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© Manifesto, as Teses e a Plataforma aqui apre- seniados.sistematizam as idélas em torno das quals fol organizado o Comité de Luta pela Cons- trugo do Sindicato Livre, Nos, um conjunto de trabalhadores com expe- riéncias distintas de luta @ de reflexdo sobre 0 movimento sindical, ligados a regiao de Santo A- maro, zona sul da cidade de Sao Paulo, empreen- ‘demos, ao longo do primero semestre de 1983, um balango critico da experiéncia historica & atual do movimento sindical. Chegamos a trés conclusdes principais:a)o sindicato oficial entra. va 0 desenvolvimento da luta sindical dos traba- Ihadores; b) a maioria das correntes sindicais en. contram-se, apesar de diferencas secundérlas o- xistentes entre elas, Integradas no sindicato ofi- ial; 0) hd a necessidade de organizar uma frente sindical para lutar pela liberdade e pela autono- mia sindicals, isto &, pela extingao do sindicato oficial ¢ pela construcao do sindicato livre. Para dar 0 primeiro passo na diregto desse objetivo, fol que decidimos criar 0 Comité de Luta pela Construgao do Sindicato Livre. Nosso Comité pretende associar todos os tra- balhadores que, independentemente de suas po- sigoes Ideolégicas ou partidérias, estejam dispos- tos a lutar pela liberdade e pela autonomia sindi- Cais, com 0 objetivo de fortalecer a luta sindical de massa contva 0 desemprego, contra o nove ar- rocho salarial e contra 0 regime militar, ‘So Paulo, julho de 1983. Manifesto OSindicato oficial amortece aluta de classes Desde a sua implantagao em 1931, os sindica- tos oficiais tam sido um instrumenio a servigo da desorganizagao sindical dos trabalhadores. Esse organismo sindical, ao ongo dos seus cin- quenta e dois anos de existéncia, tem desempe- Ahado, fundamentalmente, um papel assisten- Gialista, policial, burocratico e desmobilizador. Quando através de alguns sindicatos oficiais chega-se a organizar lutas reivindicatérias, es- sas lutas maniém-se, sempre, dentro dos limites estabelecidos pelo interesse de classe da bur- Quesia, Sua orlentagao politico-sindical e o seu hivel de desenvolvimento jamais correspondem aos interesses e necessidades da classe opera- ’e das massas trabalhadoras. O sindicato ofi- cial amortece e modera a luta de classes. 2 De um lado, a estruture organizativa tipica dos sindicatos oficiais gera_uma concepgao e uma Prdtica sindical submissa e legalista diante do Estado — dependéncia frente a carta sindical, a0 imposto sindical, ao sistema de datas bases etc. — @ estimula, em decorréncia da organiza. 40 sindical por categoria ou ramo profissional, 4 concepgao e a pratica conservadoras do corpo: rativismo. As boas intengoes © a ago dos sindi- calistas no logram suprimir esses limites, que 880 impostos pela prépria estrutura do sindicato Oficial. De outro lado, o sindicato oficial fortale- ce as correntes pelegas ¢ conciliadoras. E 0 Es- tado quem assegura a representatividade (carta sindical), a unidade institucional (unicidade sin- ical, 08 recursos financeiros (imposto sindical), 08 meios © as formas de luta (datas bases) do sindicato oficial. Em consequéncia, o Estado po- de impor e impoe um processo seietivo que de- termina quais as correntes sindicais que pode- Fao ascender no interior do sindicato oficial. 0 resultado é que, no sindicato oficial, domina 0 Peleguismo © a conciliagdo com o governo e com os patroes. Quando uma corrente sindical combativa consegue passar pelo funil da eleicao sindical controlada procura agir de maneira in- dependente, o governo pode recorrer, gragas a integragao do sindicato oficial no aparelho de Estado, a destituigto da diretorla sindical rebel- de @ recuperar, rapidamente, o controle do sindi- cato que tentara sair da linha. Num sindicato ofi- lal pode haver luta. Mas essa lula é bloqueada — @ no ser que se abandone esse sindicato — sempre quando se enconira presies a possibili- tar um salto de qualidade na consciéncia ena corganizacéo dos trabalhadores 3 E por essa razéo que 0 sindicato oficial sem- pre foi prestigiado por todas as forgas burgue- sas que, em diferentes épocas, ocuparam 0 po- der de Estado no Brasil. E por’ essa razao, tam- bém, que esse organismo sindical tende a mudar de danga apenas quando muda 0 governo, isto é, muda para permanecer de acordo com 0s pode: rosos do dia. Foi a ditadura antioperérla de Getulio Vargas (1935-1945) que realizou 0 essencial do trabalho de implantacao e de fortalecimento do sindicato oficial, O governo tudo fez, entao, para atrair os trabalhadores menos conscientes para os sindi- catos oficiais e para esvaziar e destruir os sindi. catos livres, organismos cuja existéncia datava, muitas vézes, do inicio do século. Vargas conce- deu uma série de privilégios aos trabalhadores associados aos sindicatos oficiais. Chegou, in- Clusive, a transformar varios direitos trabalhistas em privilégios desses trabalhadores, marginali- zando da legislagao social os trabalhadores mais conscientes que prezavam a sua indepen- déncia e se negavam a ingressar no sindicato oficial. Os governos burgueses do periodo demo- cratico (1945-1964) nao demonstraram_nenhum interesse em instaurar a liberdade sindical. Tra- taram, isto sim, de manter e de expandir 0 orga nismo sindical oficial, de inspiragao fascista, herdado do periodo ditatorial. Foi © governo Joao Goulart (1961-1964) que completou o servi. {90 iniciado pela ditadura varguista, implantando, fo inicio da década de 1960, 0 sindicato oficial no campo. Questao de vida ou de morte para os burgueses e lalifundidrios: era urgente esvaziar @ destruir a organizagao independente que as 4 massas camponesas vinham construindo alra- vés das Ligas Camponesas, ¢ enquadrar o tra- bathador rural na camisa de forga do sindicato oficial. E esse trabalho de atrelamento do movi mento camponés ao carro do sindicalismo ofi- cial contou com a colaboragso ativa de corren- tes sindicals que se proclamavam defensoras da autonomia sindical. Nenhum desses governos burgueses teve do que s2 arrepender. O esforgo para implantar, for- talecer e prestigiar o sindicato oficial foi ampla- mente recompensado. De eficaz instrumento as- sistencialista e policialesco durante a ditadura varguista, 0 sindicato oficial converteu-se, a paf- tir de 1945, em aparelho utilizado pelos governos burgueses nacional-reformistas para manobrar e manipular 0 movimento de masse. Esse sindica- to serviu, entdo, para arrastar os trabalhadores para as campanhas nacionalistas que nada tin. ham a ver com o antiimperialismo popular. Foi usado pelos industriais como mecanismo de pressdo para acelerar a politica de industrializa- a0 entreguista e concentradora de renda, Em Contrapartida, esse sindicato obteve, em algu- mas conjunturas, pequenas concessoes das for- gas governamentais. Foie permitido organizar alguinas Iutas reivindicatérias ©, apds dezoito anos de tentativas frusiradas, as correntes sin- dicals que atuavam no seu interior obtiveram si- nal verde para construirem um organismo que se pretendia uma central sindical — 0 denominado Comando Geral dos Trabalhadores (GGT). Mas a hora da verdade chegou em 1964. Aj ficou claro que todo aquele enorme e biliondrio aparelho sindical, incluindo © C.G.T., era um corpo buro- cratico, sem nenhuma utllidade para os trabalha- dores, dependente do Estado © separado das massas populares. No momento em que os tra- balhadores mais precisavam de um organismo sindical para viabllizar a resistencia aos golpis- tas, bastou 0 sindicalismo oficial ficar orfao do Governo Goulart para que perdesse toda capaci- dade de mobilizagso. Integrado ao Estado, o sin. dicalismo oficial dependia, agora, dos governos militares e teve de adaptar-se a oles. A partir de 1964, a ditadura militar tudo fez pa: ta destruir as organizagoes populares, as Ligas, Camponesas, os partidos democraticos e de ba- se popular. Mas essa mesma ditadura nao repre. sentou nenhuma ameaga para 0 sindicato ofi- cial. Muito pelo contrario. Os militares, da mesma forma que um patréo pode substit funcionarios da sua empresa, trataram de subs- tituir as diregoes dos sindicatos oficiais ¢ passa. ram a se servir a vontade desse organismo sindi- cal fantoche. Os mistificadores escondem esse fato, mas a verdade é que a ditadura militar im: plementou uma politica visando fortalecer os sindicatos oficiais. Nesse aspecto, portanto, nao se observa nenhuma diferenga em relagao a0 pe- iodo precedente. A ditadura baixou uma série de decretos-leis, dentre os quais os decretos 229, 2 925 de 1967 e de 1969, concendendo ¢ amplian- do 08 privilégios dos sindicatos oficiais. Estabe- leceu punigdes para as empresas que dificultem © desconto em folna da mensalidade do traba- ihador associado ao sindicato oficial, concedeu noves privilégios ao trabalhador associado acs sindicatos fantoches: privilégios na obtengao de financiamento para a casa propria, na disputa Por empregos pubiicos etc. Enfim, a ditadura mi- titar tratou de prestigiar e de fortalecer esse or. ganismo sindical antioperério. 0 resultado dessa Politica do regime militar aparece nos numeros: de 2088 sindicatos oficiais de_trabalhadores existentes em 1964, esse nimero salta para 4391 ©m 1980. E a prova que esse crescimento & co- mandado pelo interesse ¢ pela iniciativa da dita. dura e nao pelo interesse e pela iniciativa dos trabalhedores reside no fato de que a taxa de ex. Pansao dos sindieatos oficiais mantém-se inal- terada ao longo do periodo 1964-1980. Nao cai, sequer, durante o governo Médici, quando, prati- camenie, inexistiu luta sindical no pais. Os governos militares, tal qual os governos de- Mocrdticos que os antecederam, nao tiveram Porque se arrepender dessa politica. O sindicato oficial sempre tuncionou, atendendo as necessi- dades especificas de cada conjuntura, de acordo com 0s interesses politicos da ditadura militar No periodo de “fechamento” do regime militar, 0 sindicato oficial desempenhou um papel estrita- mente assistencialista @ policial. Quando a dita dura iniciou a sua politica de abertura, o sindica- to oficial fol por ela utilizado, gracas a algumas Concessoes minimas ou puramente verbais, co- mo um instrumento decisivo para desorganizar a luta sindical, impedindo 0 desenvolvimento de um movimento sindical de massa contra 0 arro- cho salarial e contra a ditadura. Basta vermos como se desenvolveu a luta grevista no periodo 1978-1960 A partir de maio de 1978, os trabalhadores, or. ganizados fora do sindicato oficial, lograram re- omar a luta grevista, Sem as supostas facilida. z des provinientes do imposto sindical, da legisla- a0 da data base, enfim, sem as supostas facili- dades proporcionadas pelo sindicato oficial, os trabalhadores organizados de maneira indepen- dente no interior das fabricas e contando apenas com as suas préprias forgas conseguiram de- sencadear a luta grevista que, durante toda a dé- cada precedente, milhares de sindicalistas alo- jados nos sindicatos oficiais tinham conseguido abafar. Organizados fora do sindicato oficial: es- sa foi uma das chaves do sucesso dos trabalha- dores. Tal fato permitiu que essas greves igno- rassem 0 calendario oficial de reivindicagoes e, por isso, pudessem ocorrer, simultaneamente, em Sao Paulo e no ABC; permitiu, também, que entre os dirigentes das greves e representantes dos trabalhadores nas negociagdes com as em- pfesas nao se verificasse a presenca e a agdo sabotadora dos pelegos, a figura tipica do sindi- cato oficial; @ tal fato possibilitou, finalmente, que sobre os dirigentes das greves no pesasse a ameaga de destituigéo que atemoriza ¢ inibe a acao de diregdes integradas nos sindicatos ofl- ciais. No ano seguinte, em 1979, quando parte da luta grevista comecou a se organizar através dos sindicatos oficials, a primeira Impresséo, para muitos sindicaiistas, foi a de que essa in- tegragao estava possibilitando um avango na Iu- ta sindical dos trabalhadores. Porém, rapida- mente, 0 sindicato oficial comegou a minar, por dentro, 0 movimento de massa: Sujeltou-o a0 ca- lendétio oficial de reivindicagdes, dividindo, por todos os anos seguintes, a luta sindical dos ope- rérios de Sao Paulo 2 do ABC; colocou-0 ao al- cance da agdo sabctadora dos pelegos; subme. teu A lutela governamental. As auditorias, as pressdes ocultas e as destituigdes de diretorias sindicals passaram a ser largamente utilizadas pelo governo sempre que uma direcdo de um sindicato oficial ultrapassasse o limite que divi- de a pressdo bem comportada sobre os patroes e 0 governo, da luta sindical de massa contra os patrOes e a ditadura. Dezenas e dezenas de gre. ves foram derrotadas gracas a atuacao de todos esses mecanismos, tipicos do sindicato oficial. J& em 1980, 0 sindicato oficial tinha logrado de- sorganizar 0 movimento grevista e levar ao de sanimo Inumeros setores do movimento sindical. Impedir que 0 movimento sindical se conver. tesse num amplo movimento de massa contra 0 arrocho salarial e contra a ditadura; obrigar que © movimento sindical permanecesse, em grande parte, governista e, em parte, como um simples grupo de pressao, separado das massas e inte- grado no sistema politico do regime militar: essa foi a funcao desempenhada pelo organismo sin- dical oficial. O sindicato oficial é uma peca de- cisiva na implementacdo da politica de abertura da ditadura militar. E por isso que Murilo Mace- do, fazendo coro com varias correntes sindicais, tepudia o paralelismo sindical e festeja 0 fortale: cimento dos sindicatos (oficials). Eis 0 balango que o Ministro da ditadura faz da experiéncia sindical recente: “As manifestagoes um tanto desorganizadas do movimento trabalhista nas greves de 1978 e 1979 (amadureceram) em um Novo sindicalismo. Firmaram-se liderangas no- vas. As disputas pelas diretorias dos érgaos de classe transformaram-se em verdadeiras campa- nhas politicas. As diretorias ganharam represen 9 Talividade e 0 sindicato ampliou o seu espago na vida da Nagao: néo apenas como um érgao de defesa de interesses de categorias econdmicas e profissionais, mas como pega importante para (© processo de consolidagao da democracia no Pais.” (artigo de Murilo Macedo, publicado no jornal Folha de Sao Paulo de 16/12/1982) Os trabalhadores nunca deixaram de lutar pelo sindicate livre Mas a histéria do sindicato oficial é, também, a historia da luta e da resisténcia dos trabalha- dores contra esse sindicato fantoche. Os traba- thadores nao se restringem, como 0 fazem varias correntes sindicais, a reivindicar 0 afrouxamento do controle do Estado sobre os sindicatos. No lutam apenas pela reforma do sindicato oficial. Procuram, em diversos tipos de iniciativas, destrujr e8se sindicato @ construir um sindicato livre. E a aspiragéo por uma pratica sindical In- dependente da burguesia e conforme com os in: teresses das grandes massas que leva 0s trab: Ihadores a rejeitarem o sindicato integrado no Estado e a lutarem por uma organizagao sindical autOnoma e democratica. Muitas vezes essa as- piragao e essa luta tem permanecido difusa, ins- tintiva, dispersa e sem diregao. Algumas vezes, contudo, converteu-se numa luta consciente, unificada e massiva pela construgao de sindica- tos livres e pela destruicao do sindicato oficial. Durante a década de 1990, na fase de implan- tagao do sindicato oficial, foram apenas os soto: res mais atrasados do movimento sindical que aceltaram oficializar (solicitar a carta sindical) Seus organisms sindicais, convertendo-os, por- 10 tanto, em sindicatos oficiais. O setor mals avan- ado @ majoritario do movimento sindical, tendo a frente 08 operdrios de S40 Paulo, negou-se a Oficializar os seus sindicatos livres, Recusaram: se, com a allivez propria dos operérios consclen- les, a trocar a sua liberdade e a sua independan. cia sindical pelas aparentes vantagens que 0 go- verno Vargas concedia aqueles que se curvas- sem diante dos sindicatos tantoches, O decreto que criou 0 sindicalismo oficial é de margo de 1931. Alé outubro de 1934, apenas 25% dos sin- dicatos operérios oficializados.localizavam-se ‘os dois grandes centros industrials do pais — Sao Paulo e Distrito Federal. A maior parte das solicitagoes de carta sindical vinha do Norte e do Nordeste, regides de balxissima industriall- zagdo e praticamente desprovidas de tradigao operdria. A firmeza dos operdrios dos grandes centros urbanos da regido Sudeste fortaleceu-se com as iniciativas posteriores de varios setores, das classes trabalhadoras. Nada menos do que 40 sindicatos oficiais do Rio Grande do Sul opta- ram, em 1933, pelo rompimento com o Estado e devolveram suas cartas sindicals ao Ministério do Trabalho, A derrota dessa resisténcia massi va e consclente ao sindicato oficial ¢ a destrul- {80 dos sindicatos livres 6 foram possivels gra- Gas a0 regime ditatorial instaurado em 1925. No decorrer do periodo democratico (1945-1964), os trabalhadores de diversos setores produtivos voltaram a se organizar, em distintas conjuntu- fas, fora dos sindicatos oficiais. Puseram em pé centenas de comissoes de empresa e dezenas de associagdes que, sem qualquer ligagao com 68 sindicatos fantoches, funcionavam, na prati- a, como auténticos sindicatos livres, Foi com base nesses organismos independentes que os ‘operérios lograram organizar grandes @ : sas lutas grevistas, como as de 1946 © as de 1953. Ainda nesse petiodo, exemplo destacado de organizagao independente foi dado pelos tra- balhadores do campo. As suas Ligas Campone- sas constituiram 0 destacamento avancgado da luta (e nao do discurso) de massa (e nao de ga- binete) pela reforma agréria radical. Nenhuma Comissao de Empresa e nenhuma Liga Camponesa era legalmente reconhecida, is- to 6, oficializada pelo Estado, nem pelo Ministé- fio do Trabalho, nem pelas DRTs. Nao depen. diam, tampouco, de recursos financeiros arreca- dados pelo governo (impostos, taxas etc.). Esses ‘organismos apoiavam-se, apenas, na contribui- ‘gA0 voluntaria e na luta consciente dos trabalhi dores. Como nao dependiam dos “de cima”, po- diam ser controlados pelos ‘de balxo”: a organi zagdo e 0 funcionamento interno das ComissOes @ das Ligas eram determinados e controlados pelos prdprios trabalhadores. Nesses organis- mos, os funcionérios do Ministério do trabalho e das DRTs nao metiam o nariz. As Comissoes e as Ligas ensinavam os operérios e camponeses a caminharem sem as muletas oferecidas pelos ‘seus inimigos, a andarem com as suas proprias, Pernas. Eram verdadeiras armas a servigo da lu- ta dos trabalhadores. O limite de muitas dessas organizagdes residia no fato de elas nao possu fem consciéncia da sua propria independéncia. As Comisses de Empresa eram, na pratica, embrides de um sindicato livre, alternative ao sindicato oficial, mas nao tinham clareza desse 12 fato. Em conseqdéncia, em vez de caminharem para dar 0 salto para a instauragao de um sindi cato livre, que Iutasse para esvaziar e para des. ttuir 0 sindicato oficial, acabaram convertendo. se em presa das correntes sindicais que queriam utilizar as comiss6es como trampolim para a Conquista de postos de diregao no interior do sindicato oficial, Foram vitimas da proposta rea. cionaria de ligar as comissOes de fabrica (inde. Pendentes) ao sindicato fantoche), Sob a ditadura militar, vimos como, do interior das fabricas, com representantes eleitos em as- sembiéias de massa, ignorando os recursos ma- teriais e as direcoes dos sindicatos oficiais, vi- mos como os trabalhadores souberam desenca dear, em malo de 1978, 0 maior ciclo de greves. da historia do Brasil. Os trabalhadores nao aban. donaram a aspiragao pela independéncia sindi- cal. O indice ridiculo de associados que os sin- dicatos oficiais exibem ao longo de toda a sua existéncia permanece como a expressao do des- prezo massivo, profundo ¢ duradouro, ainda que instintivo e carente de direcao, que as massas dedicam a esses sindicatos fanioches. Construiro sindicato livre: ‘nico caminho para a liberdade ¢ autonomia sindical © Comité de Luta pela Construgao do Sindicato Livre apdia.se numa necessidade e numa aspira. 80 reais dos trabalhadores, Retoma a bandeira que esteve nas maos de centenas e centenas de Sindicalistas ao longo da histéria do movimento sindical brasileiro. Nosso objetivo 6 construir um sindicato live © destruir_o sindical oficial. £ isso que iré permitir a afirmagéo de um movi. mento sindical enraizado nas bases, organizado de forma democratica, independente frente aos patrées © 20 Estado, éficaz na defesa dos inte. resses dos trabalhadores frente a crise do capi- talismo @ de orientagao antiditatorial. A defosa ou a conclliagao com o sindicato oficial inviabi- liza o combate ao peleguismo e restringe o mo mento sindical aos estreitos limites estabeleci- dos pelos patrdes e pela ditadura militar. Apenas © sindicato livre poder funcionar como uma ver- dadeira arma, endo como uma armadilha, para a luta dos trabalhadores. © Comité de Luta pela Construgae do Sindicato Livre nao pretende seguir a pratica bastante cor. tente de se fazer discursos contra a estrutura sindical e, ao mesmo tempo, procurar realizar uma cémoda carreira dentro dela. Nao pretende, tampouco, denunciar apenas e tao somente os efeitos dessa estrutura sindical — deposigoes de diretorias pelo governo, congelamento de fun- dos financeiros de entidades etc. —, silencian do, de maneira cimplice, frente aos’ fundamen. tos dessa estrutura — carta sindical, imposto sindical etc. Nosso objetivo é lutar, de fato, pela liberdade e pela autonomia sindical: construir um novo organismo sindical, um sindicato alter. fativo @ livre, @ destruir 0 organismo sindical oficial, esse érgao estatizado, burocratico e anti- operdrio. O Comité de Luta peta Construgiio do Sindicato wre @ um coletivo de intervengao na luta sind! cal dos trabalhadores. Os membros desse Comité Bossuem convicgdes ideoldgicas ou partidarias distintas. Unem-se na defesa das teses e da pla. taforma apresentadas a seguir. Os patrées, os latifundiarios eos monopdlios € bancos intemacionais estao descarregando, Gracas @ existéncia © & acdo do regime militar, 6 Peso da crise econdmica do capitalismo sobre as gostas dos trabaihadores. O crescimento do de- Semprego, 0 novo e brutal arracho salarial ¢ a {al ta de liberdade para os trabalhadores néo sao Ine. Vitdvels. A uta © a unidade combativa e conscien. te dos trabalhadores capaz de melhorar a sorte Gos desempregados, com a obtencao do salario- desemprego; de diminuir o numero de desemprega- wm rt dos, com a redugao da jornada de trabalho (sem fedugdo de salérios) dos trabalhadores emprega- dos, € pode derrotar 0 arrocho salarial, conquis- tando os reajustes mensais automaticos de sala rio @ 0 congelamento dos pregos dos bens de pri- meira necessidade. Para chegar a esses objeti- Vos, 08 trabalhadores precisam lutar contra a dita: dura e ferir os interesses dos grandes grupos eco. “Aémicos, conquistar uma reforma agraria radical e Suspender o pagamento da divida externa. Q movimento sindical ngo esta contrapondo uma resposta eficaz as medidas antipopulares impostas pelo regime militar, em nome dos inte- fesses dos patrées e do Imperialismo. E por isso que so 0s trabalhadores, 6 ndo os patroes, que tém pago pela crise. A méxi-desvalorizagéo do cruzeiro, 0 acordo com o Fundo Monetario inter- Racional (FMI), 0s sucessivos decretos contra os feajustes salariais, todas essas medidas foram impostas pelo regime militar sem que os traba- thadores lograssem oferecer uma resistencia con- siderdvel. Quem esconde, por tras de frases va- 2las ¢ triunfalistas; essa situagao de fraqueza do movimento sindical, esta contribuindo para man- télo na debilidade. Abaixos assinados, ago par- lamentar, congressos sindicais comprometidos com o sindicato oficial, infestados de pelegos dos quais nao resulta nenhuma luta de massa, hada disso tem resolvido os problemas dos traba- thadores. © movimento sindical necesita mudar de rumo e superar essa situacao. Necessita rom- per com os pelegos, combater ¢ derrotar esses 16 agentes do governo no movimento sindical @ as correntes sindicais conciliadoras, Tal rompimen- to nao sera uma diviséo que iré enfraquecer a luta sindical dos trabathadores. S6 interessa a unidade para a luta e nao a unidade para conciliar. Esse rompimento sera a depuragao que permitira ‘© movimento avangar, incorporando as massas numa {uta ampla de detesa frente a crise e pelo fim do regime militar. © peleguismo é um dos aspectos do sindicalis- ‘mo oficial, Para combater os pelegos é necessa- tio lutar contra préprio organismo sindical que fortalece esse agente sindical do governo. De nada adianta fazer discurso contra os pelegos jurar combaté-los se, nas greves, alla-se aos pele- gos pelo fato de eles se encontrarem na diregdo do sindicato (oficial). De nada adianta discursar contra os pelegos, se so eles, e ndo os sindica- listas empenhados na luta, que se admite nos congressos sindicais, por serem eles que se en- contram na dire¢do dos sindicatos (oficiais). © rompimento com os pelegos exige que se inicie © rompimento com 0 préprio sindicato oficial que sustenta e fortalece o peleguismo. v O principal responsdvel pela debilidade na qual se encontra o movimento sindical é o sindicato oficial — 0 conjunto de sindicatos cuja represen- tatividade, estrutura organizativa, recursos mate- riais, modo de funcionamento ¢ meios de luta S40 estabelecidos @ controlados pela cupula do apa- 17 relho de Estado. O exame da experiéncia passada @ presente mostra a impossibilidade de organizar um movimento sindical massivo, independente & que conduza os trabalhadores a vitorias significa- tivas através desse organismo sindical. v Para fazer avancar a luta sindical contra 0 de- semprego, contra 0 arrocho salarial e contra a di- tadura, 6 preciso, portanto, lutar pela extingao do sindicato oficial. O sindicato oficial deve ser e: tinto, destruido, endo reformado ou “democrat zado”. E necessério acabar com a carta sindical, Os trabalhadores devem crlar os seus sindicatos ‘sem qualquer tipo de autorizaggo do Estado ea Tepresentatividade desses sindicatos deve depen- der de sua aceitagao junto aos trabalhadores nao de um titulo (garta sindical) que Ihe é conce- dido pelo Estado. E necessario acabar com a u cidade sindical, a unidade sindical imposta pela lei. Aos trabalhadores nao interessa um tipo de unidade que 6 estabelecido e assegurado pelo Estado dos patrdes © que obriga a oficializagao dos sindicatos. A liberdade de organizagao nao comporta restrig6es: 6 preciso conquistar o direk to a0 irrestrito pluralismo sindical, condigéo para ‘anecesséria unidade voluntérja,combativa € consciente dos trabalhadores. E necessério aca- bar, Jé, com o imposto sindical. Chega de susten- tar, com o suér dos trabalhadores, @ ago anti- operaria dos pelegos. Os sindicatos devem man- terse gragas & contribuigdo financeira livre, vo: luntaria e consciente dos trabalhadores. E neces- 18 sario acabar com o calendario oficial de reivindl- cag6es (0 sistema de datas bases legalmente es- tabelecidas). Contra toda e qualquer reguiamen- tagao legal do ritmo dos métodos da luta reivin. dicatéria, Pela liberdade de relvindicagao: sao os Préprios trabaihadores que devem determinar, sem qualquer restricéio juridico-repressiva, os ‘seus representantes, os seus objetivos, a época, amplitude e os métodos da luta reivindicatéria. E necessario acabar com a separagao dos traba- Ihadores, ao nivel da organizagao sindical, em ca- tegorias ou ramos profissionais. Pelo sindicato geral de todos os trabalhadores, organizado por ‘empresas ¢ unificado por regides @ nacionalmente. Extinta toda essa legislaedo (carta sindical, unicidade sindical, imposto sindical, datas bases e organizagao por’ categoria) bem como as insti- tuigdes © funciondrios, que aplicam e realizam ‘essas normas legals estard destruido 0 sindicato, oficial. vi Para tevar adiante a luta sindical, @, inclusive, a luta contra o sindicato oficial, os trabalhadores: necessitam iniciar a construgao de sindicatos li- vres, alternativos ao sindicato oficial. 0 sindicato livre deve ser independente frente aos patrées ¢ 20 Estado, democrativo na sua organizacéo inter- na, enraizado nas bases e sustentado na con- tribuigo e na luta voluntaria e consciente dos tra- balhadores. vit A luta pela construgao do sindicato livre e pela extingao do sindicato oficial deve seguir duas 19 orientag6es basioas e ter em vista a diversidade de situag6es com as quais se defronta a luta sin- dical 1. Em primeiro lugar, dever-se indicar claramen- te aos trabalhadores aonde se quer chegar. 86 se logrard construir 0 sindicato livre, caso os traba- Ihadores assumam conscientemente a luta por esse objelivo. Ninguém chega ao sindicato livre simplesmente através dos choques espontaneos e impensados com a estrutura sindical. Em se- undo lugar, a luta pela construgao do sindicato livre deve estar ligada, como unha ¢ care, a luta felvindicatoria ¢ antiditatorial dos trabalhadores. ‘De um lado, porque essa luta necessita do sindi- ato livre, De outro lado, porque as parcalas majo- ritérlas das classes trabalhadoras 86 iréo passar a rejeigdo instintiva ao sindicato oficial, para a ‘consciéncia da necessidade de um sindicato livre, se a luta por esse objetivo for organizada a partir das exigéncias praticas postas na ordem do dia pela luta reivindicatériae antiditatorial dos traba- Ihadores. O sindicato livre se constréi na luta. 2.No movimento sindical jé existem, no cam- _ po 6 nas cidades, associacées sindicais livres. necessario lutar para que éssas associagées per- manegam como tais. Trata-se das associagdes cuja representatividade, estrutura organizativa, recursos financeirés, modo de funcionamento ¢ meios de luta so estabelecidos pelos trabalha- dores que as integram, e ndo pelo Estado. Esse 6 © caso das Associagées de Funcionérios Publi- 08 e fol também o caso do Fundo de Greve de Sao. Bernardo em 1980. € nacessario denunciar e com: bater toda tentativa, seja qual for o pretexto utili- zado, de converter essas associagdes em sindi- Nereis eee Gatos oficiais ou de vinculé jaa a um sindicato off Cial [a existente. Além disso, é preciso lutar para Que essas associagdes déem um passo a frente: assumam-se, abertamente, como sindicatos i vres que, de fato, s80, democratizem a sua estru- tura interna e implementem uma agao sindical combativa e de massa. '3, Nas regiSes e setores onde ndo existam as- sociagées livres, 6 necessério Iniciar um proces- 80 de construgao, por etapas, de sindicatos inde- pendentes. Criar grupos de fabrica Independen: {es e opostos a diragdo da empresa ¢ ao sindic to oficial. Unificar esses grupos de fabrica em in- terfabricas, unificando a organizago e a luta @ rompendo com a diviséo dos trabalhado- Tes em Categorias profissionals. Esses gru- pos de fébricas e essas Interfébricas devem proclamar-se, abertamente, embrides de futuros: Sindicatos livres, alternatives e paralelos ao sind cato oficial. Devem fazer agitagéo permanente, fo proprio curso da luta reivindicatéria e antidita- torial e de acordo com as necessidades que es- sa luta colocar na ordem do dia, contra o indice: to oficial e devem fazer propaganda da proposta de organizar sindicatos livres. A transformagao em sindicatos livres ndo se processara, necessa flamente, da mesma forma e nem na mes: ma poca para os diferentes setores das clas- ses trabalhadoras. Em qualquer caso, contudo, essa transformagéo dependerd da evolugéo do movimento dos trabalhadores no setor ¢ na regiao ” considerada. ‘4. E necessérlo, conforme © caso, atuar no in- terior do sindicato oficial. Essa atuacdo tera por objetivo esvaziar o sindicato oficial, destrul-to, ¢ ee + fortalecera luta pela consirugao de sindicatos Ii- yres. Essa atuagao s6 deve realizar-se nos poucos casos em que os sindicatos oficiais, ou inicla- tivas suas, logrem reunir alguns setores das mas- sas. Regra geral, a atuagdo no interior do sindi- alo oficial permanece, por isso, um aspecto s8- cundarlo de nossa atividade. Esses sdo os crité- Flos que devem servir de guia quando se preten- de determinar se se participa ou ndo, e de que mo- do, de uma campanna salarial oficial, de uma elel- 80 sindical num sindicato oficial , também, Quando for necessério determinar o que fazer em Gaso de vit6ria numa eleigdo desse tipo. Nesse Bitimo caso, deve-se ter claro que se atua no sindicato oficial com 0 objetivo de esvazié- jo: nada de campanhaé de sindicalizago, na- da de abertura de subsedes! Todo esforgo dev ‘se concentrar na tarefa de evidenciar para as mas- ‘sas 0 carator fantoche do sindicato do interior do qual se atua e no trabalho de organizé-la fora des- se sindicato do qual se é diretor. vill 0s trabalhadores necessitam unificar e centra- lizar a sua luta sindical. Sem isso, no impordo ‘08 seus interesses ao patronato. Uma das conse- quéncias da existénola do sindicato oficial no Brasil 6 que em nosso pals, @ diferenga de todos ‘08 demais pa(ses latino-americanos, ha cerca de Cingdenta anos que os trabalhadores ndo logram ‘construir um central sindical estavel, Foram rea- fizadas varias tentativas de se organizar centrais sindicals deste 1931. A maioria nao deu nenhum fesultado. Algumas lograram colocar em pé enti- 22 dades burocréticas que desaparecem com um ou dois anos de vida. ‘A necessidade de uma central sindical inde- pendente, democratica, unitéria @ organizada em bases novas ndo deve ser confundida com a cons- trugéo de uma central burocratica cupulista, que, como aquelas existentes antes de 1964, no poderd servir de instrumento para unificar e dirigit a luta dos trabalhadores. Criar uma central sindi cal através da simples reunido de sindicatos atre- lados nao representa nenhum rompimento com a estrutura sindical. Se 03 organismos de base des- sa central sindical s&o sindicatos atrelados, burocraticos e cupulistas, tal central s6 poderd ser uma entidade atrelada, burocratica e cupulis- ta, Os trabalhadores necessitam de uma central sindical de outro tipo: que congregue sindicatos @ organismos livres, independentes frente ao Es- tado e aos patrées. Uma central sindical demo- cratica na sua organizacao interna e aberta a to- dos os trabalhadores interessados em lutar contra X a crise, contra a ditadura e contra o sindicato oficial Tal qual a construgéo de um sindicato livre na base, 0 processo para se chegar a essa central sindical de novo tipo ¢ complexo. Na atual corre: lag&o de forgas, 0 esforgo principal deve ser con- centrado na propaganda dessa proposta de cen- tral sindical, que visa unificar sindicatos livres, ¢ no combate & proposta de central sindical que vi- sa reunir os sindicatos atrelados. Essa propa: ganda deve ser felta, inclusive, nos encontros — CECLATs, CONCLATS, etc. — comprometidos com a defesa do sindicato oficial. E possivel atrair dirigentes sindicais combativos e, principalmen- eas — 23 te, delegados de base que comparecem a esses encontros para a proposta de rompimento com os pelegos, que infestam e sabotam por dentro tais encontros, e de rompimento com o sindicato ofi- cial. Dessa forma, numa primeira fase do seu de senvolvimento, a construgéo de uma central sin- dical independente, democrética, unitéria © orge- nizada com base em sindicatos livres, pode com: portar a participacao de diretorias combativas de sindicatos oficiais. A experiéncia do ENTOES, realizado em 1980, poder, nesse ponto, ser toma” da como referéncia: diretorias combativas de sin- dicatos oficiais e representantes de associagdes livres, de comiss6es de fébrica e de trabalhos de base reuniram-se num congresso sem pelegos & ‘em oposi¢go a estrutura sindical * Quatro concepgses bastante correntes e preju- iciais a luta dos trabalhadores devem ser com- batidas, se se quer avangar na luta pela liber- dade sindical. ‘1. Em primeiro lugar, ¢ necessario combater as idélas e as praticas daqueles que nao acreditam nas massas e depositam as suas esperancas na suposta ago "‘protetora" do Estado brasileiro. Trata-se daqueles que afirmam que sem o impos- to sindical, sem a unicidade sindical e sem o sis- tema de datas bases estabelecido e controlado pelo Estado, entim, sem o sindicato oficial, o mo- vimento sindical seria levado a ruina financeira, & fragmentagdo e jamais conseguiria fazer valer a sua forga frente ao patronato. Essas idéias séo falsas e reaciondrias. Elas negam as diversas ex- periéncias de organizacéo Independente dos tra- 24 a balhadores brasileiros @ alimentam ilustes { 10. § ; 10 do Estago brasilel Use weasepesmwceto Oops Pye Le LS 2. Em segundo lugar, 6 preciso por a descober- to © carater mistificador da tese segundo a qual 9 Sindicato oficial pode, desde que tenha a frente 9 nets oa ae et Cano raters da luta sindical de massa. Aqueles que susten- tam essa tese costumam se referit ao exemplo de S40 Bernardo para tentar demonstré-la. Porém, apenas um observador superficial pode concluir que a experiéncia de Sao Bernardo comprovaria © acerto dessa posigZo. Ao longo. dos ultimos trés anos, o sindicato oficial “dos” metalurgicos de Sao Bernardo j4 passou quase um ano e melo nas maos de interventores. Esse é 0 sindicato que serve de instrumento para a luta sindical inde- pendente e de massa? Em Sao Bernardo funcio- Bere ee eet aca aed FS arn eee curs is nae ameacou ultrapassar 0 limite estabelecido pelas forgas que exercem o poder de Estado, esse sin- dicato fol retirado das maos dos seus ocupantes. As lutas gravistas de 1979 e de 1980 s6 puderam Aa is pean oe oa aeogarare do sindicato oficial. S40 Bernardo prova 0 cardter desorganizador do sindicato oficlal e a justeza da froposia de se construir sindicatos livres, endo ‘ocontrario. 3, Terceiro, é preciso mostrar aos trabalhado- re8 a ineficdcia da orientagéo que consiste em se lutar para reformar o sindicato oficial, e ndo para destruflo. Trata-se daqueles que pretendem com ater apenas os efeltos, sem tocar nos fundamen. tos, da estrutura sindical. Afirmam lutar contra 0 peleguismo, contra o assistencialismo, burocratismo © o cupulismo dos sindicatos of ciais © conira o intervencionismo governmental nna vida sindical. Mas, ao mesmo tempo, preten- dem preservar aquilo que é a causa de todos es- ses males: a existéncia de um organism sindi- cal cuja representatividade (carta sindical), cuja unidade institucional (unicidade sindical), recur- 808 financeiros (imposto sindical) e meios de luta (datas bases estabelecidas por lei) sfo assegu- tados pelo Estado. 4. Por dltimo, cabe criticar a tese segundo a qual seria preciso “romper por dentro com a es- trutura sindical”. Trata-se da posigao que susten- taduas idéias contraditorias: a) é preciso lutar pe- {o sindicato livre; b) deve-se evitar 0 paralelismo, sindical. Ocorre que sem_o parelelismo nao se chega ao sindicato livre. E certo que a luta con- tra 0 sindicato oficial exige, em determinados ca- ‘808, a participagao no interior de um sindicato ofl- cial, com 0 objetivo, bem entendido, de esvaziar esse sindicato e nao de fortalecé-lo e "democrati- 2é-lo”. Porém, Isso no tem nada a ver com a pro- posta de “romper por dentro com a estrutura sin- dical”, Nenhum pais onde houve ou ha sindicato integrado no Estado, como a Itélia fascista, a Ale- manha nazista, a Espanha franquista ou a Polonia ditatorial conheceu qualquer experiéncia que ‘comprovasse 0 acerto dessa tese. A ruptura com © sindicato oficial exigiu, sempre, a organizagaio das massas fora desse organismo. Isso porque a luta contra o sindicato oficial nao pode ser orga- nizada através do préprio sindicato oficial. x A construgao de sindicatos livres @ a luta pela destruigo do sindicato oficial ndo sao, apenas, uma exigéncia pratica imposta pelo momento atual. A destruigdo do sindicato oficial e a cons- trugdo de sindicatos livres, através da agéo cons- clente dos trabalhadores, propiciaréo uma enor- me llberagao das energias populares, daréo um grande Impulso & luta sindical, alteraréo a corre- fagdo de forgas entre as classes que integram a sociedade brasileira. A construgéo do sindicato livre contribuira decisivamente para a educagéo politica dos trabalhadores. Eles passardo a viver Uma experiencia pratica na qual aprenderao a contar com as suas préprias forgas, a caminhar com as suas proprias pernas, e a ndo mais ficar na dependéncia de sindicatos cuja organizagéo @ cujos recursos materials sao estabelecidos @ assegurados palo Estado. Por essas razdes, 0 Co- mité de Luta pela Construgao do Sindicato Livre entende que a luta pela liberdade sindical é parte integrante e decisiva da luta mais geral pela trans- formagao radical da sociedade brasileira de acor- do com os interesses dos trabalhadores. Plataforma 1. Os patrées e os imperialis: 1,050 perialistas que paguem pela a. saldrlo-desemprego pago pelo a, salt prego pago pelo governo e pelos b. estabilidade no emprego; ©. redugo da jomada de trabalho (40 horas sema- nais) sem redugao de salérios; d. reajuste mensal automético de salérios de acordo com a taxa de inflagdo (escala mével de salérios); e. liberdade para a relvindicagéo de aumentos salarlais; contra a Imposigg&o de qualquer limite de indice ou de época para as revindicagdes sa- lariais dos trabalhadores; t. congelamento dos pragos dos. de pnmolrenecessideds; cose 9g. no-pagamento da divida externa; hi reforma agraria radical. ditadure militar! a. liberdade de organizagao sindical, b. pelo direito de greve; 6. liberdade de organizagéo nos locals de traba- tho: contra as perseguigdes 0 a repressdo que os patr6es e as chefias das empresas exercem con- {ra os operarios nos seus locais de trabalho; 4. liberdade de organizagao partidaria para todas as correntes democraticas, operdrias e populares; pela extingdo da Lei Organica dos partidos, e. contra toda legislagao ditatorial, pelo desman- telamento do apareiho repressivo da ditadura & pela apuragdo dos crimes cometidos pelos gover- nos militares contra os trabalhadores e 0s demo- cratas. 3. Conquistar a plena liberdade tonomia sindical! a. Pela extingao do sindicato oficial: contra a car- ta sindical, contra a unicidade sindical, contra 0 imposto sindical, contra o sistema de datas ba- 888, contra a divisdo dos trabalhadores em catego- rlas. Contra todo © qualquer tipo de legislagao que pretenda regulamentar as formas de organi- 2a¢do e de luta sindical dos trabalhadores! b. Pela manutengao, pela democratizagao e pola aiuagdo combativa das associagses e dos sinc catos livres jé existentes! ¢, Pela construgao, por etapas, de novos sindica- tos livres! d. Por uma atuag&o no sindicato oficial com 0, objetivo de esvazid-loe de destrut-lo! e. Por uma central sindical independente, democrat ca, unitaria e organizada com base em sindicatos livres! completa au- Fille-se ao nosso Comité! * Forme um grupo pelo sindicato livre no seu local de trabalho! * Construa um novo Comité de Luta pola Construcao do Sindicato Livre no seu bairro ou na sua cidade! Comité de Luta pela Construgio fo Sindicato Livre Rua Barfio do Ro Branco, 499 Santo Amaro —880 Paulo x GePoar53

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