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Robin Cook - Vírus (Lavro)
Robin Cook - Vírus (Lavro)
OBRAS DO AUTOR
CÉREBRO
COMA
A ESFINGE
FEBRE
MÉDICO OU SEMIDEUS
MEMÓRIAS DE UM MÉDICO INTERNO
SERVIDÃO MENTAL
ROBIN COOK
VÍRUS
Tradução de
CRISTINA MAGALHÃES MACHADO
2ª EDIÇÃO
Título original norte-americano
OUTBREAK
Ilustração da capa:
Copyright © 1987 by Don Brautigarn
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Digitalização,
Revisão e Formatação
Prólogo
Zaire, África
7 de setembro de 1976
16 de setembro de 1976
23 de setembro de 1976
24 de setembro de 1976
30 de setembro de 1976
13 de outubro de 1976
16 de novembro de 1976
3 de dezembro de 1976
Capítulo 1
20 de janeiro
vezes, e ela dava graças a Deus por ele, assim como Ralph,
não a ter pressionado, no que diz respeito a sexo.
Após tomar, um rápido banho de chuveiro, Marissa
enxugou-se e maquiou-se quase que automaticamente.
Correndo contra o relógio, examinou seu guarda-roupa,
rapidamente descartando diversas combinações de trajes. Ela
não era fanática por andar na moda, mas gostava de
apresentar-se da melhor maneira possível. Resolveu-se por
uma saia de seda e um suéter que ganhara no Natal. O suéter
ia até o meio da coxa e ela achava que a fazia parecer mais
alta. Enfiando-se num escarpim preto, olhou-se no espelho
que abrangia toda a parede.
A não ser pela altura, Marissa sentia-se bastante feliz com
sua aparência. Tinha feições miúdas mas delicadas, e seu pai
havia até utilizado o termo "primorosa" anos atrás, quando lhe
perguntara se ele a achava bonita. Seus olhos eram castanho -
escuros, com pestanas espessas, e o cabelo, grosso e
ondulado, tinha a cor de um caro xerez. Ela conservava o
mesmo penteado desde os 16 anos: na altura do ombro,
puxado para trás e preso por uma travessa de tartaruga.
A casa de Ralph ficava a apenas cinco minutos da de
Marissa, mas a vizinhança ia mudando, de modo significativo,
para melhor. As casas tornavam-se maiores e estavam
instaladas em gramados bem-cuidados. A de Ralph situava-se
em uma grande propriedade, com a entrada para carros
descrevendo uma graciosa curva que ia da rua até a porta da
frente. Em toda a extensão desta pista de entrada havia
azaléias e rododendros que, na primavera, era preciso ver
para crer, de acordo com Ralph.
A casa, propriamente, era uma construção vitoriana de
três andares, com uma torre octogonal que dava para a frente,
do lado direito. Uma grande varanda, circundada por uma
ornamentação complicada, começava na torre, estendia-se
pela frente da casa e descrevia uma curva para o lado
esquerdo. Sobre a entrada principal, cuja porta era dupla, e
apoiado no telhado da varanda, havia um balcão circular,
encimado por um cone que complementava um outro existente
no alto da torre.
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das peles e das jóias, Marissa sentiu que os ali presentes não
estavam sendo muito atingidos.
— E lá no CCD? — perguntou o dr. Hayward, olhando na
direção de Cyrill. — Estão convivendo com reduções
orçamentárias?
Cyrill riu cinicamente, o sorriso formando vincos
profundos na face.
— Todos os anos temos que travar uma verdadeira guerra
com a Secretaria de Administração e Orçamento, bem como
com a Comissão de Verbas Orçamentárias da Câmara.
Perdemos quinhentos empregados devido a cortes no
orçamento.
O dr. Jackson pigarreou e disse:
— Imagine se ocorresse uma grave epidemia de gripe,
como a de 1917-18. Supondo-se que seu departamento
estivesse envolvido, vocês possuem os recursos humanos
necessários a uma tal eventualidade?
Cyrill deu de ombros.
— Depende de muitas variáveis. Caso a linhagem não
mude seus antígenos aparentes e possamos desenvolvê-la
imediatamente em cultura de tecido, poderíamos produzir
uma vacina bem rápido. Com que rapidez, não estou bem
certo... Tad?
— Mais ou menos um mês — disse Tad —, se tivermos
sorte. Mais tempo, para produzir o suficiente que cause uma
diferença significativa.
— Faz-me recordar o fracasso da gripe suína, há alguns
anos — interveio o dr. Hayward.
— Não foi culpa do CCD — disse Cyrill defensivamente. —
Não há dúvida a respeito da linhagem que apareceu em Forte
Dix. A razão de não se ter alastrado fica por conta da
imaginação de cada um.
Marissa sentiu alguém pôr a mão no seu ombro. Ao virar-
se, deparou com uma das criadas de uniforme preto.
— Dra. Blumenthal? — sussurrou a moça.
— Sim.
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Capítulo 2
21 de janeiro
— Vou verificar.
— A primeira coisa que quero que faça é coleta de sangue,
de amostras de urina e de material da garganta para a cultura
de vírus em todos os sete casos, e quero que envie o material
o mais rápido possível para o CCD. Utilize-se do serviço de
entregas da Delta, é o método mais rápido. Quero que você
faça a coleta de sangue pessoalmente e, pelo amor de Deus,
que tome cuidado. Colete do macaco também, se puder.
Embale as amostras em gelo-seco, antes de remetê-las.
— Acabo de examinar o que poderia ser mais um caso —
disse Marissa. — Um dos técnicos de laboratório da clínica.
— Inclua-o também. Parece que está ficando cada vez
mais grave. Assegure-se de que todos os pacientes estejam
totalmente isolados, com rigorosas precauções para uma
completa incomunicabilidade. E avise a todo aquele que esteja
de serviço para não executar qualquer tipo de trabalho no
laboratório até que eu chegue aí.
— Já fiz isso — disse Marissa. — Você vem pessoalmente?
— Pode apostar que sim. Este talvez seja um caso de
emergência nacional. Mas levará algum tempo até que o
laboratório móvel seja preparado. Enquanto isso, comece a
organizar uma quarentena para os contatos e tente se
comunicar com os organizadores daquele congresso
oftalmológico na África; verifique também se algum dos
outros médicos que compareceram está doente. E mais uma
coisa: não diga nada à imprensa. Com toda esta publicidade
sobre AIDS, acho que o público não conseguiria lidar com a
ameaça de outra enfermidade virótica mortal. Poderia haver
pânico generalizado. E, Marissa, quero que você use roupa
protetora completa quando examinar os pacientes, inclusive
óculos especiais, que o Departamento de Patologia deve
possuir, caso ninguém mais possua. Estarei aí o mais rápido
que puder.
Quando desligou, Marissa experimentou uma torrente de
ansiedade. Imaginava se já não se expusera ao vírus. Depois
preocupou-se com o fato de já haver falado com Clarence
Herns, do Los Angeles Times. Bem, o que estava feito,
paciência. Sentia-se feliz com a vinda de Dubchek. Ela sabia
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Capítulo 3
22 de janeiro
Capítulo 4
27 de fevereiro
vê-lo qualquer noite, ela não sabia. Mas, a cada dia que
passava, a frieza entre eles aumentava, principalmente da
parte dele.
Tad entrou no estacionamento e eles caminharam em
silêncio até a entrada principal. Marissa meditava sobre o ego
humano e quanta confusão ele causava.
Registraram-se sob o olhar observador do guarda de
segurança e, como mandava o figurino, mostraram o seu
cartão de identidade do CCD. Sob o título "Destino", Marissa
escreveu "escritório". Esperaram o elevador e subiram três
andares. Após andarem a extensão correspondente ao prédio
principal, passaram por uma porta externa que dava para uma
passarela de ferro que ligava o prédio principal ao laboratório
de virologia. Todos os prédios do Centro eram ligados, na
maioria dos andares, por passagens similares.
— No laboratório de máxima restrição, a segurança é mais
rigorosa — disse Tad ao abrir a porta do prédio da Virologia.
— Estocamos todo tipo de vírus patológicos de que o homem
tem conhecimento.
— Todos eles? — perguntou Marissa, obviamente apavo-
rada.
— Quase todos — disse Tad, como um pai orgulhoso.
— E o Ebola?
— Possuímos amostras do Ebola de cada pessoa, da última
epidemia. Temos o Marburg, o da varíola, que aliás está
extinta, pólio, febre amarela, dengue, AIDS. Escolha um, nós o
temos.
— Deus! — exclamou Marissa. Uma exposição de horrores.
— Acho que se pode chamar assim.
— Como estão armazenados? ela perguntou.
— Congelados com nitrogênio líquido.
— E são contagiosos?
— Basta descongelá-los — disse Tad.
Estavam andando por um corredor comum, passando por
uma miríade de pequenos e escuros escritórios. Marissa já
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bonito, que a atraía muito mais do que Ralph, com quem ela
estava bastante feliz por sair para jantar.
— Acredito que eu saberei, quando você já tiver
conhecimento suficiente — disse Dubchek interrompendo-lhe
os pensamentos — ... ou Tad Schockley saberá.
Marissa animou-se. Se dependia de Tad, tinha certeza de
que conseguiria a autorização necessária.
— Enquanto isso — disse Dubchek, contornando a
escrivaninha e sentando-se —, tenho algo mais importante
para lhe dizer. Acabo de falar ao telefone com diversas
pessoas, inclusive o encarregado do Serviço de Epidemiologia
do Estado do Missouri. Eles têm um caso isolado de uma
enfermidade virótica grave em St. Louis, e acham que pode ser
febre Ebola. Quero que você parta imediatamente, faça uma
avaliação clínica da situação, envie amostras para Tad e
mantenha-nos informados. Aqui está a sua reserva aérea.
Ele entregou a Marissa uma folha de papel. Nela estava
escrito: "Delta, vôo 1.083, saída 17:34, chegada 18:06".
Marissa estava aturdida. Com o trânsito da hora do rush,
iria ser uma correria. Ela sabia que como fiscal do Serviço de
Investigação em Epidemiologia deveria ter sempre uma mala
pronta para viajar, mas não tinha, e também precisava pensar
em Taffy.
— Aprontaremos o laboratório móvel, se for necessário
dizia Cyrill. — Mas esperemos que não seja.
Ele estendeu-lhe a mão para lhe desejar boa sorte, mas
Marissa estava tão preocupada com a possibilidade de encarar
o vírus mortal Ebola dali a poucas horas, que saiu sem notar.
Sentia-se atordoada. Ela havia entrado com a esperança de
conseguir a permissão para usar o laboratório de máxima
restrição e estava saindo com ordens de voar para St. Louis!
Olhando o relógio, desandou a correr. Ia ser mesmo uma
correria.
Robin Cook 90
Capítulo 5
3 de março
1 Do nome próprio Mary Mallon, cozinheira irlandesa que, conforme foi descoberto, era
agente transmissor de febre tifóide. (N. da T.)
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Capítulo 6
10 de abril
Capítulo 7
17 de abril
Capítulo 8
16 de maio
Capítulo 9
17 de maio
frente. Ela gritou para ele chamar a polícia, mas não esperou
para explicar. Deu meia-volta e retornou correndo para casa. O
som do alarme ecoava através das árvores que delimitavam a
rua. Subindo os degraus da frente de dois em dois, Marissa
voltou a sua sala de estar, mas encontrou-a vazia. Em pânico,
correu até a cozinha. A porta de trás estava entreaberta.
Alcançando o painel, ela desligou o alarme.
— Tad! — gritou, voltando à sala de estar e depois
olhando dentro do quarto de hóspedes do primeiro andar. Não
havia sinal dele.
O sr. Judson entrou correndo pela porta da frente, que
estava aberta, brandindo um atiçador. Juntos eles passaram
pela cozinha e pela porta dos fundos.
— Minha mulher está telefonando para a polícia — disse o
sr. Judson.
— Havia um colega comigo — falou, ofegante, Marissa,
com uma crescente ansiedade. — Não sei onde ele está.
— Vem vindo alguém — disse o sr. Judson, apontando.
Marissa viu um vulto aproximar-se por entre as sempre-
vivas. Era Tad. Aliviada, correu até ele e atirou os braços em
volta de seu pescoço, perguntando-lhe o que tinha acontecido.
— Infelizmente, eu fui derrubado — ele contou, tocando o
lado da cabeça. — Quando me levantei, o cara estava do lado
de fora. Havia um carro esperando por ele.
Marissa levou Tad para dentro da cozinha e limpou-lhe o
lado da cabeça com uma toalha molhada. Era apenas uma
contusão superficial.
— O braço do sujeito parecia um porrete — disse Tad.
— Você teve sorte de não ter sido mais machucado. Não
devia tê-lo seguido de jeito nenhum. E se ele tivesse uma
arma?
— Eu não estava planejando ser herói — disse Tad. —
Tudo o que ele levava era uma pasta.
— Uma pasta? Que tipo de ladrão carrega uma pasta?
— Ele estava bem vestido, tenho que dizer isto em seu
favor.
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— Você pôde ter uma boa visão dele a ponto de identificá-
lo? — perguntou o sr. Judson.
Tad deu de ombros.
— Duvido muito. Tudo aconteceu tão rápido...
A distância, eles ouviram o som de uma sirene de polícia
aproximando-se.
O sr. Judson olhou para o seu relógio.
— Que atendimento rápido!
— Taffy! — gritou Marissa, lembrando-se de repente do
cãozinho e correndo de volta à sala de estar, com Tad e o sr.
Judson logo atrás.
O cachorro não se movera. Marissa ajoelhou-se e,
cuidadosamente, ergueu-o. A cabeça de Taffy pendeu,
molemente. Seu pescoço tinha sido quebrado.
Capítulo 10
20 de maio
Capítulo 11
20 de maio - Noite
Capítulo 12
21 de maio
Capítulo 13
22 de maio
Capítulo 14
23 de maio
Capítulo 15
23 de maio - continuação
Capítulo 16
24 de maio
Capítulo 17
24 de maio
Capítulo 18
24 de maio
Epílogo
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