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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ELÉTRICOS: ESTUDO DO CASO DE


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS RESIDENCIAIS FORNECIDAS COM BAIXA
TENSÃO

LARYSSA ALVES ROSETE FERNANDES

RIO DE JANEIRO
JUNHO / 2023
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ELÉTRICOS: ESTUDO DO CASO DE


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS RESIDENCIAIS FORNECIDAS COM BAIXA
TENSÃO

LARYSSA ALVES ROSETE FERNANDES

Monografia apresentada como requisito da


disciplina Monografia II do curso de
Engenharia Elétrica.
Orientador: Edisio Alves de Aguiar Junior

RIO DE JANEIRO
JUNHO / 2023
FICHA CATALOGRÁFIA
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
ENGENHARIA ELÉTRICA

LARYSSA ALVES ROSETE FERNANDES

ANÁLISE DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ELÉTRICOS: ESTUDO DO CASO DE


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS RESIDENCIAIS FORNECIDAS COM BAIXA
TENSÃO

Monografia apresentada como


requisito final à conclusão do curso de
Engenharia Elétrica.

APROVADA EM: __/__/__

Grau conferido ao aluno: ________________________

________________________________________
Prof. (Edisio Alves de Aguiar Junior)
ORIENTADOR

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações

________________________________________
LARYSSA ALVES ROSETE FERNANDES

Coordenação de Engenharia Elétrica

Rio de Janeiro
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus, porque sem a Sua graça certamente eu não teria chegado
até aqui, Ele foi uma peça fundamental para que não só essa pesquisa, mas toda a graduação
fosse concluída, muito obrigada.

A meus pais, Waldeni e Sandra, por todo apoio, incentivo e orações, vocês fazem parte
desta conquista.

Ao meu grande companheiro de anos, meu esposo Jonathan, por toda compreensão,
carinho e incentivo, e ao nosso filho, Ezequiel, por me inspirar a ser a melhor versão todos os
dias, como mãe e profissional. Quero sempre ser um bom exemplo para vocês e certamente
poder ver indo muito além do que eu já fui.

Em especial, dedico esta pesquisa a minha avó Maria Rosa (in memorian), que tanto se
alegrou nas minhas conquistas, pelas orações e por todo zelo e cuidado que recebi.

Agradeço aos meus amigos conquistados durante a graduação e na vida, pela motivação,
conselhos e amparo que influenciaram nesta jornada, foram muitos desafios, choros e
dificuldades vencidas, certamente vocês foram uma parte muito importante nos últimos tempos.

Ao meu querido professor e orientador Edisio Alves Junior, pelo tempo investido nesta
pesquisa, por acreditar na minha proposta de trabalho e por ter sido um dos melhores
professores durante a graduação, seu exemplo de carreira e influência como docente acadêmico
certamente me levarão a muitas salas de aula futuramente.

Por fim, agradeço a Universidade Veiga de Almeida, e a todo corpo docente que
trabalharam com excelência e muita dedicação.
“O objetivo desta instrução é o amor que procede de
um coração puro, de uma boa consciência e de uma
fé sincera” (1 Tm 1:5)
RESUMO
O Brasil ainda apresenta um elevado número de acidentes de trabalho, muitos dos quais
resultam em morte ou incapacidade permanente para o trabalho. Vários fatores podem explicar
essa realidade, incluindo um entendimento imaturo da aplicação das regras de segurança pré-
trabalho, trabalho e pós-trabalho. No que diz respeito aos acidentes de trabalho em instalações
elétricas, o quadro não é muito diferente, pelo que este trabalho pretende contribuir para a
discussão sobre a aplicação das normas de segurança às instalações elétricas. Os riscos de lesões
elétricas não se limitam apenas às pessoas que trabalham no campo, mas também a quem utiliza
eletricidade no seu dia a dia, ou seja, o choque elétrico é um tipo de lesão que pode acontecer a
qualquer pessoa, na sua vida cotidiana. Este tipo de risco pode ser reduzido ou atenuado pelo
usuário ao utilizar a eletricidade de forma segura. O risco também pode ser neutralizado
seguindo as normas técnicas, conhecidas como NBR’s, o dimensionamento correto dos
componentes presentes nas instalações elétricas e também a aplicação correta das NR’s, que
são as normas de segurança. Para tanto, foi realizada extensa pesquisa bibliográfica em bases
de dados eletrônicas, resultando em um grande número de textos sobre o assunto e suas
interconexões. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, permite explicar e discutir o
tema partindo de referências publicadas em trabalhos acadêmicos como artigos, livros,
dissertações, teses, dentre outros. Conceitos práticos são ilustrados por um estudo de casos
residenciais, onde são analisadas situações físicas reais de instalações elétricas.

Palavras-chave: Segurança em instalações elétricas; NR 10; riscos elétricos.


ABSTRACT
Brazil still has a high number of work-related accidents, many of which result in death or
permanent inability to work. Several factors can explain this reality, including an immature
understanding of the application of pre-work, work, and post-work safety rules. When it comes
to work accidents in electrical installations, the picture is not much different, so this paper aims
to contribute to the discussion on the application of safety rules to electrical installations. The
risks of electrical injuries are not limited only to people who work in the field, but also to those
who use electricity in their daily lives, that is, electric shock is a type of injury that can happen
to anyone, in their daily lives. This type of risk can be reduced or mitigated by the user using
electricity in a safe way. The risk can also be neutralized by following the technical norms,
known as NBR's, the correct dimensioning of the components present in electrical installations
and also the correct application of NR's, which are the safety norms. To this end, an extensive
bibliographic research was carried out in electronic databases, resulting in a large number of
texts on the subject and its interconnections. This is a literature review research, allowing the
theme to be explained and discussed using references published in academic works such as
articles, books, dissertations, and theses, among others. Practical concepts are illustrated by a
residential case study, where real physical situations of electrical installations are analyzed.

Keywords: Safety in electrical installations; NR 10; electrical risks.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Elétrons Livres x Corrente Elétrica ........................................................................ 25


Figura 2 - Regra da Mão Direita em um Condutor Percorrido Por Corrente Elétrica............. 28
Figura 3 - Categoria Equipamento de Medição ....................................................................... 29
Figura 4 - Multímetro Digital .................................................................................................. 30
Figura 5 - Medição de Tensão Elétrica com Multímetro ........................................................ 31
Figura 6 - Medição de Resistência Elétrica com Multímetro .................................................. 32
Figura 7 - Medição de Corrente Elétrica com Multímetro ...................................................... 32
Figura 8 - Alicate Amperímetro .............................................................................................. 33
Figura 9 - Medição de Corrente Elétrica com Alicate Amperímetro ...................................... 34
Figura 10 - Detector de tensão para baixa tensão .................................................................... 34
Figura 11 - Estrutura do Coração Humano ............................................................................. 37
Figura 12 - Sistema Circulatório Humano............................................................................... 38
Figura 13 - Sistema de Condução Elétrica do Coração Humano ............................................ 39
Figura 14 - Eletrocardiograma do Ciclo Cardíaco .................................................................. 40
Figura 15 - Ondas do Eletrocardiograma ................................................................................ 41
Figura 16 - Período Vulnerável do Coração Humano ............................................................. 41
Figura 17 - Choque Elétrico .................................................................................................... 44
Figura 18 - Choque Elétrico Estático ...................................................................................... 45
Figura 19 - Calcanheira Antiestática ....................................................................................... 46
Figura 20 - Choque Elétrico Dinâmico ................................................................................... 47
Figura 21 - Choque Elétrico por Descarga Atmosférica ......................................................... 48
Figura 22 - Tensão de Toque ................................................................................................... 49
Figura 23 - Circuito de Equivalência da Tensão de Toque ..................................................... 49
Figura 24 - Tensão de Passo .................................................................................................... 51
Figura 25 - Circuito de Equivalência da Tensão de Passo ...................................................... 51
Figura 26 - Zonas Equipotenciais Tensão de Passo ................................................................ 53
Figura 27 - Percursos da Corrente Elétrica no Choque Elétrico ............................................. 53
Figura 28 - Início do choque elétrico (Fibrilação ventricular) ................................................ 58
Figura 29 - Circuito Elétrico de um Desfibrilador .................................................................. 59
Figura 30 - Arco Elétrico......................................................................................................... 60
Figura 31 - Adaptador T / Benjamim Universal ...................................................................... 69
Figura 32 - Adaptador de Tomada........................................................................................... 70
Figura 33 - Circuitos sinalizados no QD ................................................................................. 70
Figura 34 - Uso de Benjamim ................................................................................................. 72
Figura 35 - Câmera Termográfica ........................................................................................... 73
Figura 36 - Análise Termográfica ........................................................................................... 74
Figura 37 - Esquema de Aterramento TN-S ............................................................................ 82
Figura 38 - Esquema de Aterramento TN-C ........................................................................... 83
Figura 39 - Ruptura do Neutro na Topologia TN-C ................................................................ 84
Figura 40 - Esquema de Aterramento TN-C-S ........................................................................ 84
Figura 41 - Exemplo de Uso da Topologia de Aterramento TN ............................................. 85
Figura 42 - Esquema da Aterramento TT – Aterramento Comum.......................................... 85
Figura 43 - Esquema de Aterramento TT – Aterramentos Distintos....................................... 86
Figura 44 - Esquema de Aterramento IT ................................................................................. 87
Figura 45 - Disjuntor modelo NEMA x Disjuntor modelo DIN ............................................. 87
Figura 46 - Disjuntor Termomagnético do Tipo IEC/DIN ...................................................... 88
Figura 47 - Curvas de Disparo de Disjuntores Termomagnéticos .......................................... 89
Figura 48 - Tomada de Corrente Elétrica de Acordo com a NBR 14136 ............................... 92
Figura 49 - Exemplo de Tomada Padrão Brasileiro sem Contato Direto ................................ 93
Figura 50 - Tomadas de Corrente Elétrica Segundo Padrão NBR 14136 ............................... 94
Figura 51 - Dispositivo Diferencial Residual - DDR .............................................................. 94
Figura 52 - Instalação IDR com Disjuntor Termomagnético .................................................. 95
Figura 53 - Dispositivo de Proteção contra Surto – DPS ........................................................ 96
Figura 54 - Padrão de Cores Segundo a NBR 5410 .............................................................. 100
Figura 55 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 1 .......................................... 102
Figura 56 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 2 .......................................... 102
Figura 57 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 03 ........................................ 103
Figura 58 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 04 ........................................ 103
Figura 59 - Condições das Instalações - Residência 01 ........................................................ 104
Figura 60 - Condições das Instalações - Residência 03 ........................................................ 104
Figura 61 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 01 ..................................................... 105
Figura 62 - Aterramento de Proteção do Chuveiro Residência 01 ........................................ 106
Figura 63 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 02 ..................................................... 107
Figura 64 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 03 ..................................................... 107
Figura 65 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 04 ..................................................... 108
Figura 66 - Uso de Benjamins – Residência 01 .................................................................... 109
Figura 67 - Uso de Extensão Elétrica – Residência 01 ......................................................... 109
Figura 68 - Uso de Benjamins e Adaptadores Elétricos – Residência 02 ............................. 110
Figura 69 - Uso de Benjamins e Extensões Elétricas – Residência 03 ................................. 110
Figura 70 - Cargas Acima de 20A –Residência 02 ............................................................... 111
Figura 71 - Sistema de Aquecimento d’água – Residência 04 .............................................. 112
Figura 72 - Sinalização do Quadro de Distribuição – Residência 03 .................................... 113
Figura 73 - Proteção Contra Choque Elétrico com IDR - Residência 03 .............................. 114
Figura 74 - Proteção Contra Surto Elétrico com DPS - Residência 03 ................................. 114
Figura 75 - Fluxograma Habilitação, Qualificação, Capacitação e Autorização de
trabalhadores ........................................................................................................................... 131
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resistividade Específica 26


Tabela 2 - Corrente Equivalente no Coração 54
Tabela 3 - Intensidade de Corrente Elétrica X Efeitos Fisiológicos do Choque Elétrico 55
Tabela 4 - Probabilidade de Reanimação da Vítima Após uma Parada Respiratória 56
Tabela 5 - Diferenças entre Disjuntor DIN e NEMA 88
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Corrente Contínua ................................................................................................. 22
Gráfico 2 - Corrente Alternada ................................................................................................ 23
Gráfico 3 - Acidentes de Origem Elétrica em 2022 ................................................................ 76
Gráfico 4 - Casos de Acidentes Fatais e Não fatais no Ano de 2022 ...................................... 77
Gráfico 5 - Acidentes por choque elétricos nas residências em 2022 ..................................... 78
Gráfico 6 - Acidentes Fatais Provocados por Choque Elétrico na Região Sudeste do Brasil . 78
Gráfico 7 - Morte por Incêndio por Local de ocorrência no Brasil ......................................... 79
Gráfico 8 - Choque Elétrico Por Tipo de Profissão ................................................................. 80
Gráfico 9 - Comparativo de Acidentes de Origem Elétrica de 2013 a 2022 ........................... 81
Gráfico 10 - Questionamento 01............................................................................................ 116
Gráfico 11 - Questionamento 02............................................................................................ 117
Gráfico 12 - Questionamento 03............................................................................................ 117
Gráfico 13 - Questionamento 04............................................................................................ 118
Gráfico 14 - Questionamento 05............................................................................................ 119
Gráfico 15 - Questionamento 06............................................................................................ 119
Gráfico 16 - Questionamento 08............................................................................................ 121
Gráfico 17 - Questionamento 10............................................................................................ 122
Gráfico 18 - Questionamento 11............................................................................................ 123
Gráfico 19 - Questionamento 12............................................................................................ 125
Gráfico 20 - Questionamento 13............................................................................................ 125
Gráfico 21 - Questionamento 14............................................................................................ 126
Gráfico 22 - Questionamento 01............................................................................................ 127
Gráfico 23 - Questionamento 02............................................................................................ 127
Gráfico 24 - Questionamento 03............................................................................................ 128
Gráfico 25 - Questionamento 04............................................................................................ 129
Gráfico 26 - Questionamento 05............................................................................................ 130
Gráfico 27 - Questionamento 06............................................................................................ 130
Gráfico 28 - Questionamento 07............................................................................................ 133
Gráfico 29 - Questionamento 08............................................................................................ 133
Gráfico 30 - Questionamento 09............................................................................................ 134
Gráfico 31 - Questionamento 10............................................................................................ 134
Gráfico 32 - Questionamento 11............................................................................................ 135
Gráfico 33 - Questionamento 12............................................................................................ 136
Gráfico 34 - Questionamento 13............................................................................................ 136
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 16
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................... 17
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................. 17
1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 17
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 18
1.4 DELIMITAÇÕES ...................................................................................... 18
1.5 METODOLOGIA ...................................................................................... 19
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 21
2.1 DEFINIÇÕES DE CONCEITOS VOLTADOS À ENGENHARIA
ELÉTRICA..................................................................................................................21
2.1.1 Grandezas Elétricas Fundamentais ..................................................... 21
2.1.1.1 Tensão Elétrica ....................................................................................... 21
2.1.1.1.1 Corrente Contínua .................................................................................. 22
2.1.1.1.2 Corrente Alternada ................................................................................. 23
2.1.1.2 Corrente Elétrica ..................................................................................... 24
2.1.1.3 Resistência Elétrica ................................................................................ 25
2.1.1.4 Potência Elétrica ..................................................................................... 26
2.1.1.5 Campo Magnético De Um Condutor ....................................................... 27
2.1.2 Medidas Elétricas .................................................................................. 28
2.1.2.1 Uso Do Multímetro .................................................................................. 28
2.1.2.2 Utilização Do Alicate Amperímetro ......................................................... 32
2.1.2.3 Detectores De Tensão Para Uso Em Baixa Tensão ............................... 34
2.2 DEFINIÇÃO DE CONCEITOS VOLTADOS À ENGENHARIA DE
SEGURANÇA............................................................................................................ 34
2.2.1 Risco e Perigo ........................................................................................ 35
2.2.2 Segurança ............................................................................................... 35
2.2.3 Nível de Perigo ....................................................................................... 35
2.2.4 Acidente e Incidente .............................................................................. 36
2.2.5 Atos Inseguros e Condições Inseguras ............................................... 36
2.3 O CORAÇÃO HUMANO ........................................................................... 36
2.3.1 Funcionamento Mecânico do Coração ................................................. 38
2.3.2 Sistema de Condução Elétrica Do Coração ......................................... 38
2.3.3 Ciclo Cardíaco ........................................................................................ 39
2.4 RISCOS ELÉTRICOS ............................................................................. 41
2.4.1 Choque Elétrico ..................................................................................... 42
2.4.1.1 Tipos de Choque Elétricos ...................................................................... 44
2.4.1.1.1 Choque Estático ...................................................................................... 44
2.4.1.1.2 Choque Dinâmico ................................................................................... 46
2.4.1.1.3 Descargas Atmosféricas ......................................................................... 47
2.4.1.1.3.1 Tensão de Toque ................................................................................... 48
2.4.1.1.3.2 Tensão de Passo..................................................................................... 50
2.4.1.2 Influência do Percurso da Corrente Elétrica no Corpo Humano ............. 53
2.4.1.3 Efeitos Fisiológicos Decorrente do Choque Elétrico ............................... 54
2.4.1.3.1 Tetanização ............................................................................................ 55
2.4.1.3.2 Parada Cardíaca ..................................................................................... 55
2.4.1.3.3 Queimaduras .......................................................................................... 56
2.4.1.3.4 Fibrilação Ventricular .............................................................................. 57
2.4.1.4 Principais Riscos do Choque Elétrico em At ........................................... 59
2.4.2 Arco Elétrico .......................................................................................... 60
2.4.3 Análise do Arco Elétrico em Sistemas Elétricos ................................ 60
2.4.3.1 Cálculo do Arco Elétrico de Acordo com IEEE 1584-2002...................... 61
2.4.3.2 Prevenção de Arco Voltaico .................................................................... 61
2.4.3.3 Análise de Choque Elétrico em Sistemas Elétricos ................................ 63
2.4.3.4 Cálculo do Choque Elétrico..................................................................... 63
2.4.3.5 Prevenção de choque elétrico................................................................. 64
2.4.4 Campos Eletromagnéticos ................................................................... 65
2.4.5 Riscos Adicionais ................................................................................. 65
2.5 TIPOS DE ACIDENTES .......................................................................... 66
2.5.1 Causa Direta .......................................................................................... 66
2.5.2 Causa Indireta........................................................................................ 67
2.5.2.1 Descargas Atmosféricas ......................................................................... 67
2.5.3 Sobrecarga em circuitos ...................................................................... 68
2.5.4 Mau contato em conexões ................................................................... 72
2.5.5 Mau dimensionamento de componentes ............................................ 74
2.5.6 Uso indevido do material ferramental ................................................. 75
2.5.7 Estatísticas de acidentes com eletricidade ........................................ 75
2.5.7.1 Estatística de Acidentes de Origem Elétrica no Brasil ............................ 76
2.5.7.2 Estatística de Acidentes por Tipo de Profissão no Brasil ........................ 79
2.5.7.3 Dados Históricos de Acidentes de Origem Elétrica ................................. 80
2.6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 81
2.6.1 Sistemas de aterramento ...................................................................... 81
2.6.1.1 Esquema de Aterramento TN ................................................................. 82
2.6.1.2 Esquema de Aterramento TT .................................................................. 85
2.6.1.3 Esquema de Aterramento IT ................................................................... 86
2.6.2 Proteção contra sobrecarga e curto circuito em circuitos
terminais....................................................................................................................87
2.6.3 Proteção contra o choque elétrico ...................................................... 92
2.6.4 Proteção contra surtos ......................................................................... 95
2.6.5 Sistema de proteção contra descargas atmosféricas........................ 97
3 ESTUDO DO CASO ............................................................................... 98
3.1 METODOLOGIA DO ESTUDO DO CASO .............................................. 98
3.2 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS UTILIZADOS NA PESQUISA ........... 99
4 RESULTADOS OBTIDOS ORIUNDOS DO ESTUDO DO CASO E
ANALISE EXPLORATÓRIA ................................................................................... 100
4.1 ESTUDO DO CASO .............................................................................. 100
4.1.1 Estrutura dos circuitos elétricos ....................................................... 100
4.1.2 Presença do aterramento de proteção .............................................. 104
4.1.3 Presença de adaptadores, benjamins ou extensões elétricas ........ 108
4.1.4 Conexão das cargas acima de 20a .................................................... 110
4.1.5 Condições do quadro de distribuição ............................................... 112
4.1.6 Proteções contra surto e choque elétrico......................................... 113
4.1.7 Quantidade de tomadas de corrente nos cômodos ......................... 115
4.2 ANÁLISE EXPLORATÓRIA................................................................... 116
4.2.1 Primeira pesquisa ............................................................................... 116
4.2.1.1 Questionamento 01 – Faixa etária abordada ........................................ 116
4.2.1.2 Questionamento 02 e 03 – Situação do imóvel..................................... 116
4.2.1.3 Questionamento 04 – Tempo de vida das Instalações Elétricas........... 117
4.2.1.4 Questionamento 05 – Manutenção das instalações elétricas ............... 118
4.2.1.5 Questionamento 06 – Acidentes de origem elétrica na residência dos
participantes ............................................................................................................ 119
4.2.1.6 Questionamento 07 – Descrição de acidentes de origem elétrica na
residência dos participantes .................................................................................... 120
4.2.1.7 Questionamento 08 – Incidentes envolvendo queimaduras e/ou parada
cardíaca ou invalidez oriundas de acidentes elétricos ............................................ 121
4.2.1.8 Questionamento 09 – Descrição de incidentes envolvendo queimaduras
e/ou parada cardíaca ou invalidez oriundas de acidentes elétricos ........................ 121
4.2.1.9 Questionamento 10 – Ocorrência de óbitos em decorrência de acidentes
de origem elétrica .................................................................................................... 122
4.2.1.10 Questionamento 11 – Dispositivo DR ................................................... 123
4.2.1.11 Questionamento 12, 13 e 14 – Chuveiros Elétricos .............................. 124
4.2.2 Segunda pesquisa............................................................................... 126
4.2.2.1 Questionamento 01 e 02 – Quadro de Distribuição dos Circuitos......... 126
4.2.2.2 Questionamento 03 – Disjuntores ......................................................... 128
4.2.2.2 Questionamento 04, 05 e 06 – Instalações Elétricas ............................ 128
4.2.2.3 Questionamento 07 e 08 – Mão de obra ............................................... 131
4.2.2.4 Questionamento 09, 10, 11 e 12 – Uso de Benjamins e Adaptadores
Elétricos 134
4.2.2.5 Questionamento 13 – Curso de Segurança em Eletricidade ................ 136
5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 138
5.1 TRABALHOS FUTUROS....................................................................... 140
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 141
APÊNDICE A – primeira parte do Questionário Referente a Medidas Protetivas Em
Acidentes De Origem Elétrica Nas Instalações Residenciais Alimentadas Em Baixa
Tensão .................................................................................................................... 143
APÊNDICE B – segunda parte do Questionário Referente a Medidas Protetivas Em
Acidentes De Origem Elétrica Nas Instalações Residenciais Alimentadas Em Baixa
Tensão .................................................................................................................... 145
15

1 INTRODUÇÃO

Hoje, para interagir com qualquer sistema elétrico, é necessário o conhecimento prévio
das normas que estabelecem os requisitos para o diagnóstico e avaliação de uma
instalação. Visa identificar condições de perigo, deterioração física, uso indevido e outras
situações que aumentem a probabilidade de risco às pessoas e seus bens ( Carlos e Campos,
2013 ); É por esta razão que existem requisitos de segurança, a nível nacional, definidos no
Decreto Supremo n.º 024-2016-EM. Regulamento de Saúde e Segurança do Trabalho em
Mineração ( Ministério de Energia e Minas, 28 de julho de 2016 ) e na Resolução Ministerial
nº 111-2013-MEM-DM. Regulamentos de Saúde e Segurança no Trabalho com Eletricidade
(MERINO,2013).

É importante conhecer as normas vigentes sobre segurança elétrica, principalmente os


riscos de choque elétrico e arco elétrico, que existem desde que o homem começou a utilizar a
energia elétrica. No entanto, o número de mortes, ferimentos graves, queimaduras e perda de
propriedade aumentou devido à falta de conscientização sobre segurança elétrica ( Industrial
Technology Suppliers, Inc., 2014 ).

A consciência do problema é uma deficiência que ainda existe e que pode ser focada
nos dois estados iniciais das fases de aprendizagem: incompetência-inconsciente e
incompetência-consciente ( Sobrino, 2013); ou seja, nos trabalhadores que desconhecem os
danos que podem sofrer e nos que ainda não sabem como controlá-los. Ao não ser informado
sobre o problema, qualquer trabalhador da indústria, em geral, fica exposto a riscos elétricos
com grande potencial de causar danos. No entanto, esses perigos podem ser identificados como
condições abaixo do padrão. Atualmente, melhorias na segurança exigem o atendimento de
condicionantes ligadas a custos, burocracia nas empresas, comprometimento, interesse da alta
administração, entre outros; Infelizmente, muitas vezes espera-se que a lesão ou morte de um
trabalhador seja adotada pela condição mais segura na instalação para o funcionário.

Sobrino (2013) menciona que a melhoria contínua e sua aplicação podem solucionar os
problemas esperados e a gestão dos riscos potenciais, tendo em vista que é um ciclo que deve
ser constantemente repetido. Da mesma forma, Niebel e Freivalds (2009) destacam que os
acidentes são o resultado de uma sequência de eventos causados por múltiplos motivos. Por
outro lado, no que diz respeito à teoria da causalidade de Bird, é importante indicar que sua
finalidade é neutralizar os efeitos destrutivos de perdas potenciais ou reais, que são
16

consequência de eventos indesejados; portanto, a correta aplicação dos conhecimentos e


técnicas de um profissional nos métodos e procedimentos de um trabalho pode reduzir os
prejuízos causados por esse tipo de evento ( VÁSQUEZ, 2017 ).

Muitas famílias vivem em prédios, como exemplo os prédios verticais, onde cada
família mora em um apartamento desse prédio. Estes apartamentos estão localizados um ao lado
do outro com distâncias curtas. Por isso é de extrema importância cuidar das instalações
elétricas dos prédios, pois um acidente que aconteça em determinado apartamento pode
acarretar outro acidente em outro apartamento ou até mesmo no prédio como um todo, podendo
gerar um efeito dominó e prejudicar terceiros.

Por isso, é de extrema importância utilizar as recomendações impostas por normas como
a Norma Regulamentadora Nº 10 (NR 10) instituída pelo MTE (Ministério do Trabalho e
Emprego), que trata da segurança em instalações e serviços de origem elétrica. Outra norma
importante é a Norma Brasileira 5410 (ABNT NBR 5410) estabelecida pela ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), que trata das instalações elétricas de baixa tensão, e a ABNT
NBR 5419, que trata dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. Estas
recomendações, que devem ser seguidas durante a fase de concessão e execução do projeto,
requerem sempre mão-de-obra qualificada e autorizada para a atividade pretendida.

Perante estes fatos, é claro que é necessário estar informado sobre os riscos associados
aos serviços ou no simples contato diário com as instalações elétricas e prever medidas de
prevenção e controlo de acidentes de origem elétrica. em residências abastecidas com baixa
tensão.

1.1 JUSTIFICATIVA

Considerando o exposto, o objetivo principal deste artigo é relacionar as condições de


trabalho com os riscos elétricos; além disso, busca ampliar o conhecimento sobre a exposição
de riscos com energia elétrica para prevenção de acidentes. Em decorrência desses propósitos,
os objetivos específicos são identificar a forma como um fator contribui para a intensidade
energética de um arco e choque elétrico, e propor uma forma de prevenir ou reduzir acidentes
relacionados a esses riscos elétricos. Ressalta-se que o objetivo deste artigo está alinhado com
a teoria de Bird, pois a necessidade de neutralizar as causas e efeitos que geram acidentes na
indústria deve ser feita por meio da gestão de perigos;
17

Por fim, este estudo leva em consideração as contribuições de trabalhos relacionados à


segurança elétrica, como o de López (2003), que contribui com o desenho de um programa em
Microsoft Visual Basic 6.0 cujo objetivo é analisar os riscos elétricos que ocorrem dentro da
escritórios e centros de informática, por meio da identificação de perigos e da proposição de
ações corretivas.

Da mesma forma, é levado em consideração o estudo de Clavijo, Vera e Landín (2009) ,


que ajuda a prevenir incêndios analisando os riscos e perigos em estações de transformação de
energia e centros de controle de motores. Por sua vez, Rivadeneira e Torres (2010) foi
considerada, que realizou um estudo de falhas e controle de proteções de risco elétrico e propõe
um foco em diversos elementos de proteção para garantir a qualidade de uma instalação elétrica,
mostrando suas principais características, bem como os equipamentos de proteção individual
obrigatórios no trabalho para conservar a vida das pessoas .

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Tendo em conta a gravidade da segurança pessoal e patrimonial quando se trata de


instalações elétricas e seus componentes associados, torna-se imperativo avaliar
minuciosamente os perigos potenciais e implementar medidas preventivas eficazes de forma a
mitigar o risco de acidentes em ambientes residenciais. A coleta de dados sobre instalações
elétricas residenciais será realizada através da utilização de um questionário direcionado.
Posteriormente, as estatísticas serão derivadas desses dados para fornecer informações
abrangentes sobre essas instalações específicas.
As instalações elétricas das residências individuais passarão por esta coleta de dados
para verificar se atendem aos requisitos especificados nas normas e regulamentos aplicáveis,
como as NR e NBR's pertinentes a este tema. A análise se concentrará em garantir a adesão às
diretrizes e especificações prescritas.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral


18

Avaliar a aplicação das normas NR 10 e NBR 5410 em residências abastecidas com


baixa tensão para prevenção de acidentes elétricos em instalações residenciais abastecidas com
baixa tensão, e identificar formas de prevenção de acidentes e incidentes elétricos, por meio de
pesquisa exploratória e revisão bibliográfica, abordando com o fornecimento de energia elétrica
das distribuidoras de usuários comuns na visão dos eletricistas da área.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Aplicar formulários com questões inerentes às instalações elétricas para obter


informações referentes às instalações elétricas em residências, mas com maior
relevância para as instalações elétricas localizadas no município do Rio de
Janeiro - RJ;

b) Identificar os principais riscos e tipos de acidentes envolvidos no atendimento


da fonte de energia elétrica;

c) Identificar boas práticas para instalações elétricas residenciais de baixa tensão;

d) Verificar moradias e compará-la com o regulamento em vigor para verificar a


situação real;

e) Comparar as informações recolhidas através do questionário com a informação


contida na regulamentação em vigor;

f) Disseminar os princípios básicos de controle de riscos elétricos.

1.4 DELIMITAÇÕES

Analisar os riscos das fontes de eletricidade em instalações residenciais de baixa tensão


do ponto de vista das normas técnicas em vigor, referir medidas de prevenção de riscos e
identificar boas práticas na execução de obras de fontes de eletricidade.

As informações coletadas por meio do questionário área específica serão referentes às


instalações elétricas de residências localizadas em sua maioria no Rio de Janeiro. As residências
visitadas para a efetiva análise das instalações elétricas estarão localizadas na mesma cidade
acima.
19

Os riscos de origem elétrica associados às instalações elétricas de média/alta tensão não


serão abordados nos trabalhos de conclusão desta unidade curricular.

1.5 METODOLOGIA

Através de uma análise exploratória, a fim de coletar dados para um estudo de trabalho,
por meio de referências e coleta de dados com questionários específicos, será realizada a análise
de instalações elétricas residenciais sob o ponto de vista da segurança elétrica.

A pesquisa exploratória visa proporcionar maior compreensão de um problema, a fim


de torná-lo mais explícito e possibilitar o estabelecimento de hipóteses. Tal pesquisa envolve:

a) levantamento bibliográfico;

b) entrevistar pessoas que têm experiência real com o problema estudado;

c) Análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007).

Essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de caso
(GIL, 2007).

Serão elencadas as principais formas de prevenção de riscos, analisadas as normas


vigentes e as boas práticas na execução dos serviços, além de serem citadas situações reais
encontradas pelos eletricistas em seu dia a dia.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em 4 partes, a saber:

Seção 2.0:

• Revisão Bibliográfica: explora conceitos fundamentais nas áreas de engenharia


elétrica, engenharia de segurança e conceitos na área de saúde humana para uma
adequada compreensão do trabalho;
• Tipos de Acidentes: descreve os principais tipos de acidentes que podem
ocorrer em instalações elétricas de baixa tensão;
• Medidas para Prevenção de Acidentes Elétricos: descreve as principais
medidas para prevenir riscos relacionados a instalações elétricas alimentadas por
baixa tensão;
20

Seção 3.0 - Estudo de caso: Pesquisas relacionadas ao tema com abordagem das
condições elétricas durante a inspeção visual de residências localizadas no Rio de Janeiro - RJ;

Seção 4.0

• Inspeções Visuais – Estudo de caso: Abordagem das condições elétricas


durante a inspeção visual de residências localizadas no Rio de Janeiro – RJ.
• Pesquisa Exploratória: Levantamento por questionário aos inquiridos para
obtenção de dados sobre as instalações elétricas das suas residências e, entre os
resultados obtidos para cada questão, apresentar os tópicos das normas em vigor
e recomendações de boas práticas em instalações elétricas;

Seção 5.0 - Conclusões e Recomendações para Trabalhos Futuros: Considerações


finais e indicações para trabalhos futuros, abordando o trabalho de conclusão de curso.
21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DEFINIÇÕES DE CONCEITOS VOLTADOS À ENGENHARIA ELÉTRICA

Neste tópico serão apresentados os conceitos básicos relacionados ao segmento da


engenharia elétrica, cujo entendimento é essencial para uma boa assimilação dos assuntos que
serão apresentados ao longo do trabalho.

2.1.1 Grandezas Elétricas Fundamentais

Serão apresentadas neste subtópico, as características das grandezas elétricas


elementares, que são pré-requisitos para entendimento de questões tratadas no desenvolvimento
deste. As grandezas elementares em eletricidade são a tensão elétrica, a corrente elétrica, a
resistência elétrica e a potência elétrica. Essas grandezas elétricas costumam estar na maioria
dos casos presentes em qualquer estudo de circuito elétrico.

2.1.1.1 Tensão Elétrica

Tensão Elétrica é a diferença de potencial entre quaisquer dois pontos, ou seja, uma
tensão só pode existir entre dois elementos que possuem um potencial elétrico (esses potenciais
elétricos podem ser iguais ou diferentes). Se os potenciais de ambos os elementos forem iguais,
a tensão medida é igual a 0V. A diferença de potencial (D.D.P.) é diferente de zero se o
potencial entre dois elementos for diferente (CREDER, 2014).

“Tensão elétrica é a força exercida nos extremos do circuito, para movimentar de forma
ordenada os elétrons livres” (CAVALIN e CERVELIN, 1998).

A tensão ou força eletromotriz pode ser representada pela letra V, pela letra E, pela letra
U ou ainda pela sigla D.D.P. (diferença de potencial), depende do autor que o trata. Sua unidade
de medida é volts (V).

De acordo com as fórmulas (1) e (2), a tensão pode ser calculada de acordo com a
primeira lei de Ohm:
22

Onde:

V = tensão elétrica;

R = Resistência Elétrica;

I = Corrente Elétrica;

P = Potência Elétrica.

O dispositivo para medir a grandeza em questão é um voltímetro. Existem voltímetros


analógicos e voltímetros digitais. A tensão vem em duas formas: tensão CC ou tensão CA.

2.1.1.1.1 Corrente Contínua

Conforme mostrado no Gráfico 1 mostrada abaixo, uma fonte de tensão é considerada


CC quando o valor da tensão não muda com o tempo (ou seja, permanece contínuo). Uma fonte
DC pode ser entendida analisando o fato de que a corrente não muda de direção, ou seja, é
sempre positiva ou negativa.

Gráfico 1 - Corrente Contínua

Fonte: PORTAL DA ENGENHARIA (2019)

Fontes de tensão DC são frequentemente usadas em circuitos que requerem certos


dispositivos eletrônicos. Placas de circuito impresso, placas eletrônicas em geral, elétrica
automotiva, baterias utilizadas em controles remotos, painéis fotovoltaicos etc. são exemplos
de aplicações onde são encontrados circuitos DC.
23

Normalmente, a abreviatura de corrente contínua é CC (corrente contínua) ou ainda DC


(do inglês, direct current).

2.1.1.1.2 Corrente Alternada

A fonte de tensão que produz corrente alternada varia de acordo com a frequência da
rede. Essa frequência é de 60Hz no Brasil.

“Corrente alternada é uma corrente oscilatória que cresce de amplitude em relação ao


tempo, segundo uma lei definida” (CREDER, 2014).

Ao analisar o gráfico da corrente x tempo, pode-se verificar que a corrente ora é positiva,
ora é negativa, conforme demonstra o gráfico 2.

Gráfico 2 - Corrente Alternada

Fonte: SÓ FÍSICA (2019)

A corrente alternada é geralmente utilizada no Sistema Elétrico de Potência (SEP)


nacional.

O SEP nacional envolve a geração, transmissão, distribuição e consumo de energia.

As tomadas de corrente em residências, circuitos de iluminação, indústrias, lojas


geralmente são alimentadas por uma fonte de tensão que fornece corrente alternada.

Nos dias atuais, a corrente alternada é referida pela sigla CA (corrente alternada) ou
ainda AC (do inglês, alternating current).
24

2.1.1.2 Corrente Elétrica

“A corrente elétrica é o movimento ordenado de elétrons livres no interior de um


condutor elétrico sob a influência de uma fonte de tensão elétrica” (CAVALIN e CERVELIN,
1998).

Segundo CREDER, os materiais existentes no planeta Terra são compostos por átomos.
Um átomo é formado por minúsculas partículas de elétrons e prótons. Este átomo possui uma
zona chamada eletrosfera, que é composta por elétrons girando ao redor de um núcleo. Em
alguns tipos de materiais, existem elétrons que estão muito afastados do núcleo, que possuem
uma força pequena de ligação química, podendo então se desprender com facilidade, estes
elétrons são conhecidos então, como elétrons livres.

Esses elétrons livres podem se mover de maneira irregular e desordenada pelo material.
Por exemplo, é preciso analisar um condutor de cobre, que possui um certo número de elétrons
livres movendo-se de maneira desordenada em seu interior. Quando esses elétrons livres
começam a se organizar e a circular em uma direção de maneira organizada, criando um fluxo
ordenado de partículas de elétrons livres, uma corrente elétrica é criada.

Para gerar uma corrente elétrica, deve haver uma diferença de potencial, ou mesmo uma
tensão.

Conforme Creder (2014, p.17):

Corrente elétrica é o deslocamento de cargas dentro de um condutor quando existe


uma diferença de potencial elétrico entre as suas extremidades. Tal deslocamento
procura restabelecer o equilíbrio desfeito pela ação de um campo elétrico ou outros
meios (reação química, atrito, luz etc.). Então, a corrente elétrica é o fluxo de cargas
que atravessa a seção reta de um condutor, na unidade de tempo.
Analisando a Figura 1, pode-se observar um tubo representando um condutor elétrico,
no qual existem elétrons livres movendo-se de forma desordenada, quando este condutor é
aplicado a um D.D.P., estes elétrons passam a fluir em uma única direção, havendo então uma
corrente elétrica.
25

Figura 1 - Elétrons Livres x Corrente Elétrica

Fonte: WEB FÍSICA (2020)

A corrente elétrica é representada pela letra i.

A unidade de medida de corrente elétrica é o Ampere (A).

A corrente elétrica pode ser calculada pela 1º lei de Ohm, conforme fórmula (1) e (2).

O equipamento que mede a grandeza elétrica em questão é o amperímetro. Pode ser


usado um amperímetro analógico ou digital.

2.1.1.3 Resistência Elétrica

“A resistência elétrica é a oposição oferecida por todos os elementos do circuito à


passagem da corrente elétrica” (CAVALIN e CERVELIN, 1998).

Todo material apresenta uma certa resistência elétrica, inclusive o corpo humano.

“A resistência R depende do tipo do material, do comprimento, da seção A e da


temperatura. Cada material possui a sua resistividade” (CREDER, 2014).

A equação (3) expressa a equação de resistividade para um condutor elétrico, conhecida


como a 2a lei de Ohm:
26

Onde:

R – Resistividade do condutor medida em Ω;

ρ– É a resistividade específica em Ω*m. É variável de acordo com o material do

condutor. Na Tabela 1 são indicados os valores de resistividade específica de

condutores mais usuais;

L – Comprimento do condutor medida em m (metros);

S – Área da seção transversal do condutor medida em mm².

A representação da resistência elétrica se dá pela letra R.

A unidade de medida é dada em ohm, cuja representação é dada pela letra grega ômega
(Ω). O equipamento que mede a grandeza elétrica em questão é o ohmímetro.

Tabela 1 - Resistividade Específica

Fonte: ELECTRONICA (2019)

2.1.1.4 Potência Elétrica

"Para realizar qualquer movimento ou gerar calor, luz, radiação, etc., uma certa
quantidade de energia é gasta. A quantidade de energia aplicada por segundo em qualquer uma
dessas atividades é chamada de potência" (CREDER, 2014).

"Por exemplo, determina quanta luz uma lâmpada pode emitir, quanto trabalho um
motor pode produzir ou quanta carga mecânica pode suportar em seu eixo, quanta água um
chuveiro pode aquecer ou quanto calor um aquecedor pode aquecer. gerar, etc.” (CAVALIN e
CERVELIN, 1998).
27

A energia elétrica é uma certa quantidade de energia que é usada para realizar um
trabalho em um determinado intervalo de tempo. Este trabalho pode ser mecânico, sonoro,
luminoso, térmico, etc.

“Quanto maior a potência, maior o trabalho realizado em um determinado tempo”


(CAVALIN & CERVELIN, 1998).

A potência elétrica é classificada em três tipos de potências, a potência ativa, a potência


reativa e ainda a potência aparente (CAVALIN e CERVELIN, 1998). Potência ativa é a
potência usada para realizar um trabalho real. Sua representação é dada pela letra P e sua
unidade de medida é dada em Watt (W) (CAVALIN e CERVELIN, 1998).

A potência reativa é a potência que é utilizada para magnetização de motores elétricos,


transformadores elétricos etc. É a potência consumida para manter os efeitos do campo
magnético. Observe que não produz trabalho útil, mas é necessário para a função desses
componentes acima. A notação para potência reativa é dada pela letra Q e sua unidade de
medida é o Volt-Ampere Reativo (VAr) (CAVALIN e CERVELIN, 1998).

A potência aparente é a soma vetorial da potência ativa e reativa. É nomeada pela letra
S e sua unidade de medida é o Volt-Ampere (VA) (CAVALIN e CERVELIN, 1998).

Para determinar as dimensões do circuito, como seções transversais do condutor,


disjuntores de proteção, barramentos e outros componentes, a potência aparente é usada para
dimensionamento (CAVALIN e CERVELIN, 1998).

2.1.1.5 Campo Magnético De Um Condutor

Segundo Creder (2014), pode-se demonstrar experimentalmente que um campo


magnético é gerado em torno de um condutor transportando uma corrente elétrica tem-se a
criação de um campo magnético, o que pode ser verificado pela regra da mão direita, conforme
a Figura 2.
28

Figura 2 - Regra da Mão Direita em um Condutor Percorrido Por Corrente Elétrica

Fonte: SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ (2019)

O sentido do campo magnético é dado pela regra da mão direita: o polegar aponta no
sentido da corrente i e os demais dedos apontam no sentido do campo magnético B (CREDER,
2014).

2.1.2 Medidas Elétricas

Neste tópico serão descritas boas práticas relacionadas à medição de energia. Múltiplas
medições de grandezas elétricas são a base para a prevenção de acidentes elétricos,
principalmente para eletricistas.

2.1.2.1 Uso Do Multímetro

O multímetro é um equipamento muito utilizado no universo das atividades da área


elétrica. Dependendo do modelo e fabricante, o aparelho é capaz de realizar diversas medições
elétricas.

A grande maioria dos modelos disponíveis no mercado podem medir tensão CC ou CA,
corrente e resistência elétrica.

Modelos mais complexos podem medir as grandezas acima e outras como a capacitância
(capacitores), temperatura, indutância (indutores), etc.

Deve-se tomar muito cuidado ao utilizar o multímetro. É necessário verificar, se a classe


de isolamento do equipamento e a sua categoria é permitida para a tensão e local de medição
que se necessita fazer a leitura de grandezas elétricas em questão.
29

Os multímetros são classificados por categoria de segurança, o que pode proporcionar


aos profissionais uma melhor proteção e a comodidade de utilizar os equipamentos corretos
para garantir sua saúde e segurança no trabalho.

Sempre que precisar utilizar um multímetro, deve-se atento ao local utilizado, pois
quanto mais próximo este ponto de medição estiver da fonte de tensão (em aplicações
residenciais, a fonte de tensão pode ser entendida como o ponto onde a energia elétrica é
fornecida pela concessionária local e o local onde o medidor está instalado) exigirão categorias
maiores. Levando em consideração a categoria de segurança do equipamento de medição,
quanto maior sua categoria, mais resistente ele é a possíveis transientes ou surtos da rede. Os
transientes nada mais são do que surtos de tensão que ocorrem em intervalos de tempo muito
curtos.

Para instrumentos de teste ou medição, utilizando tensões de até 1000VAC ou


1500VDC - baixa tensão, a especificação da norma de segurança padronizada é a especificação
internacional IEC/EM 61010-1.

Na Figura 3 é possível observar os tipos de categorias existentes e onde os respectivos


equipamentos de medição podem ser utilizados com segurança.

Figura 3 - Categoria Equipamento de Medição

Fonte: UTFPR - INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO (2020)

Por exemplo, equipamentos com categoria CAT II podem, portanto, ser usados para
medir a eletricidade em pontos de corrente em uma edificação, mas não para medições em
30

quadros de distribuição prediais, uma vez que para tais medições seguras devem ser usadas
equipamentos de medição com a categoria mínima CAT III.

Os equipamentos da categoria CAT III podem ser utilizados para medição de tomadas
elétricas em edificações, mas também em placas eletrônicas de equipamentos, ou seja, quanto
maior a categoria de segurança de um determinado equipamento, maior a abrangência de
localizações. Isso pode ser usado para fazer medições elétricas, portanto, deve-se ter atenção à
classe de proteção ao comprar um determinado dispositivo de medição. Sua classe deve ser
igual ou superior à classe dos pontos da instalação elétrica com os quais entrará em contato. As
informações de classe do equipamento podem ser encontradas na legenda do equipamento ou
no manual do fabricante. Na Figura 4 pode-se observar que o aparelho possui categoria CAT II
e uma classe de isolamento de até 600V, ou seja, este modelo de multímetro pode ser utilizado
em instalações elétricas até o ponto de corrente em que ele opera, até 600V. Acima dessa tensão,
as propriedades dielétricas do material isolante não serão eficazes na proteção do operador do
multímetro.

Figura 4 - Multímetro Digital

Fonte: FLUKE (2021)

É essencial estar atento à conexão das pontas de prova ao utilizar um multímetro. O


corpo do multímetro possui vários terminais onde as pontas devem ser conectadas. Cada
terminal é rotulado para indicar o tipo de grandeza elétrica que deve ser medida no terminal
escolhido.
31

Para determinar a tensão elétrica, deve ser verificado o terminal de tensão elétrica
apropriado no multímetro conforme indicado na legenda e escolhido a medida de tensão
desejada na escala seletora.

Para medir a tensão elétrica, é necessário alinhar as pontas do multímetro em paralelo


com a tensão que deseja medir, com uma ponta em cada potencial elétrico, conforme ilustrado
na Figura 5.

Figura 5 - Medição de Tensão Elétrica com Multímetro

Fonte: MÍNIPA DO BRASIL (2019)

Para medir a resistência elétrica de um circuito ou componente, é essencial que ele seja
primeiro desenergizado. Depois de desenergizado, é necessário analisar se as pontas de prova
do multímetro estão posicionadas corretamente nos terminais antes de selecionar a escala de
resistência elétrica no multímetro. Durante a medição real, certificar-se de que as pontas das
sondas estejam paralelas ao componente que está sendo verificado, conforme ilustrado na
Figura 6.
32

Figura 6 - Medição de Resistência Elétrica com Multímetro

Fonte: MINIPA DO BRASIL (2019)

Ao medir a corrente elétrica, é essencial primeiro localizar o terminal apropriado na


legenda do multímetro. Em seguida, é preciso encaixar as pontas no multímetro e selecionar a
escala de corrente elétrica na escala seletora. As pontas do multímetro devem então ser
conectadas em série com a carga, o que requer a abertura do circuito para medir a corrente
elétrica. Este processo é ilustrado na Figura 7.

Figura 7 - Medição de Corrente Elétrica com Multímetro

Fonte: MINIPA DO BRASIL (2019)

2.1.2.2 Utilização Do Alicate Amperímetro

Semelhante a um multímetro, o alicate amperímetro é um dispositivo que mede a


corrente elétrica, mas difere em sua abordagem de medição.
33

Para medir a corrente elétrica usando um multímetro, é fundamental interromper o


circuito para incorporar o multímetro em série com a carga. É importante observar que o alicate
amperímetro não exige que o circuito seja interrompido.

Na Figura 8, podemos observar que o alicate amperímetro contém em seu corpo um


conjunto de pinças, que podem ser utilizadas para a colocação do condutor de corrente. O
funcionamento da braçadeira é baseado no princípio da indução eletromagnética.

Figura 8 - Alicate Amperímetro

Fonte: MINIPA DO BRASIL (2019)

Medir a corrente elétrica com um alicate é um processo simples que não requer o uso
de ponteiras. Basta selecionar a quantidade desejada de corrente elétrica a ser medida na escala
seletora, colocar o condutor apropriado dentro da pinça/garra do alicate e verificar a intensidade
da corrente. É importante garantir que a garra esteja completamente fechada durante o processo
de medição.

Para garantir a medição correta da corrente elétrica e evitar acidentes, é importante


colocar apenas o condutor fase ou neutro dentro do mordente do alicate conforme a Figura 9,
pois o alicate opera com base nos campos magnéticos gerados pelo condutor quando uma
corrente elétrica passa por ele. isto. Se ambos os condutores forem colocados incorretamente
dentro do alicate, a corrente medida será próxima de zero ampères e o eletricista pode assumir
erroneamente que o circuito não tem corrente, levando a possíveis acidentes no futuro.
34

Figura 9 - Medição de Corrente Elétrica com Alicate Amperímetro

Fonte: MINIPA DO BRASIL (2019)

2.1.2.3 Detectores De Tensão Para Uso Em Baixa Tensão

Os detectores de tensão são capazes de detectar a presença de tensão elétrica e indicá-la


por meios como som, luz e outros métodos semelhantes.

No mercado existem vários tipos de detectores disponíveis, sendo um deles apresentado


na Figura 10. Este modelo serve como um instrumento útil para testes expeditos para confirmar
a ausência de energia nos circuitos.

Figura 10 - Detector de tensão para baixa tensão

Fonte: VONDER (2019)

É importante ressaltar que o detector de tensão conta com uma bateria interna, sendo
necessário tomar alguns cuidados, pois caso esta bateria esteja com pouca carga ou ainda
descarregado, pode acarretar medições incorretas, com potencial grande de geração de
acidentes de origem elétrica.

2.2 DEFINIÇÃO DE CONCEITOS VOLTADOS À ENGENHARIA DE SEGURANÇA


35

Neste tópico será aprofundada as definições de várias terminologias que pertencem ao


domínio da engenharia de segurança.

2.2.1 Risco e Perigo

“O risco é expresso pela probabilidade de possíveis danos dentro de um período


específico ou número de ciclos operacionais. Ele incorpora a imprevisibilidade da ocorrência
de um evento ou a possibilidade de uma empresa sofrer perdas devido a um ou vários
acidentes.” (CICCO e FANTAZZINI, 2003).

Já se tratando do perigo, conforme Cicco & Fantazzini (2003, p. 8):

Perigo, ou ainda Hazard (termo derivado do inglês) é uma ou mais condições de uma
variável com o potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser
entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de
material em processo ou redução da capacidade de desempenho de uma função pré-
determinada. Havendo um perigo, persistem as possibilidades de efeitos adversos.
A OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment Series) define perigo como
uma fonte ou circunstância que tem a capacidade de infligir dano de várias formas, como lesão
física, doença, dano ao meio ambiente ou propriedade, ou uma combinação de esses.

2.2.2 Segurança

“É definida como “livre de perigos”. Apesar desse ideal, é quase impossível eliminar
todos os perigos potenciais em qualquer situação. Como resultado, a segurança torna-se a
responsabilidade de garantir a proteção relativa a esses perigos.” (CICCO e FANTAZZINI,
2003).

2.2.3 Nível de Perigo

Segundo Cicco & Fantazzini (2003, p. 9):

Um perigo pode estar presente, mas pode haver baixo nível de perigo, devido às
precauções tomadas. Assim, por exemplo, um banco de transformadores de alta
voltagem possui um perigo inerente de eletrocussão, uma vez que esteja energizado.
Há um alto nível de perigo se o banco estiver desprotegido, no meio de uma área de
pessoas. O mesmo perigo estará presente quando os transformadores estiverem
trancados num cubículo sob o piso. Entretanto, o nível de perigo agora será mínimo
para o pessoal.
36

2.2.4 Acidente e Incidente

Em síntese, acidente é uma ocorrência que ocorre repentinamente, sem planejamento ou


programação prévia, e interrompe a atividade em andamento, resultando em dano físico a um
indivíduo ou mesmo causando danos a bens pertencentes a um estabelecimento.

Um incidente é um evento não planejado que não resulta em nenhum dano físico
significativo aos indivíduos ou danos à propriedade. No entanto, tem o potencial de se
transformar em um acidente, dependendo de vários fatores no momento de sua ocorrência. Esta
ocorrência também é referida como um quase-acidente (CICCO e FANTAZZINI, 2003).

2.2.5 Atos Inseguros e Condições Inseguras

Para Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 43):

Ato inseguro é tudo o que o trabalhador faz, voluntariamente ou não, e que pode
provocar um acidente. São considerados atos inseguros a imperícia, o excesso de
confiança, a imprudência, o exibicionismo, a negligência, a desatenção, as
brincadeiras no local de trabalho etc.
Condição Insegura é decorrente de situações existentes no ambiente de trabalho e
que podem causar acidentes, como piso escorregadio, iluminação deficiente, excesso
de ruído, falta de arrumação, instalações elétricas sobrecarregadas, máquinas
defeituosas, matéria-prima de má qualidade, calçado ou vestimentas impróprias, falta
de planejamento, jornada de trabalho excessiva etc.
Atos inseguros são ações totalmente dependentes do comportamento humano e
passíveis de causar acidentes. Por outro lado, as condições inseguras são influenciadas por
fatores externos dentro da organização, como a manutenção das máquinas que os operadores
irão utilizar ou condições ambientais que aumentam as chances de ocorrência de acidentes no
local de trabalho.

Os acidentes de trabalho podem surgir por um dos dois fatores mencionados, ou de uma
combinação de ambos.

2.3 O CORAÇÃO HUMANO

Segundo KINDERMANN (2013), o coração é um órgão vital do corpo humano


responsável pela circulação do sangue por todo o sistema, facilitando assim a nutrição adequada
37

das células. Estima-se que o coração humano bata cerca de 100.000 vezes por dia, fazendo
circular cerca de 2.000 litros de sangue por todo o corpo.

A complexa mecânica do coração humano funciona como um sistema de bomba dupla.


Especificamente, o lado esquerdo do coração é responsável pelo transporte de sangue
oxigenado, ou sangue arterial, por todo o corpo. Por outro lado, o lado direito do coração
funciona bombeando sangue desoxigenado, ou sangue venoso, em direção aos pulmões para a
remoção do gás carbônico. Esta estrutura é envolvida por um saco protetor conhecido como
pericárdio.

Segundo Kindermann (2013, p.24):

As células estão dispostas de maneira estática no corpo humano, isto é, elas estão nas
suas posições pré-definidas. Portanto, é o sangue que leva os nutrientes e oxigênio
(O2) a cada célula e, ao mesmo tempo, recolhe o gás carbônico (CO2) e os resíduos.
O impulsionamento (bombeamento) do sangue é feito pelo coração. Portanto, o
funcionamento adequado, vital e salutar de qualquer célula depende da eficiência da
bomba cardíaca.
Conforme ilustrado na Figura 11, o coração humano consiste em quatro câmaras
conhecidas como átrios direito e esquerdo, bem como ventrículos direito e esquerdo.

Figura 11 - Estrutura do Coração Humano

Fonte: EDUCA MAIS BRASIL (2020)

“Artéria é o conduto que transporta o sangue que sai do coração, já a veia é o conduto
que transporta o sangue que entra no coração, portanto o sangue entra no coração através de
uma veia, e sai pela artéria” (KINDERMANN, 2013).
38

2.3.1 Funcionamento Mecânico do Coração

A observação da Figura 12 revela a interconexão entre a funcionalidade mecânica do


coração e os sistemas primários do corpo humano que recebem sangue oxigenado e devolvem
sangue rico em gás carbônico.

Conforme Kindermann (2013, p.27):

Durante o funcionamento normal do coração, os músculos dos átrios se contraem,


impulsionando o sangue para os ventrículos. O período de enchimento ventricular é
chamado de diástole.
Com a contração do átrio esquerdo o sangue arterial passa para o ventrículo esquerdo
e, com a contração deste, o sangue é impulsionado para a artéria aorta e é levado para
todo o corpo humano. As contrações dos ventrículos direito e esquerdo, ocorrem
simultaneamente, formando uma sístole.

Figura 12 - Sistema Circulatório Humano

Fonte: BIOGEOGILDE (2009)

2.3.2 Sistema de Condução Elétrica Do Coração

Segundo Kindermann (2013, p.31):

O funcionamento mecânico do coração humano é controlado e comandado


eletricamente, por dois geradores eletroquímicos, o Nódulo Sino Atrial (NSA) e o
Nódulo Átrio Ventricular (NAV), na qual ambos estão situados na cavidade do átrio
direito. O NSA na parte superior e o NAV na parte inferior. O NSA é o gerador elétrico
principal, que emite pulsos elétricos, já o NAV é um gerador reserva, que acompanha
os sinais do NSA, sem gerar pulso elétrico, porém entra em operação caso o NSA
deixe de funcionar.
39

Na Figura 13, ilustra o posicionamento dos componentes responsáveis pela atividade


elétrica do coração, mencionados anteriormente, conforme Kindermann (2013).

Figura 13 - Sistema de Condução Elétrica do Coração Humano

Fonte: VITALLOGY (2020)

Segundo Kindermann (2013, p.31):


Os pulsos elétricos ao passarem pelas paredes dos átrios, produzem um pequeno
choque elétrico, contrações simultâneas em todas as fibras musculares do coração,
impulsionando o sangue para o ventrículo direito e esquerdo (diástole). Abaixo do
NAV está situado o Feixe de His, que irá captar o sinal elétrico e este pulso elétrico
será distribuído pela rede de Purkinje a todas as fibras musculares que compõem as
paredes dos ventrículos do coração. Ao receberem o sinal sincronizado do NSA, as
fibras musculares se contraem promovendo a contração dos ventrículos (sístole).

2.3.3 Ciclo Cardíaco

Como afirmado anteriormente, o coração opera por meio de dois movimentos


fundamentais. Esses dois movimentos são:

A diástole é o processo fisiológico de relaxamento, durante o qual o coração é


reabastecido com sangue.

A sístole é uma função corporal que envolve a contração dos músculos para mover o
sangue por todo o corpo humano.

O processo do ciclo cardíaco envolve uma série de movimentos. Primeiro, os átrios se


contraem e se enchem de sangue, fazendo com que as válvulas se abram e o sangue flua para
os ventrículos relaxados. Então, quando os ventrículos estão cheios, eles se contraem e
bombeiam o sangue para o resto do corpo. Simultaneamente, os átrios começam a se encher de
40

sangue, reiniciando o ciclo novamente. Esse conjunto de movimentos é denominado ciclo


cardíaco (KINDERMANN, 2013).

Para avaliar o bem-estar cardiovascular dos indivíduos, pulsos elétricos minúsculos que
medem cerca de 1mV são detectados na superfície da pele por meio de um dispositivo
eletrônico que amplifica o sinal. Esse aparelho é chamado de Eletrocardiograma (ECG), que
registra a forma de onda dos sinais amplificados, assim representada de acordo com a Figura
14 (KINDERMANN, 2013).

Figura 14 - Eletrocardiograma do Ciclo Cardíaco

Fonte: MARCA PASSO PIERO LOURENÇO (2019)

De acordo com Kindermann (2013, p.39), os estágios do ciclo do coração podem ser
classificados em três fases distintas e claramente definidas:

• A onda P, representada pelo estágio de contração dos átrios;

• A onda do complexo QRS, que é um reflexo da fase de contração dos ventrículos;

• A onda T, que corresponde a fase do processamento bioquímico durante a qual as


fibras musculares do ventrículo sofrem repolarização;

• E a onda U, cujo significado ainda é desconhecido e pouco emblemático. Poucas


são as vezes onde a onda U aparece no eletrocardiograma.

Com isto, verifica-se no eletrocardiograma da Figura 15, a composição de cada onda


mencionada anteriormente.
41

Figura 15 - Ondas do Eletrocardiograma

Fonte: KINDERMANN (2013, p.36).

Durante a fase de repolarização das fibras musculares, também conhecida como onda
T, muitas doenças cardíacas podem ser detectadas. Este é o momento mais crítico para a
ocorrência de fibrilação ventricular do coração, muitas vezes como resultado de um choque
elétrico externo. Se os métodos de primeiros socorros imediatos não forem administrados, pode
ter consequências fatais para o ser humano (KINDERMANN, 2013).

Na Figura 16, verifica-se o período vulnerável no Eletrocardiograma do Ciclo Cardíaco.


A imagem também indica o período refratário, que é quando ocorre a contração ventricular.
Este momento particular é mostrado pela onda QRS.

Figura 16 - Período Vulnerável do Coração Humano

Fonte: KINDERMANN (2013, p.41).

2.4 RISCOS ELÉTRICOS

Como citado no tópico 2.2.1, o risco é expresso pela probabilidade de possíveis danos
dentro de um período específico ou número de ciclos operacionais. É a incerteza quanto a
ocorrência de um determinado evento, ou ainda, a chance de perdas que uma empresa pode
sofrer por causa de um acidente ou série de acidentes (CICCO e FANTAZZINI, 2003).
42

Neste tópico, serão abordados os principais riscos de origem elétrica que são citados na
Norma Regulamentadora Número 10 (NR 10), regulamentada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). Riscos estes que podem gerar danos tanto materiais para organizações, quanto
danos físicos para o ser humano.

2.4.1 Choque Elétrico

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 48):

O choque elétrico é o principal e mais grave risco elétrico derivado das redes de
energia elétrica. O choque elétrico decorre da corrente elétrica, ou seja, o fluxo de
elétrons que circula quando existe um caminho denominado circuito elétrico,
estabelecido entre dois pontos com potenciais elétricos diferentes, como um condutor
energizado e a terra.
Se você encostar em ambos simultaneamente formará o circuito elétrico e permitirá
que a corrente circule através do seu corpo. O choque elétrico é uma perturbação da
natureza do ser humano e possui efeitos diversos que se manifestam no organismo
humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica.
O choque elétrico é uma ação proveniente de uma fonte externa do corpo do ser humano
para o interior do corpo. É uma perturbação na natureza do ser humano e, em alguns casos,
pode resultar em acidentes fatais.

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 48):

Os efeitos do choque elétrico variam e dependem dos fatores a seguir:


• Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;
• Intensidade da corrente elétrica;
• Tempo de duração;
• Área de contato;
• Frequência da corrente elétrica;
• Tensão elétrica;
• Condições da pele do indivíduo;
• Estado de saúde do indivíduo.
Como dito anteriormente, as consequências de um choque elétrico dependem de vários
fatores. Um dos fatores mais significativos é o caminho que a corrente elétrica percorre ao
entrar no corpo do indivíduo em contato com uma diferença de potencial. Normalmente, a
corrente entra por um ponto de contato e sai por outro, e a rota que ela segue é crucial. Se o
caminho atravessar o coração e passar pela janela vulnerável mencionada na Figura 16, existe
a possibilidade de o indivíduo apresentar fibrilação ventricular. Essa probabilidade é alta se o
choque elétrico for grave. (KINDERMANN, 2013).

Existem fatores adicionais dignos de nota a serem levados em consideração que podem
intensificar a gravidade da experiência de um indivíduo quando ele é submetido ao fluxo de
uma corrente elétrica dentro de seu corpo. Esses fatores incluem:
43

a) A intensidade da corrente elétrica do choque elétrico e a área de contato com a


fonte desta corrente elétrica: Ao entrar no corpo do ser humano, a tendência desta
corrente é se dissipar por todo o corpo humano, porém quanto maior for a corrente
elétrica que entra no corpo, maior será a densidade de corrente elétrica que irá
passar pelo coração humano, caso o caminho desta esteja passando pelo órgão
citado, portanto, acarretará danos mais severos. Quanto maior a área de contato,
mais densa é a corrente elétrica que entra no corpo (KINDERMANN, 2013);

b) O período que um indivíduo é exposto a uma corrente elétrica é um fator


significativo na gravidade de seus ferimentos. Quanto mais tempo a corrente
percorre os órgãos internos do corpo, mais alta se torna a temperatura interna do
corpo devido à resistência elétrica do corpo humano. Este aumento de temperatura
pode ter consequências graves para a pessoa ferida. Além disso, quanto mais
tempo o indivíduo permanecer em contato com a corrente elétrica, maior a
probabilidade de desenvolver fibrilação ventricular. (KINDERMANN, 2013);

c) A tensão elétrica ou diferença de potencial com a qual um indivíduo entra em


contato desempenha um papel significativo no aumento do fluxo de elétrons pelo
corpo, causando assim uma corrente elétrica e um choque. Existe uma tensão de
segurança designada com a qual os humanos podem entrar em contato, sem
experimentar a sensação de choque elétrico, desde que a pele esteja seca e em
condições. Esta tensão de segurança é limitada a 50 V para corrente alternada e
120 V para corrente contínua. Para evitar que acidentes elétricos ocorram no local
de trabalho e comprometam a segurança dos trabalhadores, muitas indústrias
optam por projetar e executar projetos de acordo com esses valores de tensão de
segurança (KINDERMANN, 2013).

Na Figura 17, pode-se observar a trajetória percorrida pela corrente elétrica, levando,
por fim, o indivíduo a sofrer um choque elétrico ao entrar em contato com a diferença de
potencial.
44

Figura 17 - Choque Elétrico

Fonte: KINDERMANN (2013, p.5).

Este é o caso, por exemplo, de uma instalação monofásica. Se houver perda de


isolamento no fio fase, pode deixar a carcaça metálica do chuveiro elétrico ou outros aparelhos
como máquinas de lavar, freezers, condicionadores de ar e similares, energizados.

Deve-se observar que o circuito exibido na Figura 17 aterramento elétrico é inexistente.


Como pode ser observado na imagem, o componente energizado está em contato apenas com
dois condutores. Dado que este é um circuito monofásico, pode-se afirmar que esses condutores
são o fase e o neutro. A ausência de aterramento nesse cenário facilitou que o indivíduo que
tocasse na carcaça metálica do equipamento sofresse um choque elétrico.

É importante reconhecer que qualquer choque elétrico deve ser vista como um perigo
potencial (KINDERMANN, 2013).

2.4.1.1 Tipos de Choque Elétricos

O choque elétrico pode ser classificado em três categorias principais: choque estático,
choque dinâmico e as descargas atmosféricas.

2.4.1.1.1 Choque Estático

“Ocorre devido à descarga eletrostática, ou seja, pela descarga de cargas elétricas


residuais existentes em equipamentos” (FUCKNER et al. 2012, p. 49).
45

Um exemplo clássico de choque estático ocorre quando um carro passa por uma área
com umidade relativamente baixa ou clima seco. O movimento do carro causa atrito entre a
estrutura de metal do carro e o ar atmosférico circundante, levando à criação de cargas elétricas
que se acumulam na carroceria do veículo, como um capacitor. Se a estrutura do carro tiver
acumulado um determinado nível de carga elétrica, haverá uma diferença de potencial entre a
estrutura metálica e o solo, criando a possibilidade de um choque estático quando um indivíduo
tocar a carroceria metálica do carro e o solo simultaneamente (também conhecido como
aterramento). Por exemplo, quando alguém alcança a maçaneta do carro para abrir a porta,
conforme retratado na Figura 18 (KINDERMANN, 2013).

Existe ainda a possibilidade de o choque estático também resultar na geração de faíscas,


que potencialmente podem causar outros acidentes, inclusive incêndios dependendo da situação
em que se encontra o automóvel (KINDERMANN, 2013).

Figura 18 - Choque Elétrico Estático

Fonte: Isto é Japão (2019)

A tendência de um choque elétrico estático, é a dissipação de uma certa quantidade de


cargas eletrostáticas acumuladas. Esse choque é de curta duração, extinguindo rapidamente
após sua ocorrência, embora possa ser desconfortável, normalmente não é prejudicial.

A saúde e o bem-estar físico do indivíduo dependem do acúmulo de carga, o que pode


resultar em consequências terríveis dependendo da situação.

O choque estático representa um perigo para a integridade dos componentes eletrônicos,


pois pode danificá-los. Para evitar possíveis acidentes, os trabalhadores devem utilizar
equipamentos que descarregam cargas estáticas. Uma ferramenta amplamente utilizada é o
calcanhar antiestático, conforme ilustrado na Figura 19, que serve de modelo para tais
46

dispositivos. Esta medida de precaução reduz significativamente a probabilidade de queima de


componentes eletrônicos durante o processo de produção.

Figura 19 - Calcanheira Antiestática

Fonte: HIKARI FERRAMENTAS (2019)

2.4.1.1.2 Choque Dinâmico

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 49):

É o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado. Este tipo de
choque acontece em duas ocasiões:
• Toque acidental na parte metálica do condutor denominada “parte viva”;
• Toque em partes condutoras próximas aos equipamentos e instalações, que
fiquem energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na
isolação.
O choque dinâmico é o tipo de choque mais clássico que existe. Esse tipo de choque é
o principal responsável por acidentes que ocorrem entre pessoas comuns que entram em contato
com eletricidade. É o resultado do contato entre um condutor energizado da rede elétrica e outro
ponto com potencial elétrico diferente.

Normalmente, o choque dinâmico surge quando um membro superior (como cabeça,


ombros ou mãos) entra em contato com um condutor de fase, enquanto um membro inferior
(como joelhos, pernas ou pés) é aterrado (o que significa que o indivíduo está sem o uso de
calçado apropriado com resistência de isolamento para proteção contra riscos elétricos). Isso
cria uma diferença de potencial entre os membros superiores e inferiores, permitindo que a
corrente elétrica flua entre os dois pontos de potencial variável e resultando em um choque
elétrico dinâmico. A Figura 20 serve como ilustração deste tipo de choque elétrico.
47

Figura 20 - Choque Elétrico Dinâmico

Fonte: KINDERMANN (2013, p.13).

De acordo com Kindermann (2013, p.14):


Este é o tipo de choque mais perigoso porque a rede de energia elétrica mantém a
pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuamente. O corpo
humano é resistente, e nos primeiros instantes suporta bem o choque elétrico de baixa
tensão, mas com a manutenção da corrente passando pelo corpo, os órgãos internos
vão sofrendo danos e perdendo a sua capacidade de resistir. Isto se dá pelo fato de o
choque elétrico produzir diversos efeitos no corpo humano, tais como:
• Elevação da temperatura dos órgãos do corpo humano devido ao aquecimento
produzido pela corrente do choque;
• Tetanização dos músculos do corpo humano;
• Superposição da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras que
comandam o corpo humano, criando uma pane geral;
• Comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco e
possibilidade da fibrilação ventricular.
De acordo com KINDERMANN (2013), vários órgãos que podem aparentar boa saúde
podem apresentar sintomas somente após vários dias ou meses por causa do impacto do choque
elétrico, dificultando assim o diagnóstico de que o dano foi causado pelo próprio choque.

2.4.1.1.3 Descargas Atmosféricas

As descargas elétricas que ocorrem na atmosfera são conhecidas como descargas


atmosféricas e podem ter uma corrente que varia até kA (quilo amperes). Essas descargas
resultam de um acúmulo de cargas elétricas, criando um campo elétrico robusto. As cargas
podem se formar entre a terra e as nuvens ou entre as próprias nuvens, com a finalidade de
potencialmente reequilibrar a atmosfera, conforme observado por KINDERMANN (2013).

O processo de descargas atmosféricas começa com uma ruptura da rigidez dielétrica do


ar dentro da nuvem, fazendo com que os elétrons se desloquem de uma área para outra. Isso
inicia uma descarga líder que cresce a partir de um canal ionizado, abrangendo quilômetros de
distância para formar uma longa coluna de plasma. O plasma procura o caminho de menor
48

resistência dielétrica, que nem sempre é o caminho mais curto, em sua busca por condutividade.
(KINDERMANN, 2013)

A Figura 21 demonstra que a vítima pode ser exposta diretamente aos raios, ou em
proximidade, o que pode causar tensões de toque e passo, que podem ser perigosas.

Figura 21 - Choque Elétrico por Descarga Atmosférica

Fonte: KINDERMANN (2013, p.15).

2.4.1.1.3.1 Tensão de Toque

“É a tensão elétrica existente entre os membros superiores e inferiores de um indivíduo.


Em termos de choque acidental, a tensão de toque aparece devido a um defeito no equipamento”
(KINDERMANN,2013).

De acordo com Kindermann (2013, p.14):

Para analisar a tensão de toque, observa-se a situação em que uma torre de


transmissão está com uma ruptura nos seus isoladores que sustenta os cabos da
linha, consequentemente gerando um curto-circuito do tipo monofásico a terra.
No solo, a corrente de curto-circuito gerará potenciais distintos desde o “pé” da
torre até uma distância remota. Este potencial é representado pela curva na Figura
22. No momento do curto-circuito, uma pessoa que toque na torre de transmissão
estará submetida a um choque elétrico que foi ocasionado por uma tensão de
toque, ou seja, entre um membro superior (mãos) e um membro inferior (pés)
haverá uma diferença de potencial que é chamado de tensão de toque. Por norma,
considera-se que a pessoa esteja a 1 metro do equipamento em que está tocando
com a mão. A resistência da terra desde o “pé” da torre até a distância de 1m é
representado por R1, o restante do trecho da terra é representado pela resistência
R2. Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representado
por Rcontato.
49

Figura 22 - Tensão de Toque

Fonte: CEMIG (2013)

A Figura 23 retrata um circuito que serve como representação da tensão de toque.

Figura 23 - Circuito de Equivalência da Tensão de Toque

Fonte: KINDERMANN (2013, p.17).

Ao examinar o circuito, foi confirmado que a tensão de toque pode ser representada com
precisão pela fórmula (4):

Segundo Kindermann (2013), foi determinado que o corpo humano pode resistir para
CA de 50/60 Hz, pele suada, e tensão de toque de até 300V, a uma resistência de
50

aproximadamente 1000 Ω. Com base nas diretrizes estabelecidas pelo IEEE-80, pode-se afirmar
que Rcontato = 3ρsolo (3 vezes a resistividade superficial do solo), levando à reformulação da
fórmula (4) na fórmula (5):

“Para garantir que o sistema de aterramento na base da torre seja eficaz, ele deve ser
capaz de manter um valor de tensão de toque abaixo do limite de tensão durante um curto-
circuito monofásico à terra. Isso é crucial, pois exceder o limite de voltagem pode resultar em
fibrilação ventricular, conforme mostrado na fórmula (6)” (KINDERMANN,2013):

“Note que a tensão de toque representa um risco significativo devido ao fato de que a
corrente elétrica pode potencialmente passar pelo coração, elevando a probabilidade de
ocorrência de fibrilação ventricular” (KINDERMANN,2013).

2.4.1.1.3.2 Tensão de Passo

“A tensão elétrica ocorre entre pés devido à ocorrência. Quando um curto-circuito


monofásico à terra acontece no equipamento ou na rede elétrica. Se o cabo da linha para a
estrutura da torre falhar, conforme mostrado na Figura 24, um indivíduo pode sofrer uma tensão
de passo” (KINDERMANN,2013).
51

Figura 24 - Tensão de Passo

Fonte: CEMIG (2013)

Ao analisar a tensão de toque, conseguimos estabelecer um circuito equivalente. Da


mesma forma, podemos construir um circuito equivalente também para a tensão de passo,
conforme demonstrado na Figura 25. Este circuito leva em consideração os mesmos padrões
citados anteriormente.

Figura 25 - Circuito de Equivalência da Tensão de Passo

Fonte: KINDERMANN (2013, p.18).

Fazendo a análise do circuito indicado na Figura 25 e é examinado e os fatores


mencionados no tópico anterior são levados em consideração, chegamos a fórmula (7):
52

Para garantir que o aterramento seja adequado, é necessário certificar-se de que a pior
tensão de passo será menor que o limite de tensão de passo, para não fibrilação ventricular em
humanos, conforme indicado na a fórmula (8), denominado como limite de tensão de passo.

Portanto, fica evidente que a tensão de passo é comparativamente menos perigosa


quando comparada à tensão de toque. Isso se deve ao fato de que, no caso de tensão de passo,
o caminho da corrente elétrica não penetra no coração. Além disso, pode-se notar que áreas de
superfícies equipotenciais são geradas em zonas de tensão de passo, conforme ilustrado na
Figura 26 (KINDERMANN, 2013).

Para evitar a geração de choques elétricos, é recomendável manter os dois pés na mesma
superfície potencial. Se isso for alcançado, a tensão de passo será zero, eliminando assim o risco
de choque elétrico. Isso é especialmente importante em situações onde pode haver queda de
raios ou cabos elétricos presentes no solo. Para reduzir a diferença de potencial entre os pés e a
possibilidade de gerar choques elétricos devido à tensão de passo, é aconselhável caminhar com
os pés o mais próximo possível. Conforme KINDERMANN (2013), essa medida de precaução
pode ser eficaz na mitigação do risco de choque elétrico.
53

Figura 26 - Zonas Equipotenciais Tensão de Passo

Fonte: PANTOJA INDUSTRIAL (2019)

2.4.1.2 Influência do Percurso da Corrente Elétrica no Corpo Humano

Ao entrar no corpo humano, uma corrente elétrica pode atravessar vários caminhos
diferentes. Normalmente, a corrente entrará em um ponto singular e sairá em outro ponto
distinto do corpo.

Ao passar pelo coração ou cérebro humano, a corrente elétrica pode aumentar


significativamente a gravidade de um choque elétrico. Mesmo uma pequena quantidade de
corrente elétrica passando por esses órgãos vitais pode levar a consequências fatais. Isso destaca
a importância de cautela e medidas de segurança adequadas ao lidar com eletricidade para evitar
qualquer dano potencial.

Na Figura 27, verifica-se alguns dos percursos que a corrente elétrica pode seguir ao
entrar no corpo humano. O diagrama ilustra incidentes de choque elétrico causados por tensão
de toque ou tensão de passo, acentuando a trajetória da corrente em relação ao coração.

Figura 27 - Percursos da Corrente Elétrica no Choque Elétrico

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2020)


54

Na Tabela 2, evidencia a porcentagem de corrente relacionando com o trajeto de entrada


da mesma, que irá passar pelo coração, demonstrado na Figura 27.

Tabela 2 - Corrente Equivalente no Coração

Fonte: FÓRUM DA CONSTRUÇÃO (2019)

Ao examinar a Figura 27 e analisar os percentuais de corrente da Tabela 2, verifica-se


que os choques elétricos de maior perigo para o ser humano são aqueles em que a corrente
segue percursos que se atravessam o coração.

Nos casos A, B, C e D, podemos enxergar que representam o maior risco de choque


elétrico. Essas rotas incluem o caminho da cabeça aos pés, da mão esquerda aos pés, de uma
mão à outra e da cabeça às mãos. Notavelmente, todos esses percursos que passam pelo coração,
e que a intensidade da corrente elétrica que passa pelo órgão poderá prejudicar gravemente a
saúde do indivíduo. Em casos extremos, pode até resultar em óbito.

2.4.1.3 Efeitos Fisiológicos Decorrente do Choque Elétrico

O tópico em questão diz respeito aos impactos fisiológicos do choque elétrico. É


amplamente aceito que a corrente de choque elétrico se origina de fontes CA, sendo as
frequências de 50 Hz ou 60 Hz, as mais comuns em sistemas elétricos. Como dito
anteriormente, a gravidade do choque elétrico é influenciada por vários fatores, como o
percurso de entrada da corrente elétrica no corpo, a intensidade da corrente elétrica, o tempo de
contato com a fonte de corrente, a área e a pressão de contato, entre outros. Essas variáveis
terão implicações diferentes para indivíduos diferentes, pois cada pessoa responde de maneira
única aos efeitos da corrente elétrica que circula em seu corpo durante um evento de choque
elétrico.

Os dados apresentados na Tabela 3 destacam um cenário particular que agrava a questão


do choque elétrico em um indivíduo. Os efeitos no corpo humano variam de acordo com a faixa
55

de intensidade da corrente elétrica com a qual a pessoa entra em contato direto. À medida que
os valores da corrente elétrica aumentam, os efeitos resultantes também tendem a piorar. Isso
se deve ao maior fluxo de partículas de elétrons que entram no corpo, o que leva a um impacto
mais pronunciado.

Tabela 3 - Intensidade de Corrente Elétrica X Efeitos Fisiológicos do Choque Elétrico

Fonte: MANUAL DO TRABALHO SEGURO (2019)

Alguns dos impactos fisiológicos ocasionados no corpo humano em consequência do


choque elétrico, são expostos a seguir.

2.4.1.3.1 Tetanização

“A tetanização é uma forma de paralisia muscular que resulta de uma forte contração do
músculo causada por um choque elétrico. O músculo permanecerá paralisado por um período,
mesmo após o choque elétrico ter parado. Com isso, a tetanização pode ser classificada como
uma cãibra muscular desencadeada por choque elétrico” (KINDERMANN,2013).

2.4.1.3.2 Parada Cardíaca

Segundo Kindermann (2013, p.46):

Parada cardíaca é a total inoperância do funcionamento do coração. Ele está


efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão arterial cai a zero e a
pessoa perde os sentidos. Nesse estado as fibras musculares estão inativas, cessando
o batimento cardíaco. Entre outras causas, a parada cardíaca pode ocorrer, pelo choque
elétrico de grande intensidade em corrente contínua ou alternada, que produz a
56

tetanização das fibras musculares do coração e, consequentemente, a parada do


coração.
É possível que um indivíduo que tenha sido exposto a uma corrente elétrica resultando
em um choque elétrico não sofra uma parada cardíaca, mas também uma parada respiratória. A
parada respiratória ocorre quando a vítima para de respirar, enquanto seu coração continua
batendo. Além disso, pode ocorrer parada cardiorrespiratória, que é uma combinação de parada
cardíaca e respiratória. Na Tabela 4, a probabilidade de reanimação é listada com base no tempo
decorrido após a parada respiratória. Para iniciar a reanimação, pode-se utilizar a técnica
popular de reanimação boca-a-boca ou o uso de um dispositivo ambú, que opera por meio da
compressão manual de um balão (KINDERMANN, 2013).

Tabela 4 - Probabilidade de Reanimação da Vítima Após uma Parada Respiratória

Fonte: KINDERMANN (2013, p.76).

A importância dos primeiros socorros no resgate de uma vítima de choque elétrico é


exemplificada na Tabela 4. À medida que o tempo decorre após o choque e o indivíduo fica
inconsciente sem a aplicação de medidas de primeiros socorros, a probabilidade de sucesso na
ressuscitação diminui consideravelmente. Isso, por sua vez, aumenta a possibilidade de morte.

2.4.1.3.3 Queimaduras

O corpo humano possui uma certa resistência elétrica, que é essencialmente uma forma
de resistência ao fluxo de corrente elétrica. Esse valor de resistência elétrica está sujeito a
alterações com base nas condições individuais de pele e umidade e em vários órgãos do corpo
57

humano. Sempre que uma corrente elétrica entra no corpo humano, ela encontrará uma
resistência correspondente do ponto de maior potencial ao ponto de menor potencial, que é por
onde ela finalmente sairá do corpo (KINDERMANN, 2013).

Quando os elétrons se movem através de um condutor, como o corpo humano, ele gera
calor através do efeito Joule. Portanto, se o corpo humano possui uma resistência equivalente,
quando percorrido por uma corrente elétrica, este tenderá a dissipar calor por efeito Joule,
gerando então um certo aquecimento. Este efeito é descrito pela Fórmula (9). Dependendo da
quantidade de corrente que passa pelo corpo durante um choque elétrico, esse calor pode causar
queimaduras de vários graus. Uma queimadura de primeiro grau afeta apenas a camada mais
externa da pele, enquanto uma queimadura de terceiro grau penetra em todas as camadas da
pele e pode atingir até os ossos.

“A fórmula (9) indica que, durante um choque de alta tensão, existe uma quantidade
considerável de corrente presente. Esse aumento de corrente resulta em um efeito térmico
significativo, que leva a um efeito de queimadura efeito térmico depende da corrente de choque
ao quadrado” (KINDERMANN, 2013).

Segundo Kindermann (2013, p.112):

O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo


produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser:
a) As queimaduras podem ser categorizadas em primeiro, segundo ou terceiro
grau com base em sua gravidade e impacto nos músculos do corpo;
b) A dilatação que ocorre devido ao aquecimento do sangue;
c) Aquecimento podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens.
d) As condições mencionadas acima não ocorrem isoladamente, mas estão
interligadas, levando a várias consequências e resultados em diferentes
sistemas corporais. Como resultado, o bom funcionamento do corpo humano
é prejudicado.

2.4.1.3.4 Fibrilação Ventricular

As consequências dos choques elétricos em baixa tensão (BT) podem trazer sérias
complicações para o coração humano, inclusive o desenvolvimento de fibrilação ventricular. A
ocorrência de fibrilação ventricular no coração é resultado direto do contato do coração com
uma corrente elétrica externa. O ciclo cardíaco do coração humano tem uma janela específica
58

de vulnerabilidade, indicada na Figura 16. A janela vulnerável está localizada durante a onda
T, que é quando as fibras musculares do ventrículo estão repolarizando. É nessa janela
vulnerável do ciclo cardíaco que uma densidade de corrente elétrica passando pelo coração pode
levar à fibrilação ventricular (KINDERMANN, 2013).

Segundo Kindermann (2013, p.46):

Na fibrilação ventricular do coração, as fibras musculares dos ventrículos ficam


tremulando desordenadamente, tendo como consequência, uma total ineficiência no
bombeamento do sangue, a pressão arterial cai à zero, e concomitantemente, dá-se a
parada respiratória, e a vítima desfalece. A vítima desfalecida, não tem batimento
cardíaco e nem respiração, esse estado é conhecido como morte aparente.
A Figura 28 demonstra um eletrocardiograma que apresenta ondas P, QRS e T bem
estabelecidas. Com a ocorrência do choque elétrico, o eletrocardiograma mostra o início da
fibrilação ventricular, que se caracteriza pela perda de sincronia do ritmo cardíaco. Como
resultado, a pressão sanguínea do indivíduo aproxima a zero, e a ausência de circulação
sanguínea por todo o corpo é aparente.

Figura 28 - Início do choque elétrico (Fibrilação ventricular)

Fonte: IEC/TS-60.479-1 (2005, p. 86)

Se uma pessoa que está manuseando uma rede BT (Baixa Tensão) sofrer um choque
elétrico e, subsequentemente, ficar desfalecido, é prudente considerar a possibilidade de
fibrilação ventricular em seu coração. Isso ocorre porque, quando os instrumentos médicos não
estão disponíveis, é difícil diferenciar entre parada cardíaca e fibrilação ventricular
(KINDERMANN, 2013).
59

A fibrilação ventricular é uma condição que não pode ser revertida sem intervenção
externa. Faz-se necessário o uso do desfibrilador elétrico, de modo que possa interromper a
fibrilação e restaurar o ritmo normal do coração (KINDERMANN,2013).

O circuito elétrico fundamental de um desfibrilador elétrico pode ser observado na


Figura 29.

Figura 29 - Circuito Elétrico de um Desfibrilador

Fonte: KINDERMANN (2013, p.56).

O funcionamento do desfibrilador elétrico começa no carregamento do capacitor (C), e


em seguida, o capacitor é descarregado, resultando em uma corrente unidirecional que percorre
o coração. Essa corrente deixa a carga das fibras musculares cardíacas em zero.

Quando as fibras estão em um nível de potencial equivalente, o procedimento


bioquímico de repolarização das fibras na onda T ocorre de forma sincronizada. Assim, todas
as repolarizações acontecem concomitantemente, restabelecendo a sincronização de todas as
fibras (KINDERMANN, 2013).

Uma vez que todas as fibras estejam sincronizadas, elas passam a seguir o sinal rítmico
compassado emitido pelo Nódulo Sino Atrial (NSA), e o coração volta ao seu ritmo cardíaco
normal (KINDERMANN,2013).

2.4.1.4 Principais Riscos do Choque Elétrico em At

Quando exposto a alta tensão elétrica (AT), o corpo humano pode sofrer danos
significativos. Esse dano pode se manifestar na forma de queimaduras graves ou carbonização
de órgãos internos e externos. Além disso, a corrente elétrica pode criar aberturas através das
quais pode entrar e sair do corpo.

Quando alguém é submetido a choque elétrico de alta voltagem, a principal causa de


morte é devido à gravidade das queimaduras sofridas. Aos que sobrevivem geralmente ficam
60

com efeitos duradouros, que incluem perda óssea parcial, redução e atrofia muscular, perda de
massa muscular e outros sintomas relacionados (KINDERMANN, 2013).

2.4.2 Arco Elétrico

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 57):

Quando uma corrente elétrica é transmitida através do ar ou de qualquer outro meio


isolante, um arco elétrico é produzido, conforme demonstrado na Figura 30. Um arco
elétrico de baixa tensão é um incidente breve e inúmeras ocorrências ocorrem tão
rapidamente que o olho humano é incapaz de detectá-los.

Na Figura 30, mostra um arco elétrico produzido em alta tensão (AT), que pode atingir
temperaturas de até 20.000ºC.

Figura 30 - Arco Elétrico

Fonte: YOUTUBE (2018)

2.4.3 Análise do Arco Elétrico em Sistemas Elétricos

Existem dois estágios distintos que compõem um arco elétrico. O primeiro estágio é o
arco elétrico real, que é medido em cal/cm, e o segundo estágio é caracterizado pela emissão de
ondas de choque e sua capacidade de atingir temperaturas extremamente altas, chegando até
um pico de 25.000°C. A energia produzida pelo arco elétrico tem a capacidade de ionizar o ar
circundante, resultando na liberação de plasma e vapores de materiais condutores. Esse
fenômeno geralmente é causado por curtos-circuitos, que podem ser resultado de falta de
isolamento entre os condutores, superaquecimento do circuito ou problemas com contatores
abrindo ou fechando circuitos. Outras causas de arco elétrico incluem a presença de materiais
61

ou ferramentas em linhas energizadas, aumentos de tensão, danos ao equipamento e manobras


ou práticas inadequadas do equipamento.

O impacto de um arco elétrico pode resultar em consequências graves e críticas. Essas


consequências podem variar de ferimentos leves e graves, como queimaduras, incrustações,
danos à função auditiva e retiniana, e até mesmo o óbito do indivíduo. Além disso, os efeitos
dos arcos elétricos vão além do dano humano e podem danificar as instalações.

2.4.3.1 Cálculo do Arco Elétrico de Acordo com IEEE 1584-2002

Colaborando com uma equipe de arco elétrico, o Instituto de Engenheiros Elétricos e


Eletrônicos (IEEE) criou equações empíricas. Essas equações foram formuladas usando
parâmetros específicos e resultados de teste, que foram obtidos em circunstâncias particulares
e únicas.

Dois cenários foram considerados para o cálculo da energia incidente do arco elétrico:

Caso 1: Tensão utilizada no experimento foi de 480 VCA, com distância de 30 mm


entre os condutores. O experimento foi conduzido dentro de um compartimento de dimensões
semelhantes a uma caixa e durou 0,1 segundos. A energia incidente foi calculada em 5,12
cal/cm2 a uma distância de projeção de 609 mm, que está dentro do limite de segurança de 918
mm.

Caso 2: Tensão medida foi de 4,16 kVAC, e a distância entre os condutores foi de 104
mm. A configuração do equipamento foi em compartimento do tipo caixa, e a duração do
evento foi de 0,1 segundos. Como consequência desses fatores, a energia incidente estimada
foi calculada em 1,24 cal/cm2 com uma distância de 910 mm, e foi determinado que o limite
seguro era de 1352 mm.

Em casos anteriores, deduziu-se que a geração de energia incidente é inversamente


proporcional à tensão e à distância entre os condutores, enquanto a distância de alcance da
energia incidente é diretamente proporcional a essas mesmas variáveis.

2.4.3.2 Prevenção de Arco Voltaico


62

Para evitar um arco elétrico, a única forma mais segura é desenergizar o equipamento
antes e confirmar que não há tensão presente. Embora existam técnicas adicionais disponíveis
para aliviar o impacto deste evento, algumas são detalhadas abaixo para referência:

Para evitar incidentes de arco voltaico, um caminho de corrente CA de baixa


impedância é gerado e canalizado para um compartimento CA controlado. Isso garante que
toda a energia seja transferida para longe da área do trabalhador, reduzindo o risco de exposição.
Quando um circuito com baixa impedância está presente, é mais provável que o fluxo de
corrente siga esse caminho, conforme afirma a lei de Ohm, que afirma que menor resistência
equivale a maior intensidade de corrente. Como resultado, a corrente de falha pode ser
direcionada para um compartimento especificamente projetado que pode suportar a liberação
de energia do incidente e proteger o indivíduo contra danos.

O sistema convencional para circuitos de proteção envolve dispositivos de proteção


limitadores de corrente que utilizam relés de proteção. Esses relés transmitem um sinal para
um interruptor que interromperá o circuito em caso de falha de corrente. No entanto, um
sistema mais eficiente pode ser estabelecido utilizando sensores de luz em conjunto com relés
de proteção. Esse sistema enviaria um sinal para a chave em uma taxa mais rápida, evitando
assim a formação de um arco elétrico. É importante observar que o sinal emitido deve ser
inferior a 6 ciclos, embora existam dispositivos que interagem em uma faixa de 3 a 5 ciclos.
Em última análise, o tempo de ativação dos dispositivos de proteção é o fator determinante para
gerar uma condição eletricamente segura.

Os condutores de cobre facilitam o movimento dos elétrons livres, enquanto os prótons


e nêutrons permanecem estacionários. O fluxo de corrente é considerado rápido devido à
abundância de elétrons livres em todo o circuito, resultando em uma alta densidade de
velocidade de corrente. Embora este fenômeno se aproxime da velocidade da luz, não é
equivalente, pois a velocidade da luz mantém uma medida constante de 299 792 458 m/s. A
corrente pode atingir velocidades de até 1 mm/s (0,001 m/s).

Para esclarecer, um relé de proteção normalmente envia um sinal dentro de um ciclo,


que é equivalente a 0,016 segundos, enquanto os interruptores têm um alcance de três a cinco
ciclos se forem combinados. O tempo de resposta pode variar, sendo o mais rápido quatro
ciclos e o mais lento seis ciclos. Se um sensor de luz fosse utilizado, é provável que um tempo
de resposta de dois ciclos ou menos pudesse ser alcançado, o que seria rápido o suficiente para
salvar várias vidas.
63

Os equipamentos de proteção conhecidos como equipamentos de proteção individual


(EPI) podem ser obtidos com quatro níveis diferentes de proteção: 4, 8, 25 e 40 cal/cm2, que
são organizados em cinco categorias: 0, 1, 2, 3 e 4.

EPIs são trajes de corpo inteiro que devem atender aos padrões mínimos prescritos pelos
regulamentos.

Sempre que o trabalho deve ser executado na presença de uma fonte de energia ativa, é
imperativo ter cautela e seguir um conjunto de controles, procedimentos e autorizações para
garantir que a tarefa seja realizada com segurança.

Para uma melhor análise de arco elétrico, deve-se determinar o limite de segurança para
um arco elétrico, ou seja, isso envolve determinar a energia incidente, a distância segura de
trabalho e o equipamento de proteção individual apropriado necessário dentro do limite.

2.4.3.3 Análise de Choque Elétrico em Sistemas Elétricos

Quando se fala em choque elétrico, é frequentemente mencionado quando se discute o


assunto e serve como base para a maioria dos padrões de segurança.

O impacto da corrente elétrica no corpo humano não é uniforme e varia de pessoa para
pessoa. O efeito de alcance, identificado como a capacidade da corrente fluir pelo corpo, é um
desses fenômenos.

Queimaduras internas que podem resultar em ferimentos graves ou morte,


especialmente aquelas causadas por uma corrente de choque de 5 amperes ou mais, podem não
necessariamente passar por um órgão vital. Esses tipos de queimaduras, de terceiro grau e
internas, podem levar à morte tardia.

O nível de resistência do corpo desempenha um papel crítico no cálculo da corrente que


passa pelo corpo, conforme observado anteriormente.

2.4.3.4 Cálculo do Choque Elétrico

Existiam equipamentos com um nível de tensão de 480 VCA, aos quais se aplicou a
seguinte Fórmula 10:
64

I=V/R
I=480 Volts / 1000 Ohm = 0.48 Amp o 480 mA (10)

Neste cenário, uma resistência de 1000 Ohm foi estabelecida como valor de referência,
que normalmente é encontrado em uma pessoa média em condições normais de trabalho. No
entanto, certos fatores externos podem influenciar esse valor, resultando em flutuações e uma
consequente variabilidade na quantidade de corrente que passa pelo corpo.

Pode-se afirmar que a maioria das fatalidades resultantes de choque elétrico ocorre
quando o sistema respiratório é paralisado abruptamente (a 25 mA ou superior), a função de
bombeamento do coração é interrompida devido à fibrilação ventricular (a 60 mA ou superior)
ou o coração deixa de funcionar completamente (com 4 amperes ou mais).

2.4.3.5 Prevenção de choque elétrico

Para qualquer trabalho ou ambiente com exposição a uma fonte de energia ativa, a
abordagem mais eficaz para a prevenção é isolar essa energia e eliminar qualquer energia
residual que ainda possa existir. No entanto, os indivíduos que são capazes de evitar o contato
direto e indireto com a fonte de energia são considerados sistemas de proteção. A seguir estão
as categorias de proteção:

Proteções completas: projetadas para garantir total segurança, estabelecendo


mecanismos de proteção para evitar qualquer contato com partes energizadas. Isso pode ser
alcançado cobrindo totalmente todas as partes energizadas com isolamento que possa resistir a
forças externas. Além disso, essas medidas de proteção devem consistir em barreiras e
invólucros robustos, imóveis e seguros, garantindo assim o nível de proteção necessário.

Proteções parciais: projetadas para evitar contato não intencional com partes
energizadas, ou seja, invólucros e barreiras devem ser instalados como um obstáculo firme.

Medidas de proteção complementares: Chaves diferenciais de alta sensibilidade


(IDn<30mA), a qual são destinadas a proteger o usuário em caso de contato com o ponto ativo.

Os equipamentos de proteção individual feitos de materiais dielétricos incluem luvas


nas classes 00, 0, 1, 2, 3 e 4, com níveis de resistência variáveis de 500, 1000, 7500, 17000,
26500 e 36000 VAC. Além disso, sapatos e capacetes dielétricos também estão disponíveis.
65

Uma desvantagem da chave diferencial é que ela não atua preventivamente, mas apenas
responde a um choque elétrico já em andamento.

Para garantir um ambiente eletricamente seguro, é crucial manter uma distância segura
de condutores elétricos energizados ou partes do circuito, o que é uma abordagem eficaz.

2.4.4 Campos Eletromagnéticos

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 59):

Os efeitos dos campos eletromagnéticos, quando muito intensos, podem ocorrer


disfunções em implantes eletrônicos como o marca passo, além da circulação de
correntes em próteses metálicas, a ponto de provocar aquecimento. Também merece
atenção a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser particularmente importante
quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros no mesmo eletroduto.
O impacto dos campos eletromagnéticos nos riscos em eletricidade é extremamente
importante porque os campos eletromagnéticos podem induzir correntes em materiais
condutores dentro de seu alcance.

Teoricamente, um circuito pode ser considerado desenergizado porque seu disjuntor de


proteção está seccionado. Porém, se os condutores daquele circuito estiverem distribuídos no
mesmo eletroduto que tenha um outro circuito, cujo os condutores daquele circuito estiverem
energizados e tiverem alguma corrente circulando por eles, haverá um campo eletromagnético
ao seu redor que ao se aproximar desse circuito e pode ocorrer indução eletromagnética, que é
a indução de corrente em um condutor de circuito desenergizado. Portanto, quando as pessoas
tocam nos condutores do circuito seccionado, podem ocorrer choques elétricos devido à
indução eletromagnética.

2.4.5 Riscos Adicionais

Apesar de não estarem diretamente relacionados ao fator elétrico, riscos adicionais


muitas vezes estão presentes nos serviços elétricos e podem resultar em acidentes causando
danos físicos a pessoas ou danos materiais.

Conforme as diretrizes da Norma Regulamentadora 10 (NR 10) do Ministério do


Trabalho e Emprego (MTE), são considerados adicionais quaisquer riscos além dos riscos
elétricos que possam impactar a segurança e o bem-estar dos trabalhadores em um determinado
ambiente ou processo de trabalho fatores de risco.
66

A NR 10 traz inúmeros riscos adicionais, incluindo aqueles associados ao trabalho em


altura, operação em ambientes confinados, acesso a áreas classificadas, exposição à umidade e
exposição a condições atmosféricas variáveis.

2.5 TIPOS DE ACIDENTES

Neste capítulo serão apresentados os principais tipos de acidentes elétricos que podem
ocorrer em instalações elétricas.

2.5.1 Causa Direta

Os acidentes causados por fontes elétricas diretas podem acontecer tanto pelo contato
com circuitos energizados quanto pelo contato indireto, onde teoricamente não deveria haver
perigo para o ser humano. No entanto, quando o isolamento falha, esses riscos podem ficar
expostos (FUCKNER et al. 2012, p. 55).

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 70):

Contatos diretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente sob


tensão (partes vivas).
Contatos indiretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente não
energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de
isolamento. O acidente mais comum a que estão submetidas as pessoas,
principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham
tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais, é o toque acidental em
partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre
fase e terra.
Segundo FUCKNER (2012, p.70), o contato direto refere-se a uma situação em que um
indivíduo entra em contato com um circuito sob tensão normal de uso ou com um nível de
tensão que poderia colocar em risco sua segurança.

Quando há falha no isolamento do invólucro metálico (carcaça metálica, normalmente)


do equipamento, pode resultar em riscos elétricos ao ser humano por meio de contato indireto,
conforme explica FUCKNER.

Acidentes elétricos resultantes de contato direto costumam ser considerados mais


graves, pois surgem da interação direta com o circuito energizado. Esses tipos de acidentes
podem ser causados por isolamento inadequado, quebra de isolamento ou até mesmo a ausência
total de isolamento. (FUCKNER et al. 2012, p. 70)
67

2.5.2 Causa Indireta

Os acidentes elétricos resultantes de uma causa indireta são atribuídos principalmente a


descargas atmosféricas.

2.5.2.1 Descargas Atmosféricas

Segundo o CREDER (2014), os acidentes causados por descargas atmosféricas são


identificados por descargas de correntes impulsivas de vários kA que ocorrem da nuvem para
o solo, do solo para a nuvem ou entre nuvens, todas desencadeadas por fenômenos naturais.

Quando esse fenômeno ocorre e seu percurso ocorre entre nuvens e terra, pode causar
danos a pessoas, animais, edificações e à rede elétrica no solo.

As descargas atmosféricas podem causar surtos de tensão, sejam eles induzidos ou


diretos.

Quando um raio atinge linhas de distribuição de energia ou linhas de transmissão, ele


gera surtos indiretos que podem afetar árvores, estruturas ou o solo. As ondas eletromagnéticas
geradas pela corrente elétrica que flui pelo canal do raio se espalham pelo meio, geralmente o
ar, e resultam na indução de corrente elétrica e tensões em condutores metálicos localizados em
seu alcance. Esse fenômeno é explicado por CREDER (2014).

Quando as descargas atmosféricas atingem diretamente uma edificação ou qualquer


ponto próximo, isso resulta no que é conhecido como surto direto. Esse tipo de surto faz com
que todos os elementos metálicos na área, incluindo o eletrodo de aterramento, experimentem
níveis de tensão variáveis por breves períodos. Essas diferenças de tensão podem gerar
correntes de sobretensão que trafegam por diferentes pontos da estrutura, principalmente pela
instalação elétrica. A tensão transiente que trafega pela rede interna da edificação pode causar
danos significativos, tornando as sobretensões diretas uma grande preocupação (CREDER,
2014).
68

2.5.3 Sobrecarga em circuitos

O dimensionamento de todos os circuitos elétricos de uma edificação é determinado por


uma determinada potência elétrica máxima que pode ser consumida. Esta potência máxima
define o limite da seção transversal (bitola) do condutor a ser utilizado no circuito, bem como
a corrente nominal do disjuntor que fornecerá proteção contra curtos-circuitos e sobrecargas
para aquele circuito.

Quando várias cargas são alimentadas em um mesmo circuito elétrico e a potência do


circuito não foi dimensionada corretamente, ocorre uma sobrecarga. Para ilustrar, imagine um
circuito projetado para suportar 4400VA de energia elétrica, o que equivale a um consumo
máximo de corrente de 20A para uma tensão de 220V. Se um aparelho com consumo de energia
superior a 4400VA ou um consumo de corrente elétrica superior a 20A for adicionado a este
circuito, ele ficará sobrecarregado (CREDER, 2014).

Sobrecargas de circuitos elétricos ocorrem com frequência em edificações, muitas vezes


causadas por falta de conhecimento por parte dos usuários finais. Esse problema é
particularmente pronunciado em residências com instalações elétricas mais antigas. Isso se
deve ao fato de que, antigamente, era menos comum ter tantos eletrodomésticos em casa como
temos hoje.

Normalmente, as casas e apartamentos mais antigos têm uma quantidade escassa de


tomadas elétricas por cômodo. À medida que a tecnologia progrediu, nossa dependência de
energia elétrica aumentou, levando a uma maior demanda por fontes de corrente adicionais.
Uma solução descomplicada e eficiente para esse problema é comprar adaptadores elétricos,
extensões ou filtros de linha em uma loja de materiais de construção para aumentar o número
de tomadas disponíveis em uma determinada área.

A Figura 31 mostra um dos muitos dispositivos disponíveis no mercado que podem


realizar essa tarefa.
69

Figura 31 - Adaptador T / Benjamim Universal

Fonte: NOVO MUNDO (2019)

Quando as instalações elétricas contam com esses dispositivos, são indícios de que a
residência não esteja devidamente dimensionada com um número insuficiente de tomadas para
acomodar com segurança todos os aparelhos em uso. Para resolver este problema, recomenda-
se o redimensionamento dos circuitos elétricos com o auxílio de profissionais qualificados,
garantindo o cumprimento das normas vigentes.

Uma ferramenta comum utilizada pelos consumidores de energia elétrica é o adaptador


de tomada, que modifica o plugue do equipamento para a tomada que está sendo conectada.
Infelizmente, o uso desse dispositivo representa um problema significativo; muitos adaptadores
são vendidos sem o selo oficial de aprovação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia, o INMETRO. Essa certificação garante que o adaptador cumpra os padrões de
segurança descritos nos regulamentos atuais. Consequentemente, esses dispositivos muitas
vezes não atendem aos critérios de segurança e devem ser abordados com cautela.

Vários modelos de adaptadores são facilmente acessíveis para compra em qualquer loja
de material elétrico.

O modelo mais preocupante envolve a utilização de um adaptador de 2 pinos para


adaptar o plugue macho de equipamentos de 3 pinos, conforme demonstrado na Figura 32 ou
seja, resulta na eliminação do aterramento do equipamento, o que é motivo de alarme. O motivo
do terceiro pino no equipamento se deve à necessidade de um aterramento adequado, seja para
atender o projeto do fabricante para o correto funcionamento ou para segurança pessoal ao
manusear equipamentos energizados.
70

Figura 32 - Adaptador de Tomada

Fonte: MAGAZINE LUIZA (2021)

Segundo Fuckner, Hayashi e Misumoto (2012, p. 131):

A sobrecarga na rede elétrica, através da instalação de vários equipamentos numa


mesma tomada, é um risco potencial. Muita atenção deve ser dada ao uso do
conhecido “T”, também chamado de benjamim.
Os disjuntores e fusíveis funcionam como proteção aos circuitos elétricos. Eles
desarmam e cortam a corrente em caso de sobrecarga. Precisam estar bem
dimensionados e nunca devem ser travados, para evitar que se desarmem, nem
substituídos por arames ou fios.
O disjuntor termomagnético é um componente essencial de uma instalação elétrica,
projetado para evitar sobrecarga. Normalmente, este dispositivo pode ser encontrado no QD
(Quadro de Distribuição) da edificação. Para garantir a segurança, o quadro de distribuição deve
possuir sinalização de circuito que indique qual circuito corresponde a cada disjuntor. A Figura
33 fornece um exemplo de um QD com sinalização de circuito. A utilização da sinalização do
circuito serve como medida de segurança tanto para o usuário final da residência quanto para
qualquer eletricista que realize trabalhos de manutenção nas instalações elétricas. (CREDER,
2014).

Figura 33 - Circuitos sinalizados no QD

Fonte: MABITEC (2019)

O processo de dimensionamento de circuitos elétricos acima está categorizado em três


tipos distintos, conforme especificado pela NBR 5410, de 2004.
71

O primeiro deles, é o circuito de iluminação, que é o circuito dedicado para cargas que
irão prover a iluminação da edificação (NBR 5410, 2004).

Existe um segundo tipo de circuito denominado circuito TUG's, que é composto por
tomadas multiuso. É um circuito especificamente projetado para alimentar diversas tomadas
com baixo consumo de energia (conforme NBR 5410, cada TUG tem capacidade de
alimentação de até 600VA para fins de critério de dimensionamento de instalação).

Já o terceiro tipo de circuito são as TUE’s, que são tomadas de uso específico. É o tipo
de circuito dedicado para cargas de potências elétricas elevadas (geralmente a corrente destas
cargas excede o consumo de corrente de 10A). Neste tipo de circuito, um único disjuntor
termomagnético, irá fazer a proteção de curto circuito e de sobrecarga de uma única tomada de
corrente, consequentemente de uma única carga (NBR 5410, 2004).

O principal problema das instalações elétricas envelhecidas é a falta de divisão do


circuito, o que pode levar a falhas.

Nos tempos modernos, vários eletrodomésticos foram gerados para facilitar a vida das
pessoas. Esses aparelhos incluem máquinas de lavar, aquecedores de ambiente, ar
condicionado, fornos elétricos, chuveiros elétricos e torneiras elétricas. É obrigatório que todos
os aparelhos acima mencionados tenham uma tomada dedicada para garantir o seu bom e
eficiente funcionamento.

Ao utilizar circuitos de tomada para fins específicos, é fundamental dimensioná-los


adequadamente de acordo com a potência exigida por cada dispositivo. Infelizmente, muitas
pessoas tendem a desconsiderar isso e ligar seus aparelhos usando qualquer tomada em suas
casas, desconhecendo a sobrecarga potencial que isso pode causar. Esse comportamento pode
levar à sobrecarga do circuito, que, em alguns casos, pode chegar ao ponto de iniciar incêndios.
Portanto, é importante ter cuidado e usar os circuitos de tomada de tamanho certo para evitar
tais perigos.

A causa da sobrecarga é atribuída à demanda excessiva de energia de uma saída de


corrente final em comparação com o circuito elétrico que a alimenta. Na Figura 34, um cenário
a ser evitado é representado onde vários dispositivos elétricos são conectados a um único
plugue. Se o consumo total de energia desses dispositivos ultrapassar a capacidade de energia
designada para o circuito da tomada, pode ocorrer sobrecarga elétrica na instalação.
72

Figura 34 - Uso de Benjamim

Fonte: PORTAL PRUDENTINO (2022)

Para garantir a boa manutenção de qualquer instalação elétrica, é fundamental a


contratação de mão de obra qualificada e treinada especificamente para esse fim.

Regularmente, há casos de interferência incorreta em sistemas elétricos em áreas


residenciais. Uma ocorrência comum é quando os proprietários trocam seus disjuntores
termomagnéticos por um novo com um valor de corrente nominal mais alto. Isso geralmente é
feito após instâncias repetidas da abertura do dispositivo de proteção.

A corrente máxima que pode fluir através de um circuito é restringida pela corrente do
disjuntor, que por sua vez limita a corrente que pode passar pelo condutor do circuito. Para
facilitar um maior fluxo de corrente através do mesmo cabo instalado, pode-se substituir o
disjuntor existente por um novo que tenha um valor de corrente maior. Porém, isso pode fazer
com que a nova corrente ultrapasse a corrente máxima que o cabo foi projetado para suportar,
atingindo assim o limite térmico da isolação do cabo, fazendo com que o mesmo comprometa
sua capa protetora. Isso pode levar ao estabelecimento de um curto-circuito entre condutores de
fase e neutro ou entre fases diferentes, aumentando assim o risco de incêndio.

2.5.4 Mau contato em conexões

Maus contatos podem ser ocasionados por diversos motivos, entre eles podem ser
condutores emendados incorretamente, apertos mecânicos inadequados, aperto insuficiente dos
parafusos das ligações elétricas, conexões corroídas ou oxidadas, falhas de componentes, falta
de manutenção preventiva e falha da mão de obra contratada para o projeto, segundo ao
CREDER (2014).
73

Sabe-se que maus contatos em instalações elétricas produzem resistência elétrica, o que
é prejudicial ao bom funcionamento da instalação. É essencial que os condutores e componentes
elétricos não apresentem resistência devido a contatos ruins. Esta resistência elétrica, quando
em série com o circuito, leva a uma queda de tensão no circuito, reduzindo assim a tensão de
alimentação na saída de corrente do circuito. A resistência também leva ao aquecimento no
ponto de má conexão e, dependendo da temperatura, pode causar risco de incêndio (CREDER,
2014).

A termografia tornou-se uma ferramenta comumente usada atualmente para detectar


pontos quentes resultantes de contatos ruins em instalações elétricas.

A termografia é uma técnica empregada na manutenção preventiva que possibilita a


detecção de pontos críticos em sistemas elétricos. Esses pontos de acesso são indicativos de
dissipação excessiva de calor, o que pode resultar em uma variedade de problemas, como
consumo elevado de energia elétrica, degradação de componentes elétricos, danos ao
equipamento conectado ao circuito, interrupção de energia do circuito e até mesmo riscos
potenciais de incêndio. A FLIR, em 2019, desenvolveu uma ferramenta, conforme ilustrado na
Figura 35, capaz de realizar análises termográficas de instalações elétricas.

Figura 35 - Câmera Termográfica

Fonte: FLIR (2019)

Conforme ilustrado anteriormente na Figura 35, o equipamento tem a capacidade de


produzir imagens que utilizam uma escala de cores para identificar áreas das instalações
elétricas que requerem maior cuidado e, portanto, necessitam de manutenção corretiva.

Na Figura 36,é indicada uma imagem gerada por uma câmera termográfica.
74

Figura 36 - Análise Termográfica

Fonte: LINKEDIN (2020)

Os pontos de aquecimento nos circuitos podem ser facilmente identificados consultando


a Figura 36, onde tons avermelhados a brancos indicam a intensidade do aquecimento. Com
toda a probabilidade, o superaquecimento desses circuitos pode ser atribuído a contatos ruins
nos terminais de contato elétrico do dispositivo de proteção do quadro.

As instalações elétricas são vulneráveis ao calor excessivo, especialmente porque cada


componente tem um limite máximo de temperatura para operação segura e normal. Uma vez
que a temperatura de um determinado componente ultrapasse seu limite, a segurança de toda a
instalação fica comprometida. Por exemplo, a NBR 5410 estabelece que a temperatura máxima
de trabalho de um condutor isolado em PVC é de 70ºC, ou seja, qualquer temperatura acima
dessa temperatura acarretará a perda da capacidade de condução elétrica do cabo e na
possibilidade de ruptura do material dielétrico.

2.5.5 Mau dimensionamento de componentes

Quando se faz o dimensionamento das instalações elétricas de uma residência, de um


apartamento ou ainda de uma edificação como um todo, é fundamental seguir as normas de
dimensionamento. A principal norma para instalações elétricas de baixa tensão é a NBR 5410,
que abrange de forma abrangente todos os aspectos das instalações de fornecimento de energia
de baixa tensão (CREDER, 2014).

A norma regulamentadora brasileira é um documento elaborado por meio de um acordo


unânime e aprovado por uma entidade reconhecida. As NBR's, em especial, são aprovadas pela
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e prescrevem um conjunto de normas,
75

diretrizes ou mesmo os critérios mínimos para determinado empreendimento ou seus


resultados. O principal objetivo desses padrões é trazer um senso de estrutura para um
determinado contexto. Ao fazerem isso, promovem uma abordagem mais formal e abrangente
para a prevenção de acidentes elétricos (CREDER, 2014).

A adesão à Norma Regulamentadora nº 10, comumente chamada de NR 10, é


fundamental no dimensionamento de componentes e instalações para segurança em serviços e
instalações elétricas, pois abrange as regulamentações que envolvem essas áreas.

Garantir que todos os padrões relevantes sejam atendidos e ter uma força de trabalho
qualificada, autorizada e competente pode minimizar muito a probabilidade de componentes
mal dimensionados estarem presentes nas instalações.

A segurança de toda uma instalação elétrica pode ser comprometida por um único
componente não dimensionado corretamente.

2.5.6 Uso indevido do material ferramental

O material ferramental refere-se aos equipamentos utilizados pelos eletricistas em suas


tarefas diárias. Isso inclui ferramentas básicas como chaves de fenda, chaves de fenda Phillips,
alicates universais, alicates de corte diagonal, alicates de ponta, alicates de bico, alicates de
crimpagem e outros equipamentos similares.

Quando um eletricista está procurando uma nova ferramenta no mercado, uma das
principais considerações é a classe de isolamento da ferramenta. Essa classificação indica a
tensão elétrica máxima que a ferramenta pode suportar sem causar danos ao seu material
dielétrico, o que é essencial para a segurança. Além disso, antes de iniciar qualquer trabalho
elétrico, é fundamental que o eletricista avalie o estado de suas ferramentas. Eles devem
garantir que suas ferramentas estejam em boas condições de funcionamento e não representem
riscos para sua saúde ou segurança física.

2.5.7 Estatísticas de acidentes com eletricidade

Para verificar a real seriedade dos acidentes de origem elétrica, será apresentado a seguir
as estatísticas de acidentes no ano de 2022. As estatísticas a seguir, referentes ao ano de 2022,
76

foram coletadas pela ABRACOPEL por meio de diversas mídias sociais como televisão,
internet e rádio (ABRACOPEL, 2023).

Acredita-se que a taxa de acidentes absoluta real seja significativamente maior do que
o relatado no anuário, pois muitos acidentes não são relatados por empresas, usuários finais de
energia elétrica ou mesmo profissionais autônomos que atuam no setor, conforme declarado
pela ABRACOPEL em 2023.

2.5.7.1 Estatística de Acidentes de Origem Elétrica no Brasil

De acordo com o anuário estatístico de 2023 da ABRACOPEL, que tem como referência
o ano de 2022, o Brasil registrou um total de 1.828 acidentes elétricos no mesmo ano. Desses
acidentes, 46,66% foram decorrentes de choque elétrico, 47,81% foram decorrentes de
sobrecarga do circuito elétrico levando a incêndios e 5,53% foram causados por descargas
atmosféricas, conforme indicado no Gráfico 5 (ABRACOPEL, 2022).

Gráfico 3 - Acidentes de Origem Elétrica em 2022

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 17).

Em relação ao número de acidentes de 1828 casos, no ano de 2022, é contabilizado neste


total o número de acidentes fatais e, também os acidentes não fatais. Segundo o anuário
estatístico produzido pela ABRACOPEL, dos 1828 casos de acidentes, 853 casos foram
provocados por conta de choque elétrico, no qual 592 casos foram acidentes ocasionados por
choque que levaram a vítima a óbito. Do total de acidentes ocasionados no ano de 2022, 874
casos foram provocados por incêndios ocasionados por conta de sobrecarga nos circuitos das
77

instalações elétricas, na qual 55 pessoas vieram a óbito. Do total de 1828 acidentes no ano de
2022, 101 foram provocados por conta de descargas atmosféricas, na qual levaram a óbito 39
vítimas, como indicado no Gráfico 3 (ABRACOPEL, 2022).

Gráfico 4 - Casos de Acidentes Fatais e Não fatais no Ano de 2022

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 17).

O total de vítimas fatais no ano de 2022, de acordo com a ABRACOPEL, foram então
592 casos de choque elétrico, 55 casos de incêndios provocados por sobrecarga nos circuitos e
39 casos acarretados por conta de descargas atmosféricas, portanto, um total de 686 casos de
vítimas que vieram a óbito por conta de acidentes de origem elétrica. Conforme evidenciado
pelos dados do Gráfico 3 e do Gráfico 4, o choque elétrico é a forma mais perigosa de risco
elétrico com os maiores índices de acidentes fatais.

Mencionando sobre o cenário residencial, os fatores para a geração do choque elétrico


são diversos, desde choques ocasionados nas carcaças dos equipamentos por conta de uma
deficiência do aterramento de proteção ou ausência do mesmo, até condutores elétricos com
deficiência no isolamento, ficando um ponto vivo, energizado, nas instalações elétricas,
aumentando o risco de acidentes.

Segundo a ABRACOPEL, no ano de 2022, os maiores causadores de mortes, por conta


do choque elétrico, nos ambientes residenciais, são ilustrados no Gráfico 5.
78

Gráfico 5 - Acidentes por choque elétricos nas residências em 2022

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 36).

Entre todos os fatores nos ambientes residenciais, o eletrodoméstico é o campeão


absoluto, neste item se enquadram os acidentes ocorridos dentro de residências, envolvendo
toque em cabos energizados, como tomadas sem tampas, peças energizadas expostas, cabos
sem isolamento, etc., porém não existe detalhamento, então são enquadrados neste item.

Na região sudeste do Brasil, segundo o anuário estatístico da ABRACOPEL, foram 62


casos de acidentes provocados por choque elétrico que acarretaram à vítima a perda de sua vida,
conforme indicado no Gráfico 6 (ABRACOPEL, 2022).

Gráfico 6 - Acidentes Fatais Provocados por Choque Elétrico na Região Sudeste do Brasil

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 23).


79

Tratando sobre o risco de incêndios por sobrecarga nos circuitos elétricos, os locais que
apresentaram um maior índice de óbito ocasionado por conta do acidente de origem elétrica em
residências unifamiliares, as casas brasileiras, foram os casos de incêndio. Dos 55 casos de
incêndio que provocaram o óbito à vítima, citado anteriormente, 29 casos foram ocasionados
dentro de suas próprias residências, como vimos no Gráfico 7.

Gráfico 7 - Morte por Incêndio por Local de ocorrência no Brasil

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 47).

Ou seja, os ambientes residenciais familiares (fazendo-se a somatória de unifamiliar +


multifamiliar + sítios e fazendas) registraram 32 mortes decorrentes de incêndio no ano de 2022
(ABRACOPEL, 2022).

2.5.7.2 Estatística de Acidentes por Tipo de Profissão no Brasil

Segundo o anuário estatístico da ABRACOPEL do ano de 2023, com ano base em 2022,
são apresentados os índices de acidentes fatais e não fatais decorrentes do risco de choque
elétrico, conforme Gráfico 8.
80

Gráfico 8 - Choque Elétrico Por Tipo de Profissão

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 34).

Os acidentes por choques elétricos levaram a óbito mais de uma centena de pessoas,
onde não foi possível identificar a profissão do acidentado, mencionado como “Não
especificado”. Muitas dessas mortes foram provocadas em decorrência do manuseio, instalação
e averiguação sem conhecimento detalhado do ambiente e/ou ausência de proteções EPI. Entre
os pedreiros e os pintores, as causas mais comuns de acidentes com vítimas são a desatenção
com o manuseio de materiais metálicos (barras de ferro, por exemplo) próximo às redes de
energia elétrica. Ao tocarem a rede, acontece a fatalidade. As crianças e os adolescentes por
não possuírem ainda uma profissão determinada, são classificados metodologicamente, como
estudantes. (ABRACOPEL, 2022).

2.5.7.3 Dados Históricos de Acidentes de Origem Elétrica

Segundo o anuário estatístico da ABRACOPEL de 2023, é apresentado no Gráfico 9, a


evolução dos acidentes (soma dos fatais e não fatais), desde o ano de 2013 até o ano base do
anuário, 2022.
81

Gráfico 9 - Comparativo de Acidentes de Origem Elétrica de 2013 a 2022

Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL (2022, p. 65).

A tendência de aumento dos acidentes elétricos desde 2013 fica evidente no Gráfico 9,
sugerindo que os métodos de coleta de dados da ABRACOPEL melhoraram, resultando em
estatísticas mais precisas e representativas de acidentes reais que ocorrem no cotidiano dos
brasileiros (ABRACOPEL, 2022).

2.6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA

O capítulo seguinte abordará as diversas medidas tomadas para prevenir acidentes


elétricos em instalações elétricas residenciais. O objetivo dessas medidas preventivas é
gerenciar os perigos de acidentes em ambientes onde a probabilidade de tais incidentes é alta.
O objetivo dessas medidas é prevenir ou retardar a ocorrência de acidentes. Os principais
métodos utilizados para prevenir o risco de acidentes elétricos em áreas residenciais serão
abordados a seguir.

2.6.1 Sistemas de aterramento

Segundo CREDER (2014, p. 124), os sistemas de aterramento podem ser agrupados em


diversos tipos, com variações dependentes das particularidades da rede de alimentação e das
massas em relação à terra. A classificação assume a forma de uma sequência de letras,
especificamente XYZ, indicando o tipo de sistema de aterramento em uso, onde:

X - Identifica como a alimentação está relacionada à terra:


82

T - Sistema diretamente aterrado;

I - Sistema isolado ou aterrado com ajuda de uma impedância.

Y - Identifica a situação das massas da instalação em relação à terra:

T - Massas diretamente aterradas;

N - Pontos de aterramento associados a diferentes áreas da alimentação.

Z - Disposição dos condutores ao ponto de alimentação, onde é feito o aterramento.

S - Os condutores neutro e de proteção são separados;

C - Os condutores neutro e de proteção são combinados em um único condutor,


também é chamado como PEN.

2.6.1.1 Esquema de Aterramento TN

De acordo com a norma NBR 5410, de 2004, o sistema TN implementa um ponto de


alimentação aterrado, ao qual condutores de proteção conectam as massas ligadas ao mesmo.

O sistema TN é composto por três subsistemas que diferem dependendo de como o


condutor de proteção e o condutor de neutro estão dispostos. Esses subsistemas são:

a) O esquema TN-S: Sistema elétrico onde os condutores neutro e protetor são


mantidos separados, conforme mostra a Figura 37.

Figura 37 - Esquema de Aterramento TN-S

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2016)


83

A topologia TN-S encontra sua aplicação nas instalações elétricas internas de áreas
residenciais. Nesta configuração, o quadro de distribuição do circuito da residência recebe uma
alimentação de fases dimensionadas de acordo com as necessidades específicas da residência,
além de um condutor PEN. O condutor PEN é subsequentemente dividido em dois barramentos,
ou seja, o barramento de neutro e o barramento de proteção equipotencial ou PE. O barramento
PE é responsável pelo aterramento das diversas massas presentes na instalação, como o
aterramento do chuveiro elétrico, o aterramento da carcaça metálica da máquina de lavar, etc.

b) O esquema TN-C: Sistema onde as funções de proteção e neutro estão integradas


em um único condutor, em todo o esquema elétrico, conforme ilustrado na Figura
38.

Figura 38 - Esquema de Aterramento TN-C

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2016)

Com relação à implantação da topologia TN-C, vale ressaltar que a concessionária de


energia elétrica utiliza esta topologia para alimentar as unidades consumidoras em baixa tensão,
conforme ilustrado na Figura 38.

Condutores com seção inferior a 10mm² (de cobre), bem como equipamentos portáteis,
estão proibidos de utilizar este tipo de topologia. Além disso, não é viável a instalação de um
DR (dispositivo diferencial residual), responsável pela proteção contra choque elétrico. A
Figura 39 demonstra que a topologia TN-C pode ser perigosa se o condutor neutro for
danificado.
84

Figura 39 - Ruptura do Neutro na Topologia TN-C

Fonte: IFSC JOINVILE (2019)

c) O esquema TN-C-S: refere-se a um sistema no qual as funções de neutro e proteção


são integradas em um condutor. Este arranjo é representado na Figura 40 para
esclarecimento.

Figura 40 - Esquema de Aterramento TN-C-S

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2016)

A configuração TN-C-S é comumente utilizada em instalações elétricas para


residências. Nesta topologia, a topologia TN-C é utilizada para atender a unidade consumidora
com um condutor de neutro e uma quantidade de fases que corresponda à demanda do
consumidor. O condutor neutro é conectado à terra no centro de medição. Os condutores de
fase e o condutor PEN são então direcionados do centro de medição para o quadro de
distribuição interno da residência. No QD, o condutor PEN é separado em uma barra de neutro
e uma barra de proteção equipotencial, conforme demonstrado na Figura 41.
85

Figura 41 - Exemplo de Uso da Topologia de Aterramento TN

Fonte: PAULINO (2016, p. 99).

2.6.1.2 Esquema de Aterramento TT

No esquema de aterramento TT, há um ponto da alimentação diretamente aterrado, e as


massas da instalação estão ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletricamente distinto(s) do
eletrodo de aterramento da alimentação (NBR 5410, 2004).

A Figura 42 e a Figura 43, exemplifica o sistema de aterramento TT.

Figura 42 - Esquema da Aterramento TT – Aterramento Comum

Fonte: PAULINO (2016, p. 97).


86

Figura 43 - Esquema de Aterramento TT – Aterramentos Distintos

Fonte: PAULINO (2016, p. 97).

Quando a fonte de alimentação e a carga estiverem separadas por uma distância


considerável, a topologia de aterramento do tipo TT é recomendada. É imprescindível que
medidas sejam tomadas para garantir a proteção contra choque elétrico, o que pode ser obtido
com o uso de um dispositivo DR.

Essa topologia pode ser aplicável quando houver a necessidade de aterrar equipamentos
elétricos específicos, como um chuveiro elétrico, individualmente em uma haste de aterramento
distinta. Também pode ser usado para qualquer outro dispositivo em uma instalação que
necessite de aterramento.

2.6.1.3 Esquema de Aterramento IT

No esquema de aterramento IT, o isolamento de todos os componentes energizados da


terra, ou alternativamente, o aterramento de um ponto de energia através de uma impedância
específica, conforme a NBR 5410 de 2004.

A Figura 44 mostra uma possível configuração desta topologia, onde as massas são
conectadas ao mesmo eletrodo de aterramento da fonte de alimentação, se houver.
87

Figura 44 - Esquema de Aterramento IT

Fonte: PAULINO (2016, p. 98).

A topologia IT é um elemento crucial em instalações elétricas onde a preservação do


serviço ininterrupto é fundamental, como por exemplo em hospitais, centros cirúrgicos,
indústrias, etc.

2.6.2 Proteção contra sobrecarga e curto circuito em circuitos terminais

Os disjuntores termomagnéticos, também chamados de minidisjuntores, desempenham


um papel crucial na proteção dos circuitos terminais dos sistemas elétricos residenciais de baixa
tensão.

Atualmente, existem duas classificações distintas de disjuntores termomagnéticos


disponíveis para compra. Essas categorias são o tipo DIN (padrão europeu e na cor branca) e o
tipo NEMA (padrão norte-americano e na cor preta), indicados na Figura 45.

Figura 45 - Disjuntor modelo NEMA x Disjuntor modelo DIN

Fonte: FARANI ESHOP (2021)

O disjuntor termomagnético oferece dupla proteção às instalações elétricas. Ele protege


contra curtos-circuitos e sobrecargas. Na Figura 46 podemos observar os diversos tipos de
disjuntores termomagnéticos DIN disponíveis para circuitos monofásicos, duplos e trifásicos.
88

Os disjuntores monopolares são usados em circuitos que requerem conexão monofásica,


enquanto os disjuntores bipolares são utilizados em circuitos que requerem conexão bifásica.
Finalmente, os disjuntores tripolares são usados em circuitos que requerem conexão trifásica.

Figura 46 - Disjuntor Termomagnético do Tipo IEC/DIN

Fonte: Mundo da Elétrica (2019)

Na Tabela 5 pode-se observar claramente as distinções que existem entre os dois


padrões: o padrão europeu (DIN) e o padrão norte-americano (NEMA).

Tabela 5 - Diferenças entre Disjuntor DIN e NEMA

Fonte: ASTRA-SA (2019).

Atualmente, os disjuntores do tipo DIN possuem uma resposta mais rápida em


comparação com o padrão NEMA e são usualmente mais comuns e utilizados. Por outro lado,
o padrão NEMA é frequentemente encontrado em instalações elétricas mais antigas.
89

Embora seja verdade que ambos os padrões estão em conformidade com os


regulamentos globais, é o padrão DIN que se alinha com mais precisão ao padrão brasileiro
para aparelhagem e dispositivos de comando de baixa tensão, especificamente no que diz
respeito a disjuntores na parte 2 da NBR IEC 60947- 2.

O disjuntor termomagnético atua fazendo a proteção dos circuitos terminais em caso de:

1) Sobrecarga: Ao energizar uma carga em um determinado circuito, se o somatório


das correntes de consumo das cargas conectadas simultaneamente ao mesmo
circuito ultrapassar a corrente nominal do disjuntor, ele irá atuar, seccionando o
circuito, evitando assim uma sobrecarga nas instalações elétricas;
2) Na ocorrência de um curto circuito: O disjuntor irá atuar seccionando o circuito
para eliminar a corrente de curto circuito no ponto em defeito.

Os disjuntores termomagnéticos podem ser classificados em três tipos diferentes de


curvas. Essa classificação é baseada no desempenho do elemento magnético na proteção contra
curtos-circuitos, enquanto o elemento térmico do disjuntor, responsável pela proteção contra
sobrecarga, atua de maneira semelhante nas três curvas.

A curva utilizada em um circuito elétrico depende da carga que está conectada ao


disjuntor. As curvas dos disjuntores termomagnéticos podem ser encontradas na Figura 47.

Figura 47 - Curvas de Disparo de Disjuntores Termomagnéticos

Fonte: ELSEG ENGENHARIA (2019)

A leitura da Figura 47 deve-se levar em consideração o tempo imediato, conforme


indicado pelo gráfico, que se estende antes de 0,01 segundos, e o tempo final determinado pela
90

curva do atuador magnético. Em seguida, o atuador térmico entrará em ação em intervalos


variados, dependendo da curva do disjuntor.

As curvas dos disjuntores termomagnéticos se dividem em:

a) Curva B: O disjuntor termomagnético de curva B irá atuar quando uma corrente de


partida com valor de 3 a 5 vezes a corrente nominal do disjuntor circular
internamente por ele por um tempo maior que 0,1 segundos, conforme indicado na
Figura 47. A curva B é normalmente utilizada para cargas resistivas, cuja corrente
inicial normalmente não é alta em comparação com a corrente nominal. É
comumente empregado em circuitos para chuveiros elétricos, torneiras elétricas,
aquecedores e similares.
b) Curva C: Este disjuntor específico foi projetado para desarmar quando uma corrente
de pico, variando de 5 a 10 vezes a corrente nominal do disjuntor, passa por ele por
mais de 0,1 segundo, conforme ilustrado na Figura 47. O disjuntor de curva C é
normalmente utilizado para cargas indutivas de baixa potência, cuja corrente de
partida não exceda 10 vezes a corrente nominal do dispositivo. Esta corrente de
partida é a energia necessária para que o motor vença sua inércia inicial e inicie o
movimento mecânico. A curva C é muito utilizada em circuitos com pequenos
motores elétricos, como ar condicionado, refrigeração, tomadas de uso geral
(TUG's), entre outros.
c) Curva D: O disjuntor termomagnético de curva D irá atuar, quando uma corrente de
partida com valor de 10 a 20 vezes a corrente nominal do disjuntor circular
internamente por ele por um tempo maior que 0,1 segundos, conforme indicado na
Figura 47. Esse tipo de curva é comumente utilizado para cargas indutivas de alta
potência, desde que a corrente de partida não ultrapasse 20 vezes a nominal corrente
do aparelho. É particularmente útil em circuitos que possuem motores elétricos de
médio a grande porte, bem como em circuitos de proteção para máquinas de solda e
aplicações similares.

As 3 curvas são indicadas na Figura 47. É importante ressaltar que quando houver
excesso de corrente, o disjuntor termomagnético sempre ativará sua componente térmica,
independente da curva. Isso significa que haverá um tempo de atraso antes que a chapa
bimetálica aqueça e se expanda termicamente, o que acaba levando à abertura do disjuntor e
interrompendo o fluxo de corrente, removendo assim a sobrecarga do circuito.
91

Segundo a NBR 5410 (2014, p.63), para garantir a proteção contra sobrecarga dos
condutores, o dispositivo utilizado para esse fim deve possuir determinadas características de
desempenho, conforme indicado na fórmula (11):

IB ≤ In ≤ Iz; (11)

Onde:

IB é a corrente de projeto do circuito;

Iz é a capacidade de condução de corrente dos condutores, de acordo com o método de


referência da instalação;

In é a corrente nominal do dispositivo de proteção, no caso, corrente do disjuntor.

Esta coordenação entre os condutores e os dispositivos de proteção contra sobrecarga e


curto circuito é de extrema importância. Quando dimensionada adequadamente, evita que
correntes excessivas circulem pelo condutor além do que é suportado pelo método de instalação,
evitando superaquecimentos, sobrecargas, curtos-circuitos e risco de incêndio. É vital garantir
essa coordenação para manter a segurança e evitar a ocorrência de situações perigosas.

Algumas medidas de prevenção devem ser implementadas para evitar sobrecarga do


circuito elétrico e acidentes subsequentes. Essas medidas incluem:

a) Utilizar eletrodomésticos que tenham sua potência elétrica compatível com a


capacidade máxima do circuito ou da tomada de corrente que este será conectado;
b) Minimizar o uso de benjamins e extensões elétricas nas instalações elétricas;
c) Fazer o redimensionamento das instalações elétricas sob auxílio de uma mão de obra
qualificada e autorizada. Isso inclui o redimensionamento das instalações elétricas
de acordo com a norma NBR 5410, bem como a readequação da alimentação dos
aparelhos existentes para a capacidade dos circuitos, evitando possíveis sobrecargas
perigosas;
d) Sinalizar e fazer a identificação dos circuitos da instalação elétrica no QD. É
fundamental respeitar as normas vigentes para a substituição de disjuntores e nunca
os substituir por outros de maior capacidade sem cumprir as referidas
recomendações;
92

e) Como já citado, é aconselhável minimizar o uso de benjamins ou extensões elétricas


sempre que possível. No entanto, se for necessário usar esses componentes, é
importante garantir que eles sejam utilizados apenas para cargas de baixa potência
ou dispositivos cuja utilização de energia combinada esteja dentro da capacidade de
condução de corrente dos condutores do circuito;
f) Caso seja constatada a necessidade de tomadas elétricas adicionais em determinada
residência, é imprescindível a consulta a um profissional qualificado e autorizado
para auxílio no processo de redimensionamento da instalação elétrica. É crucial que
todos os regulamentos e normas sejam rigorosamente cumpridos durante este
procedimento.

2.6.3 Proteção contra o choque elétrico

A tomada elétrica é uma fonte significativa de choques elétricos para humanos. Ele serve
como ponto de conexão entre dispositivos elétricos e a fonte de eletricidade necessária para
operá-los.

A norma que rege as especificações de tomadas elétricas no Brasil é conhecida como


NBR 14136. Conforme visto na Figura 48, está representada uma tomada elétrica que atende a
norma NBR 14136.

Figura 48 - Tomada de Corrente Elétrica de Acordo com a NBR 14136

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2021).


93

Um dos benefícios do padrão brasileiro, é que ele aumenta a segurança contra choques
elétricos por contato direto no plugue de entrada ao conectá-lo na tomada, devido a um
afastamento na tomada de corrente do plugue fêmea, conforme demonstrado na Figura 49.

Figura 49 - Exemplo de Tomada Padrão Brasileiro sem Contato Direto

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2021)

A NBR 14136 divide as tomadas padrão brasileiras em duas categorias: uma com
capacidade para conduzir correntes elétricas até 10A e outra até 20A. As tomadas 20A devem
ser apenas capazes de acomodar plugues de 10A e 20A, enquanto as tomadas com contato de
aterramento devem permitir a inserção de plugues com ou sem pino de aterramento. É proibido
que tomadas de 10A aceitem plugues de 20A, resultando em diferença na espessura dos
contatos elétricos entre os dois modelos, conforme ilustrado na Figura 50. Essa distinção é útil
para evitar sobrecarga e proteger contra a conexão de dispositivos que demandam mais de 10A
em uma tomada com uma corrente máxima de condução de 10A.

A utilização adequada do pino central, especificamente o pino de aterramento, é de


extrema importância ao utilizar equipamentos de fábrica. Sem a conexão adequada ao pino de
aterramento, tanto o equipamento quanto as pessoas que interagem com ele estão em risco. É
essencial que o pino de aterramento esteja conectado ao aterramento para desempenho e
segurança ideais.
94

Figura 50 - Tomadas de Corrente Elétrica Segundo Padrão NBR 14136

Fonte: UNICAMP (2011)

O dispositivo padrão projetado para proteção contra choque elétrico é o Dispositivo


Diferencial Residual (DR). Este dispositivo é especificamente responsável por garantir a
proteção contra choques elétricos.

Os DR podem ser classificados em duas categorias distintas: a família IDR (Interruptor


Diferencial Residual), que responde exclusivamente a correntes de fuga que podem
potencialmente desencadear um choque elétrico, e a família DDR (Disjuntor Diferencial
Residual), que fornece proteção contra curto-circuito circuitos, sobrecargas e correntes de fuga.
Seu objetivo fundamental é proteger contra correntes de fuga, abrindo o circuito. A Figura 51
ilustra o IDR bipolar, que é adequado para uso em circuitos monofásicos (fase e neutro) e
bifásicos (duas fases separadas), bem como o IDR tetrapolar, que é aplicável em circuitos
monofásicos, bifásicos ou mesmo trifásicos.

Figura 51 - Dispositivo Diferencial Residual - DDR

Fonte: MUNDO DA ELÉTRICA (2019)

Em instalações elétricas residenciais, o Disjuntor termomagnético e o IDR devem ser


ligados em série. Isso porque o disjuntor é responsável por proteger contra curtos-circuitos e
95

sobrecargas, enquanto o IDR irá fazer a proteção contra choque elétricos, conforme mostra na
Figura 52.

Figura 52 - Instalação IDR com Disjuntor Termomagnético

Fonte: ENGENHARIA 360 (2022)

Caso seja utilizado o DDR, não é necessário o disjuntor, pois o DDR oferece os mesmos
recursos de proteção que um disjuntor termomagnético normalmente forneceria.

2.6.4 Proteção contra surtos

O dispositivo de proteção contra surtos nas instalações elétricas residências é o DPS


(Dispositivo de Proteção contra Surto). O DPS por proteger contra sobretensões repentinas e
desviar correntes de surto. Os critérios técnicos para este dispositivo estão descritos na norma
NBR IEC 61643-1, que trata especificamente da blindagem contra surtos de baixa tensão.
Conforme demonstrado na Figura 53, um modelo típico de DPS pode ser encontrado em
sistemas elétricos residenciais.
96

Figura 53 - Dispositivo de Proteção contra Surto – DPS

Fonte: CLAMPER (2019)

Este dispositivo específico é utilizado em uma ampla gama de instalações elétricas em


vários ambientes, incluindo ambientes residenciais, comerciais e industriais.

Existem alguns cenários em que desempenha um papel significativo, como quando a


descarga atmosférica tem impacto na rede de distribuição da concessionária local. Nesses casos,
é provável que uma instalação elétrica sofra uma tensão transitória, que pode causar danos a
vários eletrodomésticos.

A presença de um dispositivo de proteção contra surtos em uma instalação elétrica


garante que qualquer tensão transitória seja detectada e redirecionada com segurança para o
sistema de aterramento da edificação, protegendo assim todos os eletrodomésticos.

Se uma instalação estiver equipada com padrões de entrada desatualizados e não tiver
um dispositivo de proteção contra surtos (DPS), é aconselhável instalar um para cada fase no
quadro de distribuição do circuito interno da casa. O DPS deve ser instalado na saída do
disjuntor geral da edificação.

Quando o DPS for utilizado para proteger contra surtos e redirecionar a tensão
transitória e a corrente de surto para o sistema de aterramento, possivelmente o dispositivo será
danificado. Na parte frontal do dispositivo de proteção contra surtos está o visor que indica o
status do dispositivo e que pode ser usado para verificar sua condição ou se já foi ativado em
resposta a um surto. A avaliação regular do estado do DPS é essencial para assegurar o seu bom
funcionamento. Se tiver sido ativado, é fundamental substituí-lo prontamente para garantir uma
proteção eficaz contínua contra surtos elétricos nas instalações.

A NBR IEC 61643-1 classifica os Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) em três
classes: Classe I, II e III. O objetivo principal da Classe I é proteger contra surtos elétricos
conduzidos resultantes de descargas atmosféricas diretas. É altamente recomendado para áreas
97

com alta exposição a essas descargas e/ ou aquelas equipadas com Sistema de Proteção contra
Descargas Atmosféricas (SPDA). Por outro lado, o DPS Classe II foi projetado para proteger
contra surtos elétricos causados por descargas atmosféricas indiretas, como os que ocorrem
perto de linhas de transmissão de energia ou dados. O DPS Classe III é um dispositivo de
proteção usado próximo a equipamentos protegidos. Geralmente é utilizado como complemento
do sistema de proteção primária ou em áreas com exposição mínima.

Em concordância com a norma técnica de padrão de entrada para consumidores


atendidos em baixa tensão, da Enel, a NTC-04, o DPS deverá ser classe II, com as seguintes
características elétricas: tensão nominal 280 V, frequência 60 Hz, correntes de descarga com
onda 8/20 µs: nominal 20 kA e máxima ≥ 40 kA, demais características conforme ABNT NBR
IEC 61643-1.

2.6.5 Sistema de proteção contra descargas atmosféricas

Um sistema de proteção contra descargas atmosféricas, ou ainda, um SPDA, tem por


objetivo mínimo, é interceptar os raios e redirecioná-los para uma área com menos resistência
elétrica - normalmente, a terra;

Uma descarga atmosférica quando ocorre é um fenômeno aleatório, não se pode prever
que ele irá ocorrer. A ocorrência de uma descarga atmosférica é um evento aleatório e, como
tal, não pode ser previsto. Os modelos de sistemas de proteção contra raios são complexos e
muitas vezes requerem simplificação em certos casos. Portanto, é impossível garantir 100% de
proteção da estrutura de uma edificação. No entanto, a implementação de um sistema de
proteção contra descargas atmosféricas serve para aumentar o nível de proteção contra
descargas atmosféricas.

A norma específica que trata do projeto e dimensionamento de um sistema SPDA é a


NBR 5419, que trata da proteção de estruturas contra os efeitos de descargas atmosféricas.
98

3 ESTUDO DO CASO

O foco deste capítulo são os resultados das inspeções visuais realizadas em edificações
residenciais situadas no município do Rio de Janeiro. O objetivo é destacar os cenários positivos
e negativos que existem de acordo com os regulamentos atuais. As situações negativas, que não
atendem aos padrões necessários, têm potencial para criar riscos elétricos e serão discutidas em
detalhes.

3.1 METODOLOGIA DO ESTUDO DO CASO

Para realizar a análise visual, o acadêmico entrou em contato com conhecidos e


familiares residentes no Rio de Janeiro por meio de aplicativo de mensagens, solicitando fotos
das instalações elétricas de suas residências. Essa abordagem foi selecionada devido aos
conflitos de agendamento e distância dos entrevistados.

Após receber um acervo de imagens, o acadêmico as vasculhou e identificou quatro


residências dentro do município. Para preservar a privacidade das imagens e dados, não serão
divulgados endereços específicos ou nomes de moradores. Quaisquer referências às casas ou
aos moradores serão tratadas como anônimas.

Para analisar o estudo de caso, quatro residências de idades variadas foram utilizadas
para refletir situações da vida real. Essas residências serviram de base para as conclusões do
estudo:

a) Residência 01: Uma residência unifamiliar com instalações elétricas de


aproximadamente 20 anos;
b) Residência 02: Uma residência unifamiliar com instalações elétricas de
aproximadamente 10 anos;
c) Residência 03: Uma residência unifamiliar com instalações elétrica com
aproximadamente 5 anos;
d) Residência 04: Uma residência unifamiliar com instalações elétrica com
aproximadamente 1 ano.
99

Em seguida serão aprofundados os atributos da pesquisa de trabalho exploratório


realizado. As diversas perguntas do questionário que dizem respeito à segurança das instalações
elétricas de baixa tensão serão examinadas minuciosamente. Os participantes da pesquisa
abrangeram uma ampla gama de indivíduos, desde cidadãos comuns que utilizam eletricidade
como um recurso doméstico até eletricistas cujo trabalho traz o perigo inerente de lidar com
instalações elétricas de baixa tensão.

3.2 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS UTILIZADOS NA PESQUISA

Será demonstrado a seguir, cada pergunta utilizada no questionário da pesquisa. O


formulário na íntegra é apresentado nos Apêndices A e B.

Além da apresentação das perguntas utilizadas no questionário, serão apresentados,


também, a explanação da utilização de cada pergunta, os resultados obtidos com os
entrevistados em cada um dos questionamentos e, em determinadas questões, os exemplos de
boas práticas para maximizar a segurança nas instalações elétricas.

A ferramenta utilizada para fazer a coleta de dados foi um formulário online, chamada
FORMULÁRIOS GOOGLE.
100

4 RESULTADOS OBTIDOS ORIUNDOS DO ESTUDO DO CASO E ANALISE


EXPLORATÓRIA

4.1 ESTUDO DO CASO

4.1.1 Estrutura dos circuitos elétricos

É importante que cada condutor seja devidamente identificado de acordo com sua
função designada. No caso dos condutores de proteção, conforme será demonstrado na Figura
54, sua isolação deve ser verde ou verde-amarela. Estas tonalidades são reservadas
exclusivamente para fins de identificação de condutores de proteção.

Quando um condutor tiver as duas funções: neutro e proteção, é crucial que seja
identificável. O condutor PEN é normalmente distinguido por seu isolamento azul claro e é
marcado com arruelas verde-amarelo em pontos visíveis ou acessíveis para garantir fácil
identificação.

Ao usar um condutor isolado como condutor de fase, ele deve ser claramente marcado
para indicar sua função. Se a cor for usada para identificar o condutor, ele não pode usar as
mesmas cores dos outros condutores (NBR 5410, 2004).

Figura 54 - Padrão de Cores Segundo a NBR 5410

Fonte: STANDER (2022)

As instalações elétricas dependem fortemente do uso de condutores elétricos. Esses


condutores vêm em dois tipos: rígidos e flexíveis. Os condutores rígidos consistem em um único
101

fio sólido, enquanto os condutores flexíveis consistem em vários pequenos fios agrupados para
formar um condutor com a mesma seção transversal especificada pelo fabricante. Apesar de
ambos os tipos terem a mesma condutividade elétrica quando feitos do mesmo material e
especificados na mesma seção transversal, os condutores flexíveis são mais comumente usados
em instalações elétricas de baixa tensão devido à sua flexibilidade e facilidade de uso em relação
aos condutores rígidos.

Durante as inspeções, observou-se a presença de ambos os tipos de condutores. Na


residência mais antiga, identificada como residência 01, todas as instalações elétricas foram
executadas com condutores rígidos. Em contrapartida, as residências mais novas, ou seja, as
residências 02, 03 e 04, tiveram as instalações elétricas realizadas com condutores flexíveis.
Averiguamos que na residência 1 há presença de ligação externa, executada por falta de espaço
no conduíte.

A NBR 5410, seção 6.2.6.1.1, determina que a bitola dos condutores de um circuito de
iluminação não deve ser inferior a #1,5mm², enquanto a de um circuito de tomada de corrente
elétrica não deve ser inferior a #2,5mm². Essas diretrizes são cruciais para garantir a segurança
e a eficiência dos sistemas elétricos envolvidos.

Segundo o proprietário da Residência 01, os circuitos de tomadas elétricas com


condutores de seção inferior a #2,5mm², assim como circuito de chuveiro elétrico com condutor
não dimensionado corretamente.

Foi constatado a quantidade inferior de disjuntores, conforme NBR 5410. Nesta


residência foram encontrados apenas 2 dos 3 disjuntores de modelo NEMA em funcionamento
e que atendem 5 cômodos.

Durante a avaliação foi informado que nessa instalação não há barramento, o que torna-
se preocupante, pois toda a corrente na residência necessita passar pelo barramento. Além disso,
observou-se que o código de cores prescrito para instalação elétrica não foi respeitado nesta
residência em particular.
102

Figura 55 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 1

Fonte: Própria Autora (2023)

Após vistoria na residência 02, constatou-se a presença de um mesmo tipo de instalação.


Porém, não foi possível avaliar a estrutura interna do quadro de distribuição pois a carcaça está
aderente a parede.

Figura 56 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 2

Fonte: Própria Autora (2023)

Ao lidar com o cenário de barramento onde duas estruturas foram construídas a partir
de condutores elétricos, é altamente recomendável utilizar um barramento tipo pente. Este é o
mesmo tipo de barramento que foi implementado nos sistemas elétricos da residência 03 e 04,
conforme ilustrado na Figura 57 e 58. Vale ressaltar também que ambas as residências aderiram
à padronização das cores dos condutores elétricos.
103

Figura 57 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023)

Figura 58 - Estrutura do Quadro de Distribuição - Residência 04

Fonte: Própria Autora (2023).

Ao analisar os circuitos nas residências 01 e 02, foram constatadas periculosidades e


necessidade de futuras manutenções nas instalações. Observaremos na Figura 59 que o circuito
da residência 01 está exposto na parte interna da caixa de passagem, o que oferece maior risco
de sobrecarga e incêndio nas fiações.
104

Figura 59 - Condições das Instalações - Residência 01

Fonte: Própria Autora (2023).

Quando for necessário instalar vários interruptores ou tomadas elétricas, recomenda-se


realizar a instalação através de uma emenda de derivação no condutor de fase. Isso pode ser
visto como uma boa prática, conforme evidenciado por sua utilização na residência 03,
representada na Figura 60.

Figura 60 - Condições das Instalações - Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).

Já nas residências 02 e 04, não mencionadas nesse tópico, não foram encontradas
irregularidades relevantes a serem consideradas.

4.1.2 Presença do aterramento de proteção

O aterramento das instalações é um dos pontos mais importantes presentes em uma


instalação elétrica, este tem como objetivo a garantia da segurança para o ser humano e o bom
funcionamento dos dispositivos elétricos.
105

Em relação a sua aplicação, este pode ser dividido em aterramento de proteção ou ainda
em aterramento funcional.

O aterramento de proteção consiste na ligação à terra das massas e elementos condutores


estranhos a instalação, com o objetivo de limitar o potencial entre esses elementos e a terra a
um valor seguro, sob condições normais e anormais de funcionamento.

Já o aterramento funcional é a ligação a terra do condutor neutro na origem da instalação.


Seus objetivos são definir e estabilizar a tensão da instalação em relação a terra durante o
funcionamento.

Os tipos de sistemas de aterramento elétrico já foram abordados anteriormente no tópico


4.1.1. O aterramento de proteção nada mais é do que uma medida de prevenção de acidentes de
origem elétrica, é um caminho alternativo para correntes de fuga que teriam uma probabilidade
de geração de choques elétricos, podendo acarretar acidentes.

Entre as residências inspecionadas, apenas uma entre as três residências apresentaram o


aterramento funcional em toda a extensão das instalações elétricas, a residência. As demais
residências apresentaram apenas o aterramento funcional, presente no padrão de entrada da
concessionária local, pois é obrigatório o aterramento do neutro no quadro de medição.

A residência 01, não apresentou algum tipo de aterramento de proteção nas tomadas de
corrente elétrica, conforme indicado na Figura 61.

Figura 61 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 01

Fonte: Própria Autora (2023).

Além de não apresentar o aterramento de proteção, as tomadas foram instaladas de


forma incorreta nesta residência, não é indicado a conexão de pontos de derivação no contato
elétrico da tomada, pois poderá se tornar um ponto de aquecimento potencial para geração de
acidentes. Portanto, na derivação de condutor de um circuito com a finalidade de conexão de
106

várias tomadas pertencentes ao mesmo circuito, é uma boa prática a conexão através de
emendas elétricas bem executadas pelo profissional autorizado ou ainda, fazer o uso de
conectores para tal finalidade.

A mesma residência citada anteriormente, apresentou o aterramento do tipo TN-C no


chuveiro, conforme observa-se na Figura 62 a junção do condutor de proteção (fio verde) com
o condutor neutro (fio azul) da rede de alimentação para o circuito do chuveiro elétrico.

Figura 62 - Aterramento de Proteção do Chuveiro Residência 01

Fonte: Própria Autora (2023).

A topologia TN-C é perigosa no caso de ruptura do condutor neutro, conforme indicado


anteriormente na Figura 38, ainda se torna inviável a instalação do IDR, sendo que a NBR 5410
indica a instalação deste dispositivo de proteção contra choque elétrico em pontos de
aquecimento de água.

A residência 02 também não apresentou nenhum tipo de aterramento nos circuitos


elétricos de sua edificação, conforme ilustrado na Figura 63 onde observa-se a inexistência do
aterramento de proteção nas tomadas de corrente elétrica.
107

Figura 63 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 02

Fonte: Própria Autora (2023)

Como citado anteriormente, a residência 03 apresentou o aterramento de proteção em


suas instalações elétricas, como pode ser observado anteriormente no QD indicado na Figura
57, e nas tomadas de corrente elétrica indicado na Figura 64.

Figura 64 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).

Quanto a residência 04, foi constatado a presença de aterramento, porém no circuito


abordado na Figura 65, o mesmo se encontrava desconectado.
108

Figura 65 - Tomadas de Corrente Elétrica Residência 04

Fonte: Própria Autora (2023).

4.1.3 Presença de adaptadores, benjamins ou extensões elétricas

Em relação aos adaptadores, benjamins ou ainda extensões elétricas, todas as 3


residências inspecionadas apresentaram algum destes dispositivos elétricos.

Estes dispositivos devem ser usados de forma consciente e em situações específicas, que
tenham sido projetadas e sejam seguras.

Na residência 01 foram encontradas ao menos 3 tomadas de corrente elétrica que faziam


o uso de benjamins para acoplar mais de 1 equipamento elétrico à mesma tomada de corrente,
conforme ilustrado na Figura 66. O cenário mais crítico encontrado nesta residência foi na
tomada situada na bancada da cozinha, onde um mesmo benjamim é utilizado para ligar um
forno micro-ondas, uma fritadeira elétrica e uma sanduicheira, sendo que a tomada de corrente
elétrica da parede era um modelo de 10A apenas. Este cenário é crítico, pois se todos
equipamentos forem ligados ao mesmo poderá gerar uma sobrecarga no circuito elétrico com
probabilidades de ocorrências de princípios de incêndios.
109

Figura 66 - Uso de Benjamins – Residência 01

Fonte: Própria Autora (2023).

Além de encontrar o uso de benjamins nesta residência, encontrou-se também o uso de


uma extensão elétrica, para o acionamento de um ventilador e um modem, conforme indicado
na Figura 67. Sabe-se que a corrente elétrica de um ventilador deste tipo é pequena, porém o
maior problema nesta situação é que as tomadas da residência 01 não estavam atualizadas de
acordo com o padrão brasileiro citado anteriormente no tópico 2.6.3. Isto é um problema, pois
há uma exposição alta de ocorrência de choque elétrico ao manusear o plugue da extensão
elétrica na tomada de corrente da edificação.

Figura 67 - Uso de Extensão Elétrica – Residência 01

Fonte: Própria Autora (2023).

Na residência 02, foi encontrado o uso de extensão elétrica para uso dos equipamentos
na sala da residência e benjamins no quarto, além da existência de adaptadores elétricos na
cozinha para a conexão de um forno elétrico com aterramento de proteção em uma tomada de
corrente sem pino central (aterramento de proteção).
110

Figura 68 - Uso de Benjamins e Adaptadores Elétricos – Residência 02

Fonte: Própria Autora (2023)

A residência 03, apresentou também o uso de extensão elétrica e benjamim, conforme


indicado na Figura 69. A extensão foi utilizada para o acionamento de um frigobar, uma caixa
de som e uma adega localizada na sacada da residência. Porém observa-se que em um dos
conectores há a exposição do circuito vivo, podendo gerar riscos às pessoas que ali vivem.

Figura 69 - Uso de Benjamins e Extensões Elétricas – Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).

4.1.4 Conexão das cargas acima de 20a

Como citado anteriormente na Figura 50 situada na página 94 deste documento, as


tomadas de corrente elétrica podem ser utilizadas até 20A, acima deste valor de corrente elétrica
deve-se fazer o uso de conectores elétricos.

Na residência 01, a única carga encontrada que demandava uma corrente elétrica
superior a 20A foi o chuveiro elétrico, e este estava conectado por uma emenda elétrica à rede.
111

Emendas elétricas são recomendadas para esta situação, desde que sejam bem-feitas e
tenham um ótimo contato elétrico e uma ótima resistência mecânica, ou seja, que a emenda ao
sofrer alguma tensão mecânica, esta não venha a se soltar ou ainda se danificar. Como observa-
se pela Figura 70, foi conectado fazendo o uso do conector de porcelana.

Figura 70 - Cargas Acima de 20A –Residência 02

Fonte: Própria Autora (2023).

Na residência 02 foram encontradas 2 cargas que demandavam uma corrente elétrica


superior a 20A. Uma delas era o chuveiro elétrico e a outra era um fogão elétrico.

Já na residência 03, não foi encontrada nenhuma carga que demandasse uma corrente
elétrica superior a 20A. O chuveiro encontrado era do tipo central com aquecimento a gás, como
também se repetia na residência 04, conforme indicado na Figura 71. O aquecimento a gás,
além de trazer um maior conforto ao banho, trará também uma maior segurança, pois não usará
mais a eletricidade para o aquecimento da água, extinguindo assim correntes de fuga que
poderiam escoar da resistência elétrica para a água, gerando probabilidades de ocorrência de
um choque elétrico, caso não existisse o IDR neste circuito elétrico.
112

Figura 71 - Sistema de Aquecimento d’água – Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).

4.1.5 Condições do quadro de distribuição

Nas residências 01 e 02, o único dispositivo de proteção encontrado nos quadros de


distribuição foi o disjuntor termomagnético, sendo que em ambas as instalações eram do tipo
NEMA, conforme indicado anteriormente. Ambos os quadros de distribuição não apresentaram
nenhum tipo de sinalização dos circuitos elétricos também.

Já o quadro de distribuição da residência 03 atendia aos critérios dos dispositivos de


proteção presentes na NBR 5410, pois apresentava a existência dos disjuntores
termomagnéticos (DIN), dos dispositivos de proteção contra choque elétrico (IDR) e também
dos dispositivos de proteção contra surto elétrico (DPS). O QD desta residência, apresentava
também todas as sinalizações especificadas pela NR 10 quanto à identificação dos circuitos,
conforme ilustrado na Figura 72.

Quanto ao quadro de distribuição da residência 04, o mesmo atende as especificações


da NBR em questão e são sinalizados corretamente, conforme demonstrado anteriormente na
Figura 58, porém o circuito não possui o dispositivo de proteção DPS.
113

Figura 72 - Sinalização do Quadro de Distribuição – Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).

A localização do quadro de distribuição da residência 01 era na cozinha e da residência


02 na sala. Possuíam um certo fácil acesso, porém ambos os quadros de distribuição
apresentavam uma barreira, que impedia a sua visualização rápida em situações de risco. Em
ambas situações, os moradores das residências esconderam os quadros de distribuição com itens
decorativos, como quadros ou ainda cortina da janela. Esta é uma atitude insegura que deve ser
evitada.

Já a localização do quadro de distribuição da residência 03 e 04 eram no corredor,


totalmente acessível e visível em situações de riscos.

4.1.6 Proteções contra surto e choque elétrico

Como já citado anteriormente, as residências 01 e 02 apresentaram apenar a proteção


contra curto circuito e sobrecarga através do disjuntor termomagnético. Já a residência 03,
apresentou a proteção contra choque elétrico em sua instalação elétrica, através do interruptor
diferencial residual (IDR), como pode ser observado na Figura 73, os circuitos dos chuveiros
elétricos, da banheira, da lavanderia e da cozinha desta residência possuíam proteção contra
choque elétrico através do dispositivo diferencial residual, as instalações elétricas desta
residência atendem o tópico 5.1.3.2.2 da NBR 5410.
114

Figura 73 - Proteção Contra Choque Elétrico com IDR - Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).

Assim como as residências 01 e 02 não apresentaram o IDR para proteção contra choque
elétrico, também não apresentaram o uso do dispositivo de proteção contra surto (DPS).

Sabe-se que o padrão de entrada da concessionária local da região do município do Rio


de Janeiro, obriga o uso deste dispositivo em sua central de medição, porém os padrões de
entrada destas residências estão desatualizados e não apresentaram o dispositivo em questão.

Já a residência 03 apresentou o uso do DPS em suas instalações elétricas, como é


demonstrado na Figura 74.

Figura 74 - Proteção Contra Surto Elétrico com DPS - Residência 03

Fonte: Própria Autora (2023).


115

4.1.7 Quantidade de tomadas de corrente nos cômodos

Em relação ao número de tomadas de corrente elétrica nas dependências de uma


residência alimentada em baixa tensão, de acordo com a NBR 5410, tópico 9.5.2.2.1, o número
de pontos de tomada deve ser determinado em função da destinação do local e dos
equipamentos elétricos que podem ser aí utilizados, observando-se no mínimo os seguintes
critérios:

a) Em banheiros, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, próximo a


lavatório;
b) Em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, cozinha-área de serviço,
lavanderias e locais análogos, deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada
para cada 3,5 m, ou fração, de perímetro, sendo que acima da bancada da pia
devem ser previstas no mínimo duas tomadas de corrente, no mesmo ponto ou
em pontos distintos;
c) Em varandas, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada;
d) Em salas e dormitórios devem ser previstos pelo menos um ponto de tomada
para cada 5 m, ou fração, de perímetro, devendo esses pontos ser espaçados tão
uniformemente quanto possível.
Em decorrência da falta do dimensionamento elétrico que seria executado na fase do
projeto elétrico, a quantidade de tomadas de corrente elétrica em suas dependências era
ineficiente e não atendiam ao critério estipulado na NBR 5410 citado anteriormente. O cenário
mais crítico encontrado foi na residência 01, onde cada cômodo, independentemente de suas
dimensões. Possuíam apenas uma tomada de corrente elétrica e um interruptor para
acionamento da iluminação.
Já a residência 03 apresentou um dimensionamento mínimo correto de tomadas de
corrente elétrica em suas dependências de acordo com os critérios presentes na NBR 5410.
116

4.2 ANÁLISE EXPLORATÓRIA

4.2.1 Primeira pesquisa

Foram coletados um total de 75 amostras, ou seja, foram entrevistadas 75 pessoas para


gerar o relatório para cada pergunta apresentada nessa primeira pesquisa.

4.2.1.1 Questionamento 01 – Faixa etária abordada

A primeira pergunta no questionário era referente a idade dos participantes. O objetivo


era mensurar o nível de conhecimento sobre o assunto abordado e avaliar o comportamento em
relação ao manuseio da parte elétrica da residência.

Gráfico 10 - Questionamento 01

Fonte: Própria Autora (2023)

4.2.1.2 Questionamento 02 e 03 – Situação do imóvel

Os questionamentos em questão têm como relação levantar dados quanto à localização


do imóvel pertencentes aos entrevistados, se este fica localizado no município do Rio de Janeiro
- RJ. Isso foi necessário porque o objetivo do estudo foi avaliar a situação elétrica de residências
situadas no município de Rio de Janeiro - RJ.
117

Como podemos analisar abaixo, nos dados apresentados no Gráfico 11, 75,4% dos
participantes, cerca de 56 pessoas, pesquisados residem no referido município. Portanto, foi
elaborado um novo questionário, que veremos nos próximos capítulos, focado neste público
para trazer informações específicas dentro da região onde o estudo está sendo viabilizado.

Gráfico 11 - Questionamento 02

Fonte: Própria Autora (2023)

Durante a vistoria, outro questionamento foi feito sobre a situação do imóvel: se era
próprio ou alugado. O resultado dessa consulta, conforme registrado pelos entrevistados, é
apresentado no Gráfico 12.

Gráfico 12 - Questionamento 03

Fonte: Própria Autora (2023)

4.2.1.3 Questionamento 04 – Tempo de vida das Instalações Elétricas


118

O objetivo deste questionamento foi apurar o tempo de funcionamento da infraestrutura


elétrica da residência do entrevistado. De acordo com os dados apresentados no Gráfico 13, a
maioria das instalações elétricas encontradas nas residências dos entrevistados está em uso há
um período maior que 20 anos. Isso equivale a 31% do total de entrevistados.

Gráfico 13 - Questionamento 04

Fonte: Própria Autora (2023).

O assunto desta pesquisa é extremamente importante a ser abordado, pois instalações


elétricas mais antigas tendem a ser obsoletas em comparação com as normas NBR’s atuais.
Devido à sua idade e componentes desatualizados, as instalações elétricas antigas têm um risco
aumentado de acidentes elétricos. Por isso, é de extrema importância modernizar ou avaliar
regularmente essas instalações para promover a segurança de quem utiliza ou opera instalações
elétricas de baixa tensão.

4.2.1.4 Questionamento 05 – Manutenção das instalações elétricas

O objetivo deste inquérito foi filtrar os dados sobre a duração da operação dos sistemas
elétricos do entrevistado sem nenhuma manutenção de rotina. De acordo com o Gráfico 14,
constatou-se que cerca de 39,7% dos entrevistados não sabem informar qual foi a última
manutenção realizada. Em sequência, vimos que cerca de 20% das instalações elétricas
receberam algum tipo de manutenção na rede elétrica. Esses dados destacam uma tendência
preocupante, pois sugerem que pode haver riscos potenciais à segurança associados à falta de
manutenção dessas instalações, devido ao tempo indefinido. Em contrapartida, temos por
suposição que as manutenções recentes, conforme está no gráfico em questão, foram feitas em
caráter de urgência por falha em algum componente ou segmento da instalação elétrica, o que
é bastante comum neste público.
119

Para garantir a máxima segurança, são necessárias inspeções e manutenções regulares


das instalações elétricas.

Gráfico 14 - Questionamento 05

Fonte: Própria Autora (2023).

4.2.1.5 Questionamento 06 – Acidentes de origem elétrica na residência dos participantes

O objetivo da pesquisa era extrair dados se o participante já havia sofrido um acidente


elétrico em sua residência. O resultado desse questionamento está demonstrado no Gráfico 15.
Surpreendentemente, apenas 9,5% dos entrevistados relataram ter sofrido um acidente elétrico
em suas casas durante a entrevista. Este resultado foi inesperado, tendo como bases os dados
divulgados pela ABRACOPEL.

Gráfico 15 - Questionamento 06

Fonte: Própria Autora (2023).


120

4.2.1.6 Questionamento 07 – Descrição de acidentes de origem elétrica na residência dos


participantes

Este questionamento visava compreender obter informações dos entrevistados que


sofreram acidentes elétricos em suas casas, com a intenção de entender as circunstâncias que
envolveram esses incidentes. Seguem alguns trechos comentados pelos participantes:

• Comentário 1: “Sem perceber, encostei a embalagem de algodão na entrada da


tomada e tomei choque e em seguida a mesma começou a derreter.”
• Comentário 2: “Tomei choque no chuveiro mesmo com disjuntor desligado.
Acredito que ainda estava passando corrente.”
• Comentário 3: “Quando criança, coloquei um pedaço de arame próximo a
entrada da tomada e tomei choque. No mesmo instante, a energia da casa
começou a falhar.”
• Comentário 4: “Tomei choque em contato com fiação, após entrada de água da
chuva pela laje.”
• Comentário 5: “Fui realizar a troca de tomada e ao realizar a conexão a mesma
estourou, seguido de um clarão e começou a pegar fogo.”
• Comentário 6: “Ao realizar uma medição com multímetro em um capacitor
alimentador por uma pequena fonte de transformador em minha residência, o
mesmo começou a derreter e as conexões estavam energizadas. Não aconteceu
o pior pois estava com luvas.”
• Comentário 7: “Fui trocar a temperatura do chuveiro ainda ligado, enquanto
tomava banho. O chuveiro era de metal e levei choque.”

Conforme evidenciado pelos comentários anteriores, o choque elétrico é o acidente mais


frequente que ocorre nas instalações elétricas. No entanto, é importante observar que não é o
único perigo presente. A probabilidade de incêndios decorrentes de sobrecargas e acidentes
causados por descargas atmosféricas também deve ser levada em consideração.

Analisando as falas, é evidente que a principal causa dos acidentes elétricos decorre das
condições perigosas existentes nas instalações. Isso é resultado de aterramento de proteção
inadequado, falha no isolamento de condutores elétricos e falta de conhecimento e atenção de
indivíduos que não são da área elétrica, mas se encarregam de iniciar as instalações. A
121

presunção de que a tarefa é simples e direta leva à ignorância dos riscos potenciais envolvidos
em tal atividade.

4.2.1.7 Questionamento 08 – Incidentes envolvendo queimaduras e/ou parada cardíaca ou


invalidez oriundas de acidentes elétricos

Ao serem questionados se tinham conhecimento de algum acidente elétrico que


resultasse em queimaduras, parada cardíaca ou invalidez de pessoas no seu círculo social, houve
um aumento significativo em relação as respostas afirmativas dadas pelos entrevistados.
Aproximadamente 13% dos entrevistados relataram conhecer alguém que já havia passado por
tais acidentes e sofrido as consequências, conforme demonstrado no Gráfico 16.

Gráfico 16 - Questionamento 08

Fonte: Própria Autora (2023).

4.2.1.8 Questionamento 09 – Descrição de incidentes envolvendo queimaduras e/ou parada


cardíaca ou invalidez oriundas de acidentes elétricos

No processo de entrevista, o objetivo principal foi compreender as ocorrências de


acidentes elétricos que resultaram em queimaduras, parada cardíaca ou invalidez bem como as
circunstâncias que levaram à ocorrência dos acidentes. Seguem alguns trechos comentados
pelos participantes:

• Comentário 1: “Quando eu trabalhava na concessionária de energia, ao realizar


manutenção na rede, acabei recebendo uma descarga de energia e fiquei com
80% do corpo queimado”
122

• Comentário 2: “Dois colegas de profissão sofreram queimaduras de 3° grau e


quase vieram a óbito ao realizar manutenção em alta tensão sem o devido
isolamento.”
• Comentário 3: “Uma conhecida foi pegar as chaves de casa que ficaram
penduradas no fio de alimentação da casa, porém estava com as mãos úmidas e
sem calçados e sofreu uma descarga elétrica, foi arremessada e faleceu na hora.”
• Comentário 4: “Um amigo eletricista em um serviço executado sofreu uma
descarga elétrica e precisou amputar 2 dedos da mão e sofreu várias
queimaduras.”
• Comentário 5: “Um colega de profissão que trabalhava numa empresa que atuei
realizava manutenção num quadro de distribuição e deixou cair uma chave de
fenda nos barramentos, ocasionando um curto circuito e em consequência, gerou
um arco elétrico, o que causou queimaduras graves na extensão do seu corpo”

4.2.1.9 Questionamento 10 – Ocorrência de óbitos em decorrência de acidentes de origem


elétrica

Através da pesquisa, foi possível conhecer a média de indivíduos, dentre os participantes


da pesquisa, que tiveram exposição prévia a acidentes fatais causados por eletricidade. De
acordo com o Gráfico 17, cerca de 20% dos entrevistados relataram familiaridade com acidente
elétrico que resultou na morte da vítima.

Gráfico 17 - Questionamento 10

Fonte: Própria Autora (2023).


123

4.2.1.10 Questionamento 11 – Dispositivo DR

Uma medida de controle de risco elétrico que a NR 10, tópico 10.2.8.2.1 destaca é o
seccionamento automático da alimentação. Por exemplo, se um indivíduo sofrer um choque
elétrico, o dispositivo irá interromper automaticamente a corrente elétrica que está fornecendo
o choque, abrindo o circuito. O Dispositivo Diferencial Residual é um dispositivo altamente
reconhecido que executa esta função de corte automático. As especificidades de seu
funcionamento foram previamente detalhadas no tópico 4.3 deste trabalho.

Durante a entrevista, o objetivo foi determinar se o sistema elétrico da casa do


entrevistado continha ou não um dispositivo diferencial residual, comumente referido como
DR.

O resultado surpreendeu de forma negativa, tendo com a maioria dos entrevistados,


44,4%, admitindo que suas residências carecem da instalação de DR e outros 29,4 % dos
entrevistados chegaram a manifestar desconhecimento da existência do DR, como se pode
observar no Gráfico 18.

Gráfico 18 - Questionamento 11

Fonte: Própria Autora (2023).

Conforme normativa da NBR 5410, especificamente no item 5.1.3.2.2, a exigência de


Dispositivo Diferencial Residual (DR) é obrigatória desde 1997. Aplica-se especificamente às
seguintes situações:

• Circuitos que possuem pontos de utilização que atendam a locais com banheira
ou chuveiro;
124

• Os circuitos responsáveis por fornecer energia elétrica para tomadas localizadas


na parte externa da edificação;
• Os circuitos existentes para tomadas que estão na parte interna da residência e
potencialmente fornece energia para dispositivos externos;
• Circuitos responsáveis pela alimentação de eletrodomésticos e eletrônicos
localizados em áreas residenciais, especificamente os que se encontram em
cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e outras áreas
sujeitas à umidade ou expostas regularmente à água por meio de limpeza.
• Circuitos que fornecem energia para tomadas localizadas em cozinhas, copas-
cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e em áreas internas molhadas
em uso normal ou limpeza em edifícios não residenciais.

Existem diversas maneiras de proteger os circuitos contra os perigos de choques


elétricos. Uma abordagem eficiente é proteger circuitos inteiros ou grupos de circuitos usando
o sistema DR.

4.2.1.11 Questionamento 12, 13 e 14 – Chuveiros Elétricos

Os questionamentos envolvidos nesse tópico visam apurar se o entrevistado possui ou


não chuveiro elétrico em seu local de residência. Caso possuam chuveiro elétrico, é levantado
uma verificação das quantidades de tais chuveiros presentes na instalação. O objetivo final deste
levantamento é determinar a potência elétrica dos referidos chuveiros, bem como as respectivas
ligações à rede elétrica da residência do entrevistado.

Antigamente, instalações elétricas com 15 a 20 anos de uso ou mais utilizavam


chuveiros elétricos com menor potência elétrica, devido às limitações tecnológicas da época.
No entanto, substituir um chuveiro antigo por um novo pode colocar o usuário em risco de
acidentes elétricos. Isso ocorre porque a instalação antiga pode não estar preparada para lidar
com o aumento do consumo que demanda os chuveiros modernos, levando a sobrecargas no
circuito. Ao usar um chuveiro com menor potência elétrica, é necessário um condutor com
secção transversal menor. No entanto, se um chuveiro antigo for substituído por um novo sem
verificar o estado do condutor, pode ser altamente perigoso. O condutor pode aquecer, causando
sobrecargas e aumentando a probabilidade de curtos-circuitos e até incêndios.
125

O seguinte cenário que pode ser abordado é de uma residência originalmente equipada
com um único chuveiro elétrico. Com o passar do tempo, o usuário instala chuveiros adicionais
sem se preocupar com o padrão de entrada de energia elétrica da residência

A classificação de energia elétrica típica para uma fonte média é de aproximadamente


7700w e pode ser facilmente encontrado lojas de materiais de construção.

Por recomendação das concessionárias de energia, se uma residência tiver padrão


monofásico é indicado que seja instalado apenas um chuveiro, pois ao adicionar mais, a carga
na unidade consumidora pode facilmente ultrapassar 50% da carga instalada na residência.

Caso haja a necessidade de instalação de dois chuveiros na residência, a instalação


exigirá a modificação do padrão de entrada de energia elétrica para atender as normas da
concessionária. Isso garante que a instalação esteja de acordo com os requisitos padrão de
entrada para a residência.

Os Gráficos 19 e 20 relata os dados obtidos na pesquisa realizada:

Gráfico 19 - Questionamento 12

Fonte: Própria Autora (2023).

Gráfico 20 - Questionamento 13

Fonte: Própria Autora (2023)


126

Durante as entrevistas, foi abordado o assunto da ligação do chuveiro elétrico à rede


elétrica da residência do participante. De acordo com o item 9.5.2.3 da NBR 5410 estabelece
que o aquecedor elétrico de água deve ser conectado diretamente ao ponto de uso, sem o uso de
tomada elétrica. Portanto, é vedada a utilização de tomadas e plugues para a instalação de
chuveiro elétrico em qualquer hipótese.

Como podemos visualizar no Gráfico 21, 27% dos entrevistados utilizam em sua
residência o conector de cerâmica, comumente usados em ambientes unifamiliares.

Gráfico 21 - Questionamento 14

Fonte: Própria Autora (2023)

4.2.2 Segunda pesquisa

Com base na primeira pesquisa levantada, especificamente o questionamento 02, foram


coletados um total de 56 amostras, ou seja, foram entrevistadas 56 pessoas a fim de gerar um
relatório composto dos questionamentos que veremos a seguir.

4.2.2.1 Questionamento 01 e 02 – Quadro de Distribuição dos Circuitos

O assunto em questão foi o quadro de distribuição de circuitos (QDC) encontrado nos


sistemas elétricos da residência dos entrevistados. O questionamento centrou-se na existência
do QDC na residência uma vez que, em termos práticos, era comum que sistemas elétricos mais
antigos, com 15 a 20 anos ou mais, carecessem do QDC, deixando assim os sistemas elétricos
127

internos do domicílio inadequadamente protegidos. Além disso, em relação ao QDC, havia


ainda outras questões a serem levantadas.

Durante a pesquisa, foram feitas perguntas sobre a acessibilidade em caso de


emergência. Adicionalmente, foi verificado se o quadro de distribuição atende aos requisitos de
sinalização de segurança especificados na NR 10, tópico 10.10.1.

Gráfico 22 - Questionamento 01

Fonte: Própria Autora (2023)

Gráfico 23 - Questionamento 02

Fonte: Própria Autora (2023).

Conforme NBR 5410, especialmente no item 6.5.4.8, disserta a exigência dos quadros
de distribuição sejam instalados em local de fácil acesso. Além disso, devem ser rotulados
externamente de maneira legível e resistente à remoção. Portanto, o QDC requer identificação
externa e interna para cada um de seus constituintes individuais. A localização da instalação do
QDC também é importante. É aconselhável colocá-lo o mais próximo possível do quadro de
128

medição devido aos custos com seção maior do cabo do ramal de entrada. Além disso, o local
de instalação do QDC deve estar sempre próximo às cargas mais significativas da residência,
como chuveiros elétricos, motores, ar condicionado e torneiras elétricas. É uma boa prática
colocar o QDC estrategicamente para evitar ou diminuir curvas, o que economiza material e
simplifica a execução do projeto.

Conforme especificado no tópico 6.5.4.7 da NBR 5410, é imprescindível observar que


é importante ter uma área reservada no quadro de distribuição para futuras expansões. Este
espaço reservado deve ser determinado com base no número de circuitos com os quais o quadro
está atualmente equipado para garantir que ele possa acomodar quaisquer acréscimos ou
modificações no futuro.

4.2.2.2 Questionamento 03 – Disjuntores

O tema do disjuntor termomagnético e seu papel nos quadros de distribuição foi


apresentado aos participantes da pesquisa. A maioria dos entrevistados respondeu corretamente,
afirmando que o disjuntor oferece proteção em casos de sobrecarga ou curto-circuito. No
entanto, 17,9% dos entrevistados acreditavam que o único propósito de um disjuntor era ativar
ou desativar um circuito elétrico, conforme ilustrado no Gráfico 24.

Gráfico 24 - Questionamento 03

Fonte: Própria Autora (2023)

4.2.2.2 Questionamento 04, 05 e 06 – Instalações Elétricas

Quando avaliamos o estado geral dos sistemas elétricos das residências, em uma escala
de 1 a 10, aproximadamente 48% dos participantes atribuíram uma pontuação de 7,0 ou menos.
129

Por outro lado, 35,7% dos entrevistados avaliaram com uma nota 8, sendo a pontuação de maior
predominância, e apenas 16% atribuíram uma nota de 9 a 10, como mostra o Gráfico 25.

Gráfico 25 - Questionamento 04

Fonte: Própria Autora (2023).

Portanto, os moradores dessas residências que relataram notas baixas em instalações


elétricas tinham noções de que elas eram ruins. No entanto, não buscaram mão de obra
qualificada para realizar a manutenção corretiva.

Para prevenir acidentes elétricos em residências unifamiliares, como choque elétrico


causado por condutores desencapados ou aparelhos sem o devido aterramento, a manutenção é
uma medida essencial.

O usuário final pode ser responsável por outros tipos de acidentes se fizer uso indevido
da instalação elétrica. Por exemplo, a sobrecarga do circuito pode levar a incêndios nos casos
em que vários dispositivos são conectados a uma única tomada elétrica que não é destinada a
esse uso. Os entrevistados foram questionados sobre o aterramento de proteção das tomadas em
suas residências, e o Gráfico 26 mostra que 28,6% dos entrevistados afirmaram que existe
aterramento protetor em seus circuitos elétricos. No entanto, 23,2% dos entrevistados
afirmaram que não há aterramento de proteção em suas residências e 48,2% desconhecem a
existência desta proteção, o que nos leva a ressaltar o quão relevante são estas estatísticas, pois
o aterramento de proteção é crucial para proteger os indivíduos do risco de choque elétrico em
instalações elétricas. É preocupante constatar que mais da metade das instalações elétricas
carecem de aterramento de proteção, medida fundamental de segurança.
130

Gráfico 26 - Questionamento 05

Fonte: Própria Autora (2023).

Conforme a NBR 5410, no tópico 5.1.2.2.3.6 relata, toda instalação elétrica deve ser
composta de condutor de proteção, pois é de grande importância no aterramento das mesmas.

Os entrevistados foram questionados sobre as condições elétricas em suas residências,


incluindo a quantidade de tomadas elétricas contidas em cada cômodo.

Dentre eles, 64% afirmaram que a quantidade de tomadas elétricas nos quartos de sua
casa é adequada às suas necessidades. Em conformidade com as diretrizes de dimensionamento
descritas na NBR 5410, seção 4.2.1.2.3, referente aos parâmetros de dimensionamento dos
pontos de descarga, é fundamental quando se trata de instalações elétricas. Com a
implementação adequada pode levar à redução da necessidade de adaptadores, extensões e
benjamins e, consequentemente, diminuir as chances de sobrecargas elétricas e riscos de
incêndio.

Gráfico 27 - Questionamento 06

Fonte: Própria Autora (2023)


131

4.2.2.3 Questionamento 07 e 08 – Mão de obra

De acordo com o disposto na NR 10, especificamente no item 10.4.1, é imprescindível


que seja feita por um profissional habilitado a construção, montagem, operação, reforme,
aumento, conserto e inspeção de todas as instalações elétricas. Este requisito é obrigatório para
garantir o bem-estar e a segurança dos colaboradores e das pessoas que possam entrar em
contato com as instalações elétricas a qualquer título.

Mencionando sobre o profissional autorizado, de acordo com a NR 10, podemos


apresentar os seguintes tópicos:

a) 10.8.1: Trabalhadores qualificados são aqueles que podem comprovar a


conclusão de curso na área elétrica e que é reconhecido pelo Sistema Oficial de
Ensino.
b) 10.8.2: Profissionais habilitados e registrados no conselho de classe competente.
c) 10.8.3: Um trabalhador só pode ser classificado como qualificado se atender
simultaneamente a todos os seguintes critérios:
a) Receber treinamento adequado sob a supervisão de um profissional
qualificado e autorizado.
b) Operar sob a responsabilidade de um especialista qualificado e
autorizado para tal função.
d) 10.8.4: É considerado como autorizados os trabalhadores qualificados ou
treinados, bem como profissionais qualificados. permitidos pela empresa com
consentimento formal.

Os conceitos que foram discutidos anteriormente podem ser compreendidos no


fluxograma apresentado na Figura 75.

Figura 75 - Fluxograma Habilitação, Qualificação, Capacitação e Autorização de trabalhadores


132

Fonte: NR 10 (2016).

De acordo com a NR 10, é imprescindível que somente profissionais com autorização


legal sejam autorizados a intervir em instalações elétricas. Portanto, é de extrema importância
que a mão de obra escolhida para realizar qualquer serviço elétrico atenda aos requisitos
descritos na NR 10.

Questionando se os sistemas elétricos de suas residências foram projetados e executados


por profissional legalmente habilitado, os entrevistados expressaram suas respostas. Conforme
o Gráfico 28, 21% dos entrevistados afirmaram que o profissional envolvido não estava
habilitado, enquanto 39% não souberam identificar quem projetou e executou as instalações
elétricas. Um ponto importante a ser observado é o percentual de entrevistados que relatam
desconhecer a qualificação do profissional que atuou. Nesse resultado, podemos dizer que
existe a possibilidade de que as instalações foram manuseadas por pessoas cujo conhecimento
foi adquirido na prática, ou repassado de maneira informal, sem nenhuma qualificação técnica
ou mesmo, por curiosidade.
133

Gráfico 28 - Questionamento 07

Fonte: Própria Autora (2023)

Outro ponto questionado aos participantes foi sobre suas prioridades quando se trata de
instalações elétricas. Especificamente, foram questionados se priorizam o custo final dos
serviços do eletricista, a qualidade e segurança da mão de obra contratada ou o conhecimento
do profissional. Os resultados, apresentados no Gráfico 29, indicam que aproximadamente 68%
dos pesquisados priorizam a qualidade e a segurança ao invés do custo na hora de escolher um
prestador de serviços de instalações elétricas. No entanto, um certo público de entrevistados,
cerca de 28% consideram o conhecimento do profissional como item importante.

Gráfico 29 - Questionamento 08

Fonte: Própria Autora (2023)


134

4.2.2.4 Questionamento 09, 10, 11 e 12 – Uso de Benjamins e Adaptadores Elétricos

Os riscos potenciais da utilização de dispositivos como os Benjamins ou T's, que


permitem a conexão de vários dispositivos a uma única tomada, foram observados
anteriormente no tópico 3.3 deste trabalho.

Durante o processo de pesquisa, os entrevistados foram questionados sobre o uso dos


dispositivos acima mencionados em suas residências. Se eles confirmassem o uso, foram
solicitados a especificar a finalidade para a qual utilizaram os benjamins.

Além de serem questionados sobre o uso de adaptadores elétricos em casa, os


participantes também foram questionados se as tomadas de suas residências estavam de acordo
com padrão atual brasileiro (3 pinos), conforme a NBR 14136.

Os resultados desse levantamento estão representados nos Gráfico 30, 31 e 32.

Gráfico 30 - Questionamento 09

Fonte: Própria Autora (2023)

Gráfico 31 - Questionamento 10

Fonte: Própria Autora (2023)


135

Gráfico 32 - Questionamento 11

Fonte: Própria Autora (2023)

No questionamento 12, foi exposto de um cenário familiar que surge no cotidiano dos
brasileiros: Solicitou-se ao entrevistado que imaginasse uma situação em que tivesse comprado
um eletrodoméstico, e ao chegar em casa percebe que ele possuía um plugue um pouco mais
grosso, comumente conhecido como 20 amperes, que não poderia ser conectado à sua tomada
de 10 amperes (de seção mais fina, logo, o plugue também possui um diâmetro menor). Dada
esta situação, o entrevistado foi solicitado a descrever qual seria sua ação em tal circunstância.

Segundo resultados da pesquisa estão no Gráfico 33, dos entrevistados participantes,


60% indicaram que comprariam um adaptador para possibilitar a conexão, apesar do alto
potencial de perigo ao sistema elétrico de suas residências. Outros 7,1% acreditavam que
simplesmente mudar de uma tomada de 10A para uma de 20A seria suficiente, mas
reconheceram a necessidade de uma avaliação completa da segurança do circuito antes do uso.
Uma relevante parte, 19,6%, reconheceu a conduta adequada, que seria contratar um
profissional credenciado e licenciado para trocar a tomada e avaliar as condições do circuito
elétrico antes de instalar o novo eletrodoméstico.
136

Gráfico 33 - Questionamento 12

Fonte: Própria Autora (2023)

4.2.2.5 Questionamento 13 – Curso de Segurança em Eletricidade

Neste último questionamento, os participantes relataram sobre sua experiência com


cursos de segurança. Especificamente, eles foram questionados se fizeram ou não algum curso
relacionado à segurança em eletricidade. O resultado surpreendeu de forma negativa, tendo com
a maioria dos entrevistados, cerca de 80% dos participantes, informaram não ter realizado
formação nesta área em algum momento da sua carreira.

Gráfico 34 - Questionamento 13

Fonte: Própria Autora (2023)

Para eletricistas que atuam na área, a conclusão do curso básico da NR 10 é requisito


fundamental para a autorização legal para atuar na área. Este curso é composto principalmente
por quatro disciplinas distintas, a saber:
137

• Riscos Elétricos: São riscos potenciais que os trabalhadores enfrentam ao


realizar suas tarefas diárias envolvendo eletricidade.
• Normas e legislações: Abrange qualquer legislação especificamente do setor
elétrico.
• Primeiros Socorros: Conforme descrito no item 10.12.2 da NR 10, é
imprescindível que o pessoal autorizado esteja apto a administrar os primeiros
socorros e resgates em caso de acidente, especialmente na reanimação
cardiorrespiratória. O curso de NR 10 foi desenvolvido para abordar os
principais princípios de primeiros socorros relevantes para acidentes elétricos.
• Prevenção e Combate a Incêndios: Esse tema aborda os pontos importantes da
prevenção e combate de princípios de incêndios.

A compreensão desse conhecimento é significativa não só para o eletricista, que atua


rotineiramente em sua profissão, mas também para o consumidor final de energia elétrica. Esta
informação é crucial para ambas as partes.

Esse tipo de conhecimento é fundamental – que uma ação aparentemente pequena pode
fazer toda a diferença na prevenção de acidentes domésticos e salvar vidas. É fundamental e de
extrema importância oferecer cursos de segurança para toda a população com o objetivo de
reduzir o número de acidentes domésticos anuais notificados pela ABRACOPEL.
138

5 CONCLUSÃO

Por meio de pesquisa exploratória realizada no município do Rio de Janeiro, este estudo
teve como objetivo avaliar a aplicação das normas vigentes, a saber, NR 10 e NBR 5410, em
instalações elétricas residenciais de baixa tensão. A pesquisa inspirou-se no grande número de
acidentes com eletricidade registrados pela ABRACOPEL em seus anuários estatísticos, apesar
da presença de medidas de segurança obrigatórias nas NR's e NBR's que são aplicadas em todo
o território nacional.

Na sociedade atual, a segurança é um aspecto essencial da vida diária. No entanto, o


trabalho de conclusão deste curso destacou vários fatores que o tornam inadequado, incluindo
o mau uso das instalações elétricas e as condições perigosas presentes nessas instalações.
Apesar dos inúmeros confortos da vida moderna que exigem eletricidade, os indivíduos estão
expostos a riscos elétricos regularmente. No entanto, a implementação de medidas adequadas
de controle de risco descritas nas normas vigentes pode diminuir significativamente a
ocorrência de acidentes.

A conclusão deste curso consistiu na inspeção de residências unifamiliares de baixa


tensão já existentes no município da cidade do Rio de Janeiro. Foi realizado por meio de uma
série de entrevistas utilizando um questionário específico, com o objetivo de avaliar o estado
atual da infraestrutura elétrica nas residências dos participantes. Dentre os entrevistados
incluíam-se pessoas com formação profissional na área elétrica e aqueles que eram apenas
usuários da eletricidade no dia a dia.

Como pudemos ver, constatou-se que aproximadamente 20% dos entrevistados


possuíam curso de segurança voltado em eletricidade, o que foi bem abaixo do esperado.

Por outro lado, apesar dos benjamins não serem recomendados, cerca de 76% dos
participantes da pesquisa relataram usá-lo em suas residências.

De acordo com a NBR 5410, é recomendável que as residências possuam dispositivo


IDR para evitar choque elétrico. No entanto, apenas 26% dos entrevistados afirmaram possuir
o dispositivo em suas casas.

Dos entrevistados, 13% relataram conhecer uma pessoa que sofreu um acidente elétrico
que resultou em queimaduras ou parada cardíaca.
139

Dos participantes entrevistados, 20% deles relataram conhecimento de casos em que um


acidente de origem elétrica resultou em morte.

De acordo com a pesquisa, mais de um terço dos participantes relatou que a quantidade
de tomadas elétricas fornecidas em suas residências era inadequada.

61% dos entrevistados, alegaram que não fizeram nenhum tipo de manutenção elétrica
em suas residências nos últimos 5 anos e aproximadamente 20% não souberam responder;

E cerca de 21% dos entrevistados não conseguiram confirmar se a infraestrutura elétrica


de sua casa foi ou não construída por um especialista certificado e qualificado na área.

Com base nos achados deste estudo, pode-se dizer que um número significativo de
residências situadas no Rio de Janeiro não atende às normas vigentes, incluindo a NBR 5410 e
a NR 10. É fundamental que os indivíduos se alertem diante dessas informações, pois
instalações elétricas perigosas podem resultar em perdas materiais substanciais causados por
sobrecargas ou levar a danos físicos em caso de acidentes. Contudo, é importante reforçar que
as condições inseguras presentes nas residências unifamiliares de baixa tensão sejam atendidas
prontamente por meio de gerenciamento de risco, como medidas de manutenção corretiva ou
preventiva, para evitar novos incidentes.

Não somente é necessário implementar a manutenção corretiva como forma de gestão


de riscos, mas também é crucial realizar a manutenção preventiva em todos os sistemas
elétricos. Não há diretrizes obrigatórias para a frequência dessa manutenção, mas é altamente
recomendável que ela seja realizada a cada cinco anos durante toda a vida útil da edificação.

O início de uma instalação elétrica é o projeto elétrico, que é um aspecto fundamental.


Das quatro casas inspecionadas visualmente, apenas uma tinha projeto elétrico. É de extrema
importância que um profissional credenciado e autorizado realize esta etapa da construção. O
profissional será responsável pelo cálculo de todos os componentes necessários em uma
instalação elétrica, de acordo com as normas vigentes. Este processo garante que as instalações
sejam dimensionadas de forma segura, dando a garantia necessária.

Conforme evidenciado no tópico 4 deste documento, os resultados do estudo de caso


exemplificam a importância de aderir aos regulamentos que garantem a segurança de
residências individuais. Esses resultados fornecem uma ilustração clara da importância de
seguir as diretrizes estabelecidas.
140

5.1 TRABALHOS FUTUROS

Com base nos pontos abordados neste trabalho de conclusão de curso, há várias
sugestões de projetos futuros serem considerados, entre eles:

• O aprofundamento de estudos de caso sobre possíveis consequências por


descumprimento das normas de segurança aplicáveis.
• Pesquisas similares a este estudo, mas em circunstâncias onde a fonte de energia
é de média ou alta tensão;
• Criar um modelo que possa auxiliar pessoas sem conhecimento técnico a
compreender os vários graus de corrente elétrica que podem ser prejudiciais ao
bem-estar humano e a função do DR (Dispositivo Diferencial Residual) é um
objetivo primordial.

O objetivo ideal seria aumentar a adesão às normas NR 10 e NBR 5410 em residências


unifamiliares existentes e em construção. Nisto, a proposta é que haja trabalhos futuros
realizados periodicamente para garantir a atualização desses padrões. Isso permitirá uma
avaliação contínua do impacto das normas NR 10 e NBR 5410, que continuará sendo um tema
importante nas discussões acadêmicas. Em última análise, isso promoverá a priorização da
segurança contra acidentes elétricos.

Sugere-se que a NBR 5410 deveria obter algumas e nisso, teremos como resultado,
projetos futuros que podem ser influenciados pela edição revisada da NBR 5410.

Assim como a NBR 5410, a NR 10 também está sujeita a atualizações, o que pode
inspirar trabalhos futuros em resposta à publicação desta norma de segurança atualizada.
141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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143

APÊNDICE A – PRIMEIRA PARTE DO QUESTIONÁRIO REFERENTE A


MEDIDAS PROTETIVAS EM ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA NAS
INSTALAÇÕES RESIDENCIAIS ALIMENTADAS EM BAIXA TENSÃO

1) Sua faixa etária:


a) Até 18 anos
b) 18 - 30 anos
c) 31 - 39 anos
d) 40 anos ou +

2) Você reside atualmente no município do Rio de Janeiro?

a) Sim
b) Não

3) O imóvel que você reside atualmente é próprio ou alugado?


a) Próprio
b) Alugado

4) Em relação às instalações elétricas de sua residência, há quanto tempo elas existem?

a) Até 1 ano
b) 1 - 5 anos
c) 5 - 10 anos
d) 10 - 20 anos
e) 20+ anos
f) Não sei informar

5) Quando foi a última vez que solicitou a visita de um eletricista para algum serviço de manutenção em sua
residência?

a) Até 1 ano
b) 1 - 2 anos
c) 3 - 5 anos
d) 5+ anos
e) Não sei informar

6) Você já sofreu algum acidente elétrico em sua residência?

a) Sim
b) Não

7) Se sim, descreva aqui como foi:

8) Você conhece alguém que já sofreu acidente de origem elétrica e que houve alguma consequência como
queimadura, e/ou parada cardíaca ou invalidez?

a) Sim
b) Não

9) Se sim, descreva aqui o ocorrido:

10) Você conhece alguém que veio à óbito decorrente a algum acidente originado por eletricidade?

a) Sim
144

b) Não

11) Em sua residência existe algum dispositivo diferencial residual, mais conhecido como DR?

a) Sim
b) Não
c) Não sei o que é isso

12) Quantos chuveiros elétricos sua residência possui?

a) 1
b) 2
c) 3 ou mais
d) Não possuo chuveiro elétrico

13) Em relação aos chuveiros elétricos em funcionamento em sua residência, qual é a potência? (Se houver mais
de um, informar o de maior potência).

a) Até 4000W
b) de 4000 a 6000W
c) de 6000 a 8000W
d) Não possuo esta informação

14) Como é feita a conexão do seu chuveiro à alimentação da rede elétrica de sua residência?

a) Com conector de cerâmica


b) Com emenda diretamente em cabo elétrico
c) Com uma tomada elétrica
d) Não sei, pois nunca me atentei a isso
e) Não possuo chuveiro elétrico em minha residência
145

APÊNDICE B – SEGUNDA PARTE DO QUESTIONÁRIO REFERENTE A


MEDIDAS PROTETIVAS EM ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA NAS
INSTALAÇÕES RESIDENCIAIS ALIMENTADAS EM BAIXA TENSÃO

1) Em sua residência tem quadro de distribuição de circuitos? É o quadro aonde ficam os disjuntores e você pode
ligar e desligar a alimentação de energia da sua casa.

a) Sim
b) Não

2) O Quadro de distribuição (caixa dos disjuntores) de sua residência é de fácil acesso caso exista situações de
emergência? Os disjuntores são sinalizados indicando a que pertence cada disjuntor?

a) Sim, possuo fácil acesso e são sinalizados


b) Sim, possuo fácil acesso, mas não são sinalizados
c) Não possuo acesso rápido a caixa de disjuntores
d) Minha residência não possui Quadro de Distribuição (caixa dos disjuntores)

3) No seu ponto de vista, qual é a função do disjuntor?

a) Somente ligar e desligar o circuito conectado a ele.


b) Proteger contra choques.
c) Proteger contra sobrecarga e curto circuito.

4) Qual nota você daria para as instalações elétricas no geral da sua residência?

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
f) 6
g) 7
h) 8
i) 9
j) 10

5) Em sua casa possui aterramento de proteção nas tomadas?

a) Sim
b) Não
c) Não sei informar

6) Você considera que em sua residência possui uma quantidade boa de tomadas nos cômodos?

a) Sim, está bom


b) Não, colocaria mais tomadas.

7) As instalações elétricas de sua residência foram realizadas por um profissional qualificado para tal função?

a) Sim
b) Não
c) Não sei informar

8) Em termos de instalações elétricas, o que você considera mais relevante nas manutenções a serem realizadas?

a) Qualidade e Segurança
b) Preço
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c) Conhecimento do profissional sobre o serviço executado

9) Você faz o uso de Benjamins ou T’s em sua residência?

a) Sim
b) Não

10) Para qual finalidade você utiliza os itens citados acima?

a) Uso para ampliar o número de tomadas para ligar equipamentos.


b) Uso para ligar vários carregadores de celular na mesma tomada
c) Uso na cozinha para ligar equipamentos juntos como por exemplo forno elétrico, forno micro-ondas,
geladeira, fritadeira elétrica etc;
d) Não utilizo T’s/Benjamins.

11) As tomadas da sua residência estão no padrão atual brasileiro (3 pinos)?

a) Sim
b) Não

12) Imagine a seguinte situação: Você adquiriu um novo eletrodoméstico. Ao chegar em casa repara que este
equipamento tem um plugue um pouco mais grosso (mais conhecido como 20 Amperes) do que o normal e não
consegue conectar na tomada que é de 10 A. O que você irá fazer?

a) Tentar encaixar na tomada de sua residência usando a força


b) Usar uma furadeira ou uma chave de fenda para aumentar o furo e conseguir conectar o plugue
c) Comprar um adaptador de 10A para 20A
d) Contratar mão de obra para trocar apenas a tomada de 10A para 20A
e) Solicita um conhecido ou realiza você mesmo a troca desta tomada de 10A para 20A
f) Contratar mão de obra para trocar a tomada e verificar condições do fio desta tomada, se suporta esta corrente.

13) Você já realizou algum curso específico de segurança em eletricidade?

a) Sim
b) Não

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