You are on page 1of 14
Revista Brasiers de Geocnci Rodhigo Potemel ot a 35(3)299 310, stem dle 2005 INTERFERENCIA ENTRE DUAS FAIXAS MOVEIS NEOPROTEROZOICAS: O CASO DAS FAIXAS BRASILIA E RIBEIRA NO SUDESTE DO BRASIL RODRIGO PETERNEL!, RUDOLPH ALLARD JOHANNES TROUW'! & RENATA DA SILVA SCHMITT? Resumo Na regido de Trés Coragies afloram sucessdes metassedimentares neoproterozSieas da Megassequéncia Andelingh _gnasses granuliticos do Macigo Guaxupé e ortognaisses paleaproterozdicos com zitcio fgnco de 2.088126 Ma, Nests roctas est Teisiradas varias estrturas e associagbes metambrficas relacionadas a dois eventos eolisionais neoproterozdicas que faixas moves Brasilia e Rett. Das fases deformacions coninuas (DBI e DBD) eum evento metamrlco depress rela alta MB) so vinculados&Faixa Brain, enquanto ouras ds fases deformacionais (DRI ¢ BR2)¢.um evento metamsttieo (MR) ‘de presso mais buxa relacionam-se com a Paixa Ribera, Nas fases DB |e DB2 diversas nappes sera transports tectOnico detopo para ESE ENE. O evento MB sgradas metamérficas que delim dreas de metamorfisino te ficies sito verde medio at las supeficies de empurro das fases DBI e DB2, Jas sgradae K feldspato-in/muscovits-out esi n relacionadas facies granulo sio egncondantes com as superfcies de empurrio DB, ‘mostando que auge do evento MB foi sin-DB2. Durante fase DR Tas nappes foram dobyiads latealmente em dobras com plano ‘ial ngreme e isos eaindoppara WSW. As isGgradas do evento MR teuncam as estrus pré-existntes, mostrando a superimpo ‘este evento sobre a Faixa Brasilia. Por fm, a tina fase deformacional registra (DR2) gerou zona decsalhamento transcorentes dcteisnpieisdestais, com umm SW-NE, que cortamedesloeam into estrus isogrvdas da Paina Brasilia quanto ts da axa Ribeira caves Zona de ierferéncia, Faves Méveis Brasilia e Ribeira, Geolagiaestrutural, Metamosrfsins Palavras-chave: pala Abstract | INTERFERENCE BETWEEN TWO NEOPROTEROZOIC FOLD BEI OF THE BRASILIA AND RIBEIRA FOLD BELTS, SOUTHEAST BRAZIL, Neoproterozoic metasedimentary suecessions of the Andrelandia Sequence, _zncisseso the Guaxupé Massif anc Paleoproterozoic onogneises, with igneous zion of 2.088426 Ma, constitute the Precambrian mits inthe Trés Coragdes region, southern Minas Gerais State, Deformation stuctures and metamorphic associations indicate two ‘olisional events relate tothe Neoproterozoic orogeny, that originate the Braslia nd Ribera fod belts. Two continous deformational phases (DBI and DB2) and aretatively high pressure metamorphic event (MB) were related to the Brasfia fold belt, Superposed und related to the Ribera fokd bel, two deformetional phases (DRT and DR2) and a lower pressure metamorphic event (MR) ate fecognized. DBI and DB2 produced nappes with movement to ESE, E and ENE, MB metamoxphism started dkring DBI. is indicated by metamorphic isoarads that are dislocated by DBI and DB3 structures. K-feldspar-innmiscovite-out and silimaniein isograds related tothe pranuliteleies are concordant with DB2 thrust faults, showing tha the MB peak was sin DB2. Folds with steep axial planes and axes plunging to WSW were produced during DRI that Folded the nappes htraly The fact that metamorphic isograd elated othe MR metamorphic event cut MB isogrades and pre-existing structures shows the superimposition ofthis event ‘onthe Brasfia fold belt evolution. Finally, the last deformational phase DR2 prosaced dextraltranscurrent ductile-bitleshear zones ‘with SW-NE strike, that cut structures and metamorphic isograds ofboth fold belts. Key-words: Interference zone, Brasilia and Ribeira mobil belts, Structural geology, metamorphism INTRODUCAO _ Na regido de Trés Coragées predominam esirturaseassociagdes metamevieas relacionadas Faia Bras, modificadas pela deformacioe metamorfismosuperposto, izado 2 Faina Ribeia (Fig. a), Baseado em mapeamento geoldgico- esirtural de semi-detalhe, interpretagao de segbes pooldgicas e mmierotectnica e petogritica, fi determinada a relagao temporal entee diferentes fases deformacionais © eventos metamrfcos relacionados’ evolugio ds efridas aia durante liana (Almeida & Hast, 1984), O objetivo deste estudo € contribuir para oentendimento da evolugoteténics da regltoe de zonas de inerferénca/supespesiao entre fia mae FE SOBREAS FAIXAS BRASILIA E RIBEIRA A, aixa Brasilia se estende por mais de 1,000 km na margem ocste do Criton do Sio Francisco (Fig, 1b), dividida pela mega-inflexa0 dos Pirineus em dois segmenios: norte ¢ sul, No segmento sul ‘correm, ce W para E, rés ona: ntema,extema eeratonic et al., 1984; Fuck et af., 1994), com registro de dois eventos colisionais. O primeiro esti representado por granodioritos ¢ _granitos sina tardi-tectonicos, com idade de er dde 794 Ma (U-Pb em zitedo; Pimentel et al, 1992). O segundo evento, entre 630-610 Ma (Darkdenne, 2000), gerou empurrées para SE, granilogénese e metamorfismo com gradiente aumentando de EE para W, atingindo ficies anfibolito alto, localmente, granulito na zona interna, Naregitiocla Nappe de Passos Valeriano et al,(1993)¢ Simées, (1995) reconheceram quatro fases deformacionais (D1 aD) ¢ um evento metamérfico, associados ao segundo evento colisional fases continuas DI ¢ D2 desenvolveram faliagdes de baixo igulo. lineages variando entre E-W e NW, relacionadas como {ransporte para SE que culminou coma exumagia e colocagio da | - Depatmento de Gootgia -UPRI A. BrigadirTeompowski sh’, CCMN bl G ha do Fano, Rio de Jancic, RJ, CEP: 21949-900 epeteract @uol comb Fajouwe@hotmail.com) Departamento de Goologa Regional ¢ GootetGnie da FGEL-U (013 (eenatasehiit@ aol.com.) Fevisia Brasieica de Goocisncias, Volume 35, 2005 tw Sto Francisco Xavier 5244024, Maracona, Ria de Jane, Rl, CEP 20559, 297 Intereréncia ontre dias faixas méveis neaproterozdicas: 0 caso das faivas Brasilia e Fibeira no sudeste do Bras jppe de Passos, ou dominio interno, sobre dominio extemo, A fase D3 gerou dobras abertas com plano axial subvertical eixo ‘com caimento suave para NW ou subvertcais NW-SE com movimentagé Da gerou cobras abertas com com pl subvertical e eixo ‘com eaimento suave para SSW ou NNE. O evento metamérfico, ccom auige cedo-sin-D2, apresenta gradiente inverso, com Facies xisto verde médio na base e fies anfibolito superior no topo da Nappe de Passos e isdgradas metamérfic contornos aproximadamente paralelos 20 acamamento e a superficie de ‘empurrio basal da nappe. Cianita como aluminossilicato estivel até facies anfibolito alto em rochas metassedimenta pressio relativamente alta, ‘A continuidade da Faixa Brasilia ao sul da regio da Nappe de Passos onde suas caracteristicas so gradualmente mascaradas pela supemposigito de eventos ligados & Paixa Ribeira ¢ sugerida por Tro eral (1994), Ribeiro et al (1995), Campos Neto & Caby (1999), Valeriano (199) e Heilbron etal (2000). ‘A Paixa Ribeira estende-se no rumo NE-SW por cerca de 1.400 km transicionando a nordeste para a Fuixa Araguat (Fig 1. Sua evolugio esté ligada a subxlucezo para SE da paleoplaca janeiscana e posterior colisdio desta com a microplaca da Serra do Mar ¢ © paleocontinente do Congo dur Brasiliana (Heilbron eta. 2000). Neste trabalho ssegmento central da Faixa Ribeira, subdividido por Hei (2000) em quatro terrenostectono-estratigrficos principais (Tabeka 1) com registro de dois episédios colisionais. Segundo esses, ‘autores, 0 primeiro episédio divide-se em quatro estigios tect6nicos: I) Pré-colisional - 630.4 $95 Ma - subducgio para SE dda paleoplaca Sanfranciscana sab a Microplaca da Serra do Mar (Campos Neto & Figuciredo 1995), gerando plitons granitsides do Arco Magmitico Rio Negro (Tupinambi e7 al. 1998); 2) Colisional - $95 2 565 Ma - coliso obliqua entre as paleoplacas supracitadas, gerando superticies de empurrao com transporte para NW registrado em duas fases deformatcionais continua (DRL DR2};primeiro evento metamérfico (MR, cedo sin-colisional, de press intermediria, com gradiente inverso aumentando para SE, de Facies xisto verde superior a ficies anfibolto superior; geragio de plutons graniisides tipo S associados as superficies de empurrio; 3) Tar-colisional - 565 2 $40 Ma - geragio de plutons graniticos, predominantemente de tipo |, tracamente foliados (ex. katlito da Serra dos Orglos); 4) Pas-olisional -540 £520 Ma ~ fase compressiva (DR3),apraximadamente SE-NW, com geragio de dobras com planos axiais subverticais = [line 48° [521 semen rs vein en a a. eo = [iso “Sree oa ts oowemo) = = 1 cxtosarato Figura 1 - a) Mapa geoldgico simplificado da regio sudeste do Brasil, com a localicagdo de: A) dea do presente trabalho; B) cextremidade sul da Faixa Brasitia, C) Segmento censral da Faixa Ribeira (modificado de Trouw et al, 2000). 298 Revista Brasieia de Geociéncias, Volume 95, 2005, FRodtiga Potomel ot a Tabela | - Principais unidades tectono-estratigréficas do segmento central da Faisa Ribeiva e suas subdivisaes (modificado de Heitbron et al. 2000 ). “Tavera Tiida Unidades Hioiigews Tass Piepais __Teetno-Estraigesticns Donne Frais sn-an ean Nexprotcordicn Androl Sequencia Anreliniia Neoproteazsiey Feereno ‘Complexo Maniqueis Anquesnel = Paleoproterezico siden Banna nis tan eo Neoproierarsieo / due Sequéncia Andel Reopioterazsica ‘de Fora ‘Complexo Juiz de Fort Paleoproteronsica Klippe ‘Gries sin ard cosionas Reoproteazsico Pub ‘Grupo Paraiba do Sul Soqueve Andean @ “do Sul ‘Compiexo Quirino Puleopeotrondica Teseno (= Dominio ‘Grates nar coiiomas Neoptera Oriental Contino) cia Ia Neopeoterorsico Et ‘Arco Maj Neoproiro7sico Teen Dominio Tetinien TLeveogrnitos Neojroirordie Cabo Ca Fo, ‘Sucossio Buia Pai Neoprotcrors i Schmit, 2001) Compiexo Regiso dos Lage Paleoproterox (megassinforma Paraiba do Sule megantiform Rio de Janciro) © ‘zonas de cisalhamento dcteis destriis com umo NE-SW (Zona, dle Cisalhannento Paraiba do Sul). Ainda 6 reconhecida compressiio regional final E-W (Trouw eral. 2000) responsaivel por uma quanta fase deformacional (DR4), que gerou dobras abertas a apertadas com eixos N-S e plano axial subvertical, além de zonas de cisalhamento destrais com rumo NE-SW bem desenvolvidas no dominio autéctone e zonas de cisalhamento sinistrais, mais diseretas, com rumo NW-SE, observadas em todos os dominios, Osegundoey 16494) Ma Schmitt 2001) resuliow dda colisio entre o terreno oriental e o Dominio Teetnieo Cabo Frio DTCF), no qual a autora supracitads reconheceu cinco fuses ddeformacionais, em parte cortelacionavéis temporalmente as fases de Heilbron et a. (2000) ¢ um evento metamérfico de pressio relativamente alta na transigdo das fcies anfibolito ¢ granulito, GEOLOGIA REGIONAL, Naregido aosul dabonla meridional do Criton do Sio Francisco (CSF) importante discordincia regional, ora litol6gica, ora angular, separa embasamento Aleoproterozsico/Arqueano, compost por terrenos ortognaissicos e faixas tipo granito-greensione, de sucessies ‘metassedimentares Mesoproteroacieas das seqiién Del Rei, Tiradentes e Carandai, Neoproteroz Megasseqiiéncia Andrelindia (Paciulloet al, 2003; Fig.2). ‘Segundo Paciullo eta, (2003) MegassequiGncin Andrekindia (MSA) é composta, da base para o topo, por seis associagées de litoficies: ALI: biotta gnaisses fines bandados com intercalagoes de anfibolitos; AL2: biotita gnaisses finos bandados com interealagdes de quartztos, xistos e anlibolitos; AL3: quartzitos ‘com xistos ¢ escassos conglomerados intercalacios; ALA: filitos! istoscinzentos com intercalagées quartzfticas subordinadas, A biotita xistos/gnaisses finos, macigos ou laminadlos, localmente ‘com grinulos © scixos pingados; ALG: biotita xistos/gnaisses ross0s, com intercalagdes de rochas caleissilicsiticas, “gonditos”, ‘quarzitos e anfibolitos. Uma discortlancia interna separa a MSA «em Seqiténcia Carraneas, composta sociagdes ALI aALA, € Seqdgneia Serraddo Turvo composta pela associngiio ALS. Estas associagées gradam lateralmente para a associagfio ALG que Fepresenta sucessGes distais da bacia, depositadas ccontemporancamente 2s outras associagies, Revista Brasleka do Geociénoias, Volume 35, 2005 AAs sucessbes da MSA e rochas do seu embasamento apresentancto um complexo padi tecténo-metamérfieo, com registro de distintas fases deformacionais e associagbes ‘metamrficas relacionadas ao desenvolvimento das faixas Brasilia ‘eRibcira durante a Orogénese Brasiliana, Ribeiro etal, (1995) descreveram quatro fases de deformagiio regional, Dy, ¢D,, relaconados a Faixa Brasiliae D,, e Dy, a Paix Ribeira.Nas duas primeira fases o transporte teeténiee Toi para SE € ENE, respectivamente, durante deformayzio compressiva continua, associacla a0 proceso colisional responsivel pelo fechamento da Bacia Andrelindia, Na fase D,, ocorteu transporte teeténico para NW enquanto na fase D,, uma compressio E-W tardia gerou zonas de cisalhamento subverticas destrais com rumno NES! dominios tectOnicos pré iddemificados (Ribeiro erat. 1990): dominio autdctone - transigio do antepais do Criton do Sao cisco para poreto auléctone da zona orogénica, com a Poem zircio de quartzoxisto da MSA, Sollner & Trou 1997) Machado er a. (1996) apresentaram idles U-Pb em zireSes de rochas dosegmento central da FR, que confimam a existencia de pelo menos dois pulsos tectono-metamérficos distintos relacionados ao Evento Termo-tectonico Brasiliano ao sul do Criton do So Francisco. GEOLOGIA DA REGIAO DE TRES CORAGOES F ADJACENCIAS — Unidades litolégicas EMBASAMENTO. dominio autéctone e ocorre em fatias tecténicas nia base de happes, aleangando centenas de metros de espessura. A parte aléctone € constituida somente de ortognaisses graniticos a _granodiorticns, com feigdes migmatiticas (estruturas oftdlmicae estromitica), No dominio autéctone ocorrem, além destes ‘ortognaisses migmatiticos, corpos meta-ultramiicos (tremolita- actinolitaxsto alco xisto)e suboninadamente hornblenda-botita ‘gnaisse, granacla-botita gnaisse, anfibolito,xistos msificos, rochas calcissilicéticas, quartzito ferruginoso e “gonditos" (Bittar 1989, Almeida 1992). As lascas al6ctones do embasamento apresentam clementos estruturas paralelos as estruturas presentes nas rochas supracrustas. A datagio de zireio (método U-Pb) de amostra desta Grea confirmou que os ortognaisses graniticos aldctones, constituem embasamento das sucessies Neoproterozdcas da Megasseqiiéncia Andrelandia (ver ndiante), ORTOGNAISSES DA NAPPEGUAXUPEAooste dacidadede Varginha ocorrem ortognaisses granuliticos de composicao chamoquitica a enderbitica, com bandamento composicional definido por bandas, relativamente continuas, milimétticas a centimétriens, leucocriticas, de composico quartzo-feldspitic melanocriticas, ricas em piroxénios e anfibdlio, A associagao mineraldgica caracteristica é plagiclisio, microclina, quartzo, diopsidio, hipersténio e porcentagens menores de granada, hhomblendla, biota e minerais opacos, além de tragos de apatita € MEGASSEQUENCIA ANDRELANDIA (MSA) _Asassociagies de ltoficies identificadas assemetham-se as descritas por Paciullo eral. (2000); 2003), porém nio Foi posstvel individualizaras duns primeiras associagbes, ALI-+AL2: Biotita gnaisse — Associagio de litoficies basal, posicionada discordantemente sobre ortognaisses do tembasamento ou tectonicamente, através de falhas de empurtzo, sobre rochas de outras associagdes da MSA. E constitufda Fiowsia Brasiira de Geociéncias, Volume 35, 2005 principalmente por biotita gnaisses de granulometria fina com, cstratificagio delgada, Iateralmente continua, definida pela alterndncia de eamadas quartzo-feldspaticas mais ou menos ticas, cm biotita, Algumas camadas quartzo-feldspiticas sio um pouco mais espessas ¢ apresentam granulometria média a grossa, localmente com grinulos e seixos finas arredondados. Ocorrem, interealagbes de: a) quartzitos, dispostos em sucessoes com eespessuras decimétrica a métrica, constituidas pelo empilhamento cde camadas aparentemente tabulares, delgadas a médias, separadas Por Kiminas miciiceas; b) muscovita-quartzo xistos, intercalados, hos quartzitos, formando Kiminas ou eamadas delgadas, isoladas ‘ou agrupadlas em sucessGes com até 1,5 mde espessura;e) granada quartzito (metachet), geralmente encontrado como bloces soltos, aangulosos, com até 30 cm de espessura; d) tremolita xistos, em nadas de espessura decimétriea © geometria aparentemente tabular, isoladas no gnaisse bandado ou separando este das sucessdes quaziticas;e) escassos xistos carboniticos e marmores, cemeamadas macigas, delgadas a médias, aparentemente tabulares, intercaladas nos muscovite-quartzo xistos; f) anfibolitos, em ‘camadas degadas até muito espessas (< 3m),de geomettia aparente tabular, ALS: Quartzitos sta unidade assenta-se concordantemente sobre os biotita gnaisses, sendo composta por suicessies quartziticas e intercalagdes subordinadas de quartzo-muscovita xistos. Os quartzitos formam camadas delgadas a espessas (1 m),, de geometria aparentemente tabular ou lenticular muitoestendia, _geralmente separadas por peliculas miciiceas. Os muscovitaxistos ‘ocorrem em kiminas ou camaudas delgadas isoladas ou agrupadas fem monétonas sucessdes com até 4 m de espessura, mais, freqtientes na base e no topo da unidade. ALA: Filitos/xistos cinzentos Composta por sucesses de filitos € xistos cinzentos, de espessura até decamétrica, que lateral ¢ verticalmente gradam para as quartzitos (AL3), ALS: Biotta xisov/gnuisses. Compestaexclusivamente porbiotitt xistos/gnaisses, finos a médios, homogéneos, formando ™monétonas sucessdes, com aé centenas de metros de espessuira, geralmente sem estratificagio visivel, Séo encontrados estratos de espessura até métrica, compostas pela altemiincia de camadas, tabulares delgadas de biotita xistos laminados ¢ macigos. LLocalmente, contém fragmentos detiticos espalhiadas, de tamanho arcia até seixo fino, de plagioclisio, rochas plutdnicas quartz0- feldspaticas e quartzo de veio. O contato basal € uma paleosuperficie erosiva que pode ser interpretada como uma discorcincia intraformacional, observada a oeste da Serra de Sio ‘Tomé, onde biotta xistos (ALS) truncam muscovitaxistos (ALA) quartzitos (AL3), ou pelo posicionamento estratigrifico desta io sobre todas as associagds sotopostas, ALG: Biotita-muscovita xistos/gnaisses Sucessies de xistos e ‘gnaisses estratificados de granulometria grossa e espessura até decamétrica, separadas por intercalagées de quartztos, rochas silicticas.e anfibolitos, com formas tabulares ou lenticulares estendidas, Ocorrem estratigraficamente sobre os biotita xistos (ALS) com contato gradacional, ou repousam diretamente sobre 1 ortognaisses do embasamento através de contato brusco Eyolucio termo-tectOnicabrasiliana Naregitode"Ti@s Con sio identificadas estruturas relacionadas a quatro fases 301 Intovferéneia entro duas faixas mévols neoprotero26ieas: 0 caso das faixas Brasila 0 Riboka no sudesto do Brasi. doformacionais, D,,, Dp, Dyy € Dyy € associagdes minerais de dois eventos metamérficos, M,, © My truturas desta fase sto centretanto através rar relictos de (SE DEFORMACIONAL DBI As ‘quase completamente mascarada pela fase D, de anélise microtectOnica foi posstvel enc eesiruturas desta primeira fase. Uma foliagdo S,, esta preservada como trilhas de inclusdes orientadas em cristais de granada, crescidas duranteo metamortisimo M, Estas tilhas fazem angulos de0 a 80° coma foliago principal 8, e/ou estao dobradas (Fig, 3a), indicando que existiram duas superficies de clivagem ¢ xistosidade distintas, porém contfnuas, ¢ que a foliagio §,, foi ‘gerada através do dobramento da foliagio S.,. ‘A notdesteda drea mapeada (Figs.2 ¢ 4), encontra-se a Klippe Carrancas, composta por sucessdes da MSA, colocada tectonicamente sobre dominio autéctone. Paciullo (1997) identificou superficies de empurao, folingdes (S,,) e lineagdes (L,). que indicam movimento tectdnico de topo para F responsivel pela formagio da klippe durante a fase Dy, PASE DEFORMACIONALDB2_Desenvolveu sistema de nappes ‘com transporte tect6nico de topo para ENE, estruturado em nformal aberto, com eixo de baixo caimento para WSW, constituido por sucessdes da MSA e ortognaisses do seu tembasimento. Sao identificadas cinco nappes, da base para 0 {oper Laminsrias, So Tomé das Letras, Carmo da Cachoeira, Lambar ce Varginha. No topo do empilhamento aparecem granulitos da base dat Nappe Guaxupé (Fig. 4). O desenvolvimento deste sistema, denappes causou odobramento da Klippe Carrancas em informal fechado com eixo variando de E-W a SE-NW. Truncamento de isdgradas © descontinuidades no padrao metamérfico, superposiga0 e truncamento de contatos litoldgicos produzindo repetigoes estratigrficasefatias de embasamento entre sucessGes da MSA permitiram estabelecer os limites das nappes, Rochas miloniticas ao longo de superficies de empurtio so escassas devido i re ia p6s-tectOnica, Dobras, abertas até las com os empurrdes, dlesenvolveramse a Foliagio principal (S,,), lineages estirumentoe mineral (L,)edobrasfechadasaisoclinais nas rochas envolvidas no sistema die nappes ‘Folia principal (S,) uma xistosicade continua, espagada ‘ou anastomosiea, dependendo da rocha na qual se desenvolve, defini pea orientagio preferencal de micas, canta sillimanita, anfiblo,piroxénios, quartzoe estauolta, Em geralésubparalela 40 acamamento © a0 bandamento composicional das rochas, entretanto, aonde S,, ainda éreconheetvel 8, apresentarse como elivagem decrenulagio ‘A lineagio mineral (L,.)é bemevidente nas rochas xistosasea Tinea eestiramentonndsgnaisses, quartitose veins de quartz0 nos battaxistos. Amba apresentam constineia na diego, eo ccimento suave para SW, com atitude meédin 248/14 (otal de 100, tnedids), embora se observe lineages L,, com caimento suave para NE, devido ao dobramento posterior. No topo da Nappe Varginha 1, se dispde em leque, com direges uproximadamente ortogonais to contato basal dt Nappe Guaxupeé (Fig 4), sendo esta disibuigao provavelmenterelacionada como posicionamento desta nappe sobre as demas, {As dabras D,, so assimétiens, fechadas « isoelinais, com plano axial de bao mergulho, subparalelo a foliagio principal €ixos com enimento suave geralmente ortogonas i diregdo geral 302 de Ly, (Fig. 3b), Porém também apresentam diregio paralela a L,.. padendo ser interpretadas como dobras obliquas (oblique folds, Passchier, 1986). (Os melhores indicadores cinemiticos silo bandas de cisalhamento do tipo $-C’, estruturas do tipo fish de muscovita, ianitae piroxénio (Fig. 3c), foliation fish de muscovita c lentes de quartzo estirado (Fig, 3d), que indicam transporte tectonico com ‘movimento de topo para ENE, com sentido médio para 60" NE (Fig, 4 PASE DEFORMACIONALDRI Resulta de compressioNW-SE, ‘gerando desde crenulagdes (Fig. 3e) até dobras de escala regional, ‘geralmente abertas, com trago de planos axiais NE-SW eeixos de caimento suave para WSW. Estas dobras apresentam suave ria, com vergéneia para NW. Este dobramento € coaxial & dliferenciando-se pelo estilo das debras e pela orientagio ingreme das superficies axiais, onogonais. foliaglo,,. A foliagio relacionada a esta fase é de expressao local, representada por planos de clivagem em xistos onde S,, esta crenulada, D, FASE DEFORMACIONAL DR2__ Desenvolveu-se durante compressioE-W, gerando dobrasabertas com plano axial vertical ecixo N-S € zonas de cisalhamento subverticais destais com ditegio NE-SW (Figs. 2.4), Estas dobras ¢ todas as estruturas pré-existentes sio truncadas & deslocadas pelas zonas de cisalhamento, Na area em questio ocorrem as zonas de cisalhamento de esufnia ZC3)e Tres Coragoes (ZCTC). Aotongo destas zonas oeorrem milonitos e eatacasitos que registram ccomportamento reoldgico dicti-niptil das rochas envolvidas. Os, planos miloniticos (S,.)tém mergulho ingreme a subvertical pa SE; contendo lineacaede estiramento (L,) com atitude méia 062! (02 (otal de 10 medidas). O principal componente de movimento estas zonas de cisalhamento é horizontal desta, veriicado tanto, por indicadores cinemyticos do tipo bandas decisalhamento $-C (ig. 31, quanto pelo padrio de deslocamento e deflexio dk estruturas pré-existentes. Componente de movimento vertical secundirio, indicando o evantamento do bloco norte em relagio aobloco sl, ple ser verifcao prdximo dcidade de Tis Coragses, onde ocorre sinformal do incio da fase DR2, com xistos da associagiio ALGem seu nticleo, No bloco sul estes xistos estio em contato com it ZCTC, enquanto que no bloco norte xistos da associaggo sotoposta ALS, encontram-se em contato com a zona ‘decisahamento (Fig, 2), Utlizando-s estrturslineares¢conatos entre unidades de mapeamento truncados pela ZCTC péde-se estimar desloeamento horizontal emntomode [2 kmedeslocamento vertical da ordem de centenas de metros. PRIMEIRO EVENTO METAMORFICO (M, )_ Relacionado & ondigdes de presio ma alas gue no metamorismo jo clissico (Tela 2). meiamorfismo aumenta de para W, de fciesxisto verde meio, no dominio auton, Ficies gamut nappe Varina. Na Tel 2b indica as provaveis eagdes de surgimento dos minerais que maream as Giferentes cies metnmdeica desenvolvidas no evento MB. Nos traalics da base da nappe Verginha,clata permanece como 0 duminossilicao estivel caraderizando associagao mineral de gd rato junto fomgran dosinddtos).Apresenca de silimamita no topoda Nappe Varin pee ser interpreta can resultado de aumento de temperatura, consumindo muscovta (8) Fovista Brasileira de Goociéncias, Volume 35, 2005 Rodkigo Peter! ot ak Figura 3 - A) inctsoes alinhadas em granada (Grt), em forma de dobra, registrando 0 dobramento da foliagio pretérita (Dy), em biotita xisto (ALS); B) dobra D,, fechada, quase isoclinal, em quartzito (ALS), na serra de Sato Tomé: Indicaddores cinematieos da fase Dy C) esirutura tipo fish de clinopiroxenio em granulitos (ALB), indicando movimento destral em mapa; D) biota sisto (ALS) com veios de quartzo estirades parulelo a foliacao S,.indicando movimento de topo para NE; E)camada metapelitioa jntercalada em quartzito (ALS), mostrando a foliacao S,, crenulada durante a fase Dy; F) estrutura tipo 8-C mostrando movimento sinistral na figura e no mapa topo para NE, biotita xisto (ALS) milonttico da fase Djxe G) fibrolita (Sil) crescida durante 0 evento My bordejando cianita (Ky) desenvolvida no evento My, em biotita xisto (AL3) - foto de Oliveira Castro (1997); H) cianita (Ky) ovienteda perpendicularmente @ foliagao S,, definida por biotita e tas de quavtco, em granulitos (ALO) tna base da nappe Varginka; 1) granada (Grt) com forma elipsoidal e eixo maior orientado em pequeno dngula coin a foliacia Si definida pela orientagdo preferencial de biotita; J) sillimanita (Sil) prismética com orientagdo preferencial paralela @ foliagdo S,, em granulitos (ALS), no topo da nappe Varginha. Revsia Brasivira do Geociéncias, Volume 26, 2005 303 Intertoréncia ontro duas faias mévole neoproterozdicas: 0 caso das falas Brasila © Riboira no sudbosto do Brasil, Wise cuonrs Pengo my - [C1092 520 tom unerghoassccwonADse Mae tavae 7eTe-7aNADE cisaLnwENTO TRES corugoes [= INR Lares ° hin ([eieppe caramae Figura 4 - Mapa estrumurat simplificado mostrando as nappes e lineacdes relacionadas com a fase DB2 Tabela 2a -Associagdes minerais caracteristicas das diferentes cies metamérficas relacionadas aos eventos metamérficos M, ¢ My Evento les Metamdrfion ‘Tssoctagies Mi Titologia FUnidade ‘isto Vere Média BUsChivAbH Tepelto (ALA © ALS) isto Verde GavDChIMsiQtz+Ab e OlgvEpeR— mietapelto (ALL#2 c ALS) ‘Superior GaIClLMsiChQieeAde OIgeRUEp _Metapetito (ALY) GateKy+SI#BI+RUMS+Qu40\g+E) ——metapeito (ALS e ALB) Anfibotito GrlsKyHMstOU40le metapelito (AL#2) i GnieKy+Kis4QutOlg BeAMS4Rt etapelito ALB) FEE Gite KytSte Mev Que aquastito (ALL2 © ALB) ‘Nappe Vagina KiseKy Gite Rts QtzsOlg/Andv Bt melapelito gniiesico (ALS) dbase) HbisGrsCpetQusPisRtellaSpn ___rocha metas (ALA) snulito ~Nappe Varginha— KistSileKy¥GrerRt-Qe2+O1GIAn+ BT metapeliognsssieo (ALG op) HbWGsCperOpnsPl+QwtRBL __tueha metshisiea (ALG) ‘Nappe Gusaupé Auge Gis Bis And-Mes Qa Opa ortognaisse Mi Anfiboie SillsGriaSL+BU4-QU+0} imetapeito (ALS © ALS) Tabela 2b Minerais que marcam a transicéo, em metapelitos, das facies metaméicas relacionadas com os eventos MB e MR e as proveiveis reagdes que os formam (segundo Yardley, 1989). Ab-albita; Ads-andesina; Alm-almandina; Di-diopsiio; Br-biotita; Ch clorita; Cld-cloritéide; Cpx-clinopiroxéuio; Ep-epidoto; Grt-granada; Hbl-hornblenda; H20-dgua; tn-ilmenita; Kfs-K-feldspato; Ky-cianita; Mc-microclina; Ms-muscovita; Olg-oligoclésio; Opx-ortopiroxénio; Pl-plagiocldsio; Ote-quartzo; Re-nutlo; Sit-sillimaanita; Srestaurolita: Spn-tianita (abreviagbes de minerais segundo Krete (1983). Evento Limite das Facies Wetamdicas Provavels Reagies Ti Wansiglo daw Fees xisto verde mdiolxsto vende wuperor om Che Mies Gere Qizet120 (1) iotapelitos de Ai © Ad Sin Wansigao das Fetes isto Verde superiorantibalivo ea melapeivos com Cite A3 (Mlmeida, 1992) CllsQte= Si¥Git+1120 (2) 08 mtupeliios com Bt de Ad (Oliveira Casto, 1997) GrtsMseChl= StsllteQtz41120 (3) MB “Ky-in na Feies Antibolito ‘MsiSteChl = BtKye Qizs1120 t8) = SUMS+ QU = GrisBIeKy+H20 (3) Keligpato-inzmuscowia-out_ nite Fetes anfiboTioygranalivo MsiQuz= Kise Ky11120 (6) surgimento do par wito-granada Tlin-+Ky+Que = Get+RU (7) oe ‘Silmania-in por aumento de temperatura Msi Quz = SilvKis+l120 (8) 0a Ky = SIT) diminaigio de pressio (Alm)+Rt= ln +SilsCQuz (10) jw Sils 120 TT) Mi Silfimaniaiibraia) in (metapelito} ns cies anTbOTS—— SuMstOu, 304 Fovisia Brasileira de Goooiéncias, Volume 35, 2005 ocho Peter! etal ‘ou substituindo cianita (9), ou de descompressiio, desestabilizando © par granada-rutilo (10). Nestes granulitos, a sillimanita surgi pds. cianita eo K-feldspato que, a principio, teria consumido amuscovita na sua formagii. Além disso, a freqiiéneta de erstais| de rutilo bordejados por ilmenitae ttanita & muito maior no topo da nappe Varginha do que na base. Assim, a hipétese de descompressiio seria mais provavel para o surgimento dasillimanita «que em trajetria P-T-hordvia marcaria a temperatura mixima (= 770°C), enquanto os granulitos com cianita indicariam o auge d pressio (P>-9 kbar) para MB. GUNDO EVENTO METAMORFICO (¥M,) — Relacionado & evolugio da Faixa Ribera, com metamorfismotumentando denote ATibrolita Fig, 39), caraeteristia deste evento, gralmente ‘corre ao redor de porfiroblatos de granada, os quais contém inclusdes de cianitacestauroita, ou bordgjando cristais de cianit do evento MB. Assim, fibroia &interpretada como posterior associagio granadaycianitatestaurolita de M,, provavelmente formada segundo areago( | 1)earacterizando,jumtocomestarolita € granada, ficies anibolito com presses entre 2 e 6 kbar © naximaemtomode670 °C Oliveiea sto 1997), temperatura RETROMETAMORFISMO__ As feigdes retrometamérficas observadas nos metapclitos so substituigdes de: biotita por clor ianita e sillimanita por muscovita; hornblenda por biotita e actinolita, e plugioclisio bordejado por epidoto, indicando retrometamorfismo em ficies xisto verde, Nos granulitos hii ceescimento simpleetitico de hornblenda e plagioelisio ao redor de granada, indicando processos de descompresstio, Datagiodo embasamentoaldetone _ Umaamosta de oro doembasamento al6ctone (MR-140, Fig. inétodo U-Pb por diluiglo isot6pica ¢analisada em espectrémetro «de massa por ionizagdo termal (TIMS) no Isolope Geochemistry Laboratory (IGL) da University of Kansas, Estados Unidos, Os proceidimentos laboratorias para andlise de zireéo foram seguidos

You might also like