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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5* VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGREIRS PROCESSO N*: LUIZ, jé qualificado nos autos em epigrafe, que Ihe mover © Ministério Publico do Estado do Rio Grande do Sul, por seu advogado que esta subscreve, (procuragéo em anexo), vem a presenga de Vossa Exceléncia, apresentar alegagées em forma de MEMORIAS, com fulcro no Art. 403, § 3°, ¢ 404, paragrafo Unico, do Cédigo do Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir: 1 DA SINTESE DOS ATOS PROCESSUAIS O Ministério Publico apresentou dentincia em face do réu pelo crime de lesao corporal com fulcro no artigo Art. 129, § 9°, do cédigo penal, deixando de oferecera suspensao do proceso com fundamento no Art. 41 da Lei n® 11.340/08. Apés a citagao 0 réu apresentou resposta a acusagao nos termos do artigo 396do cédigo de processo penal, manifestando interesse na suspensao do processocom fulcro no artigo 89, da lei 9.099/95 O Ministério Publico entéo apresentou memorias requerendo a condenagao do réu com base nos fundamentos e pedidos expostos na dentncia, além de requerer a incidéncia da agravante de reincidéncia constante no Art. 61, inciso I,do CP. Desta forma, o réu vem apresentar seus memorias nos fatos e fundamentos queseguem: - DO DIREITO A) DA PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL PELA EXTINCAO DA PUNIBILIDADE EM RAZAO DA AUSENCIA DE REPRESENTAGAO COM RECONHECIMENTO DA DECANDENCIA [Digite texto} réu estd sendo processado por crime de leso corporal, © considerando nos termos do art. 88 da Lei 9.09/95, a agao penal relativa aos crimes de lesdo corporal leve deve haver devida representagao. No caso dos autos, a vitima é do sexo masculino e irmao do reu, e conforme enunciado, a vitima compareceu a delegacia de policia apés a intimagao, e a todo momento deixou claro nao ter interesse em ver o seu irmao responsabilizado criminalmente pelo fato ocorrido Além disso, passados mais de 06 meses do ocorrido sem representagao da vitima, ocorreu a DECADENCIA e por consequencia, a EXTINGAO DA PUNIBILIDADE do réu, nos termos do art. 107, IV, do Codigo Penal. Em face do exposto, postula pela decretagao da extingao da punibilidade, haja vista que sequer a dentincia deveria ter sido apresentada: APELACAO CRIMINAL, LESAO CORPORAL LEVE. DECADENCIA. RECURSO PREJUDICADO. Caso em que se afigura impositiva a declaragao de extingao da punibilidade, fulero nos artigos 103 107, IV, do Cédigo Penal, na medida em que estamos diante de crime cuja ago penal depende de representacdo (art. 88, da Lei 9.09/95), providéncia que nao foi tomada pelo representante legal da vitima, 6poca do fato, menor de 18 anos de idade. DECLARARAM EXTINTA. A PUNIBILIDADE DO —_REU(Apelagao—_ Criminal, N° 71010307346, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Luiz Ant6nio Alves Capra, Julgado em: 21-02-2022) Portanto, resta a NULIDADE DO PROCESSO, nos termos do Art 564, inciso Ill, Alinea “a” do CPP, faltando a devida representacgao e no Art. 564, IV do CPP faltando a formalidade essencial. B) DA SUSPENSAO CONDICIONAL DO PROCESSO Conforme verifica-se nos autos o Ministério Publico ao apresentar a dentincia deixou de requerer a suspensdo condicional do processo, com fulcro no Art. 41 da Lei n° 11.340/06. Ocorre que a suspensao condicional do processo 6 um direito do réu quando preenchido os requisitos legais do Art, 89 da Lei 9,099/95, nao sendo facultativo ao Ministério PUblico requerer ou nao. Assim exceléncia, 0 réu foi denunciado pela pratica do crime de lesdo corporal de [Digite texto} natureza leve, cuja a pena é de 3 meses a 1 ano de detengao, bem como 0 mesmo nao responde processo criminal e nem possui condenagao penal transita em julgado. Assim, ficando claro o direito do réu em requerer a suspenséo do processo, haja vista o preenchimento dos requisitos legais previstos em lei para tal condigao, o que foiignorado pelo Ministério Publico ao apresentar dentincia Desta forma o proceso decorreu sem a solicitagao por parte do Ministério Publico, quanto a possibilidade de suspender o processo, tendo em vista que como ja alegado, o réu possuia todos os requisitos para a suspensdo, bem como verifica-se que nao foi arguida esta possibilidade ao réu, estando 0 mesmo entao prejudicado, pois tem total certeza que possui os requisitos necesérios para a suspensao do proceso. Aury Lopes Jr disserta sobre 0 tema, vejamos: “€ importante sublinhar que, presentes os pressupostos legais, nBo poderd 0 Ministério Publico deixar de oferecer a suspensao condicional do processo, que padera ser aceita ou ndo pelo réu. N8o se pode esquecer que 2 medida insere-se na légica do consenso, nao apenas no sentido de que o réu nao é obrigado a aceitar a proposta, mas também na perspectiva de que poderd negociar a duragao © demais condigdes.” Portanto, de rigor o oferecimento da Suspensao condicional do Processo, nos termos do Art. 89 da Lei 9.09/95, ja que o réu faz jus, jA que a pena minima cominada é inferior a 1 ano. ‘C) DO ESTADO DE NECESSIDADE QUE FUNCIONA COMO EXCLUDENTE DE ILICITUDE O fato 6 em que virlude do incéndio causado, o réu agiu em ESTADO DE NECESSIDADE, uma vez que a casa estava em chamas e buscando se salvar de perigo atual e iminente, causado por terceiro, acabou violando integridade fisica de terceiro para resguardar sua propria integridade fisica, Assim em estado de necessidade causou lesdes leves a seu irmao, que diversas manifestou interesse em nao representar em face do réu, reconhecendo assim que o réu ndo teve culpa e nem dolo em sua conduta, [Digite texto] agindo exclusivamente com o intuito de salvar sua vida, sabendo que os demais presentes no local teriam plenas condigées de deixar o imével em seguranga Além disso, ndo houve danos maiores, tendo a vitima saiu do local sem sequelas e sem nenhum outro dano, somente pequenos ferimentos em virtude do golpe deferido. Devendo assim ser afastado o cometimento do crime de lesao corporal leve. Nesse sentido, destaco a definicao dada por Aury Lopes Junior: AA partir do momento em que o imputado & presumidamente inocente, no Ihe incumbe provar absolutamente nada, Existe uma presungao que deve ser destruida pelo acusador, sem que o réu (e muilo menos © juiz) tenha qualquer dever de contribuir nessa desconstrugo {diteito de silencio — nemo tenetur se detegere), Nos termos do Art, 24 do CP", considera-se em ESTADO DE NECESSIDADE quem pratica o fato para salvar-se de perigo atual, sendo assim, presente a EXCLUSAO DE ILICITUDE do ato, nos termos do Art. 23, I do cP. Portanto, resta a necessidade de ABSOLVIGAO do réu, nos termos do Art. 386, IV do CP, que diz que o juiz deve absolver o réu quando existir circunstancia que excluam o crime e isentem o réu de pena. D) DA PENA BASE NO MINIMO LEGAL (ART. 59/CP) 1* FASE DA DOSIMENTRIA Caso o magistrado entenda pelo prosseguimento do feito, a pena base deve ser mantida no minimo legal O réu 6 PRIMARIO e possui BONS ANTECEDENTES. Portando de rigor a pena-base no minimo legal, pois favoraveis as circunstancias, nos termos do Art. 59 do CP. E) AFASTAMENTO DA REINCIDENCIA (ART.61,1,CP) 2" FASE DA DOSIMENTRIA 1 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica fato para salvar de perigo atual que no provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, dieito préprio ou alheio, cujo sacrifico, nas circunstancias, no era razodvel exigir-se. (Redacao dada pela Lei n° 7.208, de 11.7.1984) [Digite texto} juiz considerou 0 fato de o réu ter sido condenado por CONTRAVENGAO para agravar a pena do réu. Todavia, a contravengado NAO E CONSIDERADA CRIME. Portanto, de rigor o afastamento da circunstancia da reincidéncia F) RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA IDADE DO REU +70 (ART. 65, 1, cP) Pugna-se pelo reconhecimento da atenuante s prevista no Art. 65, I, do CP, ja que o réu, atualmente, possui 72 anos de idade. G)RECONHECIMENTO DA ATENUANTE POR AMENIZAR AS CONSEQUENCIAS (ART. 65, Ill, alinea “b” do CP) Também de rigor a aplicagéo da atenuante prevista no Art. 65, inciso Ill, alinea “b”, do CP, pois o réu, logo apés o ocorrido, buscou minorar as consequéncias de seu ato, levando a vitima, imediatamente, para o hospital e arcando com todo seu tratamento. H) FIXAGAO DO REGIME ABERTO (ART. 33, § 2°, alinea “c” do CP) Pugna-se pelo regime ABERTO para cumprimento de pena, uma vez que o réu é PRIMARIO E DE BONS ANTECEDENTES. Ademais, 0 crime em comento é punido apenas com pena de DETENGAO e nao reclusao, com base no Art. 33, § 2°, alinea “cc” do CP. 1) DA SUBSTITUIGAO DA PPL POR PRD Come, o crime envolve violéncia, nao cabe substituigao. Todavia, nao sendo possivel a substituigao, considerar a primariedade do réu e os bons antecedentes para: J) APLICAGAO DA SUSPENSAO CONDICIONAL DA PENA (ART. 77/CP) [Digite texto} Presente os requisitos para oferecimento da Suspensao Condicional da Pena, prevista no Art. 77 do Cédigo Penal. Ill - DOS PEDIDOS: Diante o exposto, requer-se: a) Reconhecimento da extingao da punibilidade; b) Absolvigdo, nos termos do Art 386, VI, do CPP; ¢) Oferecimento da Suspensdo condicional do proceso; Qu subsidiariamente ) Pena base no minimo legal, Art. 59 /CP; e) Afastamento da reincidéncia, Art. 61, |, CP; f) Reconhecimento da atenuante + 70, Art. 65, |, CP; g) Reconhecimento da atenuante por amenizar consequéncias, Art. 65, Ill, b, CP; h) Fixagao do Regime aberto, Art. 33, § 2°, c, CP; i) Substituigao da PRD por PRL, se possivel, Art. 44, do CP; j) Suspensdo condicional da pena, Art. 77, do CP; k) Direito a recorrer em liberdade; 1) Direito a indenizagao minima Nestes termos, pede deferimento. Porto Alegre, 10 de abril de 2023. Advogada: Julia Pinheiro OAB n®: 0265068. [Digite texto}

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