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dia Jorse com fangdes colectivas. Em alguns, sobre as porss em ampolasiluminadas de azul, de noite, pode lense a palava SILENCIO. Siléneio neste recnto, por fo seuta,escutaio silncio desta outa casa. Escuts o siéncio deste casario, agora mesmo interompido por um lve rodado de méveis. rapariga de braneo entra empurrando o catinho replet de tranguitanas Ligui os, tesouas, aguas, vdeo. Escta as suas manobras sobre osvidos Escuralosiléncio da rapariga Ela ompe ‘oslénco,e pengunea ~ «Ento, fnalmente, chegou 0 grande dia? Eo que sente Tem medo, doutors Marina? Conte I gente» Escutai toda as palaras da rapariga de branco~ «A senhora vai sera primeira, ji et30 todos sua espera Vamosli, Niotenha medonenhum Eu, medo? Pos medo de qué? Sobre os varais da cama branca, std escrito © mou ‘nome. Eu continuo a ser a mesma, continuo a set Marina Pestana. Escutsi pois, o siléncio do corredor por onde vou a passar. O esplendor vem ter comigo a meio do corredor ¢ leva-me consigo, deitada, Vou ser a primeira da manhd, ehaja 0 que howver, banhada por ‘esse briho que me chama, nfo tenho medo nenbum. Sobre meu peito estreas,o sol, a Ina, lores, a égua do tanque, os peixes vermelhos,¢ a minha boca mud: sabendo de tudo. IMITAGAO DO EXODO Devemos evar as eriangas 20 encontro da Natureza, de outra forma elas ficamentaipadasentre casas ecereas « julgario que 0 munda ¢ fnito, Pobres dlas, e pobres «las mulheres e dos homens que jf vem por antecipa- ‘Gono interior das suas recents vidas, se nao souberem Alesde cedo que a Humanidade nfo se conta por mime ros, que a Tera fz parte do Cosmos, que o amor é um -Pobres dla se no souberem que algumas da estre- las que vemos no cfu jf desapareceram na noite dos empos, mes & sua luz ainda britha no firmamento, € assim, sabendo-o, se descubram pequenas.Pobresdelss, também, senio compreenderem que cfémerafigil prima da libéhla 36 vive durante um di, ¢ logo morre, ‘¢€ bom que o entendam para que se sintam grandes. ‘Sim, devemos colocé-as tanto diante das realidades Timitadas quanto das paisagens lives, para que se aper- cebam, desde cedo, que vida doshomens €uma agulha 6 ii Jonge oseilante entre exeremos, 6 assim, colocando as erin 88 entre os grandes espagos e os seres pequenos, eas saberdo dizer quem sio, quando thes couber asi mes mas construirem o futuro do mundo, Estes so os prin- ‘ipios que professora Matilde defende,e porisso ose colégio tem 0 cuidado de ensinar as eriangas a vida tal ‘como ela se nos apresenta no seu verdadero formato. ‘No dia de ontem, a professora Matilde descnhou uma circunferéncia a verde no calendirio do seu gabinete,e hoje levou-as ao Parque das Cidade Nio as levou sozinha. Douglas, o jovem professor, também acompanhou as criangas. Foi ele quem dese. ‘how 0 percurso ¢ concebeu o conceito, Para um pas- seio desta nacureza é necessivio um conceito que dé coeréncia ao todo e aos seus potmenores. Mas, desta vez, Douglas ndo pensou no pequeno e no grande ‘mundo da Natureza e do Cosmos, ¢ sim no delicado tecido da histéria, Pensou em alguma coisa mais em ‘conformidade com a natureza humana, mais préxima do sensivel coragio das criangas, Ou por outras pala ‘ras hoje, as criangas vio ao parque para representarem no a histéria longing, aguela na qual os actos sur- {gem petrificados em forma de estéua, mas a histéria Dréxima, a historia vivida, a histéria partlhada pelos homens de agora, isto é, para aprenderem a parteipar ‘a construgfo da marcha conjunta que terio de freer «em direogio ao futuro. Imig do Bodo ois as eriangas devem conhecer a alegria, a ter nur, lida, a esperang, mas também hes con- sém aprender imaginar a guerra o ergo, a tagfo, mone, ome, forgadaambigiodesmedida que powoa o espego de eilhags e Knguas de fogo para apren- dleremaestabelecera distncia entre aguer.cormis: Lio, qu elas devem i ao Pargue dss Cidades fazer 0 jogo do predador da vtimae do seu salvador Toi esse 6 conceto que Douglas crou para o passeio matinal deste dia Aqui esta razto pela qual oda de hoje as nalado pela reunfertnea verde, vai marearuma eapa lante.B ee, contudo, quem dirige a movimentagi0, Foi dele zideia de colocar nimeros nos fatos de teino das crlangss para que cada um conheca oseu ugar no grupo, Foi dle a ideia de manterem as mochilas s costs, 20 Jonge de toda a marcha, para que se ssiba que metade do corpo dos homens é composto pelos seus objec tos. Agora mesmo, a5 criangas, em mmero de trints © cto, param a entrada do pargue,e antes de inicinem o dia Jorge 4 marcha, ordenadas, acomodam-se nos seus hgares © ‘depois cantam em coro a professora Carminho quem dirige o canto, com 0s bragos levantados, imitando 0 ‘movimento miido eo leve, largo ¢0 profundo. A pro- fessora Nona sé igi, ¢ tratard dos lanches que ficaram ‘noautocarr. Ascriangasjécantaram, Ainda bem que hi jos neste mundo que dio primazia 20 canto, “Criangas! Caminhem, agora, naquela diceogio!= ~ disse Doulas. «Véem aquelasérvores de floes brancast Vamos drigit-nos para li» ‘As eriangas poem-se em marcha. Por certo que a ‘escola da professora Matilde esté na vanguards no que se refere a passagem de testemuno, processo sobre {qual se ergue o nobreedificio da educapio. O professor Douglas, como nenhum outro, sabe encontrar os temas para proceder a esse imprescindivel plano de trans- missio da experigncia E assim, as criangas vo rindo © voreando porque sabem que a cena de que vio partii- par va ser boa, vai ser importante, e colocam-se perf- ladas junto as Arvore, aguardando, Sio duasturmas de criangas instruidas,formadas, obedientes, preparadas para aquele momento grande. Chegimos,criangas.E agorats—pergunta o profes: sor Douglas, no meio do seu ebanhosagrado. (Os meninos formam um cireulo e esperam pela ‘ordem. Cada um conhece o papel que Ihe est dest= nado, conforme o mimero que leva no peito, Mas & claro que existe um espapo para o improvisoacontece Imago do Bodo Sem improviso nto hi cragio, e erianga ndo é apenas fo ser que se cra, € sobretudo aquele que asi mesmo se vai criando, Pois como nio? Assim, em primeiro lugar, toma-se necessério que as criangas se aperce- ‘bam do expago que vao percorret. Agora esto no alto do parguc, mas o objectivo & descerem pela relva até 20 fundo, i onde os cedros, que a nascente ea poente forman alas, se unem em altos eufos com as tii, 08 plitanos eos pinheiros pernaltas cujos ramos de folhas aceradas abanam como penas de easuar. Tudo isso fot cexplicado antecipadamente is erianeas, elas bem o sabem,Sabem, por exemplo, que drvore em torno da ‘qual se distribuem, neste momento, uma magnéli ‘Mas, precisamente porque sabem, precisam esque- cer, dir 0 jovem professor Douglas. Fechem os ofhos. Aquiloem que devem pensar é quese encontram numa cidade cor de area, onde hi casas de muitas cipulas porcina delas acontece wma guerra. Que eles mesmos ‘io oshabitantes dessa cidade ameagada pela guerra, ‘e que se vio mover em conjunto através da terra e do ‘mar, até alcangarem uma zona pacifica. Mas ser que a aleangirio? Que as criangasimaginem, pois, durante 0 Tongo pereurso, que deixaram rudo para cis, es tém ‘que levam junto a0 corpo. Jé se disse, um homem, sem objectos sobre o corpo, pode ser uma espléndida criatura, o mais belo animal da eriagZ0, mas nfo € uma ‘pesos. Os meninos io pessoas, levam os seus perten- ‘es consigo. Lidia Jorge Vamos, ciangas! Vamos avansar em grupo com- acto» ~ diz Doulgas para os meninos, que estio ins- ‘raids Entlo as criangas retinem-se no meio do parque, ‘olham para o céu e, em coro, produzem grandes gritos graves, produzem o barulho das bombs, Uma duas, dz veres. Grandes estrondos no a. Vint, trntaestrondos. ‘Comsuasvozesfundas, cles bombardeiam, bombardciam ‘mais Ainda os meninos de tri estioabombardear jos a frente caem, Por fim, todos caem,ealificam na rela, Aeitados, sob as mochila, mortosefridos. A desolao, a wisteza,o siléncio, a pausa total, pois agora a cidade ji esti destruida. Tal como previsto, as erangas conscien- Est naquela évore,além..» Querida, a Nona vai buscar os lanches com o moto rista, Os meninos tm fome. Vi, vamos Ii, junta-te a0 ‘grupo, estfotodosaserflmados 'A professora Nona leva Juliana pela mio e incorpo- saa no grupo, O grupo agora est lve para se disper- sar correr e vozear& vontade, gitar, se assim entender. As erangas esto zotasefelizs. ao assim as lances. ‘A cexperincia ficou gravada no fundo do fundo das suas vidas, ficou inscrita na meméria dos tecidos mais ‘escondidos dos seus corpinhos humanos, que um dia dario homens e mulheres formidiveis, com conscién- cia do perigo, da caistrofe eda Fuga. Mas, atenga0, os lanches chegaram. Se os lanches chegaram, énecessrio sentarem se, fazerem siléncio e comerem, cerimonios- ‘mente, como deve se. Lia jorge Sentados na relva, em tempo de Primavera, os ‘meninos calam-se. Sabem como &, estio instruidos, preparados. Nona distribuiu os lanches, iogurte, pio ¢ ‘marmelada. 0 sol nao encandeia porque uma nuvem vai passa. Entio, do meio do wufo de arvoredo em frente, ‘ergue-se um vulto, um pequeno vulto, que voa em cir culo, ¢ depois dispara para longe no sentido oposto 30 da cidade. £ um pissaro. O passato grta virias vezes dois sons, tio nitidos, io sonoros, tio de bua, Hodis ‘tintos no céu azul, protegido pela massa de sombra que ‘apa o sol, que os meninos suspendem o trajecto dos es, mudos, 56 filam quando o som, intermitente, se cova na distancia doar Juliana esd em pé «0 rel6gio do meu bisav6! Saiu do relégio do meu bisavé! Aquele pissaro.. Douglas, Douglas, saul» Diz Juliana, esobedecendo,grtando alto. Bum cuco, minha querida, é s6 um cuco. Um pée- sarobonito mas mau. Anda por ai porque no fez ninho, ‘comeu 0$ ovos dos outros pissaros © pés 0s seus no lugar. teu bisavd tem, ent4o, um relégio de cuco? E> “sf, Douglas» Como € 0 cuco do relégio do teu bisavd% Azul ecinzento ebranco.» “Tale qual. Agora sentate entre 0s teus colegas. Nio 0s distraias. Acabimos de interpretar uma marcha de Perseguidos que saem do seu teritérioeprocuram aslo ‘num outro lugar. Acabimos de inverpretar um &xodo, ‘Vocés ji sabem o que & um &xodo. Pobre de quem par- Initagto do Endo ticipa num éxodo, Nunca é de lugar nenhum. Vi vamos acabar de lanchar para regressarmos a0 colégio. Vamos diz Douglas. Terminado olanche, todos os men‘ ‘nos se levantam da rela ese dirigem ao autocarro, con Aazidos pelos quatro professores. Esto felizes os profestores, passando o olhar por sobrea cabeca das eriangas,Acabouse arepresentagio, ‘mas aguela marcha, nas suas vidas, nunca mais acaba 'As cidades fazem parte da Terra, a Terra faz parte do ‘Cosmos, Cosmos fx pate de algume coisa maisampla ainda, que tem nome, mas nés no 0 sabemos prontn- ‘iar ¢ no meio de tudo isso repousa vida humana que rio & nada, sea Terra nio for de todos, como se tudo aquilo fosse a nossa casa, ¢ a8 nossas cosas fossem as coisas de todos. Quando as pessoas ndo pensam assim, ‘entio ndo querem dividir entre sio Cosmos, a Terra, 35 cidades ¢as casas, enesse caso, o futuro seri nenbum. és, porém, pensamos o contritio, etransmitimos 0 ‘nosso pensamento 20s meninos. “Maso tempo sempre passa eagorajééo diaseguinte ‘As criangas regressam pela anh, & hora certa,€ sentam-se nas cadeiras baixas, diante das mesas bs sas, ¢ estio tranguilas, repousadas, Cumpridoras. Distribuen-se pelas duassalas contiguas logo rece ‘bem folhas braneas sobre as quais fardo os desenhos ‘da mani. Faro 0 desenhos que entenderem inspira- 1s wl Lidia Jonge dos no dia anterior. Muito mmponante. Muito simples. Oguesethespede éspenas qu reproduzam, sudo seuimaginirio, oimagindtio de cada, noteseacena sls intensa da grande marcha do Gxodoacontecia no dia anterior Lembram-se como fit Cenas de edad, desertos, mares, ondas,isto¢, tetrasda Europa, de Aftica, Asia, como hes fora expicado através do mapa Eo Mediterrineo, o mar do meio, ao meto. O mundo em smudanga em redor do Mediterrneo, Os homens bons, os homens mas, a rang inocentes, os policias da ordem,ospolcascomcassetete sto, tudo oguevive. -an,tudoo quesabem, dssecompésiotodo, qi thes fou na lembranga, ede que eles nterpretaram uma pa, no Parque das Ciades, que deseahem uma cena ‘Acena maisimporane. cena que lhe ficou na dia Quando fieste de moro, quando fzeste de nbs quando ieste de peregrina resusciado.O que vse, que ents o que deseaste ver. Vimo seninos Asctianges do colégio da preston Matilde so mais do que aplicads. Tomar as cancts de cero, pegam ‘235 fla, olham par o tect, lambem os bio, faze descer oss bragos de ot anos sobre as mest erp damente comegam a desenhar,Desenhatn evltan a desea: Desenham um pare verde, muita vores, «porcima dela, um pssrodeasas aber pintado de todas as cores. No e&, onde alguns desenham o sl ¢ outros mer sugem grandes balescomtendo step. Alo onomatopeica ds odo pasar. As das sbea 6 Initio do Bodo avr docu bom na En agus do dens ‘4 onomatopeia ocupaa folhainteira de lado a lado. Mas ‘oquesinda ¢maisextaordindriodo que aopgiotomada plas criangas, é que tad las, sem excepgHo, jgnoram grande marcha, pan destacarem apenas e 96a repre sentagio do cuco que nha voado sobre o parque.O que desenham a apario do pissaro.Faconieceunas das sales, Como assim? Camo se regista semelhante coinc= <énciat Nao era possvelexiangas daguela dade terem- -4e combinado,E por que #az3o se teriam combinado 4s criangas? Nona, Carminho, Douglas e a professora ‘Matilde fcam pensatios,preocupados, ‘Estaremosaver oque vemos? atm pce Gora eben ‘ejamon Oe um dia mai ad, ogo ver as pa enum ern perp deve Gade psn de ioe to on seahon ete como ee etree Chere adhgradar qu ee Inwem doenjan gs ter incre Pali pela cabosa at de qe cto ine de una ei ffi quran siren cana opt Ge noel earliest ms shine i oe sm 2 pele Degonoon os profoes Uma rvtnc 3 prendingem do em, penn Male Uns ei ttaia npn doco pens Doug. Um tela to cups d onder, pens Nona 7 Lidia Joge ‘Uma resisténcia & miisica elaborada da longa culeura crudita, aquela onde loresceu Bach e Beethoven, ma centrega& primiiva musica de dois tons, aquela que & produzida pelos tambores que ribombam na selva, pen- sou Carminho. Como, mas como, trabalhar a natureza ‘humana Pensavam os quatto, como se ndo transportas- sem em si essa mesma natureza. Seria que tudo teria de recomegar de novo, sempre e sempre, como se nada se aprondesse neste vidat Nesse momento, véem passar a correr a pequena Juliana, no mefo de um grupo. Meditativos, os quatto professores vio até & porta, O assunto muda de figura, la, fora elaacausadora.Belaa esponsivel. Ninguémo ‘dizymas todos o pensam, ainda que semelhante pensa- ‘mento sjairracional,e.s quatro professoressabern-no, Por isso, deveriam ficarcalados, cada um entregue 20 seupensamento iracional, Mas liana aproximase dos professores, meio a corres, dando pequenos pastos em altura, trotando, brincando, sem intimidagso alguma. O que ini cla dizer? ‘Douglas tem a tentagio de Ihe voltar at costa, por- {que foi cla quem distraiu os colegas da grande mar- cha do éxodo, no dia anterior. Se no fosse ela, todas 4s criangas teriam desenhado bombas, casas, meninos atirando-se20 cio, fugindo das bombas quecairiam na {otha de papel sobre a casas, esenhadas, no papel. Se no fosse cla, talvez os meninos se tivessem desenhado 8 Init do odo estos, agarrados uns 20s outros, abragando-se, ‘saindo do mar, cantando, Sim, fora por causa da aten- ‘glo desviada para a passagem do pissaro, que todas as eriangas tinham desprezado a grande marcha, © {importantissimo percurso, duas voltas pelo parque, perfazendo ao todo uma viagem de mais de sete mil ‘quildmetros, para se concentarem apenas no som do ‘cuco que deveria ter acabado de colocaro ovo noninho do pisco de peito ruivo, aeomodado no tronco de uma casuarina. Ressentido, Douglas aguardou pela crianga. Deixou que ela se aproximassee fxoua como se fosse ‘ua rival. Seria que Juliana, uma erianga tio pequena, cera capar de peroeber o que se passava na sua alma, € ‘na alma dos profestores companheiros que estavam seu lado? Ninguém falava. Mas era como se 0 mentor tivesse falado, a pequena tivesse ouvido ¢ estivesse a ponto de responder. Responderia? Nio responderiat Rodando asia, ela hesitava, “Douglas, Doulgase disse por fim. «Nao vés que © plssaro jé ndo volta mais ao reloglo€ Agora Muu nas Aevores, O meubisav libertow-o» ‘Acrianga Juliana partiu a corres, alremando os pés c siltando, na dircosio do seu grupo, Tudo isto, como zo principio do mundo, pensou Douglas. Sim, como no principio e no fim do mundo, pensou Carminho, a professora de misica. Naverdade, tudo comegac acaba ‘com dois tons, um mais grave, outro mais agudo, pen- \da Carminho, Tanto trabalho para pr ordem » Lia jog ‘as pequenas coisas, pensou Nona. Tantssimo, pensou 4 professora Matilde. Tantissima tantssimo trabalho para se compreender 0 mundo. Talvez a imitagio da grande marcha humana ndo tivesse sido bem fit pen- sou depois. Vamos comecar de novo, PASSAGEM PARA MARION [A divagagio sobre a coincidéncia € 2 flosofia dos pobres. Nao nego que por vezes também vivo dessa peniiia do espirto, principalmente quando um sals05¢ abre,um jovem surge entre portas e nele reconhecemos aquele que perseguimos com o olhar ao longo da tarde, seguros de que jamais as nosss sombrasiriam cruzar-se “Extamos:na casa do embaixador, a embaixatrizconduz 0 ‘apaz até ao centro da sla onde poderiam encontrarse Avontadeoitenta pessoas, mas naquele momento s6 ali testo quatro, diz ~-O nosso héspede chama-se Mério ‘Aménio. Para nosso consoo, ele no se importa que © tratem pelo diminutivo, Pode chamar-the Marion.» Entio oeftito da coincidéncia wriplicase. Em primeiro lager porque teconhego no jover que embaixatriz apresenta, 0 mogo que vi estendido na teva, ao longo de duas horas, no extenso grer da mar- ‘ginal. Em segundo lugar, porque se da coincidéncia de (0 jovem ser portugués, o que significa que no se ratou 8

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