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2arv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals EVSTADOS ROUNA OMLNE Evolugéo contempordnea do direto contratual DIRIGISMO - IMPREVISAO EVOLUGAO CONTEMPORANEA DO DIREITO CONTRATUAL DIRIGISMO - IMPREVISAO Doutrinas Essenciais Obrigagdes e Contratos | vol. 3 | p. 407 - 423 | Jun /2011 DTR\2012\1255 San Tiago Dantas Area do Sumari reito: Civil =|. -Il, Principios gerais da doutrina dos contratos - Ill As transformagées sociais e sua repercussao no direito dos contratos - IV. Conclusdes Revista dos Tribunais RT 195/544 jan /1952 I 1. A teoria dos contratos tem sido considerada, tanto nos sistemas derivados do direito romano, como nos derivados da “common law’, uma das partes mais estaveis e perfeitas do direito civil. Dependendo, menos do que outras, dos particularismos de cada época e sociedade, pode ela alcangar — como o direito das obrigagdes, em que se integra — a niversalidade e a racionalidade, que Ihe tém permitido a adaptar-se sem derrogacao de principios ou modificagoes de sistema, a novas exigéncias econdmicas e a diferentes condigdes de convivio social. A constituigao da doutrina dos contratos como produto extremo da légica juridica representa, porém, o térmo de uma evolugdo, através da qual foram sendo eliminadas normas e restricées sem fundamento racional, ao mesmo tempo que se criavam principios flexiveis, capazes de veicular as imposigdes do interésse piiblico, sem quebra do sistema. ‘Téda essa evolugdo esta terminada, em suas linhas e principios gerais, no fim do século XVIII, © se traduz nas codificagdes do século sequinte, que deram normas ao surto econémico do capitalismo modemo. Nao ha exagero em dizer que 0 direito contratual foi um dos instrumentos mais eficazes da expansdo capitalista em sua primeira etapa, como 0 direito das sociedades, especialmente das sociedades por agées, seria o instrumento da segunda etapa, caracterizada pela concentragaio econmica, pelo desenvolvimento pleno do mercado de capitals e pelas grandes emprésas. direito contratual do inicio do século XIX forneceu os meios simples @ seguros de dar eficacia juridica a tédas as, combinagées de interésses; aumentou, pela eliminago quase completa do formalismo, 0 coeficiente de seguranga das transagdes; abriu espaco a lel da oferta e da procura, levantando as restriges legals a liberdade de estipular; ¢ se é certo que deixou de proteger os socialmente fracos, criou oportunidades amplas para os socialmente fortes, que emergiam de t6das as camadas sociais, aceitando riscos e fundando novas riquezas. Il. Principios gerais da doutrina dos contratos 2. Sobre trés principios se fundou, em sua forma evolutiva final, o direito dos contratos:' a) sObre o principio da autonomia da vontade; ) sObre o principio da supremacia da ordem piblica; c) Sdbre o principio da obrigatoriedade das convengées, limitada pela escusa de férga maior. 3. O primeiro désses principios foi o que se afirmou em contras (sic) e mais sensivel com o direito anterior, e por isso ha quem veja néle doutrina contratual do inicio do século XIX. Esse principio se traduz, em primeiro lugar, na liberdade reconhecida as partes de estipularem o que lhes convier, fazendo de sua convengao uma verdadeira norma Juridica, que entre elas opera como lel. Nesse sentido, 0 principio de autonomia da vontade se op6e a tipicidade do contrato, observada em certas fases histéricas do direito civil: 0 contetido dos contratos depende exclusivamente do interésse das partes; tédas as combinagdes podem ser néle abrigadas, desde que, como veremos ao examinar 0 principio seguinte, ndo ofendam a ordem publica e os bons costumes. ‘A autonomia da vontade ainda se traduz na liberdade de contratar, isto 6, de contrair ou nao um vinculo contratual.? E através déste concelto que a doutrina do contrato se liga 4 da propriedade, traduzindo a liberdade Irrestrita, de que goza 0 proprietario, de comprometer ou no, segundo seus interésses, 0 seu patrimdnio, Nao poderia ser chamado contrato, em face désse conceito, o vinculo que a alguém fésse impésto por lei, ainda que se revestisse de aparéncia contratual principio da autonomia da vontade, expresso na liberdade contratual e na liberdade de contratar, nao foi, porém, jamais entendido e afirmado como principio absoluto, a salvo de contrastes e limitagdes. Assim como nunca se concebeu 0 direito de propriedade como senhoria absoluta e ilimitada, afirmando-se, pelo contrario, limitagbes legals, hitps:lwwnrevistadostibunais com brim: lapplvidgetshomepageldliveryldocumantt 8 zarv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals de ordem publica e privada aos poderes do proprietério, assim nunca se afirmou o principio de autonomia da vontade como faculdade de contratar tudo que aprouvesse as partes, sem limites e censuras de ordem juridica e moral.* 4. Esses limites se exprimem no segundo principio acima enunciado: o da supremacia da ordem piiblica. Déle decorre a proibigdo dos pactos contrarios a lei e aos bons costumes, ¢ 0 estabelecimento de normas especificas de cardter imperativo, que as partes nao podem derrogar convencionalmente, as quais constituem o “ius cogens" contratual. O direito dos contratos apresenta-se, assim, constituido de dois grupos de normas juridicas: normas imperativas, isto é, inderrogaveis pelas partes, nas quais se traduzem as imposigées da ordem publica; e normas supletivas ou declarativas, isto 6, aplicaveis se as partes nao dispuserem de outro modo, sdbre as quais prevalece a autonomia da vontade.* Comparando a legistagao civil © comercial do inicio do século XIX com a que se veio a editar no fim do século © sobretudo no inicio do seguinte, é facil observar © aumento quantitatvo e qualitative das normas imperativas, principalmente através do direito especial. Quer isso dizer que, sob condigées sociais diferentes das que carcaram 0 primero surto do capitalismo industrial no Ocidente, o principio da autonomia da vontade entrou a perder terreno para © da supremacia da ordem piblica. E possivel que, onde as peculiaridades do desenvolvimento econémico de uma sociedade venham a criar um periodo de expansao capitalista, um movimento em sentido contrario se venha a ‘observar, ampliando-se o campo da autonomia da vontade. 5. O terceiro principio — 0 da obrigatoriedade das convengdes — pode ser considerado simples formulacao diversa do da autonomia da vontade, j4 que ambos se exprimem na regra de que o contrato faz lei entre as partes. Mas, enquanto 0 principio da autonomia da vontade mira essencialmente o momento da estipulagao e da conclusdo do contrato, o da obrigatoriedade mira os seus efeitos e conseqiiéncias.® O que as partes, por miituo acordo, estipularam, e aceitaram, devera ser cumprido (‘pacta sunt servanda") sob pena de execugo patrimonial. Esses dois elementos — a obrigatoriedade do compromisso e a execugao sdbre os bens do devedor — representam o estadio final da evolugaio do direito dos contratos, depois de desaparecidas as formas de execugao sdbre a pessoa do devedor, e de superadas as distingbes técnicas entre os contratos e os simples “pactos”, dos quals, no direito antigo, podia resultar um “debitum’, mas nao uma obrigagao. principio da obrigatoriedade, estando vinculado ao sistema de execugao patrimonial, conduz a necessidade de se converter em dinheiro a prestagao néo cumprida pelo devedor, nao sé no caso em que esta teria consistido num “facere” ou num “non facere” do devedor, mas também no désse tornar impraticavel a entrega da prépria prometida, € de se dever proporcionar ao credor 0 equivalente da prestagao. 6. A essas caracteristicas do direito contratual plenamente evoluido, deve ser acrescentada uma outra, que constitui, por assim dizer, o limite técnico do principio da obrigatoriedade: a regra de que a obriga¢ao contratual se extingue se a prestago se tornar impossivel por caso fortuito ou motivo de férga maior.’ Essa norma, que o direito moderna adotou como um dos fundamentos axiomaticos da doutrina das obrigagées, tem origem em necessidades praticas do direito romano, e ja se tem observado que nao corresponde a um principio incontrastavel de eqlidade natural. Pois nada se oporia a que o devedor indenizasse 0 credor, em caso de impossibilidade da prestagao, pelo menos na medida em que essa indenizagao nao onerasse o seu patriménio mais do que o faria a prépria prestagao.® Desta doutrina se aproxima o sistema inglés, menos influenciado pelo romano, ao incluir a impossibilidade no ambito da “frustration.” Anorma de que a impossibilidade de prestago por caso fortuito exonera o devedor de sua obrigagao (‘casus a nullo praestantur’) constitui, no direito contratual plenamente evoluido das grandes codificagSes, o inico limite ao principio da obrigatoriedade. Requisito dessa impossibilidade é que ela seja objetiva e absoluta; uma impossibilidade subjetiva e relativa, ainda que tornasse excepcionalmente gravosa a obrigacao, néo teria a férca de liberar o devedor. Seria uma simples “difficultas’, que outrora, no entender dos pés-glosadores, “non tollit obligationem sed excusat a mora’, mas da qual acabou por triunfar, na época do liberalismo juridico, o principio da obrigatoriedade da convengao. Tals as caracteristicas gerais com que se apresenta, na época das condificagdes, o direito contratual. Regido pelos principios da autonomia da vontade, da supremacia da ordem piblica e da obrigatoriedade das convengées, éle oferecia ao capitalismo industrial nascente um poderoso instrumento de ascengao, adaptavel a todas as necessidades da circulago de riquezas. Era, ao mesmo tempo, a obra mais acabada do racionalismo juridico, nao s6 pelo fundamento légico de suas regras e princfpios, como pela flexibilidade dos seus quadros sistematicos. 7. © ponto de flexibilidade maxima do sistema, que iria ser posto a prova nas décadas seguintes, era a interpenetragao dos principios da autonomia da vontade e da supremacia da ordem puiblica, cujo contraste anima téda a legislacdo contratual, Gragas a essa arliculagdo, o Estado expanditia 0 numero de importancia das normas imperativas, diminuindo a area da liberdade contratual, sem que o sistema se alterasse. Os escritores que viram no crescimento das normas imperativas uma quebra de sistema no direito dos contratos, nem sempre atentaram Suficientemente nessa flexiblidade do sistema, que admitia a expanso ou o retraimento das exigéncias de ordem publica, & certo que, comparando o direito contratual das grandes codificagées ao que resulta das miitiplas leis gerais, e especiais posteriores a I* Guerra Mundial e a II, 0 observador surpreende o contraste entre o reduzido nimero de normas imperativas, que limitava, naquele primeiro tempo, a liberdade das partes, © o grande nimero das que hoje estreitam 0 territério em que as partes ¢ licito escolher.® Mas essa transformagao de fundo nao comprometeu a hitpslwwnrevistadostribunais com brimatlappiwidgetshomepageldelveryldacument 218 2arv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals integridade da forma, isto 6, nao ofendeu a pureza técnica do sistema contratual, que se achava apto a recebé-la. Em ‘outros pontos, sofreu o sistema revogagées mais ou menos relevantes, e & provavel que outras Ihe venham a ser impostas, dadas as tendéncias que se observam na economia contemporanea. IIL. As transformagées sociais sua repercussao no direito dos contratos 8. Duas so as causas que influenciam a evolugao da teoria dos contratos, exercendo pressdes crescentes sdbre a sua estrutura sistematica; a) 0 sentido solidarista, que prepondera na politica contemporanea dos Estados democraticos; b) a intervengao crescente do Estado nas relagdes econdmicas, para exercer, por érgaos préprios, um ntimero cada vez maior de atividades, 9. A politica econdmica e social dos Estados democraticos, na época em que se formou o capitalismo industrial modems, fol essencialmente individualista, @ 0 direito privado fixou essa tendéncia em suas normas e institutos, A legislagdo teve em mira, naquele periodo, favorecer o dinamismo da sociedade, dando garantias e instrumentos a ascengao dos individuos, que se conseguiam impér ao meio social em regime de plena concorréncia, direito contratual, tal como se acha compendiado nas grandes codificacées oitocentistas, fol um dos instrumentos juridicos mais eficazes désse dinamismo, ao lado da reforma do direito de propriedade ¢ do direito hereditario, que velo abolir privilégios das antigas classes dirigentes, e romper os vinculos anteriores, entre a propriedade do solo e o poder politico. Uma nova classe de empresarios e proprietarios ascende a diregao da sociedade, favorecida, entre outros fatores, pela eficacia e simplicidade das convengées, pela suspensao de todos os entraves opostos no direito anterior ao livre j6go dos interésses econémicos, desde a aboligao das normas repressivas da usura e da lesao até a queda do formalismo. A livre Concorréncia, a lel da oferta e da procura, foram, entéo, as leis naturais reguladoras do contetido das convengées, restringindo-se ao minimo as normas juridicas que cerceavam os seus efeitos." 10. A primeira transformagao de longo alcance, observada na matéria surge quando os particulares se prevalecem da liberdade contratual justamente para eliminarem de suas atividades e relagdes econémicas a lei da oferta e da procura e o regime de concorréncia, iniclando os consércios de empresas, que viriam a assumir as formas de “trusts' © “cartéis.” Antes do chegar a um estado de saturagéo econémica, em que voltaria a ser benevolente para com os consércios, a sociedade capitalista reagiria contra éles, condenando os contratos destinados a eliminar ou modificar arbitrariamente as condigdes de concorréncia.”? As leis “antitrust” exprimem a concepedo, ja mais clara, de que a liberdade econémica nao & um principio absoluto, em nome do qual se possam admitir os préprios pactos que excluem tal liberdade, mas é um regime social e econémico a defender mesmo contra a liberdade individual, se esta 0 ameagar. Politica solidarista e normas de economia dirigida 11. As transformagées subseqiientes da politica dos Estados democraticos, com reflexo no direito contratual, foram inspiradas pelo principio da solidariedade social, que, desde 0 meado do século XIX, tende a prevalecer, por influéncia das idéias socialistas, sobre o individualismo puro do periodo anterior. Nasce a tese da protecao social dos mais fracos, destinada a corrigir as conseqiiéncias desumanas do liberalismo juridico — favorecendo o empregado em relacdo ao empregador; 0 devedor em relagao ao credor; o inquilino em relagao ao senhorio; a vitima em relagao a0 autor do dano, ou ao seu responsavel indireto: 0 consumidor em relagao ao fornecedor."> Foi sob a influéncia désse pensamento solidarista, que se elaboraram muitas normas restritivas da liberdade contratual, em que os autores tém caracterizado 0 chamado dirigismo contralual. Algumas so novos principios e imperativos de ordem piiblica, cujo ingresso no direito positivo restringe a esfera da autonomia da vontade, mas nao confunde os quadros sistematicos elaborados. Outras parecem alingir ésses quadros, embora sem subverté-los, obrigando-nos a atentar na natureza e particularidades do contrato como instituto, Em sua maiotia, as normas imperativas em questao restringem simplesmente a liberdade de estipular. Uma proibe que se aumente, a nao ser sob certas condigdes, os aluguéis de um imével, ou submete a certos limites a faculdade de rescindir a locago; outra limita a um minimo legal os salérios e fixa consectarios naturais (‘naturaia negoti) a0 contrato de trabalho; outra tabela de pregos para a venda de artigos de primeira necessidade; outra impede que se estipulem juros, ou que se alcancem lucros, acima de certos maximos legais. Em todos ésses casos, nao é licito ver nas imposigées que o interésse piblico faz & autonomia da vontade, uma revogagao do sistema dos contratos. Este foi concebido, gragas ao contraste dos principios da autonomia e da ordem pit |, com a flexibilidade necessdria para que o poder publico faga respeitar as convengées, sem quebra de sistema, as manifestagdes ocasionais ou permanentes do interésse geral 12. Outras normas, menos numerosas, parecem, entretanto, pér em xeque, de maneira mais direta, as concepgdes basicas da doutrina dos contratos, Sao elas, sobretudo as que nao se limitam a fixar total ou parcialmente o contetido dos contratos, mas chegam a criar a obrigago de contratar, atingindo assim o principio da autonomia, ndo s6 na sua primeira manifestagao, que 6 a liberdade contratual, mas também na segunda, que é a liberdade de contrair ou ndo uma obrigagao. As leis que ‘obrigam a vender, aplicaveis em regra a produtores e fornecedores de géneros alimenticios ou de matérias primas; as hitps:lwwnrevistadostribunais.com brimatlappiwidgetshomepageldelveryldacument aie zarv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals que obrigam a produzir, aplicdveis a industriais, cujos estabelecimentos sao solicitados pelo poder puiblico, a aceitar e executar determinadas encomendas; as que obrigam a comprar aplicaveis sobretudo nas subscrigdes compulsérias de empréstimos pilblicos; dao lugar a contratos coativos, em que a autonomia da vontade se reduz a um simples ato de obediéncia, para evitar a imposigao de sangées legais. Devemos concluir que a convencao firmada por imposigao de lei perde as caracteristicas de contrato? E certo que essa convengao se distancia da forma regular do contrato, pois a vontade deixa de se manifestar, ali, em ambas as suas fungées — a de definir 0 contetido das obrigagdes e @ de consentir em assumi-las. Mas também & certo que as obrigagdes contraidas por quem vende, compra ou transporta, sob as condigées e pregos de uma tarifa legal, e com o impedimento de reter as mercadorias, de que é proprietario, ou de recusar os servigos, que esta habilitado a prestar, no so obrigagoes “ex lege”, isentas de qualquer contetdo voluntério. Elas representam, de qualquer modo, o iitimo elo de uma cadeia de atos voluntarios praticados pelo agente, e embora a convengao final para venda do produto, ou prestacao do transporte, ja esteja predeterminada por sua atividade anterior, é & vontade que os seus efeitos tém de ser, em uitima andlise, imputados, Essa observacdo nos leva a compreender que entre os conceltos de lei e 0 de contrato nao existe uma aposigao essencial, mas uma continuidade. As obrigagdes, quer as chamadas obrigagdes legais, quer as contratuais, encontram na lei, isto 6, na norma juridica, o seu primeiro fundamento. Legais s40 aquelas cujo conteido e obrigatoriedade se integram unicamente com os elementos fomecidos pela prépria lei. Contratuais s4o aquelas cujo contetido e obrigatoriedade se integram, nao sé com os elementos fomecidos pela propria lei, mas também com ‘outros elaborados pela vontade. ‘Sejam os elementos elaborados pela vontade mais numerosos ou menos, no se modifica, nem se perde a natureza contratual da obrigagao. Bastar que ela dependa para seu nascimento de um tinico ato de vontade, para que mereca ‘© nome de contratual. Eis porque ndo podemos negar o carater de contrato as convengies coativas do direito modemo, nem devemos pretender que elas alterem o sistema de direito contratual Restrigdes ao principio da obrigatoriedade Revisdo dos contratos 13. A concepgao solidarista, que tem inspirado as reformas recentes do direito das obrigagdes, néo atingiu apenas o dominio da autonomia da vontade. Atingiu também a obrigatoriedade das convengées. E se podemos dizer que o principio da autonomia da vontade nao foi lesado por qualquer das inovagGes verificadas, limitando-se a sofrer, diante do principio de supremacia da ordem piiblica, restrigées compativeis com o seu elastério, nao podemos negar que o da obrigatoriedade das convengées tem sido atingido por algumas das novas tendéncias, Sobretudo pela tendéncia, que se f@z sentir na época da II* Guerra Mundial, para a revisdo das obrigagées tornadas, em virtude de circunstancias imprevisiveis, excessivamente onerosas para o devedor, ‘A doutrina da escusa da obrigagao por dificuldades supervenientes ao acordo de vontades inicial, originou-se, como & notério,"* no direito dos pés-glosadores, sob a influéncia das normas de fundo ético e religioso, que suavisaram 0 direito civil, adaptando-o as necessidades de uma sociedade economicamente involuida e de baixo nivel de vida, como foi a medieval. No século XV, sob a influéncia do capitalismo comercial nascente, que reclamava regras menos incertas e uma segura discriminagao do risco econémico, ja a regra comeca a declinar excluindo-se do seu ambito, com apoio na ligo, até entéo ndo seguida, de Bartolo, as obrigagbes de dar coisas fungiveis. Desde entéo, a histéria de “difficultas’, como excusa dos efeitos moratérios é tributdria da histéria das crises econémicas e dos periodos de depressao, até que 0 advento do liberalismo econémico e do direito civil do século XIX relegam ao esquecimento temporario 0 engenhoso instrumento de correc do rigorismo romano. ‘A época de esquecimento terminaria no primeiro quartel do século XX, quando as idéias solidaristas, pendendo para a protegdo do devedor, e a crise econémica posterior a I* Guerra Mundial, determinando num periodo de depressao, fizeram renascer sob diversos fundamentos tedricos, a idéia de que uma alteragao substancial das condigdes gerais, que devem cercar a execucao do contrato, autoriza o devedor, mesmo que a prestacdo ndo se tenha tornado objetivamente impossivel, a pedir a revisdo ou a oxtingao da sua obrigagao. 414. O primeiro fundamento apresentado para esta doutrina consistiu na suposi¢ao de uma vontade tacita das partes de se desobrigarem, se as condigdes aluais estivessem radicalmente mudadas no momento da execugao. E a clausula “rebus sic stantibus", cujas origens @ fundamento foram estudados exaustivamente nos ensaios de Pfaff (1898), Fritze (1900) ¢ Osti (1912).'® Tendo alcancado uma reputagao cientifica consideravel nos séculos XVII e XVIIl, declinou no século seguinte e nao readquiriu crédito doutrinario entre os escritores contemporaneos. No direito inglés, entretanto, a norma se insinuou como “implied terms" ou ‘implied conditions’, até que na doutrina mais recente tem deixado de ser considerada uma cldusula técita, implicita na vontade das partes para ser vista como uma norma juridica.7® 15. A outra orientago se inclinam os autores que, como Windscheid, néo querem buscar na vontade concreta das partes a clausula implicita de resolugao pela dificuldade superveniente, e também nao querem fazer derivar a regra do direito positive. Buscando uma base negocial para o principio, entendem éles que a manutengo de condigdes gerais hitps:iwwnrevistadostibunais com brim: lapplvidgetshomepageldliveryldocumantt 48 zarv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals no curso do contrato, semelhantes s que prevaleciam no momento da conclusdo, constitui um pressuposto objetivo da vontade deciarada pelas partes, tenham estas tido ou néo consciéncia de sua imanéncia na convengao."” Acesias teorias se aparentam opinides dos que fundam a revisao do contrato no principio de boa f6, em que se baseia do a teoria dos contratos, mas a dos atos juridicos em geral, Entendem éles, que seria contrario & boa {é dos egécios exigir uma prestagao tornada extraordinariamente gravosa pela mudanga superveniente das condigdes gerais, quando & certo que o devedor, se tivesse podido prever esta mudanga, ndo assumiria a obrigagao. A jurisprudéncia alema acolheu algumas vézes essa doutrina, na época em que a depressdo econémica consecutiva & * Guerra Mundial tomou inexequiveis, naquele pais, sem ruina total do devedor, muitos contratos de execugao continua ou de prestacao a termo,"* 16. Uma formulagao diferente da doutrina foi a que se processou em Franga sob a denominagao de teoria da impreviséo, Coube ao Conselho de Estado, durante a |* Guerra Mundial, afirmar, em oposigao a Cérte de Cassago, a doutrina de que as obrigagdes tornadas excessivamente onerosas em virtude da superveniencia de circunstancias gerais imprevisiveis, nao podiam ser exigidas sem revisdo. Essa doutrina foi consagrada na chamada Lei Faillot de 21-5-1918, ¢ a final se constituiu na teoria da imprevisao,"* segundo a qual so requisitos indispensaveis para que o devedor se exonere de sua obrigagdo ou possa obter a sua revisio judicial, 1.°, na modificagao substancial das condigdes gerais, tornando excepcionalmente gravosa a execugao da obrigacdo; 2°, a imprevisibilidade dessa modificago ao tempo em que se concluiu 0 contrato, 17. A doutrina da reviso das obrigagées por dificuldades supervenientes Imprevisiveis encontrou seu campo de aplicagao na fase de depressao econémica, que se estendeu entre as duas Guerras Mundiais. Na Alemanha, a queda vertiginosa do poder aquisitivo da moeda, e em todos os paises as violentas modificagdes de pregos e de mercados, tornaram os contratos sucessivos e dependentes de prestagées futuras extremamente onerosos para os devedores, Numa economia que se expande, a onerosidade dessas situagées é facilmente absorvida pelos beneficios da prosperidade geral. Talvez por isso nao se verificou, depois da lit Guerra Mundial, no periodo de prosperidade que se lhe seguiu, o mesmo apélo que se féz sentir depois da I*, as teorias visando a revisao ou a resolugao dos contratos. So esias doutrinas, em larga medida, os consectérios juridicos da depresséo econdmica. € certo que os desequilibrios monetarios consecutivos a II? Guerra, a rapida queda do poder aquisitivo interno das moedas e as disparidades de cambio verificadas entre as varias moedas, suscitaram e continuam a suscitar a, necessidade de revisdo de muitas obrigagdes. Mas a doutrina da impreviséo nao parece oferecer mais que uma indicagéo de rumo & solugao désse problema, a qual pode assentar sébre base tedrica menos ampla e mais definida. De fato, a perda de poder aquisitivo da moeda, a alta progressiva de salérios, © outros fatores que tomam excessivamente onerosas, no fim de algum tempo, as obrigagdes compensadas por pregos fixes, nao podem ser consideradas circunstancias imprevisiveis, no mesmo sentido em que se qualificam do imprevisiveis uma guerra, uma revolugao interna, ou uma queda de valores como a de 1929. Tanto mais que as altas de salarios © as modificagoes de valor da moeda resultam, direta ou indiretamente, de atos legislativos, administrativos e juriscicionais do poder piiblico. Aalta dos salarios @ a perda de poder aquisitivo da moeda sao fatos previstos, dentro da economia de tendéncia inflacionaria que o mundo atravessa desde o fim da II* Guerra Mundial. Na pratica dos contratos ésses fatos se tem traduzido no desfavorecer com que so vistos os contratos “a forfait’, a pregos fixos, como os de empreitada, de fornecimento e de vendas de coisa futura, e na inclusdo, em muitas convengdes, das chamadas cléusulas escalares (‘escalator clauses") que admitem uma reviséo do prego em fungao das modificagdes de um numero-indice, composto principalmente de dados relativos ao valor da mao de obra. Comegam a ser também discriminadas, entre as obrigagdes de dar certa soma de dinhelro (“certae pecuniae”), as que tm por objeto nao a quantia em si, mas um valor (obrigagdes de valor.) Enquanto as primeiras estéo sob o império do principio nominalista, isto é, devem ser solvidas com o nlimero de unidades monetérias indicado no titulo da divida, ainda que o poder aquisitivo daquelas unidades se tenha modificado, as segundas — as obrigagdes de valor - devem ser solvidas com a quantia que for capaz de representar o valor esperado.”” Essas abrigacées escapam, portanto, a0 principio nominalista, admitindo um reajustamento, em que se leve em conta a flutuagao do poder aquisitivo da moeda. 18. A doutrina revisionista representa um importante temperamento do principio da obrigatoriedade dos contratos. Em vez de fazer da impossibilidade objetiva e absoluta por caso fortuito a Unica execugao da obrigagao, ela admite um momento posterior ao acérdo de vontades com eficacia modificativa ou resolutiva, embora a prestacao nao se tenha tornado impossivel. E incontestavel que as reformas legislativas mais recentes tendem a perflhar a doutrina da revisdo. Embora, o seu carater dominante ainda seja o de uma doutrina de emergéncia, introduzida por leis especiais de duragdo determinada, (v. g. lei Faillot, de 21-5-1918, lei francesa de 22-4~1919, lei belga de 11-10-1919, lei belga de 20-6- 1930), @ embora ainda se sustente que ésse cardter provisério Ihe 6 essencial, alguns cédigos incorporaram seus principios no direito geral. © novo Cédigo italiano, em seus arts. 1.467 e 1.469 dispos: hitpslwwnrevistadostribunais com brimatlappiwidgetshomepageldelveryldacument 58 zarv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals “Art, 1.467 - Contratto con prestazioni corrispettive. — Nei contratti a esecuzione continuata 0 periodica evvere a esecuzione differita, se la sopravwenuta onerosita rientra nell'alea eccessivamente onerosa per Il verificarsi di awvenimenti straordinari e imprevedibil, la parte che deve tale prestazione pud domandare la risoluzione del contratto, con gli effetti stabilti dal art. 1.458. a risoluzione non pud essere domandata se la sobrewvenuta onerosité rientra nell'arlea normale del contratto. “La parte contro la quale & domandata la risoluzione pud evitaria offrendo di modificare equamente le condizioni del contratto.” “Art. 1.488 — Contratto con obbligazioni di una sola parte. - Nellipotesi prevista dall'articolo precedente, se si tratta di Un contratto nel quale una sola delle parti ha assunto obbligazioni, questa pud chiedere una riduzione della sua prestazione owvero una modificazione nelle modalita di esecuzione, sufficienti per ricondurla ad equita.” “Art. 1.469 - Contratto aleatorio. — Le norme degli articoli precedenti non si applicano ai contratti aleatori per loro natura o per volonta delle parti ‘Também o Cédigo Civil (LGL\2002\400) do Egito (1949), em seu art. 147: “Toutefois, lorsque, par suite d’évenements exceptionnels, imprévisibles et ayant un caractére généralisé, exécution de obligation contractuel, sans devenir impossible, devient excessivement onéreuse de fagon a menacer le débiteur d'une parte exorbitante, le juge peut, suivant les circonstances et aprés avoir pris en considération les intéréts des patties, réduire, dans une mesure raisonnable, l'obligation devenue excessive. Toute convention contraire est nulle.” © Cédigo das Obrigagdes polonés, de 1934, em seu art. 269 dispunha: “Lorsque, par suite d'événements excepcionnels tels que: guerre, épidémie, perte totale des récoltes et autres cataclysmes naturels, 'exécution de la prestation se heurterait a des difficultés excessives ou menacerait une des parties d'une parte exorbitante, que les parties n‘ont pas pu prévoir lors de la conclusion du contrat, le tribunal peut, sil le juge nécessaire, d'aprés les principes de la bonne foi et d’aprés avoir pris en considération, les intéréts des deux Parties, fixer le mode d’exécution, le montant de la prestation, ou méme prononcer la résolution de la convention.” No Brasil, 0 Projeto de Cédigo de Obrigagdes em seu art. 32, acolhe a doutrina nestes térmos: “Quando por forga de acontecimentos excepcionais € imprevistos ao tempo da conclusao do contrato, opds-se a0 exato cumprimento desta dificuldade extrema, com prejuizo exorbitante para uma das partes, pode o juz, a requerimento do interessado, considerando com equanimidade a situagao dos contraentes, modificar 0 cumprimento da obrigago, prorrogando-Ihe o térmo, ou reduzindo-Ihe a importancia.” Como observa 0 mais acatado monografista do tema no Brasil, o Professor Amoldo Medeiros da Fonseca, a doutrina da revisdo entrou no direito positive brasileiro através de leis especiais, que atestam a tendéncia solidarista de nossa legislagao posterior ao Cédigo Civil (LGL\2002\400); decreto 19.573 de 1931; decreto 20.632 de 1931; decreto 24.150 de 1934; decreto-lei 4.598 de 1942; decretos-leis 5.169 de 1943, 6.739 de 1934 @ 9.669 de 1946 (lei do inquilinato); decreto 23,501 de 1933; decreto-lei 1.079 de 1939; decreto 22,626 de 1933; decreto 23.533 de 1933; 23.981 de 1934; 24.233 de 1934; decreto-lei 150 de 1937, decretos-leis 532, 755, 824, 1.001 e 1.002, de 1938; 1.172, 1.230 e 1.833, de 1939, 2.127 de 1940 (reajustamento econdmico de dividas de agricultores); decreto-lel 4.759 de 1942; e outros. Essas Ieis, como a jurisprudéncia recente das principais cértes brasileiras, traduzem, em grande parte, os desequilibrios econémicos consegiientes 4 depresséo de 1929, cujo principal efeito sdbre a economia interna brasileira foi a crise da lavoura, em 1930, e o chamado reajustamento econémico das dividas de agricultores. Intervengao direta do Estado nas relagdes econémicas 19. Assim como a politica solidarista das democracias conduziu a limitagées da autonomia da vontade e a uma importante revogagao da doutrina classica da obrigatoriedade, com a admissao da reviséo dos contratos por diffculdades supervenientes, assim a intervengao do Estado nas relages econémicas, assumindo atividades paralelas as dos parliculares, esté engendrando e continuara a engendrar problemas de adaptacao da teoria contratual. Quando a intervengao do Estado tem por fim tracar normas e limites a atividade econémica dos particulares, as normas legals, que déle emanam, assumem a forma, ja anteriormente examinada, de restrigGes liberdade contratual pela ampliagao da esfera do interesse publico. Quando, porém, é 0 préprio Estado que toma a si o desempenho de tais atividades, surgem problemas de outra natureza, que afetam o interesse geral e pdem em crise, sob certo aspecto, o direlto dos contratos, Esses problemas so, por ora, partcularmente sensiveis nos paises de economia socialista, desempenhando papel de relevo na formagdo do sistema dos contratos do direito soviético.2" Mas é inegavel que pertencem a todo sistema juridico, em que o Estado assuma fungées complexas na produgdo e na distribuicao de riquezas, organizando ‘emprésas ou unidades auténomas, que cooperam e contratam entre si. Sendo independentes quanto ao objeto © quanto @ administragao, essas emprésas estao habiltadas néo sé a contratar com particulares, mas também a contratar com outras emprésas estatais congéneres, de cujos servigos ou fornecimentos necessitam. Sucede, entao, que se uma emprésa estatal deixa de cumprir as obrigagdes assumidas para com outra emprésa estatal, a sango oferecida, pela teoria classica das obrigagdes — a execugao dos bens do devedor inadimplente — deixa de ter hitps:lwwnrevistadostibunais com brim: lapplvidgetshomepageldliveryldocumantt ee 2arv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals cabimento, pois seus efeitos se voltariam contra o proprio credor, cujo patriménio se confunde com o do devedor através da comum dependéncia de um mesmo proprietatio. Por essa razo, 0 direito soviético dos contratos tem desenvalvido, & sombra do conceito de sabotagem, um sistema de sangées pessoais contra os administradores de empresas estatais responséveis pelo inadimplemento de contratos.?2 Seja essa, ou outra ainda informulada, a solugo mais adequada, 0 certo 6 que 0s contratos feitos por empresa estatal com outra empresa estatal ndo podem ficar, em pals socialista ou ndo, dependendo para sua boa execugao apenas do implemento espontaneo das obrigagées e dos desajustamentos observados nos ‘empreendimentos nacionalizados ou socializados, sempre que éles dependem de servigos ou fornecimentos que nao contratam com particulares, Anecessidade de confiar a empresas estatais um numero crescente de servigos ¢ atividades ~ necessidade que hoje se observa, tanto em paises plenamente desenvolvidos, como em sub-desenvolvidos — impée como conseqliéncia uma adaptagao da teoria dos contratos, no tocante as sangées pelo inadimplemento de obrigagées, para que ésse instrumento Juridico de cooperacdo ndo se tore ineficiente, e nao sejam permanentemente insatisfatérios os resultados econémicos daquelas emprésas. IV, Conclusées 20, © exame das caracteristicas © problemas do direito dos contratos, no momento atual, conduz as seguintes conclusses: 1) A multiplicagao das formas de contratos, na pratica contempordnea dos negécios, prova a vitalidade do principio da autonomia da vontade, malgrado as miltiplas manifestagées do interésse publico, que se traduzem em limitagdes e regras coercitivas; 2) 0 principio da obrigatoriedade das convengées de direito puiblico e privado deve sofrer as restrigdes necessarias, para que as obrigagdes tomadas excessivamente onerosas em conseqiiéncia de atos governamentais ou de modificagées sociais consideravels e inesperadas, sofram uma revisdo a pedido da parte interessada, dentro de limites estabelecidos em lei; 3) é desejavel que um sistema de sangées eficazes seja estabelecido para dar uma férca obrigatéria mais efetiva, dos, contratos concluldos entre emprésas pertencentes ou controladas pelo Estado, ou com organismos internacionais. 1 Sdbre os principios gerais do direito dos contratos, oft. quanto ao direito italiano, além de tratados e obras sébre as obrigagdes em geral, Francesco Messineo, "Dottrina Generale del Contratto’, ed, Giufré, Mildo, pag. 10 © segs.; Francesco Ferrara, "Teoria del contratti’, ed. Jovene; sdbre o direito inglés: Anson, “Principles of The English Law of Contracts”, 19th. ed., pag. 1 @ segs.; no direito francés, tem dedicado especial atencdo ao argumento L, Josserand, “Cours de Droit Civil Positif Francais’, I, n. 13 e ‘passim’, “La publication du contrat’, “in’ “Recueil Lambert’, Ill, pag. 143; "Apercu général des tendances actuelles de la Théorie des contrats”, “in’ ‘Revue trim. de Droit Civi”, 1937, pag. 4; cfr, ainda: Planiol-Rippert, “Traité Pratique de Droit Civil Francais", VI ; 0s estudos “in” “Recueil Geny’, Il, de Rippert, Perreau, Josserand e outros; G. Maldray, "Des contrats d'aprés la récent codification privée faite aux Etats Unis.” Sébre o direito sulgo das obrigagées: A Von Tuhr, “Allgemeiner Tell des schweizerischen Obliogationenrechts", ed. Mohr (Siebeck), |, § 24 © segs. Sobre 0 direito alemao: Leonnard, “Allgemeines Schuldrecht des BGB", I, pag. 259; Rudolf Stammler, "Das Recht der Schuldverhaltnisse in seinen allgemeinen Lehren’, ed. Guttentag. Sdbre o direito belga: Henri de Page, “Traité Elém. de Droit Civil Belge’, ed. Bruylant, I, pag. 454, 461 e segs., e “passim.” Sébre 0 direito portugués: |. Galvao Telles, “Dos Contratos em Geral’, ed, Coimbra, pags. 43-53. Sdbre 0 direito brasileiro: M |. Carvalho de Mendonca, "Doutrina e Pratica das Obrigages’, ed. Freitas Bastos, II, pag. 183 e segs.; Lacerda de Almeida, “Obrigagées”, §§ 50-65 ; Clovis Bevilaqua, "Direito das Obrigacées" ; o principal trabalho brasileiro versando ‘0 tema 6 a monografia de Arnoldo Medeiros da Fonseca, "Caso Fortuito e Teoria da Imprevisao” ; cfr. ainda, Darcy Bessone, “Aspectos da Evolugao da Teoria dos Contratos.” Um estudo geral interpretativo da evolucao da teoria dos contratos, sem aplicagao especial a qualquer sistema de direito positivo, 6 o de Joseph Zaksas, "Les Transformations du Contrat et Leur L. ed. Sirey. 2 F. Messineo, “op. cit”, pag. 12 3d. Zaksas, “op. cit”, pags. 114 e 176 e segs. 4F. Ferrara, "Trattato di Diritto Civile Italiano’, |, pag. 59; R. Stammler, “op. cit.”, pag. 55; Regelsberger, “Pandekten’, L, pag. 129. 5M, Planiol, “Traité Elémentaire de Droit Civil’ I, pag. 18 e nota; pag. 160 e segs, 6G, Pacchior “Del Contratti in Generale’, pag. 3 e segs hitps:iwwnrevistadostibunais.com brim: lapplvidgetshomepageldliveryldocumantt 718 zarv2022 12:20 Envio | Revista dos Tribunals 7M, Planiol, “Traité Elém.", ll, pag. 247 e segs.; R. de Ruggiero, “Istituzione’, Ill, pag. 129; A. Von Thur, pag. 828; Stammler, “op. cit.”, pags. 106 e segs, ‘op. cit.’ Ih 8 Luzzato, "Caso Fortuito e Forza Maggiore come Limite alla Responsabilta Contrattuale”, pag. 24; Bregstein, “Rapport au Congrés pour I'unification du droit privé”, pag. 2. 91L. Josserand, “op. cit.” “in” ‘Recueil Lambert, Ill, pag. 143. 10 Cfr. G. Rippert, “Le Régime Démocratique ot le Droit Civil Modeme”, ed. 1936. 11 Sobre as relagées entre o direito privado e o capitalismo moderno, v.: Alexandre Leist, “Privatrecht und Kapitalismus in 19°, Jahrhundert, ed, Mohr (Sieheck,) 12H. Decugia, Robert E. Olds, Siegfried Tschierschky, “Etude sur Je Régime Juridique des Ententes industrielles’ ed S. des N., pag. 9 e “passim” ; Arturo Caputo, “| Consorzi d'lmprese”, ed. Giufré, pag. 96; Lammers, “La législation sur les Cartels et les Trusts", ed. 1927. 13 L. Josserand, “Evolution et Actualités.” 14 G. Osti, “La cosidetta clausola “rebus sic stantibus” nel suo sviluppo storico”, “i Pags. 1 segs. ; Bregstein, “op. cit.”, pag. 3, Rivista di Dirito Civile", 1912, 15 Pfaff, “Die klausel “rebus sc stantibu Fritze, "Clausula “rebus sic stantibus’, in der Koktrin und der osterr. Gesetzgebung’, Archiv f. burgerl. Recht, 1900, pag. 29 e segs. in" “Festschrift fur Uungam"; 16 Mcnair, “Legal effects of war’; Pollock, “Principles of Contraet’, 12.8 ed. por P, H. Winfield, pags. 222 segs. 17 Windscheid, “Die Lehre von der Voraussetzing’, ed. 1890. 18 V. Bregstein, “op. cit", pag. 8. 19 Planiol, “Traité élém.”, Il, pag, 166 e segs, O estudo @ a formulago dessa teoria tem sido objeto de numerosas teses francesas: Gueulette. "Effets juridiques de la guerre sur les contrats’, Paris. 1919: Maury, "Essai sur la notion d’équivalence”. Toulouse, 1929; Fyot. “Essai d'une justification nouvelle de la Théorie de limprévision", Dijon, 1921; \Voirin, “De limprévision dans les rapports de droit privé", Nancy, 1922; Auverny, “Liimprévision’, Paris, 1929; Foula, “Les caractéres de la notion diimprévision’, Paris. 1938 ; Barreyre, “L évolution et la crise du contrat", Bordeaux, 1937. No direito brasileiro, a obra ja apontada de Amoldo Medeiros da Fonseca, 20 Ascareli,“Dividas de valor’, in “Problemas das sociedades andnimas e Direito Comparado”, pag. 179: Scaduto, “Indebiti pecuniarie il deprezzamento monetario’. ed. Vallard, 1924: Mann, “The legal aspect of Money’, ed. Oxford, 1938, Sdbre o assunto so fundamentais as obras de Nussbaum, "Money in the law”, 1989 e Ascari, "La Moneta’, 1928 21 V. René David, “Droit Civil Comparé", ed. 1950, pags. 326 e segs. Consultar ainda, sébre o direito civil soviético, especialmente sébre o assunto em exame: Gsovsky, “Soviet Civil law’. Schlesinger, “Soviet Legal Theory’, 1943, 22'‘La véritable sanction, dans le cas ou une obligation résultant du plan n'est pas exécutée et ne peut pas étre exécutée par un organisme public, c'est la sanction d'ordre disciplinaire du pénal qui, apres enquéte, pourra étre prise contre ceux directeurs, employés, ouvriers, kolkhoziens qui seront reconn responsables de la no-exécution, que celle- ci provienne de leur incompétence, de leur incurie ou de leur désir de sabotage. Des sanctions de cette nature paraissent indispensables dans un ordre socialiste fondé la planification et 1 économie dirigée". (R. David, “op. cit", pag. 330.) hitps:lwwnrevistadostibunais com brim: lapplvidgetshomepageldliveryldocumantt ae

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