You are on page 1of 14
Flavio José Gomes Cabral Robson Costa (Organizadores) | Historia da Escravidao em Pernambuco TODOS OS DIRETOS RESERVADOS. Prob arepradugo otal ou percial. por quale ieio ou proceso, especialmente por sstinas grificos: micrflscos, logrdfeos ‘eprogiiicos, fonogréicos e videogrficos. Vedada a memorlzlo e/ou a recuperseto ‘oll ox parcial em qualquer stern de procesamento de dados a inlusto de qualquer parte da obra em qualquer prograta jesibemética, Hass poibigdesplicanrte tombe ft ‘aracersca gréicas da aba e& son etoracio, Capa: Robson Costa "imagem do top ~ Capa econtracapa (Cori Descrigio: Prfctue Porarambueae pars borealis, sna cum prfctare de Hamar Mapa de parede decorativo preduzido por Jonn Bled, ext 1662, baseado nos mapas de CComelis Glia e Georg Margrave, de 1613, Fotografias Capa econtacaps- Astor: Alberto Henschel Projeto grifico: Robson Costa Revis Impressio ¢ acabamento: Beltora Universiteia/ UPR, aval Faia Yok Canier sts, Robson HO? Blstva da escrevdio em Pernambuco /organlzadores Hav José Gomes Cabral, Robson Costs ~ Recife: Ed, Unlveativia da UFPE, 2012 368i, SBN 978-85-415-00814 froch) |. Bscravdio ~Peenambuco. 2. Berar - Conds sciis 3. Perambuco Hissin. Cabral, avo [asé Gomes (Org) Ie Coste, Robson (Or). aL cop (220d) LUPE (3c2012-08 AGRADECIMENTOS Esta obra 6, sem ditvida, 0 resultado de uma grande produgio coletiva, Nao estamos falando apenas dos quinze autores que’ se dedicaram aos capitulos que compéem este livro, Muitos outros profissionais e amigos tiveram uma participagio efetiva na construgao deste projeto, desde a leitura dos textos preliminares atéa sua conclusio. Mas, infelizmente, nao cabe aqui a citacio de tantos nomes. Basta dizer que os intimeros homens e mulheres que nos recebem ros diversos espacos de meméria ¢ pesquisa (bibliotecas, museus arquivos, memoriais) t&m uma grande parcela de responsabilidade € crédito nos textos que se seguem. Desde espagos esquecidos © «empoeirados, outros tantos (nem tantos) queconseguiram proporcionar alguns avangos na arte de preservar e promover a pesquisa. Mas nito podemos deixar de destacar 0 nome de duas pessoas. A primeira, Syivia Couceiro, foi responsivel pela leituca ¢ sugestdes das primeiras linhas do projeto que mais tarde seria selecionado pelo Funcultura. A segunda, nossa produtora cultura, Maria José de Arimatéia, sempre disposta ¢ atenta aos detalhes burocriticos fundamentais ao fancionamento de qualquer projeto que pretende atender aos compromissos firmados ¢ anseios de seus organizadores Por fim, nao poderiamos nos esquecer da Fundarpe/Funcultura © da atengio de seus membros, que tiveram a sensibilidade e 0 profissionalismo que tanto tém contribuldo para o incentive & produgio cultural em nosso estado, SUMARIO ta de Abreviaturas. Introdugéo: As Mltiplas Africas Pernambucanas. 1°E agora Nassau”? Discussio sobre abastecimento e o sistema da estratégia sul-atlantica batav Romulo Xavier Nascimento sravista no centro 2 Historias de gente sem qualidade: mulheres de cor na capitania de Pernambuco no século XVII, Cordeiro de Almeida Swely Crews. 3 Familias de cor, escravidao e mestisagens no limiar do oitocentos fem Pernambuco.. 61 Gian Carlo de Melo Silva 4 pretos, nada de negécios de brancos! sociablidades, cultura e participasio politica dos homens de cor ho processo de fundagio do Estado eda Nag Flavio José Gomes Cabral 89 5 As imposigdes da “nova orden”: as prefeituras de comarca eo controle sobre as mulheres populares no Recife (1836-1842), 113 Grasiela Florencio de Morais 6 Entre sobrados e mocambos: fuga de escravos e acho policial no Recife oitocentista (1840-850).. : a3 Wallington Barbosa da Silva 7 Escravizados ¢ encarcerados: 4 presenga de escravos na casa de detengio do Recite.. Clarissa Nunes Maia ldvio de $4 Cavalcanti de Albuquerque Neto 8 Tal pai tal filo? A familia Nabuco a pena de morte no Brasil André Carlos dos Santos 9 Por que eles se suicidam? As representagdes sobre os suicidios de escravos no Recife oitocentis Bzequiel David do Amaral Canario 213 10 Os libertos no Recife: Os “mundos” de Jodo Joaquim José de Santa Anna, DAL Valéria Costa 11 Astiltimas vontades e 0s desejos primordiais: as alforrias via testamentos (Pernambuco), 1867-1887, 267 Beatriz de Miranda B 12 O segredo de Sao Bento: controvérsias sobre lei, direito e justiga e a posse de escravos pelos beneditinos, 1831-1872, Robson Costa 13 “Ao teatro, pelos cativos! uma hist6ria politica da aboliio no Recife. Gelso Castitho 14 Deliteraturas e quase fiegdes: aescravidao doméstica em Pernambuco, Maciel Henrique Silva 35 ‘URAS LISTA DE ABREV AALP - Arquivo da Assemblela Legislativa de Pernambuco ACMRO - Arquivos da Ciiria Metropolitana do Recife e Olinda AHU Arquivo Histérico Ultramarino APEJE - Arquivo Piblico Estadual de Pernambuco ANRY ~ Arquivo Nacional do Rio de Janeiro BNRJ - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro IAHGP ~Instituto Arqueologico, Histbrico e Geogréfico Pernambucano IPHAN-PE - Instituto do Patrimonio Hist6rico e Artistico Nacional LAPEH-UFPE - Laboratério de Pesquisa ¢ Ensino de Histria MJPE - Memorial da Justiga de Pernambuco membros poderiam se identifindos como reprodutores do ‘dominio Jel caravés desta concep consruirum spa proprio deconito. com seus escravos, internamente os monges também construfram suas propria letras de Li, nem sempre compartihads po todos (0s membros da Congregegio. Muitos foram aqueles que tentaram se apropriar das brechas do “sistema” repressive e controlador do Estado Imperial, muitas vezes entrando em choque com os interesses da propria Ordem. Assim como os escravos souberam, em muitas cocasibes, se utilizar dos espagos abertos pela legislagio e pela Justice, indmeros mongs também souberam consrur suas propria estas le sobrevvéncia¢ apopriagio do universo eeravis, entrando em choque com as autoridades superiores (leigas ¢ religiosas) em defesa de seu interesses pessoas, o que poderia incluiro desvio de suas fungées, comportamentos “imorais”e também poderes senhoriais, Sobre o autor: E professor do Instituto Federal do Serta Instituto Federal do Sertio Pemambucano e professor conteudistado Curso deLicenciaturaem Historiada UPRPE, modalidade EAD. Atualmente é Doutorando em Hist6ria pela Universidade Federal de Pernambuco e autor do vo Vee na Senza cotdiano eresiténla nas tiltimas décadas da escravidaa, Olinda, 1871-1 eci ane la, 1871-1888, Recife: Bd, da 324 “AO TEATRO, PELOS CATIVOS?”: UMA HISTORIA POLITICA DA ABOLICAO NO RECIFE Celso Castitho [Em 1881, a ousada contratagio da Companhia Lirica Italiana de “Thomas Passini pelo governo Pernambucano resultou em mau negécio, Integrado por vinte e tantos membros, a Companhia Lirica de Passini voltava ao Brasil pela terceira ver em cinco anos para oferecer uma vyariedade de espeticulos teatrais na capital Balana, e em caminho & Salvador, fazia a escala rotineira em Recife. Porém, duvida-se que os atores soubessem, durante a travessia transatléntica, 0 que seriam esses poucos dias na capital Pernambucana; mas para o diretor, a idela de “esviar da trajet6ria original pode ter amadurecido ao longo da viagem. Foiprecisamente o que acontecet 20 pisar em terrasrecifenses.O dieton, ttilizando o pretexto da febre amarela em Salvador, “espertamente” desfez o acordo original e esticou a estadia da Companhia Lirice em Recife de uns poucos dias '& quase trés meses. Se fol o governo baiano «que custeou as passagens transocetnicas do grupo, pode-se dizer que seria o setor escravista pernambucano, ainda muito bem colocado dentro do governo local, que ficou: com a conta da dita manobra.** "As atividades da Companhia Lirica dentro e fora do teatro, eem particular as atuagbes da soprano Giuseppina de Senespleda Battaglia, geraram intrigas ¢ controvérsias que colocou a questio do ‘elemento Servil, oa melhor dizendo, a emancipagio dos escravos, como um problema social, ou seja, um tema de interesse coletive. Através de tima série de espeticulos, Senespleda tornou-se 0 simbolo de uma otjornal do Ree, 14 ce malo, 1861, 3.1AHIGP, Bncontramse eferncias a historia Ae Senespleda ¢ Pacsini em Luzi Gongalves Ferrer, ed, “A luta das mulheres emambueanas," in Sunes Arazonas: Mulheres e« abaligho da escravatura no Perclste (Recife: Lcltora UEPE, 199), 58:56; José Amaro Santos do Silva, Misicn€ porno Stabe Subsos paraa hstéria eo ensino da midsica no Recife (Recife Feito UEPE, 2006), 86, 105-07; Samuel Caunpelo,“O Theatro em Pernatabuco [Reva do Instilato Argueoligio Uistrico eGeogrifco Pernambcano 2: 115-18 (1922): 553. Biblioteca IAHIGP. 325 Robilizago emergent, politizando, também, tanto o paleo do Teatro inovadores.Podese diner, incurs, gue o¢ ¢stimolou todo um fendmeno no Reel ‘dentidade coletiva abolicionista; ou seja, precisa-se rastrear as dindmicas ¢ os zilhares de pessoas se conectaram a tal ideia, Como sera, 025 de margo de 18542 Atranés de ls priipogee ee abolicionista, que novos atores saciats c abolionis, a iis conseguiram se inserir no meio ae Plo visa debs sobre 0 papel do teat jbolionista dent da construe de um movinenortolceeie nse wii sobre «particu popu paltcaon ne ome teideteaprtdareinncncmn ee ee 188.4°0 esudo do teatro abolicionsta, ofrto-vox rover eee da Costa, Pernambuco ao Coard 5 mRsidico dos fates een abelci an clsionista, transtomos politicos: o Recife na véspera da canna Foe nist” in Janquin Natuco © Wisconsin, 313-42 (sae Political Fistor,” Journal or Latin nei Nis Histoiography, andthe Uses of es, 502 (May, 2010: 23; Rebuon 326 (tect gue a5 ‘benefice’ de Seetles ie chamadoo earoboletenisa Parte das obras dramitieas, dentro do contesto de elgg ae ee 0, as atuasbes foram o elo principal pelo seal ote ee textual osuginento das mobiisardes bison oe que relativamente Io dos 1986 que reltivamente poucos grupos association no ine ae nas tanto sobre a construgio de uma identidade coletiva aboticionista, como sobre as dinimicas e aticulagbes politicas que se construfam em tama époce na qual as intengGes eram minimizar, ou limita, esfera politica.” F notivel que a trajetéria do ‘teatro abolicionsta’ mostra que {sta forma de mobilizasao ft vitima do seu préprio sucesso, jf que em 1886, cinco anos apds a chegadsa de Senespleda aos paleos Recfenses, 0 governo provincial fechou este expaco pablico—o Teatro Santa Isabel— para espeticulos ‘abolicionistas. Este capitulo focard em dois temas especificos, comegando com as controvérsias geradas em torno dos beneficios da soprano Senespleda, Uma aproximagio inicial com as diversas vertentes dos seus espeticulos—o pliblico e lagos com grupos abolicionistas— mostram como esta forma de mobilizagio e, até de conscientizagao, fot ‘ganhando espago no meio urbano. Seguindo, passamos a analisar como lais programages dramticas, em si, eram uma forma de produais, ¢ no apenas de refletir, discursos sobre a aboligao. Utilizando a obra de Anténio de Castro Alves, Gonzaga, ou a revolugdo de Minas, como ponto de partida, chamamos atengao sobre como a linguagem ‘nacional’ ‘the Problem of Citizenship in Late-Nineteenth-Century Brazil,” Hispanic Ameviont rica! Review 86-2 (May, 2006): 247-74; Thomas Holloway, “The Defiant Life Hi and Forgotten Death of Apuico de Castro: Race, Power and Historical Memory, ating ye Carte 1:1 January-June, 2007, hitpy /wwwi.auaeil/eial/; Sidney Chalhoubj"The Politics of Silence: Race and Citizenship in Nineteenth-Centory Brazil” Shnery mid Abolition 273 (April, ‘2906: 73:87; out Malo de Carvallo, Canna. Broilo lougo cnmivh, 10th 4. (Rio de janeiro; Civlizagie Brasileira, 2008 [2001)), 55-56; Camilia Cowling ‘Debating Womanhood, Defining Treedom: The Aboition of Slavery in Rio de Janeito,” Gener & History 22:2 (August, 2010), 288; Maria Helena Machado, © 2 linia: os movinentos soins décad diablo (S80 Paulo: EDUSP, 198, 4 Sandro Lauderdale Graham, "The Vintem Riot and Political Culture: Rio de Janeiro, 1880," Hispnuie Americon Historical Review 603 (August, 1980) 431-1. 567 Outtas aproximacies a igagSo entre o teatro ¢ 0 aboiclonismo, sto: Angela teiealization of Politics. the Brazilian Movement for the Estos tntertisciplinarios le Amc “The Th of Slavery” (Paper Presented a the Gilder Lelrmar Center Intervational oint:NNew Approaches to Slavery and Abolition it ‘ ‘Alonso ‘Abolit Conference, American Court Brazil’ October 29-0, 2010), 8-21; Andzea Marzano, Cidade ce tent co Rio de fmeio, 1835-1892 (Rio de Janeiro: Folha Seca, 2008), 72 tesisténeia neg, teatro © aboligfo da escravatura,” Soci Brosieira de en (2008) 18 dsordo Siva, essa Hit S foi definindo um aspecto crucial da retérica abolicionista. Através desta Bes (8 mais impact teve dos vn tana dram shoo encenados no Recife), se percebe como a colocagdo do problema servil como problema nacional facilitou a possibilidade de se imaginar uma soluso, néo vinda dos proprietérios, mas ‘nacional; o que dependia de uma participasio social ampla, Estas dues linhas do capitulo fazem parte de um estudo maior que liga as formas e linguagens da politica com as dinamicas e processos da mobilizacéo abolicionista, Foi precisamente guesto da ablcto ue desencadeou oprimeiro movimento social de sete clonal 0 Br ou sf ue gu €conectou articagex Senespleda e as manumissdes espetaculares OpontoculminantedosdramasligadosdsatividadesdeSenespleda no Recife ndo aconteceram no iltimo ato de sua pega de encerramento, segundo as convengées teatrais. Sendo, se manifestaram durante um intervalo, ante urn publico no Teatro Santa Isabel que estava quase a capacidade méxime; na época, eta por volta de mil pessoas que cabiam no teatro. Senespleda, “generosamente” presenteou a “milatinha de

You might also like