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ATRIBUTOS

DE DEUS E O
ESPÍRITO
SANTO

Produzido por
Pr. Nelson Junges (2019)
Revisado por
Pr. Fabio Cristiani (2023)
SUMÁRIO

MÓDULO I .................................................................................................................................... 4

Introdução .................................................................................................................................. 4

DEFINIÇÃO. ................................................................................................................................. 4

USOS GENERALIZADOS DA PALAVRA ............................................................................. 6

MÓDULO II ................................................................................................................................. 18

A EXISTÊNCIA DE DEUS – TEÍSMO ................................................................................... 18

REINO E ORIGEM DA FÉ. ...................................................................................................... 19

PRINCIPAIS CONCEITOS SOBRE DEUS ......................................................................... 25

MÓDULO III .............................................................................................................................. 38

GÊNIO E OBRA DE DEUS ..................................................................................................... 38

MÓDULO lV .............................................................................................................................. 70

PNEUMATOLOGIA: ................................................................................................................ 70

DOUTRINA DA PESSOA DO ESPÍRITO SANTO ............................................................ 70

A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO ................................................................................ 74

A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO ............................................................................... 78

OS NOMES DO ESPÍRITO SANTO ..................................................................................... 80

MÓDULO V ............................................................................................................................... 82

MÓDULO VI .............................................................................................................................. 86

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO ............................................................................ 86

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MÓDULO VII ........................................................................................................................... 107

MÓDULO VIII .......................................................................................................................... 129

PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO ......................................................................... 129

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 134

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MÓDULO I
Introdução

“Ensinem a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”


(Mt 28:20).
"Estai sempre preparados para responder com mansidão e
temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há
em vós" (l Pe 3:15)

Palavras de indagação:
A palavra grega Teísmo apresenta a crença num Deus Vivo,
Supremo Criador e Sustentador de todas as coisas. Este capítulo é
composto de cinco características, em que é feita uma pesquisa
geral, desde a idéia de um Deus, à crença na existência de um
Deus como criador juiz e Salvador do homem. O estudo do
Teísmo tem respostas dos seguintes problemas: De onde vem a
idéia de um Deus universal? De onde vem a crença universal de
um Deus? Como podemos imaginá-lo? Quem é Ele? Como se
manifesta? E para que um Deus?
Tese I: “Neste parágrafo estamos afirmando que Teologia é
a fala da Bíblia, dos sentimentos, das necessidades, dos anseios e
das filosofias do ser humano sobre a pessoa Deus”.

DEFINIÇÃO.
O termo teologia, segundo seus aspectos etimológico, é
composto de duas palavras gregas: ó (Theos, "Deus") e ó

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(logos, "fala" ou "expressão"). Tato Cristo, a palavra viva, como a
Bíblia, a palavra escrita, são os logos de Deus. Eles são para Deus o
que a expressão é para o pensamento e o que a fala é para a
razão.
A teologia e, portanto, uma ó-ó (Theo-logia) ou
discurso sobre um assunto específico, ou seja, Deus. Contudo,
considerando que nenhuma exposição sobre Deus seria
completa se não contemplasse Suas obras e Seus caminhos no
universo que Ele criou, além de Sua pessoa, a teologia pode
adequadamente estender-se incluindo todas as realidades
materiais e imateriais que existem e os fatos que se lhes referem
e estão contidos nelas. Embora nem sempre incluídas na ciência
da teologia, as outras ciências que ocupam os pensamentos dos
homens seriam santificadas e exaltadas se fossem examinadas,
como deveriam, com aquele respeito e reverência que
reconhecem nelas a presença, o poder e o propósito do Criador.
Grandes males resultaram, obviamente, da tendência moderna
de divorciar do relacionamento divino todos os assuntos que se
limitam com o natural, quando, na realidade, não há nenhuma
outra base sobre a qual estas "logias" possam repousar além do
propósito original do Criador.
Embora não encontremos nas Sagradas escrituras a
palavra teologia, sendo ela composta de duas palavras bíblicas
familiares, ela é bíblica em seu caráter. Em Rm 3:2 aparecem as
palavras á óa o o (ta logia tou Theous, "os oráculos de
Deus"); e em I Pe 4:11 temos as palavras óa o (logia Theou,

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"oráculos de Deus); e em Lc 8:21, a frase ò óo   (ton logon
tou Theou, "a palavra de Deus").

USOS GENERALIZADOS DA PALAVRA

Dentro da enciclopédia que a menciona, o termo teologia


é usado com diversos significativos restritos. Quando se deseja
reconhecer o primeiro expoente de um sistema teológico, o
nome do indivíduo é combinado com o termo, como, teologia
Agostiniana, Teologia Calvinista, Teologia Luterana, Teologia
Arminiana. Quando se tem em vista a fonte do seu material,
empregam se termos específicos, como, Teologia Revelada,
Teologia Católica, Teologia Natural e Teologia Evangélica. a,
Nova Teologia, Teologia Polêmica, Teologia Racional, ou
Teologia Sistemática.
Entre estas classificações generalizadas, há diversas formas
de teologia que exigem definição particular:

1.2.1. TEOLOGIA NATURAL. A teologia natural designa uma


ciência que se baseia unicamente sobre fatos que se referem a
Deus e o Seu universo que se encontram revelados na natureza.

1.2.2. TEOLOGIA REVELADA. Este termo designa uma ciência que


se baseia unicamente sobre fatos que se referem a Deus e o Seu
universo que foram revelados nas Escrituras da verdade.

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1.2.3. TEOLOGIA BÍBLICA. A Teologia Bíblica designa uma ciência
que tem por alvo investigar a verdade a respeito de Deus e o Seu
universo no seu desenvolvimento divinamente ordenado e no seu
ambiente histórico conforme apresentados nos diversos livros da
Bíblia. A Teologia Bíblica é a exposição do conteúdo doutrinário e
ético da Bíblia. Não é um substituto para a Teologia Doutrinária
ou Ética, mas o seu correlativo histórico. É a consideração da
verdade bíblica conforme foi originalmente dada em sua
proclamação profética.

1.2.4. TEOLOGIA PROPRIAMENTE DITA. Este termo designa uma


ciência limitada que contempla apenas a Pessoa de Deus: Pai,
Filho e Espírito Santo, sem referências às obras de cada um.

1.2.5. TEOLOGIA HISTÓRICA. Uma ciência que considera o


desenvolvimento histórico da doutrina e se preocupa, também,
com as variações sectárias distintas e afastamentos heréticos da
verdade bíblica que apareceram durante a era cristã.

1.2.6. TEOLOGIA DOGMÁTICA.Verdade teológica defendida com


certeza.
1.2.7. TEOLOGIA ESPECULATIVA. Verdade teológica defendida
no terreno abstrato e à parte de sua importância prática.

1.2.8. TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. Assim chamada


porque se restringe àquela porção das Escrituras.

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1.2.9. TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO. Assim chamada
porque se restringe àquela porção das Escrituras.

1.2.10. TEOLOGIA PAULINA, JOANINA E PETRINA. Assim


chamadas porque se restringem às obras das pessoas indicadas.

.1.2.11. TEOLOGIA PRÁTICA. Trata da aplicação da verdade aos


corações dos homens (homilética).

1.2.12. TEOLOGIA SISTEMÁTICA.


Uma ciência que segue um esquema ou uma ordem
humana de desenvolvimento doutrinário e que tem o propósito
de incorporar no seu sistema toda a verdade a respeito de Deus e
o Seu universo a partir de toda e qualquer fonte. A teologia
sistemática distingue-se da Teologia Natural em que a teologia
natural extrai o seu material apenas da natureza; da Teologia
Bíblica em que a teologia bíblica extrai o seu material apenas da
Bíblia; e da Teologia Propriamente Dita em que a Teologia
Propriamente Dita se restringe a considerar a Pessoa de Deus,
excluindo as Suas obras. Para definir a Teologia Sistemática,
foram empregados alguns termos enganadores e injustificados.
Já se declarou que ela é "a ciência da religião"; mas o termo
religião de maneira nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus
e de toda a Sua obra. Da mesma forma, já se disse que ela é "o
tratamento científico daquelas verdades que se encontram na

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Bíblia"; mas esta ciência, embora extraia a porção maior do seu
material das Escrituras, extrai também o seu material de toda e
qualquer fonte. A Teologia Sistemática também tem sido
definida como o arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o
Cristianismo representa apenas uma simples fração de todo o
campo da verdade relativa à Pessoa de Deus o Seu universo, esta
definição não é adequada.

ESTUDANTES DE TEOLOGIA
O indivíduo que se ocupa do estudo da ciência da Teologia
Sistemática é apropriadamente chamado de ó (Theologos)
ou "teólogo". Se o termo grego ó for usado de maneira ativa
como indica o seu acento, indicaria a pessoa que fala em nome
de Deus, mas quando usado passivamente refere-se aquele a
quem Deus fala. Está óbvio que estes dois conceitos fazem parte
do uso aceito do termo teólogo. Contudo é preciso fazer certas
exigências ao teólogo e certas qualificações devem ser nele
encontradas para que haja algum progresso de valor na tarefa
que lhe foi proposta.

A POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA TEOLOGIA.


A possibilidade de termos uma Teologia baseia-se em três
grandes verdades:
1. Deus existe e tem relações com o mundo. No princípio
criou Deus, os céus e a terra. (Gn 1:1).

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2. O homem é feito a imagem de Deus, e é capaz de
receber e compreender aquilo que Deus revela. "E disse Deus..."
(Gn 1:26, 27).
3. Deus tem se revelado. "Havendo Deus antigamente
falado muitas vezes e em muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo filho". (Hb 1:1).
Se Deus existe, e tem-se revelado, e se o homem é capaz de
receber a sua revelação, forçosamente havemos de concluir que,
ao menos é possível existir a Teologia. Não estamos, pois,
tentando o impossível, dizendo alguma coisa acerca de Deus e
suas relações para com o mundo. Deus animar-nos neste estudo
com as palavras de Jesus.
"E a vida eterna é esta, que te conheçam, a ti, só, por único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste". (João 17:3).

A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA
Seria difícil exagerar a importância do estudo da teologia,
porque quem queria saber com exatidão, alguma coisa do
mundo, do universo, do homem, da história, de Cristo, da
salvação, enfim, informar-se de tudo que seja de primordial
interesse ao homem, tem por força de aprender de Deus. E Ele, o
grande Mestre, que todas as coisas conhece. E há tanto erro a
respeito de tudo isto, que se torna necessário um conhecimento
sólido e seguro de todos estes assuntos de grande interesse para
a humanidade. Fora das revelações de Deus não se encontra tal
conhecimento. Esta é a razão por que baseamos os nossos

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estudos naquilo que Deus tem revelado no Homem. Devemos
neste trabalho, orar muito, para que a nossa visão seja clara, puro
o nosso zelo, elevado o nosso ideal e reto o nosso espírito como o
espírito angelical a que almejamos conhecer. Devemos
prosseguir neste estudo com o mesmo espírito que Deus
recomendou a Moisés, quando lhe apareceu na Sarça Ardente (Ex
3:3-6).

O OBJETIVO DA TEOLOGIA

Pretendemos no estudo da Teologia selecionar fatos que


nos façam conhecer melhor a pessoa de Deus, as suas relações
com o universo, organizá-las num sistema racional. Não se
encontra na Bíblia uma teologia sistemática já feita, mas
encontram-se os fatos com os quais podemos organizá-la, dar-lhe
forma e sistematizá-la.
Portanto, o fim da Teologia não é criar fatos, mas descobri-los e
organizá-los num sistema. Queremos, estudando a Teologia,
aprender os pensamentos de Deus, aprender das experiências
espirituais dos melhores homens que sempre existiram. Neste
estudo somos como arquitetos, ocupados na construção de um
grande edifício. Mas ao invés de trabalharmos com pedras, cal
e tijolos, utilizamo-nos de tudo quanto Deus tem revelado e de
tudo quanto ao homem tem experimentado das coisas divinas e
celestiais. Que belo edifício nos é dado construir. Devemos
exortar-nos com (II Tm 2:15).

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OS EFEITOS DA TEOLOGIA

O estudo da Teologia apresenta-se valioso em cinco


partes:

1. O conhecimento (doutrinário) supre a necessidade de haver


uma declaração autoritária e sistemática sobre a verdade.
Há uma tendência em certos meios de não somente
procurar diminuir o valor de ensinos doutrinários como também
de dispensá-los completamente como sendo desnecessários e
inúteis. Porém, enquanto os homens cogitam sobre os problemas
da sua existência, sentirão a necessidade de terem uma opinião
final e sistemática sobre esses problemas. Muitas vezes se ouve
esta expressão: "Não importa o que a pessoa crê uma vez que
faça o bem". Essa opinião dispensa a doutrina como sendo por
julgá-la de nenhuma importância em relação à vida.
Mas todas as pessoas têm uma teologia, queira ou não
reconhecê-la, os atos do homem são frutos de sua crença Por
exemplo, quão grande diferença haveria no comportamento da
tripulação num navio que estivesse ciente de que viajava em
direção a um destino determinado, e o comportamento da
tripulação dum navio que navegasse à mercê das ondas e sem
rumo certo.

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2. O conhecimento doutrinário é essencial para o pleno
desenvolvimento do caráter cristão.
As crenças firmes produzem caráter forte, crenças bem
definidas produzem também convicções bem definidas.
Naturalmente a crença doutrinária da pessoa não é sua religião,
assim como a espinha dorsal do seu organismo, não é sua
personalidade.

3. O conhecimento doutrinário é um baluarte contra o erro (Mt


22:29; Gl 1:6-9; 4:2-4).

Diz-se, com razão, que as estrelas surgiram antes que a


ciência da astronomia, e que as flores existiram antes da
botânica, e que a vida existia antes da biologia, e que Deus existia
antes da Teologia.
Isto é verdade. Mas os homens em sua ignorância
conceberam idéias supersticiosas acerca das estrelas e o
resultado foi a pseudociência da astrologia. Os homens
conceberam falsas idéias acerca das plantas, atribuindo-lhes
virtudes que não possuíam, e o resultado foi a feitiçaria. O
homem na sua cegueira formou conceitos errôneos acerca de
Deus e o resultado foi o paganismo com suas superstições e
corrupção.

4. O conhecimento doutrinário é uma parte necessária do


equipamento de quem ensina a Palavra de Deus.

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Quando uma remessa de mercadorias chega a uma casa
comercial, essas mercadorias são desempacotadas, devidamente
faturadas, e colocadas em seus devidos lugares nas prateleiras
para serem vendidas. Essa ilustração mostra que deve haver certa
ordem. Da mesma maneira um dos propósitos do estilo
sistemático é por as doutrinas em ordem. A Bíblia obedece a um
tema central. Mas existem muitas verdades relacionadas com o
tema principal que se encontram através dos diversos livros da
Bíblia. Assim sucede que, para adquirir um conhecimento
satisfatório das doutrinas, e para poder entregá-lo a outrem,
devem-se combinar as referências relacionadas ao assunto e
organizá-las em tópicos e sub tópicos.

5. O estudo da Teologia transmite claro entendimento.


Convicções fixas e transmite satisfação intelectual.

AS FONTES DA TEOLOGIA

a. De onde vem a Teologia? Quais as suas fontes? De toda parte


vem o material, são inúmeras as fontes. Devemos aprender de
tudo o que nos possa ensinar alguma verdade acerca de Deus e
das suas relações com o mundo. A teologia cristã só conhece um
Deus. O criador de tudo quanto existe.

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b. A teologia é ciência tão vasta que de certo modo abrange
tudo: As montanhas, os rios, os campos, as estrelas, o céu, o
inferno, o homem, as escrituras, a história, Jesus; tudo enfim nos
fala de Deus (Sl 19:1-4).

A Revelação de Cristo é uma fonte da Teologia.

A Bíblia diz: Havendo Deus antigamente falado muitas


vezes, e com muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós falou
nestes últimos dias pelo filho (Hb 1:1). A revelação de Deus em
Cristo não somente ilumina o campo da teologia, mas também
derrama a sua luz benéfica sobre todos os assuntos em que a
teologia se interessa, logo sendo Jesus a inspiração da religião
cristã, e por isso mesmo o centro de toda a revelação. Tudo que
há de mais precioso, de mais valioso acerca de Deus, provém de
Jesus. Porque foi, do agrado do Pai que toda a plenitude nEle
habitasse (Cl 1:19). É pela revelação cristã que podemos
compreender o que está revelado no Universo físico. Não
devemos naturalmente buscar compreensão do espírito na base
da nossa compreensão do material, visto que o espírito é o
primeiro, é a causa do material.
A ordem que procuramos seguir neste estudo será, pois do
espiritual para o material. De Deus para a criação, da causa para o
efeito, de outra maneira não encontraremos o nosso alvo. Explicar
o Universo de ponto de vista de Deus é relativamente fácil, mas
explicar a Deus do ponto de vista do Universo é absolutamente

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impossível. Eis a razão por que adotamos em nosso método a
ordem que parte da revelação cristã, reforçando-a depois com o
que se havia revelado no Universo. A melhor de todas as
revelações de Deus é Jesus Cristo.

O Homem é uma Fonte da Teologia

Na ciência da religião é o homem de grandíssima


importância, pois é ele o ser no qual existem as experiências
religiosas e a quem mesmas pertencem. É necessário por isso
que um ligeiro estudo sobre o homem proceda ao da teologia.
Ainda mais sendo o homem a criatura que neste mundo se
assemelha a Deus; é claro que é também a criatura que nos pode
fornecer todos mais numerosos e preciosos a seu respeito. É no
homem que devemos descobrir as verdades mais sublimes a
respeito de Deus. Por isso que foi feito à sua imagem e
semelhança.
É pelo conhecimento, de um ser moral que podemos
chegar ao conhecimento de outro ser moral. Por isso uma boa
compreensão da natureza humana é de incalculável utilidade
para quem almeja conhecer a Deus.

6. O Universo é uma fonte da teologia

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Compõe-se o Universo de muitos sistemas do mundo. O
mundo em que vivemos é um dos menores planetas, dizem as
escrituras que os céus declaram a glória de Deus e o firmamento
anuncia a obra de suas mãos. O universo como vemos é uma
fonte abundante para a teologia, pois é obra das mãos de Deus. A
ciência moderna enriquece grandemente a idéia que temos do
universo, e ao mesmo tempo a idéia de Deus.

Fontes Enganadoras

a. A tradição não é fonte básica da teologia. A igreja católica


romana e outras usam a tradição como um valor paralelo a Bíblia.
A transmissão da igreja primitiva foi de grande utilidade, mas
devido à queda da Igreja não é possível usar a tradição como
fonte básica da teologia.

b. A mística não é fonte básica da Teologia. Mística que dizer não


usar as revelações dadas e esperadas por nós. As revelações
pessoais de Deus sempre são baseadas na Bíblia, por essa razão
não é da teologia Cristã.

c. O racionalismo não é fonte da teologia. Racionalismo é uma


doutrina, que só aceita coisas sondáveis que podem raciocinar
pela lógica humana. Coisas que o pensar não pode entender não
são aceitas. O racionalismo não aceita milagres e coisas
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sobrenaturais na Bíblia, a interpretação é totalmente intelectual.
Mas por o Deus vivo não ser dependente da intelectualidade do
homem, o racionalismo não é fonte básica da teologia.

d. As experiências pessoais não são fontes básicas da Teologia.


Deus tem vários meios para revelar-se ao homem, por as
experiências serem variadas não se pode usá-las como princípio
base fixa da teologia, as experiências são complementos das
escrituras a uma fortificação da fé e da matéria da teologia, mas
não pode ser usada como bases fixas.

MÓDULO II

A EXISTÊNCIA DE DEUS – TEÍSMO

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Tese II: “A fé num Ser Sobrenatural (Pai-criador, Filho-Salvador e
Espírito Santo- mentor) com o qual nos devemos relacionar, não
é um mero conhecimento filosófico, mas sim é o DNA, é uma voz
intuitiva que está no íntimo de cada pessoa, não fazendo
distinção entre raça, cultura ou período histórico. A fé intuitiva na
verdade é a busca do ser humano pela origem e pela imagem
perdida no jardim do Éden”.

Definição:
Torna-se cada vez mais urgente conhecer melhor nossa fé
e verificar os nossos alicerces. O objetivo deste capítulo é nos
levar ao estudo cuidadoso das doutrinas básicas da fé evangélica.
Evidentemente a doutrina só se torna significativa e dinâmica
quando suas afirmações são estudadas, interpretadas e aplicadas
com seriedade e entusiasmo. O apóstolo Paulo preveniu contra
pessoas que tem coceira nos ouvidos, ou seja, as pessoas que
gostam de ouvir coisas novas e efêmeras, mas não tem tempo
para a Palavra de Deus. Há muitas pessoas desse tipo em nossa
sociedade e até em Igrejas.
Somos desafiados a estudar, de Bíblia aberta, as principais
doutrinas evangélicas, Jesus disse: Ensinem a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado (Mt 28:20).
REINO E ORIGEM DA FÉ.

A Origem da Fé

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a. Originalmente o homem tinha íntimas relações visíveis com
Deus. Sua fé em Deus originou do companheirismo dele com o
Divino. E Deus lhes deu uma parte de sua divindade, assoprando-
lhes o fôlego da alma vivente (Gn 2:7). Portanto a origem da fé do
homem não provém de uma idéia humana e nem de um grupo
de gente ou raças, porém do seu íntimo, e de sua origem divina. A
fé se fundamenta na própria constituição do homem. O ser
humano é essencialmente religioso. O salmista revelou bem
claramente esta verdade quando escreveu: "Assim como o cervo
brama pelas correntes das águas, assim brama a minha alma por
ti ó Deus" (Sl 42:01).

b. A prova mais evidente de que o homem é este ser de natureza


religiosa, está em não haver, jamais alguém encontrado uma
tribo, a mais selvagem embora, que fosse totalmente destituída
de qualquer culto ou idéia religiosa. A fé é tão natural no homem
como a fome, a sede, a saudade, etc. A história universal não nos
fala de um só povo sem religião. Nem ainda os mais atrasados
fazem exceção a esta regra, pelo contrário, os povos mais
ignorantes, mais falhos em cultura são em geral os mais
religiosos. Este fato assim notável serve para demonstrar e provar
que, quando o indivíduo chegar a sondar a alma, sempre
encontra nela a necessidade de religião, de uma relação com o
ser supremo - Deus. Sem dúvida nenhuma o coração humano é
como um altar no qual arde perene o fogo sagrado da fé.

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c. E ainda mais, há hoje em dia muitas almas famintas e
sequiosas da verdade porque uma relação íntima com o Deus
verdadeiro é tão essencial ao bem-estar do homem como a água
é aos peixes, a luz aos olhos. Jesus tornou bem saliente esta
verdade quando disse: "Eu sou o pão da vida, aqueles que nem a
mim nunca terá fome, e quem crê em mim não terá sede" (Jo
6:35). Na universalidade da religião tem o pregador uma ampla
base para os seus trabalhos e para as suas pregações.

1. O reino da fé

a. O estudo da religião é uma das tarefas mais estimulantes que


uma pessoa pode aprender. O campo é tão vasto, as variedades
tão numerosas, e as complexidades tão grandes, que se poderia
estudar toda a vida, e jamais chegar ao fim.
A majestade desta reside no fato de que é tão simples que
uma criança a pode compreender (Mt 11:25), e, entretanto, tão
profunda que os espíritos mais amadurecidos têm de reconhecer
a sua profundeza. Em geral não é com o cérebro que chegamos
primeiro a ela, mas com o coração. Contudo, os perigos do
racionalismo não nos escusam de usar nossa mente; como disse
alguém, "o coração penetra na salvação por um expresso
relâmpago, a mente se lhe segue por um trem de carga".
Precisamos nos certificar de que a cabeça também acompanha
que não fique paralisada em algum desvio. Não adianta substituir
algum grau de compreensão por lealdade veemente.

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b. Devemos também considerar que a religião funciona na parte
invisível espiritual do homem, e não visível e material. Em outras
palavras, a religião funciona no coração. Jesus enfatizou este
ponto quando disse: (Jo 4:24). A fé no homem manifesta-se nos
poderes de o mesmo pensar, sentir e querer. É essencialmente,
uma função do coração reforçando, este pela vontade e
iluminado pelo raciocínio. Religião é vida, e a vida tem a sua sede
no coração e não nas mãos ou nos pés. Pelas considerações já
estabelecidas chegamos à conclusão de que a idéia fundamental
da fé é a de uma vida em Deus, de uma vida em comunhão
íntima e contínua com Cristo, uma vida debaixo da direção e
domínio do Espírito Santo (At 17:28). Visto que a fé tem sua sede
na parte invisível e espiritual do homem, logo abrange todos os
poderes humanos. Isto é, a religião deve influenciar
beneficamente todas as atividades do homem, dirigi-lo em tudo,
em tudo o que ele faz. Quem é cristão sempre faz obra cristã,
porém quem faz obras cristãs nem sempre é cristão.

c. Pode alguém contradizer-nos alegando que enfatizamos


demasiadamente a parte espiritual do homem em menosprezo
do corpo e seus atos, em se tratando de religião. Porém não é
assim. O corpo é servo do sacrifício e se o espírito for bom e reto o
corpo poderá cumprir satisfatoriamente as suas funções
religiosas, mas se ao contrário o espírito não for bom e reto os
atos praticados em nome da religião não tem nenhum valor.

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Elementos da fé
Existem três elementos básicos da Fé:

ELEMENTO RACIONAL. Não existe religião que não tenha credo,


sua doutrina sua alegação de conteúdo da verdade. Porém uma
ênfase demasiada sobre o conteúdo racial da religião pode
resultar em intelectualismo, que não é edificativo.
ELEMENTO EMOCIONAL. Todas as crenças têm igualmente um
elemento emocional ou afetivo um conteúdo de sentimento. Isto
serve para distingui-la da filosofia, por exemplo, a filosofia se
interessa pela verdade quanto ao fundamental. A religião implica
sentimento de valor, experiências de culto e oração, emoção, de
temor, reverência, paz e alegria, as quais podem ser todas
completamente estranhas a filosofia. Porém uma ênfase
exagerada sobre o elemento emocional da religião para levar ao
sentimentalismo, que também não é edificativo.
ELEMENTO VOLITIVO. Finalmente toda a religião tem seu aspecto
volitivo ou ético. A fé e o sentimento sempre tendem a produzir o
fruto de determinada espécie de conduta (Tg 2:26). Destacar o
volitivo em detrimento ou exclusão de intelectual e emocional
resulta em legalismo ou moralismo. A religião fica reduzida a um
código de ética e torna-se questão de certo modo de conduta e
não de salvação.

O Valor da Fé

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Religião é uma revelação, um chamado divino o qual exige
uma resposta, e podemos considerar a fé como a resposta do
homem a este chamado. Verificar-se-á que tal resposta se
compõe de três elementos: Um assentimento ao que Deus diz;
outro é obediência ao que Deus exige; o terceiro é confiança ou
dependência do que Deus é:

A FÉ E A RAZÃO. Por razão aqui compreendemos as atividades


conscientes de nossa inteligência. Por fé entendemos a
capacidade da mente para aceitar como verdade, aquilo para
que nos falta evidência objetiva completa.

A FÉ E A CERTEZA. Nem todas as idéias que temos podem ser


chamadas propriamente de crenças. Todos nós, por exemplo,
temos várias fantasias que entretemos temporariamente, e que
reconhecemos ser verdade ou não. Em geral as fantasias dizem
respeito a assuntos que não são de grande importância prática.
Podemos ter fantasias quanto à natureza dos anjos, por exemplo:
Elas podem ter fundamento ou não, em qualquer hipótese, o
mundo permanece e a vida continua. Depois verificamos que se
podem ter idéias com propriedades chamadas opiniões. Há mais
certeza sobre as opiniões que sobre as fantasias. E ainda idéias
que são crenças. São as idéias e pelas quais vivemos, e que fazem
diferença em nossa adaptação a vida. É uma experiência
abaladora perder uma crença. Finalmente, existem certezas. São

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crenças que não apenas se tornam claramente válidas na vida,
mas tão firmemente incrustadas na estrutura da razão e da
experiência, que a contradição, delas parecem inconcebíveis.

A FÉ E A VERDADE. A verdade é aquela qualidade de um


julgamento ou idéia que adequadamente descreve, interpreta,
revela ou representa um fato objetivo ou um estado de coisas. O
verdadeiro descreve os conceitos, idéias e julgamentos que assim
interpretam corretamente a realidade. A verdade, portanto, é
polar por natureza, representa a idéia ou crença subjetiva em
relação ao fato ou estado de coisas objetivas. A verdade não é
subjetiva somente, e não é tão pouco um reino eterno de idéias
subsistentes. A verdade é uma relação entre a idéia e aquilo a que
se refere.

A FÉ E A OBEDIÊNCIA. Sem fé é impossível agradar a Deus... (Hb


11:6). Quem crê no Filho tem a vida eterna... (Jo 3:36; At 16:31). Aqui
a fé tem o sentido de confiança, obediência, depender de uma
pessoa entregando-se a ela. A verdade de Deus não é teoria
abstrata, é um evangelho que encerra a verdade com certeza,
mas que, acima de tudo é uma reivindicação sobre nós. É um
chamado a confiança, à entrega e à obediência (Jo 7:17; Rm 10:16).

PRINCIPAIS CONCEITOS SOBRE DEUS

Existem sete conceitos sobressalentes:

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O Intuísmo. Pressentimento envolve: o senso, a compreensão e a
moral. Intuísmo é um tipo de conhecimento natural do homem
que vem do íntimo, e distingue-se do conhecimento adquirido
por instrução. É uma prova de intuísmo que todas as raças, tribos
e nações tem sua crença ou religião, sua tendência a um Deus. Se
não existisse o intuísmo, as revelações efetuadas de Deus não
teriam sido aceitas. Mas o homem tem em si um Ser que vem de
Deus e quer voltar para Deus.

O Animismo. É uma crença em vários poderes, que foi executada


em culturas bem primitivas. O animismo crê em espíritos,
demônios, fantasmas, etc, que se supõe habitarem em rochas,
árvores, rios, montanhas, etc. Nós negamos essa teoria por estar
contraria ao testemunho da Bíblia, e por estar contraria aos
desenvolvimentos das religiões.

O Politeísmo. Isto é outro tipo de conceito sobre o divino, que


crê em muitos deuses. Abraão saiu de Ur dos Caldeus por serem
politeístas (Gn 15:7). Os israelitas encontraram politeísmo na
Palestina. Paulo encontrou politeísmo em Atenas. Nós negamos o
politeísmo, por estar contraria à, da Bíblia e da lógica.
O Monoteísmo. Monoteísmo é a crença num único Deus
supremo. Muitos alegam que o monoteísmo teve seu estágio no
animismo e politeísmo. Mas isso contradiz a realidade que em
todas as eras houve esses três conceitos ao mesmo tempo. E até

26
hoje não existe um monoteísmo predominante. A Bíblia só
executa a idéia do monoteísmo.
Exemplo: A fé dos judeus era totalmente monoteísta (Dt 6:4, 5). O
Cristianismo edificado sobre o monoteísmo (I Tm 2:5, 6).

O Deísmo. É a crença de que Deus criou o universo, dotou-o de


forças e leis naturais, permitindo seguir seu próprio curso, com
pouco ou nenhum controle de sua parte. E dessa forma o
homem é individual, e não depende de Deus. L Deísmo trabalha
para o ateísmo, e está contra a nossa fé cristã.

O Panteísmo. É a crença de que Deus e o universo são o mesmo,


Deus é tudo e tudo é Deus. Deus é supremo, mas não podemos
identificá-lo como objeto, a Bíblia prescreve divino como
personalidade dotada de qualidades únicas (Ex 20:2-5). Podemos
considerar o Panteísmo como uma fonte de ateísmo piedoso.

O Teísmo. Crê num Deus pessoal que é criador, sustentador, e


governador do universo e de tudo o que existe. O teísmo
reconhece a dependência das coisas naturais das espirituais, mas
afirma também o fato de que Deus é mais do que aquilo a que
Ele deu dependência. Deus está relacionado com o universo,
assim como o homem está relacionado com o seu andar,
trabalhar, etc.

27
O Cristianismo está completamente baseado no Teísmo (At
17:28; Cl 1:16, 17). Revelação, Salvação, Oração, Providência,
Milagres, etc; dependem inteiramente da verdade do Teísmo.

Quem é Deus?

A definição bíblica pode formular-se pelo estudo dos


nomes de Deus. O nome de Deus, nas Escrituras, significa mais do
que uma combinação de sons. Representa a revelação gradativa
de Deus ao ser humano.
Reverenciar a Deus é santificar ou bendizer seu nome (Mt
6:9). O nome do Senhor defende o seu povo (Sl 20:1) e por amor
do seu nome não os abandonará (I Sm 12:22).
Observe o significado dos seguintes Nomes de Deus nas
Escrituras:

a. ELOHIM (traduzido "Deus"). Esta palavra emprega-se sempre


que sejam descritos os implícitos o Poder criativo e a Onipotência
de Deus. Elohim é Deus-Criador. A forma plural significa a
plenitude de pode e representa a Trindade.

b. JEOVA (traduzido "Senhor" na versão de Almeida). O nome


Jeová tem sua origem no verbo Ser e inclui os três tempos desse
verbo, passado, presente e futuro. O nome, portanto, significa: Ele
que era, que é, e que há de ser, em outras palavras, o Eterno. Visto
que Jeová é o Deus que se revela a si mesmo ao homem, o nome

28
significa: Eu me manifestei, me manifesto e ainda me
manifestarei.
O que Deus opera a favor de seu povo acha expressão nos
seus nomes. Aos que jazem em leitos de doença manifesta-se
como JEOVA-RAFA "O Senhor Cura" (Ex 15:26). Os oprimidos pelo
inimigo invocam a JEOVA-NISSI, "O Senhor nossa bandeira" (Ex
17:8-15). Os carregados de cuidados aprendem que Ele é JEOVÁ-
SHALOM, "O Senhor nossa Paz" (Jz 6:24). Os peregrinos na terra
sentem a necessidade de JEOVA-RA'AH, "O Senhor meu Pastor"
(Sl 23:1). Aqueles que se sentem sob condenação e necessidades
de justificação, esperançosamente invocam a JEOVA-TSIDKENU,
"O Senhor nossa Justiça" (Jr 23:6). Aqueles que se sentem
desamparados aprendem que Ele é JEOVA-JIREH, "O Senhor que
provê" (Gn 22:14). E quando o reino de Deus se concretizou na
terra, Ele ficou conhecido como JEOVÁ-SHAMMAH, "O Senhor
está aí" (Ez 48:35).

c. EL (Deus) é usado em certas combinações: EL-ELYON (Gn 14:18-


20), "O Deus Altíssimo", o Deus que é exaltado sobre tudo o que
se chama Deus ou deuses. EL-SHADDAI, "O Deus que é suficiente
para as necessidades do seu povo" (Ex 6:3). El-OLAM, "O Eterno
Deus" (Gn 21:33).

d. ADONAI, significa literalmente "Senhor" ou "Mestre" e dá a


idéia de governo e domínio (Ex 23:17; Is 10:16, 33). Por causa do

29
que Deus é e do que foi feito. Ele exige o serviço e a lealdade do
seu povo. Este nome no NT aplica-se ao Cristo glorioso.

e. ABBA-PAI, emprega-se tanto no AT como no NT. Em


significado mais amplo o nome descreve a Deus como sendo a
Fonte de todas as coisas e o Criador do homem; de maneira que,
no sentido criativo todos podem considerar-se geração de Deus
(At 17:28), Todavia esta relação não garante a salvação. Somente
aqueles que foram vivificados e receberam nova vida pelo seu
Espírito são seus filhos no sentido íntimo da salvação (Jo 1:12, 13).

As Razões Por que Cremos na Existência de Deus.

a. Poderá alguém dizer que a prova da existência de


Deus é coisa inútil ou desnecessária, pois se Deus existe, a sua
existência deve ser a realidade mais patente, mas porque muitos
poderão duvidar da existência de um Espírito Pessoal,
perfeitamente bom, que sustenta e governa tudo. Os Cegos de
nascença podem negar a existência da luz, e teríamos muitas
razões em lhes provar que a luz é uma realidade. Da mesma
maneira somos justificados em apresentar as razões por que
acreditamos de tal modo que satisfaça a todos. Consola-nos,
contudo o considerar que a nossa religião não depende de uma
prova da existência de Deus, a qual satisfaça a todos. Religião
genuína expressão do termo, jamais foi produto das provas da
existência de Deus. A religião existiu antes de qualquer prova de

30
existência de Deus, e pode continuar a existir
independentemente dela, porque aos que vivem na luz, não
importam as dúvidas dos que nasceram cegos e que negam a
existência da luz.

b. Em Gn 1:1, a Bíblia menciona que há um Deus criador


de todas as coisas. E esta doutrina é aceita pelos escritores
inspirados, como verdade. Por isso eles não se ocupam de dar
nenhuma prova formal dela. A existência de Deus não precisa ser
provada, pois é um absurdo pedir que um pai prove a existência
do filho. A existência desse Deus é tão lógica que Deus e os
escritores da Bíblia não acham por necessário provar a existência
dEle por argumentação. A Bíblia unicamente menciona o fato de
que há um Deus operador, planejador e Salvador. Porém nós
usamos evidências do Teísmo para mostrar linhas claras e
fundamentais, sobre as quais se baseia a fé cristã.
É uma argumentação razoável, tira a força de argumentos
falsos.

A Evidência Cosmológica
(Da palavra grega cosmos que significa universo)

31
O argumento cosmológico tem uma clara visão porque
raciocina desde a existência do universo até a necessária
existência de Deus como causa da primeira. É um princípio por
todos aceitos, que cada efeito tem a sua causa correspondente, e
que a causa não pode ser menor que o efeito. Tudo o que se
encontra no efeito, acha-se também na causa. Ora
contemplando o à luz deste princípio, ficaremos admiradíssimos
com a causa verdadeiramente extraordinária que o produziu.
Que efeito maravilhoso temos no universo, na sua ordem, na sua
beleza, na sua adaptação à vida tanto dos homens como dos
irracionais e das plantas. Que efeito estupendo representa este
universo imenso que se compõe de muitos milhões de mundo
distribuídos no espaço infinito, mas mesmo assim, tudo isso não
é mais do que uma unidade que se chama Universo. A grandeza
do Universo ultrapassa a nossa imaginação. O efeito é mais do
que simplesmente extraordinário, mas a causa, forçosamente é
igual ou ainda maior, pois é possível que a causa seja menor que
o efeito correspondente. Deus é a grande causa do Universo.
Grande é Deus, regras da causa primeira: O criador do
cosmo não pode ser procedente e nem dependente de outro
Ente. O causador do cosmo por não ter um início tem que ser
eterno. Por o causador ser eterno, também tem que ser
intransformável. Por o cosmo ser cientificamente bem-
organizado tem que ser muito inteligente e sábio o cujo criador.

32
A Evidência Teleológica
(Da palavra Telos, que significa desígnio ou propósito).

A expressão teleológica trata da finalidade e de um


comandante do universo. Todo movimento revolucionário,
rotativo ou translativo tem um planejador, designador e guia. O
universo é inteligível e só a inteligência pode causar o inteligível.
O sistema planetário, as regras e as ordens da natureza e a
organização do corpo humano pedem por força maior um
planejador, formular, e designador do mesmo. Isto tudo não é
causalidade, porém Deus é a causa e guia de tudo. O argumento
do desígnio é considerado a evidência mais forte da existência de
Deus.

A Evidência Antropológica
(Da palavra grega anthropos, que significa homem).

O argumento antropológico provém da natureza


psicológica moral e religiosa do homem que exige como criador
um Ente semelhante. O homem faz parte do universo, mas o seu
testemunho acerca da existência de Deus vai muito além e é
ainda mais precioso que o universo geral, porque o homem é um
ser moral e ao mesmo tempo, é um efeito. Teve princípios de
dias, agora lembramo-nos do fato de que há na causa tudo o que
se encontra no efeito, perguntamo-nos: Que causa produz este
ser moral? Como havemos de explicar este ser moral? A única

33
explicação possível é que a causa é também moral, pois não se
pode explicar o moral pelo amoral. A realidade da inteligência do
arbítrio, da moral e da natureza religiosa do homem, pede um
criador superior a estas qualidades, isso só pode ser Deus (Rm
1:20, 23).

A Evidência Ontológica
(argumento baseado na percepção)

O argumento ontológico é difícil de entender por que é


abstrato, mas ele quer provar que toda a idéia tem que ter uma
origem real. Ex: a sede, a fome provém que existe água e
alimento, assim também com a sede religiosa do homem, é a
idéia de Deus. As nossas percepções podem dividir-se em três
classes: Percepções do mundo real. Objetivo do mundo objetivo e
do mundo espiritual. Convém notar agora que não podemos ter
nenhuma dessas percepções sem que se apresente uma das
referidas coisas porque em toda percepção há três elementos
essenciais indispensáveis: quem percebe, uma coisa percebida é
um ato de perceber. Se nada há diante da mente, nada se
percebe. Não se pode ter percepção do nada. Só podemos ter
percepção daquilo que existe, do que vimos em algum tempo
passado ou vemos no presente porque todas as percepções
dependem dos objetivos que as produzem. Se não existisse a
árvore, não poderíamos ter percepção de uma árvore. A
percepção duma árvore prova que ela existe. Assim também são

34
as percepções em relação a Deus. O coração humano tem uma
percepção de Deus, e desde que a percepção depende do
objetivo que a produz, não se pode então negar a força do
argumento. Todas as nossas percepções de Deus provam que há
Deus. Pois, já como dissemos não se pode ter percepção do que
não existe. A percepção de Deus é mais comum ao homem, logo
Deus existe. Ele é o objeto que produz percepções no homem.
Ele é a causa, a percepção sem o percebido é absurda.

A Evidência Empírica
(argumento baseado na experiência)

O argumento tem seu valor porque se baseia nas experiências


pessoais dos cristãos com Deus. A história nos ensina que
milhares de homens e mulheres através de milhares de anos,
representando várias raças e nações, incluindo todos os níveis de
educação e cultura, relatam uma experiência com Deus como o
companheiro espiritual de suas almas. Estas experiências através
dos séculos sempre deram um resultado satisfatório. A
experiência direta com Deus quer dar certeza ao indivíduo, de
que Deus não só é uma filosofia ou teoria, mas sim uma realidade
atual.
. A Evidência da História Universal

35
a. Nenhuma dúvida pode haver sobre o fato de que em todos os
lugares, em todos os tempos, entre todos os povos, tem havido
uma crença na existência de Deus. A história universal não fala de
uma só tribo, ainda da menor e mais insignificante que não
tivesse alguma crença na existência de um ser supremo. Desde os
primórdios da história, as idéias acerca de Deus tem sido sempre
as mais freqüentes e preponderantes na vida dos homens.

b. Entre certos povos, os egípcios e os hebreus, as ideias religiosas


são as que mais se perpetuaram. Os egípcios tinham convicções
tão fortes da realidade dos mundos espirituais que todas as
outras coisas se subordinavam às idéias religiosas. Lançavam
sobre si mesmo pesadíssimos impostos que se destinavam à
manutenção do culto. Gastavam mais com a religião do que com
as próprias necessidades da vida terrena. No serviço da religião e
da fé num ente supremo, edificaram pirâmides, monumentos
gigantescos que até hoje o mundo admira. (Dizem que em uma
só dessas pirâmides há pedras em quantidade suficiente para
cercar a França). A riqueza do povo egípcio, o seu comércio, o seu
esplendor, tudo desapareceu, menos os monumentos da fé. Toda
a civilização egípcia, a sua literatura, os templos magníficos que
se erguiam, tudo dava expressão às suas idéias religiosas, às suas
idéias de Deus.
c. Babilônia também nos vem fornecendo, através das
descobertas realizadas ultimamente pelos arqueólogos e
exploradores, inúmeras provas da sua crença em Deus. Milhares

36
de tijolos de barro, que sendo desenterrados, nos dão a conhecer
as idéias religiosas daquele povo e a influência que tais idéias
exerciam na sua vida e costumes.

d. Estudamos a história dos israelitas pode-se ver quão poderosas


eram as influências que sobre eles exercia a fé que tinham em
Deus. É impossível explicar-se a história de Israel sem ter-se em
consideração a influência de sua crença. Desde Abraão até a
vinda de Jesus, o que havia de mais salutar e predominante na
vida de Israel era a idéia de Deus, E aquela mesma idéia
propagada por aquele povo é a mesma que hoje exerce a mais
poderosa influência na civilização do mundo. Atualmente é a
idéia de Deus que domina todas as nações.

e. Será possível supor-se que os egípcios, os babilônicos, os


chineses os hebreus, os gregos, os romanos e todos os povos
modernos se acham enganados neste ponto? Porque, se Deus
não existe, o ato de adoração não tem razão de ser. Também se
Deus não existe todos os templos e casas de culto, são
monumentos à mentira. Se Deus não existe até a literatura
sagrada é falsa. Ainda mais, os melhores homens de todos os
tempos têm sido propagandistas do erro e enganadores das
massas. Se Deus não existe, não há explicação para a história do
universo, que só tem servido para mistificar o homem. Se a
história universal não prova a existência de Deus, ela não pode
provar coisa alguma, porque a maior parte ainda que

37
indiretamente trata de Deus. Aquele que negar a existência de
Deus assume diante da história uma responsabilidade tão grande
que lhe não é possível evitar, nem dela pode examinar-se. Assim
a história fortalece grandemente a prova da existência de Deus.

MÓDULO III
GÊNIO E OBRA DE DEUS

Tese III: “os atributos (qualidade) naturais de Deus aqui


enumerados, representam apenas uma pequena porção das

38
qualidades inscritíveis da excelência da personalidade do Deus
Poderoso com sua Onisciência, Onipotência e Onipresença.”

A NATUREZA DE DEUS:
Definição:

a. Tendo já estabelecido a autoridade divina das


Escrituras, examinaremos agora as doutrinas nelas contidas. A
doutrina, que a primeira frase da Bíblia revela é que HÁ UM DEUS
CRIADOR de todas as coisas (Gn 1:1).
A crença nessa doutrina é o princípio primeiro e
fundamental de toda a religião verdadeira e, portanto, exige a
nossa primeira consideração (Hb 11:6).
Os escritores inspirados aceitam esta doutrina como
verdade conhecida e admitida. Por isso eles não se preocupam
em dar nenhuma prova formal dela.
Para os escritores da Bíblia, Deus não é um postulado da
razão, mas um fato da experiência. Era um simples fato da
experiência religiosa dos Hebreus, o fato que Deus se fizera
conhecido em grandes acontecimentos, tais como o Êxodo, e
através de grandes personalidades, tais como os profetas. Que
poderia duvidar de Deus? Apenas um tolo.
Assim como a Bíblia não procura estabelecer a existência
de Deus, também não propõe nenhuma definição. Os hebreus
eram proibidos de fazerem quaisquer imagens de escultura de
Deus, e não fizeram esforço algum para restringir Deus a uma

39
definição. Todavia, temos uma definição dEle na conversa entre
Moisés e o Senhor na cena da sarça ardente no deserto do Sinai:
"Disse Moisés a Deus: Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e
lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros, e eles
perguntaram: Qual o seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a
Moisés: Eu sou o que sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de
Israel: Eu sou me enviou a vós outros" (Ex 3:13, 14). A qualidade
enigmática da descrição de Deus é evidência de ser
fundamentalmente uma definição completa dEle. Assim como
uma imagem esculpida de Deus não o pode descrever, uma
definição de Deus não pode explicá-lo. Depois que tivermos dito
tudo o que podemos sobre Deus, permanece um grande
elemento de ministério (Is 55:9).

b. Não obstante, Deus fez uma verdadeira revelação de Si


mesmo.
Não é o grande desconhecimento ou inescrutável. Deus
revelou de tal maneira que podemos conhecê-lo
verdadeiramente, embora não possamos compreendê-lo
inteiramente. Poderá servir profissionalmente o seguinte sumário
da descrição bíblica de Deus: Ele é um só, supremo, vivo, pessoal
e espiritual, santo, justo e misericordioso. Seu poder e
conhecimento são todo-suficientes, e Ele não está limitado por
tempo ou espaço...Ele é o Deus de toda a Terra.
"Deus nunca foi visto por alguém", é a simples declaração
das escrituras (Jo 1:18), de modo que qualquer conhecimento

40
dEle que o homem pôde adquirir será fruto duma revelação que
Deus dará de Si mesmo.
"Mas Deus no-lo revelou pelo seu Espírito" continuou o
Apóstolo Paulo (I Co 2:10).
A passagem toda é uma explicação do método divino pelo
qual Deus se revelou aos homens. "Nós não temos recebido o
espírito do mundo, e Sim o Espírito que vem de Deus, para que
conheçamos o que por Deus nos foi gratuitamente dado" (I Co
2:12).
A doutrina de Deus não é um estudo isolado de todas as
outras doutrinas. Para levar ao fim o estudo da doutrina de Deus,
o aluno terá de estudar as doutrinas de Jesus Cristo e do Espírito
Santo, pois Deus se manifesta em três Pessoas - O Pai, O filho
Jesus e o Espírito Santo.

c. Desde que o tempo teve início, o homem tem


procurado descrever ou retratar Deus por meio de figuras, da
pintura e da palavra descritiva, mas sempre tem falhado, ficando
muito aquém de seu alvo. Pois como pode aquilo que finito ter a
esperança de compreender e expressar aquilo que é infinito?
A natureza de Deus melhor se revela pelos Seus atributos.
Precisamos ter o cuidado de não imaginá-los como sendo
abstratos, mas como meios vitais que revelam a natureza de
Deus.
Os atributos de Deus, portanto são aquelas características
permanentes e distintivas que podem ser afirmadas a respeito de

41
seu Ser; seus atributos são Suas perfeições, inseparáveis da Sua
natureza e que condicionam Seu caráter.

A Vida de Deus

"Vida" pode ser considerada com aquela forma de


existência animada e distinção da inanimada, que inclui uma
força e uma condição, cuja forma é o fato determinante de todas
as relações originadas e sustentadas, tanto internas com externas,
cuja condição é aquela constituída por essas relações, assim
originadas e sustentadas.
"Vida" é um termo que não pode ser plenamente
definido. A ciência define-a como correspondência entre órgão e
ambiente. Aplicadas, porém, a Deus há de significar muito mais
que isso, visto que Deus não tem ambiente. A vida de Deus é Sua
atividade de pensamento, sentimento e vontade. É o movimento
total e íntimo de Seu Ser que O capacita a firmar propósitos
sábios, santos e amorosos, e a executá-los.
A realidade bíblica da vida como Atributo Divino. "Porque
assim como o Pai tem vida em Si mesmo, também concedeu ao
Filho ter vida em Si mesmo." (Jo 5:26). (Jr 10:10; At 14:15; II Cr 16:9; Sl
94:9,10)
Deus tem vida, Ele ouve, vê, sente, age e, portanto, é um ser
vivo.
A vida de Deus é Ilustrada e Demonstrada nas Escrituras:

42
I Ts 1:9 "...como vos convertestes dos ídolos a Deus, para
servirdes a um Deus vivo e verdadeiro" (tradução literal)
(Jr 10:10-16; Hc 2:18-20)
Essas passagens apresentam diversos contrastes notáveis:

Verdadeiro Deus -> Falsidade


Vivo -> Não respiram
Criou a Terra por Seu poder -> Obra de erros
Formou tudo -> Imagens de fundição
Rei Eterno -> Perecerão
Deus vivo e verdadeiro -> Ídolos

Mediante, as claras distinções que a escrituras fazem entre


os deuses dos pagãos e o verdadeiro Deus, fica nitidamente
demonstrado que a realidade da vida é um atributo divino.

A Espiritualidade de Deus

Essa verdade se opõe ao falso ensino do materialismo,


que afirma que os fatos da experiência devem ser todos
explicados atribuindo-os as realidades, atividades e leis da
substância física ou material. O materialismo despreza a
distinção entre mente e matéria, e atribui todos os fenômenos do
mundo (aqueles que são evidentes) às funções da matéria.

43
a. A verdade da espiritualidade é fundamental à existência de
Deus.
A verdade da espiritualidade de Deus é revelada em nosso
ser espiritual. Deus não é apenas o nosso Criador, mas é o Pai de
nossos espíritos. Somos Sua criação (Jo 4:24; At 17:28,29). Todas as
características essenciais de nosso espírito podem ser atribuídas a
Ele em grau infinito, pois "Ele é um ser racional que distingue,
com infinita precisão, entre o que é verdadeiro e o que é falso; é
um ser moral que distingue entre o certo e o errado, e é um livre
agente cuja ação é autodeterminada por Sua própria vontade.

b. Seu significado
Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância
material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas
as limitações temporais.
Pelo que foi dito acima, verifica-se que Deus, na qualidade
de Espírito, deve ser apreendido não pelos sentidos do corpo,
mas antes, pelas faculdades da alma, vivificadas e iluminadas
pelo Espírito Santo (I Co 2:14; Cl 1:15-17).

c. A realidade bíblica estabelecida


"Deus é espírito, e importa que os seus adoradores o
adorem em espírito e em verdade" (João 4:24)

44
"Deus é espírito": note-se a ausência do artigo, o que está de
acordo com o original, não seria exata a tradução: "Deus é
espírito".
Deus é espiritual em Sua natureza, ou seja, em Seu Ser
essencial, Deus é Espírito (Dt 4:15-20,23; I Rs 19:11,12; Ez 1:1; Gn 18:2;
Ex 20:4).
O culto a Deus por meio de imagens e coisas temporais foi
proibido porque ninguém jamais tinha visto a Deus e, portanto,
não podia saber qual a Sua aparência; nem há entre as coisas
materiais desta Terra alguma que tenha semelhança com Deus,
que é espírito (Ex 20:4).

f. Pelo ensino do Novo Testamento


"Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo,
apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho" Lc 24:39; (I Tm 1:17; Cl 1:15; At
17:22-29; 14:8-18)
Os olhos físicos só podem ver objetos pertencentes ao
mundo material, mas Deus não pertence ao mundo matéria,
portanto não pode ser visto com os olhos físicos.

A Personalidade de Deus
Essa é a verdade contrária ao panteísmo, que ensina que
Deus é tudo e tudo é Deus; que Deus é o universo e o universo é

45
Deus; que Ele não tem existência separada e distinta. O conceito
do panteísmo é de que o conjunto das coisas individuais é Deus.
Nessa mesma base podia se dizer que o conteúdo da consciência
de um homem, em dado momento, é o próprio homem, ou que
as ondas do oceano são o próprio oceano. O panteísmo nega a
distinção entre a matéria e a mente, entre o infinito e o finito.
Segundo essa teoria há apenas uma substância, apenas um Ser
real; por isso a doutrina é chamada de monismo, ou seja, "tudo é
uma coisa só". Torna, portanto, o mundo material não apenas co-
substancial com Deus, mas também co-eterno com Ele. Isso,
naturalmente, elimina o conceito da criação, a não ser como
processo eterno e necessário. Nega que o Ser infinito e absoluto
tenha, em si mesmo, inteligência, consciência ou vontade.

a. O infinito e absoluto
O infinito vem a existir no finito. A vida toda, consciência,
inteligência e conhecimento de Deus é explicada através da
consciência, inteligência e conhecimento da matéria. O
panteísmo, portanto, nega a personalidade de Deus, pois tanto a
personalidade como a consciência implicam uma distinção entre
o "eu" e o "não eu", e essa distinção, segundo o panteísmo, é uma
limitação incoerente com a natureza do Deus infinito, o qual, por
conseguinte não é uma pessoa que possa dizer "Eu" e que possa
ser chamada de "Tu".

b. Seu significado

46
Pode-se definir personalidade como existência dotada de
autoconsciência e do poder de autodeterminação.
São três os elementos constitutivos da personalidade:
intelecto, ou poder de pensar; sensibilidade, ou poder de sentir; e
volição, ou poder de vontade. Associados a esses, temos a
consciência e a liberdade de escolha. Se pudermos provar que
são atribuídas a Deus operações de intelecto, sensibilidade e
volição, então podemos afirmar Sua personalidade.
Pelos nomes dados a Deus e que revelam personalidade.
Um dos nomes mais importantes pelos quais Deus se tem feito
conhecer é o de Jeová. Foi por esse nome e suas várias
combinações que Ele se revelou nas diversas relações que
sustenta com os homens. Jeová foi revelado a Israel na ocasião
em que este foi chamado a confiar em Deus numa nova relação
de aliança. Tudo que significa para nós o nome de Jesus,
significava Jeová para o antigo Israel. Significava para eles tudo
que está envolvido na salvação e na benção, Eloim era Deus
como Criador de todas as coisas, enquanto Jeová era o mesmo
Deus em relação de aliança com aqueles que por Ele haviam sido
criados. Jeová, pois significa "o único Ser eterno e imutável, que
era, que é e que há de vir. É o Deus de Israel e o Deus daqueles
que são remidos, pelo que agora, em Cristo, podemos dizer:
Jeová é o nosso Deus".
O nome de Jeová é combinado com outras palavras, sendo
assim formados os chamados jeovístocos

47
" EU SOU “ (Ex 3:14; Jo 8:58); Esse nome revela auto
consciência.
"EU SOU O QUE SOU" é o pensamento que fica por detrás
do nome Jeová. Três coisas estão ali envolvidas: a autossuficiência
de Deus, Sua absoluta soberania e Sua imutabilidade.
"JEOVÁ JIRE " (O Senhor proverá) (Gn 22:13,14); Esse
nome revela providência pessoal.
"JEOVÁ NISSI “(O Senhor é nossa Bandeira) (Ex 17:15); Esse
nome revela preservação pessoal.
"JEOVÁ ROPECA" (O Senhor que sara) (Ex 15:26); Esse
nome revela preservação pessoal.
"JEOVÁ SHALOM “(O Senhor nossa Paz) (Jz 6:24);Esse nome
revela Deus como Aquele que concede paz pessoal.
" JEOVÁ RAA" (O Senhor é o meu pastor) (Sl 23:1; 95:7);
Esse nome revela orientação, proteção e bondade pessoal.
" JEOVÁ TISIDEQUENU " (O Senhor Justiça Nossa) (Jr 23:6; I
Co 1:30); Esse nome revela Deus como justiça pessoal imputada,
assim satisfazendo nossas obrigações e necessidades pessoais
para com Ele.
" JEOVÁ SABAOTE " (Senhor dos Exércitos ) (I Sm 1:3); Esse
nome revela liderança e domínio pessoal.
"JEOVÁ SAMÁ" (O Senhor está presente) (Ez 48:35); Esse
nome revela presença pessoal.
" JEOVÁ ELION " (Senhor Altíssimo) (Sl 97:9; 7:17; 47:2; Is 6:1);
Esse nome revela preeminência.

48
"JEOVÁ MICADISKIM " (O Senhor que vos santifica) (Ex
31:13); Esse nome revela purificação pessoal.

Deus é transcendente e iminente


O Deus infinito está não apenas acima do universo inteiro,
mas também habita dentro dele; Deus é tanto transcendente
como iminente. Isto que vimos no capítulo I é o que distingue o
teísmo do deísmo e panteísmo. Salomão reconheceu a
transcendência de Deus em sua oração de dedicação do templo:
"Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te podem conter,
quanto menos esta casa que eu edifiquei" (I Rs 8:27). Deus
conferiu existência ao universo, e o sustém pelo seu poder, mas
não depende dele para sua existência ao contrário, está além
dele, transcende-o. - Mas Deus também é iminente.

Deus é uno e ao mesmo tempo triuno


a. Essa é a verdade contrária aos seguintes erros:
-> Sabelianismo, ou seja, uma trindade modal, que
mantém que há apenas três aspectos ou manifestações de uma
só pessoa.
-> Schwedenborgianismo, que sustenta que o Pai, o Filho
e o Espírito Santo são três elementos essenciais de um Deus,
como corpo, alma e espírito do homem.
-> Triteísmo sustenta que há três Deuses, e não três
distinções pessoais no Deus uno

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-> Areanismo A Trindade são três Pessoas eternamente
inter-constituídas, inter-relacionadas, inter- existentes e, por
conseguinte inseparáveis dentro de um único ser e de uma única
substância ou essência; isto se prova:
-> Pelo nome hebraico dado a Deus que mui
freqüentemente é encontrado na forma plural, Eloim (Gn 1:1)
-> Pelo emprego da palavra hebraica "único".
-> A palavra hebraica que significa um no sentido
absoluto é yacheed; mas essa palavra nunca é usada no hebraico
para expressar a unidade divina, ao contrário se usa achad que
indica unidade composta (I Tm 2:5; Mc 12:29).
-> Pelos pronomes plurais acerca de Deus (Gn 1:26,27; 11:7;
Is 6:8; 40:14)
-> Por declarações diretas (Is 48:16; 61:1,2)
-> Na Comissão Apostólica (Mt 28:19,20)
-> Na Benção Apostólica (II Co 13:13)
-> No Batismo de Jesus (Mt 3:16,17)
-> No ensino de Jesus (Jo 14:16)
-> No ensino de Paulo no tocante aos dons do Espírito (I
Co 12:4-6).

b. A Trindade revela-se em três Pessoas:


Um Pai que é Deus (Rm 1:7) -> Criador
Um Filho que é Deus (Hb 1:8) -> Salvador
Um Espírito Santo que é Deus (At 5:3,4) -> Guiador

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1) Um Pai quem domina sobre tudo (Jo 1:3; Mt 6:26,31,32; Hb 1:3; Cl
1:27)
2) O Filho pelo qual Deus realiza tudo.
O Deus Pai trata seu Filho também de Deus (Hb 1:8-12); o Filho
aceita esta forma de tratamento dos homens (Jo 20:28):
-> Ele é o criador e Preservado do Universo (Hb 1:2,3)
-> Ele é o princípio e o fim de todas as coisas (Ap 22:13)
-> Ele perdoa pecados (Mc 2:5-10; Lc 7:48)
-> Ele tem poder sobre vida e morte (Jo 5:25-29; Ap 1:18)
-> Ele é Juiz sobre tudo (Jo 5:22; Hb 2:8)
-> Ele é o Deus revelado (Jo 14:9)
No filho Deus se tornou homem para assim completar a obra
da redenção.
c. O Espírito Santo, pelo qual Deus preserva tudo (Hb 1:1-3; 10; II
Co 5:19; Sl 139:7)
Sendo Deus, também ele é pessoa e não apenas poder ou
teoria, porque as Escrituras chamam Deus (At 5:3-4; II Co 3:18).
Ele age como pessoa:
-> Ele participa na criação (Gn 1:1,2)
-> Ele pune e contende (Gn 6:3)
-> Ele convence do pecado ( Jo 16:8)
-> Ele convida a vir a Cristo (Ap 22:17)
-> Ele opera o renascimento ( Jo 3:5)
-> Ele habita no crente (Jo 14:17)
-> Ele inspirou as Escrituras (II Pe 1:21)
-> Ele introduz o leitor nas Escrituras (Jo 16:13)

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-> Ele só é a garantia da participação no arrependimento
(Rm 8:11).
Sendo Ele pessoa é possível agir alguém contra a sua
pessoa. Poderemos:
-> Entristecê-lo (Ef 4:30);
-> Extingui-lo (I Ts 5:19);
-> Contender contra ele (Gn 6:3);
-> Blasfemar contra ele (Mt 12:31).

Os mesmos atributos e atos, nas Escrituras, são dados a


cada uma das três pessoas sem distinção:

-> Eternidade (Dt 33:27; Hb 1:8,9,14)


-> Onipresença (Jr 23:24; Sl 139:7; Mt 18:20)
-> Onisciência (At 15:18; Jo 21:17; I Co 2:10)
-> Onipotência (Gn 17:1; Mt 28:18; Ap 11:11)
-> Sabedoria (Dn 2:20l; Fl 2:3; Ef 1:17)
-> Inspiração (II Tm 3:16; I Pe 1:11; II Pe 1:21)
-> Santificação (I Ts 5:23; Hb 13:12; I Pe 1:2)
-> Criação (Gn 1:27; Jó 33:4; Jo 1:3)
-> Doador da vida (At 17:25; II Cr 3:6; Cl 3:4)
Em síntese, todas as operações divinas são atribuídas à mesma
adorável Trindade (I Co 13:6; Cl 3:11)

Deus é absoluto - Deus é absoluto em toda a sua essência e em


todos os seus atributos. Isto significa que Ele é ilimitado,

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incondicional, independente e com isso também imutável
quanto a sua natureza e atributos. Ele mesmo diz com respeito
aos seu nome: "Eu sou o que Sou" Ex 3:14.

Deus é livre - Deus é livre em todas as suas ações. Ele é


independente em tudo. Liberdade é a manifestação harmônica,
sem constrangimento e sem pressa desenvolvimento de tudo o
que é bom. Portanto é o contrário de arbitrariedade. É o agir sem
constrangimento do capricho, do sentimento e da idéia própria.

Deus é eterno - Isto é, sem princípio e sem fim (Sl 90:2; Ap 1:8; I
Tm 6:15,16; Is 40:28); pelo fato que Deus é eterno, não há com Ele
as divisões de "tempo" como "o passado" ou "o presente" e "o
futuro". É a verdade que Ele criou tais divisões para nós humanos.
Por isso, nós podemos lembrar do passado experimentar o
presente e planejar o futuro. Não podemos mudar o passado ou
garantir o futuro. Mas, com Deus não há nada disso, Ele é eterno;
Ele conhece o fim desde o princípio, pois com Ele não existe
"tempo".

Deus é onipresente - Isto é, sem princípio e sem fim (Sl 139:7-10;


Jr 23:23,24). Agora tendo declarado que Deus está em todos os
lugares ao mesmo instante queremos dizer que Ele não se
manifesta em todos os lugares da mesma maneira. "Assim diz o
Senhor; O céu é o meu trono, a terra a estrada dos meus pés" Is
66:1. "...o qual exerceu Ele em Cristo, reabilitando-O dentre os

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mortos, e fazendo- O sentar no seu trono, é o lugar onde Deus se
manifesta especialmente. Porém, já estudamos que Deus é
triuno, (três pessoas em Um só Deus). Deus, o pai se manifesta
especialmente no céu, o lugar do Seu trono. Deus o filho
manifestou-se especialmente aqui na terra no tempo do V.T.
como o "Anjo do Senhor" e no N.T. como Jesus Cristo. Deus o
Espírito Santo manifesta-se em todos os lugares: - Na criação
natural (Gn 1:2); - Nos crentes (Rm 8:9); - Com os não salvos (Jo
16:7-11).

Deus é onisciente (Sl 139:1-6; 147:5; I Jo 3:20) - A palavra


onisciência significa conhecer as coisas perfeitamente. É um
atributo que pertence somente a Deus. Nenhuma criatura é
onisciente, nem o pode ser, ainda que alguns podem atingir um
grau de entendimento muito mais elevado do que outros. O
nosso entendimento, ainda o do mais sábio dos homens, não
passa de ser o de uma criança em comparação com o onisciente
Deus. Através das Escrituras há muitas declarações revelando as
maravilhas do conhecimento de Deus. Ele vê tudo que se passa
em todos os lugares (Pv 15:2); Ele sabe quantas estrelas há e
chama cada uma pelo seu nome (Sl 33:13-15; Pv 5:21); Ele sabe
cada palavra que saia da boca de todos os homens (Sl 139:4); Ele
conhece todos os nossos problemas e tristezas (Ex 3:7); Ele
conhece até os nossos pensamentos (Sl 139:1,2); Ele sabe desde a
eternidade tudo que será até a eternidade (Is 46:9,10; At 15:18).

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Deus é onipotente - Isto significa que para Ele nada é
impossível (I Tm 6:15,16; Lc 1:37). "...para Deus tudo é possível" Mt
19:16. A palavra onipotente significa "todo poder" e quando trata
de Deus o sentido é que, Deus pode fazer tudo; que não há nada
que seja demais difícil para Ele ou que seja além dos Seus
poderes. A obra da criação é um exemplo do poder de Deus.
Ninguém outro pode criar (Sl 33: 6-9); revela que Deus apenas
falou (deu a ordem) e os céus, a terra e tudo que compõem os
universos chegaram a existir. Não somente Ele criou tudo pela
Sua palavra, mas Ele sustenta tudo pelo mesmo poder de Sua
palavra (Hb 1:3).
Este atributo é representado em uma variedade de
formas, para o duplo fim de infundir temor e reprimir aos ímpios,
e proporcionar forças e consolação aos justos (Sl 19:21,22; Rm 2:2-
11; 4:20,21; I Ts 5:24).

Deus é imutável - Este atributo é indicado no seu augusto e


majestoso título: "Eu sou" (Ex 3:14; Jo 8:58; Sm 15:29; Nm 23:19; Jó
23:13; Sl 102:27; Is 26:4) no hebraico lê-se ROCHA DAS IDADES (Ml
3:6; Tg 1:17).
Atribui-se também a sua imutabilidade da ordem geral da
natureza; na revolução dos corpos celestes, a sucessão das
estações, as leis à produção animal e vegetal é a perpetuação de
toda espécie de ser. Não se deve interpretar este atributo como
significado que suas operações não admitem circunstâncias (Ex
32;14; Ez 18:20-30). Ele cria e Ele destrói, Ele ama e Ele aborrece.

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Isto é prova, não de mudança em Deus, mas de princípios
imutáveis.
Sua imutabilidade o qualifica para Supremo Governador de
tudo, porque as coisas nos reinos da natureza e da graça são
governadas por leis fixas. Sê fosse doutro modo não haveria
segurança em nada, nem nenhum curso uniforme da natureza.
Este atributo de Deus é a grande fonte de terror para os
impenitentes, e de animação para os que são de coração contrito
(Sl 4:21,22; Rm 2:2-11; 4:20,21; I Ts 5:5-24).

ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS


Tese IV: “Os Atributos (qualidades) Morais de Deus aqui
enumerados representam apenas uma pequena janela referente
à: Santidade, os valores do livre arbítrio, das escolhas, da Justiça -
ação correta e do Amor (ágape) de Deus, como um ser
absolutamente moral e voltado ao bem”.

A santidade de Deus
Santo em toda a contextura bíblica, tem o sentido duplo:
O de absoluta separação do mal e a completa entrega ao bem
(Dt 7:6; Is 6:3). A santidade de Deus é o seu atributo mais exaltado
e destacado, pois expressa a majestade de Sua natureza e caráter
moral. Pois a Santidade de Deus trata do fato que Ele é
absolutamente puro reto e justo. Ela se manifesta em tudo que
ele faz, em todas as relações com as Suas criaturas.

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a. A importância da doutrina
Há um sentido em que todo o plano da salvação foi feito
para satisfazer a santidade de Deus.
Conforme revelada nas Escrituras, nas quais a santidade de
Deus não só é constante e poderosamente levada à atenção do
homem, mas também é apresentada como principal motivo de
regozijo e adoração no céu. (I Pe 1:16; Ap 4:8; Lc 5:8; Hb 12:14; Is 6:3).
Conforme evidencia por nossa própria constituição moral,
na qual a consciência mostra sua supremacia sobre todo impulso
e afeição de nossa natureza. Por exemplo, podemos ser gentis,
mas devemos ser retos; portanto, Deus em cuja imagem fomos
criados, pode ser misericordioso, mas há de ser santo (Rm 2:14-16;
II Pe 2:4,5,9).
Conforme se vê nos próprios tratos de Deus, nos quais a
santidade condiciona e limita o exercício de outros atributos.
Assim, por exemplo, na obra remidora de Cristo, embora seja o
amor que faz expiação, a santidade violada é que exige, e no
castigo eterno dos ímpios, a exigência da santidade, que requer
auto-vindicação, abafa o apelo do amor em favor dos sofredores
(Sl 85:10).
Conforme demonstrada no plano e na providência
redentora de Deus, nos quais a justiça, e a misericórdia são
conciliados somente através do sacrifício de Cristo, previsto e
predeterminado. A declaração de que Cristo é o "Cordeiro que foi
morto, desde a fundação do mundo" implica a existência de um
princípio da natureza divina, que requer satisfação antes que

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Deus possa dar início à obra da redenção. E esse princípio não
pode ser outro senão a santidade.

b. Significado de santidade quando se refere a Deus.


(Rm 3:26; Sl 85:10; 111:9; Ex 15:11);
A título de definição, duas coisas podem ser inferidas das
Escrituras: (Lv 11:43-45; Dt 23:14).
Não afirmamos apenas que Deus quer permanecer
separado de tudo que contamina, como se a santidade fosse
simples questão de vontade, afirmamos, antes que Ele é
separado de tudo quanto é de natureza pecaminosa. A santidade
é uma característica de Seu ser. Disse Jó 34:10
Positivamente - que por santidade de Deus se entende a
absoluta perfeição, a pureza e a integridade de Sua natureza e
Seu caráter.
(I Jo 1:5) A santidade não é alguma pureza morta, não é a
perfeição de uma estátua de mármore sem defeito. Pois a vida,
tanto quanto a pureza, faz parte da idéia de santidade. Aqueles
nos quais não se achou mentira na sua boca, perante o trono, são
os seguidores do Cordeiro por onde que vá - santa atividade
acompanhando e expressando seu estado de santidade.

c. Sua realidade bíblica (Sl 99:9; Is 57:15; Hb 1:13: I Pe


1:15,16)
Deus Pai é chamado de "Pai Santo" (Jo 17:11); Deus Filho é
chamado "o santo" (At 3:14; Is 41:14); Deus Espírito é chamado de

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"Espírito Santo" (Ef 4:30); As Escrituras frisam o fato de que Deus é
santo, sua natureza moral essencial é Santidade.

d. Sua manifestação
A santidade de Deus demonstrada: No ódio de Deus contra
o pecado (Hc 1:13; Gn 6:5,6; Pv 15:9,26; Dt 25:16; Pv 6:16-19); todo o
sistema mosaico de abolições; as divisões do tabernáculo; a
divisão do povo em israelitas comuns; sacerdotes e Sumos
sacerdotes aos quais era permitido diferentes graus de
aproximação a Deus, sob condições estritamente definidas; a
insistência na necessidade do sacrifício como meio de
aproximação à Deus; as instruções dadas pelo Senhor a Moisés
(Ex 3:5) ; a Josué (Js 5:15); a punição de Uzias (II Cr 26:16-23); as
ordens estritas a Israel em referência à aproximação do Sinai,
sobre o qual o Senhor Jeová desceu; a destruição de Coré, Data e
Abira (Nm 16:1-33); e a destruição de Nadabe e Abiú (Lv 10:1-3);
todas essas coisas tiveram a intenção de ensinar, salientar e
gravar nas mentes e nos corações dos israelitas a verdade de que
Deus é Santo. A verdade de que Deus é santo é a verdade
fundamental da Bíblia, tanto do A.T. como do N.T., tanto da
religião judaica como da religião cristã.
1). No seu deleite naquilo que é santo e reto (Pv 15:9; Lv
20:26; 19:2).
2). Na separação entre Deus e o pecador (Is 59:1,2; Ef 2:13; Jo
14:6); ao providenciar a libertarão do homem do pecado e os
frutos de uma vida santo ( I Pe 1:15; 2:24; Rm 8:1-4; 6:22).

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e. A aplicação da Santidade de Deus
A percepção da santidade de Deus gera a reverência e o
temor no coração daqueles que chegam à Sua presença
consciente, a não ser que estejam empedernidos no pecado (Hb
12:28,29; Is 6:1-3; Ex 3:4-6); O único alvo do cristianismo é a
santidade pessoal. A santidade pessoal, porém, será o único alvo,
absorvente e atingível do homem, somente à medida que ele
reconhecer que a santidade pessoal é o único atributo
preeminente de Deus.
1) A pura luz da santidade de Deus revela a negritude de
nosso pecado (Jó 42:5,6; Is 6:5)
Não existe perdão sem expiação. O pecado precisa ser
coberto, oculto da santa contemplação de Deus, mas nada pode
fazer isso senão o sangue, o sangue de Cristo (Hb 9:22; 10:9; Ef 1:7).
Toda aproximação a Deus só é realizada à base do sangue
derramado. A expiação encontra sua mais profunda exigência na
santidade de Deus.
A santidade de Deus exalta Sua graça e Seu amor remidor,
providenciado a aceitação daqueles que são pecadores e ímpios.
(Rm 5:6-8; Jo 3:16); Como é maravilhoso o amor de Deus! Não seria
para admirar se um Deus profano pudesse amar homens
profanos, mas que o Deus cujo nome é santo. O Deus
infinitamente Santo, tenha podido amar seres tão totalmente
pecaminosos como nós, essa é a maravilha das eternidades. Há

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muitos mistérios profundos na Bíblia, mas nenhum outro tão
profundo como este.

Retidão e a Justiça de Deus


Estes atributos são na realidade, as manifestações da
santidade e de sua relação com os homens, mas não são aqui
separadamente por motivos de conveniência e de ênfase. A
santidade, entretanto, tem a ver mais particularmente com o
caráter de Deus, enquanto na retidão e na justiça este caráter é
expresso nas relações entre Deus e os homens.
Justiça e retidão são simplesmente a santidade exercida
para com as criaturas. A mesma santidade que existe em Deus
desde a eternidade, agora se manifesta em justiça e retidão, logo
que criaturas inteligentes passam a existir.
Deus se move por uma vereda de eqüidade e santidade
absolutas e perfeitas, e as mesmas qualidades que asseguram
que serás transportado em segurança até as eras eternas, se
estiveres ligado a Deus, também tornam certo que serás
pulverizado se te colocares na frente das rodas do julgamento.
Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, benigno em todas
as suas obras (Sl 145:17; 116:5; De 9:15; Jr 12:1; Jo 17:25); Todos os
requisitos exigidos por Deus aos homens são absolutamente
retos em seu caráter.

O Amor de Deus

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O cristianismo é, realmente, a única religião que exibe o Ser
Supremo como Amor. Os deuses dos pagãos são irascíveis, seres
odiosos que necessitam ser constantemente apaziguados. Não é
assim o nosso Deus; seu amor, qual ponte, transpõe o abismo do
tempo. Permanece firme sob as mais pesadas pressões. Vez por
outra, tal tem sido o peso dos pecados humanos que os melhores
dentre os homens temeram que a ponte viesse a ceder debaixo
da carga. O amor de Deus é mais abundante que a atmosfera. O
ar se eleva em camada sobre a terra até à altura de cerca de
cinquenta quilômetros enquanto o amor de Deus atinge o
próprio céu e preenche o universo.
O amor é aquele atributo de Deus pelo qual Ele se inclina a
buscar os melhores interesses de Suas criaturas e a comunicar-se
a elas, a despeito do sacrifício que nisso está envolvido; ou como
definição alternativa, o amor de Deus é Seu desejo pelo bem-
estar desses seres amados e o deleite que tem nisso (I Jo 3:16;
4:8,16; Mt 5:44,45; I Jo 4:7).
O amor, em sua forma mais excelente, é uma relação entre
seres pessoais e inteligentes. O caráter daquele que ama fornece
o caráter ao amor. Porque Deus é perfeito, Seu amor é perfeito;
porque ele é santo, Seu amor é santo e puro. Por meio de Seu
amor Ele procura despertar amor correspondente por parte do
homem.
(I Jo 4:16; 4:8; Jo 3:16); Assim como existe uma mente mais
alta que a nossa, semelhante existe um coração maior que o
nosso. Deus não é simplesmente Aquele que ama; Ele é

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igualmente o Amor que é amado. Há uma infinita vida de
sensibilidade e afeição em Deus. Deus tem sensibilidade, e isso
em grau infinito. O sentimento por si só, porém, ainda não é
amor. O amor implica não apenas em receber, mas em dar, não
meramente em emoção, mas em concessão. Assim é que o amor
de Deus se manifesta em Sua atividade eterna de dar (Tg 1:15):
"Deus dá". Dar não é um episódio em Seu ser; faz parte de Sua
natureza. E não somente dar, mas dar-se a Si mesmo. isso fez Ele
eternamente, nas autocomunicações da Trindade; isso Ele faz
igualmente em Suas relações com os homens, no dar-se por nós,
em Cristo, e a nós, no Espírito Santo.

Seus objetos
Deus ama Seu filho como o objeto original ímpar e eterno
de Sua afeição. Se Deus é amor eterno, esse amor há de ter um
objeto eterno, portanto, deve haver, devido a uma necessidade
no próprio ser divino, uma multiplicidade de pessoas na
divindade (Mt 3:17; 17:5; Lc 20:13; Jo 17:24)
Deus ama aqueles que, pela fé, estão unidos a Seus Filho
(Jo 16:27; 14:21,23)
Deus ama a todos os homens, mas Ele tem um amor
peculiar por aqueles que se acham em Cristo (Jo 17:23). O amor
deles por Deus é o resultado de Seu amor por eles: "Nós o
amamos porque ele nos amou primeiro" (I Jo 4:19).
Deus ama ao mundo, ou seja, a toda a raça humana, e a
cada componente da raça (Jo 3:16; I Tm 2:3,4; II Pe 3:9).

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Deus ama aos pecadores, aos ímpios, àqueles que estão
mortos no pecado. Isto não significa que Ele os ame na
capacidade de pecadores, mas, antes como Suas criaturas que se
tornaram tais. Mas significa que Ele ama Suas criaturas a despeito
de sua impiedade e pecado (Rm 5:6-8; Ez 33:11; Ef 2:4,5); Deus
ama ao mundo, aos ímpios e pecadores: Ele tem um amor ímpar
para com Seu filho, e um amor peculiar por aqueles que estão
unidos ao Filho pela fé e pelo amor.

Sua manifestação
No sacrifício infinito que fez pela salvação dos perdidos, a
quem Ele ama (Jo 3:16; I Jo 4:9,10); a maior aproximação de
semelhante sentimento que conheço é o caso de Davi que
desejou que ele próprio pudesse ter morrido em lugar de seu
filho rebelde ingrato: "Meu filho Absalão, meu filho, meu filho
Absalão! Quem dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho,
meu filho!"
No proporcionar pleno e completo perdão aos crentes
arrependidos (Is 55:7).
No ministrar aqueles a quem Ele ama, protegendo-os do
mal (Dt 32:9-12; 33:3,12; Is 48:14,20,21).
No castigar e punir Seus filhos, para o bem destes (Hb 12:6-
11).
No afligir-se quando Seus amados são afligidos,
lembrando-se deles em todas as suas experiências (Is 63:9;
49:15,16); o amor de Deus se manifesta na obra expiatória de

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Cristo, no perdão dos crentes arrependidos, e na provisão para
todas as suas necessidades.

A misericórdia e a Graça de Deus


Apesar de que talvez a misericórdia e a graça não possam
ser classificadas em eras distintas e separadas como as eras do
Antigo e do Novo Testamento, em seu emprego bíblico,
entretanto, isso é feito amplamente. O termo "misericórdia" tem
seu emprego mais freqüente no Antigo testamento, ao passo que
o termo "graça" é mais freqüentemente encontrado no Novo
Testamento. Misericórdia é comummente usado em conexão
com o termo "longanimidade", sendo aquele em grande parte
negativo, e este positivo. A significação dos dois em conjunto,
parece ser equivalente à palavra "graça" do N.T., a qual contém
ambos os aspectos, negativo e positivo.

a. A misericórdia de Deus
1) Seu significado - A misericórdia de Deus é aquele
princípio e qualidade que descreve Sua disposição e ação em
relação aos pecaminosos e sofredores, sustendo penalidades
merecidas e aliviando os angustiados. A misericórdia de Deus é
misericórdia santa, que sabe perdoar o pecado, porém não

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protegê-lo; é um santuário para quem se arrepende, mas não
para quem dela presume.
Podemos dizer que a misericórdia é como o arco-íris que
Deus colocou nas nuvens para relembrar à humanidade e que
brilha aqui enquanto não é impedida; não adianta, porém,
procurá-la depois do anoitecer, e também não brilha no outro
mundo. Se rejeitarmos a misericórdia aqui, lá teremos a justiça.
2) Sua realidade bíblica (Sl 3:8; 145:8; 86:15; 62:12: Dt 4:31);
As escrituras dão grande ênfase à misericórdia de Deus;
estabelecem-na como fato do ser divino.

b. A graça de Deus
A graça é algo em Deus que se encontra no âmago de
todas as Suas atividades remidoras; é Deus baixando-se e
estendendo a mão, inclinando-se desde as alturas de Sua
majestade, a fim de tocar e segurar a nossa insignificância e
pobreza. (Philips)
A graça é o amor que ultrapassa tudo quanto se possa
exigir do amor. É o amor que, após cumprir as obrigações
impostas pela lei, tem ainda inexaurível tesouro de bondade.
(Dale) Graça - que é graça? A palavra significa, em primeiro
lugar, amor em exercício para com aqueles que são inferiores ao
que ama, ou que merecem justamente o contrário; é amor que se
inclina condescendente amor paciente que perdoa (Mac Laren)
Graça é um vocábulo moderno usado no N.T. para traduzir
a palavra grega Charis, que significa "favor" sem recompensa ou

66
equivalente. A graça, portanto, caracteriza a era presente, assim
como a lei caracterizava a era compreendida entre o Sinai e o
Calvário. "Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça
e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo." E esse contraste,
entre a lei como método e a graça como método, percorre toda a
revelação bíblica da graça. É porém, importantíssimo e vital,
observar que as Escrituras nunca, em nenhuma dispensação
misturam esses dois princípios. A lei sempre tem posição e obra
distinta e completamente diversa na posição e obra da graça.
Em resumo se pode dizer que os atributos de Deus
funcionam em duas diferentes áreas:

 Os atributos legislativos, executivos e judiciários.


 Os atributos morais: santidade, justiça, amor,
imutabilidade (verdade) e misericórdia.

A LEI E A GRAÇA POSTAS EM CONTRASTE


LEI GRAÇA
De proibindo e exigindo – Ex Deus rogando e concedendo –
20.1-17 II Co 5.18,21
Ministério de Condenação – Ministério de Perdão – Ef 1.7
Rm 3.19
Condena – Gl 3.10 Redime de Condenação –
Gl 3.13/Dt 21.22,23
Mata – Rm 7.9,11 Vivifica – Jo 10.10
Fecha todas as portas perante Abre as portas para louvá-lo –

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Deus – Gl 3.19 Rm 10.9,10; Sl 107.2
Põe uma grande distância de Aproxima de Deus o homem
culpa entre o homem e Deus – culpado –
Ex 18.19-20 Ef 2.13
Diz: “olho por olho, dente por Diz:“Não resistais ao perverso;
dente” mas a qualquer que te ferir na
Ex 21.24 face direita, volta-lhe também a
outra”. – Mt 5.39
Diz: “Faze e viverás”. – Lc 10.28 Diz: “Crê e viverás”. Jo 5.24
Condena totalmente o Justifica gratuitamente o pior –
melhor dos homens – Fp 3. 4-9 Lc 23.34/ Rm5.6/ I Tm 1.15/I Co
6.9-11.
É um sistema de provação – É um sistema de favor – Ef 2.4,5
Gl 3.23-25
Apedreja uma adúltera – Dt Diz: “Nem eu tampouco te
22.21 condeno –
Jo 8. 1,11
A ovelha morre pelo pastor – I O Pastor morre pela ovelha – Jo
Sm 7.9; Lv 4.32 10.11

c. A manifestação da misericórdia e da graça de Deus


-> A misericórdia perdoa; a graça justifica (I Tm 1:13; Ex
34:7; Rm 3:24);
-> A misericórdia remove a culpa e a pena; a graça
imputa a justiça (Pv 28:13; Rm 4:5);

68
-> A misericórdia salva do perigo; a graça proporciona
uma nova natureza (Sl 6:4; Ef 2:8-10);
-> A misericórdia liberta seu objeto; a graça o transforma
(Lc 10:33-37; Tt 2:11,12; Ef 4:22,23);
A misericórdia e a graça têm a sua manifestação em
conexão com a salvação do crente; as manifestações da
misericórdia são em grande parte negativas, enquanto a da graça
são positivas.

A verdade de Deus
O atributo da verdade de Deus é considerado em duas
formas: veracidade e fidelidade.
Veracidade quer dizer que Deus é verdadeiro em suas
argumentações. Porque Deus é verdade podemos crer nas teses
divinamente reveladas. Veracidade de Deus é um resultado da
sabedoria absoluta e de seus sentimentos santos. Veracidade é o
requisito para uma revelação verdadeira. Mas isto não é a
revelação completa da verdade, pois Deus tem muitas verdades a
revelar.
Quando afirmamos que Deus é fiel dizemos que Ele é de
confiança. Aquilo que Ele promete, Ele também cumprirá. A
perfeição de Deus e do crente, isto é bem compreensível. Ele
possui estes seus diferentes atributos de maneira ilimitada e
equilíbrio perfeito e harmonioso. Um não depende do outro, o
que geralmente se dá com os atributos humanas, estes são, na
sua maioria parciais. Se porém, a mesma passagem bíblica (Mt

69
5:48) nos exorta a que sejamos perfeitos como Ele é, parece-nos
que não podemos crer. Aparentemente é exigir demais, e diante
desta exortação tendemos a desanimar.
"Em Cristo" são considerados por Deus, como perfeitos e
isto segundo o seu valor. Ao lado de sue Filho, não há para Deus
nada de maior valor, que os remidos. Eles foram comprados pelo
melhor preço, pelo sangue de seu Filho (Cl 2:10).

MÓDULO lV

PNEUMATOLOGIA:
DOUTRINA DA PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

70
Tese V: “Na vinda do Espírito Santo no dia de pentecostes, foi o
cumprimento de duas promessas de Deus Pai: Joel 2:28 e João
14:18. A Bíblia nos apresenta o Espírito Santo como a terceira
pessoa da trindade que tem sua função específica. Veja: O Pai é
o Criador, o Filho é o Salvador e o Espírito Santo é o Mentor. A
Trindade se manifesta também como Tri – Unidade”.

INTRODUÇÃO:
A. Resumo Diretrizes:
Sabemos que Deus age de modo a revelar três pessoas
distintas da mesma essência: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
Santo.
1. O Espírito Santo é Deus (I Jo 5:7; At 5:4; II Co 3:17,18),
agindo de modo pessoal para Glorificar e dar continuação à obra
do Senhor Jesus, até levá-la à consumação (Jo 15:26; I Jo 5:7; Jo
16:7-14,15). O Espírito de Deus foi dado, para habitar conosco,
guiar-nos em toda a verdade, consolar-nos e capacitar-nos para a
obra do reino de Deus.
2. O Espírito Santo é uma pessoa (Jo 14.16 e 26; Rm 15.30; I
Co 12.11; Ef 4.30) não apenas uma influência, mas é uma
emanação de Deus; não é uma tendência de bondade que o
homem (ao converter-se) começa a liberar de dentro de si
mesmo. O Espírito de Deus é o executivo da divindade, operando
tanto na esfera física como moral. Por intermédio do Espírito,
Deus criou e preserva o universo (Gn 1:2 e 26). Por meio do
Espírito, (o dedo de Deus, Lc 11.20) Deus opera na esfera espiritual,

71
convertendo os pecadores, santificando, sustentando os seus
seguidores e distribuindo dons espirituais para a edificação da
Igreja.
3. É também a tarefa do Espírito Santo conduzir os
pecadores ao arrependimento. (Jo 16.7-11; 3.3-5; Tito 3.4-5). Após a
regeneração passa a morar na vida do regenerado (Rm 8.9-11; 14 -
16).
A sua divindade é provada por seus atributos Divinos que
são: Eterno, Onipresente, Onipotente, Onisciente (Hb 9.14; Sl 139.7-
10; Lc 1.31; I Co 2.10-11) entre outros. Também é provada por suas
obras divinas tais como: criação, regeneração e ressurreição (Gn
1.2; Jó 33.4; Jo 3.5-8; Rm 8.11). É classificado junto com o Pai e o
Filho (I Co 12.4-6; II Co 13.13; Mt 28.19; Ap 1.4).

A Importância Desta Doutrina


Devido às divergências teológicas é necessário acharmos o
equilíbrio segundo o contexto bíblico. O exagero gera fanatismo
e charlatanismo; A negligência gera decadência e frieza
espiritual. Pois não há cristianismo real e santificação sem a ação
do Espírito Santo.
O Espírito Santo não é outro senão aquele membro da
Divindade Eterna, que traz a vida ao povo de Deus e os frutos da
vitória conquistada por Cristo em sua vida, morte e glorificação
(Jo 16.14,15). ”O Espírito guarda com ciúme a honra do Filho (Deus
Filho) e rejeita a glória dada a Si mesmo e aos homens”. (Novo
Dicionário da Bíblia, pág. 548). O ministério do Espírito, neste

72
sentido, é um “derramar”, das bênçãos obtidas por Cristo a favor
dos pecadores.
Esta dimensão traz implicações importantes. Pois ressalta a
loucura de tentar separar a obra do Espírito Santo da obra de
Cristo. Manifestações ou busca de manifestações do Espírito,
quando não relacionadas com um interesse primordial pela
glória de Deus em Jesus Cristo, carecem de autorização das
Escrituras inspiradas pelo Espírito Santo.

A personalidade do Espírito Santo:


Em nossos dias existe explanação, muito erro e confusão
no tocante à personalidade, às operações e às manifestações do
Espírito Santo. Eruditos conscientes, mas equivocados têm
sustentado pontos de vista errôneos a respeito dessa doutrina. É
vital para a fé de todo cristão, que o ensino Bíblico a respeito do
Espírito santo seja visto em sua verdadeira luz e mantido em suas
corretas proporções.
PRÉ – PENTECOSTAL – O Espírito Santo preexistia como a
terceira pessoa da divindade, e nessa qualidade esteve sempre
ativo, mas o período que antecedeu ao dia de Pentecoste não foi
a época de sua atividade especial. O período do Antigo
Testamento foi de preparação e espera.
Durante esse período pré-pentecostal, o Espírito descia
sobre os homens apenas temporariamente, a fim de inspirá-los
para algum serviço especial, e deixava-os quando essa tarefa
ficava terminada.

73
PÓS – PENTECOSTAL – Este período que se estende do dia
de Pentecoste até os nossos dias pode legitimamente ser
chamado de dispensação do Espírito. Após o dia de Pentecoste,
por meio do Espírito Santo, Deus veio para habitar nos homens.
Ele vem para permanecer. O dia de Pentecoste marcou o raiar de
um novo dia nas relações entre o Espírito Santo e a humanidade.
Ele veio para habitar na Igreja. A Igreja, o verdadeiro corpo de
Cristo, habitado pelo Espírito Santo de Deus, é tão indestrutível
como o Trono de Deus.

A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO

SIGNIFICADO
Contêm em si mesmo os elementos de existência pessoal.
É difícil definir Personalidade quando é atributo de Deus. Deus
não pode ser aquilatado pelos padrões humanos. Pode-se dizer
que a Personalidade existe quando se encontram, em uma única
combinação, inteligência, emoção e volição, ou ainda,
autoconsciência e autodeterminação. O Espírito Santo possui os
atributos, propriedades e qualidades de Personalidade, então se
pode atribuir a esse ser, inquestionavelmente, Personalidade.

A Necessidade de Prova
 Em contraste com as necessidades com as outras pessoas
da divindade. - As ações e operações do Espírito Santo são de tal
forma secretas e místicas, tanta coisa se diz de Sua influência,

74
graça, poder e dons, que ficamos inclinados a pensar nEle como
se fosse uma influência, um poder, uma manifestação ou
emanação da natureza divina, e não como uma pessoa.
 Por causa dos nomes e símbolos usados a respeito do
Espírito Santo, que sugerem o que é impessoal, tais como: Fôlego,
vento, poder, fogo, azeite e água. Jo 3:5-8; At 2:1-4; Jo 20:22; I Jo
2:20; Ef 5:18; I Ts 5:19.
 Pelo fato de nem sempre o Espírito. Santo, ser associado
ao pai e ao filho, diz-se que é impessoal. I Ts 3:11
 Pelo fato de a palavra "Espírito Santo" ser neutra (Grego=
pneuma).

Provas Textuais
Seus pronomes pessoais masculinos. Jo 15:26; Jo 16:7, 8,13,14
 Associação com outras pessoas da divindade e com os
homens. Mt 28:19; At 15:28; II Co 13:14
 Características pessoais do Espírito Santo.
Por características não nos referimos a mãos, pés ou olhos,
pois essas coisas denotam corporeidade, mas antes, qualidade,
como conhecimento, sentimento e vontade, que indicam
Personalidade.
 Inteligência – I Co 2:10,11; Rm 8: 27; Jo 14: 26
 Vontade (Volição) – I Co 12: 11
 Amor – Rm 15:30; Ef 4: 30 (emoções)
 Devemos nossa salvação tão verdadeiramente ao amor
do Espírito Santo como ao do Pai e ao amor do filho.

75
 Bondade – Ne 9: 20
 Tristeza – Ef 4: 30
Ninguém pode entristecer a lei da gravidade, ou fazer com
que se lamente o vento oriental. Portanto, a não ser que o Espírito
Santo seja uma Pessoa, a exortação de Paulo (Ef 4:30), seria sem
significado e supérflua.
 Atos pessoais do Espírito Santo. – Através das Escrituras o
Espírito Santo é representado como um agente pessoal, a realizar
atos que só podem ser atribuídos a uma pessoa.
Registre versículos bíblicos que comprovam atributos pessoais do Espírito Santo

 Ele perscruta as profundezas de Deus – I Co 2:10


 Ele fala – Ap 2 : 7; Gl 4:6
 Ele dá testemunho – Jo 15:26
 Ele intercede – Rm 8:26
 Ele ensina – Jo14:26; Jo 16:12-14; Ne 9:20
 Ele guia e conduz – Rm 8:14; At 16:6,7
 Ele chama homens e os comissiona – At 13:1-3; At 20:28
 Ele convence o mundo – Jo 16:8
 O Espírito Santo merece tratamento pessoal
 Pode o homem rebelar-se, e entristecê-lo – Is 63:10; Ef
4:30
 Pode o homem mentir – At 5:3
 Pode o homem blasfemar – Mt 12:31,32
Diz Webster que blasfemar significa "falar do ser Supremo
em termos de ímpia irreverência; ultrajar ou falar
repreensivamente de Deus, de Cristo ou do Espírito Santo". E

76
blasfemar desse modo seria impossível se o objeto da irreverência
não fosse pessoal.
Declaração Doutrinária – Mediante o uso de pronomes
pessoais, mediante as associações pessoais, mediante as
características pessoais possuídas, as ações pessoais realizadas e
o tratamento recebido, as Escrituras provam que o Espírito Santo
é uma pessoa.

Sua Importância
1) Em Conexão Com A Adoração – Se o Espírito Santo é
uma pessoa Divina, e, no entanto, é desconhecida ou ignorada
como tal, está sendo privado do amor e da adoração que lhe são
devidos. Se, por outro lado, entretanto, Ele é apenas uma
influência, uma força ou um poder que emana de Deus,
estaríamos praticando idolatria ou falsa adoração.
2) Do Ponto De Vista Do Trabalho – É necessário decidirmos
se o Espírito Santo é um poder ou força que nos compete obter e
usar, ou se Ele é uma Pessoa da Divindade, que tem o direito de
controlar-nos e usar-nos. O primeiro conceito leva à auto-
exaltação e à altivez, mas a outra nos conduz à auto-humilhação
e à auto-renúncia.
3) Por Motivo De Sua Relação Com A Experiência Cristã.
– É do mais alto valor experimental sabermos se o Espírito
Santo é mera influência ou força impessoal, ou se é nosso Amigo
e Ajudador sempre presente, nosso divino Companheiro e guia.

77
A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
As escrituras ensinam enfaticamente a Divindade do
Espírito Santo. Não obstante, tem existido aqueles que negaram
essa verdade. Ário, um Presbítero de Alexandria, do quarto séc. de
nossa era, introduziu o ensino, sustentando que Deus é Uma
Eterna Pessoa, e que Ele criou Cristo, o qual por sua vez criou o
Espírito Santo, negando assim Sua Divindade. Esse ensino obteve
grande aceitação nas igrejas, mas foi corrigido pelo Concílio de
Nicéia, de 325 D.C.

a. Significado
Por Divindade do Espírito Santo se entende que Ele é Um
com Deus, fazendo parte da Divindade, Co-igual, Co-eterno e
consubstancial com o Pai e com o Filho. Mt 28:19; Jr 31:31–34 com
Hb 10:15 – 17.

b. Sua Prova
As Escrituras ainda deixam mais clara a verdade da
Divindade do Espírito Santo do que a sua Personalidade. São
abundantes as provas Bíblicas.

1) Nomes Divinos.
 Chamado Deus – At 5:3 – 4
 Chamado Senhor – II Co 3:18

2) Atributos Divinos

78
● Eternidade – Hb 9:14
● Onipresença – Sl 139:7 – 10
● Onipotência– Lc 1:35
● Onisciência – I Co 2:10 –11
● Verdade – I Jo 5:6
● Santidade – Lc 11:3
● Vida – Rm 8:2
● Sabedoria – Is 40:13

3) Obras Divinas.
 Criação – Jó 33:4; Sl 104:30
 Transmissão de Vida – Rm 8:1; Jo 6:63; Gn 2:7; Jo 3:5 – 8; Tt
3:5; Tg 1:18
O Espírito Santo é o autor, tanto da vida física como da vida
espiritual
 Autoridade da Profecia Divina – II Pd 1:21; II Sm 23:23

4) Aplicação do A.T. (JEOVÁ/ ESPÍRITO SANTO)


Is 60:8 – 10 comparando com At 28:25 – 27 e Ex 16:7 com Hb
3:7 –10 a. Os profetas eram os mensageiros de Deus, eles
profetizavam as palavras do Senhor, transmitiam seus
mandamentos, pronunciavam suas ameaças e anunciavam suas
promessas, visto que falavam conforme eram movidos pelo
Espírito Santo. Serviam de agentes de Deus porque eram

79
também do Espírito Santo. Por conseguinte, o Espírito há de ser
Deus.

5) Associação com Deus Pai e Filho


●Comissão Apostólica – Mt 28:19
●Na Administração da Igreja – I Co 12:4-6
●Na Benção Apostólica – II Co 13:13
Declaração Doutrinária- De muitos modos inequívocos,
Deus, em Sua palavra, proclama distintamente que o Espírito
Santo não é apenas uma pessoa, mas é uma Pessoa Divina.

OS NOMES DO ESPÍRITO SANTO


NOMES QUE DESCREVEM SUA PRÓPRIA PESSOA

a. Espírito – I Co 2:10
O termo grego "PNEUMA", aplicado ao Espírito Santo, tanto
envolve o pensamento de "fôlego" como o de "vento".
1) – Como fôlego – Jo 20:22; Gn 2:7; Sl 104:30; Jó 33:4; Ez 37:1 –
10
2) – Como vento – Jo 3:6 – 8; At 2:1 – 4
3) - O Espírito é o hálito de Deus – a vida de Deus que dEle
sai para vivificar.
4) - Veja Os Símbolos Aplicados Ao Espírito Santo:
 Ele é comparado com ÁGUA – Jo 7:38 – 39; Jo 4:14 –
Referência de que Ele vivifica

80
 Ele é comparado com ÓLEO – Lc 4:18; At 10:38; II Co 1:21; I
Jo 2:20 – Referência de que Ele ilumina e prepara para o serviço
de Deus.
 Ele é comparado com uma POMBA – Mt 3:16; Mc 1:10; Lc
3:22; Jo 1: 32 – Referência à sua pureza.
 Ele é comparado com um SELO – II Co 1:22; Ef 1:13 e 4:30 –
Referência à sua garantia de nossa redenção.
 Ele é comparado com VESTIMENTA – Lc 24: 49 – Cobrir de
santidade.
 Ele é comparado a um PENHOR - II Co 1:22 e 5:5; Ef 1:14 –
Ele nunca falha.
 Ele é comparado com FOGO – At 2:3 – Ele aquece nossos
corações.
 Ele é comparado com um SERVO – Gn 24 – Está sempre
pronto a nos servir.

b) ESPÍRITO SANTO – Lc 11:13; Rm 1:4


O caráter moral essencial do Espírito é salientado nesse
nome. Ele é SANTO (maior atributo de DEUS), em pessoa e
caráter, e também é o autor direto da Santidade do homem. O
nome Espírito Santo é tomado com toda frequência, não por ser
este mais Santo que os demais da Divindade, mas porque
oficialmente sua Obra é Santificar.

81
c) ESPÍRITO ETERNO – Hb 9:14
Assim como a eternidade é atributo ou característica da
natureza de Deus, semelhantemente a eternidade é atributo do
Espírito Santo como uma das distinções pessoais no Ser de Deus.

MÓDULO V

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

Ao considerarmos a obra do Espírito Santo, precisamos


lembrar a verdade que todas as pessoas da Divindade são ativas
na obra de cada Pessoa individual. Alguns os dizem que Deus Pai
operou na Criação, que Deus Filho operou na Redenção e que
Deus Espírito Santo opera na Salvação. Mas isso não é verdade,
pois em cada manifestação das obras de Deus, a Trindade total se

82
mostra ativa: o Pai é o Autor, o Filho é o Executor e o Espírito é o
Ativador de cada ato. Por conseguinte, o Espírito Santo é Aquele
que ativa e leva a término os atos iniciados.

EM RELAÇÃO AO UNIVERSO MATERIAL.


a. No tocante á Criação – Sl 33:6; Jó 33:4
b. No tocante á Restauração e Preservação - Gn 1:2; Sl
104:29,30; Is 40 :7
EM RELAÇÃO AOS HOMENS NÃO REGENERADOS.
a. O Espírito Luta com Eles – Gn 6:3; Mt 5:13 – 16
b. O Espírito Testifica-Lhes – Jo 15:26; At 5:30 – 32
c. O Espírito Convence-Os – Jo 16:8 – 11 do Pecado, da Justiça e
do Juízo. Nessa tríplice obra, o Espírito Santo glorifica a
Cristo. Ele mostra-nos que é pecado não confiar em Cristo,
revela-nos a Justiça de Cristo e a obra vitoriosa de Cristo em
relação a Satanás. Nossa tarefa consiste tão somente em
pregar a palavra da verdade, dependendo do Espírito Santo
para produzir convicção. (At 2:4 e 37)

EM RELAÇÃO AOS CRENTES.


O Espírito Regenera – Jo 3:3 – 6; Tt 3:5; Jo 6:63; I Pd 1:23; Ef 5:
25,26; I Cor 2:4 comparar com I Cor 3:6. Assim como Jesus foi
gerado pelo Espírito Santo, semelhantemente todo homem, para
que se torne filho de Deus, precisa ser gerado pelo Espírito Santo.
a. Ele batiza no Corpo de Cristo – Jo 1:32 – 34; I Co 12:12 –
13; At 1:5. O batismo do Espírito Santo é aquele ato que tem lugar

83
por ocasião da conversão (Jo 3:5-7; Rm 8:9), mediante o qual a
pessoa se torna membro do corpo de Cristo (II Co 5:17; Ef 1:13-14).
Essa obra tem sido realizada na vida de cada crente, embora nem
sempre seja reconhecida. O batismo do Espírito Santo não é algo
a ser conquistado pelo crente após a regeneração; antes, já foi
obtido por ocasião da regeneração (I Co 3:16). O batismo do
Espírito Santo teve início no dia de Pentecoste (At 2:1-3), mas se
estende através dos séculos e prosseguirá até que o último
membro tenha sido acrescentado à igreja. (Ef 4:4)
b. Ele Habita no Crente – I Co 6:15-19; 3:16; Rm 8:9
c. Ele Sela – Ef 1:13,14; 4:30
d. Ele Santifica – Lv 20.7 e 8; I Ts 5.23; I Pe 3.15; Jo 17.17; I Co
6-9-11; II Tm 2.21; Hb 12.14
e. Ele proporciona Segurança – Rm 8: 14,16/ I Co 1: 22
f. Ele Fortalece – Ef 3:16
g. Ele Enche o Crente – Ef 5:18-20; At 4:8,31; 2:4; 6:3; 7:54-
55; 9:17,20; 13:9-10,52; Lc 1:15,41,67-68; 4:1; Jo 7:38-39
h. Ele Liberta/ Guia/ Orienta Em Segurança – At 8: 27-29
i. Ele Equipa para o Trabalho (Ilumina/Instrui/Capacita) – I
Co 2:12 – 14; Sl 36:9; Jo 16:13-14; I Co 12:11; I Tm 1:5
j. Ele produz Fruto da Graça Cristã – Gl 5:22-23; Rm 14:17;
15:13; 5:5; Gl 2:20
k. Ele possibilita todas as Formas de Comunhão com
Deus (Oração/Adoração e louvor/Agradecimentos) – Judas 20; Ef
6:18; Rm 8:26-27; Fp 3:3; At 2:11; Ef 5:18-20
l. Ele Vivifica o Corpo do Crente – Rm 8:11,13

84
EM RELAÇÃO A JESUS CRISTO
a. Concebido pelo Espírito Santo – Lc 1:35; Mt 1:20. O
Espírito Santo produziu o corpo humano do Filho de Deus
mediante um ato criador. O Filho de Deus chamou esse corpo de
preparado (Hb 10:5). Era impossível que Aquele que é
absolutamente santo, se revestisse de um corpo que tivesse vindo
ao mundo por geração natural. Se este tivesse sido o caso, teria
Ele possuído um corpo maculado com a mancha do pecado.
b. Ungido com o Espírito Santo – At 10:38; Is 61:1; Lc
4:14,18; Is 11:2; Mt 12:17-18
c. Guiado pelo Espírito Santo – Mt 4:4
d. Cheio do Espírito Santo – Lc 4:1; Jo 3:34
e. Realizou seu Ministério no Poder do Espírito Santo –
Lc 4:18-19; Is 61:1; Lc 4:14
f. Ofereceu-Se em Sacrifício pelo Espírito Santo – Hb 9:14
g. Ressuscitou pelo Poder do Espírito Santo – Rm 8:11;
Rm 1:4
h. Deu Mandamentos aos Seus, pelo Espírito Santo – At
1:1,2
i. Doador do Espírito Santo – At 2:33. Jesus Cristo viveu toda
a sua vida terrena dependendo inteiramente do Espírito Santo e
a Ele sujeito.

85
EM RELAÇÃO ÀS ESCRITURAS
a. Seu Autor – II Pe 1:20-21; II Tm 3:16; II Pe 3:15-16; Jo 16:13.
As escrituras referem-se ao Espírito Santo como o Agente Divino
da comunicação da verdade de Deus aos homens.
b. Seu Interprete – Ef 1:17; I Co 2:9-14; Jo 16:14-16. Para
interpretar corretamente as escrituras só é possível por meio da
Revelação do Espírito Santo. As Escrituras foram dadas pelo
Espírito Santo, e sua verdadeira interpretação só é possível por
meio de Sua iluminação.
Que Deus através de seu Espírito, venha iluminar o teu
coração, com o propósito de que possas desfrutar de toda a
Suficiência dele em sua vida, que recebeste desde o momento de
sua regeneração.

MÓDULO VI
O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Há de se entender que o batismo sempre significa imergir,


e sempre há o elemento e a autoridade correta ao ministrá-lo.
Nesse tipo de batismo, somente Cristo é o ministrante, e o
Espírito Santo é o elemento; Como João o Batista testifica: ”E eu,
em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas
aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas

86
sandálias não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito
Santo, e com fogo”. Mt 3:11
Note que João o Batista menciona três tipos de batismos
distintos: “com água”, “com o Espírito Santo”, e “com fogo”. E em
todos os casos são sempre externos, ainda que seus efeitos
atinjam a alma.
O batismo “com água”, é o testemunho externo da lavagem
ou regeneração que já foi feita no interior do coração ou na alma.
O batismo “com o Espírito Santo”, é o testemunho externo
do recebimento do Espírito Santo propósito que sempre esteve
escondido no coração de Deus, a saber, o Seu propósito de
dispensar Sua graça, em Cristo, sobre todas as nações da terra,
para de todos fazer um, destruindo a parede de separação que
estava no meio, ajuntando-os em um corpo, isto é, em Sua
amada igreja de Deus.
O batismo “com Fogo”, é a plenitude do Espírito que faz a
pessoa ficar ousada e fiel a favor do Reino de Deus (Lucas 12:49). O
batismo com fogo também representa a presença do Fruto do
Espírito. (Gl 5:22-23).
Deus outrora já mostrou pelo Seu ato extraordinário,
histórico e crível, que, em Cristo, todos independentes da raça,
são feitos seus filhos, e participantes de uma fé comum. O quadro
era assim: entre os povos, os judeus eram uma raça nobre, os
samaritanos uma raça mista e desprezível, os gentios uma raça
imunda e contaminada, mas Deus disse: “Chamarei meu povo ao
que não era meu povo; E amada à que não era amada”. (Rm

87
9:25). “Eu direi àquele que não era meu povo: Tu és meu povo; e
ele dirá: Tu és meu Deus”. (Os 2:23). Deus disse isso através do
derramamento de Seu Espírito sobre toda a carne.

SANTIFICAÇÃO:
Na Bíblia, o termo “santificação” significa, basicamente,
separação para determinado fim, especificamente, para o serviço
de Deus. Portanto, a santificação é fazer santo, ser
exclusivamente de Deus, uma obra do Espírito Santo na vida da
pessoa que visa separar-se do mal e identificar-se com as coisas
que são boas, justas e puras. É um processo vitalício que ocorre à
medida que a pessoa se consagra a Deus (Rm 12.1-2; I Ts 5.23; Hb
13.12).
A Bíblia ensina que “todos os crentes precisam ser santos
porque Deus é Santo” (I Pe 1.16). Porque “sem a santificação
ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Viver em santidade somente é
possível pelo poder do Espírito Santo, que Inicia este processo no
momento da regeneração, também chamado “derramamento
do Espírito” quando somos purificados e transformados,
passando a ser “templos do Espírito Santo”. Mas a “plenitude do
Espírito ou Batismo” (quando se entende batismo por encher-se,
mergulhar e ser pleno do Espírito), ocorre, após a regeneração,
como resultado da consagração total, experiência essa que
poderá repetir-se algumas vezes na vida do cristão e que visa a
realização da santificação, ou viver puro e eficiência no
desempenho de ministérios. (Experiência essa também chamada

88
pelos pioneiros de “segundo ato da graça” (exemplo de uma
árvore: primeiro ato indica cortar a parte visível da árvore,
segundo ato é eliminar as raízes da árvore). Mas que devido
implicações teológicas tais como: ver na Santificação remoção do
pecado original, ver a santificação como uma experiência
instantânea, ver a regeneração em Cristo como uma experiência
imperfeita – Unilateral – (Double Cure or Redemption Twofld” – A
cura dupla ou redenção em duas etapas, Jo 8.36) etc, em várias
reuniões internacionais, nacionais, e em fóruns mundiais de
teologia, após longos e árduos debates, foi preferido deixar de
usar esta terminologia.
Um teólogo internacional, em um dos Fóruns Mundiais de
Teologia da Igreja de Deus, referindo-se ao segundo ato de graça,
(junho 1986) disse o seguinte: “Não podemos nos regenerar,
receber dons espirituais e nos santificar sem a Ação do Espírito
Santo. Portanto a Santificação, sem dúvida, inicia-se com a
nova vida em Jesus Cristo e não apenas numa experiência
futura. Queremos buscar novas bênçãos, novas energias, fazer
correções em nossa vida Cristã; queremos continuar pregando,
ensinando e desafiando os regenerados em Cristo a buscarem o
enchimento e a ação do Espírito Santo em suas vidas, mas não
queremos fazê-lo com o velho vocabulário que tem suas bases
teológicas duvidosas”.
A Igreja de Deus, como movimento de Santidade (que tem
suas raízes na teologia wesleyana, enfatiza um contínuo encher-
se do Espírito (Ef 5.18) “E não vos embriagueis com vinho, no qual

89
há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Este texto no original
grego está no gerúndio portanto pode ser traduzido como
“continuem enchendo-vos sempre com o Espírito santo”). Essa
teologia enfatiza um contínuo crescimento e purificação na vida
do cristão como disse Jesus em Jo 15.2:”Todo ramo que, estando
em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa,
para que produza mais fruto ainda”.
A santificação é um reconhecimento diário de nossa união
com Deus através do seu filho Jesus Cristo. Quando essa
identificação acontece, é natural os crentes oferecerem cada
parte do seu ser para que o Espírito Santo o controle (Rm 6.1-11,13;
Gl 2.20; Fp 2.12,13; I Pe 1.15,16; Jo 15.1-5). A Santidade e a vitória em
nossa vida Cristã são obras do Espírito Santo. (Hb 12: 14; II Co 7:1
e I Ts 5.23) Ele produz os seus frutos em nos capacita para
testemunhar, servir e crescer no Espírito. (Gl. 5:22-23; 5:16; 25-26).

A IMPORTÂNCIA DESTA DOUTRINA


A conversão é apenas o início do crescimento espiritual. Embora
sejamos declarados santos, é necessário “continuar a santificar-se”
(Ap 22.11; Ef 4.12-16). Enquanto o crente se submete à obra do
Espírito Santo e à Palavra de Deus, progressivamente é
transformado em direção à natureza divina, à semelhança de
Cristo. Esta doutrina é importante porque muitos crentes param
de crescer espiritualmente depois da salvação ou até depois que
experimentam uma experiência com o Espírito Santo.

90
A. SANTIFICAÇÃO EXPLANADA:
Neste capítulo temos referência à santificação do crente. A
aplicação da palavra a outras coisas será referida só para lançar
luz sobre a santificação do crente.

A SANTIFICAÇÃO PASSADA DOS CRENTES


Há um sentido em que o povo salvo já foi santificado.
a. Referência Escriturística
Atos 20:32; 26:18; I Cor 1:2; 6:11; II Ts 2:13; Hb 19:19; I Pe 1:2
b. Natureza
A santificação passada do crente é tríplice:

1) Consagração
O crente foi consagrado ou dedicado ao serviço de Deus.
Temos o tipo disto na santificação do tabernáculo e do templo
com seus apetrechos e equipamentos. Vide Ex 29:37; 30:25-29;
40:8-11; Lv 8:10,11; 21:23; I Rs 7:51; II Co 2:4; 5:1; 29:19. A santificação
pode ser observada em Gn 3:2; Jl 1:14; Jr 1:5; Jo 10:36.
Santificação neste sentido é uma separação formal e
externa para Deus. Não há pensamento aqui de santidade
interna.
2) Purificação legal
Esta é a espécie de santificação referida em I Co 1:30; Ef
5:26; Hb 10:10; 13:12. Aos olhos da Lei do Velho Testamento o
crente é santo; porque Cristo, por Sua morte, pagou a penalidade

91
da Lei e, pelo Seu sangue, lavou toda culpa (I Co 6:11; Gl 3:13; Ap 1:5;
7:14).
3) Purificação moral da alma
Noutro capítulo já indicamos que a regeneração remove
toda culpa e transforma os apetites da Alma e pela santificação
remove a depravação da alma e do corpo, ou natureza espiritual
do homem, de maneira que a única tendência pecaminosa que
fica no homem é a natureza carnal, a qual é muitas vezes referida
como corpo. Cremos que esta espécie de santificação está
referida em II Ts 2:13 e I Pe 1:2, também I Co 6:11.
Tanto quanto diz respeito à remoção da presença do
pecado da alma, o crente tem uma perfeita santificação moral,
tanto como uma perfeita santificação formal e legal. Fica no
crente, como veremos, a necessidade de mais santificação, mas
esta não tem que ver com a remoção do pecado da alma. A alma
se faz sem pecado na regeneração e neste sentido está
perfeitamente santificada.
A SANTIFICAÇÃO PRESENTE DO CRENTE
Há um sentido em que o crente está sendo santificado.

a. Referência da escritura
Jo 17:17,19; Rm 6:19-22; 15:16; I Ts 5:23; Hb 2:11; 10:14; 12:14; I Pe
1:15. Alistamos aqui passagens somente em que “hagiasmos”,
“hagiazo” ou “hagios” aparecem no original. Há muitas outras
passagens que, indiretamente, se referem à santidade presente
do crente.

92
b. Como ela se realizada
1) Deus é o autor
Jo 15: 1-5; 17:17; I Ts 5:23.

2) O Espírito Santo é o agente


Rm 15:16. O Espírito Santo realiza a nossa santificação
presente por guiar (Rm 8:14), transformar (Rm 12:2; II Co 2:18),
fortificar (Ef 3:16), fazer frutífero (Gl 5:22,23).

3) A morte de Cristo é a base


A morte de Cristo provê a base para tudo da obra do
Espírito Santo.

4) A palavra de Deus é o Instrumento do Espírito


Jo 17:17. Isto está provado por todas as passagens que
ensinam que a verdade promove obediência, previne e purifica
do pecado, faz-nos odiar o pecado e causa-nos crescer na graça.
Vide Sl 119:9, 11, 34, 43, 44, 50, 93, 104; Hb 5:12-14; I Pe 2:2.

5) A fé é o meio principal
É pela fé que a instrumentalidade da Palavra se faz
eficiente. A fé é ao mesmo tempo o resultado da obra
santificadora do Espírito e o meio principal para Sua obra
santificadora interior.

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6) Nossas próprias obras são também um meio para nossa
presente santificação
Rm 6:19. Assim como o exercício físico é necessário ao
crescimento espiritual. O exercício físico desenvolve o apetite
para o alimento, do qual recebemos nutrição que produz
crescimento. O exercício espiritual desenvolve apetite para a
Palavra de Deus, do qual recebemos nutrimento espiritual que
produz crescimento na graça.

7) Outros meios menos diretos


Entre outros meios menos diretos em nossa presente
santificação nomeiem-se a oração, o ministério ordenado de
Deus (Ef 4:11,12), frequência à igreja e associação com crentes em
comunhão, observância das ordenanças do batismo e da Ceia do
Senhor, a observância do dia do Senhor e o castigo e as
providências de Deus.
Todas essas coisas ajudam para a nossa presente
santificação, não por causa de qualquer virtude intrínseca em si
mesma. Mas, somente pela plenitude do Espírito, como de um ou
outro meio, trazem-nos em contato com a verdade divina,
iluminam nossas mentes em relação a ela e trazem-nos a uma
apreciação mais elevada e mais completa em obediência a ela. É
somente desta maneira que o batismo, a Ceia e o Lava pés do
Senhor contribuem para a nossa presente santificação. Não são
sacramentos e muito menos sacramentos concessores de graças.

94
A graça recebida por meio das ordenanças não é recebida “ex
opere operato” do mero ato de observância.

c.A natureza
É “aquela operação contínua do Espírito Santo, pela qual
a santa disposição comunicada na regeneração é mantida e
fortalecida” (Strong, Systematic Theology, pág. 483).
1) O que ela não é
a) Não é um melhoramento da carne
Nossa presente santificação inclui o corpo (I Ts 5:23), mas
não tanto assim que altere essencialmente a pecaminosidade da
carne. A carne “milita” contra o Espírito (Gl 5:17). Mesmo num
soldado da cruz idoso e sazonado, como foi o apóstolo Paulo,
vemos que a carne estava ainda inalterada (Rm 7:14-24). O corpo
está incluído em que á alma, por meio da santificação, se dá
maior controle sobre ele e assim está guardado, até certo ponto,
de atos ostensivos de pecado; mas sua pecaminosidade essencial
está latente.
b) Não é uma eliminação gradual de pecado na alma.
Como já notamos, a alma se torna impoluta na
regeneração e se une com o Espírito Santo. Nenhum pecado fica
na alma, portanto, a ser eliminado por nossa presente
santificação.

2) O que ela é

95
a) É uma manutenção progressiva e fortalecimento da
alma em santidade.
Por meio de nossa presente santificação nossas almas são
confirmadas em santidade. Adão foi Santo na criação, mas não
foi confirmado em santidade. A natureza progressiva de nossa
presente santificação está bem implicada em Hb 2:11 e 10:14, onde
está empregado o particípio presente, que sempre denota ação
progressiva.
c) É inteiramente interna
Nossa santificação passada é em parte externa, mas a
presente é inteiramente interna.
d) É prática.
Conquanto seja interna, contudo, ela se manifesta
externamente em vida prática cristã.
e) É experimental
Nossa santificação passada pode ser só muito escuramente
experiencial no tempo em que ela ocorre, mas a presente é
definitivamente experiencial. O crente sente e conhece o
trabalhar do Espírito no seu coração, fortalecendo-o,
transformando-o de graça em graça (II Co 3:18), movendo-o à
oração, aos estudos da Bíblia e outros exercícios e atividades
cristãs. E esta obra do Espírito no crente é a fonte de sua firmeza.
É deste modo que o Espírito testemunha com os nossos espíritos
que somos filhos de Deus (Rm 8:18).
f) É sempre incompleta nesta vida.

96
A nova vida jamais ganha perfeito controle sobre a
natureza carnal; Isto nos leva a considerar:

REFUTADA A DOUTRINA DE PERFEIÇÃO


Um estudo da doutrina bíblica de santificação não é
completo sem uma consideração do ensino que a
impecabilidade é inatingível nesta vida. Argumentamos sobre o
seguinte:
a. Objeções a esta doutrina
1) O apóstolo Paulo, a quem Deus estabeleceu como um
exemplo humano para crentes (I Tm 1:16) e em cuja vida não
estamos certos de se ver qualquer falta, não teve, mesmo na
velhice, alcançada perfeição impecável.
É isto evidente de Rm 7:14-24. No décimo quarto
versículo há significativa mudança do tempo passado para o
presente. A última parte do verso vigésimo quinto mostra que a
vitória final sobre a força do pecado - Rm 8:23-25, vem somente
com a redenção do corpo, a qual terá lugar na ressurreição.
2) O modelo de oração dado por Cristo aos Seus discípulos
implica em possível pecaminosidade contínua por parte do povo
salvo.
Como sabemos, Cristo ensinou Seus discípulos a
confessar os seus pecados na oração modelo. Nem Ele em
qualquer tempo ou de qualquer modo insinuou ou implicou que
havia um tempo quando eles poderiam apropriadamente
dispensar esta confissão do pecado e petição de perdão.

97
3) O fato que todos são castigados por Ele mostra que
todos podem pecar (Hb 12:5-8). “Se estais sem castigo, do qual
todos são feitos participantes, então sois bastardos e não filhos”
(Hb 12:8). Não pode haver castigo sem pecado. Deus podia tratar-
nos de um modo providencial, se fossemos perfeitos, mas os seus
tratos não poderiam chamar-se castigo.
4) Tiago declara que todos pecam.
“Todos nós tropeçamos em muitas coisas?” (Tg 3:2).
5) João declara que quem professa impecabilidade está
enganado.
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-
nos a nós mesmos e a verdade não está em nós” (I Jo 1:8). “Nós”
certamente se refere a não crentes e a crentes. E o tempo
presente mostra que a passagem se refere, não a uma negação
de pecado anterior senão a uma negação de pecado atual. E esta
passagem nos diz que os professantes da perfeição impecável
estão autoiludidos. Quem está em pé, cuide para que não caia.

AS ESCRITURAS EXPLICADAS
Assumimos as seguintes passagens da Escritura tidas
pelos perfeccionistas impecáveis como prova da sua teoria.
a. As passagens que falam do crente como sendo
“perfeito”

1) Referimo-nos aqui a semelhantes passagens como Lc


6:40; I Co 2:6; II Co 13:11; Ef 4:11; Fp 3:15; Cl 4:12; II Tm 3:17.

98
A perfeição dessas passagens não é absoluta: é apenas
perfeição relativa. Algumas vezes a palavra perfeito refere-se só a
maturidade cristã em contraste com a fraqueza de criancinhas
em Cristo. Algumas vezes quer dizer somente que aqueles a
quem descreve estão livres de qualquer falta grave. Assim nos é
dito que Noé era um homem justo e perfeito? (Gn 6:9), ainda
mesmo bêbado (Gn 9:21). E assim se diz que Jó era perfeito e
justo? (Jó 1:1).
O emprego da palavra “perfeito” em Fp 3:15 lança luz
interessante e instrutiva sobre o seu sentido usual na Escritura. No
verso 12, como já notamos, Paulo renuncia à perfeição. Então, no
verso 15 ele endereça uma exortação à ”tantos quantos são
perfeitos”. É perfeitamente evidente, então, que no verso 12 ele
faz referência à perfeição absoluta, enquanto no verso 15 ele
alude aos que são relativamente perfeitos ou maduros. E a estes
ele exorta a sentir o mesmo. Por isto ele quer dizer que eles
devem renunciar à tese da perfeição absoluta, como ele fez, e
prosseguir para o aperfeiçoamento gradativo.
2) Mateus 5:48: “Vós, portanto, sede perfeitos, assim como
o vosso Pai Celeste é perfeito."
Nesta passagem Jesus firma para os Seus discípulos o ideal
de perfeição absoluta. Ele não podia ter firmado nada menos do
que isto sem contestar e encorajar o pecado. Mas não há nada
aqui ou em qualquer outro lugar que implique que os seguidores
de Cristo ainda alcancem este ideal absoluto na carne.

99
3) I Tessalonicenses 5:23: ”E o Deus de paz mesmo voz
santifique em tudo e sejam conservados inteiros vosso espírito e
alma e corpo sem mancha na vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo."
Esta passagem deve ser entendida à luz da própria
experiência de Paulo e à luz da Escritura como um todo. Se Paulo
orou pela completa santificação dos tessalonicenses nesta vida,
então ele orou por algo para eles que ele mesmo não tinha
provado, ou então que eles perderam mais tarde sua completa
santificação
A santificação porque Paulo orou para que Deus operasse
nos tessalonicenses foi, na verdade, santificação completa, como
evidenciado pela palavra grega “holoteles”; mas ele não indica
que é para se cumprir perfeitamente em algum momento da
vida. A menção da vinda de Cristo sugere que ele contemplou o
futuro como o tempo quando sua oração estava para ter
completa resposta.
4) I João 2:4: “Aquele que diz, eu O conheço e não guarda
os Seus mandamentos, é um mentiroso e a verdade não está
nele."
Juntamente com esta passagem podemos classificar
outras passagens semelhantes tais como Jo 14:23; Rm 8:12; I Jo 1:6.
5) I João 1:7: “O sangue de Jesus Cristo seu Filho purifica-
nos de todo pecado."

100
Alguns têm a ideia de que esta passagem quer dizer que o
sangue de Jesus Cristo faz-nos impecáveis quanto a estado. Mas
não é assim. O sangue de Jesus Cristo nos purifica do pecado.
6) I João 3:9: “Quem é nascido de Deus não peca, porque
Sua (de Deus) semente permanece nele; não pode pecar
porque é nascido de Deus."
A respeito dessa passagem, temos o seguinte a dizer:
a) Ela se refere ao padrão atual do viver cristão e não a
um mero padrão ideal.
A passagem fala do que é realmente o cristão na sua
conduta e não meramente de o que devera ser. Isto é evidente do
verso seguinte, que diz: Nisto (isto é, na sua inabilidade para
pecar) os filhos de Deus são manifestos e os filhos do diabo."
b) Ela se refere ao homem inteiro e não meramente à
nova natureza.
É evidente que a semente nesta passagem se refere à nova
natureza. O grego aqui é “sperma”. Está usada quarenta e quatro
vezes no Novo Testamento, significando quarenta e uma vezes,
não semente de plantio, mas “progênie”, descendências. Quando
a Palavra de Deus é chamada semente, o grego não tem
“sperma”, mas espora ou “sporos”. Vide Lc 8:11; 1 Pe 1:23.
Outra objeção de peso à idéia que “semente” representa
aqui a Palavra de Deus e o Qualquer que a nova natureza, é que
não é a Palavra de Deus que faz impossível a nova natureza pecar.
É a qualidade da nova natureza que faz isto impossível. Se a nova

101
natureza fosse pecaminosa, então a Palavra de Deus não
impediria que ela pecasse mais do que impede a carne de pecar.
Portanto, tomando a “semente” como se referindo a nova
natureza, necessariamente interpretamos qualquer que como se
referindo ao homem inteiro; porque é ele, o homem inteiro, em
quem a semente, a nova natureza, permanece, que não pode
pecar.

OS FRUTOS DA SANTIFICAÇÃO PROGRESSIVA.


Pensamos bom aqui alistar quatro coisas que J. M.
Pendleton, em “Christian Doctrines” dá como evidências ou frutos
das influências graciosas do Espírito Santo em nossa santificação
progressiva.

a. Uma noção profunda de desvalia


Nenhuma pessoa em quem o Espírito Santo fez qualquer
obra considerável tem qualquer disposição para envaidecer-se de
sua bondade. Para exemplos da noção de desvalia da parte dos
santos de Deus, vide Jó 38:1,2; 40:4; 42:5,6; Ef 3:8; Is 6. Também
Fp 3:12-15.
Um ódio crescente ao pecado
Nenhuma pessoa salva ama o pecado; isto é, o amor ao
pecado não é o afeto dominante de sua vida. Os pecados que ela
comete não são o resultado de um amor normalmente

102
dominante ao pecado senão de um levante ocasional da carne
ou da fricção constante entre a carne e o Espírito.

b. Um interesse crescente nos meios de graça


Quanto mais o Espírito Santo opera numa pessoa, tanto
mais ela aprecia a Palavra de Deus, a oração, o culto e os demais;
e mais ela se avantaja dos benefícios de tais atos.

c.Um amor em aumento das coisas celestiais


Este amor substitui o primeiro amor pelo pecado e faz o
filho de Deus buscar aquelas coisas que são de cima.

O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO


As nove manifestações do Espírito Santo (Fruto) em
Gálatas 5:22-23 estão no original grego no singular, o que
significa que não é suficiente ser praticante parcial das
manifestação do Espírito, mas é sim necessário ser pleno para
que Ele possa produzir essas qualidades que são a maior prova
da plenitude (batismo) com o Espírito Santo.
AMOR: (Ágape) O amor é a característica principal
daqueles que tiveram uma experiência com o Senhor Jesus, e
todos os demais frutos do Espírito Santo estão alicerçados no
amor. Quando a pessoa tem amor dentro do coração, ela tem
Deus dentro de si, porque Deus é amor. E como amar é dar, ela
então passa a viver lutando por aqueles que ainda não tiveram a
mesma luz que ela recebeu ao encontrar-se com o Senhor Jesus.

103
Quer dizer, a pessoa que aspira a ser um obreiro ou uma obreira
tem que estar bem ciente de que a sua vida será para o serviço
de Deus em favor dos seus semelhantes.

Alegria: (Chara) A alegria como fruto de Deus em nós


significa um estado permanente de graça diante do Senhor, uma
satisfação constante pelo fato de ser um instrumento nas mãos
do Altíssimo para ajudar os outros.

Paz: (Eirene) A paz é o estado de espírito em que o


verdadeiro cristão mantém dentro de si mesmo em meio às
tempestades que desabam sobre a sua cabeça. Quando a pessoa
é batizada com o Espírito Santo, ela jamais perde a paz; e a
mesma paz que ela recebe ela passa para as demais pessoas.

Longanimidade: (Makrothumia) A longanimidade é um


dos frutos que mais caracterizam o verdadeiro cristão, já que ele
significa paciência para suportar ofensas, afrontas e toda sorte de
provações por parte dos filhos do diabo. É quase impossível uma
pessoa não cristã suportar agressões sem se defender e ainda por
cima ter condições espirituais para orar pelos agressores.
Entretanto, quando a pessoa apresenta esse caráter longânime
quando nas provocações, então é porque realmente é de Deus. E
o obreiro precisa deste fruto como do ar para viver, já que na sua
luta ele enfrentará todo tipo de provocações e ainda assim terá
que suportar, não por obrigação, mas por amor aos semelhantes.

104
Benignidade: (Chrestotes) A benignidade é caracterizada
pela flexibilidade de tratamento gentil e cordial para com todos
os tipos de pessoas, quer sejam cristãs fracas ou não-cristãs. Uma
pessoa benigna jamais demonstra intransigência com os
semelhantes. Uma pessoa benigna jamais demonstra
intransigência com os semelhantes, pelo contrário, há um
profundo respeito por todos, independentemente da classe
social, da cor, do sexo, da idade ou da religião que a pessoa
professa. Se o obreiro não for benigno para com todos, como ele
encontrará benignidade da parte de Deus para com ele?

Bondade: (Agatosume) A bondade é mais uma forma de


amor e em muito se assemelha à benignidade, porque é
tolerante e não mede sacrifícios para ajudar e fazer valer a força
do amor para com o seu semelhante. É na bondade dos obreiros
que as pessoas que chegam à Igreja Universal do Reino de Deus
têm visto que ela realmente é uma Igreja do Espírito Santo.
Fidelidade – Fé = ( Pistis) É muito interessante cada
particularidade da expressão do amor, porque podemos notar
que cada “fruto” do Espírito Santo vai completando o anterior,
como se fosse fechando uma aliança. Cada um na dependência
do outro, e todos expressando somente um, que é o amor.
Não há amor sem que haja fidelidade, assim como não há
fidelidade se não há amor, tendo em vista que a fidelidade faz
parte do caráter leal do amor, razão pela qual a fidelidade é o

105
amor em exercício. Ora, o obreiro que não apresenta esse caráter
para com Deus, como o fará para com as pessoas a quem vai
servir? Por isso ele deve ser fiel nos seus dízimos e ofertas para
com o Senhor Jesus a fim de que também ele possa mostrar
lealdade nos seus semelhantes em o Nome do Senhor.

Mansidão: (Prautes) O Senhor Jesus disse: “Bem-


aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mateus 5.5).
A mansidão revela uma brandura de gênio e índole, que é o
resultado da verdadeira humildade, humildade esta do
reconhecimento e respeito do valor alheio somado à recusa de
nos considerarmos melhores do que o nosso semelhante. Isto é
fundamental no trabalho do obreiro, pois se ele não provar um
espírito manso para com aqueles que vem possuídos por
espíritos rebeldes, como se evidenciará a Obra de Deus na Igreja
do Senhor Jesus? A mansidão é o exercício do amor no sentido
de compreensão e admoestação àqueles que se encontram
perdidos no pecado.
Domínio Próprio: (Eckrateia) O domínio próprio é de tão
grande importância que o próprio Espírito Santo afirmou através
de Salomão: “Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o
que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade.”
(Provérbios 16.32); e “Como cidade derribada, que não tem muros,
assim é o homem que não tem domínio próprio.” (Provérbios
25.28). De fato, o que adianta apresentarmos uma fé inabalável,

106
capaz de transportar montanhas se não conseguimos controlar
os impulsos da nossa vontade carnal?

MÓDULO VII

DONS EXTRAORDINÁRIOS, SINAIS E MARAVILHAS


Introdução: Por causa da natureza do homem ser
pecaminosa, por ter um coração enganoso e por Satanás sempre
ter o desejo de usurpar para si mesmo o que é devido a Deus, os
dons extraordinários estão freqüentemente mal-entendidos. Há
grande destaque e procura dos dons extraordinários por vários
grupos religiosos como se os dons extraordinários estivessem
necessários para adoração a Deus.

107
DEFINIÇÃO DE SINAIS:
a. Os Sinais, Milagres e Dons Extraordinários e a Glória de
Deus - Deus é soberano e faz tudo segundo a Sua vontade - Ef 1.11,
“Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo
sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas
as coisas, segundo o conselho da sua vontade”; Sl 115.3, “Mas o
nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou.”; Sl 135.6,
“Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e
em todos os abismos”. Deus tem um único propósito: Tudo deve
redundar para a Sua glória - Ap 4.11; Rm 11.36; Is 48.11, Por amor de
mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o
meu nome? E a minha glória não a darei a outrem”. Deus nunca
muda, por isso os sinais, maravilhas e dons extraordinários devem
sempre glorificar Deus.
b. Os Sinais e os Dons Extraordinários e Cristo – Cristo é
“Deus Conosco” (Mt 1.23), a imagem do invisível (Cl 1.15), e o
resplendor da Sua glória (Hb 1.3). Por isso a correta percepção
dEle é de grande importância.
Para que Jesus fosse crido como o Messias prometido, Deus
autenticou a Sua Pessoa e obra pelos dons extraordinários - Jo
2.11, “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e
manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.”; Jo 5.36,
“Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as
obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu
faço, testificam de mim, que o Pai me enviou.”; At 2.22, “Homens
israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem

108
aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais,
que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem
sabeis”; Portanto podemos entender que um dos propósitos dos
sinais e os dons extraordinários é autenticação.

c. Os Dons Extraordinários e Satanás - O primeiro pecado


foi por causa do querubim “ungido para cobrir” elevar-se no seu
coração dizendo: “Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei,
aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei
semelhante ao Altíssimo” (Is 14.12-19; Ez 28.11-19). Querendo ser
semelhante a Deus O desonra da Sua glória e Soberania. Essa
mesma atitude será outra vez vista durante a Tribulação quando
o “homem do pecado, o filho da perdição” “se levanta contra tudo
o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará,
como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.” (II Ts
2.4) Para esta finalidade este “filho da perdição” usará dons
extraordinários também (II Ts 2.9; Ap 19.20). Serão para
comprovar e confirmar a sua mentira. Cuidado!

d. Os Sinais, as Maravilhas e a Imutabilidade de Deus –


Quando o assunto da cessação dos dons extraordinários é
tratado, a imutabilidade de Deus é questionada. Quando Deus
cura, faz milagres ou de outra forma se manifesta, Ele o faz para
comprovar e confirmar a Sua divindade e para exaltar o Seu filho
Jesus Cristo para a Sua glória. Deus pode alterar os Seus modos

109
de procedimento para manifestar as Suas obras especiais e não
ser menos do que imutável. Ele pode usar o Tabernáculo por
umas centenas de anos para habitar no meio do Seu povo (Ex
25.8) e depois pode usar o Templo para o mesmo propósito. Se
Ele decidir não usar o Tabernáculo nem o Templo para
manifestar a Sua glória, mas quer usar a pregação do Seu Filho
pela Sua igreja, Ele pode (Ef 1.22-23; 3.20-21). Fazendo assim
continuará sendo tão Deus quanto antes.

e. Os sinais e a Igreja, a Edificação e os Dons


Extraordinários – I Co 12-14. Os dons têm diversidade e são dados
a alguns para serem úteis à edificação da igreja local e nunca
para a grandeza daquele cristão que tem qualquer dom (I Co 12.
4-12; 14.14, 19).
f. Os Sinais e a História - No Velho Testamento a saída do
povo de Deus do Egito com sinais e o cumprimento de muitas
profecias veio ser uma parte da história das operações de Deus.
Também a peregrinação do povo de Deus por 40 anos no
deserto, repleta de sinais e maravilhas, veio ser uma parte da
história das operações de Deus. A entrada de Jesus no mundo
com sinais e maravilhas veio ser uma parte da história das
operações de Deus. Os sinais e maravilhas pelos apóstolos nos
dias da iniciação do Evangelho fazem parte da história das
operações de Deus. Também da mesma maneira o dia de
Pentecostes com seus sinais e maravilhas veio ser uma parte da
história das operações de Deus.

110
g. Os Dons Extraordinários e “Nestes Últimos Dias” – (Hb
1.1; 2.1-4) Deus fala nestes últimos dias pelo Filho. A mensagem da
salvação foi confirmada aos que estavam com Jesus e ouviram as
Suas palavras. Foi confirmado com eles pelos dons
extraordinários (Mc 16.14-20)“eles”; (Hb 2.3-4), “foi-nos depois
confirmada pelos que a ouviram; testificando Deus com eles”.
Esta grande salvação foi escrita e é preservada no cânon.
Tendo essa palavra completa (Ap 22.18-19) a qual já foi
confirmada pelos dons extraordinários, não temos necessidade
outra vez de uma obra especial além das Escrituras para Deus
comprovar a divindade de Jesus Cristo ou confirmar a sua
mensagem pelos Seus homens escolhidos. O que nos falta é a
pregação zelosa de Cristo O Salvador, de arrependimento e a fé
para a salvação e a obediência dessa Palavra de Deus diante de
toda criatura, intensificada pela ação do Espírito Santo. No
momento em que Deus achar por bem Ele fará o prodígio que for
necessário e não pela determinação do homem.

REVENDO O DOM DE LÍNGUAS.


“O Dom de Línguas”. Está baseado na primeira epístola de
Paulo aos Coríntios, capítulos 13 e 14.
v. 1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino
que tine.

111
v. 2 E ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse
todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor,
nada seria.
v. 3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para
ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
v. 4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o
amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
v. 5 Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal;
v. 6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
v. 7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
v. 8 O amor nunca falha; mas, havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá;
v. 9 Porque, em parte conhecemos, e em parte
profetizamos;
v. 10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em
parte será aniquilado.
v. 11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia
como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a
ser homem, acabei com as coisas de menino.
v. 12 Porque agora vemos como por espelho em enigma,
mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas
então conhecerei como também sou conhecido.

112
v. 13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,
estes três, mas o maior destes é o amor.”
Primeiro se pergunta: que vem a ser tais línguas? Serão um
ruído estranho que ninguém entende? O que é uma língua?
Língua, alguém disse bem, é idioma; é sistema de palavras que
exprimem pensamentos falados por certo povo. Língua = idioma.
Exemplos de línguas: o Inglês, o Alemão, o Português, o Chinês, o
Árabe, o Latim. O latim, hoje, não é falado por um determinado
povo; é uma língua antiga, arcaica. Mas não deixa de ser uma
língua. É um sistema de palavras que exprimem pensamentos;
sistema falado por certo povo. Isso é língua. Tudo o que sai da
boca em matéria de barulho é língua? Há gente que não sabe o
que é uma língua! A razão por que muitos interpretam mal o
“Dom de Línguas” é porque não sabem nem o que significa uma
língua.
No dia de Pentecostes, Deus manifestou a presença do
Espírito Santo através de milagre verdadeiro. Falaram-se línguas.
Não se fez barulho incompreensível. Falaram-se línguas, idiomas.
Atos 2:6-11.
v. 6. “E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma
multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua
própria língua.
v. 7. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns
aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que
estão falando?

113
v. 8. Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria
língua em que somos nascidos?
v. 9. Partos e medos, elamitas e os que habitam na
Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
v. 10. E Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a
Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
v. 11. Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas
próprias línguas falar das grandezas de Deus.” (Edição Corrigida e
Revisada, Fiel ao Texto Original, versão da Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil).
O que se fez no Pentecostes foi falar línguas. Línguas
estrangeiras ou estranhas. A palavra “estranha” pode ter dois
sentidos. Ela pode ter o sentido de “desconhecida” e ela pode ter
o sentido de “estrangeiro”. E muita gente pega o sentido errado
da palavra. Acha que língua estranha tem que ser esquisita,
indecifrável, por qualquer povo ou nação.
É que o assunto da Bíblia é de “Línguas estranhas” Não são
línguas esquisitas, nem falsos idiomas. Mas são manifestações de
Deus para a edificação da Igreja.
Hoje a Bíblia está completa e temos o conhecimento
completo, a perfeita revelação de Deus; por que procurar mais?
Todos aqueles que estão procurando revelações fora da Bíblia
estão dizendo, em outras palavras, que para eles a Bíblia não é
suficiente, não é completa. Sim, porque se eu dissesse aos irmãos:
“Eu tive um sonho, uma revelação. Atentem para o meu sonho,
aquilo que Deus me mostrou, aquilo que Deus me revelou”, então

114
eu estaria dizendo: “a Bíblia não é suficiente para os irmãos.
Somem isso à Bíblia. Isso que eu tive de revelação de Deus
acrescentem à sua Bíblia.” Viria outro e diria: “Eu também tive um
sonho. Acrescentem mais um à Bíblia.” Onde é que iríamos parar
com essas revelações todas por aí? Onde caberiam as Bíblias que
seriam escritas com todas as revelações que andam por aí, no
espiritismo, e em certos cultos chamados evangélicos? Sonhos e
visões precisam estar estreitamente ligados com a palavra já
revelada.
Eu traduziria desta maneira, se eu fosse fazer a tradução do
grego do v. 10. “quando vier aquilo perfeito”, “aquilo”. Não
“aquele”, que é masculino, não “aquela”, que é feminino, mas
“aquilo”, que é neutro, porque no português existem palavras no
gênero neutro, como “aquilo”. Eu digo “aquele livro”, “aquela
Bíblia”, “o que é aquilo?” Eu não falei, na tradução, “aquele” nem
“aquela”, mas “aquilo” porque é neutro, não é masculino nem
feminino. “Quando vier ‘aquilo’ que é perfeito, aquela coisa
perfeita, então o que é em parte será aniquilado. Não se trata de
quando vier uma pessoa perfeita, Jesus. É claro que Cristo,
perfeito também, vai voltar, mas aqui o assunto não é a vinda de
Cristo. Nós temos que nos ater às regras de interpretações da
Bíblia corretas. Interpretar o versículo à luz do que vem antes e do
que vem depois, quer dizer à luz do assunto. O assunto aqui é
“conhecimento”: conhecimento completo (perfeito) que virá em
lugar de conhecimento incompleto (parcial, imperfeito).

115
Ao completar-se a Bíblia, já veio algo de perfeito, v. 10, que
torna dispensáveis, desnecessárias as revelações parciais, como
profecias, ciência ou conhecimento sobrenatural, e revelações
por meio de línguas estrangeiras para completar o cânon do
Novo Testamento. Estas formas de revelações, parciais,
incompletas, usadas por Deus no passado, deram lugar à Bíblia,
revelação escrita completa, de Deus para o homem. Antes, o
homem de Deus conhecia em parte, incompletamente. Agora,
chegada a revelação perfeita, ele pode conhecer plenamente o
plano de salvação que se culminará na perfeição e na glória
eterna.
É esclarecedora a ilustração do apóstolo Paulo: “Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava
como menino. Mas logo que cheguei a ser homem acabei com as
coisas de menino.” I Co 13:11.
Assim também, na infância da igreja, ela tinha revelações
próprias a uma criança. Agora, que já tem maturidade suficiente
pela Bíblia, para o conhecimento completo da revelação de Deus,
do que é necessário saber, agora, ela pode dizer que acabou com
as coisas da infância. Já veio algo de perfeito, completo: a Bíblia
completa. Agradeçamos a Deus, porque agora podemos
conhecer plenamente aquilo que Deus nos quis revelar. (Jô
20.30-31 e Gl 1.8)
Assim cremos que no capítulo 13, dos versículos 8 a 13,
Paulo comparou, “conhecimento incompleto ou parcial”, com
“conhecimento pleno, perfeito”. Passou o que era parcial. Agora,

116
estamos perante a possibilidade de um “conhecimento pleno e
completo” da vontade revelada de Deus: a Bíblia perfeita, a Bíblia
que é a revelação completa em palavras para as gerações
posteriores, não deixando lugar para especulações ( Dt 11.26-28;
30.15-20; Ap 1.3; 22.18-19).

Examinaremos essa interpretação:


v.1. Não procurar hoje os dons que cessariam com o
término da revelação, pelos escritos do Novo Testamento.
v.2. O que fala em língua, idioma estrangeiro, não fala aos
homens. Ninguém a entende se a língua é estrangeira, só Deus.
Nem o locutor a entende. Se entendesse não necessitaria de
intérprete. Em espírito, no Espírito Santo, fala com a boca, não de
modo misterioso, ininteligível, mas expressa, em palavras
verdadeiras, revelações de Deus, em idioma estrangeiro. “Fala
mistérios”, mas não misteriosamente, em língua misteriosa.
Desvenda mistérios (o que era antes encoberto).
v.3. O que profetiza (interpretação e aplicação da Bíblia),
fala diretamente aos homens, não somente a Deus, para
edificação, exortação e consolação.
v.4. O que fala em língua estrangeira, edifica-se a si mesmo,
e não a outros. Edifica-se como? se não entende o que diz?
Edifica-se, fortalecendo-se espiritualmente, com sentimentos
positivos de alegria, satisfação, fé no doador de língua estrangeira.
Com a alegria por ser contemplado como um recipiente de
bênção divina. Não edifica a igreja enquanto não houver

117
intérprete. Os falsos produtores de ruídos, falsas línguas, também
não edificam a igreja, nem no presente nem em futuro algum,
pois não terão intérprete verdadeiro. Talvez tenham alguma
emoção, mas baseada em falso, em ilusões. Se o que fala em
língua estrangeira não edifica a igreja por falta de intérprete,
muito menos edificaria a igreja o falso produtor de língua falsa.
v.5. Quem profetiza é maior do que o que fala em língua
verdadeira, porém estrangeira, a não ser que a intérprete para a
edificação da igreja.
v.6. Se eu falar em línguas, mesmo verdadeiras, de que
aproveitaria ao ouvinte se não for por revelação de Deus, ou de
conhecimento, ou de profecia, ou de ensino?
v.7. Até flautas e cítaras devem produzir notas musicais
distintas, para se conhecer que música é apresentada. Assim o
falar em língua deve ser claro, expressivo.
v.8. Para preparar soldados a batalha, até a trombeta deve
emitir sonido claro, definido, certo.
v.9. Assim o falar em línguas verdadeiras, exige também
dicção clara, inteligível, e não ruídos que ninguém pode
interpretar e entender.
v.10. Há diversas vozes humanas, falas humanas,
verdadeiras (em idiomas), e todas com significação, com sentido,
pois são expressões do pensamento, e não ruídos sem
significação. São idiomas, línguas de verdade.
v.11. Se eu não souber o significado da fala verdadeira, é por
ser eu estrangeiro para o orador, e ele estrangeiro para mim.

118
v.12. Procurar dons para edificar a igreja. As falsas línguas
porventura a edificam?
v.13. Se for para orar, para poder interpretar a língua
estrangeira, é porque esta é idioma de verdade e não ruído sem
sentindo e idioma nenhum.
v.14. Se eu orar em língua estrangeira, o meu espírito ora
sim, em língua verdadeira e estrangeira, mas como não entendo
tal língua verdadeira, o meu entendimento fica infrutífero, nada
produz de útil, nem para mim nem para os outros.
v.15. Para orar em espírito e com entendimento, devo fazê-
lo na língua que eu entendo, ou que tenha correta interpretação,
português, por exemplo. Assim também o cantar. Devo cantar
com boa dicção, em minha língua para entender e para ser
entendido. E mesmo na minha língua, devo orar com lógica.
v.16. Se tu bem disseres com o espírito, isto é, somente com
o espírito, mas não com lógica e entendimento também, como
dirá “AMEM”, assim seja, o indouto que não conhece a língua
estrangeira? Ou o que dizes, sem lógica, mesmo em tua própria
língua?
v.17. Tu dás bens as graças, na língua estrangeira, mas o
outro não é edificado, se a língua não for traduzida; ou se na tua
língua não o fizeres de modo inteligível.
v.18. Falo em línguas verdadeiras estrangeiras, como grego
e latim, provavelmente, e no meu idioma de nascimento.
v.19. Quero falar poucas palavras de língua que entendo,
para que possa ensinar algo útil aos outros, e não dez mil palavras

119
em língua, verdadeira embora, mas estrangeira, que nem eu nem
os outros entendam a não ser que se interprete.
v.20. Procuremos entender o que se fala.
v.21. Por homens de outras línguas verdadeiras, e por lábios
estrangeiros, por línguas estrangeiras, falarei a este povo. Trata-se
de idiomas de povos estrangeiros, não de línguas dos anjos, ou de
ruídos estranhos, sem significação nenhuma.
v.22. A língua estrangeira era um sinal, algo milagroso, para
convencer os ímpios do caráter divino do Evangelho que era
pregado. A profecia se destina aos crentes que não precisam ser
convencidos por milagres ou sinais que apresentem o Evangelho.
v.23. Se todos falarem em línguas verdadeiras mesmo, mas
estrangeiras, e entrarem ignorantes de tais idiomas, não dirão
que os oradores estão malucos? Pois não estariam sendo úteis.
v.24 e 25. Se todos profetizarem sem linguagem
estrangeira, por todos é convencido o visitante, e este adorará a
Deus, uma vez convencido da verdade sobre Deus.
v.26. Que fazer? Faça-se tudo para a edificação dos outros, e
de si próprio. Esses ruídos modernos, línguas falsas, acaso
edificam alguém?
v.27. Que haja ordem e intérprete também.
v.28. Se faltar intérprete, cale-se o que tem o dom de falar
língua verdadeira estrangeira, e fale consigo e com Deus, consigo
e com Deus, se for língua estrangeira, que só ele e Deus
entendam, ou somente com Deus se só Deus entende.

120
v.32. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas,
isto é, creio eu, os profetas podem dominar o seu espírito, não
perdem o domino próprio, caindo em êxtase. E, por isso, porque
Deus não é Deus de confusão (v.33), todos podem profetizar, um
por vez, (v. 31) e fazer tudo com decência e ordem (v 40).
Isso é ser usado pelo Espírito Santo. E a Bíblia diz que é o
contrário: o fruto do Espírito Santo é domínio próprio. A pessoa
que tem o Espírito Santo tem domínio próprio; ela se domina; é
temperante, equilibrada; não fica fora de si, entregue a espíritos
desconhecidos.

O QUE EM VERDADE É UM DOM ESPIRITUAL?


Definição:
“A manifestação do Espírito é concedida a cada um,
visando a um fim proveitoso” (I Coríntios 12:7) Segundo esta
passagem podemos entender que um dom espiritual é uma
capacitação especial concedida pelo Espírito Santo a cada
membro do Corpo de Cristo, de acordo com a graça de Deus,
para o exercício de algum serviço em sua igreja com o objetivo de
edificá-la.
1) Dom é Graça - A palavra “dom” no Novo Testamento é
traduzida do grego “charisma” que quer dizer “graça”. Na forma
plural a palavra é “charismata”, cuja definição seria
“manifestação da graça”, que traduzida é “dons”. Em Romanos
12:6 encontramos essas duas palavras: “Temos diferentes
charismata, segundo a charis que nos é dada”. Em I Pedro 4:10

121
elas são empregadas novamente: “Servi uns aos outros conforme
o charisma que cada um recebeu, como bons despenseiros da
multiforme charis de Deus”.
2) Dom não é Habilidade ou Talento – Todo ser humano,
em virtude de haver sido criado à imagem de Deus, possui certos
talentos ou habilidades naturais que, provavelmente já
exercíamos muito antes da nossa conversão. Os talentos são
aquelas características que dão a cada ser humano uma
personalidade sem igual. Parte de nossa autoidentidade tem a
ver com o conjunto particular dos talentos que possuímos.
Em última análise, esses talentos naturais nos vêm de
Deus também. Mas, possuir talentos naturais nada tem a ver
diretamente com ser cristão ou ser membro do Corpo de Cristo.
Muitos incrédulos, por exemplo, possuem um talento
extraordinário para uma ou outra coisa.
Os cristãos, como qualquer outra pessoa, também têm
habilidades naturais. Mas esses talentos não devem ser
confundidos com os dons espirituais.
Por outro lado, alguma capacidade ou tendência natural
para algum serviço pode ser transformada em dom espiritual
após a conversão. É o que alguns autores chamam de
“cristianização” do talento. É claro que não será mais a mesma
coisa, pois o Espírito Santo há de envolver e enriquecer
totalmente aquela habilidade.

a. A Origem e o Uso dos Dons

122
O Espírito Santo é quem decide quem recebe que dons. “A
manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”
(I Co 12:7). “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas
coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer” (I
Co 12:11). “Mas Deus colocou os membros no Corpo, cada um
deles como quis” (I Co 12:18).
Isso faz cair por terra todo o pensamento de que se
alcança algum dom por esforço humano.
No original grego a expressão “Procurai com zelo os
melhores dons” significa literalmente “zelem pelos melhores
dons”. Ou seja, Paulo estava abordando o uso dos dons em
termos de Corpo, a função individual de cada membro para a
edificação do todo. Paulo estava dizendo, em outras palavras
“saibam escolher com sabedoria os dons a serem usados, na
hora certa, da maneira certa e às pessoas certas, tanto nas
reuniões como na vida geral da igreja”.

b. Classificação dos Dons


Há diferentes tipos de dons (grego: carismaton), mas
o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios (grego:
diakonion), mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de
atuação (grego: energematon), mas é o mesmo Deus quem
efetua tudo em todos. A cada um, porém é dada a
manifestação (grego: phanerosis) do Espírito, visando ao bem
comum.

123
Nesse texto fica claro que existem diferentes tipos de
ministérios (vs 5). Com base nisso, se tem sugerido que existem
dons ministeriais, ressaltando a lista de Efésios 4:11, muitas vezes
denominada “os cinco ministérios”: Apóstolos, Profetas,
Evangelistas, Pastores e Mestres. Também existe outra lista em 1
Coríntios 12:28-30, que começa de forma parecida com a de
Efésios 4.
Existem também diferentes formas de atuações, ou
serviços. Num sentido, é difícil ver atuações ou serviços como um
dom, porque são fundamentais à vida de todo cristão. Serviço
(diakonia) é usado também para descrever o ministério de Cristo
(Mt 20:28; Lc 22:27; veja Is 52:13; 53:11), do Espírito Santo (II Co 3:8),
dos anjos (Mt 4:11; Hb 1:14), dos apóstolos (At 1:17, 25; 6:4; 12:25; 21:19)
e da igreja como um todo (Ef 4:12; Ap 2:19). Ser um cristão é ser
um servo (Jo 12:24-26). Em certo sentido, a execução de qualquer
dom espiritual é uma atuação, ou um serviço. Podemos definir
serviço também como a motivação de suprir necessidades pela
realização de projetos físicos, sociais, administrativos, financeiros
ou espirituais que ajudam a outros. Neste sentido poderíamos
classificar como atuações os dons de: Serviço, Socorro ou Ajuda,
Hospitalidade, Liderança, Exortação ou Aconselhamento,
Misericórdia e Contribuição.
Um terceiro grupo de dons, que podemos descobrir na
passagem de 1 Coríntios 12, são os dons manifestacionais (vs 7). A
passagem continua dando uma lista deles: (1 Co 12:7-11)

124
c. Dons mencionados no Novo Testamento
Apóstolo: Alguém que é enviado com autoridade divina
para comunicar as Boas Novas, resultando na formação de igrejas
com fundamentos bons quanto à sã doutrina e administração
saudável. Pode ocorrer na implantação de novas igrejas ou
colocando-se fundamentos saudáveis em igrejas que estão
necessitando deles.

Profeta: Alguém chamado a proclamar com autoridade a


verdade de Deus. Alguém que prega e explana a Palavra de Deus
de acordo com as necessidades do povo. Nos cultos tem a tarefa
de edificar a Igreja, bem como de comunicar o conhecimento e
os mistérios de Deus.
Evangelista: Alguém chamado a compartilhar com
autoridade as Boas Novas do Reino de Deus com pessoas
incrédulas, de tal forma que elas cheguem a ser discípulos de
Cristo.

Pastor: Alguém chamado por Deus ao ministério de amar,


discipular, equipar e guiar outros cristãos, ajudando-os a serem
saudáveis, individualmente, e como corpo de Cristo, e ajudando
no crescimento numérico.

Mestre: Alguém chamado por Deus a procurar,


sistematizar e apresentar as verdades da Palavra de Deus de tal

125
forma que outros aprendam. Pessoa hábil e experiente que possa
treinar líderes e professores.

Serviço: Alguém chamado de suprir necessidades pela


realização de projetos físicos ou sociais que ajudam os outros,
aliviando-os e animando-os.

Socorros: Alguém chamado para colocar suas habilidades


a serviço de outro cristão (muitas vezes, um líder ou alguém
doente) para que a vida ou ministério dele seja realizado mais
plenamente.

Hospitalidade: Alguém chamado para estabelecer um


ambiente de amor, aceitação e descanso para os que precisam
de acolhimento fraternal.

Dar/Contribuir: Alguém motivado de entregar recursos


pessoais a outros a fim de ajudá-los a superar suas necessidades
ou realizar seus ministérios.

Liderança: Alguém motivado de ajudar um grupo a


perceber os propósitos (visão) de Deus, e mobilizar-se a realizá-
los.

126
Exortação: Alguém motivado de encorajar, animar alguém
a agir segundo os propósitos de Deus, ajudando o a experimentar
verdades divinas e, assim, ser abençoado.

Misericórdia: Alguém capaz em identificar-se com, e de


responder às carências de pessoas aflitas ou necessitadas.

Sabedoria: Alguém que recebe a capacidade, concedida


pelo Espírito Santo de perceber as causas de um determinado
problema ou situação e aplicar as verdades da Palavra de Deus
de forma prática e prudente na sua solução.

Conhecimento: Alguém que tem uma capacitação


concedida pelo Espírito Santo de receber de Deus fatos e
informações específicas em algum momento específico, que de
outra forma não seriam conhecidas.

Discernimento de espíritos: Alguém que recebe pelo


Espírito Santo a capacidade de reconhecer o espírito que está
atrás de diferentes manifestações e atividades, sabendo distinguir
entre o verdadeiro e o falso, entre a verdade e a mentira.

Fé: Alguém que recebe uma capacidade incomum de


confiar em Deus, manter uma confiança constante de que Ele
fará, mesmo quando surgirem obstáculos que pareçam ser
impossíveis de serem superados.

127
Dons de Cura: Alguém que recebe pelo Espírito Santo uma
capacitação divina para ser um instrumento de Deus na
restauração das pessoas, cura em todos os níveis da vida do ser
humano, seja: espiritual, mental e física.

Operação de Milagres: Alguém que recebe pelo Espírito


Santo a capacidade especial de ser instrumento da intervenção
de Deus quando a ação do homem se torna totalmente
impossível. Na grande maioria dos casos, os milagres eram para
levar os pecadores ao arrependimento, e os incrédulos a crerem
(Jo 20:30-31; At 8:6).
Dom de Línguas: Alguém que recebe pelo Espírito Santo a
capacidade de falar num idioma natural e espiritual que nunca
tenha aprendido.

Interpretação: Alguém que recebe pelo Espírito Santo a


capacitação de captar ou discernir o sentido de uma mensagem
em língua estranha (idioma), que nunca tenha aprendido e
expressá-la de forma inteligível na língua comum do povo
congregado com vistas à edificação de todos.

128
MÓDULO VIII
PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Introdução
Cada Pessoa da Santa Trindade tem um trabalho distinto
a fazer no grande plano da redenção. Devido a serem diferentes
o seu trabalho e a forma de manifestação, nós achamos que o
pecado pode ser perpetrado contra as Pessoas da Trindade em
separado (Mateus 12:32).
O Espírito Santo tem o trabalho particular de operar nos
corações dos homens fazendo com que eles recebam os
benefícios salvadores do trabalho de Cristo. Ele habita nos
crentes e está presente nas igrejas do Senhor. Ele também
condena o não salvo e luta contra os pecadores. Devido o Seu
trabalho em nossas vidas e em nosso meio, a Bíblia menciona
certos pecados que são cometidos contra Ele, enquanto Ele leva
a cabo o Seu trabalho especial. Que Deus possa usar esta lição
para fazer de cada um de nós mais sensível ao perigo de
desagradar o Espírito de Deus.

MENTINDO PARA O ESPÍRITO SANTO.


Em Atos 4:34 - 5:11, nós temos a história de Ananias e Safira
que mentem para o Espírito Santo. O pecado que eles
cometeram não foi devido a segurarem parte do dinheiro, mas a
pretensão de dizerem que haviam dado tudo, de forma que
recebessem honra por um sacrifício que não fizeram. Eles são os
pais de todos os que buscam elogio por uma consagração que

129
não possuem.
Levar tal decepção à igreja pode produzir o pecado
contra o Espírito Santo. Tentar enganar a igreja é o mesmo que
tentar enganar o Espírito, Que é o administrador onisciente da
assembléia. Os homens se esquecem que mexer com a casa de
Deus é o mesmo que mexer com o próprio Deus. Levando a
cabo o seu pecado Ananias e Safira estavam tentando a Deus
(Atos 5:9), e o seu destino é uma advertência para os que
seguiriam os seus passos.

ENTRISTECENDO O ESPÍRITO SANTO


Em Efésios 4:30 Paulo nos instrui para que não
entristeçamos o Espírito Santo de Deus. O fato de o Espírito
pode ser entristecido implica em Ele amar o povo de Deus. Nós
podemos entristecer somente aquele cujo amor e generosidade
nós desprezamos.
Esta ideia do amor do Espírito é usada por Paulo como um
motivo para não o entristecermos. O fato de Ele nos selar revela
o Seu amor e faz com que Ele habite em nós, ajudando-nos e
abençoando-nos. O fato de Ele nos selar até o dia da redenção
revela que Ele nunca nos abandonará. Levando em conta tal
amor e generosidade desejaríamos pecar ou entristecê-lo?
O Espírito Santo é entristecido através do pecado na vida
dos crentes. Nossos corpos são o Seu templo e nós deveríamos
estar alertas para não nos sujarmos. Ele é perfeitamente santo e
o pecado ofende a Sua pessoa. São mencionados modos

130
particulares pelos quais o Espírito pode ser entristecido no
contexto de Efésios 4:30.
a. Palavras pecaminosas - Efésios 4:29, 31; e 5:4.
b. Atitudes pecaminosas - Efésios 4:31.
c. Atos pecaminosos - Efésios 5:3.
Que Deus possa nos ajudar a caminhar prudentemente
enquanto lembrarmos de Sua presença.

EXTINGUINDO O ESPÍRITO SANTO.


Em I Tessalonicenses 5:19, nós somos advertidos contra
extinguirmos o Espírito. Isso um crente pode fazer durante certo
tempo endurecendo o seu coração contra a liderança do
Espírito.
Devemos estar prevenidos para não abafarmos a voz do
Espírito de Deus. Homens como Davi, Abraão e Jonas parecem
ter extinguido o Espírito durante algum tempo e pagaram caro
por isso. Este pecado seguramente traz castigos e deixa-nos
suscetíveis a cometermos muitos enganos. Modos pelos quais o
Espírito é extinto são os seguintes:

a. Rebelar-se contra a Palavra inspirada de Deus como é


registrada na Bíblia ou a palavra cedida de forma oral pelos
profetas (I Tessalonicenses 5:20).
b. Abafando as repreensões do Espírito quando nós O
entristecemos.
c. Resistindo à liderança interna do Espírito em nossas

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vidas.
RESISTINDO O ESPÍRITO SANTO.
Em Atos 7:51, Estevão acusou os judeus por resistirem o
Espírito Santo como fizeram os seus pais (Hebreus 3:7-10, e Isaías
63:10). Em Gênesis 6:3, Deus fala do Espírito contendendo com
as pessoas antes do dilúvio. Alguns tentaram interpretar estas
Escrituras como se estivessem apenas se referindo a rebelião das
pessoas contra a Palavra de Deus. Eles concluem falsamente
pensando que o seu trabalho nos eleitos significa que ele nunca
trabalha nos corações daqueles que não serão salvos. Embora a
rebelião contra a palavra de Deus resistiu o Espírito Santo,
contudo não há nenhuma razão para negar que Ele lida
pessoalmente com aqueles que nunca são salvos. Como outras
das bênçãos da graça comum (a chamada do evangelho) o
trabalho do Espírito com o não eleito só não é eficaz devido a
depravação dos seus corações.

BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO.


Em Mateus 12:22-32, nós temos a história de algumas
pessoas que cometeram o pecado imperdoável. Alguns fariseus
acusaram a Cristo de estar operando pelo poder de Satanás.
Fazendo isso eles blasfemaram contra o Espírito Santo sendo
que Cristo trabalhava pelo Seu poder (Atos 10:38). Nosso Senhor
proclama este pecado como imperdoável.
Tudo isso é bastante simples, contudo, quando os homens
começam a aplicar estes preceitos nos dias de hoje isso resulta

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em uma grande confusão. Alguns afirmaram que o pecado
imperdoável não pode ser cometido hoje e outros definiram isto
como somente a morte sem Cristo (esta visão posterior
confunde o assunto, pois o pecado imperdoável é imperdoável
neste mundo como também no vindouro). O autor tem
freqüentemente se perguntado o porquê nós não aceitamos a
afirmação de Cristo que diz que o pecado imperdoável é de
blasfemar consciente (profanar abusando e insultando
praticando a rejeição da proposta de perdão pelo sangue de
Crus de um modo permanente) contra o Espírito Santo. Os
homens não salvos, cheios do mal e contra o Espírito de Deus
nunca serão regenerados pelo poder do Espírito.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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