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Suicidio: Informar para Prevenir. O Papel da Atencgao Basica de Saude. CASCAVEL - PR 2020 INDICE 1-O que éoSuicidio? z 2-Suicidio e Saude Mental a 3-Desmistificando 0 Suicidio 6 4,-Fatores de Risco 9 5 - O Papel da Atencao Basica de Saude na Prevencao ao Suicidio 12 Questées Norteadoras Para Escuta Qualificada 13 6 - Como ajudar alguém com risco de suicidio? Era 7-Posvencao do Suicidio 25) REFERENCIAS 16 “O ponto e virgula é usado quando um autor poderia ter escolhido terminar uma frase, oO mas optou por nao fazer, ele continua. O autor é vocé e a sentenca é a sua vida.” O Projeto Semicolon (ponto e virgula em inglés), popularizou 0 uso do simbolo na prevengao ao suicidio em 2013, buscando incentivar a busca por ajuda e a ressignificagaéo da vida. 1-O que é 0 Suicidio? O suicidio € um problema complexo, pelo qual envolve diversos fatores. Nao existe apenas uma causa ou uma razdo para ocorréncia deste fendmeno. O mesmo é resultante de uma complexa interagaéo de fatores sociais, ambientais, bioldgicos, genéticos, culturais e psicoldgicos. Sendo assim, podemos definir o suicidio como um ato deliberado e executado por um individuo que possua intengao de morrer. Esse desejo pode se dar de forma inconsciente ou consciente, mesmo que ambivalente. Para concretizagao do ato, o individuo utiliza-se de um meio pelo qual acredita- se serletal. Por fim, podemos concluir que o suicidio é um ‘desfecho’ de uma série de fatores que se acumulam na vida do individuo, ndo podendo ser atrelado de forma simplista apenas a alguns dos acontecimentos da vida do sujeito. E a consequéncia final de um processo complexo, envolvendo todos os fatores jacitados. O fenédmeno do suicidio sempre esteve presente em nossa sociedade. Em cada tempo, ganhou roupagens culturais e histéricas de acordo com o contexto vivido. Na atualidade, o suicidio é considerado um grave problema de satide publica. De acordo com a Organizagao Mundial de Saude (OMS, 2019), a cada 40 segundos ocorre uma morte autoinfligida no mundo. Contudo, considera-se que grande parte dos suicidios podem ser evitados através de estratégias e intervencdes de diversos profissionais de satide. 2 - Suicidio e Saude Mental Praticamente todas as vitimas de suicidio possuiam um ou mais transtornos mentais e muitas vezes, os mesmo nao eram diagnosticados. Vale ressaltar que, quando identificados, em grande parte nao s&o tratados ou, entao, tratados de forma inadequada, tornando-se assim graves fatores de risco. O diagndéstico correto e o tratamento adequado sao grandes aliados na prevengao do suicidio. A seguir vamos conhecer as principais comorbidades presentes nos historicos suicidas, bem como seus impactos na vida dos sujeitos. Depressao O Transtorno Depressivo Maior (TDM), comumente chamado de ‘Depressao’, € um disturbio cerebral caracterizado pela desregulagao conjunta de areas relacionados ao humor, energia, prazer, fungdes neurovegetativas (libido, sono, fome e dor) e de funcgé6es cognitivas (pensamento, memoria e atencao), sendo em maior ou menor grau. Principais caracteristicas: Tristeza durante a maior parte do dia; Sentir-se inutil, culpado e deslocado do meio; Sentir-se cansado, fraco e sem energia; Perda de peso ou ganho de peso; Irritabilidade, desesperanca, perda de interesse em atividades de prazer ou rotineiras. A existéncia desses sintomas potencializa pensamentos de morte e suicidio no individuo, sendo a depressao a segunda maior causa de incapacidade no mundo de acordo coma OMS. Be) = fa Transtorno Bipolar Os transtornos bipolares sao um conjunto de doengas psiquiatricas caracterizadas pela desregulacao das areas do cérebro responsaveis pelo humor, energia, impulsos/vontade e pensamento nos quais ha 2 polos opostos de alteragées: lentificagao ou depressdo (devido a redugdo nas fungédes do cérebro) e ativagéo ou mania (devido a elevagao nas fungées cerebrais). Existem diversos graus de bipolaridade. Apesar de ser uma doenga da oscilagao do humor para os dois polos, mesmo nas formas graves, o predominio é de episodio de depressdo ao longo da vida. As principais fases do transtorno sao: « Fase Depressiva: sintomas de depressao; « Fase Maniaca: Pée-se em situagées de risco, pensamento acelerado, dificuldade de concentragdo e auto- imagem inflada de grandiosidade. Abipolaridade esta associada ao. risco de suicidio, especialmente nas fases de depressdo e nos casos de troca rapida de humor. Transtorno relacionado ao uso de Alcool e Substancias Acaracteristica essencial de um transtorno por uso de substancias consiste na presenga de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiolégicos indicando o uso continuo das substancias pelo individuo. O aspecto importante dos transtornos por uso de substancias, € uma alteragao basica nos circuitos cerebrais que pode persistir apds a desintoxicacgao, especialmente em paciente com transtorno agravado. Geralmente as mortes nao sao notificadas como suicidio, sendo confundidas, muitas vezes com overdose. Além do mais, 0 uso constante de alcool e outras substancias pode causar com o decorrer do tempo, outras comorbidades acumulativas, agravando assim orisco suicida. r & >) Esquizofrenia Trata-se de um transtorno mental crénico e grave que afeta o modo como. uma pessoa pensa, sente e se comporta. O mesmo é caracterizado por uma alteragao cerebral que dificulta o correto julgamento sobre a realidade, a produgao de pensamentos simbdlicos e abstratos e a elaboracgado de respostas emocionais complexas. E valido destacar que a Esquizofrenia se encontra dentro um espectro, podendo se manifestar de diversas formas. O portador de esquizofrenia é incapaz de avaliar seu préprio comportamento. Neste caso, pessoas proximas ao paciente sao quem identifica os sintomas e procuram ajuda médica. Vale ressaltar que a esquizofrenia contribui com cerca de 10% dos suicidios, por isso a importancia da identificagao precoce para aprevencao. Manifestag6es comuns da esquizofrenia: + Delirios eAlucinagées; + Fala desconexa; + Comportamento desorientado. Transtorno de Personalidade Transtornos de personalidade podem ser caracterizados por um grupo de alteragées psicolégicas e psiquiatricas que comprometem o normal desenvolvimento das relagées interpessoais. Alguns especialistas sugerem que a existéncia de fatores genéticos e ambientais contribui para o seu desenvolvimento. Apersonalidade é um padrao complexo de caracteristicas psicologicas que definem um individuo. A partir da sua personalidade, uma pessoa da significado ao seu meio, constrdi a sua prdpria imagem e interage com o meio em que vive. Ao sofrer de um transtorno de personalidade, o individuo nao consegue se adaptar as diferentes situacdes da vida cotidiana, ja que a sua personalidade se torna inflexivel e funciona de forma distorcida. Os transtornos de personalidade possuem grande influéncia nos niveis de suicidio. Os dois transtornos a seguir sao os que apresentam maiores indices: Transtorno de Personalidade Antissocial Transtorno de personalidade antissocial € uma condigaéo em que a pessoa tem pensamentos e atitudes disfuncionais. No caso, essas pessoas tendem a explorar as outras para ter algum ganho, seja material ou mesmo pessoal. Em geral, pessoas com transtorno de personalidade antissocial nao fazem distingao entre certo e errado e nao consideram os direitos, desejos e sentimentos dos outros. Também pode ser chamado de personalidade sociopatica ou sociopatia. Quem tem transtorno de personalidade antissocial costuma mentir, infringir leis, agir impulsivamente e desconsiderar sua propria seguran¢a ou a segurang¢a de terceiros. Caracteristicas fortes: + Sao frequentes os comportamentos de risco envolvendo atividades sexuais, uso de drogas e tentativas de suicidio. + Pode associar-se com uso de drogas e outras formas de transtornos psiquiatricos. + Possuem pouca ou nenhuma empatia. Transtorno de Personalidade Borderline Transtorno de Personalidade Borderline é um transtorno mental grave caracterizado por um padrao de instabilidade continua no humor, no comportamento, auto-imagem e funcionamento. Os sintomas mais comuns englobam instabilidade emocional, sensagao de inutilidade, inseguranga, impulsividade e relacdes sociais prejudicadas. Essas experiéncias geralmente resultam em agées impulsivas e relacionamentos instaveis. Uma pessoa com Sindrome de Borderline pode experimentar episddios intensos de raiva, depressdo e ansiedade que podem durar apenas algumas horas ou até mesmo dias. Alguns individuos com este transtorno também apresentam altas taxas de ocorréncia de outras comorbidades psiquiatricas, tais como disturbios do humor, transtornos de ansiedade e disturbios alimentares, além de abuso de substancia e da automutilagaéo. Também é muito comum nesses individuos Os pensamentos e comportamentos suicidas. + A pessoa borderline possui dificuldades em lidar com o abandono, o que pode ser gatilho pra pensamentos e atos suicidas; * O presente sentimento de ‘vazio’ e as constantes mudangas de humor que o individuo experiencia no cotidiano, também pode facilitar pensamentos e atos de violéncia autoinflingida; 3 - Desmistificando o Suicidio Existem diversas barreiras para detecgao precoce do suicidio, 0 que dificulta sua prevengao. Muitas destas barreiras sao compostas por tabus e estigmas, pelos quais foram enraizados no pensamento da sociedade. Algo comum de diversas civilizag6es, em especial daquelas ligadas ao cristianismo, é a ideia do suicidio como um ‘pecado grave’, talvez até o maior deles. Consequentemente, muitas pessoas ainda sentem medo e vergonha de expor seus problemas e buscar ajuda, com receio de serem julgadas e mal compreendidas. Erros e preconceitos vém sendo historicamente repetidos dia apés dia, contribuindo para formagao de um maior estigma em torno da doenca mental e do comportamento suicida. Esse estigma é resultante de um processo em que individuos sao levados a se sentirem envergonhados, excluidos, descriminados e muitas vezes sem saida. O persistir dessas situagées excludentes pode acabar colaborando para o agravo mental, finando no suicidio. Sendo assim, é necessario difundir informagées e capacitar profissionais para lidar com essas situagdes em seu cotidiano, em especial os profissionais de satide. A seguir, vamos conhecer alguns mitos difundidos sobre a ideagao suicida que, se desconstruidos, podem colaborar para identificagao precoce e a prevengao do ato suicida. Mitos O suicidio é uma decisdo individual, uma vez que cada um tem 0 direito de exercer seu livre-arbitrio. Uma vez que o individuo possua pensamentos suicidas, isso durara pelo resto de sua vida. Quem diz que vai se matar so quer chamar atengao. Nao vai realmente fazer isso. Uma pessoa deprimida e que pensa em se suicidar apresenta uma melhora tempo depois, significa que o problema passou e que ela n€o ira mais sentir vontade de morrer. Mitos comuns sobre 0 Suicidio a Verdades Esta afirmagao é FALSA. Precisamos ter em mente que o suicida na maioria das vezes esta passando por uma doenga mental, além de outra situagdes, que afetam completamente sua percepcao de mundo, interferindo assim em seulivre arbitrio. FALSO. Ao ser executado eficazmento o tratamento apropriado, afastara o individuo da situagao de risco, evitando assim pensamentos e atos de violéncia autoinflingida. Esta afirmagado é FALSA. Além disso, € muito perigoso ignorar essas falas. Muitos suicidas expressaram seu desejo de morrer para outras pessoas, dias ou momentos antes de concretizar 0 ato. Ouvir e acolher sem preconceitos pode mudar esta situacao. FALSO. E preciso ter cautela nestas situagdes. Se uma pessoa com ideagao suicida apresenta melhora, pode significar que a mesma tomou a decisao final de por fim a sua propria vida, trazendo assim alivio para mesma. Sendo assim, esta melhora pode ser apenas aparente. Quando um individuo sobrevive a_uma tentativa de suicidio, 0 mesmo ja se encontra fora de perigo. Falar sobre suicidio aumenta o risco. Verdades FALSO. Um dos periodos mais perigosos é quando a pessoa esta melhorando. da crise que motivou a tentativa ou ainda, quando a mesma ainda se encontra hospitalizada. Neste periodo, a pessoa se encontra muito fragilizada. Pode, inclusive, se sentir inferiorizada por nao ter conseguido éxito na tentativa). E importante ressaltar que independente de ter sobrevivido a tentativa, a pessoa ainda se encontra em ALTO RISCO, necessitando de tratamento apropriado. FALSO. Pelo contrario, falar sobre suicidio de forma assertiva e acolhedora, trazendo informagées importantes sobre o tema, pode aliviar a angustia daqueles que possuem este pensamento, além de estimular a busca por ajuda e prevenir os Casos. Amidia nao deve abordar este tema. FALSO. Amidia possui obrigagao social de tratar esta tematica, uma vez que a mesma é um grande problema de saude publica. A mesma deve retratar o assunto de forma educativa, apresentando seus sinais, causas e locais de ajuda. Ofertar informagdes a populagao sobre o tema, é fundamental para quebrar o estigma em torno da questao e estimular a prevencao dos casos. 4, - Fatores de Risco O reconhecimento dos fatores de risco é fundamental para identificar a ideacao suicida, bem como, tragar estratégias de intervengao. Os dois maiores fatores sao: transtornos mentais e tentativas prévias de suicidio. Assim como demonstrado anterioremente, a presenga de transtornos mentais altera a percepgao de mundo do individuo. Sendo assim, somando-os com outras problematicas cotidianas, podem trazer o desejo de morrer. Além disso, estima-se que tentativas prévias de suicidio seja o fator isolado mais importante, aumentando de 5 a 6 vezes as chances de novas ocorréncias. Pesquisas apontaram que cerca de 50% daqueles que se suicidaram, foram reincidentes no ato. Existem outros fatores de risco como a questao psicolégica, tanto a cultural quanto a social, que devem ser considerados ao se deparar com uma situaco de ideagao suicida. Sao: Sentimentos de Desesperanga, Desespero e Impulsividade; Estes sentimentos sao fortemente associados ao suicidio. E preciso estar atento, pois a desesperanga pode persistir mesmo apds a remissdo de outros sintomas depressivos. A I|mpulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de risco. A combinacgao de impulsividade, desesperanga e abuso de substancias como drogas e alcool pode ser particularmente letal. Idade; O suicidio em jovens aumentou em todo o mundo nas ultimas décadas e também no Brasil, representando a terceira principal causa de morte nessa faixa etaria no pais. Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes envolvem motivagées complexas, incluindo humor depressivo, abuso de substancias, problemas emocionais, familiares e sociais, historia familiar de transtorno psiquiatrico, rejeigao familiar, negligéncia, aleém de abuso fisico e sexual na infancia. O suicidio também é€ elevado entre os idosos, devido a fatores como: perda de parentes, sobretudo do cénjuge, solidao, existéncia de enfermidades degenerativas e dolorosas, sensacéo de estar dando muito trabalho a familia e ser um peso morto para os outros. Populagdo LGBTQIA+; Este grande grupo composto por Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgéneros, Transexuais, Queers, Interssexuais, Assexuais e + retine todos aqueles que nao se enquadram dentro do padrao heteronormativo, seja por género e/ou orientagao sexual. Todo LGBTQIA+ esta exposto ao preconceito, seja ele na escola, no periodo infantojuvenil, no trabalho, dentro da familia ou na sociedade como um todo. Todas as minorias experienciam isso em maior ou menor grau. Contudo, estes individuos desde a infancia precisam “esconder” quem verdadeiramente sao para preservar suas relagGes e também seu bem-estar. Muitos deles, inclusive, preferem manter suas verdadeiras caracteristicas em segredo mesmo na vida adulta por medo das retaliagdes. Por sofrer com tantos estigmas, discriminagédes e violéncia em todas as areas da sua vida, individuos LGBTQIA+ ocupam o topo da teoria de minority stress (estresse de minorias, em portugués), estresse crénico e duradouro e causandor de adoecimento mentale fisico. Consequentemente, individuos LGBTQIA+ tem maiores chances de sofrer de depressdo e ansiedade, além de fazer uso abusivo de alcool drogas, bem como, apresentam riscos elevados de suicidio, tudo isso se comparado com a populagdo heterossexual e cis. Doengas nao Psiquiatricas; pr» As taxas de suicidio sao maiores em pacientes com cancer, HIV/AIDS, doengas neuroldgicas, como Esclerose Multipla, Doenga de Parkinson e Epilepsia, Doencgas Cardiovasculares, além de doengas reumatoldgicas tal como o Lupus. Muitas vezes o impacto do diagnéstico, bem como os sintomas, ou entao, o estigma que algumas doengas trazem (HIV/AIDS ou outras. ISTs) podem induzir a ideagao suicida. Todavia, os sintomas nao responsivos ao tratamento e os primeiros meses apds o diagnéstico também constituem situagé6es de risco. Vale ressaltar que alguns desses problemas, se combinados com outros fatores de risco, exigem maior atengao no manejo. 10 Histéria Familiar e Genética; Assim como herdamos tracos de comportamentos dos nossos familiares, também herdamos tendéncias de desenvolvimento de transtornos mentais, bem como de outras comorbidades. Deste modo, 0 risco de suicidio aumenta entre aqueles com histdrico familiar de suicidio ou de tentativa. Estudos de genética epidemiologica mostram que ha componentes genéticos dentro dos padrées familiares nos casos de suicidio, assim como outros fatores ambientais envolvidos. Os mesmos estudos revelaram, ainda, que o risco de suicidio dos filhos de pacientes que tentaram o suicidio é maior quando se comparado com filhos de outras pessoas que nado possuiram mortes autoinfligidas. Fatores sociais; Quanto menos lagos sociais tem um individuo, maior o risco de suicidio. Isto porque o sentimento de distanciamento e nao pertencimento pode causar 0 adoecimento mental. As pessoas que moram sozinhas possuem maior risco de suicidio, com taxas mais elevadas entre aqueles que sao divorciados ou nunca constituiram um casamento. Além disso, dentro desta categoria se enquadra outro fator muito importante nos dias de hoje; o desemprego. Individuos com problemas financeiros ou entao, trabalhadores nao qualificados tém maior risco de suicidio, sendo que a taxa referente a mortes causadas por este determinante aumenta em periodos de crise econémica. a1 5 - O Papel da Atencao Basica de Saude na Prevengao ao Suicidio Dar o enfoque na prevengao ao suicidio no ambito da atengao basica em satide é de extrema importancia, uma vez que as equipes das USFs e UBS sdo os agentes da satide mais proximos da populagao. Por conta da proximidade, estes profissionais sao capazes de identificar com maior facilidade os sinais de ideagao suicida, colaborando assim para uma maior prevengao dos casos. Além disto, a relagdo estabelecida pela equipe de sade coma populagao adscrita permite que seja criado um vinculo de confianca entre os pacientes e profissionais, tornando mais facil a comunicagao e a busca por ajuda. Este conhecimento amplo do profissional com a populacgao também permite que sejam identificadas redes de apoio para os pacientes em condicdes de fragilidade psiquica, através de intervengdes com familias, amigos e vizinhos proximos do paciente, ressaltando a importancia do apoio afetivo. Por fim, capacitar os profissionais da atengao basica para atuar na prevengao ao suicidio contribuira para que as unidades de sade continuem sendo porta de entrada para estas demandas, proporcionando uma nova abordagem sobre o tema e contribuindo para desconstrugao do tabu entorno do suicidio. A seguir, vamos conhecer algumas perguntas norteadoras para contribuir na hora de realizar a escuta qualificada com algum paciente pelo qual suspeita-se de ideagao suicida. 12 Questées Norteadoras Para Escuta Qualificada LS canner) | a 1. Descobrir se a pessoa tem um plano definido para cometer suicidio: + Vocé fez algum plano para acabar com sua vida? = Vocé tem uma idéia de como ira fazé-lo? 2. Descobrir se a pessoa tem os meios para se matar: + Vocé tem pilulas, uma arma, inseticida ou outros meios? * Os meios sao facilmente disponiveis para vocé? 3. Descobrir se a pessoa fixou uma data: + Vocé decidiu quando ira acabar com sua vida? Algumas questées Uteis sao: * Quando a pessoa tem o + Vocé se sente triste? sentimento de estar sendo * Vocé sente que ninguém se compreendida; preocupa com vocé? * Quando a pessoa esta + Vocé sente que a vida nao vale confortavel falando sobre mais a pena ser vivida? seus sentimentos; + Vocé sente como se estivesse + Quando a pessoa esta cometendo suicidio? falando sobre sentimentos negativos de solidao, desamparo, etc. 6 - Como ajudar alguém com risco de suicidio? Quando as pessoas dizem “Eu estou cansado da vida" ou “Nao ha mais raz&o para eu viver”, elas geralmente sao rejeitadas ou, entao, sao obrigadas a ouvir que outras pessoas estao em dificuldades piores, deslegitimando assim seu sofrimento. Nenhuma dessas atitudes ajuda a pessoa com risco de suicidio. Além das perguntas norteadoras na escuta qualificada, é de grande importancia que o profissional encontre um lugar adequado para que seja realizada a entrevista e de preferéncia, que proporcione a privacidade necessaria. O proximo passo, é reservar 0 tempo necessario para o atendimento. Alguém com ideacao suicida usualmente necessita de mais tempo para deixar de se achar um fardo, precisando estar preparado mentalmente para receber atengao e conseguir se expressar da melhor forma. O objetivo da escuta € preencher uma lacuna criada pela desconfianga, desespero e perda. Poder fazer florescer na pessoa a esperanga de que as coisas podem mudar para melhor. Para que isso seja alcangado deve-se realizar uma abordagem calma, aberta, de aceitagaéo e de nao julgamento para facilitar a comunicacao. + Interromper muito frequentemente; + Ficar chocado ou muito emocionado; + Dizer que vocé esta ocupado; + Tratar o paciente de maneira que o coloca numa posi¢ao de inferioridade; + Fazer comentarios invasivos e pouco claros; +» Fazer perguntas indiscretas. + Ouvir atentamente, ficar calmo; + Entender os sentimentos da pessoa (empatia); + Dar mensagens ndo-verbais de aceitacao e respeito; + Expressar respeito pelas opinides e valores da pessoa; * Conversar honestamente e com autenticidade; + Mostrar sua preocupacao, cuidado e afeigao; + Focalizar nos sentimentos da pessoa. Ouca com atencao. Pratique a empatia Trate com respeito. Resguarde o sigilo profissional. 4 7 - Posvengao do Suicidio Oluto do suicidio descreve o periodo de ajustamento a um falecimento que é experimentado por membros da familia, amigos e outros contatos do falecido que sao afetados pela perda. Esta dor é diferente das outras formas de luto, uma vez que a morte do ente querido é repentina e surpreende a todos. A posvengao também inclui os pacientes que sobreviveram a uma tentativa de suicidio, indicando que o individuo esta carente de atengado diferenciada para prevenir reincidéncias. O periodo de posvengao inclui intervengdes que objetivam o cuidado ao paciente sobrevivente, bem como seus A atengao basica novamente familiares @ pessoas proximas que foram | tera papel importante nesse ponto. afetados pela morte ou tentativa. Por ser a instancia mais proxima da Asintervengées com os familiares de | familia, estas demandas chegarao forma adequada apresenta um potencial | yg mite e exigira que os eficaz nea preceeoo de readequagao da profissionais presentes mantenham vida e da rotina, auxiliando no processode | 4 postura empatica, de respeito as luto e evitando o adoecimento de outros emogoes e de articulagéo com as individuos. Neste ponto é importante | outras instancias de atendimento, ressaltar que os fatores familiares, assim objetivando uma melhor resolugao como exposto anteriomente, também sdo | go periodo de posvencao. indicativos de fator suicida, sendo uma morte capaz de servir como “efeito domino” para outros membros tentarem o suicidio, principalmente os filhos do falecido. Tanto nas situagdes de ideagao suicida como no periodo de posvengao, fica incumbido a atengao primaria o seguinte fluxo: Identificar - Avaliar - Manejar - Encaminhar a5 ( \ = ) REFERENCIAS: BRASIL. PORTARIA N° 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017. Politica Nacional de Atencao Basica. 2017, Brasilia, DF, Diario Oficial. Disponivel em: . Acesso em: 29/05/2020. CENTRO DE VALORIZACAO DA VIDA. SUICIDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR. 2014. BRASILIA. DISPONIVEL EM: < https://www.cvv.org.briwp- content/uploads/2017/05/suicidio_informado_para_prevenir_abp_2014.pdf >. Acesso em 24/05/2020. ORGANIZAGAO MUNDIAL DE SAUDE. PREVENGAO DO SUICIDIO: UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS DA SAUDE EM ATENCAO PRIMARIA. 2000, Genebra. Disponivel em: < https://www.who.intimental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_pho_port.pdf>. 28/05/2020. TEIXEIRA, S. M. O.; SOUZA, L. E. C.; VIANA, L. M. M. © SUICIDIO COMO QUESTAO DE SAUDE PUBLICA. 2018, Fortaleza. Disponivel em: < https://periodicos. unifor.br/RBPS/article!view/8565/paf > Acesso em: 27/05/2020. UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. PREVENGAO AO SUICIDIO. 2020, UFSC, Santa Catarina Disponivel em: . Acesso em 30/05/2020. L Cartilha desenvolvida por: Anderson Henrique Carbo: Assistente Social e estudante de pds-graduagao em Intervengao Social nas politicas de Assisténcia Social, Educacao e Saude. Centro Universitario da Fundagdio Assis Gurgacz - FAG. Cascavel - PR. anderson-carboni@hotmail.com Revisao ortografica: Paulo Henrique de Souza Moura phmoura@hotmail.com - >

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