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Portfólio Curso de Direito

Profa. Ma. Graciela Braz

ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL


UNIDADE III
1. Introdução:

• A unidade III tratará da ética profissional e sua importância


no exercício das atividades laborativas em qualquer âmbito.

• A relevância do uso da ética tem amplitude e aplica-se em


todas as profissões de forma indistinta, pois inexiste grau ou
critérios de aplicação de norma de conduta.

• Portanto, esse é o objetivo da presente unidade, analisar


aplicação da ética no âmbito das profissões jurídicas.
• Apesar da ética se aplicar às profissões de forma indistinta,
os relacionamentos profissionais diferem e variam de acordo
com o ambiente em que o ser humano se encontra a fim de
executar uma atividade produtiva.

• A ética profissional vincula-se às ideias de utilidade,


prestatividade, lucratividade, categoria laboral, engajamento
em modo de produção ou prestação de serviços, exercício de
atividade regulamentar desenvolvidas de acordo com as
finalidades sociais. (BITTAR, 2014)

• É de suma importância a conduta ética dos profissionais do


direito para a segurança jurídica e aplicação da justiça.
• A profissão é o exercício habitual de uma tarefa específica a
serviço de outras pessoas que requer a preservação de uma
conduta de acordo com os princípios éticos.

• Existem aspectos claros na observação do comportamento,


nas diversas esferas em que ele se processa: perante o
cliente, perante o colega, perante a classe, perante a
sociedade, perante a pátria, perante a própria humanidade
como conceito global.

• Tomemos como exemplo um advogado, que por ventura,


defenda o réu e oriente ou trabalhe também para autor na
mesma demanda, quebra um princípio ético e se desmerece,
conceitualmente, como profissional.
• Ressalte-se que a profissão pode enobrecer pela ação
correta e competente, pode também ensejar a
desmoralização, através da conduta inconveniente, com a
quebra de princípios éticos.

• Logo, apesar da materialização utilidade da atividade


profissional e técnica, é possível estar associada a uma
conduta ética condenável.

• É importante destacar a relevância do compromisso moral


do indivíduo no exercício da profissão por se tratar de
deveres e responsabilidades indelegáveis.
2. Ética e a profissão jurídica.

• Deve-se, no entanto, advertir que a ética profissional, na


verdade, quando regulamentada, deixa de ter seu conteúdo
de espontaneidade, que é o que caracteriza a ética. A ética
profissional passa a ser, desde sua regulamentação, um
conjunto de prescrições de conduta. Deixam, portanto, de
ser normas puramente éticas, para ser normas jurídicas de
direito administrativo, das quais, pelo descumprimento de
seus mandamentos, decorrem sanções administrativas
(advertência; suspensão; perda do cargo...) (BITTAR, 2014, p.
408).
• A ética codificada é importante para suprir uma necessidade
de se criar algo claro e prescritivo, minucioso e explicativo,
com a finalidade de controle profissional, institucional e
social.

• Cabe ao profissional adaptar a sua ética pessoal aos


mandamentos pormenorizados que prescrevem o
comportamento da categoria à qual faz parte.

• Assim, a liberdade ética do profissional vai até onde se tem


um limite no que se refere às exigências da corporação ou
instituição que controla seus atos profissionais.
• Ao conjunto de regras e princípios que regem as atividades
profissionais do direito se chama deontologia forense.
(BITTAR, 2014, p. 417).

• A Deontologia jurídica tem como instrumento o próprio


profissional do direito, oferecendo-lhe os princípios que lhe
podem enriquecer a personalidade.

• É a ciência que, se posta em prática, engrandece a pessoa do


profissional, refletindo-se sobre a sociedade toda. De modo
inestimavelmente benéfico.
Princípios éticos comuns às carreiras jurídicas:

1) Principio da cidadania- dever de respeitar e promover os


ordenamentos que cercam o cidadão; obediência ativa, não
somente passiva de todos os institutos jurídicos à disposição do
cidadão.

2) Principio da efetividade- Determina o dever do exercício da


carreira jurídica de forma que seus atos consigam atingir a
melhor eficácia possível. Observem que tal princípio é
positivado no Art. 37 da CF/88, se aplicando ao servidor
público.
3- Princípio da probidade- ser honesto, correto, reto, digno;
impõe o dever de administrar bem o que for de terceiro ou da
coletividade. Ressaltando que Lei de Improbidade
Administrativa (Lei nº 8.429/92) tipifica conduta ímprobas que
são lesivas ao erário público.

4) Principio da liberdade- Caracteriza a independência


profissional quanto as suas convicções pessoais bem como no
seu modo de pensar e refletir os conceitos jurídicos; o
profissional deve agir com independência funcional.
5) Principio da defesa de prerrogativas profissionais- É o dever
de proteger as qualidades e condições de atuação da categoria
a qual o profissional pertence, de modo a usufruir e proteger a
autonomia desta.

6) Principio da informação e solidariedade- Consiste no dever


de relacionar-se com outros profissionais mantendo a lealdade,
a clareza e a cordialidade.
3. Códigos de Ética.

• Mesmo diante de tudo já exposto nesta unidade, em relação


ao dever do profissional do Direito em observar diversos
princípios e parâmetros éticos, cumpre destacar a
positivação desses deveres em “códigos de ética”.

• Um código de ética é instrumento escrito que a Instituição a


qual pertence o profissional prevê em linhas gerais e
específicas diversos comportamentos pelos quais aquele
deverá se pautar.

• Veremos o Código de Ética da Magistratura e da Ordem dos


Advogados do Brasil.
3.1 – Código de Ética da Magistratura Nacional (linhas gerais):

• Aprovado pelo CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, com


fundamento no exercício da competência que lhe atribuíram a
Constituição Federal (art. 103-B, § 4º, I e II), a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional (art. 60 da LC nº 35/79) e seu Regimento
Interno (art. 19, incisos I e II);

• Se configura instrumento essencial para os juízes incrementarem


a confiança da sociedade em sua autoridade moral;

• Considerando que é fundamental para a magistratura brasileira


cultivar princípios éticos, pois lhe cabe também função educativa
e exemplar de cidadania em face dos demais grupos sociais;
Independência:
• O exercício da magistratura exige conduta compatível com os
preceitos do Código de Ética e do Estatuto da Magistratura,
norteando-se pelos princípios da independência, da
imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia,
da transparência, do segredo profissional, da prudência, da
diligência, da integridade profissional e pessoal, da
dignidade, da honra e do decoro.

• Exige-se do magistrado que seja eticamente independente e


que não interfira, de qualquer modo, na atuação
jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às normas
legais.
Imparcialidade:
• É dever do magistrado denunciar qualquer interferência que
vise a limitar sua independência.

• A independência judicial implica que ao magistrado é


vedado participar de atividade político-partidária.

• O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a


verdade dos fatos, com objetividade e fundamento,
mantendo ao longo de todo o processo uma distância
equivalente das partes, e evita todo o tipo de
comportamento que possa refletir favoritismo,
predisposição ou preconceito.
Transparência:
• A atuação do magistrado deve ser transparente,
documentando-se seus atos, sempre que possível, mesmo
quando não legalmente previsto, de modo a favorecer sua
publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplado em lei.

• O magistrado, obedecido o segredo de justiça, tem o dever


de informar ou mandar informar aos interessados acerca dos
processos sob sua responsabilidade, de forma útil,
compreensível e clara.

• Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de


comunicação social, comportar-se de forma prudente e
equitativa.
Integridade:
• A integridade de conduta do magistrado fora do âmbito
estrito da atividade jurisdicional contribui para uma fundada
confiança dos cidadãos na judicatura.

• O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a


dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade
jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas
das acometidas aos cidadãos em geral.

• É dever do magistrado recusar benefícios ou vantagens de


ente público, de empresa privada ou de pessoa física que
possam comprometer sua independência funcional.
Dedicação:
• Cumpre ao magistrado velar para que os atos processuais se
celebrem com a máxima pontualidade e para que os
processos a seu cargo sejam solucionados em um prazo
razoável, reprimindo toda e qualquer iniciativa dilatória ou
atentatória à boa-fé processual.
Cortesia:
• O magistrado tem o dever de cortesia para com os colegas,
os membros do Ministério Público, os advogados, os
servidores, as partes, as testemunhas e todos quantos se
relacionem com a administração da Justiça.
Honra e dignidade:
• Ao magistrado é vedado procedimento incompatível com a
dignidade, a honra e o decoro de suas funções.
Prudência:
• Especialmente ao proferir decisões, incumbe ao magistrado
atuar de forma cautelosa, atento às consequências que pode
provocar.
Sigilo profissional:
• O magistrado tem o dever de guardar absoluta reserva, na
vida pública e privada, sobre dados ou fatos pessoais de que
haja tomado conhecimento no exercício de sua atividade.
Capacitação:
• O magistrado bem formado é o que conhece o Direito
vigente e desenvolveu as capacidades técnicas e as atitudes
éticas adequadas para aplicá-lo corretamente.
3.2 – Código de Ética e Disciplina da OAB (linhas gerais):

DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS

• O exercício da advocacia exige conduta compatível com os


preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral,
dos Provimentos e com os demais princípios da moral
individual, social e profissional.

• O advogado, indispensável à administração da Justiça, é


defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da
moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando
a atividade do seu Ministério Privado à elevada função
pública que exerce.
São deveres do advogado:

I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade


da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e
indispensabilidade;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro,
veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento
pessoal e profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do
Direito e das leis;
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo,
sempre que possível, a instauração de litígios;

VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;

VIII – abster-se de:


a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do
cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à
advocacia, em que também atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho
manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral,
a honestidade e a dignidade da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha
patrono constituído, sem o assentimento deste.

IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela


efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no
âmbito da comunidade.

• O exercício da advocacia é incompatível com qualquer


procedimento de mercantilização.
• É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando
deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé.

• É vedado o oferecimento de serviços profissionais que


impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação
de clientela.

DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE

• O advogado deve informar o cliente, de forma clara e


inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e
das consequências que poderão advir da demanda.
• O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha
patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo
por motivo justo ou para adoção de medidas judiciais
urgentes e inadiáveis.

• O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo


os feitos, sem motivo justo e comprovada ciência do
constituinte.

• Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e


não estando acordes os interessados, com a devida
prudência e discernimento, optará o advogado por um dos
mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo
profissional.
DO SIGILO PROFISSIONAL
• O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu
respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou
quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em
defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito
ao interesse da causa.
DA PUBLICIDADE
• O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais,
individual ou coletivamente, com discrição e moderação, para
finalidade exclusivamente informativa, vedada a divulgação em
conjunto com outra atividade.

• O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o


número da inscrição na OAB, podendo fazer referência a títulos
ou qualificações profissionais, especialização técnico-científica e
associações culturais e científicas, endereços, horário do
expediente e meios de comunicação, vedadas a sua veiculação
pelo rádio e televisão e a denominação de fantasia.
DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

• Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem


como sua majoração decorrente do aumento dos atos
judiciais que advierem como necessários, devem ser
previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o
meio da prestação do serviço profissional, contendo todas as
especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de
acordo.

• Os honorários profissionais devem ser fixados com


moderação
DO DEVER DE URBANIDADE

• Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades


e os funcionários do Juízo com respeito, discrição e
independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas
prerrogativas a que tem direito.

• Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem


escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos
serviços.

• O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado


ou dativo, deve comportar-se com zelo, empenhando-se
para que o cliente se sinta amparado e tenha a expectativa
de regular desenvolvimento da demanda.
Tribunal de Ètica e Disciplina

• O advogado, ao descumprir os preceitos previstos no


referido Código de Ética, poderá sofrer um processo
disciplinar no ambito do Tribunal de Ética e Disciplina, o qual
é competente para orientar e aconselhar sobre ética
profissional, respondendo às consultas em tese, e julgar os
processos disciplinares.

• Nos termos do Art. 50 do Código de Ética da OAB o Tribunal


de Ètica e Disciplina também possui a seguinte competência:
Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina:

I – instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria que


considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou norma de
ética profissional;

II – organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e


discussões a respeito de ética profissional, inclusive junto aos Cursos
Jurídicos, visando à formação da consciência dos futuros profissionais para
os problemas fundamentais da ética;

III – expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos


previstos nos regulamentos e costumes do foro;

IV – mediar e conciliar nas questões que envolvam:


a) dúvidas e pendências entre advogados;
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante
substabelecimento, ou decorrente de sucumbência;
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de
advogados.
Referências:

BITTAR, Eduardo C.B. Curso de ética jurídica: ética geral e


profissional. 10ª Ed. Ed. Saraiva: Rio de Janeiro, 2014, e-book.

CRISOSTOMO, Alessandro Lombardi. Ética. Porto Alegre. Ed.


Sagah, 2018, e-book.

RODRIGUES, William Gustavo et al. Ética geral e jurídica. Porto


Alegre: Sagah, 2018. E-book.

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