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Reforgando essa possibilidade, 0 § 3° do art. 150 da Constituigao Federa| exclui a imunidade tributé roca quando o Ente Federativo, suas autarquias ou fundagées estiverem exercendo atividades econdmicas regidas pelas normas aplicaveis a empreendimentos privados ou quando haja remuneracao por preco ou tarifa (sem ser por taxa, portanto). Implicitamente o dispositive admite 0 exercicio de atividades econdmicas no ambito dessas pessoas juridicas de direito pablico, apenas vedando que, nesses casos, se beneficiem da imunidade teciproca.” O STR, ‘como aprofundaremos no capitulo segui jue a imunidade tributéria {que prestem inequivoca- no haja a distribuigéo de idade econdmica, de modo a conferir vantagem nao extensivel as empresas privadas.” ‘Mesmo que possa causar certa espécie o Estado abrir mio de uma suposta maior eficiéncia ao explorar aquelas atividades econémicas, adotando estruturas Segunda Turma, DJE de 23082012. ito por ndo implicarem concorréncia », que nao sao vedadas pelo Di desleal com a iniciativa privada 114.2 - INSTRUMENTOS EMPRESARIAIS Adentremos agora, na esteira do ja iniciado na Introducao a esta ob1 um pequeno hist6rico, no que poderiamos chamar sem divida do organizativo da atuak integrantes da sua Administragdo Indireta: as empresas pabl de economia mista. Mundialmente, as primeiras empresas do Estado foram sociedades de economia mista," criadas entre o final do século XVI eo inicio do século XVTL, na Inglaterra na Holanda. Acredita-se que a Companhia das Indias Orientais, fundada em 1602, sea primeiro exemplo de companhia de capital misto no mundo. (© exercicio de atividades econémicas pelo Estado teve uma expansio glo- bal gradual entre o final do século XIX e 0 inicio do século XX. O aumento em grande escala do nimero de estatais comesou no século XIX, quando os governos tentaram resolver fathas de mercado que levaram a monopolios naturais. Em seguida, os governos intervieram para fornecer servigos relevantes como correio, ‘gua, eletricdade e ferrovias. Os exemplos de empresas estas sem capital pri- vvado s20 mais recentes,* como a Panama Railroad Company que foi integrada a0 governo norte-americano em 1904. No Brasil, a atuacio do governo central como empresétio teve inicio no sé- culo XVII, quando foi criado 0 Servico Postal, em 1663. A transferéncia da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro dew origem a primeira empresa de economia ‘oncertagio entre Poder Palio eos interesss plvados. MARCHAY 2. Pate: PU, 1980. p. 4 % ZWAILEN, Hens, Des Sais Cones ase Patcipation de Eat. Th ‘pid SANTA MARIA, José Serpa, Socisinds de economia mist ¢ emprens pl Uber Juris, 1975. p40, % MUSACCHIO, Aldo; LAZZARINI, Serplo G. Reimenting Site Capit: Brazil and Beyond. Massachusetts Harvard University Press, 2008 p. 23 SNS Alone Santor > = ‘mista, 0 Banco do Brasil, criado em 1808, Na década de 1890, 0 Ministério dos Negécios da Agricultura e Obras Pablicas foi autorizado por decreto a encampat companhias de 1¢2o que tinham subsidios do Estado, criando-se, assim, a cstatal Lloyd Brasileiro.* Na década de 1930, iniciou-se a expansio da atuaglo direta do Estado na ‘economia em razdo da crise da economia agroexportadora e o comeco da indus ‘wializagio do Brasil *sendo criadas estatais sobretudo para abastecer, Vale do Rio Doce A945), dcadas de 1950 1970, sob o ideal do nacionalismo desenvolvimen caramese tanto pela crasio de novas empress como pela passagem de express js exstentes a0 controle do Fstado, como Furnas .i Rede Ferrovidria Federal S.A. - RFFSA; Centrais Elétricas Brasileiras S.A. ~ Eltrobrés; Empresa Brasileira de Telecomunicagbes S.A. ~ Em Drate Bco Nanal de Habaco ~ BNE, Engrs Deal de Arta S.A. Embraer e Empresas Nucleares Brasileas SA. ~ Nuclebras2” Na década de 1970, o regime militar continuou com a expansdo das em presas estaais nos mais diversos aetores, “Foram constrdas grandes obras Ge infaestrutura, como as usinas de laipu (hidrelétrica) e de Angra dos Res (auclear), os metrds do Rio de Janeiro e de Sto Paulo e a Ferrovia do Aco. No governo de Emilio Medici, foram criadas diversas hoings de destaque: Teleco Imunicacoes Brasilias S.A; Siderargica Brasileira SA. e Empresa Brasileira de Inraestrutura Aeroportuéra. J& no periodo de Ernesto Geisel, foram criadas a Portos Brasileiros S.A. ea Inddstria de Material Belico do Brasil. Alem dessas, vétias subsidirias da Petrobras © da Vale do Rio Doce surgiram, tornande estas empresas grandes holdings ainda que seguissem com suas atividedes de producho direta”® ~ CVRD (1942); a Cia, Plansamento. Secretaria de Conbole de Empress Estas. Empress Estas wo a, 198. p. 7. produtivas fo determi utter. 197 Secttala de Pancjamento, Serta de Cote de Empresas Et © Controle ds SEST” Antecedentes¢ Faperinclas de 1980. Bras Papal das ‘apmuLo 1 recive consmmUCNAL Ox ATUACK DAT Be ESTIOE Na EON Na década cle 1980, a economia brasileira sofrew impactos das duas crises do petréleo, da alta dos juros internacionais além da valorizacio do délar. Por isso houve algum movimento de contragéo da intervencao estatal por meio do Programa Nacional de Desburocratizacdo (Decreto 83.740/1979, posteriormente sabstituido pelo Decreto 5378/2005), sendo criada em 1981 a Secretaria Espe- cial de Controle das Empresas Estatais (Sest). “Durante 0 governo (1979-1985) foram realizadas 42 desestatizacbes. Destas, 20 foram federais, 3 estaduais, 3 empresas fundidas e 14 incorporadas. Nesta dltima fase da ditadura militar, 0 objetivo das privatizagbes nio era combater a ineficiéncia do setor pablico produtivo, mas sim desacelerar a sua descontrolada expansio”.” Esse movimento de retracio s6 velo a ser realmente significative na década de 1990, quando muitas estatais comegaram a ser vendidas 8 iniciativa privada, com vistas a redugdo da priblica e saneamento das financas publicas™ havendo nesse momento a pura e simples alienacio do controle de empresas que nao exerciam atividades econdmicas sob publicalio exemplo de mineradoras ce sidertirgicas) ou a sua transformacao em concessionérias privadas de servigos piblicos, como 0 caso das empresas de telefonia fx, além de profunela reformula- Bes dos respectivos marcos regulatérios.™ Todavia, como a histéria nunca se congela, a partir dos anos 2000, houve to do fendmeno das estaais, com a criacdo de mui- tas novas empresas puilicas e sociedades de econamia mista, como a Empresa Brasileira de Administragdo de Petr6leo e Gis Natural S.A. ~ PréSal Petr6leo SA. (PPSA), Amazénia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (AMAZUL), Amazonas Geragao e Transmissao de Energia S.A. (AMG), Telebrés Copa S.A. (TELEBRAS COPA), Agencia Brasileira Gestora de Fundos Garantidores © Garantias S.A. (ABGP), Caixa Partcipacoes S.A. (CAIXAPAR), Centro Nacional de Tecra Hletinica Avancada ~ S.A. (CEITEC), Empresa de Pesquisa Energttica ( Empresa de Planejamento e Logistica S.A. (EPL), Energetica Camacari Muricy S.A. (ECM 1) etc COSTA, Frederico Lastsa day MIANO, Vitor Yoshihara, Estatzcao ¢ Doses © Papel das empresas esata nos cis ereepses. Rio de Jani: BNDES p19) © * Sobre o tema pedimes v SRAGAO, Alowande Santos do. Agus reads 3. ed Ro de Janczs: Frense, 2013. p. 720 84 do Planamene, Desrwolvimento e Gest: . Acesso em os10.2016. ‘APiTRO = Ese CMSTTUGOHAL OK ATUAGAO ETA DO EDO Wa ECONOMIA Por ser binacional a liaipu, ou qualquer outra empresa de sue natureza, deve ser regida pelos termos do seu tratado constitutive. Assim, primeiramente, empresa submete-se a0 regime de dizeito internacional. Em segundo lugar, redidas unilaterais de direito interno para o controle da sua atuagdo podem ser ito internacional, presente no tratado, aléen de violar inte da empresa Itaipy, por exemplo, esta especificado, em que o Regimento Interno proposto pela diretoria e aprovado ho da Administracgo contemplara “o regime contabil financeiro; 0 rnormas para o exercicio das fungOes dos integrantes so e dos Membros da Dirotoria executiva”. Outro exemplo de empresa binacional decorreu de acordo de cooperagai celebrado entre 0 Brasil ea Ucrania™ para a criagio da Alcintara Cyclone Space. ssa empresa tinha como objetivo operacionalizar o sitio de langamento do fogue- te Cyelone-4, no Centro de Langamento de Alcéntara, no Maranhio. A Aleittara langamento levasse um satélite ao espago para a © acordo acabou sendo unilateralmente denunciado pelo Brasil em 27.07 114.2:16 - SOCIEDADES ESTRANGEIRAS CONTROLADAS PELO ESTADO BRASILEIRO estatais e da intemacionalizaglo da atuacio empre- ial administrativa vistos nos trés topicos anteriores néo podemos deixar de fazer referéncia a empresas que o Estado brasileiro ou suas empresas estatais acer da Advorsia Geral da Uniso ~ Paecet br page/ nos deta st S88, Chote oficial da empress;

, Aces 3, com a submisséo apenas aos seus principios, contempla meras repar- ae brasileiro no exterior, deve por mals fortes raz5es contemplar ‘bsididrias de empresas estatais brasileiras no exterior, discussio que, pelo cio do Estatuto das Estatais, permaneceré existente. Apenas, apés 0 fim da jo das suas normas de licitagdes, a discussao sera sobre a sia aplicagdo ~ ¢ g da Lei 8.666/1993 - as subsidiarias estrangeiras controladas direta ou iente pelo Estado brasileiro. sentido, Carlos Ari Sundfeld indaga: “A subsidiéria estrangeira de es- sileira tem o dever de licitar nos termos da Lei 8,666/1993, pelo simples ser controlada por empresa estatal brasileira? A resposta s6 pode ser ne- _Em se tratando de subsidiéria estrangeira legitimamente constituida, suas no se subordinam a legislacdo brasileira sobre licitagdes e contratos ivos”! Esta posicio também fora expressamente encampada pelo Regional Federal da 2.* Regiéo.'® TCU ja se pronunciou, contudo, no sentido de que “a utilizagao de sub- estrangeiras nao pode ensejar fuga a licitagao, em desacordo com 0 no inciso XXI da Constituicao da Repiiblica. Nesse sentido, cumpre des- terminagdo a Petrobras exarada no subitem 9.4.4 do Acérdao 2,006/2005/ /Plenério, para que se abstenha de adquirir indiretamente, por meio de suas 8 € controladas, sem licitacdo, bens que se destinam ao seu proprio gozo yrquanto esse procedimento fere os principios da prevaléncia do interesse adquirem ou criam no exterior, fora, em prinespio, da ordem juridica nacion em sua integralidade, As empresas estrangeiras controladas pelo Estado brasileiro sao pessoas ridicas de diteito privado, nos termos da legislacto do pais de sua constituiggg, ‘mas, como empresas com participacio est \oritaria ou minoritaria, ta dependem de autorizacao legal genérica nos termos do inciso XX do art. Constituigao Federal conforme topicos 1142.13 e I14.2.1.4, supra. No entant da autorizacao legislativa para a estatal participar de outras sociedades jé esta inclufda a possibilidade de essas sociedades serem estrangeiras, nao precisa haver mencao especifica a esse aspecto. No caso das subsidiérias nacionais e estrangeiras da Petrobras, por e © Poder Legislativo autorizou genericamente a criagéo de empresas subsi também a associacdo a empresas privadas (Lei do Petréleo, art. 64).""” © art. 123 da Lei 8.666/1993 dispoe que as “reparticées” sediadas no rior devem em suas licitagdes e contratos “observar as peculiaridades 8 princfpios basicos desta Lei, na forma de regulamentacéo especifica’, Justen Filho afirma que realmente seria impossivel sujeitar as repartigdes no exterior ao cumprimento estrito da Lei 8.666/1993, naquilo que con procedimentos licitatérios, devendo “adotar solucées compativeis com as liaridades locais, No entanto os princfpios fundamentais do direito das Ii deverao ser atendidos. Ainda quando possa ser questiondvel que, a licitagdo vise atender o principio da isonomia, elevar-se-é acima de °), On excluindo os centros competenciais dotados de personalidade juridica py Nesse conceito nao estariam incluidas prima facie, portanto, as subsi estrangeiras de estatais brasileiras. Contudo, se a isengdo da aplicaggo pelo TCU, realmente estaria incidindo em desvio de finalidade caso alesse daquela apenas como interposta adquirente de bens e servigos para si. FELD, Carlos Ari; SOUZA, Rodtigo Pagani de. Lictagio nas Estatais: Levanclo a Natureza Empresarial a Sério. RDA. Rio de Janeiro, v. 245, p. 13:0, p. 16 e 27, 2007 ‘TRF2, 8 Turma, Apelagio Civel 2001.51.01.012588-9, Data do Julgamento: 12122006, Des. Rel A Petrobras € multinaciona, tendo o controle de empresas em Angola, Argentina, Bolivia, Ch BUA, Gabo, México, Uruguai, Venezuela, ente otros: Petrobras Ame! legslagi basa sobre Litas e cntatosadminstrativos". Reatrio de Fisclizagio 62/2008, Proceso de Interese: TC 006 137/20089, Ato Orignti: Aco a0 = niin cdo damental spore ens rama brrinvecnt/eomisa inex/ mista ora orcamento/ OR209/ Facobas208sntetico 852575308, trata op No main snc Acoso 208/208) TCU/ Penk. INO ico ESTAS ~ Ande Sento Ato © fat de a subir eomange etn vin de rg, ec SUiddeie Gcaumsas sa pis a necseal ns oe pulmo falas de menate enben dean open eee ee Fras ecealtinaam uian eas al ee Pabc erp tnt 840/09 ude atna asaee | do Caan Sul Rogs Fie oe nso adeameny dee wens mnangeas ons psibcoee ta Us Bia Tae a Err / 199 won pean. valet ones de eee ee to mundo sat cisirady erentale s rap po oinio seen dl quanto ao valor da dlispensa de licitagdo: faz algun sentido a pura converséo para | Seelam ome es eee eter eotose pares es cr eno ct esos i cent remeron crtror? Odo plo etnaga? Guc sae Sok sana riamente firmado em (art. 5°, caput), mesmo sendo financiado, pago e executado em outro pais, além de nao envolver empresas brasileiras? A violagéo de alguma norma daria censejo a impetragao de mandado de seguranga?” tabelecidos 0s lindes conceituais das diversas possiveis estruturas em- is de atuagio direta do Estado na economia, aprofundar-nos-emos, no’ Capitulo que segue, nfo mais nos aspectos conceituais, mas no regime juridico ‘em si das principais delas, quais sejam, as empresas piiblicas e sociedades de! economia mista. "= SUNDPELD, Carlos Ari SOUZA, Rodelgo Pagan de, Litas as Esai: Levando @ Natures “Empreamil s Sério, RDA. Rio de Innes v B44 TRAN m8 N07

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