto Crux que apés comp6r a mesa com as autoridades presentes, explicou com palavras alusivas ao ato da finalidede da reuniio, seguindo-se a pos- se dos quatro integrantes da mesa da Assembidia Geral eleitos: Dr. 4os6 Sampalo de Campos Ribelro, presidente; Dra. Maria Anuncinda Chaves, Viee-Presidente; Dr. Vitor Tamer, 1" Seerctérie ¢ Dr. Luts Ercilio do Carmo Parla, 2 Secretério. A seguir, a sesso passou a ser dirigida pela Dra. Anunciada Chaves, vicepresidente da mesa da Assembiéia Geral, na ausincia do respectivo titular, Dr. De Campos Ribeiro. Frosseguinda os trabalhos ,o 1- Secrotério, Dr. vitor Ta- eat Lye REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA mer, fz a leitura da ata anterior, sendo aprovada e leu depois as femérides do dis. O Dr. Arthur Napolelio Figueiredo 4 ompossado Diretor do Museu. O névo conséclo, Dr. Aloysio da Costa Chaves, t0- mou posse como sdcio efetive déste Institute, prestando @ juramen- to de praxe, tendo a seguir ocupado a tribuna para agradecer a in- ‘clusfio de seu nome entre os sdclos efetivos desta Casa onde ocuparé a cadeira que tem como patrono o historiador e gedgrafo AntOnio La- distau Monteiro Bsena, Falando a respeito do seu ingresso neste Ins- tituto declarou © Dr. Aloysio Chaves: “Nio proclamo ingressar na vossa companhia como um estranho que recobe imerecida distingiio, porque admitir tal fato seria atribulr-vos julgamento leviano na ¢s- colha dos que devem compér éste eminente sodalicio”. E mais adian- te: “Incorporome A vossa ilustre companhia apés mais de vinte © cinco anos de persistentes estudos Hgades diretamente & Goografia ¢ & Histéria de nossa Patria, predilecio que se afirmou em meu es- pirite quando ainda frequentava o velho casardo do Coligio Pacs de Carvalho, em cujo corpo docente ingressei antes de concluir o curso de bacharelado na nossa tradicional © benemérita Faculdade de Di- reito”. Referindo-se & figura do patrono da cadeira nr 5, 0 ilustre con: sdcio recémempossado afirmou: “Anténio Ladislau Monteiro Baena 6 uma das mals diffceis figuras de interpretar, pols enfrentou duran- te sua apreciivel cxisténcia duas gravissimas erlses por que passou a nossa antiga Provincia: a luta pela Independéncia politica ¢ o con- flito fratricida da cabanagem. Hoje, porém, podemos fazer um ful- gamento imparcial e definitive a respeito de Antonio Ladisiau Mon: telro Bana. A perspectiva hist6rica, as paixdes sopitadas, os. subst- dios recolhidos pelos pesquisadores, a andlise sdclo-histérica désse conturbado periodo, permitem nos ajulzar definitivamente sébre ésse vulto singular da nossa historia”. Apds lembrar que os trabalhos de Monteiro Baena se consagraram também fora désto Estado, assim conclulu o Dr, Aloysio Chaves a sua aplaudida oragho: “Nessa mis- slo sou hoje, por benevoléncla vossa, o mais névo ¢ 6 mais humilde dos obreiros, que conta com o estimulo de vossa amizade e com a emolucho do vosso saber para cooperar ma realizagio dessa obra co- mum em favor do engrandecimento cultural de nossa terra”. Proce- dese depois a entroga dos seguintes diplomas: de Séclo Benemdrite, a6 Dr. José da Silveira Neto, recebido pelo Dr. Alfredo Barroso Ke: ‘pelo, na austincla daquete consdeto: de Séclos Efetivos, aos Drs. Otd- vio Mendonca, Silvio Meira, Vitor Tamer ¢ Aloysio Chaves; e de $6. clo Correspondente, ao Dr. Carlos Pedrosa. O discurse oficial da so- lenidade ¢ proferido pelo consécio Dr. Raimundo de Sousa Moura, que desta maneira iniclou a sua oracio: “Aceitando o conwite do ‘Ernesto Cruz para falnr-vos na data presente, cumpro um dever duas vives agradével para mim: colaborar com o acho eficientissima do ayaa a REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA amigo ilustre, na presidéncia desta Casa © contribuir, de alguma for ma, para que se destaquem no apreco de todos, os fins da Institul- glo", © ir. Raimundo Moura, em seu substancloso discurso, lem- brow que a propria vida déste Instituto, nestes 65 anos de stim his- térla diz bem da propria perspectiva do nosso séeulo, pols que a tra: jetéria de um e de outro coincidiram no mesmo ponto de partida”. ‘Estendendose om consideragtes eruditas sobre o homem através dos séculos até situar o poder a que chegou a mente humana neste Sé culo XX, assim so expressou o Dr. Raimundo Moura, em certa altura de sua oragio: "O homem cessa de ser na Terra uma faixa que tom- bou por acaso. E, ao contririo, a fama que nutre sibitamente a Ter- ra de uma fermentagio do Universo. A fOrca de ruziio humana, atin- qiu nas ditimas décadas a uma expansio crindora como em nenhuma outra fase da Histérla da Civilizaclo". Passando 4 finalidade de um Instituto de Histéria o orador oficial da solenidade acrescentou: “Num Instituto consagrado ao Estudo da Histérla cabenos uma Preocupacio que ¢ definila, Lembro a ésse propésito a minha pri: mera aula com © Prof, Josino Viana, no entlio Gindslo Paes de Car- valho, quando éle de pé, abrindo o curse, ensinou; “Histérla ¢ 0 re a ew come Letcs es [vooeeetracecs ci toria”. Sobre o Instituto Histérico Geogréfico do Pard, 0 Dr. Sousa Moura rememorou os historiadores paracnses, que passaram por esta casa, para assim concluir a sua magnifica oragéo: “Come cumprit & Sum missio o Instituto Histérico ¢ Geogrifico do Paré, nostes 65 anos? o seu principal titulo de honra por ter sobrevivide, diante de fantos fatores adversos, que silo notdrios, Entretanto, af estiio temas amazénicos em suas revistas, que mostram obra discreta e intrépida, “Desde 1963, Ernesto Cruz assumlu a direclo desta Casa, tendo en- contrado o solar abandonado @ om ruina. A acho que desenvolveu, in- fatighvelmente, importou numa ressurreiglo moral ¢ material. Auxi- Mao nesta altura a Universidade do Pard, “No dia 3 de maio de 1900, © Dr. José Olinto Barroso Rebelo, como orador oficial da sessiio de instalagdo do Instituto, dizia que éste “era pequeno para a sua imen: sa tarefa” © por isso suplicando aos homens pilblicos ali presentes a simpatia, a ajuda, o prostigio. Continua atual © veemente o apélo, em nome de um trabalhe que no fol perdido, e de um ideal que se prende, em witima andlise, h propria integridade de nossa cultura”. Antes de encerrar sessio © Dr. Barroso Rebelo, em breves pals- vras, agradeceu a homenagem prestada pelo Instituto ao Magnifico Reltor da Universidade do Pard, homenagem alids justa, pelo muito que o Dr. Silveira Neto tem feito om favor déste silogen. E para cons tar ¢u, Vitor Tamer, 1° Secretdrlo da Assembléia Geral, lavrei a pre- sente ata que depois de lida ¢ achada conforme, sera aprovada ¢ as. Simida pelo Sr. Presidente, Aprovada em sessiio de 23 de abril de 1986, (aa) Vitor Tamer, Luis Faria ¢ Aldudio Melo, as DISCURSO DE POSSE DO CONSOCIO DR. AUGUSTO EBREMAR DE BASTOS MEIRA Din 8 de maio de 1966 éste silogeu realizou a sessiio solene de Assombiéia Geral Ordindrin comemorativa do 66. aniversdrio de sun fundacho, no decorrer de cuja reuniiio fol empossado como sécio efe- tivo o Dr. Augusto Ebremar de Bastos Meira, o qual pronunciow o Seguinte discurso : “Sr. Presidente ‘Meus Senhores ; Quis a genocrosidade do Professor Ernesto Cruz — eminents historiador © digno Presidente désta Casa — indicarme para Sdcio- Efetivo déste Instituto, na ocasifio em que idéntiea homenagem, 6 prestada no meu colega © dileto amigo, Engenheiro Fernando Guilhon. Nio sei, mens senbores, onde buscar mals calor bs minhas pa- lavras, ou fléres ¢ orvatho, para testemunhar a significactio désse gesto que tocoume & sensibilidade, Escolhendo-me para integrar 6 guadro de seus colaboradores, o preciaro Presidente © {6z, levado, cer- tamente, pelo ardor de minha conduta, defendendo o patriménto des- ta cidade, procurando conhecer seus segredos ¢ exallar a sua perma: nente beleza. Singular, realmente, © meu ingresso na austeridade déste Tem plo-Solar de profundo respeito e de saudade — no mesmo intante em que Pernando Gullhon, igualmente honrado com essa dignificagio — assume seu pésto, irmanando nossos ideals comuns, sonhos ¢ pes guisas, ¢ um acendrado desojo de bem servir esta terra e que tanto amamios. Niio disse amor fugaz, calculado, momentinco. Diria me- ‘thor, daquele mensurdvel, em térmos de espace, acanhade, insubsis- tento. Ao contriirio, nos inspira uma dedicaclio oxpontinea, natural, 50 sentido de investlgar, sentir, compor, estabolecer a formacio his- tdrica de Belém, dosde as sementes fundamentais do Forte, a pre- wisdes de seu crescimente no século que passa, identificando os des- nos da urbe aos da prdpria regiiio. eG REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA Acredito ¢ aceito, hoje, apés trinta anos de vida publica, em- bate ¢ exporiéncia, quase sempre dedicados & anilise dos fenémenos evolutives desta cidade, as razSes que teriam levade mestres do pas- sido, a vincular sua atividade profissional, aa estudo, & ponctraclo da histéria do melo, onde pontificavam, scu dever ¢ seu labor. Si exemplos imperecivels disse encantamento, os trabalhos publicados, 4s obras que ficaram de Henrique Santa Rosa, Ignéeio Moura, Pal- ma Muniz. Néo Ibes contentaria, a investigagie histérica, técnica, oco- nomica, geogrifica restrita & capital mas, sem limites, estenderiam suas observagGes ass pontos mais distantes da hildia, E encantadora, a missio do historiador, do espirite dvido de Feconstitulr o passado, Os fatos se realizam, episddios humanos se sucedem, © tempo marcha 6 avanca sem cessar, a clvilizaio se re- nova, m vida se estende para a eternidade ¢ a histéria, caldeando os acontecimentos, age como a natureza alimentando a terra, constante © generosa. No seu voo dinimico, caminha a humanidade sem retér- ho, evoluindo sistemas cindticos, estratificando, no sou curso, as obras da inteligtneia. Assim, processa, acumulando o material da histdria. Sua esséncia © sun verdade, Seu contetido precioso, a riqueza do es. pirito © a do pensamento. Eis o jardim ubérrimo, vicojante, atraente, onde o pesquisador val encontrar Tosas © perfume. All, recobe os fluidos ¢ as sombras do pasado, procurande encontrar na inspiragio do presente, dignt- ficantes oxemplos para aplicélos no futuro, O fato histérico como concelto, so revels, entio, em largos ciclos, Hi, no historlador, portanto, um poder de proviso Wgiea na amplitude dessas arcacas, aproximando fatos e idéias © os vinculan- dg acs fendmenos atuals. O sentido da descoberta dé, igualmente, 20 estudioso, o caminho da verdade, Com a meta alcangada no su. cesso de pesquisa, vem, necessiriamente, a comparagho, o paralclis- mo da conduta humana, h luz da documentacio que demonstra o pas- sade. Surge dai, a analogia nos acontecimentos @ isso, quase sem. pre, arrasta, & investigagho, a0 ceticismo. Na sun diniimica, a histé- Ha, algumas wzes, tem pontes de inflexiio, de aparente estitiea, dian. te do complexa humano, que se conturba @ sofre impactos. mprevi- sivels. A histérla, soguindo a projegio do sol, precisa, como le, com quistar novas. eres, ¢m enda momento de sua Grbita. Seu calor, de- ‘veri morrer como a tarde sem segredos para que a noite desperte, dluminada de estrélas, ‘Meus Senhores : A benevoléncin desta acolhida generosa que, hoje, me é pro- porcionada nesta Casa, a guardare! em meus sentimentos intimos de filho desta cidade, com a mesma emogio com que gutrdo, no cora- — 46 — REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA gio, em eterno preito ¢ saudade, o sangue do nordeste que o alimen: ta e vivifica. Sentindo minha terra como um poema de ternura ¢ do esperancas, no frescor de suas manhiis radiosas ¢ no seu venturoso. porvir, recebo, estn homenagem, como se cla se consubstanciasse no meu prdéprio ser, a sun voz {Osse a minha lira ¢ o seu pensamento todo o meu destino. Bom sei, a excelénein, a erudigio, o talento que reinam neste ambiente de estudo e recolhimento. Na austeridade diste paldcio se- cular, pormanecom, vivos, os ensinamentos, og conselbos, a5 idéias, os debates do velhos temas. A cultura de uma pliade, soube fixd-los © engrandect-los, Nosso Instituto, aqui instalado, revela, em cada ro- canto, em cada adérno, em cada obra, a meméria, o esférco, preser- vando reliquias, exaltando o trabalho de geragSes que Ihe deram substéncia © vida. Somos, todos, responsivels pela sua sobrevivénci Aceltando, desvanecido, © honroso titulo de Membro do Insti- tuto Histérico Geogritico do Pard, como o mals modesto de sous S0cI08, cOnvengo-me, neste momento, de ter aleancade um mérito que S6 a magninimidads de seus dirigentes ¢ a iniclativa amdvel de seu Presidente, me poderiam proporeionar, Encerrando estas breves palavras de aprégo A Instituiclo que ora me acolhe, tide farel para corresponder & honraria que me dis- pensaram. & evidente quo, tal galardiio, serd um considerfivel incen- tivo 0s meus estudos, tentando elnborar um trabalho capaz de firar & “Evolugie Urbanistica da Cidade do GrioPard™, Tratase de um estudo despretenciozo, fundamentado na Sequéncia cronolégica de nossa histéria ¢ assim identificar a fisionomla urbana, seu proceso. evalutivo, suas condicées ecoldgicas, nesses tris séculos ¢ melo de ¥ida intensa que Belém 4 desfruta ¢, agora, alegremente festeja. Sejame, permitide, ao concluir, levantar minha palavra de en: tusiasmo ¢ confianga nos destinos déste Institute, definitivamente abrigado no tradicional relicdrlo que éste velho Solar representa como patriménio histérico de Belém do Griio-Pard: a sdbria e bela residénea do eminentissimo Bario de Guajaré, primelro presidente da Cusa, mpds sua fundagio, a 3 de maio de 1900, Seus sales austeros, sua expressiva biblioteca, seus ornamen- tos primitives © seu espirito de cultura que reside, eterno, no ar, cor: tamente, irradiario os mais singulares excmplos de amor & terra, embalades no colorido de sua paisagem colonial ¢ no Tepicar disses: velhos sinos da Capelinha de Sdo Francisco Xavier e¢ o que now chega. @s Wrre altaneira de nossa soberba Catedral. =r REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA Em suma, Senhores, $9 mo fora dado o de seguir o pen: samento ¢ 0 desejo do. poeta das para aime roméntica P eee cone saearlor een etanitiaaie sua ventura, diria, com éle: "© Tomps, suspends ton vol! ot vous, heures proplces, Suspendez votre cours! Lalsseznous savourer les rapides déilces Des plus beaux de mos jours!" ‘Tenho dito”, Mesa dirigente da sessio efetuada dia 22-1967, quando foram aprovadas as 0 fer a 1986 © a clo Dr. Augusto Ebremar de Bastos Meira. TRANSCRICAO DE ATA — APROVACAO DAS CONTAS E APRESEN- ‘TACAO DO RELATORIO DA DIRETORIA — ELEICAO DOS CORPOS ADMINISTRATIVOS (DIRETORIA, MESA DA ASSEMBLEIA GERAL E COMISSOES PERMANENTES) PARA O TRIENLO 1966/1969 Acs vinte e trés dias do més de abril do ano de mil novecentos e sessenta o seis, nesta eldade de Belém do Pard, em sua sede social, 4 Praga D. Pedro If, n.* 62, antigo solar do Visconde do Arari ¢ Ba- rie do Guajard, de acdrdo com o artigo 27 dos Estatutos do Instt- tuto e conforme Edital de convocacio publicado na imprensa didrin desta Capital, reuniu-se, em sesso ordindrla © segunda eanvocario, 4s 1030 horas, a Assembléia Geral do Tastituto Histérico ¢ Geogri- fico do Pard, com a finalidade de aprovar as contas da Diretoria e apreeiay o Relatdrio geral de suas atividades @ cleger os Corpos Ad- ministrativos — Diretoria, mesa da Assemblidia Geral e Comiss5es Permanentes, para o triénio 1966/1969. Estiveram presentes & Sessiio ‘9s consécios Ernesto Cruz, Anunciada Chaves, Aldudio Melo, Luiz Fa- tia, Orlando Régo, Armando Bordalo da Silva, Otavio Mendonga, José Maroos dos Santos, Candido Marinho da Rocha, Arlindo Miranda, Vic- tor Tamer ¢ Goorgenor Franco. Na auséncia do Presidente da Assembléia, Dr. De Campos Ri- beiro, a sessio passou a ser dirigida pela Professéra Dra. Maria. Anunciada Chaves. Lida ¢ aprovada a ata da sessio anterior, a Pre- ‘sidéncia deu a palavra ao Tesoureiro Arlindo Miranda para spresen- tar a leitura do balango geral do movimento da receita e da despe- sa do ano social. Declarando de infclo, haver um ligeiro equivoco na contabilidade, pois, a seu favor existe as quantias de Cr$ 4.730 ¢ Cr$ 3000, o consdcio Arlindo Miranda leu o balancete da Diretorla que merece algumas eriticas de ordem técnica do consécio Candido Ma- rinho Rocha, colocandose, ao final, & disposigiio dos seus confrades, para qualquer explicagio. Atendendo & solicitagdo do séelo Dr. Otdvio Mendonga, que ex- plicou a necessidade de retirarse, a Presidenta inverteu a ordem dos trabalhos, procedendo, dessa maneira, a eleioio para o Corpo Admi- nistrativo do Instituto, ou soja, a Assembléin Geral, Dirotoria ¢ Co- missdes Permanentes. Convidados para escrutinadores os consdclos —9— REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA Georgenor Franco ¢ Cindito Marinho Rocha e conferida o numero de cddulas — trés ehapas — com o dos séclos presentes — 12 — fol apurado © seguinte resultado ; Mesa da Assembléia Geral — Para Presidente, Dr. José Sam- palo de Campos Ribeiro, 12 votos; para Vice-Presidente, Professéra Dra. Maria Anunciada Ramos Chaves, 11 votos; Cénego Apio Campos, 1 volo; para 1+ Seeretério, Dr. Luis Erctilo do Carmo Faria, 11 vo fos; Sr. Cindido Marinho da Rocha, 1 voto; para 27 Sccretério, Dr. Artur Napoleio de Figueiredo, 12 votos. Diretoria — Para Presktente, Professor Ernesto. Hordclo da Gruz, 11 votes; ¢m branco, 1 voto; para Viee-Presidente, Dr. Paulo Maranhilo Filho, # votos; Dr. Raimundo Moura, $ votos; para 1 Se- cretdria, Capitio Alsudio de Oliveira Melo, 12 votos; para 2° Secre- tdrio, Dr. Vitor Tamer, 11 votes; Dr. Armando Bordalo da Silva, 1 vo- to: para Tesoureiro, Sr. Arlindo Severiang de Miranda, 12 votos; pa: ra Diretor do Museu, Sr. Orlando Martins de Moraes Régo, 12 votos: Para Bibliotecdrie, Dr, Armando Bordalo da Silva, 9 votos; Cénego Aplo Campos, 3 votos. Comissées Fermanentes: Geografia © Etoografia — Artur Na- polede de Figueireds, Armando Bordalo da Silva e Jarbas Goncalves Passarinho. Histéria © Arqueologla — José Silveira Neto, Maria Anun- clad Chaves © Bolivar Bordalo da Silva; Numismitica © Filatelia — Armando Bordalo da Silva, Luis Parla © Abelardo Conduru; Admis- sio de Sécios — Artur Figueiredo, Aloisio Chaves ¢ Otdvio Mendonga; Redagia da Revista — Georgenor Franco, Dr, Campos Ribelro e José Marcos dos Santos; Comisso de Fundos ¢ Orgamente — Ciindido Ma- rinho Rocha, Silvio Metta ¢ Raimundo Souza Moura. Em soguids, fol dada a palavra ao Professor Erneste Cruz que, de seordo com a alinea “f", artigo 3: do Regimento Interno do Ins. tuto, apresentou © Relatério das atividades da Dirctoria durante o tridnio 1963/1966, Longo, cireunstanciado, © reforido Relatério aprosemta dados significativos e importantes nos seus diferentes ftens, como o movi- mento da Scerotaria, as obras efetuadas, o movimento financelro, as alteragSes ocorridas com os Estatutos, a aprovaciio do ndvo Rog: mento Interno, a publieagio da Revista do Instituto, paralizada ha 14 anos, enfim fatos dignos do malor realce. Terminande exposigho, mcrescentou o professor Ernesto Cruz: “Senhores Consdelos: Coneluimos ste Relatdrio das nossas atividades administrativas, destacando, mais umn vez, por clomentar dever de justiga, os nomes dos nossos eminentes confrades, o sr. Dr. José da Silveira Neto, Magnifica Roltor da Universidade Federal do — 50 — REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO PARA Pard, sécio benemérite déste stlogeu, © 0 Dr. Fernando Guilhon, sd- clo efetivo, pela contribuicho espontinea e vallosa que nos oferece- ram para o desenvolyimente ¢ a ofctivagio dos nessos planos

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