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A Aula como Forma de Organizacao do Ensino Na escola, a aula € a forma predominante de organizago do proceso de ensino, Na aula se criam, se desenvolvem e se transformam as condigdes necessérias para que os alunos assimilem conhecimentos, habilidades, ati- tudes € convicgdes e, assim, desenvolvem suas capacidades cognoscitivas, A idéia mais comum que nos vem & mente quando se fala de aula & a de um professor expondo um tema perante uma classe silenciosa. E a conhecida aula expositiva, tao criticada por todos e, apesar disso, ampla- mente empregada nas nossas escolas. O estudo que realizamos anteriormente sobre os métodos de ensino mostrou que ndo devemos deixar de lado o método expositivo, mas devemos consideré-lo no conjunto das formas di- diticas de condugao da aula e como uma etapa no processo de estimulagio € diregio da atividade independente dos alunos. Devemos entender a aula como 0 conjunto dos meios © condigdes Pelos quais 0 professor dirige e estimula o processo de ensino em fungio da atividade propria do aluno no processo da aprendizagem escolar, ou seja, a assimilagdo consciente e ativa dos contetidos. Em outras palavras, © processo de ensino, através das aulas, possibilita o encontro entre os 17 alunos e a matéria de ensino, preparada didaticamente no plano de ensino € nos planos de aula. ‘A realizagio de uma aula ou conjunto de aulas requer uma estruturagio didatica, isto é, etapas ou passos mais ou menos constantes que estabelecem a seqléncia do ensino de acordo com a matéria ensinada, caracteristicas do grupo de alunos ¢ de cada aluno e situagdes didaticas especificas. Nas aulas se conjugam diversas formas didéticas, por meio das quais 6 estabelecida a correspondéncia entre tipos de aulas e métodos de ensino. Neste capitulo serdo trabalhados os seguintes temas: © caracterfsticas gerais da aula; 0 estruturagio didética da aula; 2 tipos de aula e métodos de ensino. Caracteristicas gerais da aula Se considerarmos 0 processo de ensino como uma ago conjunta do professor e dos alunos, na qual o professor estimula e dirige atividades em fungo da aprendizagem dos alunos, podemos dizer que a aula é a forma didética basica de organizag3o do processo de ensino. Cada aula € uma situagio didética especifica, na qual objetivos ¢ contetidos se combinam com métodos e formas didéticas, visando fundamentalmente propiciar a assimilago ativa de conhecimentos ¢ habilidades pelos alunos. Na aula se realiza, assim, a unidade entre ensino e estudo, como que convergindo nela 08 elementos constitutivos do processo didatico. De acordo com esse entendimento, o termo aula no se aplica somente aula expositiva, mas a todas as formas didaticas organizadas e dirigidas direta ou indiretamente pelo professor, tendo em vista realizar 0 ensino € a aprendizagem. Em outras palavras, a aula é toda situagio didética na qual se poem objetivos, conhecimentos, problemas, desafios, com fins ins- ‘rutivos e formativos, que incitam as criangas ¢ jovens a aprender. Consideremos, pois, que, na maior parte das vezes, nao temos wna aula, mas um conjunto de aulas, visto que os resultados do processo de ensino nao sio obtidos instantaneamente, ¢ sim pelo trabalho continuo do professor, estruturado no plano de ensino e nos planos de aulas. Em correspondéncia com as finalidades, princfpios, elementos cons- titutivos e meios da educagio escolar — objetos de estudo deste livro as aulas devem cumprir as seguintes exigéncias: 178 | ampliagao do nivel cultural e cientifico dos alunos, assegurando pro- fundidade e solide aos conhecimentos assimilados; 1 selegio ¢ organizaglo de atividades dos alunos que possibilitem de- senvolver sua independéncia de pensamento, a criatividade ¢ 0 gosto pelo estudo; © _empenho permanente na formacdo de métodos e habitos de estudo; 2 formagiio de habilidades e hdbitos, atitudes e conviegées, que permitam a aplicagio de conhecimentos na soluc%o de problemas em situagdes da vida prati D__ desenvolvimento das possibilidades de aproveitamento escolar de todos os alunos, diferenciando e individualizando o ensino para atingir niveis relativamente iguais de assi da matéria; © valorizagdo da sala de aula como meio edueativo, para formar as qua- lidades positivas de personalidade dos alunos; © condugio do trabalho docente na classe, tendo em vista a formagao do espirito de coletividade, solidariedade e ajuda miitua, sem prejuizo da atengio as peculiaridades de cada aluno. Estruturagao didatica da aula O trabalho docente, sendo uma atividade intencional e planejada, requer estruturagio ¢ organizagio, a fim de que sejam atingidos os objetivos do ensino. A indicagto de etapas do desenvolvimento da aula nao significa que todas as aulas devam seguir um esquema rigido. A opcio por qual etapa ou passo didatico € mais adequado para iniciar a aula ou a conjugagao de varios passos numa mesma aula ou conjunto de aulas depende dos objetivos e contetidos da matéria, das caracteristicas do grupo de alunos, dos recursos diditicos dispontveis, das informagdes obtidas na avaliagao diagnéstica etc, Por causa disso, ao estudarmos os passos didaticos, & im- portante assinalar que a estruturagZo da aula é um processo que implica criatividade ¢ flexibilidade do professor, isto é, a perspicdcia de saber 0 que fazer frente a situagdes didéticas especificas, cujo rumo nem sempre € previsivel. Devemos entender, portanto, as etapas ou passos didaticos como tarefas do proceso de ensino relativamente constantes ¢ comuns a todas as ma- (érias, considerando-se que ndo hé entre elas uma sequiéncia necessariamente fixa, ¢ que dentro de uma etapa se realizam simultaneamente outras. 179 Os passos didéticos so os seguintes: preparagdo ¢ introducao da ma- téria; tratamento didético da matéria nova; consolidagio e aprimoramento dos conhecimentos e habilidades; aplicagao; controle ¢ avaliago. ESQUEMA DAS FASES COORDENADAS. DO PROCESSO DE ENSINO PREPARACAO E INTRODUCAO. PROBLEMA E NOVAS ORIENTACAO PERGUNTAS DO OBJETIVO TRANSMISSAO E TRABALHO COM |ASSIMILACAO DA ‘A MATERIA MATERIA NOVA VELHA, Io Aspectos externos: ARTICULAGAO_ |— Exercicios (Métodos de’ ENTRE AS FASES — Recordagio ensino) MEDIAN — Memorizagio [5 Aspectos internos | 4 }— Consolidagio | —» (Métodos de assi- — Recordasiio milagao ativa) — Sistematizagto ~ pereepgio Fixagi 4 - formagio de faeces i conceitos — Aplicagiio ~ desenvolvimento de capacidades operativa AVALIAGAO E CONTROLE (Adaptago de esquema desenvolvido por L. Klingberg, 1978.) © esquema mostra a dinamica e a interdependéncia entre as fases do processo de ensino, A preparagao e a introdugo implicam o entrelagamento com os conhecimentos anteriores (matéria velha), demarcando o movimento do conhecimento velho a0 novo, do novo ao velho; jé hé aqui enlagamentos 180 também com outras fungdes didéticas do processo de transmisstio/assimi- lagdo: a consolidagao, a recordagio, a fixagio etc. A transigdo para a matéria nova implica a orientacdo didética para os objetivos, que consiste em ajudar os alunos a tomarem consciéncia das tarefas que terdo pela frente e dos resultados gradativos esperados deles. A matéria nova, por sua vez, implica 4 consolidagao, recordacio, sistematizacao, fixagao da matéria anterior. A aplicagao, na qual os alunos mostram capacidade de utilizar autonomamente conhecimentos e habilidades adquiridos, também assegura‘o enlace entre matéria velha e matéria nova; jé que tem por fungdo a ligagio dos conhe- cimentos com a pritica, € momento de culmindncia parcial do processo de ensino. A avaliagdo se conecta a todas as demais fases, pois lhe cabe verificar e qualificar 0 grau em que esto sendo alcancados os objetivos: todavia, é também um momento relativamente conclusivo da fase terminal do tratamento da matéria nova. ‘Vejamos algumas indicagdes para o desenvolvimento das fases ou pasos didaticos: 1. Preparagéo e introdugéo da matéria Esta fase corresponde especificamente a0 momento inicial de prepa- ago para o estudo de matéria nova. Compreende atividades interligadas: a Preparacio prévia do professor, a preparagao dos alunos, a introdugio da matéria ¢ a colocagiio didatica dos objetivos. Embora venham tratadas separadamente, isso nao significa que devam ser tomadas numa seqiigncia rigida. Antes de entrar na classe e iniciar a aula, o professor precisa preparar-se através de um planejamento sistemético de uma aula ou conjunto de aulas. A preparagio sistemética das aulas assegura a dosagem da matéria e do tempo, 0 esclarecimento dos objetivos a atingir e das atividedes que serio realizadas, a preparagio de recursos auxiliares do ensino, No inicio da aula, a preparagdo dos alunos visa criar condigées de estudo: mobilizagao da atengio para criar uma atitude favordvel ao estudo, organizagdo do ambiente, suscitamento do interesse e ligagao da matéria nova em relagio & anterior. Os professores mais experientes confirmam a importancia de incitar os alunos para o estudo: “Acho que se deve iniciar uma aula abruptamente, mas com um papo inicial para que os alunos se descontraiam. Se € uma aula de Andlise Sintatica, ao invés de chegar ao quadro-negro e colocar, de chofre, a teoria e os exemplos, a gente comeca conversando, pede & classe para 181 formar uma frase. E necessdrio partir de um ponto em que os alunos participem, para nao ficarem naquela atitude passiva.” “Cada aula minha tem muito a ver com a aula anterior, mostro onde paramos, pergunto aos alunos se a gente segue em frente ou niio. Eu gosto de situar os alunos naquilo que foi visto antes e que sera visto hoje.” (Libneo, 1984: p. 152.) ‘A motivagio inicial inclui perguntas para averiguar se os conhecimen- tos anteriores esttio efetivamente dispontveis e prontos para o conhecimento novo. Aqui o empenho do professor esta em estimular 0 raciocinio dos alunos, instigé-los a emitir opinides préprias sobre o que aprenderam, fazé- los ligar os contetidos a coisas ou eventos do cotidiano. A corregio de tarefas de casa pode tornar-se importante fator de reforgo € consolidagao. As vezes haverd necessidade de uma breve revisdo (recapitulagao) da ma- \éria, ou a retificagao de conceitos ou habilidades insuficientemente assi- milados. Como se vé, a preparagdo dos alunos é uma atividade de sondagem das condicdes escolares prévias dos alunos para enfrentarem o assunto novo. A introdugao do assunto, que obviamente ja se iniciou, € a concate- nagio da matéria velha com a matéria nova. Nao é ainda a apresenta da matéria, “dar 0 ponto”, como se diz, mas a ligagdo entre noges que os alunos j4 possuam em relacdo & matéria nova, bem como o estabeleci- mento de vinculos entre a prética cotidiana e 0 assunto. © melhor proce- dimento para isso é apresentar a matéria como um problema a ser resolvido, embora nem todos os assuntos se prestem a isso. Mediante perguntas, trocas, de experiéncias, colocagdo de possiveis solugGes, estabelecimento de rela- ges causa-efeito, os problemas atinentes a0 tema vao-se encaminhando para tornar-se também problemas para os alunos em sua vida prética. Com isso vio sendo apontados conhecimentos que stio necessérios dominar as atividades de aprendizagem correspondentes. O professor fard, entio, a cuiocagéo didética dos objetivos, uma vez que € 0 estudo da nova matéria que possibilitard o encontro de solugdes. Os objetivos indicam 0 rumo do trabalho docente, ajudam os alunos a terem clareza dos resultados a atingir. Trata-se, evidentemente, de objetivos vidveis, possfveis de serem atingidos. Além disso, vale muito aqui a consciéncia social e politica do professor no sentido de propor objetivos, conteiidos e tarefas que tenham significado real para a experiéncia social dos alunos. Os objetivos diio 0 tom educativo da instrugdo, pois que excedem o simples dominio de conhecimentos, de- terminando a orientagdo para o desenvolvimento da personalidade do aluno na sua relagio ativa com a realidade. Uma professora de Portugués diz a esse respeito: 182 “Eu comego discutindo com os alunos a importncia da Iingua para a hist6ria dos homens, a importincia da expressiio humana. Mesmo durante © ano eu volto a falar sobre isso. Outra coisa € que eu s6 consigo 0 interesse da turma quando eles sabem 0 ‘para que’ esto fazendo aquilo.” Na mesma linha escreve uma professora de Hist6ria: “Por mais tedrico que seja um trabalho na sala de aula, os alunos conseguem acompanhar, colaborar, interessar-se, desde que entendam duas perspectivas: a utilidade do conhecimento e 0 exercicio mental decorrente desse conhecimento. Atras desse exercicio tem uma vivén- cia, uma experiéncia, um conhecimento, Eu acredito que, mesmo aque- las matérias mais te6ricas conseguem atrair os alunos, se a gente con- segue fazé-los sentir a importincia do exercicio de reflextio, e com- preenderem que aquele conhecimento é titil, embora no de imediato”. (Libaneo, 1984: 159 ¢ 164.) Dada a suma importincia dos objetivos da diregao e controle da ati- vidade do professor e dos alunos, eles devem ser recordados em todas as etapas do ensino. Esse cuidado auxilia a avaliagdo diagnéstica, assim como evita a dispersdo, impedindo que aspectos secundarios tomem conta do essencial no desenvolvimento do plano de unidade. A duragio desta etapa depende da matéria, do tipo de aula, do preparo Prévio ou do nivel de assimilagio dos alunos para enfrentarem 0 assunto ‘videntemente, se ¢ inicio de uma unidade de ensino, o tempo sera 2. Tratamento diddtico da matéria nova Dissemos anteriormente que os pasos do ensino no stio mais que fungdes didéticas estreitamente relacionadas, de modo que 0 tratamento didatico da matéria ja se encontra em andamento, Mas aqui hé o propésito de maior sistematizagio, envolvendo 0 nexo transmissdo/assimilagio ativa dos conhecimentos. Nesta etapa se realiza a percepgio dos objetos e fe- némenos ligados ao tema, a formagiio de conceitos, o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas de observagio, imaginago e de raciocinio dos alunos. Na transmisso prevalecem as formas de estruturagao e organizagio égica ¢ didatica dos contetidos. Na assimilagdo, importam 0s processos da cognigdo mediante a assimilagao ativa ¢ interiorizago de conhecimentos, habilidades, conviegdes. Como s0 momentos interdependentes, ha af uma relagio recfproca entre métodos de ensino e métodos de assimilagio, ou 183, seja, entre aspectos externos e internos do método. Os aspectos externos so a exposigao do professor, a atividade relativamente independente dos alunos, a elaboragio conjunta (conversagio). Os aspectos internos com- preendem as fungdes mentais que se desenvolvem no proceso da cognigio, tais como a percepgiio, as representagdes, 0 pensamento abstrato, mobili- zados pelas fungées ou fases diditicas. Os aspectos externos do método no so suficientes para se obter a realizago dos objetivos do ensino. Se fosse assim, o ensino meramente expositivo e verbalista seria justificado. Mas, como se trata de assegurat a iniciativa, a assimilagio consciente e o desenvolvimento das potenciali- dades intelectuais do aluno siio os aspectos internos do método que vao determinar a escolha e diferenciagio dos aspectos externos. Podemos dizer, por outras palavras, que o que determina a forma externa de estruturar 0 ensino é 0 processo de conhecimento que o aluno realiza, no qual ativa as suas habilidades e capacidades ¢ desenvolve os seus processos mentais, Conhecer e compreender os aspectos internos do método € uma tarefa indispensdvel ao professor; para isso, precisa dominar conhecimentos da Psicologia da Educagio. Comecemos por entender o proceso de transmissfio/assimilago como ‘um caminho que vai do nio-saber para 0 saber, admitindo-se que o ensino consiste no dominio do saber sistematizado e no de qualquer saber. En- tretanto, ndo existe o ndo-saber absoluto, pois os alunos so portadores de conhecimentos e experiéncias, seja da sua pratica cotidiana, seja aqueles obtidos no processo de aprendizagem escolar. Essa constata¢o nos leva & idéia de que esse proceso se desenvolve em niveis crescentes de comple- xidade. Vejamos como isso se dé. A assimilago de boa parte dos conhecimentos que compéem 0 ensino de 12 grau se inicia pela percepgio ativa da realidade. A percepgao é uma qualidade da nossa mente que permite o conhecimento ou a tomada de contato com as coisas e fendmenos da realidade, por meio dos sentidos. A assimilago consciente dos conhecimentos comeca com a percepeao ativa dos objetos de estudo com os quais 0 aluno se defronta pela primeira vez ou temas ja conhecidos que so enfocados de um novo ponto de vista ou de uma forma mais organizada. A percepgiio, que & um processo de trazer coisas, fendmenos e relagdes para a nossa consciéncia, é a primeira familiarizagdo do aluno com a matéria, formando na sua mente nogdes concretas € mais claras e ligando os co- nhecimentos j4 dispontveis com os que esto sendo assimilados. Os alunos sfo orientados para perceber objetos reais, assimilar as explicagdes do pro- fessor, reavivar percepcdes anteriores, observar objetos e fendmenos no 184 seu conjunto novas Telagdes com outros objetos ¢ fenémenos, confrontar nogdes do senso comum com os fatos reais. Enfim, trata-se de trazer & mente dos alunos uma grande quantidade de dados concretos, levé-los a expressar opiniGes, formando na sua mente nogdes concretas e mais claras dos fatos ¢ fenémenos ligados & matéria, para chegar a elaboragio siste- matizada na forma de conhecimentos cientificos. Algumas atividades que preparam os alunos para a percegio ativa so as seguintes: pedir aos alunos que digam o que sabem sobre 0 assunto; evé-los a observar objetos e fendmenos e a verbalizar 0 que estéo vendo ou manipulando; colocar um problema pratico cuja solugio seja possivel com os conhecimentos da matéria nova; fazer uma demonstragao prética que suscite a curiosidade e o interesse; registrar no quadro-negro as infor- mages que os alunos vio dando, de forma a ir sistematizando essas in- formagoes. A percepgiio pode ser direta ou indireta, Pela via direta, hé um confronto com as coisas, fendmenos e processos da realidade estudada por meio de experimentos simples, estudo do meio, demonstracao. Pela via indireta, 0 professor recorre a explicagio da matéria, estudo independente dos alunos, conversagio dirigida, a fim de que o aluno v4 formando nogdes; para isso utiliza-se de ilustragées, desenhos, mapas e a prdpria representagio verbal dos objetos de estudo. As duas vias devem ser empregadas na percepco e assimilagio de conhecimentos novos. Cabe ao professor, conforme os objetivos, as con- digdes e meios didéticos disponiveis, a natureza do assunto ¢ a especifi- cidade de cada matéria, escolher ou combinar as vias pelas quais os alunos travam 0 primeiro contato com a matéria nova. A via direta é, certamente, mais rica e mais suscetivel de gerar boas representagdes. Entretanto, a via indireta € a mais freqlente na sala de aula, o que requer do professor cuidados especiais com a linguagem (expressar-se com clareza, usar Vo- cabuldrio acesstvel etc.), pois a explicagio visa obter a ligagio da percepcao sensorial e do pensamento na mente dos alunos, A primeira compreensio que os alunos adquirem da matéria determina a qualidade, a clareza e a preciso dos conceitos que vio sendo formados. Mas isto ndo quer dizer que haja separaco entre percepgio e assimi- lagi, entre conhecimento sensorial e conhecimento racional — um pritico, outro tedrico. Por um lado, 0 conhecimento racional se assenta no conhe- cimento sensorial, pois a matéria-prima do pensamento siio os fatos, objetos, acontecimentos do mundo real; por outro, 0 conhecimento sensorial j4 im- plica um conhecimento racional, pois quando observamos um fato (por exemplo, a chuva) jé temos certas idéias sobre ele. 185 ‘Um psicélogo norte-americano, David Ausubel, escreveu que um dos tragos mtis tipicos da aprendizagem significativa € justamente 0 fato de 0 conhecimento novo a ser internalizado estar logicamente relacionado com os conhecimentos mais antigos existentes na mente do aluno. Ele diz que 0s conhecimentos antigos (ou velhos) so como “Ancoras” (que se usam para manter os barcos parados na correnteza), com base nas quais sio assimilados conhecimentos novos. A percepgio ativa, sensorial, dos fatos ¢ fenémenos corresponde a0 que observamos no mundo exterior; porém, a compreensio e a reflexio de suas propriedades essenciais ultrapassam as possibilidades do conheci- mento sensorial. No proceso de assimilaco ativa, ao conhecimento sen- sorial se integra a atividade do pensamento abstrato que implica a formagio de conceitos. Considere-se que os processos de anilise, sintese, abstra € generalizagio, préprios das formas superiores do conhecimento, no ape- nas contém elementos sensoriais, como também estes implicam aqueles, evidentememte dentro do nivel de desenvolvimento cognoscitivo alcangado pelo aluno. Essa interpenetragio entre conhecimento sensorial e conhecimento ra- cional significa que, no processo didético, h4 um constante vaivém entre conhecimento novo ¢ conhecimento velho, entre o concreto ¢ o abstrato. A assimilagao da matéria nova é um processo de interligagio entre per- cepedo ativa, compreensio ¢ reflexio, de modo a culminar com a formag: de conceitos cientificos que so fixados na consciéncia e tornados dispo- niveis para a aplicagio. Convém assinalar um aspecto fundamental da percepgio ativa condu- zida didaticamente. A percepgao sensivel de objetos, fendmenos e processos da natureza e da sociedade é 0 tipo da conhecimento pelo qual se inicia © tratamento cientifico da realidade. Ao se observar a ligago entre objetos ¢ fendmenos, suas propriedades essenciais, também se analisa a intervengdo da prética social, a historia da ligagdo da atividade humana com 0 objeto de estudo para satisfazer necessidades humanas. Na medida em que 0 pro- cesso educativo é indissocidvel da vida pritica, a percepgio é condicionada a essa atividade pratica, que evidentemente tem a ver com a vida material € social dos alunos. Assim, as tarefas docentes de orientagao da percepgao ativa devem convergir para incrementar capacidades cognoscitivas, opera- tivas e a capacidade critica, simultaneamente. Assim, no estudo de um tema é fundamental que 0 professor oriente os alunos no confronto entre as nogdes sobre os fatos os fatos mesmos, uma vez que se trata de formé-las em concordancia com eles. No proceso de aproximagio das nogdes cientificas (por exemplo, caracteristicas e propriedades do ar) é necessério estabelecer nexos sociais implicados nessas nogdes, pois 0 co- 186 nhecimento tem sua origem sua destinago na pritica social. O ar é um elemento constante da natureza e da vida humana. Ele nfo € apenas uma substincia quimica da atmosfera, mas esté na fabrica, em casa, na cidade, no campo. E um conhecimento cientifico saber que, por exemplo, sob de- terminadas condicdes do processo de produco, o ar é prejudicial 4s pessoas © que essas condigdes podem ser alteradas pela agdo humana Cumpre ressaltar, assim, que na formagio de conceitos também esti implicada a atividade do sujeito na pritica social, porquanto 0 aluno se reconhece nos conceitos que lhe so significativos. Os processos de apreen- so das qualidades e caracteristicas de objetos e fenémenos (matéria de estudo) ¢ a formagio dos correspondentes conceitos cientificos estio vin- culados & diregiio da atividade humana, seus objetivos e motivos, a expe- rigncia social e cultural do aluno, a seus valores, conhecimentos ¢ atitude: frente a0 mundo. Podemos sintetizar os momentos interligados do proceso de trans- missio-assimilagdo, que é a base metodolégica para 0 tratamento didético da matéria nova: uma aproximagio inicial do objeto de estudo para ir formando as pri meiras nogbes, através da atividade perceptiva, sensorial. Isso se faz, na aula, através da observacdo direta, conversagio didatica, explorando a percepgdo que os alunos tém do tema estudado; deve-se ir gradati- vamente sistematizando as nogdes; © elaboragdo mental dos dados iniciais, tendo em vista a compreensio mais aprofundada por meio da abstraciio e generalizagio, até consolidar conceitos sobre os objetos de estudo; © sistematizagio das idéias ¢ conceitos de um modo que seja possivel operar mentalmente com eles em tarefas te6ricas e préticas, em fungo da matéria seguinte ¢ em fungdo da solugio de problemas novos da matéria e da vida pritica. Neste processo os conhecimentos vao sendo consolidados, o que exige freqiiente sistematizag3o da matéria, recapitulagdo e exercicios. Por isso, © tratamento da matéria nova é insepardvel da etapa de preparagio e in- trodugdo, da etapa de consolidagao, da etapa de aplicagio e avaliagao. 187 3. Consolidagéo e aprimoramento dos conhecimentos e habilidades Nas etapas anteriores, o trabalho docente consistiu em prover as con- digdes e os modos de assimilagao e compreenstio da matéria pelos alunos, incluindo ja exercicios ¢ atividades praticas para solidificar a compreensio. Entretanto, o processo de ensino nao para af. E preciso que os conhecimentos sejam organizados, aprimorados e fixados na mente dos alunos, a fim de que estejam dispontveis para orienté-los nas situagdes coneretas de estudo € de vida, Do mesmo modo, em paralelo com os conhecimentos e através deles, € preciso aprimorar a formagao de habilidades e habitos para a uti- lizagdo independente e criadora dos conhecimentos. Trata-se, assim, da etapa da consolidacao, também conhecida entre os professores como fixagdo da matéria, Este importante momento do proceso de ensino tem sido reduzido, na escola, & repeticiio meciinica do ensinado, para o aluno reter a matéria pelo menos até a préxima prova. Os exercicios ¢ tarefas se destinam & aplicagio direta, retilinea, de regras decoradas, sem mobilizar a atividade intelectual, o raciocinio, o pensamento independente dos alunos. A conso- lidagao dos conhecimentos e da formagao de habilidades e habitos incluem 0s exercicios de fixagio, a recapitulago da matéria, as tarefas de casa, 0 estudo dirigido; entretanto, dependem de que os alunos tenham compreen- dido bem a matéria ¢ de que sirvam de meios para o desenvolvimento do pensamento independente, do raciocfnio e da atividade mental dos alunos. Por essa razio, as tarefas de recordacio e sistematizagdo, os exercicios e tarefas, devem prover ao aluno oportunidades de estabelecer relagdes entre © estudado ¢ situagdes novas, comparar os conhecimentos obtidos com os fatos da vida real, apresentar problemas ou questées diferentemente de como foram tratadas no livro didtico, pér em prética habilidades e habitos decorrentes do estudo da matéria. A consolidago pode dar-se em qualquer etapa do processo didético: antes de iniciar matéria nova, recorda-se, sistematiza-se, sto realizados exer- cicios em relago & matéria anterior; no estudo do novo contetido, ocorre paralelamente as atividades de assimilagiio e compreensio. Mas constitui, também, um momento determinado do processo didético, quando é posterior 2 assimilagio inicial e compreensdo da matéria, A consolidagio pode ser reprodutiva, de generalizagao e criativa. A reprodutiva tem um caréter de exercitagao, isto é, apés compreender a ‘matéria os alunos reproduzem conhecimentos, aplicando-os a uma situagdo conhecida. A consolidagio generalizadora inclui a aplicagao de conheci- ™mentos para situagdes novas, apés a sua sistematizagao; implica a integragao 188 de conhecimentos de forma que os alunos estabelegam relagdes entre con- ceitos, analisem os fatos e fenémenos sob varios pontos de vista, fagam a ligagao dos conhecimentos com novas situagdes e fatos da pritica social. A consolidagio criativa se refere a tarefas que levam ao aprimoramento do pensamento independente e criativo, na forma de trabalho independente dos alunos sobre a base das consolidagdes anteriores. Os procedimentos de consolidacdo que mencionamos se interpenetram. Os exercicios levam a fixagio ¢ formacio de habilidades e habitos, auxi- liando a sistematizacdo. A recapitualcdo (revisio, recordagio) se presta a firmar conhecimentos anteriores ¢ ligé-los aos novos, dando mais eficdcia ‘aos exercicios. A sistematizagao, pela qual se forma a estrutura I6gica da matéria na mente do aluno com a ajuda do professor, favorece a recapi- tulagdo e dé uma base mais sélida para a realizacao de exercicios. 4, A aplicagéo A aplicagao € a culminancia relativa do processo de ensino. Ela ocorre em todas as demais etapas, mas aqui se trata de prover oportunidades para ‘0s alunos utilizarem de forma mais criativa os conhecimentos, unindo teoria pratica, aplicando conhecimentos, seja na prépria prética escolar (inclusive em outras matérias), seja na vida social (nos problemas do cotidiano, na familia, no trabalho). O objetivo da aplicagao é estabelecer vinculos do conhecimento com a vida, de modo a suscitar independéncia de pensamento atitudes criticas ¢ criativas expressando a sua compreensio da prética social. Ou seja, a fungdo pedagégico-didética da aplicagdo ¢ a de avangar da teoria & pritica, € colocar os conhecimentos disponiveis a servigo da interpretagio e andlise da realidade. Nem sempre seré facil aos alunos expressarem nas provas, nos exercfcios, nas tarefas, as ligagdes, vinculos € relagdes entre os conhecimentos sistematizados e a vida pritica. Entre- tanto, € na aplicagao que os alunos podem ser observados em termos do grau em que conseguem transferir conhecimentos para situagdes novas, evidenciando a compreensio mais global do objeto de estudo da matéria. A aplicagaio de conhecimentos e habilidades supde 0 atendimento de determinadas exigéncias didaticas, de responsabilidade do professor: © formulagio clara de objetivos e adequada selegio de conteiidos que propiciem conhecimentos cientificos, nogdes claras sobre o tema em estudo, sistematizagio de conceitos bésicos que formam a estrutura dos conhecimentos necessérios 4 compreenstio de cada tema; © ligago dos contetidos da matéria aos fatos e acontecimentos da vida social e a0s conhecimentos e experiéncias da vida cotidiana dos alunos, 189 de modo que a realidade social concreta suscite problemas e perguntas a serem investigados no processo de transmissio/assimilagao da ma- téria e em relagdo aos quais se dé a aplicagao de conhecimentos. 5. Controle e avaliagéo dos resultados escolares A verificagio e controle do rendimento escolar para efeito de avaliagaio 4 uma fungio didética que percorre todas as etapas do ensino, e abrange a consideracao dos varios tipos de atividades do professor ¢ dos alunos no Processo de ensino. A avaliagio do ensino e da aprendizagem deve set vista como um processo sistemitico e continuo, no decurso do qual vao sendo obtidas informagdes e manifestagdes acerca do desenvolvimento das atividades docentes e discentes, atribuindo-Ihes juizos de valor. Os resul- \ados relativos que decorrem desse processo dizem respeito ao grau em que se atingem os objetivos e em que se cumprem exigéncias do dominio dos contetidos, a partir de parimetros de desempenho escolar, Para isso, sio empregados procedimentos ¢ instrumentos de mensuragao (observacio, Provas, testes, exercicios tedricos € priticos, tarefas) que proporcionam dados quantitativos ¢ qualitativos. A avaliagio cumpre, ao menos, ués fungdes. A funcdo pedagdgico- didatica se refere aos objetivos gerais e especificos, bem como aos meios € condigdes de atingi-los, uma vez que estes constituem o ponto de partida € os critérios para as provas e demais procedimentos avaliativos. A fungdo diagndstica se refere & anélise sistemitica das agdes do professor e dos alunos, visando detectar desvios e avangos do trabalho docente em relagio aos objetivos, contetidos e métodos. Através desta funcio, a avaliagao per- meia todas as fases do ensino, assegurando 0 seu aprimoramento perma- nente, possibilitando o cumprimento da fungio pedagégico-diditica. A fun- do de controle se refere & comprovagio € A qualificagio sistematica dos resultados da aprendizagem dos alunos, face a objetivos e contetidos pro- Postos. Através dessa fungi, sto coletados os dados sobre o aproveitamento escolar que, submetidos a critérios quanto & consecussio de objetivos, levam expressar juizos de valor, convertidos em notas ou conceitos. O atendimento dessas trés fungdes evita que avaliagio seja considerada como elemento isolado, vista somente pelo seu aspecto quantitative. Além disso, a fungio diagnéstica se destaca como meio de propiciar aos alunos © controle da sua prépria atividade, uma vez que so participantes ativos € sujeitos do processo de aprendizagem, 190 Pela importincia da avaliago no processo de ensino, dedicamos a ela um capftulo & parte, 0 capitulo 9, Tipos de aulas e métodos de ensino Na pratica, como devem ser conjugados as etapas ou passos da aula? Ocorrem todos numa aula s6 ou a cada um correspondem aulas diferentes? Os professores com mais tempo de magistétio vao adquirindo, com a ex- periéncia, seu sistema proprio de organizacao e distribuicdo das aulas con- forme a matéria, 0 contetido, o nimero de aulas semanais, adequando a cada tipo de aula os métodos de ensino, Entretanto, nem sempre escolhem a melhor seqiiéncia e nem sempre dio o peso devido a determinados passos, principalmente levando-se em conta que 0 processo de ensino existe para que 0s alunos assimilem ativamente os contetidos escolares ¢ adquiram métodos de estudo ativo ¢ independente, Em principio, a programagio de aulas correspondentes a cada passo didatico ou a utilizagdo de todos os passos numa s6 aula depende dos objetivos ¢ contetidos da matéria, das habilidades e capacidades mentais exigidas nas tarefas, do nimero de aulas semanais e da prépria duragao da aula, conforme 0 sistema adotado em cada escola. Na concepgio de ensino que propomos, as tarefas docentes visam organizar a assimilagio ativa, o estudo independente dos alunos, a aquisi¢ao de métodos de pensamento, a consolidagio do aprendido. Isso significa que, sempre de acordo com os objetivos e contetidos da matéria, as aulas poderio ser previstas em correspondéncia com as etapas ou passos do pro- cesso de ensino. Podemos ter, assim: aulas de preparagao e introdugao da éria, no inicio de uma unidade; aulas de tratamento mais sistematizado da matéria nova; aulas de consolidagdo (exercicios, recordagao, sistemati- zacio, aplicagao); aulas de verificagdo da aprendizagem para ava diagnéstica ou de controle. Em qualquer desses tipos de aulas, entretanto, deve existir a preocu- paco de verificagao das condigdes prévias, de orientagdo dos alunos para 08 objetivos, de consolidagao e de avaliagio. Conforme o tipo de aula, a matéria, os objetivos ¢ contetidos (estudo de assunto novo, formagio de habilidades, discussdo, exercicios, aplicagao de conhecimentos etc.), escolhe-se 0 método de ensino, dentro das variagdes de cada um, Nos métodos expositivo e de elaboragio conjunta, os alunos esttio ocupados a0 mesmo tempo com o mesmo assunto. No método de trabalho relativamente independente, a tarefa escolar se concentra no tra- balho silencioso dos alunos; a tarefa pode ser igual para todos ou diferen- 191 ciada para alguns; assegura um acompanhamento mais de perto dos alunos, conforme seu ritmo de aprendizagem. No método de trabalho em grupo, 6s alunos resolvem em conjunto uma tarefa, possibilitando a orientagio € ajuda entre professor e alunos, bem como alunos-alunos. Para a explicagio de um assunto de modo sistematico, principalmente quando h4 poucas possibilidades de prever um contato direto dos alunos com fatos ou acontecimentos, 0 melhor método € 0 expositive com suas variagbes. Se 0 objetivo é desenvolver habilidade de verbalizagZo ou ex- Pressio de opinides, entio o melhor método é a elaborago conjunta ou, as vezes, 0 de discusso em pequenos grupos. A escolha de métodos compatfveis com o tipo de atividades dos alunos depende, portanto, dos objetivos, dos contetidos, do tempo disponivel, das peculiaridades de cada matéria. Cabe ao professor ter criatividade e flexi- bilidade para escolher os melhores procedimentos, combiné-los, tendo em vista sempre o que melhor possibilita o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos, Nio hé, pois, um proceso de ensino tinico, mas processos concretos, determinados pela especificidade das matérias e pelas circunstincias de cada situago concreta. Além disso, os pasos didéticos sto interdependentes € se penetram mutuamente. A preparagZo e a introdug3o do tema no inicio da aula pode incluir exercicios, recordagdo da matéria anterior. O tratamento didatico da matéria implica a recordagiio da matéria anterior, a sondage. dos conhecimentos que os alunos jé trazem. A orientagdo para os objetivos, na fase de introdugio do tema, bem como a avaliago esto presentes em todos os passos, ¢ assim por diante, Atarefa de casa ‘A tarefa para casa é um importante complemento diditico para a con- solidagao, estreitamente ligada ao desenvolvimento das aulas. A tarefa para casa consiste de tarefas de aprendizagem realizadas fora do periodo escolar. Tanto quanto os exercfcios de classe ¢ as verificagdes parciais de aprovei- tamento, elas indicam ao professor as dificuldades dos alunos e as defi- ciéncias da estruturagio didética do seu trabalho. Exercem também uma funcao social, pois através delas os pais tomam contato com o trabalho realizado na escola, na classe dos seus filhos, sendo um importante meio de interago dos pais com os professores e destes com aqueles. Entre a tarefa de casa e a aula no pode existir separagdo. Nao é correto que as tarefas de casa contenham exercicios cuja matéria nao foi devidamente trabalhada em aula. Quando isso acontece, as criangas ficam 192 inseguras ¢ os pais acabam tendo que ocupar o lugar do professor, 0 que no € certo; mesmo porque a maioria dos pais das criangas da escola piiblica no dispde de conhecimentos para auxiliar nas tarefas. A tarefa para casa deve estar relacionada com os objetivos da aula, sendo uma modalidade de trabalho independente; o principal trabalho didético deve, pois, ser rea- lizado na aula. A tarefa de casa deve ser cuidadosamente planejada pelo proprio pro- fessor, explicada aos alunos, e os seus resultados devem ser trabalhados nas aulas seguintes. Nada mais frustrante para os alunos do que empenhar-se nas tarefas e depois receber um mero “visto” do professor. Para resolver o problema das criangas nao disporem, em casa, de con- digdes objetivas de fazer as tarefas, as escolas deveriam destacar uma sala na escola onde, sob superviséo de um professor, as criangas pudessem permanecer de uma a duas horas, fora do hordrio de aulas. A tarefas de casa no devem constituir-se apenas de exercicios; con- sistem, também, de tarefas preparatérias para a aula (leituras, redacdes, observagées) ou tarefas de aprofundamento da matéria (um estudo dirigido individual, por exemplo). Sugestées para tarefas de estudo Perguntas para o trabalho independente dos alunos © Explicar as fungdes que deve ter a aula para atingir os objetivos do ensino. 2 Por que se prefere chamar de aula um conjunto de aulas ¢ no uma aula isolada? Dar a sua prépria definigao de aula, levando em conta as exigéncias que as aulas deve cumprir no processo de ensino. © Descrever cada etapa ou passo didatico e explicar o grifico que mostra a inter-relagdo entre eles. © Por que se afirma que o sistema de passos ou etapas nio pode ser considerado linearmente? © Como devem ser combinados os tipos de aula e os métodos de ensino? 2 Como podemos justificar, pedagégica ¢ didaticamente, as tarefas de casa? 193

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