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PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA 2 Sistemas de Producao Offshore 24. Introdugao © conjunto de equipamentos utlizados para a prospeccao © exploragao marinha de petréleo & conhecido como Sistema Oifshore e compreends basicamente quatro grupos: 0 casco, as linhas, os equipamentos submarinos & 08 pogos [1]. Com 0 avango da exploragao e produgao de petroleo em aguas profundas, © uso de unidades flutuantes torma-se cada vez mais freqiiente e seu posicionamento numa determinada area durante algum tipo de operacdo passa a ser garantido por meio da utiizagao de estruturas esbeltas chamadas linhas de ancoragem. A ancoragem pode ter uma composigéo homogénea ou heterogénea (mais usada em aguas profundas, visando minimizar 0 peso suspenso), sendo comumente formada por amarras, cabos de aco e/ou cabos sintéticos (por exemplo, de poliéster). Neste capitulo, so apresentados, de forma sucinta, os principais componentes dos sistemas de ancoragem e algumas configuragées possiveis de linhas para a utilzagao na ancoragem de estruturas offshore. 2.2. Casco Com a descoberta de novos pogos e reservatérios de petréleo em profundidades cada vez mais elevadas, foi necesséria a utllizagao de novas unidades de produgao, denominadas unidades flutuantes, as quais podem ser classificadas em plataformas semi-submersiveis, navios (FPSO), pernas atirantadas (TLP — Tension Leg Press) e SPAR [1] PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 17 2.2.1. Plataforma Semi-submersivel As plataformas semi-submersiveis (Figura 2.1), compostas por estruturas flutuantes, sao largamente empregadas na producdo e perturagao. Consistem de um casco compartilhado e composto por flutuadores e colunas. Os flutuadores, também conhecidos como pontoons, apéiam as colunas, também chamadas de pernas, e que por sua vez sustentam os conveses. Uma das principais desvantagens deste tipo de plataforma é o fato de nao serem adequadas para 0 armazenamento do éleo produzido durante 0 process de exploraeao, necessitando assim de meios para a exportagao do 6leo [1]. Figura 2.1 — Plataforma semi-submersivel [1] 2.2.2. Navios Diferentemente das plataformas semi-submersiveis, os navios (Figura 2.2) so capazes de armazenar 0 éleo produzido durante o processo de exploracao. ‘Também conhecidos como unidades de produgao ou pelo termo FPSO (Floating Production, Storage and Offloading Vessel), os navios sao muitas vezes utiiizados como suporte de outras unidades (plataformas) para armazenar e transportar 0 dleo; neste caso adquire o nome de FSO (Floating Storage and Offloading Vessel [1]. PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 18 Figura 2.2 — Navio FPSO [1]. 2.2.3. TLP - Tension Leg Platform ATLP (Figura 2.3) consiste em uma estrutura com um casco semelhante ao da plataforma semi-submersivel. Quando comparada com outros cascos, a TLP apresenta movimentos menores, o que possibilita que a completagao dos pogos seja do tipo seca, ou seja, 0 controle e a intervengao nos pogos sao feitos, na plataforma e nao no fundo do mar, o que representa uma diminuigo nos custos de instalagao e produgao dos pogos [1] EQUIPAMENTODE PERFURACAO E PRODUCAO SUPER ESTRUTURA FLUTUANTE OLA DEFLUTUACAO LINHA LATERAL DE ANCORAGEM aaa DE CABO DE ACO E AMARRAS ‘TENDOES DE ANCORAGEM. FERRAMENTAS DEFERFURAGAO ‘CONDUZDAS HISER DE FRODUCAO ‘4070¢0, Z ESTACA Figura 2.3 —Unidade TLP [1] PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 19 2.2.4. SPAR SPAR consiste em um nico cilindro vertical de ago, de grande diémetro, ancorado, que opera com um calado de profundidade constante de cerca de 200 metros, 0 que gera pequenos movimentos verticais ©, portanto, possibilita o uso do risers rigidos de producdo [1]. 2.3. Linhas de Ancoragem As linhas de ancoragem sao estruturas esbeltas dispostas em catendria, taut-leg ou tendées. Sua principal fungao é fornecer as forgas de restauragao ‘que mantém em posi¢ao as unidades flutuantes. Os materiais mais utiizados na construgao das linhas de ancoragem sao amarras de ago, cabos de ago e, mais recentemente, cabos de poliéster [1]. As amarras so utilizadas geralmente nos trechos iniciais @ finais das linhas, jé que este material mais resistente ao attito com 0 fundo do mar e com os guinchos das unidades flutuantes. 2.3.1. Amarras De acordo com Albrecht [1], os tipos de amarras mais utiizados na ancoragem de unidades flutuantes sao os que possuem elos com malhete. Sao diversos os tipos de elo que existem para unir duas partes de corrente, dos quais © mais usado é o Kenter. Uma das principais desvantagens destes elementos de uniao é que, apesar de possuirem uma carga de ruptura igual, e em certas ocasides superior, & de uma corente da mesma dimensao, a durabilidade A fadiga 6 sensivelmente menor. E por isto que 0 numero de elos de ligagao ultiizado nas linhas de ancoragem deve ser minimo, 2.3.2. Cabos de Ago ‘Sao varios os tipos de cabos de ago utiizados na ancoragem de unidades flutuantes, sendo os principais os six strand e os spiral strand, Os primeiros, por apresentarem um facil manuseio, s4o empregades com maior freqliéncia em PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 20 unidades de perfuragaio. No entanto, os segundos possuem alta resisténcia © durabilidade, sendo mais comumente utilizados em unidades de producao. Devido & corrosdo da tranga metalica, 0 cabos apresentam uma vida uti inferior & das amarras, mas este problema pode ser contornado com a utiizagao de cabos galvanizados. Com relagao a resisténcia dos arames que formam o cabo, so utilizados normalmente os tipos IPS (Improved Plow Steel) e EIPS (Extra Improved Plow Stee) [1]. Os cabos com este iiltimo tipo de arame sao mais resistentes & tragdo e, portanto, mais recomendados nos sistemas de unidades flutuantes. A Figura 2.4 ilustra os tipos de cabos de aco mais utilizados nos sistemas de ancoragem. (a) Six Strand Rope (b) Spiral Strand (c) Multi — Strand Figura 2.4 — Cabos de ago [1] 2.3.3. Cabos de Poliéster Geralmente, so classificados como cabos todos os cabos sintéticos e, como cordas, todos os cabos e cordas feitos de qualquer tipo de fibra 1]. As fibras mais utiizadas para a fabricagéo dos cabos sao: polietileno, sisal, poliamida (comercialmente conhecida como nylon), polipropileno, poliaramida (com grande médulo elasticidade), HMPE (High Modulus Polyethylene) & poliéster. Este ultimo 6 muito utilzado em sistemas de ancoragem, esperando-se que atinja uma vida util de até 20 anos. A Figura 2.5 mostra um tipico cabo de poliéster utiizado em ancoragens de unidades flutuantes. PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore a4 Diagrama do cabo de poliéster para ancoragem da CSL Figura 2.5 — Cabo de poliéster [1]. 2.4. Tipos de Ancoragem Os tipos de ancoragem mais utiizados nas operagdes de exploragao de petréleo por estruturas offshore sao descritos nas sub-segdes seguintes [4]. 2.41. Ancoragem em Catendria ‘A ancoragem em catenéria é a técnica convencional utiizada em operagées de produgo ou perfuragao, com a vantagem de possibilitar maiores passeios da embarcagaio sem a necessidade de Ancoras com elevado poder de garra. O fato de possuir um raio de ancoragem razoavelmente grande (superior a 1000 metros) @ 0 proprio atrito do trecho de linha encostado no fundo so responsaveis por absorver as solicitagées do carregamento ambiental, aliviando os esforgos nas ancoras, em condigées normais de operagao. Sua principal desvantagem é 0 congestionamento com as linhas de unidades préximas, que interfere diretamente no posicionamento das unidades, além da interferéneia de linhas com equipamentos submarinos. 2.4.2. Ancoragem em Taut-Leg Para contornar as desvantagens do sistema em catenéria utlliza-se a ancoragem em taut-leg. Neste sistema, a linha se encontra mais tensionada, ‘com um angulo de topo de aproximadamente 45° com a vertical, tendo assim uma projegao horizontal menor, para uma mesma ordem de grandeza da lamina agua (Figura 2.6). Este tipo de ancoragem proporciona maior rigidez a0 sistema, sendo 0 passeio da embarcagao limitado a offse's menores. Neste PUC-Rio - CerlicagbDigtal N31254A Sistemas de Producao Ottshore 22 caso, as Ancoras a serem utlizadas precisam resistir a valores elevados de cargas verticals. A ancoragem taut-leg 6 geralmente utiizada em sistemas localizados em regides de grandes profundidades. TAUT-LEG x CATENARIA Figura 2.6 — Ancoragem em catenéria x Ancoragem taut-leg [1]. 2.4.3. Ancoragem Vertical E baseada na utilizagao de tendoes verticais, que precisam estar sempre tracionados devide ao excesso de empuxo proveniente da parte submersa da embarcagao. Trata-se da ancoragem usada principalmente em plataformas TLP (Tension Leg Platform), mas que também pode ser adotada por béias © monobias, dentre outras. Os tenddes podem ser de cabo de ago ou de material sintético, proporcionando uma elevada rigidez no plano vertical e baixa rigidez no plano horizontal. A forga de restaurago no plano horizontal é fomecida pela componente horizontal da forga de tragdo nos tendées. Para tendées de pequenos diametros (d= 0.25 m) os efeitos de flexdo podem ser desprezados, enquanto que, para grandes didmetros (d= 1.00 m), tais efeitos devem ser considerados. A Figura 2.7 ilustra este tipo de ancoragem. PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 23 rn ESTEE to IL eee oupersecscto Sree U1 Cn roneiane [ ar ssa oeronclo ae Ze We Figura 2.7 — Ancoragem Vertical — TLP [1]. 25, Risers Os risers s8o tubulagées verticais, geralmente dispostos em configuracées, de catenéria, utilizados para transportar 0 6le0 ou 0 gas do fundo do mar até a superficie. Podendo ser flexiveis, compostos por camadas de plastico @ ago, ou rigidos, compostos de ago, os risers também sao usados para injetar a Agua necesséria para estimular 0 pogo durante o processo de exploragao [1] A Figura 2.8 ilustra os dois tipos basicos de risers utiizados no processo de exploragao de petréleo. (a) Riser Flexivel (b) Riser Rigido Figura 2.8 — Exemplos de Risers: (a) Flexivel e (b) Rigido [1]. PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 24 2.6. Sistemas de Ancoragem Uma vez que o sistema de ancoragem se encontra sob a acao do carregamento ambiental, é normal que a unidade sofra um passeio ou deslocamento, o qual corresponde & distancia horizontal que a unidade percorre desde sua posicao inicial de equilibrio neutro até a posigdo final de equilibrio sob a acdo das cargas[1]. © passeio é medido como um percentual da lamina d'agua. Uma medida da eficiéncia do sistema de ancoragem 6 a magnitude do deslocamento da unidade flutuante. O passeio é inversamente proporcional & rigidez do sistema de ancoragem; assim, quanto mais alta a rigidez menor serd 0 passeio, porém 0 tipo de material utiizado para construir as linhas de ancoragem determinara o limite superior da rigidez do sistema. E importante salientar que, a0 se aumentar a rigidez do sistema, estao se aumentando as tensdes aplicadas as linhas e, portanto, as tensées internas, as quais devem respeitar certos limites, de seguranga [1]. Para um conjunto de dados ambientais (ventos, ondas e correntes) 6 necessério estabelecer as correspondéncias entre eles e suas probabilidades de ocorréncia. De acordo com Albrecht [1], so duas as condigdes ambientais tipicamente aplicadas em projetos de ancoragem: condicao maxima de projeto condigdo maxima de operagao. A condigao maxima de projeto é a condigéo extrema que 0 sistema deve suportar sem danos e é definida como uma combinagao de ventos, ondas e cortentes para a qual o sistema deve ser projetado. Para isto necessério definir 9 tipo de ancoragem que sera utilizado, dependendo do tempo que o sistema permaneceré em operacdo. Isto 6, podem ser utilizadas ancoragens permanentes ou provisérias — a primeira delas considera um perfodo de 100 anos para a recorréncia de um evento, ou seja, 0 sistema deve ser projetado para um carregamento ambiental que podera ocorrer uma vez a cada 100 anos. Ja a ancoragem proviséria 6 utilizada em sistemas que petmanecerio em operago por um periodo inferior a 5 anos em uma locagao. A condigao maxima de operagdo é a combinagéio maxima de condiges ambientais (ventos, ondas e correntes) sob a qual o sistema devera operar, seja em atividades de produgao ou perfuragao. A seguir, trés diferentes sistemas de ancoragem utilizados em estruturas flutuantes sero apresentados: ancoragem com ponto Unico SPM (Single Point PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 25 Mooring), amarragéo com quadro de ancoragem SM (Spread Mooring) © ancoragem com posicionamento dinamico DP (Dynamic Position) 2.6.1. . Ancoragem com Ponto Unico A ancoragem SPM 6 mais freqdientemente utilizada por navios petroleiros convertidos em FSO's (Floating Storage and Offloading Units) ou FPSO's (Floating Production, Storage and Offioading Units). Ela permite que a embareagao se alinhe com 0 carregamento ambiental, minimizando as forgas sobre 0 casco. Como exemplos, temos: ancoragem com turret, CALM (Catenary Anchor Leg Mooring) ¢ SALM (Single Anchor Leg Mooring) No sistema de ancoragem com turret, todas as linhas de ancoragem & risers $40 presos no turret que, essencialmente, faz parte da estrutura a ser ancorada. O turret permite que a embarcacao gite livremente em torno das linhas e pode ser montado interna ou externamente a embarcagdo. (Figura 2.9). a Figura 2.9 ~ Turret externo [1]. © sistema CALM (Figura 2.10) consiste em uma béia de grandes dimensées que suporta um determinado numero de linhas de ancoragem em catenéria. Os risers s40 presos na parte inferior da béia e utilizam um cabo sintético para fazer a amarragao entre a béia e o navio. Uma desvantagem deste sistema é a limitagao de sua capacidade de resistir a condicées ambientais quando a reacao da béia é razoavelmente diferente da resposta do navio sob PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Producao Ottshore 26 influéncia das ondas. Assim, quando as condigdes do mar atingem uma certa magnitude, torna-se necessério desconectar o navio. Figura 2.10 — Ancoragem tipo CALM com hawser [1]. O sistema SALM utiliza um riser vertical que tem uma elevada capacidade de flutuagao préximo & superficie e, algumas vezes, na superficie, é mantido por um riser pré-tensionado. O sistema basicamente emprega um riser articulado ‘com uma forquilha rigida de acoplamento (Figura 2.11) NAVIO CISTERNA SECAO DA Se eeere JUNTA UNIVERSAL Figura 2.11 — SALM com risere yoke [1]. PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 27 2.6.2. Amarracgao com Quadro de Ancoragem (SM) Este tipo de amarragao 6 mais freqdentemente utiizada por plataformas semi-submersiveis em operagdes de perfuracéio e produgao. Suas linhas de ancoragem se encontram distribuidas em tomo da embarcagao (Figura 2.12), tomando-a capaz de resistir a carregamentos ambientais. Assim, a unidade flutuante poderd resistir 4s cargas ambientais independentemente das direcoes de atuagao. cuINcHo FAIRLEAD BOIA DE LOCALIZACAO LINHA DE ANCORAGEM Figura 2.12 ~ Plataforma semi-submersivel com amarragao de quadro de ancoragem [1]. Uma concepgao recente de ancoragem para navios consiste na adogao de linhas distribuidas, como no caso das plataformas semi-submersiveis, apesar de navios sofrerem maior influéncia em relagao as diregdes dos carregamentos. Este sistema 6 conhecido como DICAS (Differentiated Compliance Anchoring System) [5] @ fornece um alinhamento parcial com a pior diregdo do carregamento ambiental © sistema DICAS, desenvolvido pela Petrobras para producéo & armazenamento em area offshore brasileira, consiste em um conjunto de linhas PUC-Rio - CerticaDigital N9312541/CA Sistemas de Produgao Otfshore 28 de ancoragem com conexées na proa e na popa do navio [5]. A localizagao das linhas do sistema de ancoragem DICAS proporciona a existéncia de diferentes niveis de rigidez na popa e na proa do navio. Tal diferenga de rigidez ¢ obtida por meio de uma variagao nas pré-tensées das linhas, o que permite ao navio adquirir uma configuragao (aproamento) adequada as caracteristicas ambientais. Diferentes niveis de pré-tensdes das linhas irao conduzir a diferentes angulos criticos de incidéncia, resultando num melhor posicionamento do navio em relacdo as mais freqiientes diregSes de incidéncia das condigdes ambientais. A Figura 2.13 mostra uma vista 3D de um sistema DICAS. Figura 2.13 — Vista 3D de um sistema DICAS [1]. 2.6.3. Ancoragem com Posicionamento Dinamico O sistema DP (Dynamic Position) pode ser utilizado de forma isolada ou como auxilio para um sistema ja ancorado. Trata-se de um tipo de ancoragem utiizado em atividades de perfuragao e intervengao em pogos de petréleo. As unidades DP (Figura 2.14) podem ser constituidas de navios ou plataformas semi-submersiveis que mantém sua posi¢ao com 0 auxilio de um conjunto de propulsores. Quando tais unidades operam muito préximas a outras ja ancoradas, pode-se fazer necesséria a utilizacdo de Ancoras de seguranca, para © caso de sofrerem alguma falha na geragao de energia para os propulsores. PUC-Rio - CerlicagbDigtal N31254A Sistemas de Producao Ottshore Figura 2.14 — Sistema de ancoragem DP [1] 29

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