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OBSESSÕES E COMPULSÕES
AS MÚLTIPLAS FACES DE UMA DOENÇA
ÍNDICE
PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO
PREFÁCIO DA 2ª EDIÇÃO
INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………….
PREFÁCIO À 1º EDIÇÃO
O presente livro refere-se a esta entidade clínica abordando-a, conforme o leitor pode
comprovar pelo índice, sob os mais variados aspectos. Ao longo da obra são referidos pontos
relacionados com a evolução histórica do conceito, a definição, a epidemiologia, as diversas
formas das manifestações clínicas, o que se conhece em termos de factores causais até que,
finalmente, são abordadas as terapêuticas biológicas e psicológicas. Neste particular
transporta consigo uma mensagem de esperança.
A dificuldade de tratamento destes quadros sempre foi e, de certa forma continua ainda
a constituir, um desafio para a prática clínica. Embora estes transtornos psiquiátricos sejam
conhecidos há muito tempo, durante longos anos os investigadores e os clínicos, pouco mais
fizeram do que identificar os transtornos e tentar compreendê-los sob os pontos de vista
ditados pelas respectivas escolas que lhes serviam de enquadramento teórico. Actualmente os
tempos mudaram! Conhecem-se as suas principais manifestações, sabe-se que há outros
quadros clínicos que pertencem ao mesmo espectro, há estudos sobre a história natural e os
factores de bom e de mau prognóstico mas, mais importante que todos estes aspectos,
reconhece-se que há já alcance terapêutico. Este tem vindo a observar-se tanto no emprego de
certos psicofármacos como na de técnicas psicoterapêuticas.
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Curiosamente, quase que num caminho paralelo, igualmente pelos finais de meados do
século XX, se foram desenvolvendo métodos que tentaram aplicar aos transtornos do
comportamento os princípios derivados da teoria da aprendizagem. Este corpo de intervenção
psicológica foi denominado como “Terapia do Comportamento”. Actualmente tem
incorporado paradigmas cognitivos para o tratamento e abordagem de casos e transformou-se,
verdadeiramente, numa “Terapia Cognitivo-Comportamental”. Sob este ponto de vista,
conforme referem Hawton et al. (1989)1, as intervenções cognitivo-comportamentais estão
reconhecidas como um método de eleição para o tratamento dos transtornos obsessivo-
compulsivos.
É importante salientar estes pontos porque este livro é escrito por dois autores com uma
formação diferente. Ambos trabalham na Clínica Psiquiátrica dos Hospitais da Universidade
de Coimbra. Ao longo de anos tem-me sido possível comprovar a sua capacidade de trabalho,
o interesse que têm pela compreensão e abordagem de temas difíceis, a dedicação que
manifestam pelas áreas de estudo a que se dedicam. O Professor António Macedo, é
Psiquiatra e cabe-lhe, na presente obra, abordar o quadro clínico nos seus aspectos descritivos
e biológicos. O Dr. Fernando Pocinho, é Psicólogo Clínico, possui uma sólida formação nas
terapias comportamentais e cognitivas e tem feito dos transtornos obsessivo-compulsivos uma
das suas principais áreas de interesse e de investigação. Constituem assim dois autores que se
complementam em termos da informação que podem prestar a quem os lê. A sua afinidade
1 Hawton,K., Salkovskis,P.M., Kirk,J. e Clark,D.M. (1989) – Cognitive Behaviour Therapy for Psychiatric
Problems – A Practical Guide – Oxford, New York, Tokyo : Oxford University Press.
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não advém apenas de ambos exercerem a sua actividade profissional no mesmo serviço
hospitalar. Corresponde igualmente à circunstância dos dois fazerem parte de um grupo de
estudos, internacional, sobre os transtornos obsessivo-compulsivos. Abordam com
propriedade um quadro clínico cujas características investigam há longa data e conhecem ao
pormenor.
Penso que a uma vasta gama de público. Em primeiro lugar aos que se dedicam à
clínica, sejam Psiquiatras ou Psicólogos. Encontram aqui uma obra bem informada, que lhes
pode dar normas de orientação preciosas. Este princípio aplica-se não só aos “clínicos já
estabelecidos” como igualmente a todos aqueles que estão em formação.
É um livro que igualmente pode interessar a estudiosos que pretendam iniciar uma
investigação sobre os transtornos obsessivo-compulsivos. Penso, por conseguinte, que pode
ser útil a universitários que tenham interesse por esta área de conhecimentos, não só nos
aspectos estrictamente clínicos mas igualmente anatómicos, fisiológicos, psicofarmacológicos
ou paradigmas interpretativos de natureza psicológica.
Finalmente pode interessar também a todos aqueles que, por um ou outro motivo,
tenham interesse em conhecer com maior pormenor em que consiste este tipo de transtornos.
O presente livro é uma obra completa e de qualidade que, pelas suas características, se
pode recomendar sem receio como um bom complemento para qualquer biblioteca.
PREFÁCIO À 2ª EDIÇÃO
Esta é uma condição clínica cujo tratamento não é fácil, representando um desafio para
terapeutas e doentes. Porventura, será uma das perturbações psiquiátricas em que a relação
colaborativa entre o doente e o terapeuta é mais crucial, constituindo um factor decisivo no
êxito terapêutico. Esta é uma das mensagens que também queremos transmitir aos doentes e
famílias: é possível tratar com sucesso este tipo de problemas.
efectuadas algumas alterações em vários outros capítulos, cuja enumeração exaustiva seria
fastidiosa.
Fernando Pocinho
Psicólogo Clínico da Clínica Universitária de Psiquiatria/
Hospitais da Universidade de Coimbra
INTRODUÇÃO 10
INTRODUÇÃO
nos parece ser uma hipótese verdadeiramente heurística e estimulante, na medida em que
constitui uma hipótese central testável, adentro de uma perspectiva mais dimensional, das
relações existentes entre os distúrbios pertencentes a esse mesmo espectro e o DOC.
Como atrás se referiu, no passado existiu, acima de tudo, uma polarização sobre a
conceptualização etiológica do DOC (modelo psicológico vs. modelo médico, ou biológico),
aspecto que no plano terapêutico se traduzia, por vezes, numa radicalização excessiva de
posições no que respeita ao desenvolvimento e à aplicação das estratégias de tratamento
(farmacológico vs. psicoterapêutico) e, dos respectivos méritos. A nossa perspectiva, já há
muitos anos colocada em prática com os nossos doentes e que só actualmente começa a ser
veiculada na literatura, é que o maior benefício terapêutico resulta de uma combinação de
abordagens específicas de tratamento e prevenção da recaída (farmacológica e psicológica),
colocando-se a ênfase na conciliação do emprego de certos psicofármacos com certas
metodologias de avaliação e intervenção derivadas das terapias comportamentais e cognitivas.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 13
I - EVOLUÇÃO HISTÓRICA
nas Penínsulas Ibérica e Itálica (Bethencourt, 1994). Ainda no contexto de uma perspectiva
religiosa, Duguet (1717) no seu Traité des Scrupules, a partir da expreiência da confissão,
traça descrições de quadros que hoje classificaríamos como obsessivo-compulsivas e propõe
métodos de natureza psicológica para acalmar as almas atormentadas.
A partir dos finais do século XVIII, os fenómenos obsessivos (embora não fossem ainda
designados como tal) começam a ser tidos em conta e a obter reconhecimento médico, pelo
que a sua conceptualização desloca-se progressivamente do campo religioso para o campo
científico da psiquiatria que, começa igualmente a dar os seus primeiros passos como
disciplina médica. Aliás, segundo Vallejo Ruiloba (1991), o primeiro uso da designação
obsessão, com o seu sentido actual, ocorreu neste mesmo período, por Wartburg em 1799.
No século XIX, as principais contribuições para o conceito de obsessões e compulsões,
provêm dos autores germânicos e franceses de grande mérito (Berrios, 1997). Phillipe Pinel,
entre outros, fornece claras descrições clínicas, que à luz de uma interpretação mais actual,
constituiriam fenómenos obsessivos mas, na altura incluídos na vaga e genérica categoria de
manie sans délire. Um pouco mais tarde, já na obra de Esquirol, aluno e sucessor de Pinel, no
Hôpital de La Salpêtrière, estão também descritas representações mentais que se impõem ao
indivíduo, contra a sua própria vontade, guardando no entanto, a consciência lúcida da sua
natureza patológica. Fenómenos estes, que Esquirol, integra nas suas monomanias
(monomanie raisonnante), isto é, os quadros em que há apenas atingimentos parciais da
inteligência, dos afectos ou da vontade (cit.Lanteri-Laura e Del Pistoia, 1984). Este carácter
de atingimento parcial, nomeadamente da vontade, em contraponto à perda total das funções
intelectuais observáveis nas demências, também foi designado por Esquirol, como délire
partiel. Do mesmo modo, para Morel (1866, cit.Berrios, 1997), os fenómenos obsessivos
constituiam essencialmente uma doença das emoções e por isso lhe chamou délire emotif.
É de referir que grande parte dos autores da psiquiatria francesa do século XIX, incluem
os fenómenos obsessivos no capítulo da loucura (folie), o que actualmente nos parece ser de
certo modo incongruente e paradoxal, na medida em que as descrições clínicas reconhecem a
existência de crítica que os doentes têm em relação às suas próprias vivências.
Provavelmente, a existência de uma simultaneidade de experiências mentais e
comportamentais, algo bizarras, convivendo com uma crítica perfeita ou quase, relativamente
a esses fenómenos, produzia alguma perplexidade entre os nosologistas, para além da
dificuldade em se “encaixar” este tipo de comportamentos patogénicos numa categoria mais
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 15
adequada. Considerados estes aspectos, devemos salientar que são as próprias designações
nosológicas que acabam por traduzir esse paradoxo e essa incongruência, quase antinómica,
como a folie/manie raisonnante de Pinel e Esquirol, a folie lucide de Trélat ou a folie avec
conscience de Baillarger. Com efeito, outras designações começavam já a esboçar uma
tradução da própria semiologia da doença, como por exemplo a folie du doute ou o délire du
toucher de Falret. No entanto, neste período, as designações referidas correspondiam a
observações quase anedócticas, não estando presente de modo nenhum, a ideia de uma
doença obsessiva, enquanto entidade mórbida autónoma.
Na segunda metade do século XIX, a fisionomia clínica das obsessões começa a tomar
uma forma mais definida, com as mais variadas designações, como o délire émotif de Morel,
o vertige mental de Lasègue, as impulsions intelectuelles de Ball, as obsessions (finalmente)
de Luys, os morbid fears de Beard, as zwangs vorsttellungen de Kraft-Ebing, as idee fisse de
Buccola e, as idee incoercibili de Tamburini. Mais explicitamente, tratava-se já
essencialmente de variadas representações mentais que, de um modo abrupto ou insidioso,
por vezes ligadas a um acontecimento externo, se impunham ao indivíduo de forma
irresistível, evocando elevada angústia, emoções desagradáveis e despertando,
particularmente, uma intensa mas ineficaz luta interna.
Em 1875, dá-se um passo significativo na autonomização nosológica dos transtornos
obsessivos. Legrand du Saule, descreveu uma afecção cujo componente principal eram as
obsessões e que tinham uma evolução relativamente precisa e constante. Também Seglas
partilhava a perspectiva de que existia um tipo mórbido particular, cujo núcleo principal era
constituído por obsessões. Mas, recorde-se, este mesmo autor viria a demonstrar alguma
indecisão, no que respeita ao lugar nosográfico a atribuir a essa doença. Dela separa várias
formas: uma forma clínica adquirida, que surge em indivíduos sem qualquer predisposição.
Abrimos aqui um pequeno parêntesis, para realçar que a ideia de que existiam factores
hereditários nas doenças mentais era comum nas concepções populares antigas, bem como
nos escritos da maior parte dos psiquiatras da primeira metade do século XIX (Pichot, 1983),
porém, só a meio do século, essas ideias são congregadas sob a forma de teoria científica,
com Moreau de Tours a divulgar a noção de predisposição hereditária e, com Prosper Lucas
a publicar em 1850 o seu Traité Philosophique du Système Nerveux. Ora, relativamente a
estas concepções impõe-se esclarecer que se tornaram a principal fonte inspiradora da
denominada teoria da degenerescência, desenvolvida por Morel.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 16
explicar o quadro, Janet avança a hipótese de uma deficiência no que designa por função do
real, definida como “l'appréhension de la réalité par la perception ou l'action” (Janet, 1909).
Esta função do real, sofre na psicastenia uma deficiência de base, que torna impossível a
decisão, a resolução voluntária, a convicção e a atenção. A psicastenia corresponde assim, a
um mecanismo que comporta quatro factores: uma predisposição (frequentemente
hereditária), elementos desencadeantes (como um choque emocional), uma intoxicação exo
ou endógena e sobretudo o que é designado como surmenage. A conjugação desses factores
determina uma redução do que Janet designa por tension psychologique, que seria uma
espécie de “tónus psicológico”, ou quantum de energia psíquica. A diminuição da energia
mental resulta assim, numa desintegração da normal organização das funções mentais. Essa
desintegração determina uma falha das funções superiores (vontade e atenção), o que por sua
vez incapacita os enfermos de ter controlo sobre os seus pensamentos e comportamentos e, de
se avaliarem a si mesmos de forma realista ou funcional, bem como ao seu meio ambiente
significativo. Assim, os processos subjectivos conscientes (consciência) passam a funcionar
predominantemente no plano dos fenómenos mentais inferiores, mais primários ou primitivos,
tais como as emoções, agora “desreprimidas” pela inexistência de controlo eficaz das funções
psíquicas superiores. Como se depreende, esta teoria tem nos seus alicerces algo da
concepção Jacksoniana das funções mentais, sobretudo no que respeita à hierarquização das
funções dispostas em níveis, em que as funções inferiores vão sendo inibidas pelos níveis
ascendentes e, “desreprimidas” sempre que estes últimos se incapacitam.
Freud, embora como já foi referido, nos legasse relatos de grande riqueza clínica,
caracteriza-se sobretudo por ultrapassar o nível semiológico centrado sobre as obsessões e os
rituais compulsivos, para um nível semiótico mais elaborado. O seu modelo teórico
explicativo para os fenómenos de natureza obsessiva é mais complexo, inscrevendo-se no
modelo geral psicanalítico que descreveu para outras perturbações emocionais que, como se
sabe, sofreu ao longo do tempo várias elaborações e reformulações. Nos seus escritos iniciais
dos anos 1895-1896, delimita a Neurose Obsessiva, explicitando-a de modo análogo à
Histeria (teoria da sedução infantil). Segundo o autor, ambas seriam devidas à vivência de
um “trauma” sexual, ocorrido na infância (antes dos 8-10 anos de idade), eventualmente
perpetrado por um adulto ou uma criança mais velha. Mas, enquanto que na Neurose Histérica
esse tipo de experiência seria passiva e vivenciada de um modo angustiante, na Neurose
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 18
Obsessiva tratar-se-ia de uma experiência activa e vivenciada com satisfação. Além disso, era
aceite que depois dessa experiência ocorrer tudo poderia ser esquecido, embora a recordação
continuasse activa a um nível não consciente. Neste modelo, as obsessões constituem,
simultâneamente, uma espécie de expiação e uma defesa contra a emergência de tal
recordação, a um nível consciente. Entre 1909 (com a publicação de Bemerkungen über einen
Fall von Zwangsneurose – “O Homem dos Ratos”) e 1917 (Vorlesungen zur Einführung in
die Psychoanalyse), Freud fornece um novo modelo explicativo, desta vez com base na teoria
dos estádios sexuais e nas noções de regressão da líbido e do Eu, segundo a qual, a Neurose
Obsessiva derivaria de uma “falha no período edipiano”, com ênfase na regressão ao estádio
sádico-anal e consequente predomínio das relações de actividade-passividade e, de
agressividade. Este tipo de satisfação libidinal, essencialmente caracterizado por um
“sadismo anal”, acompanhado de tendências agressivas, seria inaceitável para o Eu, pelo que
o conflito psíquico tenderia a permanecer inconsciente e, devido a estes processos poderia
emergir, pois, a sintomatologia. Por outras palavras, a intolerância à satisfação sádico-anal
(dado que a aceitação daria lugar a “perversões sádicas”) procura sobretudo explicar as
defesas específicas contra ela, sob a forma de isolamento, de deslocamento, de anulação ou de
formação reactiva. Ainda nesta perspectiva, o carácter e a clínica do enfermo obsessivo
correspondem ao compromisso que, teóricamente, se estabelece entre as várias pulsões
reprimidas e as intensas proibições introjectadas, na forma de uma moralidade estrita.
Em 1908, Freud também definiu os traços característicos do carácter sádico-anal,
susceptíveis de expressar a fixação no estádio anal, onde tendem a imperar
predominantemente os hábitos de limpeza. Em síntese, a tríade básica da Personalidade
Obsessiva descrita por Freud consiste nos seguintes aspectos: grande apego à ordem,
parcimónia próxima da avareza e, obstinação suficientemente capaz de evocar condutas de
oposição agressiva.
Saliente-se que no campo psicanalítico ocorreram, de facto, poucos aportes originais,
após as várias formulações efectuadas por Freud.
Adler (1936), por sua vez, considerou que na origem dos actos compulsivos estaria uma
excessiva superioridade, resultante da vivência de um sentimento de inadequação e de
inferioridade, biológicamente determinado.
Em 1959, Sandor Rado realçava a importância da raiva, defendendo com entusiasmo a
ideia do controlo da hostilidade ou impulsos sexuais inaceitáveis. Outros psicanalistas, tais
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 19
como por exemplo, Sullivan, Horney e Salzman, também assinalavam que as necessidades de
aceitação e de reconhecimento nas crianças são excessivas, aspecto que os induziu na altura, a
considerar a sintomatologia obsessiva como um exagero das atitudes de controlo.
Todas estas formulações psicodinâmicas sobre a doença obsessiva ficam na história das
ideias mas, com um escasso suporte empírico e, por isso, difícilmente capazes de ultrapassar o
limiar de interessantes especulações conceptuais. Todavia, as descrições sobre a
Personalidade Obsessiva efectuadas por Freud permanecem, na verdade, como um contributo
válido, sendo que os traços outrora descritos por este mesmo autor pouco se afastam da
variante patológica consagrada nas classificações psiquiátricas contemporâneas.
Por outro lado e contrariamente ao que seria previsível, não se verificava um aumento
substancial de ansiedade quando as compulsões eram interrompidas pelo investigador.
A teoria dos dois estádios, embora congruente com os princípios de uma das formas
principais de tratamento do DOC (assunto que será desenvolvido mais adiante), a Exposição
combinada com Prevenção de Resposta, dificilmente explica estas incongruências do segundo
estádio, isto é, as diferenças na “função” das condutas compulsivas encontradas por Rachman
e Hodgson (1980), visto que de acordo com este modelo, as compulsões teriam sempre uma
função redutora da ansiedade. Por outro lado, existem também consideráveis dificuldades em
explicar a aquisição das ruminações obsessivas no primeiro estádio, uma vez que raramente
são identificáveis os estímulos específicos, “traumáticos”, responsáveis pela promoção da
cadeia de condicionamento observada e, além disso, ainda com base no mesmo modelo,
torna-se também difícil obter uma explicação clara e objectiva ácerca da rapidez com que um
estímulo neutro, repentinamente, se torna aversivo para o próprio doente. Isto é, quando o
indivíduo percepciona tal estímulo como possuidor de uma qualidade nociva. É o caso, por
exemplo, de alguém que está a manusear um objecto inócuo mas, subitamente e sem qualquer
motivo aparente achar que ele pode estar, de facto, contaminado.
De acordo com Cottraux (1990), no plano teórico, a terapia cognitiva resultante dos
trabalhos de Beck (1976) apela sobretudo ao modelo de processamento da informação, cuja
hipótese central reside no facto de considerar que os indivíduos obsessivos, à semelhança do
que se observa nos enfermos deprimidos (ou que entram em depressão com facilidade),
apresentarem esquemas cognitivos, não conscientes, através dos quais a informação é filtrada,
permitindo-lhes apenas reter alguns elementos das suas próprias vivências, tanto pessoais
como interpessoais, inesquecíveis, em particular aquelas que se revelam emocionalmente
mais negativas.
Por exemplo, as técnicas terapêuticas resultantes deste mesmo modelo priviligiam
alguns princípios gerais que a seguir vamos tentar resumir.
A este respeito falta-nos referir que estes e outros modelos de organização cognitiva,
independentemente do seu cariz racionalista, revelaram ser um bom progresso em relação às
abordagens terapêuticas de índole estritamente comportamental.
No entanto, apesar do precioso e reconhecido contributo das recentes conceptualizações
comportamentais e cognitivas, não deixa de ser verdade que o paradigma da reestruturação
cognitiva enferma ainda, também, de algumas lacunas.
Específicamente, no que respeita ao tratamento do Distúrbio Obsessivo-Compulsivo, o
valor e eficácia das terapias cognitivas (clássicas), enfatizando a racionalidade, privilegiando
o teste empírico das cognições ou, colocando a ênfase na repetição (cf. Gonçalves, 1993), não
estão ainda suficientemente comprovados. De acordo com Tallis (1995) uma boa parte dos
indivíduos obsidiados tendem a revelar-se incapazes em identificar e em relatar de forma
clara as suas próprias avaliações subjectivas, bem como os sistemas de crenças pessoais
ligados às suas preocupações obsessivas, o que representa um obstáculo considerável para que
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se possa alcançar, com êxito, a compensação clínica desejada. Além destes aspectos, estes
mesmos modelos pressupõem que os pensamentos e as crenças subjacentes (produtos e
esquemas cognitivos hiperenraízados e/ou sobrevalorizados) são detectáveis por meio de um
interrogatório hábil e persistente, havendo no entanto alguns doentes que continuam a
ritualizar, sem que isso lhes traga experiências de sofrimento psicológico significativo. Ou
seja, nestes casos clínicos, a hipótese de haver uma disfunção neurológica responsável pela
sintomatologia obsessivo-compulsiva apresentada, não deve excluir-se à partida, tornando-se
necessário o esclarecimento acerca dos factores etiológicos, através de estudo orgânico
cuidado.
Por outro lado ainda, é frequentemente aceite que em terapia cognitiva, os melhores
resultados clínicos são sobretudo observados em indivíduos intelectualmente mais aptos, ou
sócio-cognitivamente mais desenvolvidos, argumento aliás utilizado para explicar por que são
mais propensos a revelarem um melhor discernimento das suas competências metacognitivas,
ou de pensamento abstracto.
Por fim, no que respeita aos ruminativos puros, a aplicação de metodologias
terapêuticas derivadas, por exemplo, do “diálogo socrático”, à semelhança do que também
pode ser observado nos métodos de “disputa racional-cognitiva” (forma tradicional de
reestruturação cognitiva oriunda da Terapia Racional-Emotiva de Ellis), etc., pode revelar-se
igualmente ineficaz, uma vez que para este tipo de enfermos os próprios sintomas não são
mais do que uma espiral de questões patológicas, ou de dúvidas de natureza obsessiva, bem
como de avaliações estritamente obsessivas, suficientemente capazes de gerar elevado
sofrimento psicológico.
Acontece que tanto os comportamentos de neutralização como os de natureza
compulsiva (rituais) podem ser gerados por uma organização cognitiva nuclear e, mantidos
pela sua acção redutora dos estados de tensão emocional (ansiedade, mal-estar, tristeza, etc.).
E, esta acção redutora tende a repetir-se, se nada for feito para impedir que tal acontreça. Isto
significa que o ciclo Obsessão – Neutralização – Alívio – Confirmação da crença é, de
facto, mantido pela própria REPETIÇÃO.
A terapia por exposição mostra-se também eficaz neste tipo de situações clínicas,
porque possibilita a activação de memórias relevantes que, por sua vez serão transformadas
por meio de uma informação incompatível, ou mesmo “correctiva”. Com base neste
pressuposto, Foa & Kozak (1986) já defendiam com entusiasmo a existência de uma
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 26
informação terapêutica que, afinal, é implícitamente transmitida à pessoa, o que pode ajudar a
modificar alguns aspectos cognitivos disfuncionais dos problemas apresentados pelos
indivíduos com transtornos obsessivo-compulsivos.
Ainda de acordo com Foa et al. (1984), daqui se constata a utilidade das abordagens de
tratamento derivadas de estratégias de exposição (saciação, intenção paradoxal e
confrontação), in vivo ou em imaginação e, de bloqueio (prevenção de resposta, diversão ou
distracção cognitiva, sensibilização aversiva e paragem do pensamento).
De qualquer forma, não sendo as terapias cognitivas uma mera alternativa, mas antes
um desenvolvimento natural e complementar das terapias comportamentais, ajudam
sobretudo a construir uma abordagem de tratamento multifacetada das perturbações
emocionais.
A terapia cognitiva pode beneficiar, adicionalmente, as estratégias terapêuticas acima
mencionadas, ajudando a esbater ou a lidar eficazmente com certas distorções catastróficas da
realidade ou “enviezamentos cognitivos”, dúvidas patológicas, percepção de responsabilidade
ou de perfeccionismo excessivos, sentimentos exacerbados de vergonha ou de culpabilidade,
escrúpulos, obsessões agressivas, crenças condicionais significantes, etc. (Van Oppen &
Arntz, 1994).
No entanto, em certas situações obsessivo-compulsivas, a abordagem cognitiva de
índole racionalista, ou não consegue transformar eficazmente as respostas cognitivas
(processos internos cognitivos e emocionais subjacentes) ou, amiúde fazem com que o
indivíduo se sinta ainda mais perturbado, na vez de suprimir-lhe os sintomas que o
atormentam.
Em nossa opinião, há fenómenos de natureza obsessiva em que quando o terapeuta julga
ter conseguido “desmonstar racionalmente” o problema apresentado, a transformaçãp
esperada é substituída pela surpreendente constatação de que o problema inicial continua
insolúvel. Ou seja, não se observam transformações significativas no padrão de resposta
emocional do enfermo, continuando a observar-se o curso da doença a evoluir, como se
nenhuma forma de terapia cognitiva tivesse sido aplicada. A “resistência” destes casos
particulares permite revelar aspectos que possam estar subjacentes à própria aplicabilidade
destes modelos terapêuticos, especialmente no que se refere à sua capacidade para explicar e
tratar, facto que nos remete obrigatóriamente para a necessidade de se desenvolverem outros
tipos de abordagens de tratamento.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 27
(1) Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, que são experienciados em alguma altura do
distúrbio, como intrusivos e inapropriados e causam marcada ansiedade ou perturbação.
(2) Os pensamentos, impulsos ou imagens não constituem simples preocupações excessivas acerca de problemas
da vida real.
(3) O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los através de
outros pensamentos ou acções.
(4) O indivíduo reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens obsessivas, são um produto da sua própria
mente (não imposto do exterior, como na inserção do pensamento).
DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÕES ACTUAIS 29
(1) Comportamentos repetitivos (por exemplo, lavagens, verificação, ordenação) ou actos mentais (por exemplo,
rezar, contar, repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a desempenhar, em resposta a
uma obsessão ou de acordo com o cumprimento de regras que devem ser rigidamente aplicadas
(2) Os comportamentos ou actos mentais visam prevenir ou reduzir a angústia ou prevenir alguma situação ou
um acontecimento temidos. No entanto, estes comportamentos ou actos mentais não estão ligados de forma
realista com o que se propõem neutralizar ou prevenir ou são claramente excessivos.
B. Em alguma altura, durante a evolução do distúrbio, o indivíduo reconhece que que as obsessões ou
compulsões são excessivas ou não razoáveis. (nota: não aplicável a crianças)
C. As obsessões ou compulsões causam marcada angústia, uma perda considerável de tempo (mais de uma hora
por dia) ou interferem de modo significativo com as actividades quotidianas do indivíduo, o seu
funcionamento profissional ou as suas actividades sociais.
D. Se estiver presente um outro distúrbio do Eixo I, o conteúdo das obsessões ou compulsões não está restrito a
ele (por exemplo, preocupação com comida, na presença de um Distúrbio do Comportamento Alimentar;
puxar o cabelo, no caso da Tricotilomania; preocupações com a aparência no Distúrbio Dismórfico Corporal;
preocupações com drogas na presença de um Distúrbio por abuso de Substâncias; preocupação com doenças
na presença de Hipocondria; preocupação com impulsos ou fantasias sexuais na presença de uma Parafilia ou
ruminações de culpa, na presença de uma Depressão Major.
E. O distúrbio não é devido as aos efeitos fisiológicos directos de uma substância ou de uma condição médica
geral.
Especificar se:
Com crítica (insight) deficiente: se durante a maior parte do episódio actual, o indivíduo não reconhecer que as
obsessões e compulsões são excessivas ou não razoáveis.
3. Na DSM-IV, a definição das compulsões foi expandida para que se possam incluir,
também, as compulsões mentais, isto é os “actos mentais”.
5. Para melhor acentuar a falta de reconhecimento do carácter sem sentido dos sintomas, foi
ainda introduzido na DSM-IV, um novo subtipo: com “crítica (insight) deficiente”.
6. Na DSM-IV, já não é especificada uma duração mínima para a presença dos sintomas (2
semanas na DSM-III-R), mas sim uma duração mínima dos sintomas por dia (1 hora).
(a) os pensamentos ou impulsos devem ser reconhecidos como pertencendo ao próprio doente.
(b) deve existir pelo menos um pensamento ou acto ao qual o doente resista, embora possam existir
outros aos quais o doente já não opõe resistência.
(c) o pensamento de praticar o acto não deve ser em si mesmo agradável.
(d) os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos.
D. As obsessões ou compulsões não são o resultado de outros distúrbios mentais, tais como
esquizofrenia e distúrbios relacionados (F20-F29) ou distúrbios do humor (afectivos) (F30-F39).
Outra diferença substancial a ter em conta nas duas Classificações reside, desta vez, nos
esquemas de sub-tipos. Ou seja, o tipo “com crítica deficiente” assinalado na DSM-IV não é
considerado na CID-10. Esta última especifica cinco sub-tipos, dois dos quais são residuais,
nomeadamente “outros distúrbios obsessivo-compulsivos” bem como também, “distúrbio
obsessivo-compulsivo, não especificado”. Os restantes três distinguem-se por meio de uma
constelação de sintomas: “Predominantemente com pensamentos e ruminações obsessivas”,
“Predominantemente com actos compulsivos (rituais obsessivos)” e, “Misto” (pensamentos
obsessivos e actos compulsivos). Assim, devido ao interesse de se compatibilizarem as duas
Classificações, foram empreendidos vários estudos, no sentido de averiguar a existência de
agrupamentos sintomáticos naturais, paralelos a estes últimos três sub-tipos da CID-10 (Foa
et al., 1995). Também foi calculada e comparada a gravidade das cotações das obsessões e
das compulsões (separadamente), tendo sido utilizada para o efeito a Yale-Brown Obsessive
Compulsive Scale (Y-BOCS), criada por Goodman et al. (1989). Também foi ainda calculado,
para cada indivíduo, o ratio de gravidade das obsessões/gravidade das compulsões, ao mesmo
tempo que era determinada a frequência de distribuição desses mesmos ratios. Os resultados
obtidos comprovaram a existência de uma distribuição unimodal, na vez de uma distribuição
trimodal, contráriamente ao que se esperava, se os três sub-tipos da CID-10 correspondessem
efectivamente a agrupamentos naturais e distintos.
Visto não ter sido obtida uma distribuição trimodal, os autores dividiram a extensão da
distribuição em 3 segmentos iguais e, de seguida, examinaram a percentagem de indivíduos
que caía em cada segmento. Deste modo comprovou-se que uma larga maioria da amostra
(91%) pertencia à categoria das “obsessões e compulsões mistas”, ao passo que uma minoria
caía na categoria das “obsessões predominantes” (8.5%) e, muito poucos indivíduos (0.5%)
se incluíam na categoria das “compulsões predominantes”.
Entretanto, os sub-tipos da CID-10 também foram examinados, através da tabulação
cruzada das categorizações dos clínicos, com base em três tipos de categorias disponíveis: (1)
obsessões predominantes, (2) compulsões predominantes, (3) obsessões e compulsões.
Observou-se que no total da amostra estudada 29.6% caíam na primeira categoria, 21.1% na
segunda e, 49.3% na última categoria. Acontece que estas duas análises forneceram resultados
diferentes. Assim, a análise das pontuações obtidas na Y-BOCS indica-nos que a vasta
maioria dos indivíduos (>90%) pertencem ao grupo das obsessões e compulsões mistas. Por
outro lado, quando fornecidos os três sub-tipos assinalados na CID-10, os indivíduos
DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÕES ACTUAIS 34
III – EPIDEMIOLOGIA
É importante assinalar que, antes dos anos 80, pensava-se que o Distúrbio Obsessivo-
Compulsivo era uma doença relativamente rara, com uma prevalência na população geral de
cerca de 0.05% (Rudin, 1953). É evidente que esta percentagem resultava de extrapolações
feitas a partir dos estudos de prevalência que se realizaram em populações psiquiátricas. No
entanto, como é bem sabido, os dados de prevalência/incidência nas amostras de doentes que
recorrem aos serviços psiquiátricos estão, pois, sujeitos a numerosos enviezamentos de
selecção, suficientemente capazes de determinar nas taxas encontradas, o aparecimento de
importantes distorções. No DOC, notam-se alguns aspectos tais como, por exemplo, uma
escassa procura espontânea de ajuda, o doente esforçar-se por manter secretos os seus
sintomas e, presença de altas taxas de comorbilidade com outros distúrbios confundentes (i.e.,
que “escondem” o DOC) que, nos estudos mais antigos, talvez possam explicar a sub-
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 36
ajuda, com os tipos de tratamento que o próprio doente selecciona, com a sua adesão ao
processo terapêutico, etc.
Do ponto de vista da “doença”, vários estudos apontam que o DOC é encontrado num
vasto conjunto de diferentes culturas (Stein e Rapoport, 1996). Isto é, a forma da doença é
relativamente universal, embora possam existir algumas variações no conteúdo dos sintomas.
Como vimos atrás (Quadro 3.1), à excepção de Taiwan, a prevalência do DOC (2 a 3%) é
sobreponível na maioria dos países. Por outro lado, as variáveis demográficas, tais como a
idade de início da doença, a distribuição por sexo, etc., são muito semelhantes entre culturas e
universos distintos.
No que diz respeito à sintomatologia própriamente dita, há dados que apontam para a
existência de algumas diferenças.
Neste contexto particular, parece-nos importante sublinhar que as preocupações sobre
temas relacionados com a religião e com o medo de contaminação são mais comuns nos
doentes muçulmanos, comparativamente aos cristãos que, por exemplo, tendem a apresentar
temáticas relacionadas com ordenamento, arrumação e com preocupações obsessivas de
agressão que, de facto, são bastante mais notórias (Okasha et al., 1994).
Em relação ao conceito de “illness”, enquanto percepção e vivência da doença, existem
ainda muito poucos dados, relativamente ao DOC. Na realidade, considerando os estudos com
maior interesse neste domínio, faz-se salientar a perspectiva da antropologia médica
contemporânea que não procura substituir-se ao modelo biomédico tradicional, mas sim re-
contextualizá-lo e, de certa forma também, humanizá-lo, atribuindo a devida importância aos
factores individuais e culturais. Assim se compreende que no caso do DOC, o conjunto de
reflexões em torno da compreensão do seu funcionamento interno e externo, impõe-nos a
formulação da seguinte questão: supondo que a “doença” é causada por uma alteração
patológica nos núcleos da base, que por sua vez determina as obsessões e as compulsões,
como é que esta condição é percepcionada e experienciada por diferentes pessoas, em
diferentes ambientes e culturas ?
É claro que nas culturas ocidentais as pessoas estão cada vez mais expostas à influência
dos modelos biomédicos sobre o DOC. Porém, muitos doentes com DOC podem não ter
conhecimento dessas ideias e consequentemente, pensarem que são “malucos” ou que estão a
ser vítimas de alguma forma de “loucura”, razão que pode induzi-los a esconder os sintomas
dos amigos, familiares e profissionais de saúde. Aliás, este é um aspecto particularmente
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 40
notório nestes enfermos. É precisamente neste âmbito que Hollander et al. (1995a)
confirmaram um achado já antigo: nos doentes com DOC decorre um susbtancial lapso de
tempo, entre o início da doença e a procura de ajuda médica, geralmente de vários anos. Por
outro lado, em certas culturas não-ocidentais, admite-se que os fenómenos de natureza
obsessiva sejam percepcionados em termos de constructos tais como feitiçaria ou outros
fenómenos ligados ao sobrenatural (comportamentos de superstição). Tal visão simbólica da
situação pode levar o doente a consultar um curandeiro, um exorcista ou outro profissional de
práticas médicas tradicionais. Por exemplo, no contexto africano, Carothers (1953), tal como
Lambo (1962), observaram que a ansiedade estava frequentemente associada ao medo de
feitiços ou a envenenamento, bem como ao receio do próprio indivíduo ter quebrado algum
tabu, ou simplesmente negligenciado algum ritual considerado importante. Por isso, é bem
possível que doentes africanos acometidos de preocupações ligadas a feitiçaria ou a outros
tipos de crenças culturalmente sintónicas, possam ter um DOC. Similarmente, Okasha et al.
(1994) referem que no Egipto, os doentes observados apresentavam uma elevada tolerância
aos seus sintomas, antes de procurar ajuda. De igual forma, no ocidente, os diversos sistemas
de crenças não-médicas podem influenciar o comportamento de procura de ajuda.
Ora, os indivíduos escrupulosos e religiosos podem com maior probabilidade, procurar
um conselheiro espiritual, do que um Médico ou um Psicólogo.
Em síntese, podemos dizer que parece haver universalidade transcultural da doença, em
termos de frequência e de forma, eventualmente com algumas pequenas variações no
conteúdo dos sintomas obsessivo-compulsivos. Este aspecto, constitui mais um dado em
favor da hipótese de que possa existir uma vulnerabilidade biológica, em termos etiológicos,
na medida em que seria difícil perceber como uma causalidade exclusivamente psicológica,
produzisse a mesma forma de doença em tão variados contextos culturais. No que diz respeito
à percepção e vivência da doença, existem ainda muito poucos dados, relativamente ao DOC,
sendo uma área que merece uma investigação mais aprofundada, dada a sua importância e
relevância na própria evolução da doença e consequente prevenção secundária e terciária.
ratio de 1:1.05. Mas, posteriormente, Rasmussen e Eisen (1990) referem um valor de 1: 1.1.
Os estudos referidos no Quadro 3.1, apresentam um ratio feminino/masculino entre 1.2 e 2.3,
com excepção do estudo Canadiano de Edmonton, no qual o ratio encontrado é de 1.0.
Assim, em indivíduos adultos, a prevalência do DOC não parece diferir significativamente em
ambos os sexos, ocorrendo apenas com uma ligeira predominância no sexo feminino. No
nosso estudo de casuística realizado no Hospital de Dia da Clínica Psiquiátrica dos Hospitais
da Universidade de Coimbra (David et al., 1996), dos 31 doentes analisados 23 eram do sexo
feminino (74%) e, 8 do sexo masculino (26%), com idades compreendidas entre os 16 e 53
anos (Média = 28.7 anos; DP = 9.6). Relativamente ao sexo, observou-se uma proporção
feminino/masculino de 3:1 que, é bastante mais elevada do que a habitualmente apontada na
literatura, pelo que pensamos ser devida, não a qualquer particularidade da nossa amostra,
mas sim às características do próprio serviço.
Relativamente ao DOC com início no período da infância, verifica-se a tendência
contrária, pois destaca-se uma frequência superior no sexo masculino. Confirmando esta
tendência, Hollingsworth et al. (1980), numa população de crianças com DOC, encontraram
uma notável preponderância de indivíduos do sexo masculino (75% do total de enfermos),
dados que mais tarde foram confirmados pelos trabalhos levados a cabo por Swedo et al.
(1989a).
time” e outras, em “part time”. No primeiro caso, a maior parte ou a totalidade do dia é
ocupada pelos sintomas, dos quais o enfermo deseja livrar-se, mas não consegue. No segundo,
as pessoas conseguem manter a sintomatologia sob controlo parcial, pelo que poderão
conservar um menor grau de desajustamento no relacionamento conjugal. Também há autores
que sugerem a existência de uma relação inversa entre casamento e gravidade da doença
(Yaryura-Tobias e Neziroglu, 1983). Do mesmo modo, também existe uma predisposição
acentuada para os obsessivo-compulsivos apresentam maior taxa de celibato, em relação aos
doentes que apenas sofrem de obsessões (Arts et al., 1993).
Por sua vez, também nos indivíduos casados há incidência de conflitos conjugais
consequentes a factores relacionados com a doença que, como se sabe, constitui um problema
indutor de stresse. De facto, estudos epidemiológicos recentes sugerem o estabelecimento de
uma estreita relação entre o DOC, a separação e o divórcio. Ou então, salientam que em cerca
de metade dos casos, os conflitos de índole conjugal podem ocorrer quando o início da
doença surge após o casamento (Yaryura-Tobias e Neziroglu, 1983; Karno et al., 1988). É
provável que outros factores, tais como a idade de início da doença, por exemplo, influenciem
o status marital e, como veremos a seguir, diversos estudos comprovam que para o sexo
feminino a idade de início da doença é mais tardia em relação ao sexo oposto, o que confere
às mulheres uma maior probabilidade de se casarem antes de a doença se manifestar, aspecto
recentemente confirmado no estudo realizado por Castle et al. (1995). Ou seja, numa amostra
de 219 doentes, o dado já conhecido relativamente à idade de início da doença foi confirmado
(mais tardia no sexo feminino). Por outro lado, nos doentes do sexo feminino observou-se um
maior número de casamentos, com filhos, por contraste aos doentes pertencentes ao sexo
masculino. O mesmo ficou comprovado num estudo recente, em que 56.9% dos doentes
femininos eram casados versus. 24.1% de indivíduos masculinos casados (Lensi et al., 1996).
Quadro 3.4 - Estudo casuístico de doentes com DOC, no Hospital de Dia dos HUC/ Idade de
início do Distúrbio (David et al., 1996).
Idade de Início N
10 - 14 anos 4
15 - 19 anos 13
20 - 24 anos 9
25 - 29 anos 4
30 - 35 anos 1
Na nossa população, apurou-se ainda que o tempo médio entre os primeiros sintomas
incapacitantes e o primeiro contacto médico especializado foi de 3.6 anos, com uma ampla
variação. A idade média do primeiro contacto foi de 23.2 ± 8.67 anos, com um mínimo de 13
e um valor máximo de 49 anos. É de realçar que desde o primeiro contacto médico até ao
último internamento em regime de Hospital de Dia decorreram, em média, 5.9 anos, com um
máximo de 24 anos. Especulamos que o facto de uma parte significativa da amostra ser
constituída por estudantes e, consequentemente, a doença poder ter uma repercussão
incapacitante nas suas actividades, determina que o tempo médio (3.6 anos) e idade média
(23.2 anos), entre os primeiros sintomas incapacitantes e o primeiro contacto médico
especializado, sejam mais curtos do que os referidos por outros autores que relatam existir um
enorme lapso de tempo (5 a 10 anos; média =7.5 anos) entre o aparecimento dos sintomas e a
procura de ajuda psiquiátrica por parte do doente (Karno et al., 1988; Rasmussen e Eisen,
1991). Rachman e Hodgson (1980), a este propósito, referem que a idade média de procura de
ajuda é de 28 anos e, a primeira admissão hospitalar ocorre aos 30 anos de idade.
(34 do sexo masculino e 55 do sexo feminino), 27% das doentes associaram a gravidez com o
início da sua própria doença. No estudo de Lo (1967), com 88 doentes (64 do sexo masculino
e 24 do sexo feminino), 12% das doentes igualmente associaram a gravidez ou o parto, com o
início da sintomatologia obsessivo-compulsiva. Ainda neste campo, a literatura contém vários
relatos de casos com início de DOC após abortamento (Lipper e Feigenbaum, 1976).
Em vários estudos mais recentes, continua a constatar-se a existência de uma associação
entre o início agudo de sintomas obsessivo-compulsivos e o período peri-natal. Por exemplo,
Rasmussen e Eisen (comunicação pessoal, 1996, cit. por Diaz et al., 1997) referem que de
410 doentes femininos avaliados, 21 (5%) identificavam a gravidez e, 12 (3%) o parto, como
precipitantes para a sua doença. No entanto, na investigação de Buttolph e Holland (1990)
surgem números surpreendentemente mais elevados, aparecendo 69% dos doentes femininos
a associarem o início (ou agravamento) da sua doença à gravidez e parto. Neste último estudo,
das 27 mulheres que relataram essa associação, 22% referiram um início do DOC durante o
período de gravidez e, 11% mencionaram um agravamento da sintomatologia de um DOC
pré-existente. Neziroglu et al. descrevem um estudo realizado, em 1992, salientando que, de
106 doentes do sexo feminino com DOC, 59 tinham filhos e, destes últimos, 39% referiram
que o inicío da sua doença estava associado à gravidez. Este estudo comprovou ainda que as
doentes sem filhos tinham desenvolvido a doença durante a adolescência, enquanto que
aquelas que tinham filhos apresentavam um início mais tardio, de um modo geral na década
dos 20 anos. Este achado é interessante, na medida em que levanta a possibilidade das
doentes que apresentam sintomas obsessivo-compulsivos associados à gravidez, entre outros
aspectos, passarem a constituir um subgrupo com uma contribuição fisiopatológica distinta
para a doença, possivelmente de cariz neurohormonal.
Para além da gravidez e do parto, o período do puerpério também parece estar ligado a
um maior risco para o início ou agravamento da sintomatologia obsessivo-compulsiva. Sichel
et al. (1993a), por exemplo, referem dois casos em que há início de perturbações emocionais
próprias de um quadro clínico de Distúrbio Obsessivo-Compulsivo no puerpério, em
mulheres sem antecedentes psiquiátricos. Mas convém precisar que no estudo realizado por
Buttolph e Holland (1990), atrás referido, de 30% das doentes que referiram a existência de
uma associação entre a gravidez, o parto e o puerpério, concomitantemente atribuiram o inicio
da doença a este último período e, 22% relataram a ocorrência, no puerpério, de um
agravamento das obsessões e compulsões pré-existentes. Sichel et al. (1993b) avaliaram
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 48
retrospectivamente 15 mulheres com um início puerperal de DOC, com uma idade média de
32±6.2 anos. Todas referiam uma rápida escalada de pensamentos de natureza obsessiva,
relacionados com a possibilidade (receio) de, contra a sua vontade, “fazerem mal” ao recém-
nascido. Oito dessas mulheres não revelavam qualquer história psiquiátrica prévia, contudo,
cinco apresentavam antecedentes de Distúrbio de Pânico e, duas delas já sofriam de um
Distúrbio de Ansiedade Generalizada. O que é interessante verificar, sob o ponto de vista
fenomenológico, é que em toda a amostra, tanto na apresentação, como no follow-up, o
quadro clínico se caracterizava exclusivamente por obsessões, com ausência de compulsões.
Na verdade, este achado levanta a hipótese do DOC puerperal poder constituir uma forma
distinta da doença.
Finalmente, uma revisão da literatura revela uma quase ausência de estudos
prospectivos relativamente ao curso do DOC, na gravidez e puerpério, havendo apenas
referência a um estudo piloto realizado por Sichel et al. (comunicação pessoal, cit. por Diaz
et al., 1997). Neste estudo, foram seguidas 19 mulheres com uma história clínica de DOC
pré-existente à gravidez. Trata-se de um seguimento prospectivo, desde o primeiro trimestre
da gravidez até aos 9 meses, pós-parto, já havendo de momento, dados relativos a 17 dessas
19 doentes, no que respeita ao primeiro trimestre. Assim, deste mesmo grupo, 10 em 17
(59%) preenchiam os critérios assinalados na DSM-III-R para o DOC. Relativamente ao
terceiro trimestre, 14 em 19 (74%) também preenchiam os critérios diagnósticos da DSM-III-
R para o DOC e, 16 em 19 (84%), preenchiam os mesmos critérios para o DOC, também
segundo a DSM-III-R, aos 3 meses pós-parto. Os dados deste pequeno mas interessante
estudo, embora necessitem de ser ampliados e replicados, do nosso ponto de vista parecem
sugerir que tanto a gravidez (sobretudo no último trimestre) como o puerpério, infelizmente,
constituem períodos da vida de risco acrescido para o agravamento da sintomatologia
obsessivo-compulsiva ou, como é sugerido nos estudos retrospectivos, para o início da
doença.
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 49
Características Clínicas
Como já tivemos oportunidade de referir anteriormente, as características principais do
DOC residem essencialmente na presença de obsessões e/ou de compulsões. Na seguinte
passagem de Cabaleiro Goas (1966), o autor resume a fenomenologia da doença obsessiva, de
uma forma, à qual actualmente pouco há a acrescentar.
...una idea, una representación o un acto que se imfpone en contra de la voluntad del
hombre en quien se da; toda vez que por el gran potencial energético que estas
vivencias morbosas poseen, el hombre que las experimenta se siente impotente para
desplazarlas de su conciencia (en el caso de la idea o de la representación) o para
negarse a inhibir el impulso y para dejar de realizar el acto obsessivo; ya que
dichas vivencias, aparte de ser penosas, son consideradas por el hombre obsesivo
como absurdas y anómalas.
modo similares às fobias, como é sabido, envolvem mais típicamente temas relacionados com
a sujidade e com a contaminação.
Outra importante característica das obsessões é que o doente tenta (na maioria das vezes
sem sucesso) opôr resistência a esses pensamentos. Aliás, de acordo com Lewis (1936), esta
propriedade de despertar luta interna, ou de tentar activamente resistir à intrusão na
consciência, desses mesmos pensamentos, por sua vez, é a “marca registada” da doença
obsessiva e, simultâneamente, uma das suas características fundamentais. Pelo contrário, Kurt
Schneider atribui mais importância ao facto do doente reconhecer o carácter absurdo das suas
obsessões (i.e., a questão da crítica). Actualmente, a questão da resistência, também não é
sobrevalorizada, na medida em que se pode observar em determinados doentes um certo
esbatimento dessa “luta interna” que é despertada. Como referem Rachman e Hodgson
(1980), “a ocorrência de resistência é uma característica confirmatória, mas não é
necessária nem suficiente. As características necessárias e suficientes para definir um
pensamento, impulso ou imagem como obsessivo, são a intrusividade, a indesejabilidade, a
atribuição interna e a falta de controlo”. Por exemplo, no estudo realizado por Stern e Cobb,
em 1978, os autores verificaram que 46% dos doentes apresentavam pouca ou nenhuma
resistência à execução dos seus rituais e, só 30% efectuavam um enorme esforço para lhes
resistir. Esta questão da resistência às obsessões é colocada expressamente, num dos
instrumentos de avaliação clínica actualmente mais utilizados, a conhecida Yale-Brown
Obsessive-Compulsive Scale (Goodman et al., 1989), na qual a resistência activa é
considerada um sinal saudável.
É de referir ainda que, no passado, a designação compulsão não tinha, para alguns
autores, o mesmo significado que agora lhe atribuimos. Por exemplo, para Cabaleiro Goas
(1966) compulsão significa um tipo de “força” que impõe ao indivíduo, quer a própria
representação obsessiva, quer o “acto obsessivo” (i.e., aquilo que actualmente designamos por
compulsão própriamente dita), tal como poderemos constatar através da passagem seguinte:
“Por eso la caracteristica primordial de la obsesión es la compulsión; es decir, esa fuerza
que compele a este hombre enfermo a mantener en el campo de su conciencia actual una
determinada idea o una concreta representación, o bien que le lleva a la ejecución de un acto
absurdo”. Nesta linha de pensamento, alguns autores contemporâneos como Freeman (1993),
por exemplo, preferem designar por “ritual obsessivo”, o comportamento compulsivo, uma
vez que este último “é uma característica de todos os fenómenos obsessivos, quer sejam
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 51
pensamentos ou acções”. Pensamos que esta objecção tem alguma razão de ser, no sentido de
contribuir significativamente para uma distinção das compulsões motoras (actos observáveis),
das compulsões de índole cognitiva ou mental, apresentando estas últimas, alguma
dificuldade de distinção relativamente às obsessões própriamente ditas (obsessões puras).
É um dado inquestionável que em determinado indivíduo pode predominar uma forma
específica de obsessão, como por exemplo, certo tipo de pensamentos ou imagens mentais ou,
eventualmente ocorrerem diferentes formas, em diferentes etapas da doença, sem esquecer
que também podem co-existir várias formas de obsessões.
Muitas vezes as obsessões tendem a ser moderadamente estáveis, no entanto, quando o
doente apresenta simultâneamente vários tipos de obsessões, amiúde podem ocorrer
oscilações na hierarquia de dominância entre elas.
Uma outra característica fundamental das obsessões, irrompendo antes ou depois do
ritual, é que são reconhecidas pelo doente como pertencendo-lhe. Isto é, aquilo que os autores
clássicos designavam por “emanando do próprio Eu”.
Por outras palavras, o doente obsessivo vivencia a representação obsessiva como algo
que procede de si próprio, enquanto produto da sua mente. Este carácter de reconhecimento
de vivência própria (insight) é, sem dúvida, um elemento fundamental para se distinguirem
das vivências porventura “impostas” do exterior, como é usual acontecer nas situações
psicóticas, tal como a Esquizofrenia.
Quanto ao conteúdo das obsessões, também pode ser múltiplo, havendo por isso,
diversas combinações de formas e de conteúdos, embora com um número relativamente
limitado de temáticas. Akhtar et al. (1975), referem que o conteúdo das obsessões pode ser
incluído em cinco grandes categorias prototípicas que, por ordem decrescente de frequência
são, respectivamente: sujidade e contaminação, agressão, preocupações de ordem, sexo e
religião, salientando ainda estes autores que não é evidenciável qualquer correlação entre o
conteúdo das obsessões e o prognóstico da doença.
Outros autores, como por exemplo Rasmussen e Eisen (1988), entre outros, consideram
diferentes frequências para os diversos tipos de obsessões (Quadro 4.1).
Quadro 4.1 - Frequência de tipo de obsessões numa amostra de 250 doentes com DOC
(Rasmussen e Eisen, 1988).
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 52
Contaminação
Dúvida Patológica
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 53
Os doentes com dúvidas de natureza obsessiva (uma das obsessões mais frequentes),
estão habitualmente sob o jugo de preocupações constantes, relacionadas com a possibilidade
de que em consequência de um eventual descuido seu, possa acontecer algo temível ou pelo
menos desagradável. Por exemplo, temer que a casa se incendeie por se terem esquecido de
desligar o gás do fogão ou do esquentador. Embora os doentes refiram ter uma certeza relativa
de terem efectuado o comportamento em questão (fechar a porta, desligar os interruptores,
pagar as contas, etc.), não conseguem eliminar a constante dúvida “e se ... ?”. Os doentes
podem duvidar até das suas próprias percepções, como o caso de um homem que era incapaz
de deitar fora os sacos das compras que fazia, por medo de não os ter esvaziado
completamente. Ou, como o caso de uma doente que sofria bastante por ser incapaz de enviar
correio, em virtude de ter dúvidas sistemáticas se, inadvertidamente, não teria colocado na
correspondência, informações erradas.
Usualmente, quando a dúvida é excessiva acaba por determinar a realização de rituais
de verificação. Por exemplo, os doentes podem passar várias horas em casa a efectuar
verificações sucessivas, muitas vezes sobre as mesmas coisas, antes de conseguirem sair. Tal
como acontece no caso das obsessões de contaminação, a dúvida também pode determinar
comportamentos de evitamento, frequentemente levados ao extremo, como nos doentes que
praticamente não saem de casa para não suportarem a angústia relacionada com a dúvida de
todas as verificações necessárias terem sido efectuadas.
Em última análise, a dúvida patológica constitui o verdadeiro núcleo de toda a
fenomenologia obsessiva e, por isso, para além das obsessões de dúvida própriamente ditas,
os pensamentos dubitativos também se podem mesclar com outros processos metacognitivos
ou conteúdos ideativo-obsessivos. Com efeito, os próprios receios de contaminação podem
estar relacionados com uma simples dúvida sobre a segurança do meio ambiente. De igual
modo, doentes com obsessões agressivas também são assaltados por dúvidas, como por
exemplo, no caso de indivíduos que ficam preocupados se, inadvertidamente, feriram alguém.
Necessidade de Simetria
Este tipo de obsessão designa essencialmente a necessidade de ordenar, de arrumar ou
colocar as coisas de um modo “perfeito”, ou de efectuar certos comportamentos “da maneira
certa”. Os doentes referem amiúde sentirem-se compelidos a repetir determinado acto motor,
até que sintam que “foi bem feito”, o que muitas vezes está relacionado com um pensamento
mágico. Como por exemplo, no caso de um doente jovem que tinha a compulsão de passar os
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 54
umbrais das portas, exactamente no centro, a fim de prevenir que algo de terrível acontecesse
aos seus pais. Assim se compreende que a necessidade de simetria também pode estar
presente em doentes com compulsões de tocar ou de bater em objectos, como por exemplo,
no caso de um doente que ao sentar-se tinha necessidade de bater no lado esquerdo da cadeira
e, de seguida, no lado direito. Os doentes com necessidade de simetria também podem
apresentar lentidão obsessiva, levando horas a desempenhar determinada tarefa, ainda que
simples, como por exemplo, no caso de um doente que gastava cerca de duas horas a escovar
os seus dentes, sempre de um modo simétrico.
Obsessões Somáticas
Os doentes com obsessões somáticas prestam uma atenção excessiva em relação à
possibilidade de estarem ou virem a estar doentes. Devemos recordar que até a um período de
tempo relativamente recente, as obsessões somáticas mais comuns estavam relacionadas com
várias doenças físicas, como por exemplo o receio de contrair uma doença oncológica ou uma
doença venérea, assumindo o medo da SIDA, na maior parte dos indivíduos, um papel cada
vez mais preponderante. O contexto cultural que envolve estas preocupações obsessivas leva
a que, em função de vulnerabilidades pré-existentes, as pessoas desenvolvam
comportamentos repetitivos de verificação, de uma parte ou partes do corpo em questão, bem
como rituais de securização que, na sua dependência das expectativas que se formam,
consistem numa actividade de procura frequente de exames complementares de diagnóstico,
bem como de uma opinião médica tranquilizadora. Daqui fácilmente se depreende que, a
distinção clara entre um DOC com obsessões somáticas e um quadro clínico de Hipocondria
possa ser difícil. Aliás, como adiante será revisto com mais pormenor, a Hipocondria é uma
de várias doenças ligadas ao denominado Espectro Obsessivo-Compulsivo (Hollander, 1993).
Essa qualidade de medo do impulso determinou que, no passado, esta manifestação obsessiva
fosse designada de fobia de impulsão.
Como atrás se referiu, por vezes, a dúvida orienta a direccionalidade da preocupação,
verificando-se o mesmo em relação ao passado. Isto é, o doente para além de se preocupar
com a ideia de poder vir a cometer algum desses actos condenáveis, também fica preocupado
sobre a possibilidade de já o ter cometido no passado.
Doentes com este tipo de obsessões, talvez das mais perturbadoras, dada a natureza do
seu conteúdo, tendem a envolver-se em frequentes rituais de verificação com o objectivo de
se certificarem de que não fizeram aquilo que mais receiam. Como exemplo, vamos citar o
caso de uma doente que constantemente verificava as notícias locais, para se certificar de que
não havia assassinado alguém ou, então, envolvia-se com frequência em rituais de
securização ou de tranquilização, interpelando repetidamente e de forma exaustiva as pessoas
para que estas lhe afirmassem não terem cometido nenhum acto condenável.
Outras Obsessões
Para além dos tipos de obsessões atrás descritos e que são, também, os mais frequentes,
podem existir outros que igualmente induzem stresse, ansiedade e, em alguns doentes,
sintomas secundários de natureza depressiva, como é o caso das denominadas ruminações
obsessivas que, no essencial, são ideias fúteis ou imponderáveis, envolvendo considerações
intermináveis e quasi-filosóficas sobre alternativas que não têm resposta (por exemplo, será
que Deus existe ou não existe?). Estes considerações indecisas de alternativas, podendo em
alguns casos levar a respostas emocionais inadequadas ou desproporcionadas, são um
importante elemento em muitas outras ruminações obsessivas e, frequentemente, estão
associadas a uma acentuada incapacidade para tomar as decisões necessárias, mesmo as mais
triviais no dia-a-dia.
Em síntese, os fenómenos de natureza obsessiva podem ter várias apresentações, formas
e conteúdos mas, as características comuns são as seguintes:
4.2. Compulsões
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 56
Quadro 4.2 - Frequência de tipo de compulsões numa amostra de 250 doentes com DOC
(Rasmussen e Eisen, 1988).
Tipologias Sindrómicas
Colocando de parte as considerações sobre a funcionalidade dos rituais compulsivos,
vários autores, ao longo do tempo, têm agrupado as obsessões e as compulsões em tipologias,
sendo as mais usuais, aquelas que dividem os tipos consoante a obsessão ou a compulsão que
se revela predominante. Isto significa que o interesse pelas tipologias deve ser encarado numa
perspectiva científica de utilidade. Isto é, devem ultrapassar o nível das idiossincrasias dos
próprios autores que as conceptualizaram, escapando a todo o custo à “compulsão” de
classificar por classificar, procurando-se correlacionar os tipos sindrómicos com certas
variáveis clínicas, tais como o prognóstico ou a resposta a formas específicas de tratamento.
Nesta perspectiva, as tipologias existentes, algumas das quais serão revistas mais adiante, não
têm mostrado uma clara utilidade.
Insel, em 1984, por exemplo, seguindo a sequência obsessão-compulsão-resistência,
descreveu quatro grupos sindrómicos (Quadro 4.3).
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 58
Recentemente, Baer (1994) realizou um estudo numa amostra de 107 doentes, em que
efectuou uma análise de cluster, o que lhe permitiu isolar três tipos de agrupamentos
sintomáticos (Quadro 4.4). Este estudo comporta uma tipologia do DOC, consoante a
natureza motora ou cognitiva da sintomatologia apresentada.
No grupo 1, predominantemente “motor”, a comorbilidade com os tiques complexos é
elevada, comparativamente ao grupo 3 ou “obsessivo puro”. Entre estes dois polos coloca-se
um grupo intermédio que inclui “lavadores” e “verificadores”, no qual a comorbilidade com
outros distúrbios mediados pela ansiedade é mais frequente.
Quadro 4.4 - Análise de cluster dos sintomas obsessivos e relação dos sub-grupos do DOC e
comorbilidade (adap.de Baer, 1994).
Até há alguns anos existia a noção de que o DOC era uma doença rara, com um curso
crónico e sem remissão. As alternativas terapêuticas hoje disponíveis, fazem-nos encarar com
mais algum optimismo, a abordagem de tratamento desta doença. No entanto, este optimismo
deve ser temperado com alguma reserva, na medida em que estudos recentes, mostram que
mesmo no caso de doentes adequadamente tratados, a taxa de recaída é superior a 50%
(Eisen, não publicado).
Os estudos fenomenológicos e de follow-up iniciais, enfermavam de várias limitações
metodológicas, incluindo o design retrospectivo, amostras limitadas e baseadas em
populações hospitalares, falta de critérios diagnósticos operacionais e de instrumentos
estandardizados para fins de avaliação. Estudos mais recentes, usando um desenho
prospectivo e aplicando modernas tecnologias diagnósticas, mostraram que o carácter
episódico da doença (com claros períodos caracterizados por uma remissão completa) é, de
facto, relativamente raro. Ou seja, uma vez estabelecida a sintomatologia, esta habitualmente
tende a persistir, embora possam variar, o contéudo, a intensidade e a frequência desses
sintomas (Eisen e Steketee, 1997).
Estudos Retrospectivos
No primeiro estudo de follow-up (Lewis, 1936), o autor seguiu 50 doentes com DOC,
pelo menos durante 5 anos após a avaliação inicial. Entre este grupo, 32% estavam livres de
sintomatologia, 14% estavam “muito melhorados” e, 44% tinham tido poucas ou nenhumas
melhorias ou mesmo agravamento. Só 10% tinham tido um curso episódico, com recorrência
após uma remissão. No estudo de Pollit (1957), onde foram seguidos 67 doentes, por uma
média de 3.4 anos, 24% estavam em remissão total, 36% tinham sintomas ligeiros, 12%
tinham melhorias, mas com um funcionamento deficiente e, 25% não apresentavam melhoria
ou tinham agravamento da sintomatologia. Num estudo com um longo follow-up, de 13 a 20
anos (Kringlen, 1965), somente 24% dos doentes estavam muito melhorados, 34%
descreviam ligeiras melhorias e a maioria (42%), não apresentavam melhorias ou estavam
pior. Grimshaw (1965) avaliou 100 doentes, após 5 anos da alta, verificando que 40%
estavam recuperados ou com uma ligeira sintomatologia, 24% tinham melhorado
moderadamente e, 35% permaneciam sem quaisquer alterações ou tinham piorado (convém
referir que as melhorias não estavam relacionados com nenhum tratamento particular). Lo, em
1967, num estudo conduzido na China, apresentava resultados mais optimistas, com 23% de
doentes em remissão completa e 50% muito melhorados. No entanto, é provável que esta
amostra constituida por doentes internados e do ambulatório, apresentasse alguma
heterogeneidade, na medida em que 31% dos casos eram descritos como “sintomas fóbicos e
ruminativos”, com compulsões mínimas.
Goodwin et al. (1969), ao efectuarem uma revisão destes estudos, constataram que o
curso da doença tende a ser habitualmente crónico, mas variável, com flutuação na gravidade
dos sintomas e pode ser dividido em três categorias: (1) crónico, sem remissão (2) fásico com
períodos de completa remissão e, (3) episódico, com remissão parcial. Já em 1961, Ingram
concluia que, num estudo efectuado com 89 doentes, a história natural da doença pode ser
caracterizada como: constante, com agravamento progressivo; constante e estático; flutuante
sem remissão completa dos sintomas ou fásico. Black (1974), por sua vez, numa revisão mais
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 62
recente de três trabalhos, com uma população 219 indivíduos, refere ter encontrado 11 a 14%
de doentes com um curso fásico, 24 a 33% com um curso flutuante e, 54 a 61% com um curso
constante (estático ou com agravamento).
Rasmussen e Tsuang, em 1986, caracterizam como crónico ou “contínuo” o curso da
doença na maioria dos casos (84%) da amostra que estudaram, com deterioração em 14% e,
episódico apenas em 2%. A duração média da doença, à altura da avaliação, era de 15 anos, o
que constitui mais uma sugestão de cronicidade.
Gojer et al. (1987) referem que após a alta, 66% dos doentes estudados mostravam um
curso deteriorante, em 17% dos casos era flutuante, 11% mantinham um estado inalterado e,
só 2% melhoravam.
O estudo realizado por Coryell, em 1981, comparou o curso da doença após a alta, num
grupo de 44 doentes com DOC versus doentes com Depressão Major, observando que embora
56% dos doentes com diagnóstico de DOC mostrassem alguma melhoria no follow-up, esta
coorte apresentava significativamente menor probabilidade de remissão, após a alta (22%),
em comparação com a população de doentes deprimidos (64%).
Mais recentemente, Rasmussen e Eisen (1988), com base numa amostra bastante maior,
observaram um curso contínuo, com períodos de melhoria e de agravamento em 85% dos
casos clínicos estudados, com deterioração em 10% e, episódico em apenas 2%.
Também no nosso estudo (David et al., 1996), analisando a evolução do DOC desde o
seu início até à data do internamento no Hospital de Dia da Clínica Psiquiátrica dos Hospitais
da Universidade de Coimbra, verificámos que em 87.1% dos doentes o curso foi crónico (sem
remissão - 51.6% ou com remissões incompletas - 35.5%), encontrando-se mais raramente um
curso fásico com períodos de remissão completa (12.9%), valores que estão de acordo com
outros estudos realizados neste campo.
No estudo de Thomsen (1995), o autor entrevistou 47 doentes com DOC, 6 a 22 anos
após o início da doença, na infância e, compararam-se as suas características com um grupo
de controlos que apresentavam outros distúrbios psiquiátricos. A maioria dos doentes
revelavam uma ausência de sintomas (28%) ou apenas sintomas subclínicos (26%) e, 21%
manifestavam um curso crónico da doença.
Estudos Prospectivos
Num estudo prospectivo de crianças com DOC (Flament et al., 1990), a maioria dos 25
doentes seguidos permaneceram doentes ao longo de um período de 2 a 7 anos. No entanto,
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 63
neste estudo, não foi avaliado o efeito do tratamento sobre o curso da doença. Quanto a outro
estudo também prospectivo, de 54 crianças que foram tratadas com clomipramina (Leonard et
al., 1993) e no qual foi avaliado o efeito do respectivo tratamento, comprovou-se que depois
de 2 a 7 anos, após a primeira observação, 73% estavam “bastante melhor” e 11% estavam
completamente assintomáticas. Neste estudo também ficou demonstrado que um tratamento
apropriado pode melhorar o prognóstico mas, somente enquanto o doente mantém o
tratamento prescrito. Este dado é congruente, como veremos no capítulo do tratamento, com
os estudos sobre a descontinuação de fármacos, reveladores de uma notória taxa de recaída
precoce, após a suspensão dos fármacos (Pato et al., 1988).
Nos últimos anos, também têm sido efectuados alguns estudos prospectivos em doentes
adultos. Curiosamente, ficou comprovado num desses estudos que, ao fim de dois anos, 57%
dos doentes ainda preenchiam os critérios diagnósticos de DOC e, apenas 12% atingiam uma
remissão mantida ao longo de todo o estudo (Eisen et al., 1995).
Há quem sugira que a relativa diversidade dos sintomas observados e/ou observáveis no
DOC é de certa maneira ilusória, no sentido em que subjacente a essa aparente e superficial
diversidade, possa existir um núcleo restrito de estruturas e processos cognitivo-emocionais
específicos. Esta não é uma questão nova e, já desde longa data se tem debatido na psiquiatria
a questão da existência de traços de personalidade específicos, em doentes com DOC.
Dúvida
Para além dos sintomas descritos no capítulo anterior, ao DOC têm sido associados um
conjunto de traços de personalidade, muitos dos quais já foram descritos numa perspectiva
cognitivista, como representativos das características formais do pensamento obsessivo
(Reed, 1968). No seu conjunto, os dados actuais não são congruentes com a perspectiva
tradicional de que o DOC se desenvolve numa personalidade “obsessiva”, pré-existente.
Embora o conceito do continuum entre a personalidade obsessiva e o DOC não tenha,
ainda, grande suporte empírico, a hipótese de que certos traços de personalidade específicos
possam estar associados a sintomas também específicos, no DOC, merece ser considerada.
Embora várias características tipo-traço tenham sido descritas, a maioria delas parecem
estar íntimamente relacionadas, o que sugere a existência de um “conjunto nuclear”. A falta
de convicção interna, a dificuldade de decidir escolhas, a incerteza, a sensação de incompleto,
a inconclusão, a indecisão, a procrastinação e a dúvida patológica são, de facto, características
que têm sido descritas em conjunção com o DOC, desde a aurora da psiquiatria (Reed, 1985).
Já Esquirol, em 1838, sugeria que os sintomas de natureza obsessiva emergiam de um
“tipo de carácter escrupuloso”, enquanto que Janet, em 1903, descrevia o “psicasténico”
como “continuamente atormentado por uma sensação interna de imperfeição”. A natureza
deliberativa do doente obsessivo foi igualmente descrita por Maudsley, em 1895, em termos
de “terríveis e incríveis vacilações insignificantes e irresoluções sem valor”. Também Freud
(1909) tinha já anteriormente sublinhado que a dúvida e a incerteza estavam íntimamente
ligadas: “… é a dúvida que leva o doente à incerteza acerca das suas medidas protectoras e à
sua contínua repetição, de modo a banir a incerteza …”.
Estas observações foram reforçadas por investigações fenomenológicas mais recentes,
em torno do DOC (Akhtar et al., 1975), demonstrando-se que a característica mais notória do
66
FENOMENOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II
Intolerância à Incerteza
afirmativa. Por exemplo, qualquer pessoa normal pode ter dúvidas ácerca da correcção com
que efectuou determinada tarefa, no entanto, não se sentirá irresistivelmente compelida a
verificar se tal aconteceu. Isto é, a pessoa mostra-se capaz de tolerar a incerteza, não tendo a
tal “necessidade de certeza”. Por outro lado, no doente obsessivo, os dois aspectos
cognitivos estão ligados de uma maneira tão forte que até quase se confundem. Por exemplo,
é comum em certos doentes obsessivos que conduzem, voltarem atrás mais do que uma vez,
em particular ao local onde julgam ter atropelado uma ou várias pessoas, não porque pensem
que isso possa ser provável mas, por não conseguirem tolerar o intenso e aversivo estado
emocional que está relacionado com a penosa vivência de “não ter a certeza”. Assim, a
referida “necessidade de certeza” acaba por actuar como um elemento motivacional chave,
suficientemente capaz de gerar no indivíduo, comportamentos de natureza compulsiva.
Porém, como tivemos já oportunidade de salientar, neste caso, também se pode colocar a
mesma questão: traço ou sintoma?
Escrupulosidade
Vivência de Culpa
efeito, existem estudos que favorecem a hipótese da culpa ser um fenómeno nuclear, no DOC.
Steketee et al. (1987), a este propósito, referem que os sentimentos de culpa são mais
proeminentes nos doentes com DOC, relativamente a doentes que sofram de outros Distúrbios
de Ansiedade. Este achado é complementado por dados de estudos realizados em populações
não-clínicas. Niler e Beck (1989) referiram que a frequência de pensamentos e impulsos
intrusivos, a sua tenacidade e níveis associados de angústia eram melhor predictos pelos
níveis de culpa, do que pelos níveis de ansiedade ou de depressão. Para Rosen et al. (aguarda
publicação), a culpa também tem um significativo valor predictor da conduta de verificação,
mesmo depois dos efeitos da ansiedade e da depressão terem sido descontados. Para Frost et
al. (1994) há uma relação estreita entre a gravidade dos sintomas e a culpa. Assim, no seu
estudo, os indivíduos que pontuavam acima de pontos de corte arbitrários, em vários
instrumentos estandardizados de avaliação do DOC, experienciavam maior culpabilidade,
relativamente àqueles que obtinham menor pontuação.
DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO NA INFÂNCIA 69
6.1. Epidemiologia
Sintomas referidos na
entrevista inicial (%)
Obsessões
Preocupações com sujidade, germes, etc 40
Preocupação com algo de terrível que possa acontecer 24
Simetria, ordem, exactidão 17
Escrupulosidade 13
Preocupação com as secreções/excreções corporais 8
Números de azar ou sorte 8
Imagens, pensamentos ou impulsos sexuais ou perversos 4
Medos de magoar a si-próprio ou outrém 4
Preocupações com items do lar 3
Sons, palavras ou música, intrusivos e sem sentido 1
Compulsões
Lavagem 85
Rituais de repetição 51
DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO NA INFÂNCIA 71
Verificação 46
Rituais de remoção do contacto com contaminante 23
Tocar 20
Medidas para prevenir que aconteça mal 16
Ordenar 17
Contar 18
Armazenar/coleccionar 11
Rituais de limpeza do lar ou objectos inanimados 6
miscelânea 26
Personalida. compulsiva 7 15 1 4 8 11
Dist.desenvolvimental
específico 12 26 5 22 17 24
6.5. Tratamento
A farmacoterapia, a terapia comportamental e a terapia familiar têm sido muito usadas
no tratamento do DOC da infância. Embora as psicoterapias de suporte e a terapia familiar
tenham, isoladamente, apresentado resultados desapontadores relativamente ao tratamento do
DOC, podem desempenhar algum papel adjuvante da terapia comportamental, no sentido de
diminuir a ansiedade do doente, bem como de melhorar o funcionamento familiar.
Por outro lado, a terapia comportamental é bastante eficaz no tratamento do DOC da
infância, particularmente quando o método adoptado é a Exposição com Prevenção de
Resposta (Bolton et al., 1983). Tal como nos adultos, tem que ser fomentado um bom nível
motivacional, o que pode ser mais difícil nas crianças mais jovens. Nestas últimas, os pais
devem ser instruídos de modo a implementar-se um programa comportamental específico,
colaborando no próprio processo terapêutico.
DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO NA INFÂNCIA 76
Quadro 7.1 - Diagnósticos co-mórbidos (em toda a vida) em doentes com DOC primário
(n=100) (adap. de Rasmussen e Eisen, 1990).
Diagnóstico (n=100)
Depressão 67
Fobia simples 22
Ansiedade de separação 2
Fobia social 18
Distúrbios do comport.alimentar 17
Abuso de álcool 14
Distúrbio de Pânico 12
Síndrome de Tourette 7
outras doenças psiquiátricas numa população de indivíduos com DOC e, (2) aqueles que
focam a sua atenção na incidência de sintomas obsessivos noutros grupos diagnósticos.
1994). Por sua vez, também nos parece merecer alguma reserva o qualificativo “psicótico”
para a situação do doente que tem algum défice no reconhecimento do carácter excessivo ou
não razoável das suas próprias obsessões, o que tem a ver com a dificuldade de delimitação
entre uma ideia sobrevalorizada e uma ideia delirante.
com causas genéticas e não genéticas, a forma hereditária é aquela que está mais ligada ao
DOC.
Após estes estudos iniciais, vários outros continuaram a documentar a presença de
sintomas obsessivos nos doentes com DGT (Comings e Comings, 1987; Frankel et al., 1986;
Grad et al., 1987; Montgomery et al., 1982; Pauls et al., 1986; Pitman et al., 1987; Robertson
et al., 1988; Stefl, 1984), com taxas variando de 32 a 90% (Pauls, 1990), dependendo da
idade dos doentes com DGT. Montgomery et al. (1982) sugeriram que a doença obsessiva era
mais pronunciada nos doentes mais idosos e, Nee et al. (1982) referem que nos doentes com
diagnóstico de DGT, com 21 ou mais anos, 90% apresentavam sintomas obsessivos. Yaryura-
Tobias et al. (1981) referem que 80% dos doentes com DGT (idade média da amostra=51
anos) satisfaziam os critérios diagnósticos para DOC.
Dada esta elevada prevalência de sintomas obsessivos, nos doentes com DGT, foi
hipotetisado poder existir uma relação etiológica entre as duas doenças. Se assim for, seria de
esperar um aumento da taxa de DGT ou Tiques Crónicos, entre os doentes com DOC, bem
como entre os familiares de 1.º grau, destes últimos. Vários estudos têm investigado esta
hipótese (Lenane et al., 1988; Pauls et al., 1986; Pauls et al., 1988; Pauls, 1989; Pauls et al.,
1995). Os resultados comprovam que 20 a 30% dos doentes com DOC apresentam (ou
apresentaram) uma história de tiques, o que constitui uma taxa superior ao que seria de
esperar. Por outro lado, a taxa de DGT ou de tiques crónicos nos familiares de doentes com
DOC também é elevada (na ordem dos 10%). Assim, a elevada taxa de tiques e de DGT entre
os doentes com DOC e seus familiares é compatível com a hipótese de que estes distúrbios
partilhem uma causa comum, o que faz do DGT também um membro pertencente ao Espectro
Obsessivo.
sólidas. Convém ainda precisar que, a partir de determinada altura, esta crença da
invariabilidade de ligação entre a personalidade obsessiva e a doença obsessiva, ao contrário,
começou a ser contestada e refutada ao longo do tempo (Pollack, 1979, 1987).
Em segundo lugar, um outro factor que no passado dificultava a investigação dos
Distúrbios de Personalidade, de forma explícita ou implícita, era a baixa fidedignidade dos
critérios aplicados na classificação nosológico-etiológica das disfunções psicopatológicas.
Posteriormente, a DSM-III (APA, 1980) acrescentou ao Eixo I, um outro Eixo (Eixo II), para
os Distúrbios de Personalidade, de modo a fornecer, para estes últimos, critérios diagnósticos
operacionais, num esforço de suscitar, naturalmente, uma melhoria na fidelidade destes
mesmos diagnósticos. Como é bem conhecido, permitiu os diagnósticos múltiplos e também
estimulou a investigação destes distúrbios patológicos, nomeadamente a sua comorbilidade
com os distúrbios do Eixo I.
É importante saber que a relação existente entre os distúrbios do Eixo I e II tem sido
conceptualizada de diferentes maneiras. Uma delas é que os distúrbios do Eixo II podem
predispor ao desenvolvimento dos do Eixo I, ou por aumentar a vulnerabilidade ou por
modificarem a sintomatologia. É claro que esta perspectiva é consistente com a teorização
psicanalítica de que determinados traços de personalidade predispõem ao desenvolvimento de
certo tipo de sintomas.
Há, no entanto, uma visão diametralmente oposta que emergiu dos antigos psiquiatras
descritivos, como Kraepelin, da qual resultou uma conceptualização dos distúrbios do Eixo II
como consequentes aos distúrbios do Eixo I, assente na ideia de constituirem formas sub-
clínicas de distúrbios do Eixo I ou, então, por serem consideradas sequelas destes últimos.
Contudo, na Classificação Internacional das Doenças (CID 10, 1992) é assinalada uma
categoria de “alteração permanente da personalidade após doença psiquiátrica”. Similarmente,
foi conceptualizado que certos traços característicos dos Distúrbios de Personalidade podem
resultar da experiência de se sofrer de um DOC (Swedo et al., 1989b; Pfohl et al., 1991).
Desta forma, estes modelos são “lineares”, no sentido em que enfatizam sobretudo relações
sequenciais entre os distúrbios do Eixo I e II. Ver-se-á a seguir que, em oposição, uma terceira
conceptualização realça que os distúrbios dos Eixos I ou II não são primários (Stein et al.,
1994). Isto é, os distúrbios podem ter uma etiologia comum ou não, mas, no entanto,
interagem de um modo significativo. Esta terceira perspectiva é suportada por investigação
COMORBILIDADE NO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO
84
recente (Gunderson e Pollack, 1985), demonstrando que tanto os distúrbios do Eixo I, como
do Eixo II, de facto, têm uma base multifactorial (biológica e psicológica).
Assim, na década de 80 começaram a surgir vários trabalhos que se debruçaram sobre a
possível relação entre o DOC e os Distúrbios de Personalidade (DP), grande parte dos quais,
como se sabe, refere que mais de 50% dos doentes com DOC igualmente preenchiam os
critérios diagnósticos para um ou mais Distúrbios de Personalidade (Baer e Jenike, 1990).
Num estudo realizado com 44 doentes obsessivo-compulsivos, Rasmussen e Tsuang,
em 1986, observaram que 66% dos doentes também preenchiam os critérios de inclusão para
um distúrbio do Eixo II (i.e., um Distúrbio de Personalidade) da DSM-III (APA, 1980), com
55% dos casos a preencherem o diagnóstico de DP Compulsiva, 9% de DP Histriónico, 7%
de DP Esquizoide e, 5% de DP Dependente. No estudo efectuado por Joffee et al. (1988),
83% dos doentes preenchiam os critérios diagnósticos para um DP. Os diagnósticos de DP
comórbidos mais frequentes eram os seguintes: Evitante (44%), Passivo-Agressivo (44%),
Dependente (35%), seguido de Esquizotípico (17%) e, somente em 4% dos doentes foi
diagnosticado, simultâneamente, um DP Compulsivo. Steketee (1988) refere no seu estudo as
seguintes taxas de DP comórbidos: DP Esquizotípico (35%), DP Dependente (39%), DP
Histriónico (31%), Evitante (27%) e, à semelhança do estudo anterior só 4% eram
diagnosticados como DP Compulsivo. No estudo de Black et al. (1988), para alem dos 21
doentes com DOC havia também um grupo de controlos, emparelhados. Segundo estes
autores, 52% dos doentes estudados preenchiam também os critérios diagnósticos de um DP,
relativamente a 7% do grupo de controlo. Os diagnósticos de DP mais frequentes foram os do
Grupo C do Eixo II do DSM-III-R (APA, 1987): Dependente, Borderline e Histriónico (todos
com 24%) e, a seguir, 14% com o diagnóstico de DP Esquizotípico, sendo de salientar que
nenhum dos doentes com DOC preenchia os critérios diagnósticos de DP Compulsivo. No
estudo realizado por Mavissakalian et al., em 1990, numa amostra de 43 doentes com DOC,
53% apresentavam um diagnóstico adicional de pelo menos um DP, dos quais os mais
frequentes eram: Evitante (30%), Histriónico (26%), Dependente (19%) e, Esquizotípico
(16%), havendo apenas um doente (2%) que apresentava um diagnóstico concomitante de DP
Obsessivo-Compulsivo.
Todos os estudos atrás referidos usaram instrumentos de avaliação estandardizados,
embora sobretudo de auto-avaliação. Baer et al. (1990) efectuaram um estudo, utilizando uma
entrevista semi-estruturada de hetero-avaliação (Structured Interview for DSM-III Personality
COMORBILIDADE NO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO
85
Disorders), numa amostra maior de doentes que em estudos anteriores (n=96). Nos resultados
apresentados, 52% dos doentes preenchiam critérios para um ou mais DP da DSM-III, dos
quais os mais frequentes eram: Dependente (12%), Histriónico (9%) e, Compulsivo (6%),
seguidos de Esquizotípico, Paranoide e Evitante (cada com 5%). Horesh et al. (1993) também
avaliaram 45 doentes com DOC por meio da Structured Clinical Interview for the Diagnosis
of Axis II Disorders. Nos resultados obtidos observou-se que 75% dos doentes apresentavam
pelo menos um DP. Contudo, ao contrário das outras investigações, neste caso, o DP
Obsessivo-Compulsivo era, de facto, um dos distúrbios mais frequentes (17%) e, em seguida
outros, tais como por exemplo, o Histriónico (15%), o Paranoide (14%) e o Esquizotípico
(12%). Também se comprovou que 66% dos doentes com DOC , em particular os
“verificadores”, não manifestavam um DP, enquanto que todos os doentes com sintomas
mistos, curiosamente, apresentavam um DP, especialmente distúrbios do grupo A (i.e.,
Paranoide e Esquizotípico).
Para determinar a relação entre o DOC e outros distúrbios mediados pela ansiedade e,
os Distúrbios de Personalidade (DP), no estudo de Sciuto et al. (1991), em que foi comparada
a incidência de DP comórbidos nos doentes com DOC vs. doentes com Pânico ou Agorafobia,
observaram-se os resultados seguintes: os doentes com DOC apresentavam maior taxa de
concorrência de DP (68.8%), sendo o diagnóstico mais frequente de DP Evitante, seguido de
DP Histriónico, relativamente ao outro grupo de doentes (60%), no qual o diagnóstico mais
frequente era o de DP Histriónico. Em ambos os grupos, no entanto, a taxa de Personalidade
Compulsiva era baixa. Assim, a maioria dos estudos mais recentes sobre DOC e Distúrbios de
Personalidade comórbidos apontam para que no DOC exista, concomitantemente, uma taxa
elevada de Distúrbios de Personalidade, de diferentes tipos, entre os quais o Distúrbio de
Personalidade Obsessivo-Compulsivo seria, efectivamente, um dos menos frequentes nas
populações estudadas. No que respeita ao estudo efectuado por Rosen e Tallis (1995), os
resultados obtidos parecem apontar na direcção contrária. Convém referir que este estudo foi
realizado com uma amostra não clínica (83 indivíduos Estudantes) que, foram avaliados por
meio de dois instrumentos de auto-avaliação, o Personality Diagnostic Questionnaire-
Revised (DDQ-R; Hyler e Rieder, 1987) e o Maudsley Obsessional-Compulsive Inventory
(MOCI; Hodgson e Rachman, 1977). Por outro lado, os indivíduos também foram avaliados
por instrumentos de avaliação clínica para a depressão (Beck Depression Inventory-BDI; Beck
et al., 1961) e, também para a ansiedade, nomeadamente o Spielberger State Trait Anxiety
COMORBILIDADE NO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO
86
Inventory (Spielberger et al., 1980). Assim, de acordo com o PDQ-R, 66.3% da amostra
apresentava um ou mais Distúrbios de Personalidade, entre os quais os mais frequentes eram
o Paranoide, o Borderline e o Obsessivo-Compulsivo. Seguidamente, os autores calcularem
os coeficientes de correlação (Pearson), entre os resultados globais e de sub-escalas do MOCI,
com os respectivos Distúrbios de Personalidade. Após descontarem os efeitos da Depressão e
Ansiedade, apenas se obtiveram correlações significativas entre os valores obtidos no MOCI e
o Distúrbio de Personalidade Obsessivo-Compulsivo.
Por consequência, a presença de um DP comórbido com o DOC pode ter implicações
clínicas ou terapêuticas importantes. A realização de alguns estudos, principalmente em torno
do efeito dos DP no prognóstico ou eficácia das abordagens de tratamento, como facilmente
se depreende, comprovaram que a presença concomitante de um DP constituia um factor de
mau prognóstico. Por exemplo, Jenike et al. (1986) verificaram que 93% dos doentes com
DOC associado a um DP esquizotípico, usualmente mostravam uma resposta mínima, ou
mesmo ausente, em relação à terapêutica (mesmo com a combinação de farmacoterapia e de
terapia comportamental).
Os Distúrbios de Personalidade envolvem um número elevado de questões complexas a
nível nosológico e, poderíamos dizer que constituem a zona mais fluída da psiquiatria, isto
para usar um eufemismo quando nos queremos referir a uma verdadeira “zona pantanosa”.
Mesmo no que respeita à personalidade normal, “considerar a existência de traços,
pressupõe aceitar a sua consistência tans-situacional e estabilidade temporal” (Macedo e
Pocinho, 1993). Isto é, o indivíduo comporta-se de forma estável em diversas situações e
ocasiões. Este é o ponto de vista da designada posição personalista que, na década de 70 foi
objecto de crítica por parte de vários autores, dos quais destacamos Mischel (1979), por
consubstanciar a posição dita situacionista, argumentando que a consistência nunca tinha sido
comprovada empíricamente e, por conseguinte, o conceito de traço era insustentável. No
campo das personalidades anómalas, também existe alguma tendência para considerar que os
Distúrbios de Personalidade são relativamente estáveis, ao longo do tempo, o que nos parece
uma posição muito simplista, para não dizer fantasiosa, quando estamos a lidar com
fenómenos humanos de imensa complexidade e fluidez. Um interessante estudo de Ricciardi
et al. (1992) vem precisamente dar conta da complexidade das relações existentes entre os DP
e os restantes distúrbios do Eixo I, neste caso o DOC. Neste mesmo estudo com 17 doentes
obsessivo-compulsivos que também preenchiam critérios para um diagnóstico de DP, os
COMORBILIDADE NO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO
87
autores referem que 9 dos 10 doentes que responderam após 4 meses de terapêutica
farmacológica e/ou comportamental, já não preenchiam os critérios para um DP. Refira-se
ainda que os tipos de DP encontrados eram os seguintes: o Evitante, o Dependente, o Misto, o
Obsessivo-Compulsivo e, o Auto-Derrotista (self-defeating). O Distúrbio de Personalidade
Obsessivo-Compulsivo era, com efeito, o mais frequente antes de se iniciar o tratamento. Por
outro lado, não existia nenhum padrão entre os DP que mostraram melhoria e os que não
melhoravam. Estes resultados são consistentes com o pensamento de alguns autores, como
por exemplo Swedo e Rapoport (1989), de que os traços obsessivos possam desenvolver-se
em sequência de um DOC, como parte de “um padrão de coping adaptativo”.
Iríamos um pouco mais longe, ao considerar com cepticismo e reservas a abordagem
categorial dos DP, adoptada sucessivamente pelas mais recentes classificações da Associação
de Psiquiatria Americana (DSM-III, 1980; DSM-III-R, 1987, DSM-IV, 1994), senão vejamos:
ao falar de personalidade estamos a falar de estruturas profundas, ou melhor, da estrutura
do indivíduo que determina um conjunto de processos cognitivo-emocionais que, por sua vez,
se traduzem observavelmente no seu modo de pensar, de sentir e de agir, habituais. Isto é,
estamos a falar de padrões que são relativamente estáveis e tanto mais inflexíveis, quanto
mais patológicos forem. Assim, algumas questões relativas ao estudo de Ricciardi et al.
(1992), não deixam de causar alguma perplexidade. Deste modo, a principal questão assenta
no facto dos Distúrbios de Personalidade terem “desaparecido”, fruto de uma intervenção
terapêutica pontual. Os dois pensamentos mais óbvios que nos ocorrem para compreender e
explicar essa “cura” são os seguintes: o primeiro centra-se numa explicação que releva do
sobrenatural e, por isso, não nos ocuparemos dela. O segundo diz respeito à possibilidade dos
diagnósticos de DP efectuados antes do início do tratamento serem artificiais.
Por outro lado, é, igualmente, bastante estranho que dos 7 doentes estudados e que não
responderam ao tratamento, 2 deles, na segunda avaliação, também já não apresentavam
critérios diagnósticos para DP, não se podendo invocar nestes casos, o efeito do tratamento. A
questão do DP ser manifestação ou consequência do próprio DOC, saliente-se, remete-nos
para um maior nível de complexidade do que a simples questão da comorbilidade, isto é, para
as estruturas e processos cognitivo-emocionais específicos da organização obsessiva, tema
que será revisto com mais pormenor noutro capítulo.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 88
Pelas razões atrás aduzidas, o limite entre o DOC e o Distúrbio Delirante pode ainda
tornar-se mais ténue, do que no caso da Esquizofrenia, sendo isso particularmente notório no
caso do Distúrbio Delirante de tipo Somático.
O DOC levanta questões de diagnóstico diferencial, com várias categorias do grupo dos
Distúrbios do Controlo de Impulsos, como o Jogo Patológico, a Cleptomania, a Piromania, a
Tricotilomania, entre outros. Tem sido realçada a existência de algumas características que
podem ajudar nesta distinção. Por exemplo, as compulsões, ao contrário dos comportamentos
envolvidos nestes distúrbios, não têm em geral um elemento gratificante. Por outro lado, os
estados afectivos que motivam os diversos comportamentos associados a estes mesmos
distúrbios podem ser diferentes. Além disso, no DOC, o medo ou receio é um estado
subjacente que frequentemente determina as respostas de natureza compulsiva. Nos
Distúrbios de Controlo de Impulsos, por sua vez, os doentes frequentemente descrevem um
estado de grande tensão interna que precede o comportamento impulsivo, mas não
própriamente medo. É evidente que são muitas as similaridades entre um DOC e esta classe
de perturbações mentais.
existem fortes indícios de que possam pertencer ao mesmo grupo de distúrbios (aspecto a
desenvolver no capítulo dos Distúrbios do Espectro Obsessivo).
que realça a possibilidade da coocorrência poder constituir uma coincidência, mais do que
uma relação causal.
Actualmente, embora o debate continue, o paradigma dominante é que os dois
fenómenos (traços e sintomas) devem ser vistos como independentes, embora inter-
relacionados (Slade, 1974) e que embora a personalidade obsessiva não seja um factor
necessário, nem suficiente para o desenvolvimento do DOC (Pollack, 1987), os indivíduos
com este padrão de traços de personalidade estão mais propensos ao DOC, do que outros
indivíduos com outros traços de personalidade (Rosen e Tallis, 1995).
Black (1974), numa revisão dos primeiros estudos sobre a personalidade pré-mórbida,
refere que em 71% dos doentes era relatada uma personalidade compulsiva. Insel (1982), com
base nas histórias clínicas, refere que apenas 7 em 20 doentes com DOC apresentavam traços
obsessivos pré-mórbidos.
Na década de 80, várias investigações (ver secção sobre Comorbilidade) que colocam o
problema em termos de comorbilidade, na vez de personalidade pre-mórbida, apontam as
mais variadas taxas de diversos tipos de Distúrbios de Personalidade, ocorrendo
simultâneamente com o Distúrbio Obsessivo-Compulsivo. No entanto, essas investigações
tinham um certo denominador comum: as taxas referidas de personalidade compulsiva,
habitualmente eram mais baixas do que as dos outros Distúrbios de Personalidade, isto é, na
direcção oposta à visão tradicional da questão.
Podemos considerar, dentro da Personalidade Obsessiva, diferentes gradações, desde a
simples presença de traços obsessivos, até ao Distúrbio de Personalidade Obsessivo-
Compulsivo própriamente dito (DPOC), de acordo com a classificação da “Associação
Americana de Psiquiatria” (APA, DSM-IV, 1994).
Muito brevemente, o conceito de Distúrbio de Personalidade Obsessivo-Compulsivo é
algo controverso, embora essa controvérsia não invalide a necessidade de se explorar a
relação existente entre traços e sintomas específicos. Rachman e Hodgson (1980) já
perfilhavam esta perspectiva, no entanto, com uma posição crítica relativamente ao conceito
de Personalidade Obsessiva, sugerindo que uma constelação específica de sintomas do DOC
podem estar relacionados com uma constelação específica de traços. Para estes mesmos
autores, certos componentes do DOC podem ainda representar traços obsessivo-compulsivos
truncados. Por exemplo, Rachman, em 1974, salientava que a lentidão obsessiva primária
pode resultar, não de condutas de verificação frequentes, mas sim de um esforço direccionado
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 92
para se atingir a perfeição numa tarefa e, por isso, pode estar relacionado com um traço de
perfeccionismo*.
desenvolviam doença obsessiva, após recuperarem da encefalite (Claude et al., 1927; Jelliffe
e Smith, 1932).
Em 1938, Schilder especulava sobre esta relação entre a encefalite e a doença obsessiva
e, sobre a possibilidade de todos os casos de doença terem uma causa neurológica subjacente.
Por outro lado, tentou estabelecer uma ligação entre a neurologia clínica e a psicanálise ao
teorizar que a encefalite pode produzir alterações estruturais ou químicas, que "libertam"
impulsos hostis subjacentes, que o doente tenta controlar através do comportamento
obsessivo. Observou alguns doentes obsessivos, que também apresentavam alguns sinais
neurológicos ligeiros (o que hoje se designa por sinais neurológicos minor ou soft signs), mas
ao aperceber-se que grande parte dos doentes obsessivos não tinha história prévia de
encefalite, reformulou a sua hipótese postulando que os doentes deveriam ter sofrido lesões
na vida fetal, no parto ou processos infecciosos de etiologia desconhecida.
Grimshaw (1964), também se interessou pela ligação entre a doença obsessiva e as
doenças neurológicas. Estudou 103 obsessivos, dos quais 19.4% apresentavam história de
doença neurológica, comparado com 7.6% da sua amostra de controlos. Entre as doenças
neurológicas referidas, estavam casos de encefalite e meningite, vários tipos de epilepsia e um
caso de coreia de Sydenham. Este último achado é importante à luz de estudos mais recentes,
como o de Rapoport (1989c), no qual o autor observou 37 casos de febre reumática (cerca de
20% dos casos de febre reumática desenvolvem coreia de Sydenham, provavelmente como
resultado de uma resposta auto-imune aos núcleos da base). Dos doentes observados, 23
apresentavam coreia e, estes últimos, apresentavam mais sintomatologia obsessiva do que os
doentes sem coreia.
Laplane et al. (1982) descreveram 2 doentes com sintomatologia obsessivo-compulsiva,
sem ansiedade concomitante, consequente a necrose bilateral do globus pallidus, num caso
por encefalopatia devido a intoxicação com monóxido de carbono e, no outro, por picada de
vespa.
Mais recentemente, foi descrito um conjunto de alterações clínicas designadas por
Pediatric Autoimune Neuropsychiatric Disorders Associated with Streptococcal Infection,
mais conhecido pelo seu acrónimo PANDAS. Tal como o nome o indica, foi descrito em
crianças e adolescentes um conjunto de manifestações clínicas, que incluem um quadro
obsessivo-compulsivo caracterizado por um curso episódico, com períodos de intensa
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 95
Subjacente a estes critérios está a hipótese de que estes sintomas sejam originados por
processos autoimune desencadeados por infecções estreptocócicas, tal como também está
explícito na designação do quadro.
Os doentes com PANDAS caracterizam-se por ter uma idade de início dos sintomas
particularmente precoce (geralmente cerca de 3 anos mais cedo que o habitual DOC da
infância). Outra característica, é que o início é abrupto (quase de “um dia para on outro”),
bem como a exacerbação dos sintomas. Assim, o curso da doença costuma seer faseado, em
“dentes de serra”, isto é, com picos de início e término bem definidos e de notório
agravamento dos sintomas, intercalando por períodos de remissão. Adicionalemnte, podem
existir outros sintomas comórbidos de labilidade emocional, ansiedade de separação,
hiperactividade motora, impulsividade (Swedo et al., 1998). Especula-se que o carácter súbito
do início e da exacerbação dos sintomas possa estar relacionado com a dinâmica da
fisiopatologia subjacente.
epilepsia temporal, ou seja, o que tem sido designado por “pensamento forçado” involuntário
(Brickner et al., 1940; Hill e Mitchner, 1953).
do estriado, no DOC, embora não consigam distinguir se essas anomalias são primárias ou
secundárias (Rauch e Jenike, 1993).
Modelos animais com gatos, nos quais foram provocadas lesões bilaterais no caudado,
determinaram estereotipias, défices no ajustamento postural, hiper-reactividade e
comportamento "tipo compulsivo" (Villablanca e Olmstead, 1982). Estes investigadores
concluiram que, entre outras funções, o corpo estriado desempenha um papel integrativo e
influencia o sequenciamento de comportamentos e a capacidade de discriminação cognitiva.
Numa perspectiva neuro-etológica, alguns sugerem que os núcleos da base são responsáveis
pela elaboração de padrões de acção fixos, enquanto o córtex frontal é responsável por inibir
selectivamente tais acções (Swedo et al., 1989c). Para outros (Schneider, 1984), os núcleos da
base são conceptualizados com uma função de barreira sensorial. Neste sentido, condicionam
as viragens da atenção (attention shifting) e quando lesionados, deixam o animal incapaz de
mudar a sua atenção de forma adequada, o que determina comportamentos perseverativos.
9.4.4. Neurofisiologia
centra numa perturbação cíngulo-orbitofrontal, dados que não foram confirmados por outros
estudos (Insel et al., 1983a).
Também foram detectadas anomalias na latência e amplitude dos potenciais evocados
visuais (Ciesielski et al., 1981; Beech et al., 1983), sobretudo quando a estimulação é
complexa e requer participação cognitiva. Daí, Beech et al. (1983) deduzem que nestes
doentes existe uma perturbação dos estádios precoces do processamento da informação
complexa, por falta de controlo inibitório.
Os potenciais evocados somatosensoriais, empregues no estudo de Shagas et al. (1984),
também reflectiam anomalias compatíveis com disfunção frontal esquerda, relacionadas com
défices dos processos inibitórios frontais.
Insel et al. (1982), num estudo de 14 doentes com DOC, constataram alterações dos
padrões de sono, com uma diminuição do tempo total de sono, maior número de despertares,
diminuição do tempo de latência REM e menor fase 4 do sono não-REM, anomalias similares
às encontradas na depressão.
Quadro 9.1 - Estudos imagiológicos estruturais no DOC (adap. de Brody e Saxena, 1996).
Behar et al., 1984 TAC 17 doentes (vários com RVC superior nos
depressão secundária) doentes
16 controlos
Scarone et al., 1992 RNM 20 doentes tratados > vol. da cabeça do núcleo
16 controlos caudado nos doentes,
à direita.
O primeiro estudo com RNM (Garber et al., 1989) foi efectuado com 32 doentes
tratados com clomipramina vs placebo (duplamente cego) vs. 14 controlos. Tanto nos doentes
como nos controlos existia uma variedade de loci não-específicos de hiper-intensidade T2, na
substância branca. Com um mapeamento de intensidade T1 , verificou-se que os doentes com
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 101
história familiar positiva, tinham mais anomalias T1 do que os doentes sem história familiar
ou os controlos normais.
Em outro estudo (Kellner et al., 1991), com 12 doentes e 12 controlos, não foram
encontradas quaisquer diferenças entre os grupos.
Todos os estudos da função cerebral, no DOC, até hoje efectuados usaram técnicas de
TEP ou SPECT.
Estes estudos empregam emissores de radiação, tais como o xenon-133 (133Xe), iodo-
123 (123I) e tecnécio-99m (99mTc), que emitem um fotão único de energia, o qual fornece o
sinal para a localização pelo tomógrafo. Estudos recentes têm usado tanto o 133Xe como o
99mTc-hexametil propilenolaminaoxima (HMPAO) para estimar o fluxo sanguíneo regional,
que está altamente correlacionado com as taxas metabólicas de glicose. O SPECT 133Xe usa
medidas do fluxo deste gás inerte, no cérebro, para estimar o fluxo sanguíneo regional. Por
razões técnicas, com este marcador apenas se pode medir o fluxo sanguíneo à superfície
cortical e não das estruturas profundas.
vivo. A região do córtex temporal, era a única área que apresentava um aumento significativo
no fluxo sanguíneo cerebral regional, durante a exposição in vivo.
O estudo de Hollander et al. (1995b), avaliou doentes com DOC que fizeram uma prova
de provocação com m-CPP, uma substância agonista dos receptores serotoninérgicos que
exacerba os sintomas obsessivos. Os autores encontraram um "acentuado aumento" da
perfusão cortical global, nos doentes cujos sintomas eram exacerbados pelo m-CPP, em
comparação com os doentes que não tinham esta resposta ao m-CPP.
O estudo de Machlin et al. (1991), avaliou 10 doentes com DOC (não deprimidos e sem
medicação) e 8 controlos. Os doentes apresentavam uma elevação significativa do ratio
córtex frontal interno/córtex global, na concentração de HMPAO, comparativamente aos
controlos. As taxas metabólicas da região do córtex fronto-orbital, não diferiam
significativamente entre os grupos. O mesmo grupo (Hoehn-Saric, 1991), examinou alguns
dos doentes, alguns meses após terem efectuado um tratamento com fluoxetina (80 a
100mg/dia) e verificaram que o ratio córtex frontal interno/córtex global, da concentração de
HMPAO, diminui significativamente com o tratamento.
Outro grupo (Rubin et al., 1992), com um aparelho de maior resolução, estudou 10
doentes com DOC (não tratados) e 10 controlos, usando medidas de fluxo sanguíneo tanto
com o HMPAO, como com o 133Xe. Com este último, não encontraram diferenças
significativas no fluxo sanguíneo cerebral regional, entre os grupos, embora tenham
encontrado uma correlação positiva entre o fluxo sanguíneo cerebral regional e a gravidade do
DOC, correlação que não foi encontrada com o HMPAO. Com este último, foi relatado nos
doentes, um aumento da captação de HMPAO, na região superior do córtex parietal
(bilateralmente), no córtex postero-frontal esquerdo e no córtex orbitofrontal (bilateralmente).
Nos doentes, foi ainda encontrada uma dimnuição daaptação de HMPAO na cabeça do núcleo
caudado (bilateralmente).
Um estudo mais recente (Adams et al.,1993), avaliou 11 doentes tratados (com
fluoxetina ou clomipramina). Os autores encontraram assimetrias na perfusão dos núcleos da
base, em 8 dos 11 casos, com hipo-perfusão à esquerda (em 6 casos) e hipo-perfusão à direita
(em 2 casos).
(FDG) e a 11C-glicose para avaliar o metabolismo cerebral da glicose e o CO2 para avaliar o
fluxo sanguíneo. Em condições normais, a glicose constitui o substrato energético
predominante do cérebro e por isso, constitui um indicador sensível da função cerebral. Por
outro lado, o fluxo sanguíneo cerebral está intimamente correlacionado com o metabolismo
da glicose. Os estudos de TEP efectuados no DOC, são de 3 tipos: (1) os que comparam os
doentes com DOC com controlos normais, (2) os que avaliam doentes com DOC, antes e
depois de tratamento e (3) os estudos de activação, que avaliam os doentes na situação de
base e após provocação dos sintomas.
9.5.2.2.1. Estudos de TEP que comparam doentes com DOC vs. controlos normais
O estudo de Baxter et al. (1987), avaliou 14 doentes com DOC (nove dos quais tinham
simultaneamente um diagnóstico de depressão major), 14 doentes com depressão unipolar e
14 controlos normais. Todos os indivíduos estavam emparelhados para sexo e idade (os
doentes com DOC deprimidos, tinham pontuações idênticas aos doentes com depressão
unipolar, na Hamilton Depression Rating Scale). Alguns dos doentes com DOC não estavam
a tomar medicações, enquanto outros estavam a tomar uma variedade de fármacos
(antidepressivos, benzodiazepinas, neurolépticos). Os controlos e os indivíduos com
depressão não estavam a tomar medicações. O estudo TEP-FDG, foi efectuado no estado
basal, isto é sem qualquer estímulo activador. Verificaram que as taxas metabólicas absolutas
de glicose, estavam significativamente elevadas no conjunto dos hemisférios cerebrais,
núcleos caudados e gyri orbitais, nos doentes com DOC, em comparação com os controlos.
Para superar algumas das fraquezas metodológicas deste primeiro trabalho, o mesmo
grupo (Baxter et al., 1988), efectuou outro estudo, agora com doentes não deprimidos e não
medicados vs. controlos. Os resultados obtidos foram sobreponíveis ao estudo anterior, isto é,
as taxas metabólicas absolutas de glicose, estavam significativamente elevadas no conjunto
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 104
dos hemisférios cerebrais, núcleos caudados e gyri orbitais, nos doentes com DOC, em
comparação com os controlos.
Nordahl et al. (1989), também num estudo TEP-FDG, compararam 8 doentes com DOC
(não deprimidos) com 30 controlos. Os autores encontraram um significativo
hipermetabolismo em ambas as regiões orbitofrontais, nos doentes. No entanto, ao contrário
dos 2 estudos atrás referidos (Baxter et al., 1987; 1988), não foi encontrada qualquer
evidência de hipermetabolismo nos núcleos basais.
No estudo de um grupo do National Institute of Mental Health (Swedo et al., 1989c;
Horwitz et al., 1991), foram avaliados 18 doentes (9 de cada sexo), com DOC grave de início
na infância, em comparação com 18 controlos. Nos doentes, foi observado um aumento do
metabolismo na região pré-frontal (bilateralmente), orbitofrontal esquerda, prémotora
esquerda, sensóriomotora direita e áreas cinguladas anteriores (bilateralmente), tálamo à
direita, temporal inferior à direita. Não existiam diferenças entre os grupos quanto ao
metabolismo cerebral global e dos núcleos caudados.
O estudo de Martinot et al. (1990), com 16 doentes com DOC vs. 8 controlos, encontrou
dados em completo contraste com os outros estudos de TEP. Todas as regiões cerebrais
examinadas apresentavam taxas metabólicas diminuídas, nos doentes.
Resumindo as investigações de TEP-FDG em doentes com DOC vs. controlos, podemos
dizer que 4 estudos independentes, referiram anomalias no córtex orbitofrontal, nos doentes
em comparação com os controlos, enquanto apenas um estudo foi negativo. E num deles, foi
relatado aumento do metabolismo no caudado.
9.5.2.2.2. Estudos de TEP que comparam doentes com DOC antes e após
tratamento
O grupo de Mindus et al. (1991) mediu o metabolismo cerebral da glicose em 5 doentes
com DOC resistente ao tratamento médico, que foram submetidos a psicocirurgia, para
tratamento da sua doença obsessiva (capsulotomia anterior bilateral). Os doentes foram
avaliados 10 dias antes da intervenção e um ano após a mesma. O metabolismo orbitofrontal e
do núcleo caudado estavam significativamente mais elevados antes da intervenção do que
depois.
Swedo et al. (1992), avaliaram 13 dos doentes do seu estudo anterior (Swedo et al.,
1989c), após 20 meses. Desses doentes, dez estavam medicados e três estavam sem
medicação. O grupo como um todo, mostrou uma significativa diminuição das taxas
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 105
9.5.2.2.3. Estudos de TEP do fluxo sanguíneo cerebral que, avaliam doentes com
DOC durante a provocação de sintomas
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 106
Rauch et al (1994), estudaram 8 doentes com DOC, num estado basal e após
provocarem os sintomas, usando o dióxido de carbono marcado com oxigénio-15 (15O-CO2
TEP) para medir as diferenças no fluxo sanguíneo cerebral regional (FSCR). Os autores
encontraram diferenças significativas no FSCR durante o estado basal vs. activação
sintomática, no núcleo caudado à direita (p<0,.006), no córtex cingulado anterior esquerdo
(p<0,.045) e no córtex orbitofrontal (bilateralmente) (p<0,.008).
Usando o mesmo método que o estudo anterior, McGuire et al. (1994), provocaram
sintomas em 4 doentes com DOC, referindo correlações positivas entre os sintomas e as
medidas do FSCR em regiões cerebrais que incluíam o córtex frontal inferior, o striatum,
globus pallidus e tálamo, bem como o hipocampo esquerdo e o gyrus cingulado posterior.
Comentário
Em síntese, podemos dizer que os achados dos estudos imagiológicos estruturais e
funcionais, constituem uma das melhores evidências de que o DOC é uma perturbação cujo
substrato, parece residir numa disfunção de áreas cerebrais específicas. Vários estudos
sugerem anomalias no córtex orbitofrontal e cingulado anterior, bem como em elementos dos
núcleos da base e tálamo.
Os estudos de SPECT, sugerem uma hiper-perfusão (e provavelmente hiper-
metabolismo) nos lobos frontais dos doentes com DOC, relativamente aos controlos. Parecem
também apontar para uma hipo-perfusão dos núcleos da base, o que parece estar em contraste
com os achados dos estudos de TEP. Estes últimos, mostram dados de hiper-metabolismo nos
núcleos da base, nos doentes com DOC. Alguns estudos funcionais revelam que a
hiperactividade orbitofrontal, relacionada com os sintomas, normaliza com a resposta ao
tratamento (farmacológico e psicoterapêutico). O núcleo caudado, também tem mostrado
anomalias, em vários estudos que relatam uma diminuição do metabolismo, após o tratamento
com clomipramina, fluoxetina, paroxetina e terapia cognitivo-comportamental e outros
estudos mostram uma activação do caudado após provocação dos sintomas (Saxena et al.,
1998).
Todos estes dados, sugerem em conjunto, que existe uma rede de circuitos neuronais
hiperactivos, que abrangem o córtex orbito-frontal, o núcleo caudado e tálamo.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 107
2 Na investigação genética, o que é mais importante saber, é a proporção de indivíduos que alguma vez tiveram o distúrbio
em estudo, durante a sua vida (prevalência em toda a vida), do que a proporção de indivíduos que estão doentes na altura da
entrevista (prevalência pontual). Mas mesmo a prevalência em toda a vida não é uma medida satisfatória, na medida em que
na altura do estudo determinados indivíduos não estão ou nunca estiveram afectados, mas podem podem vir a estar no
futuro, por ainda não terem ultrapassado o limite de idade em que a possibilidade de virem a ser afectados é desprezível.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 109
35%. Facto semelhante ocorreu no estudo de Pauls et al. (1995), no qual a inclusão de formas
atenuadas de DOC, fez subir o risco mórbido nos familiares de 10.3% para 18.2%.
No estudo de Black et al. (1992), a taxa de DOC nos familiares, não diferia
significativamente entre os dois grupos. No entanto, considerando uma forma subliminar de
DOC, a frequência era maior nos familiares dos probandos com DOC relativamente aos
familiares dos controlos.
A idade de início da doença (IID) pode funcionar como um marcador de subtipo,
verificando-se uma tendência para que as formas com idade de início mais precoce,
apresentem uma história familiar mais marcada e possivelmente com uma maior implicação
(na sua etiologia) de factores genéticos (Macedo, 1996). À semelhança do que acontece em
outros distúrbios psiquiátricos, como a esquizofrenia e distúrbio afectivo bipolar (Macedo et
al., 1999), isso também sucede no DOC. No estudo de Bellodi et al. (1992), a taxa de
familiares de probandos com DOC que também apresentavam a mesma doença, não era muito
elevada (3.4%). No entanto, quando os probandos eram separados com base na IID, os riscos
mórbidos nos familiares daqueles que tinham uma IID mais precoce, eram superiores (8.8%
nos familiares de probandos com IID <21 anos vs. 3.4% nos familiares dos probandos com
IID mais tardia).
No nosso estudo (David et al., 1996) verificámos que 25.8 % dos doentes tinha algum
familiar com DOC, 38.7% com Distúrbio Afectivo e, 9.7% com Esquizofrenia. Em 48.3%
havia o registo de outros distúrbios, como alcoolismo, ansiedade, epilepsia, problemas da
personalidade. No entanto, é de salientar o facto, de num número razoável de doentes ser
omissa qualquer referência à história familiar de distúrbios psiquiátricos (Quadro 10.2).
Quadro 10.2 - Estudo casuístico de doentes com DOC, no Hospital de Dia dos HUC/ história
familiar de distúrbios psiquiátricos (David et al., 1996).
Assim, o modo mais correcto de expressar as taxas de doença nos familiares dos probandos afectados, é usando o risco
mórbido (também designado por incidência em toda a vida). Existem vários métodos para calcular o risco mórbido, entre os
quais o mais usado é o de Weinberg.
Suponhamos que o número de familiares afectados seja = A e o número de não-afectados seja =N. A frequência não-corrigida
(F) de familiares afectados será: = A/(A+N). No entanto, os familiares N, são de 3 tipos: (a) n1 são mais novos do que a idade
de risco, (b) n2 estão dentro do período de risco e (c) n3 têm uma idade superior à idade de risco.
Assim, F dá-nos uma sub-estimativa da incidência em toda a vida. Isto pode ser corrigido, pela atribuição de "pesos" ao
número de pessoas não-afectadas, em cada um dos grupos atrás referidos [e.g. (a) 0, (b) 1/2, (c) 1]. Então, a frequência
corrigida de familiares afectados (risco mórbido), é dado por: RM=A/(A + 1/2n2 + n3).
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 110
A análise de linkage, quando levada a termo com sucesso, pode determinar a posição
aproximada do gene envolvido, sendo depois necessárias outras técnicas para a identificação
final e sequenciação do gene. Estes estudos usam a informação obtida a partir de
heredogramas (famílias) que apresentam vários membros afectados, estudando-se a co-
segregação de marcadores de ADN com a doença. Se determinado marcador segregar com a
doença com um frequência superior ao que seria de esperar pelo acaso, diz-se que esse
marcador está ligado (linked) com a doença, o que em termos simples quer dizer que esse
marcador (que é uma pequena porção de ADN de localização cromossómica conhecida
(“sonda”) está fisicamente próximo de um gene envolvido na doença (a montante ou jusante).
Até agora, ainda existem poucos estudos de linkage no DOC. Um dos primeiros, foi o
estudo de Weissbecker et al. (1989), que relatou um lod score2 de 1.3 no cromossoma 4
2 O LOD score é um método estatístico para verificar se 2 loci estão ou não em ligação. Consiste no logaritmo de
base 10 da probabilidade de existir ligação, sobre a probabilidade de não existir.
Tradicionalmente, considera-se que um LOD score > 3 é significativamente sugestivo de existir ligação e < -2 é
indicativo de exclusão de ligação.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 114
(4q13). No estudo de Brett et al.(1995), em que foram analisados vários genes candidatos do
sistema dopaminérgico e serotoninérgico, não houve qualquer resultado positivo. Mais
recentemente, foram conduzidos alguns estudos com rastreio do genoma, como o estudo de
Hanna et al. (2002) efectuado em 7 famílias, que revelou um LOD score máximo de 2.24, no
cromossoma 9 (9p24), resultado que foi replicado por Willour et al. (2004). Com uma
amostra maior de 219 famílias, colhidas no âmbito do OCD Collaborative Genetics Study,
Shugart et al. (2006) relataram a possibilidade de existência de vários loci de susceptibilidade
nos cromossomas 7p, 1q, 15q e 6q, sendo a maior evidência de linkage no coromossoma
3q27-28.
10.1.4.2. Associação
Sistema Serotoninérgico
Quadro 10.4 – Genes candidatos do sistema serotoninérgico (Adap.de Billet et al., 1998a).
Nos últimos anos têm sido descobertos várias classes de receptores serotoninérgicos (5-
HT1 – 5-HT7), com diversas sub-classes. Todos estes receptores estão acoplados a proteínas
G, com excepção da classe 5-HT3, que está ligada a um canal catiónico transmembranar.
Dentro deste sistema, são igualmente importantes outros genes, como o da Tirosina
Hidroxilase (enzima que limita a taxa de síntese da serotonina) e o Transportador da
Serotonina (5-HTT), proteína que é responsável pela recaptação da serotonina da fenda
sináptica, para o terminal pré-sináptico e sobre a qual actuam os antidepressivos tricíclicos
(como a clomipramina) e os inibidores selectivos da recaptação da serotonina.
Nicolini et al. (1996), efectuaram um estudo de associação com 67 doentes com DOC
vs. controlos, com o gene do receptor 5-HT2A, não tendo encontrado qualquer associação
positiva. Alguns estudos posteriores encontaram associações positivas com este gene (Enoch
et al., 2001; Walitza et al., 2002).
Greenberg e Lesch (1996), sequenciaram a região codificadora do gene 5-HTT, em 22
doentes com DOC vs. controlos, não tendo encontrado qualquer diferença de sequência.
Também não foi encontrada qualquer diferença de sequência na região promotora do 5-HTT,
onde existe um polimorfismo de inserção/delecção de 48 pares de bases (pb). Billet et al.
(1997), investigaram este polimorfismo num estudo de associação com 74 doentes com DOC
vs. controlos, não tendo sido encontrada qualquer associação. Mais recentemente, Bengel et
al. (1999), num estudo de associação com esta mesma região promotora, verificaram que os
doentes com DOC apresentavam mais frequentemente duas cópias do “alelo longo”,
relativamente aos controlos (46.7% vs. 32.3% - p=0.023), o que fornece alguma evidência do
envolvimento deste gene no DOC.
Cavallini et al. (1998) estudaram um polimorfismo (CYS23/SER23) no gene 5-HT2C,
num estudo de associação de doentes com DOC vs. controlos, não tendo sido encontrada
qualquer associação alélica ou genotípica.
Mundo et al. (1999), sugeriram uma possível associação entre o gene do autoreceptor 5-
HT1D e o DOC, o que é interessante, dado o relato do possível efeito terapêutico do
sumatriptano (agonista destes receptores), nos doentes com DOC. Os estudos destes autores
(Mundo et al., 2000; 2001) reportaram uma associação positiva entre o DOC e o alelo G861
do gene HT1Do que não foi replicado por outros estudos (DiBella et al., 2002;Camarena et
al., 2004).
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 117
Sistema Dopaminérgico
antidopaminérgica (Austin et al., 1991). Existe também alguma evidência que alguns casos de
DOC refractários ao uso isolado de um inibidor da recaptação da serotonina, possa responder
a uma combinação que inclua um antagonista dopaminérgico (McDougle et al., 1994; 1995a).
Assim, em conjunto estes dados estabelecem a necessidade de investigar o envolvimento do
sistema dopaminérgico no DOC.
Quadro 10.5 – Genes candidatos do sistema dopaminérgico (Adap.de Billet et al., 1998a).
Sistema Glutamatérgico
Mais recentemente, têm vindo a ser apontadas algumas evidências para o possível
envolvimento de outro sistema neurotransmissor na fisiopatologia do DOC – o sistema
glutamatérgico.Foi reportada uma associação positiva entre o DOC e um gene deste sistema –
subunidade NR2B de um subtipo dos receptores NMDA (GRIN2B) (Arnold et al., 2004).
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 120
Comentário
Em resumo, podemos dizer que os estudos de epidemiologia genética (estudos
familiares e de gémeos) apontam para a existência de um componente genético na etiologia
do DOC. No que diz respeito aos estudos de genética molecular, pensa-se que alguns genes
candidatos relacionados com o sistema serotoninérgico, dopaminérgico (Pato et al., 2002) e
eventualmente, glutamatérgico possam estar envolvidos na susceptibilidade para o DOC. No
entanto, os resultados são ainda pouco consistentes (e por vezes contraditórios) para se poder
tirar alguma conclusão mais firme sobre o envolvimento de qualquer gene em particular.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. III 121
(2) Esses sintomas podem ser respostas aprendidas, que correspondem a um meio
compensatório de lidar com défices específicos mnésicos ou do processamento de
informação (Otto, 1990). Por exemplo, as verificações repetidas podem ser uma
manifestação extrema de coping, para lidar com certos défices, em indivíduos
ansiosos.
As evidências dos estudos neuroimagiológicos funcionais e estruturais, bem como da
investigação neurobioquímica e farmacológica, sugerem fortemente a possibilidade de
alterações do funcionamento do sistema nervoso central (SNC), no DOC, implicando
sobretudo uma disfunção do córtex préfrontal, corpo estriado e vias que ligam essas
estruturas. No que diz respeito à investigação neuropsicológica no DOC, os resultados
também sugerem que existem disfunções cognitivas no DOC. No entanto, a natureza precisa
desses défices cognitivos permanece ainda insuficientemente compreendida, havendo alguma
controvérsia sobre quais as funções mais comprometidas. Neste contexto, três áreas de estudo
têm recebido especial atenção: a inteligência, a disfunção do lobo frontal e a disfunção
mnésica.
11.2. Inteligência
Embora a relação entre inteligência geral e capacidades cognitivas específicas possa ser
variável, as associações tendem a ser positivas (Tallis, 1995). Dada esta relação, investigações
neuropsicológicas recentes do funcionamento cognitivo em obsessivos, lançam consideráveis
dúvidas sobre a sua "superior inteligência". Pelo contrário, vários défices, têm sido notados
(Head et al., 1989; Sher et al., 1983, 1984, 1989; Boone et al., 1991; Christensen et al., 1992;
Zielinski et al., 1991), sugerindo um nível de funcionamento global inferior e não superior.
No Wechsler Adult Intelligence Scale, foi notada uma pequena discrepância nas pontuações
do QI verbal vs. QI de desempenho, com menor pontuação neste último, para os doentes
obsessivos, enquanto no QI verbal não havia diferenças significativas. Outros testes de
inteligência geral, que assentam também nas aptidões visuo-espaciais, colocam alguns
problemas nos doentes com DOC. Por exemplo, dois estudos que usaram o Teste das
Matrizes Progressivas de Raven, revelaram diferenças significativas entre doentes com DOC
e controlos (Flor-Henry et al., 1979; Zielinski et al., 1991).
Numa caracterização genérica da função dos lobos frontais, podemos dizer que estão
envolvidos na programação, regulação, controlo e verificação dos comportamentos. Os lobos
frontais estão intimamente relacionados com as áreas sensoriais, motoras e sistema límbico e
são responsáveis pela modulação dos comportamentos voluntários direccionados a um
objectivo ("goal directed behavior") e pela adaptação desse comportamento à mudança de
estímulos do mundo externo (Luria, 1980). As disfunções frontais habitualmente observadas,
envolvem comportamento inflexível e diminuição do controlo inibitório, donde resultam
comportamentos perseverativos, estereotipados e não-adaptativos. Estas descrições de doentes
"frontalizados", embora de uma forma mais grosseira, mostra algumas semelhanças com os
doentes obsessivos, que se envolvem em pensamentos e acções repetitivos e estereotipados,
que continuam persistentemente apesar das suas consequências adversas e da sua natureza
mal-adaptativa. Isto é, a semelhança entre o comportamento perseverativo dos doentes com
lesões frontais e o comportamento repetitivo dos doentes com DOC, tem estimulado a
investigação neuropsicológica no DOC.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. III 123
Intuitivamente, também existiam algumas razões para pensar que no DOC, podia estar
envolvido algum défice mnésico, especialmente nos verificadores compulsivos. Reed (1977),
postulou que uma característica central do DOC, é uma memória defeituosa, manifestada
como dúvida crónica, que leva à verificação compulsiva. Este autor, levou a cabo um estudo
em que os indivíduos sofriam não de DOC, mas sim de Distúrbio de Personalidade
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. III 125
Grande parte dos estudos citados sugere que os défices mais consistentemente observados,
estão associados com o funcionamento visual e visuo-espacial, referindo os investigadores,
que esses achados são consistentes com a hipótese do envolvimento dos núcleos da base, no
DOC. Boone et al. (1991) salientam que as lesões dos núcleos da base estão associadas com
défices visuo-espaciais acentuados e Christensen et al. (1992) referem que os resultados do
seu estudo implicam as regiões límbicas e para-límbicas, mas que também são consistentes
com a hipótese mais abrangente do envolvimento fronto-límbico-núcleos da base, no DOC.
Embora a hipótese do défice mnésico seja apelativa, apresenta algumas fraquezas que
limitam o seu significado, no que respeita a uma teoria geral do comportamento obsessivo
(Tallis, 1995). Por um lado, não existem provas de uma correlação entre o défice mnésico e a
gravidade dos sintomas e por isso, não pode ser implicado do ponto de vista causal,
relativamente ao comportamento de verificação. Por outro lado, as sugestões de défices visuo-
espaciais mnésicos, provenientes da maior parte dos estudos, foram obtidas com amostras de
sintomatologia mista. Isto é, não é claro porque é que os défices mnésicos também devam ser
característicos dos doentes predominantemente com compulsões de lavagem. Também é
necessário colocar a hipótese, de que mesmo postulando a existência de um défice mnésico,
este possa não ser necessariamente o substrato cognitivo da "dúvida". Uma alternativa, seria
colocar a hipótese de um défice cognitivo no designado sistema de processamento de
"monitorização da realidade", isto é, a capacidade para distinguir representações mentais de
acções, das memórias genuínas das mesmas (Tallis, 1995), fenómeno que tem um paralelo,
com o já descrito conceito de fusão do pensamento-acção. As tentativas para demonstrar um
défice do sistema de "monitorização da realidade", produziu resultados pouco consistentes
(Sher et al., 1983; McNally e Kohlbeck, 1993), embora se verifique que os "verificadores"
(clínicos e não-clínicos) têm uma tendência a apresentar mais falsos positivos em tarefas de
reconhecimento, uma característica que pode ser atribuída a um défice do sistema de
"monitorização da realidade".
aprendizagem por ensaio-erro (Veale et al., 1996; Tien et al., 1992; Martinot et al., 1990;
Malloy et al., 1989; Head et al., 1989). Outros estudos não encontaram défices das funções
executivas, mas identificaram um prejuízo no desempenho de tarefas requerendo funções de
memória visual e espacial (Christensen et al., 1992; Boone et al., 1991; Zielinski et al., 1991)
e outros ainda, não acharam qualquer défice específico, mas apenas uma lentificação das
respostas (Gross-Isseroff et al., 1996; Martin et al., 1995; Galderisi et al., 1995). Apesar da
variação nos resultados, estes têm sido interpretados como reflectindo uma disfunção frontal e
subcortical. No entanto, permanece a questão da especificidade, isto é saber se essas
disfunções são específicas e características do DOC, nomeadamente em comparação com o
que acontece noutros quadros psicopatológicos. Por exemplo, nos doentes deprimidos têm
sido relatados défices em testes de capacidade de viragem cognitiva, memória espacial e
visual e velocidade psico-motora (Elliot et al., 1996; Beats et al., 1996; Franke et al., 1993;
Abas et al., 1990). Igualmente, noutros distúrbios de ansiedade que não o DOC, como a Fobia
Social e o Distúrbio de Pânico, têm sido relatados défices na função executiva, memória
visual e aprendizagem verbal (Cohen et al., 1996; Lucas et al., 1991; Asmundson et al.,
1994).
Num estudo recente (Purcell et al., 1998), os autores aplicaram uma bateria de testes em
três amostras clínicas (DOC, Depressão e Distúrbio de Pânico) e um grupo de controlo. Os
resultados mostram nos doentes com DOC, défices designados como "específicos", visto que
não eram observados nem nos controlos, nem nos doentes com as outras patologias mentais.
Os doentes com DOC, mostravam um prejuízo na memória de trabalho espacial, alterações na
velocidade de iniciação e execução motora e no reconhecimento espacial. No entanto, não
existiam disfunções cognitivas generalizadas e embora se observassem défices selectivos nos
processos executivos, da memória visual e lentificação das respostas, não estavam alteradas
outras funções dentro de cada domínio cognitivo. Por exemplo, os doentes mostravam uma
normal capacidade para organizar e executar uma série de passos dirigidos a um objectivo,
numa tarefa de planeamento. No entanto, estavam significativamente incapacitados na
organização e execução de uma sequência de selecções, na tarefa de memória de trabalho
espacial. Uma diferença importante entre estas 2 funções executivas, consiste no facto de ser
fornecida validação externa ou não, para a tarefa em curso. Na tarefa de planeamento, os
indivíduos podem monitorizar o seu desempenho externamente, enquanto na tarefa de
memória espacial, a monitorização é interna, já que não é fornecida qualquer informação
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. III 129
externa sobre a validade das selecções. O padrão de desempenho dos doentes, sugere que os
processos executivos relacionados com a organização e execução de uma série de respostas,
foi facilitado pela presença de informação externa. Assim, uma incapacidade na utilização de
representações internas, para guiar os comportamentos em curso, pode ser uma característica
relevante no DOC. Por exemplo, as compulsões de verificação podem traduzir uma
incapacidade na representação interna do comportamento (e.g., fechar a porta), o qual
necessita de verificação externa (e.g., ver se a porta está fechada). Esta hipótese é confirmada
pelos estudos que referem uma redução na confiança sobre as memórias, nos doentes
obsessivos (McNally e Kohlbeck, 1993) e défices na memória para acções (Ecker e
Engelkamp, 1995).
Os resultados também mostraram uma distinção nos processos de memória visual, nos
doentes com DOC. Embora mostrassem um normal reconhecimento e evocação dos padrões
de material, o reconhecimento das localizações espaciais estava diminuído.
Os doentes apresentavam ainda uma lentificação da inciação e execução motoras.
Segundo os autores, os 3 défices selectivos da função executiva, memória visual e
lentificação motora, eram característicos da amostra dos doentes com DOC, diferenciando-os
das controlos e das outras patologias psiquiátricas.
Este é um estudo interessante, no entanto, esta importante questão de défices
neuropsicológicos "específicos" do DOC, terá que ser replicada noutros estudos, de modo a
confirmar essa alegada especificidade.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 130
mostraram qualquer eficácia na redução dos sintomas obsessivos. Pelo contrário, outro estudo
(Prasad, 1984), refere a eficácia da zimelidina, nos doentes com DOC. O estudo de Insel et al.
(1985), parece refutar a hipótese que a redução do 5-HIAA no LCR seja condição suficiente
para tratar efectivamente o DOC.
Weizman et al. (1986), com uma amostra de doentes adolescentes e adultos com DOC
vs. controlos emparelhados, avaliaram a ligação da [3H]Imipramina nas plaquetas (que
constiui uma marcador periférico do transportador pré-sináptico da serotonina) e a recaptação
plaquetária da 5-HT. Replicaram os dados do estudo de Insel et al.(1985), com excepção da
Bmax. (binding) determinada pela ligação da [3H]Imipramina, que estava significativamente
reduzida nos doentes, relativamente aos controlos. O estudo de Marazziti et al.(1992),
também refere uma diminuição dos locais de ligação plaquetários [3H]Imipramina e
[3H]Paroxetina, nos doentes com DOC vs. controlos. Após 8 semanas de tratamento com
clomipramina ou fluvoxamina, a densidade de [3H]Imipramina tinha aumentado para valores
normais. Isto sugere que o transportador de 5-HT pode desempenhar um papel no DOC e
estar ligado a uma resposta positiva aos fármacos eficazes no DOC.
Flament et al. (1987), estudaram indivíduos com início da doença na infância vs.
controlos. Não encontraram diferenças na recaptação plaquetar da 5-HT, actividade da
monoamino-oxidase (MAO) ou concentrações plasmáticas de noradrenalina ou adrenalina,
entre os 2 grupos. Os autores também replicaram o facto da clomipramina ser eficaz,
constatando que o tratamento com este fármaco resultava numa diminuição da ligação
plaquetar da 5-HT. Portanto, os níveis pré-tratamento de ligação plaquetar do 5-HT e
actividade da MAO, correlacionavam-se com a resposta à clomipramina, tal como as
diminuições pós-tratamento da ligação plaquetar do 5-HT e actividade da MAO. Os autores
concluiam que isto provava que a clomipramina exercia o seu efeito terapêutico por via da
acção sobre os locais de recaptação do 5-HT.
Assim, os estudos sobre os vários índices da função da serotonina, suportam alguns
aspectos da hipótese serotoninérgica no DOC, nomeadamente, que a correlação entre as
variações na ligação plaquetar de 5-HT, actividade da MAO e 5-HIAA no LCR, são
consistentes com a hipótese dos fármacos bloqueadores da recaptação da serotonina, terem os
seus efeitos terapêuticos, mediados pela sua acção no sistema serotoninérgico (Rauch e
Jenike, 1993).
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 134
O pressuposto básico deste tipo de estudos, é investigar nos doentes com DOC, o efeito
de uma perturbação no sistema serotoninérgico, induzida farmacologicamente. As primeiras
investigações incidiram sobre a m-Clorofenilpiperazina (mCPP), que é um metabólito do
antidepressivo trazodona e mostrou ser um agonista que tem afinidade para os receptores 5-
HT2C, mas também 5-HT1A e 5-HT1D. Quando administrado intra-peritonealmente em ratos,
o m-CPP diminui os níveis cerebrais de 5-HIAA, o que presumivelmente reflecte uma
diminuição do turn-over do 5-HT e causa um aumento do cortisol plasmático e uma
diminuição da ingestão de leite. Estes efeitos são bloqueados pelo tratamento com um
antagonista 5-HT, a metergolina.
Os estudos humanos com o m-CPP, mostraram efeitos neuroendócrinos similares,
incluindo elevações do cortisol, prolactina, ACTH, da temperatura corporal e diminuição na
ingestão de alimentos, efeitos também bloqueados pela administração de metergolina. Nos
doentes com DOC, os estudos sobre os efeitos do mCPP, têm apresentado alguns achados
contraditórios. Benkelfat et al. (1989) usaram placebo vs. metergolina, um antagonista
serotoninérgico, num pequeno grupo de doentes com DOC a tomarem concomitantemente a
clomipramina e verificaram que nos doentes que tomaram a metergolina, houve uma
exacerbação da sintomatologia obsessiva, que não era imediata após a primeira toma da
droga, mas só se verificava ao fim de 4 dias, especulando os autores, que provavelmente o
efeito da metergolina era indirecto, possivelmente por reverter os efeitos da clomipramina na
sensibilidade dos receptores serotoninérgicos ou na própria síntese da serotonina.
No estudo de Charney et al. (1988) foram comparados os efeitos do mCPP e triptofano,
administrados intra-venosamente, a um grupo de 21 doentes com DOC vs. num grupo de 21
controlos. A linha de base do nível de prolactina e a subida de prolactina após a administração
de mCPP, estavam significativamente reduzidos nos doentes do sexo masculino,
relativamente aos controlos femininos e não foram encontradas diferenças significativas entre
doentes e controlos, no que diz respeito a aumentos da prolactina induzidos pelo triptofano ou
outros parâmetros neuroendócrinos. Por outro lado, nem o triptofano, nem o mCPP
provocaram uma exacerbação dos sintomas obsessivos, nos doentes. Assim, neste estudo, a
única evidência de uma disfunção serotoninérgica no DOC, reside nos diferentes níveis de
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 135
(Zohar, 1996), mas evidências preliminares, sugerem que a sua administração crónica possa
ter efeitos terapêuticos (Stern et al., 1998).
sendo que este fenómeno pode estar subjacente aos efeitos terapêuticos dos IRS; (2) uma
maior dose de IRS (induz um maior grau de inibição da recaptação de 5-HT) pode
desempenhar um papel essencial na dessenbilização dos auto-receptores-HT. Este dado é
consistente com a observação clínica da necessidade de maiores doses de IRS, para obter um
efeito anti-obsessivo, em comparação com as doses usadas na depressão. Estes dados sugerem
alvos farmacológicos alternativos, para o desenvolvimento de novos fármacos para o
tratamento do DOC. Por exemplo, como já atrás referimos, um antagonista selectivo dos
receptores 5-HT1D, ao prevenir o feedback negativo que estes receptores exercem sobre a
libertação de 5-HT, aumentaria a libertação deste neurotransmissor.
É importante realçar que, no DOC, a eficácia dos IRS pode estar relacionada com as
alterações nos receptores pré-sinápticos atrás mencionadas, No entanto, para além das
alterações nos auto-receptores, têm também sido evidenciadas alterações a nível dos
receptores pós-sinápticos, havendo diversas evidências a sugerir que a activação dos
receptores 5-HT2, acompanhada de uma diminuição da sensibilidade dos receptores 5-HT1A,
medeia os efeitos dos IRS, após a sua administração a longo-prazo.
Os estudos clínicos têm de facto evidenciado que os fármacos que têm afinidade para os
receptores 5-HT2 podem exercer um impacto significativo nos doentes com DOC. Por
exemplo, a administração do antagonista 5-HT2 metergolina causa uma exacerbação dos
sintomas OC (Benkelfat et al., 1989).
Os estudos clínicos também sugerem que o bloqueio dos receptores 5-HT2 pode
desempenhar um papel na génese dos sintomas obsessivo-compulsivos (OC), nos doentes
com psicoses. Como veremos no capítulo do tratamento farmacológico, o fármaco
antipsicótico risperidona, em doses baixas pode ter um papel terapêutico nos doentes com
DOC resistente aos antidepressivos usualmente empregues. No entanto, este fármaco, bem
como outros, tais como a clozapina, em doses mais elevadas, podem causar uma exacerbação
dos sintomas OC pela sua acção antagonista dos receptores 5-HT2, no córtex orbitofrontal.
Assim, estes dados sugerem que o desenvolvimento de fármacos agonistas dos receptores 5-
HT2 podem vir a desempenhar um papel no tratamento do DOC.
Tanto as projecções do tálamo para o córtex orbito-frontal (COF) e deste para o núcleo caudado, são de
natureza glutamatérgica monosináptica. O sinal (-)indica uma potencial diminuição na actividade
glutamatérgica no COF consequente à adminsitração de um agonista mGLUR2.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 140
(1) Receptor- recebe a informação do mundo externo, descodifica-a e transmite-a aos centros
superiores. Também é função do receptor, seleccionar a informação em colaboração com
outras unidades do sistema (motivador e operador).
(4) Efector- é o servomecanismo que traduz em actos, as ordens que procedem do operador.
Depois deste último, em prol de um objectivo, estabelecer uma estratégia para o atingir
dentro da sua configuração subjectiva do mundo externo, transmitem-se ordens
algorítmicas (sequenciais) que o efector deve cumprir, pondo em marcha programas
motores, muitas vezes aprendidos anteriormente, pelo que têm um carácter automático.
1 2 4
RECEPTOR OPERADOR EFECTOR
MOTIVADOR
3
MUNDO EXTERNO
5
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 142
Gray (1982), propôs uma teoria neuropsicológica da ansiedade, implicando aquilo que
ele designa sistema comportamental inibitório (SCI). Este sistema corresponde com a função
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 143
Baseados nos achados dos estudos neuroimagiológicos funcionais (TEP), que apontam
para uma disfunção dos circuitos entre os núcleos da base e o lobo frontal, Baxter e
colaboradores, desenvolveram uma teoria neuroanatómica do DOC.
A figura 12.4, apresenta um diagrama dos elementos básicos do circuito entre o córtex
frontal, os núcleos da base e talâmicos. Classicamente, estes circuitos foram descritos como
tendo duas ansas: as vias "directa" e "indirecta". Nos primatas a via directa projecta-se do (1)
córtex frontal para o (2) striatum, depois para o (3) segmento interno do globus
pallidus/substantia nigra pars reticulata, (4) para o tálamo e novamente para o (5) córtex
frontal. A via indirecta, também se projecta do córtex frontal (1), para o striatum (2), depois
pela via estriada (3) para o segmento externo do globus pallidus (4), passando pelo núcleo
sub-talâmico (5), regressa ao globus pallidus (segmento interno) (6) e aí retoma a via comum
para o tálamo (7) e córtex (8). Nestes circuitos, os inputs excitatórios usam o glutamato, como
neurotransmissor predominante, enquanto os inibitórios usam sobretudo o ácido gama-
aminobutírico (GABA). Vários transmissores peptídeos, também desempenham um papel
importante nestes circuitos (e.g. dinorfina, encefalina, substância P). Os impulsos ao longo da
via directa (com 2 conexões inibitórias) tendem a activar o sistema em ansa auto-
perpetuadora, enquanto a actividade ao longo da via indirecta (com 3 conexões inibitórias),
inibiria tal activação. Por outras palavras, a via directa consiste em ansas de feedback positivo
e a via indirecta consiste em ansas de feedback negativo.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 145
Figura 12.4 - Concepção "clássica" das vias directa e indirecta dos núcleos da base (adap. de
Brody e Saxena, 1996).
Evidências recentes (Parent e Hazrati, 1995), sugerem que a via directa (que inclui mais
núcleos que os mostrados na fig.12.4), tem interacções com a via indirecta, muito mais
complexas que as enunciadas no modelo "clássico". Por exemplo, muitos dos inputs para o
núcleo sub-talâmico não passam do striatum, mas vêm directamente do córtex. Por outro
lado, o globus pallidus externa tem conexões directas com o globus pallidus interna. Aliás, os
elementos dos núcleos basais da via indirecta, nem constituem uma via propriamente dita,
mas sim um complexo sistema regulador interactivo (Parent e Hazrati, 1995 - Figura 12.5).
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 146
Mas seja qual for o circuito exacto da via indirecta, os investigadores concordam num ponto:
a activação da via indirecta, aumenta a actividade no complexo globus pallidus/susbtantia
nigra, assim, o resultado final é moderar a actividade talâmica.
Baxter et al. (1996), já tinham salientado que uma das funções do circuito directo, dos
núcleos da base é executar complexos comportamentos pré-preparados (prepackaged) de
resposta a estímulos específicos, em detrimento de outras respostas ditadas por estímulos
interferentes. Assim, a actividade na via directa, mantém essas respostas activadas, enquanto
forem consideradas necessárias. A via indirecta, tem por função moderar a via directa e
"desligar" o padrão de resposta e mudar para outro, quando for julgado necessário (algo que
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. IV 147
A sintomatologia do DOC pode ser o resultado da captura de um sinal na via directa, numa ansa de feedback
positivo. Este sinal capturado pode ser devido a um desiquilíbrio entre o circuito directo e indirecto, com o
circuito directo orbitofrontal-núcleos da base-tálamo a ter maior influência do que o circuito indirecto, sobre o
tálamo, levando a uma maior excitação tálamo-cortical. Este excessivo "tónus" da via directa, pode permitir a
dominância das preocupações obsessivas, em detrimento de outros estímulos que normalmente levariam o
indivíduo a outros comportamentos.
Um modelo animal para ser validado, em rigor deve obedecer a 3 formas de critérios de
validação: validade predictiva, facial e de constructo.
Segundo Carr (1974), no DOC, a avaliação primária está distorcida por uma avaliação
anormal do risco, que determina a experiência de ansiedade, facto que poderá ser comum a
todos os distúrbios de ansiedade. A contribuição original de McFall e Wollersheim (1979)
constituiu na tentativa de isolar as crenças disfuncionais que servem para potenciar a
avaliação anormal do risco, específica do DOC. Tal como nas formulações psicanalíticas, é
dada especial relevância à inaceitabilidade de certos pensamentos e a uma sentido de
influência pessoal aumentado. McFall e Wollersheim sugerem que estas características têm
subjacentes algumas crenças, tais como: "certos pensamentos e emoções são inaceitáveis, tê-
los pode levar a uma catástrofe (por exemplo: sentir raiva, pode levar ao homicídio) e
devemos ser punidos por tê-los" e "temos poder suficiente para iniciar ou prevenir a
ocorrência de resultados desastrosos, por rituais mágicos". McFall e Wollersheim, enfatizam
ainda a importância das crenças acerca da manutenção de altos padrões, de modo a evitar
críticas ou castigos (Rachman, 1976).
Uma vez que tenha sido efectuada a avaliação primária, uma avaliação secundária
deficiente, resulta numa sub-estimativa dos recursos de coping. Subsequentemente o
indivíduo experienciará um sentimento de incerteza, percepção de incontrolabilidade e níveis
aumentados de ansiedade. Comparando a sua formulação cognitivo-comportamental com as
formulações psicodinâmicas, McFall e Wollersheim assinalam que ambas reconhecem o
papel central da ansiedade gerada por pensamentos inaceitáveis e sugerem que o indivíduo
tenta bloquear esses pensamentos, do campo de consciência, conceito psicanalítico similar ao
de repressão. Alguns autores sugerem que o próprio esforço activo de suprimir os
pensamentos obsessivos, tenha uma importância na própria manutenção do distúrbio. Wegner
(1989) sumaria um conjunto de estudos que demonstram que as tentativas para suprimir os
conteúdos cognitivos, podem resultar naquilo que é descrito como um efeito "rebound", isto é,
um retorno potenciado dos conteúdos suprimidos. Sugere que os ciclos de supressão-retorno
podem formar um sistema de feedback positivo auto-perpetuador, produzindo as frequentes
intrusões e as cognições de comprometimento do controlo, características do DOC.
Outra característica fenomenológica do DOC é o relato frequente de preocupações
acerca da perda (ou pelo menos comprometimento) do controlo cognitivo. Essas
preocupações originam-se largamente em crenças nucleares, de que os conteúdos da
consciência devem ser regulados por um acto de vontade e que qualquer redução no controlo
da actividade cognitiva pode constituir um indício de desintegração da personalidade. O
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. V 156
indivíduo afectado, teme que impulsos inaceitáveis sejam accionados (i.e., postos em acto),
causando embaraço ao próprio ou mal a terceiros. No entanto, é largamente reconhecido que
grande parte dos eventos cognitivos ocorrem espontaneamente e não em resposta a qualquer
acto volitivo. Esta normal não-controlabilidade de todos os fenómenos cognitivos, pode ser
erroneamente percepcionada pelo obsessivo, como um sinal de incontrolabilidade patológica
e por isso levá-lo a um processo de excessiva auto-monitorização dos processos cognitivos e
de "contra-medidas" de controlo, tais como supressão de pensamentos. É provável que
crenças disfuncionais relativas ao controlo cognitivo, determinem estratégias inapropriadas de
controlo, interrompendo o "pensar", que por sua vez, pela sua frequência e intensidade,
acabam por comprometer a própria eficiência cognitiva.
Outro modelo cognitivo-comportamental das obsessões/compulsões, foi elaborado por
Salkovskis (1985). Embora este autor rejeite muitos dos conceitos quasi-psicodinâmicos de
McFall e Wollersheim, entre os dois modelos existem mais semelhanças que diferenças
(Tallis, 1995). Por exemplo, ambos reconhecem a importância das avaliações que são
influenciadas por pressupostos disfuncionais subjacentes. A formulação de Salkovskis é a
seguinte: "as obsessões clínicas são cognições intrusivas, cuja ocorrência e conteúdo, o
doente interpreta como uma indicação de que possam ser responsáveis por causar mal ao
próprio ou a outros, a menos que tomem medidas para prevenir que isso aconteça". Por outro
lado, Salkovskis salienta que os pensamentos obsessivos são um fenómeno universal
(Salkovskis e Harrison, 1984). Por isso, não é a sua presença que determina a doença
obsessiva, mas antes a subsequente avaliação ou resposta individual. A presença de
pressupostos disfuncionais subjacentes é que constitui o principal determinante da ocorrência
do desconforto posterior aos pensamentos intrusivos. Quando um pensamento intrusivo é
avaliado como indicador de que o indivíduo se pode tornar responsável por causar prejuízo a
si-próprio ou outros, o pensamento torna-se uma fonte de desconforto e um sinal para
desencadear uma acção preventiva ou reparadora, isto é, a compulsão. Esta última, pode ser
um comportamento motórico observável ou pode assumir uma forma puramente mental, o
que Salkovskis et al. (1998), designam por "pensamentos neutralizadores". A redução do
desconforto que se segue à acção neutralizadora, pode ser atribuída à percepção da redução de
responsabilidade. Aliás este conceito de responsabilidade, tem uma importância fundamental
e dele nos ocuparemos mais adiante.
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. V 157
ocorrência de acontecimentos no mundo real, o que pode ser mediado por uma percepção
excessiva de influência pessoal. O resultado é a experiência de culpa.
Por exemplo, a crença primária subjacente pode ser similar a uma das descritas por
McFall e Wollersheim (1979), nomeadamente: "certos pensamentos e emoções são
inaceitáveis, tê-los pode levar a uma catástrofe". A consequência desta crença é a
equivalência moral do pensamento e da acção, isto é, ter o pensamento é a mesma coisa que
cometer o acto. O resultado deste processo, é a aceitação da responsabilidade com a
consequente experiência de culpa. O comportamento reparador, na forma de "desfazer" ou
neutralizar, é então necessário para atenuar o desconforto emocional. O aparente sucesso
deste comportamento, reforça as crenças de percepção excessiva de influência pessoal, isto é a
ETIOLOGIA DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. V 160
percepção de uma aparente relação entre eventos mentais e acontecimentos no mundo real,
reforça a crença de influência pessoal excessiva.(Figura 13.1).
Embora as formulações cognitivas aqui brevemente descritas, tenham um significativo
poder explicativo, também estes modelos apresentam algumas falhas, sobretudo se
encararmos estes modelos, num plano estritamente etiológico. Uma delas é que muitos
comportamentos compulsivos parecem ocorrer na ausência de qualquer cognição
identificável. Isto é especialmente verdade no caso do DOC de início precoce, na criança.
Alguns poderão argumentar que as crianças têm maiores dificuldades em relatar os conteúdos
cognitivos, o que parece ser um argumento relativamente inconsistente. Por outro lado, existe
um conjunto de comportamentos obsessivos particularmente "impermeáveis" à análise
cognitiva, pelo menos em termos de crenças e avaliações, como é o caso de comportamentos
repetitivos, tais como andar para trás e para a frente quando se passa uma porta e nesses
casos, o doente nos diz que não sabe porque faz isso. Apenas, se sente compelido a fazê-lo,
até sentir que "foi bem feito". Na tentativa de preencher este "buraco" no modelo cognitivo,
alguns autores procuram explicar estes comportamentos compulsivos em termos de sistemas
de feedback. (ver secção dos modelos neuro-anatómicos). Porventura, a explicação não reside
numa única vertente explicativa, mas sim num encadeamento compreensível de vários níveis
explicativos que integrem aportes de modelos psicológicos, mas também do campo biológico,
de modo a tentar ultrapassar, também no caso do DOC, a velha dicotomia mente-cérebro, para
alguns irreconciliável, mas no nosso entender perfeitamente integrável.
DISTÚRBIOS DO ESPECTRO OBSESSIVO 161
As obsessões e compulsões são a condição sine qua non do DOC, no entanto uma
organização cognitiva obsessiva e rituais compulsivos, podem também ser encontrados
noutros distúrbios. Assim, como alguns desses distúrbios, partilham propriedades comuns,
tais como sintomas clínicos, características associadas (idade de início, curso clínico e
comorbilidade), presumida etiologia, transmissão familiar, resposta selectiva a fármacos ou
tratamentos comportamentais, nos últimos anos emergiu a noção de Distúrbios do Espectro
Obsessivo (DEO) ou Distúrbios Relacionados com o Distúrbio Obsessivo-Compulsivo
(DRDOC) (Hollander, 1993; Simeon et al., 1994, Hollander e Benzaquen, 1996), que pode ter
importantes implicações diagnósticas, etiológicas e terapêuticas. A sobreposição entre o DOC
e os DEO, fornece a evidência para uma putativa relação, embora não existam ainda provas
que consubstanciem de forma definitiva, essa relação. Segundo Hollander e Benzaquen
(1996), o conjunto dos distúrbios que compõem este espectro pode afectar até cerca de 10%
da população dos E.U.A.
Estas características comuns, sugerem a sobreposição entre o DOC e um conjunto de
outros distúrbios, actualmente classificados em diferentes grupos diagnósticos, como os
Distúrbios Somatoformes (Distúrbio Dismórfico Corporal e Hipocondria), Distúrbios
Dissociativos (Despersonalização), Distúrbios do Comportamento Alimentar (Anorexia
Nervosa e Bulimia), Distúrbios do Controlo de Impulsos (Jogo Patológico, Tricotilomania,
Cleptomania, Compulsões Sexuais), Tiques (Distúrbio de Gilles de la Tourette), Distúrbios de
Personalidade (Borderline e Antisocial), Distúrbios Delirantes (Distúrbio Delirante de tipo
somático) e neurológicos (Coreia de Sydenham, Epilepsia, Autismo, Doença de Parkinson).
Para melhor esclarecer esta questão, pensamos que é importante realçar, que a
existência de denominadores comuns entre esses vários distúrbios e o DOC, não equivale a
afirmar que essas perturbações constituam formas de DOC. O que se pretende dizer, é que a
constatação da existência de características comuns e consequente formulação do conceito de
espectro obsessivo, constitui apenas uma interessante hipótese a investigar, que pode fornecer
importantes pistas, nomeadamente sobre a etiologia desses distúrbios.
Figura 14.1 - Espectro dos distúrbios relacionados com o DOC (adap. de Hollander, 1993 e
Hollander e Benzaquen, 1996).
DISTÚRBIOS DO ESPECTRO OBSESSIVO 163
À primeira vista, o DOC pode não parecer relacionado com sintomas impulsivos, tais
como cleptomania, piromania, auto-mutilação, jogo patológico, compras compulsivas e
alguns padrões de compulsões sexuais ou pode mesmo parecer inversamente relacionado. As
obsessões são experienciadas como intrusivas, repetitivas e sem sentido, enquanto os
pensamentos impulsivos podem ser ego-sintónicos e não premeditados. As compulsões estão
relacionadas com o evitamento do desconforto ou prejuízos futuros, enquanto os actos
impulsivos podem ser agradáveis e resultar em prejuízo para o indivíduo ou outras pessoas.
No entanto, tanto os sintomas obsessivo-compulsivos, como os impulsivos podem ser
conceptualizados num espectro que vai do ego-distónico ao ego-sintónico e ambos os tipos de
sintomas podem envolver padrões repetitivos, suscitar resistência e ter uma função redutora
da ansiedade.(Figura 14.2).
Cloninger (1987), propôs uma dimensão da personalidade, que designou por harm
avoidance, que poderia ser traduzida por "evitamento do prejuízo". Stein e Hollander (1993),
aplicaram o Tridimensional Personality Questionnaire (TPQ) de Cloninger, a 50 doentes do
espectro compulsivo-impulsivo, que preenchiam os critérios DSM-III, para DOC, Distúrbio
de Tourette, Tricotilomania, Anorexia Nervosa e Distúrbio de Personalidade Borderline. As
pontuações de harm avoidance, eram superiores nos doentes com DOC, relativamente a todos
os outros distúrbios, embora nestes últimos ainda fossem mais elevadas que as pontuações
dos controlos (média=8.3). (Quadro 14.1).
Procura de
novidade 13.1 17.5 16.7 15.7 16.9
Evitamento do
prejuízo 26.1 18.7 19.8 19.6 21.5
últimos, eram superiores aos controlos (média=17.4). Na dimensão novelty seeking (procura
de novidade), as pontuações dos doentes com DOC eram semelhantes às dos controlos
(média=12.9) e inferiores às dos outros distúrbios.
Cloninger (1987), realçou que a dimensão evitamento do prejuízo reflectia a função
serotoninérgica e se correlacionava com um estado hiperserotoninérgico. Assim, os distúrbios
compulsivos estariam relacionados com um estado hiperserotoninérgico e os distúrbios
impulsivos com um estado hiposerotoninérgico. Isto constitui muito provavelmente uma
simplificação excessiva e embora exista alguma evidência empírica para esta formulação, a
bioquímica da compulsividade e impulsividade será bastante mais complexa.
Hollander (1993) conceptualiza dentro dos distúrbios do espectro obsessivo, uma
adaptação do conceito de harm avoidance de Cloninger, reformulando-o como dimensão
estimativa de risco. Nesta dimensão, num dos extremos, temos o comportamento de aversão
do risco (i.e., compulsivo), em que existe uma sobrestimativa de riscos potenciais e desastres
futuros. No outro extremo, temos o comportamento de procura do risco (i.e., impulsivo), em
que existe uma subestimativa dos riscos e perigos potenciais (ver figura 14.2).
Figura 14.2 - Aspectos dimensionais dos distúrbios do espectro obsessivo: dimensão aversão
do risco (risk aversion) — procura do risco (risk seeking). Da esquerda para a direita, esta
dimensão vai dos "distúrbios (risk aversion) compulsivos" para os "distúrbios (risk seeking)
impulsivos": distúrbio obsessivo-compulsivo (DOC), distúrbio dismórfico corporal (DDC),
anorexia nervosa (AN), despersonalização (DESP), hipocondria (HIP), tricotilomania
(TRICOT.), compras compulsivas, cleptomania (Clept.), jogo patológico (JP), compulsões
sexuais, distúrbio de personalidade border-line (DPBL), distúrbio de personalidade anti-social
(DPAS) (adap. de Hollander, 1993 e Hollander e Benzaquen, 1996).
DISTÚRBIOS DO ESPECTRO OBSESSIVO 166
Figura 14.3 - A dimensão cognitivo-motórica. Da esquerda para a direita, esta dimensão, vai
dos "distúrbios com características primariamente cognitivas" para os
"distúrbios com características primariamente motóricas": obsessões puras,
hipocondria (Hipoc.), despersonalização (Desp.), distúrbio dismórfico
corporal (DDC), tricotilomania (Tricot.), distúrbio obsessivo-compulsivo da
infância e distúrbio de Gilles de la Tourette (S.Tourette) (adap. de Hollander,
1993 e Hollander e Benzaquen, 1996).
Diferenças Similaridades
• Na impulsividade, o mecanismo
DISTÚRBIOS DO ESPECTRO OBSESSIVO 168
Masculino Feminino
Perfil de Sintomas
1991a), Piromania (Soltys, 1992), Tricotilomania (Winchel, 1994; Stein et al., 1995) e
comportamento auto-agressivo (Favazza, 1992).
O terceiro grupo de distúrbios do espectro obsessivo, inclui distúrbios neurológicos com
características compulsivas, como o Autismo (Wong e Hollander, 1996; McDougle et al.,
1995b), Síndrome de Asperger (Hjort, 1994), Distúrbio de Gilles de la Tourette (Swedo e
Leonard, 1994), Coreia de Sydenham (Swedo e Leonard, 1994), Doença de Huntington
(Wickens et al., 1995) e certos tipos de epilepsia.
Características Associadas
Embora o DOC possa iniciar-se tão precocemente quanto os 2 anos de idade, a maioria
dos casos tem o seu início na adolescência ou começo da idade adulta, à semelhança do que
acontece com os Distúrbios do Espectro Obsessivo (DEO). Tanto nos casos de DOC como
nos DEO, se observa uma elevada incidência familiar de DOC e outros Distúrbios do
Espectro, bem como de doença afectiva (Degonda et al., 1993; Pauls et al., 1995). Na maioria
dos casos, os distúrbios parecem ser crónicos. Enquanto no DOC, não existe marcada
diferença de género na incidência, entre os DEO, pode haver diferenças de género notórias, na
incidência. Por exemplo, no Distúrbio Dismórfico Corporal (Hollander, 1993), Compras
Compulsivas (McElroy et al., 1994; McElroy et al., 1995) e Cleptomania (McElroy et al.,
1991a; Goldman, 1992), verifica-se uma maior prevalência no sexo feminino, enquanto o
sexo masculino é preponderante no Jogo Patológico (Rosenthal, 1992), Piromania (Soltys,
1992) e Hipocondria (Warwick, 1995), não sendo ainda claro se as diferenças se devem a
diferenças endócrinas, neuro-anatómicas ou factores sócio-culturais.
Neurobiologia
DISTÚRBIOS DO ESPECTRO OBSESSIVO 170
Resposta ao Tratamento
Etiologia
DISTÚRBIOS DO ESPECTRO OBSESSIVO 171
Distúrbio obsessivo-compulsivo (DOC), distúrbio dismórfico corporal (DDC), anorexia nervosa (AN),
despersonalização (DESP), hipocondria (HIP), tricotilomania (TRICOT.), episódios bulímicos (Ac.BUL),
compras compulsivas, cleptomania (Clept.), jogo patológico (JP), compulsões sexuais, distúrbio de
personalidade border-line (DPBL), distúrbio de personalidade anti-social (DPAS)
O extremo compulsivo desta dimensão, envolve uma tendência para uma estimativa
excessiva de risco e ameça, com evitamento de potenciais prejuízos. Pelo contrário o extremo
impulsivo da dimensão, envolve uma diminuição do sentido das consequências prejudiciais
do comportamento do indivíduo, acompanhado de comportamento de procura de risco.
Os distúrbios compulsivos caracterizam-se fenomenologicamente por uma elevada
aversão ao risco, ansiedade antecipatória e comportamentos de evitar qualquer prejuízo. Estes
distúrbios podem incluir predominantemente, o DOC, Distúrbio Dismórfico Corporal,
COMPULSIVIDADE E IMPULSIVIDADE 173
Como já foi revisto no capítulo XII, existem consideráveis evidências que implicam
uma disfunção do sistema serotoninérgico, na neurobiologia dos distúrbios compulsivos.
Vários estudos sugerem um aumento do tónus deste sistema nos distúrbios compulsivos, em
contraste com uma diminuição, nos distúrbios impulsivos.
A função serotoninérgica pode ser medida pelas concentrações no líquido céfalo-
raquídeo (LCR) dos metabólitos da serotonina, tais com o ácido 5-hidroxi-indolacético (5-
HIAA), pelas respostas comportamentais e neuroendócrinas em estudos de provocação
farmacológica com agentes actuando sobre o sistema serotoninégico, como o agonista m-CPP
e pela resposta ao tratamento com fármacos inibidores da recaptação da serotonina
(clomipramina, fluoxetina, fluvoxamina, etc). Os comportamentos compulsivos, tais como os
existentes no DOC (Insel et al., 1985; Thóren et al., 1980) e Anorexia Nervosa (Kaye et al.,
1991a) estão correlacionados com aumentos das concentrações de 5-HIAA no LCR, enquanto
os doentes com agressão impulsiva (Linnoila et al., 1983) e comportamento suicida violento
(Åsberg et al., 1976), têm concentrações diminuídas de 5-HIAA, no LCR.
Em resposta a agonistas serotoninérgicos, como o m-CPP, alguns doentes com
distúrbios compulsivos tais como DOC (Hollander et al., 1992a; Zohar et al., 1987),
distúrbios do comportamento alimentar (Buttinger et al., 1990) e Distúrbio de Tourette
(Hollander et al., 1992a), mostram aumento da disforia, pensamentos obsessivos e
compulsões. Pelo contrário, os doentes impulsivos com distúrbios de personalidade, não
COMPULSIVIDADE E IMPULSIVIDADE 174
apresentam uma resposta disfórica ao m-CPP, antes referem um "high", isto é, uma certa
euforia (Hollander et al., 1994a).
Em resposta aos inibidores da recaptação da serotonina, os doentes com
comportamentos compulsivos tais como DOC, Anorexia Nervosa, Hipocondria, Distúrbio
Dismórfico Corporal e de Despersonalização, podem apresentar melhorias apreciáveis, com o
tratamento crónico por esses fármacos. No início do tratamento, a estimulação serotoninérgica
com esses antidepressivos, pode piorar a sintomatologia, mas a adminsitração crónica, pode
actuar por uma dessensibilização dos receptores serotoninérgicos. Os distúrbios com
características mistas, compulsivas e impulsivas, como a Tricotilomania, mostra melhorias
iniciais, com a administração de inibidores da recaptação da serotonina, mas esse efeito pode
ter tendência a desvanecer-se com o tempo (Pollard et al., 1991). Nos doentes com Distúrbios
de Personalidade e comportamentos de agressão impulsiva, os inibidores da recaptação da
serotonina, também são referidos como tendo um efeito benéfico inicial, tal como é referido
para a fluoxetina num estudo de Coccaro e Kavoussi (1997). No entanto, também neste caso,
os benefícios podem ser transitórios, sendo necessários estudos prospectivos que avaliem a
consistência temporal dos efeitos terapêuticos destes fármacos.
Assim, os inibidores da recaptação da serotonina, no início do tratamento, podem piorar
a sintomatologia dos distúrbios compulsivos e melhorar a dos distúrbios impulsivos, enquanto
a sua administração crónica melhora os distúrbios compulsivos, mas não os distúrbios
impulsivos.
O estatuto nosológico do DDC, tem levantado alguma controvérsia através dos anos.
Alguns relatos mais antigos, sugeriam que o DDC ou dismorfofobia, constituía um síndrome
autónomo, em certos doentes que procuravam a cirurgia plástica (Andreasen e Bardach,
1977). No entanto, Munro e Stewart (1991) referem que a convicção patológica sobre
anomalias corporais, pode ocorrer em vários distúrbios, incluindo o DOC, Distúrbios de
Personalidade, Distúrbios Somatoformes, Esquizofrenia, Doença Afectiva e distúrbios
mentais orgânicos. Por outro lado, também se coloca a questão da delimitação entre o DDC e
as normais preocupações com a aparência corporal. Estudos efectuados com populações de
estudantes, referem que até 70% não estão satisfeitos com a sua aparência corporal, 46%
estão preocupados com a sua aparência, 48% exageram a percepção da sua imagem corporal e
28% apresentam as três características (Fitts et al., 1989), o que aparentemente levanta
algumas questões sobre a validade da autonomia do DDC. No entanto, é necessário ter em
conta, que o DDC tal como é definido, não envolve só uma preocupação normal, mas implica
uma marcada incapacitação para o doente.
No Distúrbio de Despersonalização (DESP), a característica essencial é a ocorrência de
episódios de despersonalização recorrentes ou persistentes, que envolvem uma alteração na
percepção ou experiência do Eu, estando alterada a normal sensação de si-próprio. Isto
manifesta-se por uma sensação de distanciamento e desprendimento dos próprios processos
corporais e mentais, frequentemente referido como uma sensação de ser um autómato, de
estar num sonho ou de ser observador de si-próprio, não havendo no entanto, perda do sentido
de realidade e de crítica, sobre a situação (Macedo, 1991). Relativamente ao DESP, levanta-se
o mesmo tipo de questões diagnósticas do que aquelas que atrás referimos para o DDC, isto é,
será o DESP uma entidade diagnóstica autónoma? Os sintomas de despersonalização são
relativamente frequentes em populações normais, sobretudo de jovens, nos quais podem
ocorrer em 30 a 70%, sugerindo alguns que é mais frequente no sexo feminino. Por outro
lado, também é um sintoma muito frequente nas populações psiquiátricas, podendo ocorrer
em associação com a Esquizofrenia, Depressão, Fobias, DOC, Abuso de Drogas, Epilepsia do
lobo temporal e Migraine. Segundo a DSM-III-R (APA, 1987) o diagnóstico de DESP não
deve ser efectuado quando os sintomas são secundários a outro distúrbio, tal como os atrás
enunciados.
Dado que existem várias similaridades entre o DDC e o DOC (i.e., ambos se
caracterizam por obsessões e compulsões), o DDC é por vezes diagnosticado como DOC. As
diferenças entre os dois, envolvem o conteúdo da ideação e a frequência e complexidade de
crenças delirantes.
No entanto, alguns doentes com DDC não experienciam pensamentos intrusivos ou
absurdos, ego-distónicos, mas antes crenças sobrevalorizadas ego-sintónicas. Isto pode
parecer problemático e em desacordo com a putativa relação do DDC ao DOC, visto que,
neste último, tipicamente estão envolvidas obsessões ego-distónicas. Um trabalho recente
questiona a relação entre o DOC e o DDC, baseado na observação de que os doentes com
DDC têm não verdadeiras obsessões, mas sim ideias sobrevalorizadas (Vitiello e DeLeon,
1990). Uma ideia sobrevalorizada é definida como uma crença sem justificação objectiva e
em relação à qual não é oposta resistência e difere da ideia delirante, a qual é fixa, inamovível
e inquestionada, diferindo também da obsessão, a qual é definida como ideia intrusiva ego-
distónica e em relação à qual é oposta resistência. A questão do ego-sintónico vs. ego-
distónico, também se pode relacionar com a questão certeza vs. incerteza. Insel e Akiskal
(1986), sugerem que ideias delirantes (certeza ego-sintónica) também podem surgir no
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 182
decurso do DOC. Os autores referem que no contexto do DOC, pode ser considerado um
continuum de certeza, no qual um dos extremos é preenchido pelos doentes com uma "Psicose
Obsessivo-Compulsiva". Como já referimos, tanto no caso do DOC, como no caso do DDC, a
certeza sobre a crença coloca-se num continuum e consequentemente, os doentes ao longo da
evolução da sua doença, podem ter obsessões, ideias sobrevalorizadas ou delírios.
No caso do Distúrbio de Despersonalização e sua relação com o DOC, ambos podem
envolver pensamentos ego-distónicos repetitivos. No DOC, os pensamentos perturbadores
habitualmente focam-se sobre dúvidas e são caracterizados por uma exagerada percepção de
perigos futuros. No Distúrbio de Despersonalização, os pensamentos centram-se no
desconforto e percepções sensoriais distorcidas, envolvendo o Self ou corpo e suas relações
com o mundo. Estudos prévios sugeriram uma ligação entre traços de personalidade obsessiva
e a despersonalização (Torch, 1978), referindo este autor, uma taxa de 75% de traços
obsessivos pré-mórbidos, nos doentes com despersonalização. Torch (1982), conceptualiza
uma relação fenomenológica entre o DOC e a despersonalização. Para este autor, a
despersonalização é um estado, no qual o Self se torna o foco obsessivo de incessante auto-
escrutínio. Um estudo recente (Hollander et al., 1990a), vem também sugerir uma relação
entre o DOC e a despersonalização. Neste estudo, 3 dos 8 doentes com despersonalização,
apresentavam concomitantemente, sintomatologia obsessivo-compulsiva, tendo sido estes os
doentes que melhor responderam à terapêutica com inibidores da recaptação da serotonina.
Simeon e Hollander (1993), num pequena amostra de doentes com despersonalização,
efectuaram uma avaliação sistemática da psicopatologia, relatando uma comorbilidade com o
DOC e Distúrbio de Personalidade Obsessivo-Compulsivo.
16.1.4. Tratamento
Hollander et al. (1989), relatam o tratamento de alguns doentes com DDC, previamente
refractários a vários tratamentos, que melhoraram com tratamento com antidepressivos
serotoninérgicos (clomipramina e/ou fluoxetina), sugerindo um papel do sistema
serotoninérgico. Phillips et al. (1993), num estudo com 30 doentes com DDC, também
referem uma melhoria com este tipo de fármacos. Numa revisão de publicações de tratamento
de casos de DDC, Hollander refere melhoria em 66% dos doentes, com clomipramina ou
fluoxetina (Hollander, não publicado - In, Simeon et al., 1994). Num estudo aberto, em 23
doentes com DDC, (Hollander et al., 1994b), os autores referem não ter havido melhoria da
sintomatologia, com antidepressivos triciclícos (n=18), tendo havido melhoria com os
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 183
O foco preferencial de atenção sobre a relação entre a Anorexia e a Depressão, fez com
que a relação da Anorexia com outros distúrbios, se mantivesse algo obscurecida. No entanto,
vários estudos foram colocando em evidência a elevada prevalência de sintomas obsessivos,
nos doentes com Anorexia (Cantwell et al., 1977; Hsu et al., 1979; Rothenberg, 1988;
Rowland, 1970; Strober, 1980).
Os antigos estudos descritivos, efectuados há várias décadas, em doentes com Anorexia,
realçavam que esses indivíduos tinham tendência a ser rígidos, perfeccionistas e obsessivos
(Palmer e Jones, 1939) e Dubois (1949) sugeria que a designação de Anorexia Nervosa
deveria ser alterada para "Neurose Compulsiva com Caquexia". Em vários estudos
subsequentes, foi referida uma elevada incidência de traços obsessivos, nos doentes com
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 184
Anorexia. Kay e Leigh (1954), no seu estudo, referem que 50% dos doentes apresentavam
traços obsessivos pré-mórbidos. King (1963), refere características obsessivas em todos os
seus doentes (n=12), com Anorexia. Dally (1969), num estudo com maior amostra (140
doentes), refere que 81%, tinham personalidades obsessivas e Norris (1979), numa amostra de
54 doentes, refere que 60% tinham obsessividade pré-mórbida. Rothenberg (1988) compilou
11 estudos sobre comorbilidade na Anorexia Nervosa, concluindo que os sintomas obsessivo-
compulsivos eram os mais referidos a seguir à depressão. Entre 11 a 83% dos doentes,
mostravam características obsessivas. Solyom et al. (1982), referem que os indivíduos com
Anorexia Nervosa, apresentam elevadas cotações nos inventários que avaliam características
obsessivo-compulsivas e que as cotações dos doentes anoréxicos eram sobreponíveis à de
doentes emparelhados, com DOC e concluiram que cerca de metade dos seus doentes com
Anorexia, tinham critérios para um diagnóstico de DOC, mesmo depois de excluir obsessões
relacionadas com comida ou o corpo. De forma semelhante, Kaye et al. (1993) avaliaram 19
doentes com Anorexia (não medicados), com a Yale-Brown Obsessive Compulsive Scale,
obtendo uma pontuação média de 22±5, o que corresponde a valores similares obtidos com
este instrumento em amostras de doentes com DOC, como no estudo de Goodman et al.
(1989) (25±6) e Jenike et al. (1989) (22±6). Por outro lado, no estudo de Kaye et al. (1993),
continuava a verificar-se um elevado número de sintomas obsessivos, mesmo depois de
excluídas as obsessões directamente relacionadas com a Anorexia (i.e., obsessões sobre
comida, peso, forma corporal, etc.), sendo as obsessões mais frequentes as seguintes: medo de
fazer algo errado, medo de fazer algo embaraçoso, preocupação com simetria e exactidão,
sendo ainda de referir que a sintomatologia obsessiva se mantinha mesmo após a restauração
do peso.
Inversamente, existem estudos mostrando que doentes com DOC, têm uma maior
incidência de prévia Anorexia Nervosa (Kasvikis et al., 1986) ou apresentam maiores índices
de psicopatologia relativa a distúrbios do comportamento alimentar, relativamente a normais
(Piggot et al., 1992a).
Os sintomas da Anorexia apresentam grandes semelhanças com as obsessões e
compulsões. Os doentes com Anorexia têm pensamentos recorrentes, persistentes e intrusivos
acerca da sua imagem corporal e sobre o desejo de magreza. No entanto, pelo menos no início
da doença, os doentes não encaram esses pensamentos como absurdos ou não tentam opôr-lhe
resistência. No que diz respeito a compulsões, os doentes apresentam comportamentos de tipo
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 185
Kaye et al. (1993), sugerem que uma actividade serotoninérgica aumentada está
associada com certas características, tais como rigidez, ansiedade, inibição ou
comportamentos obsessivos, constituindo um conjunto de características comuns e nucleares,
encontradas em várias categorias diagnósticas.
A resposta terapêutica positiva a fármacos com acção no sistema serotoninérgico, pode
constituir outro argumento a favor do envolvimento deste sistema na fisiopatologia da
Anorexia, bem como da relação desta última com o DOC. Por exemplo, Crisp et al. (1987)
obtiveram melhorias com o uso de clomipramina. Halmi et al. (1986) relataram uma boa
resposta de doentes com Anorexia restritiva à ciproheptadina, um antagonista serotoninérgico,
ao contrário daqueles com Anorexia bulímica. Kaye et al. (1991b), num estudo aberto com
fluoxetina (um inibidor selectivo da recaptação da serotonina) em 31 doentes com Anorexia,
refere que a resposta terapêutica foi boa em 11 doentes e parcial em 16.
16.3. Hipocondria
lado, no DOC, também são comuns as obsessões somáticas e sobre a saúde. Numa revisão de
544 doentes com DOC, 28% tinham obsessões somáticas ou medo de ficar doentes
(Rasmussen e Goodman, 1989, não publicado).
Não existe nenhum estudo que avalie sistematicamente a prevalência de Hipocondria,
nos doentes com DOC. Um estudo recente (Barsky et al., 1992), usando uma entrevista
estruturada (DIS), refere uma taxa de prevalência de 9.5%, numa amostra de doentes com
DOC e Fallon et al. (1991), num estudo idêntico referem taxas mais elevadas (33.3%).
Um dos argumentos contra a noção da Hipocondria e o DOC serem distúrbios similares,
é que enquanto os doentes com DOC reconhecem o carácter absurdo ou sem sentido das suas
obsessões, isso não acontece no caso das crenças dos doentes hipocondríacos. No entanto,
esse é um argumento pouco consistente, na medida em que como já foi referido
anteriormente, a questão da crítica que os doentes obsessivos têm relativamente às suas
obsessões é variável, colocando-se ao longo de um continuum de dúvida-certeza. Do mesmo
modo, algo semelhante ocorre nos doentes hipocondríacos. Diversos doentes, têm graus
diferentes de convicção em relação às suas crenças de doença e no mesmo doente, essa
convicção também é variável em diferentes fases da doença.
Parecem existir notáveis similaridades entre a organização cognitiva do doente
hipocondríaco e obsessivo (Macedo e Pocinho, 1993; Pocinho e Macedo, 1999), pelo que
temos preconizado um modelo cognitivo de avaliação e tratamento da Hipocondria, similar ao
que Salkovskis (1988) propôs para o DOC. A interpretação por parte do doente de sensações
corporais anódinas, como potencialmente perigosas e tradutoras da presença de uma doença
grave, faz com que os pensamentos intrusivos normais (comuns na maioria das pessoas),
possam transformar-se em verdadeiras obsessões. Isto é, os pensamentos sobre estar doente,
adquirem uma intrusividade, persistência, que em nada diferem das obsessões do DOC,
podendo causar o mesmo sofrimento subjectivo, visto que a convicção de ser portador de uma
doença mais ou menos grave, é em si-própria geradora de ansiedade. À semelhança do que
acontece no DOC, no qual a maior parte das vezes, as compulsões têm uma função redutora
da ansiedade, na Hipocondria, ocorrem verdadeiras compulsões, que também procuram
atenuar o desconforto psíquico causado pelas obsessões de doença. As constantes visitas
médicas e pedidos de exames complementares de diagnóstico, mais não são do que rituais de
verificação que procuram uma desconfirmação (ou pelo contrário, confirmação) da sua
doença e comportamentos de neutralização.
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 188
16.4. Tricotilomania
Os doentes com DOC descrevem uma notória ansiedade antes de realizar o acto
compulsivo, que é temporariamente atenuada pela sua realização. De forma semelhante, os
doentes com Tricotilomania, também descrevem um impulso irresistível e concomitante
ansiedade, que os leva a puxar o cabelo e uma sensação de alívio após Ter efectuado esse
comportamento. Muitas vezes é um cabelo "específico", ao qual o doente atribui alguma
qualidade defeituosa (é demasiado fino, direito, torto, etc.), sendo a sua remoção necessária
para que o resto do cabelo fique "como deve ser". Alguns doentes têm rituais elaborados em
torno do acto de arrancar de cabelo. Enquanto alguns puxam os cabelos, um atrás do outro em
rápida sucessão, outros podem levar 2 horas a puxar 20 cabelos. Por vezes, depois de puxar o
cabelo, o doente passa-o pela cara, pelos lábios, pode comer a raiz ou mesmo todo o cabelo.
Em contraste com as compulsões dos doentes com DOC, os doentes com Tricotilomania não
puxam o cabelo em resposta a qualquer obsessão, mas apenas em consequência do impulso
irresistível para o fazer. Por outro lado, nos doentes com DOC, as compulsões são
habitualmente ego-distónicas, enquanto os doentes com Tricotilomania, por vezes relatam
este comportamento como agradável.
Desde a década de 70, numerosos estudos têm explorado e realçado a relação entre o
DGT e o DOC, em amostras clínicas (Quadro 16.1). No conjunto, pelo menos 30 a 40% dos
doentes com DGT têm características obsessivo-compulsivas.
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 191
Yaryura-Tobias, 1977 55 29
Cohen et al., 1978, 1980 25 56
Nee et al., 1980, 1982 5 68
Montgomery et al. 1982 12 67
Min, 1983 24 17
Lees et al., 1984 53 61
Grad et al., 1987 25 28
Frankel et al., 1986 63 52
Comings e Comings, 1987 250 35
Shapiro et al., 1988 666 3-63
Brunn, 1988 350 16-42
Robertson et al., 1988 90 37
Bornstein et al., 1990 763 8-85
Pauls et al., 1991 86 36
16.5.2. Neurobiologia
dois terços da amostra, tinha apresentado nos 6 meses anteriores, algum distúrbio
psiquiátrico. Entre estes, os mais frequentes eram abuso de substâncias, distúrbios de
ansiedade e distúrbios afectivos. Os distúrbios psiquiátricos "em toda a vida" mais frequentes
eram: Abuso/Dependência de Álcool, Distúrbios Fóbicos e Depressão Major ou, Distimia.
Foram igualmente avaliados vários tipos de comportamentos compulsivos com o Minnesota
Impulsive Disorders Interview, sendo mais frequentemente encontrados, os referidos no
Quadro 16.2.
Quadro 16.2 - Comportamentos compulsivos (em toda a vida), avaliados com o Minnesota
Impulsive Disorders Interview, em 36 indivíduos referindo comportamentos
sexuais compulsivos (Adap. de Black et al., 1997).
Comportamento nº %
Compras compulsivas 5 14
Cleptomania 5 14
Tricotilomania 2 6
Distúrbio explosivo intermitente 1 3
Piromania 3 8
Jogo Patológico 4 11
Exercício compulsivo 3 8
Os dados do quadro 16.5 são baseados apenas nos indivíduos que preenchiam todos os
critérios DSM-IV. Mas, referem os autores, que se tivessem incluídos os indivíduos que
falharam o diagnóstico por um ou dois items, as taxas seriam superiores, por exemplo, 19
indivíduos (53%) tinham pelo menos um sintoma de compras compulsivas.
16.6.1. Etiologia
Não existem explicações etiológicas simples, para este tipo de comportamentos,
havendo hipóteses que vão desde os conflitos psicodinâmicos, até uma concepção de
comportamento "adictivo". Por outro lado, dada a sobreposição fenomenológica das
obsessões e compulsões sexuais, com o DOC, postula-se uma possível relação com o espectro
da doença obsessiva (Coleman, 1990; Jenike, 1989). As compulsões sexuais também têm sido
conceptualizadas como distúrbios do controlo de impulsos. Muitos doentes relatam que ficam
ansiosos quando tentam prevenir esses impulsos e pelo contrário, há uma libertação da tensão
quando iniciam os comportamentos. Existe também uma relação entre o stresse e a frequência
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 195
das compulsões sexuais, que aumentam durante os períodos de maior stresse emocional. Esta
resposta a afectos disfóricos, com subsequente diminuição da tensão após a execução dos
comportamentos, também é evidenciável nos distúrbios do controlo de impulsos, tais como a
Tricotilomania, Jogo Patológico e outros. A tendência para recorrer a padrões típicos e
estereotipados de comportamento, sob tensão psicológica, também é característica dos
comportamentos adictivos, como a dependência de substâncias psicoactivas (Quadland,
1985). No entanto, tanto neste último tipo de situações, como nas compulsões sexuais, o
alívio da ansiedade é fugaz e assim, o comportamento tende a tornar-se repetitivo. Levine e
Troiden (1988) descrevem características de solidão, baixa auto-estima e ansiedade, nos
doentes com comportamentos adictivos, bem como naqueles com distúrbios do controlo de
impulsos. Também foram descritas algumas correlações desenvolvimentais, com as
compulsões sexuais, como o abuso sexual na infância (Craine et al., 1988).
16.6.2. Tratamento
Não existem estudos de grandes séries de doentes, nem tratamentos específicos que
tenham demonstrado inequívoca eficácia, no tratamento das compulsões sexuais. Vários tipos
de técnicas comportamentais, têm mostrado resultados inconclusivos. Relativamente a
tratamentos farmacológicos, apenas existem relatos esparsos. Coleman (1990) refere a
eficácia da fluoxetina, bem como Perilstein et al. (1991), que descreve a eficácia da
fluoxetina no tratamento de 3 casos de parafilia, dois dos quais com masturbação compulsiva.
Existe também, um relato da eficácia da buspirona (um agente ansiolítico, agonista dos
receptores da serotonina 5-HT1a), no tratamento de uma caso de parafilia (Fedoroff, 1988).
Stein et al. (1992b) e Stein e Hollander (1993), efectuaram uma revisão de doentes com
obsessões e compulsões sexuais, tratados com agentes serotoninérgicos como a
clomipramina, fluoxetina e fluvoxamina. Verificaram que a resposta terapêutica mais robusta,
se verifica relativamente às obsessões sexuais ego-distónicas. Nos doentes com parafilias, só
uma minoria das compulsões respondia a estas medicações. Kafka e Prentky (1992), referiram
que os doentes com parafilias, têm uma boa resposta à fluoxetina, na dose de 40mg/dia.
Têm sido feitas tentativas para identificar possíveis correlatos biológicos relacionados
com características de personalidade, que se julgam poderem estar associadas com o Jogo
Patológico. Especificamente, foram investigados correlatos biológicos de impulsividade,
inatenção, extroversão e comportamento de procura de sensação. Medidas electrofisiológicas,
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 197
16.7.2. Tratamento
Para além destas características, existe a tendência para a repetição dos comportamentos,
apesar do indivíduo conhecer as suas potenciais consequências negativas.
Em alguns casos o comportamento de comprar excessivamente, também pode constituir
um distúrbio (Lejoyeux et al., 1996), que poderá ser categorizado como distúrbio do controlo
de impulsos ou numa perspectiva mais lata, incluir-se no referido espectro dos distúrbios
obsessivo-compulsivos (McElroy et al., 1991b). No entanto, é evidente que se torna
fundamental distinguir entre o comportamento de comprar normal e descontrolado. Na
sociedade contemporânea existe uma enorme pressão para consumir bens e serviços, por
várias razões que não cabe aqui analisar. A disponibilidade de crédito fácil, cartões de crédito
e outras facilidades financeiras, contribuem ainda mais para que as pessoas consumam,
muitas vezes para além das suas reais possibilidades financeiras. Por exemplo, Lejoyeux e
Adès (1994) ao aplicarem uma escala especialmente desenhada para avaliar o comprar
impulsivo, verificaram que numa amostra normal da população francesa (idade média=35
anos), 52% compraram objectos que mais tarde acharam inúteis, 44% sentiram irritabilidade
quando não puderam comprar algo que queriam, 43% tiveram problemas financeiros com o
seu banco, por causa de compras e 45% referiram que o seu comportamento (relativo a
compras) foi censurado por familiares ou amigos. Visto que cerca de metade da população
apresenta em alguma altura, compras impulsivas, torna-se necessária a elaboração de critérios
diagnósticos que distinguam entre o comprar normal e o patológico. Valence et al. (1988)
distinguem 4 tipos de "consumidores patológicos": (1) o consumidor emocional reactivo, que
coloca uma certa importância no simbolismo do artigo e frequentemente apresenta
motivações compensatórias ou emocionais; (2) o consumidor impulsivo, que sente um súbito
e espontâneo desejo de comprar; (3) o consumidor fanático, que frequentemente está
interessado apenas num produto específico (discos, livros, etc), geralmente motivado por uma
intensa devoção aos objectos em questão e (4) o consumidor descontrolado, que tenta reduzir
a tensão psicológica e encara o acto de comprar como um meio de reduzir essa tensão ou
ansiedade e consequentemente não lhe interessa o possuir este ou aquele bem, mas apenas
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 200
reduzir a tensão emocional. Valence et al. (1988), também descrevem 4 dimensões que
podem ser específicas ao distúrbio (tendência para gastar, labilidade afectiva, culpa pós-
compra e ambiente familiar) e demonstra no seu estudo, uma ligação entre o "nível de
predisposição para a ansiedade" e o comportamento de comprar descontroladamente
(p=0.0003), o que foi igualmente confirmado no trabalho de Scherhorn et al. (1990).
Lejoyeux e Adès (1994), na análise factorial da escala atrás referida, referem ter identificado
factores que descrevem 2 formas de comprar descontrolado. O primeiro factor, do qual resulta
17.04% da variância, consiste em 6 items: agitação ou irritabilidade quando o indivíduo não o
pode fazer; tensão antes da compra; alívio da tensão após a compra; compras que levam a
faltar a compromissos; compras que causam problemas legais, financeiros ou familiares e
evitamento deliberado das lojas. O segundo factor, responsável por 11% da variância,
corresponde a elevada tolerância, por parte da família, ao comportamento de compras
impulsivas e excessivas.
Outra das distinções entre o comprar normal e patológico, faz-se pelas próprias
consequências das compras. Só se deve considerar a existência de um distúrbio quando o
comportamento causar sofrimento subjectivo ou problemas notórios na vida social,
profissional ou familiar do indivíduo.
McElroy et al. (1994), propuseram critérios diagnósticos para o comprar descontrolado,
que se "inspiram" nos critérios DSM-III-R do Distúrbio Obsessivo-Compulsivo, Distúrbios
do Controlo de Impulsos e Distúrbios de Abuso de Substâncias, que são os seguintes:
16.8.1. Epidemiologia
16.8.2. Comorbilidade
Christenson et al. (1994) salientam que os doentes que revelam problemas de compras
compulsivas, têm com maior frequência relativamente aos indivíduos de controlo, uma
história de Distúrbios de Ansiedade (50%), Abuso ou Dependência de Substâncias (45.8%) e
Distúrbios Alimentares (20.8%). No estudo de McElroy et al. (1994), todos os doentes (n=20)
preenchiam os critérios para 2 ou mais diagnósticos comórbidos do Eixo I da DSM-III-R (em
toda a vida): 95% preenchiam os critérios para um diagnóstico de um Distúrbio Major do
Humor (mais frequentemente Distúrbio Bipolar), outros diagnósticos referidos eram
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 202
16.8.3. Etiologia
McElroy et al. (1991b) sugerem que a oniomania possa estar relacionada com o DOC,
dado que 85% dos seus doentes com um comportamento de compras descontroladas,
descreviam impulsos intrusivos, recorrentes e irresistíveis para comprar que se assemelhavam
a obsessões. As preocupações relacionadas com as compras podem assumir um papel central
na vida psíquica dos indivíduos. O acto de comprar assemelha-se a uma compulsão, na
medida em que ocorre em resposta a uma obsessão sobre compras, numa tentativa de aliviar
transitoriamente o desconforto psíquico gerado. À semelhança do que ocorre no DOC, 91.7%
dos oniomaníacos, referem tentativas para resistir aos impulsos de comprar (McElroy et al.,
1994).
Alguns autores também estabelecem uma ligação entre as compras compulsivas e os
Distúrbios Afectivos. As emoções negativas observadas, especialmente a tristeza, sentimentos
de solidão, frustração e irritabilidade, aumentam a propensão dos compradores compulsivos,
para se envolverem em comportamentos de comprar. Habitualmente, o acto de comprar
parece estar associado a emoções positivas, tal como sensação de bem-estar e de alegria, de
poder, de competência e de relaxamento (Rook, 1987). No entanto, a tomada de consciência
de que essas emoções positivas são efémeras e que as compras descontroladas não preenchem
o sentimento de vazio interno, acaba por aumentar ainda mais a Depressão. A ligação entre
esta última e as compras descontroladas, pode corresponder a uma diminuída auto-estima.
Faber e O'Guinn (1992), referem que os compradores compulsivos apresentam reduções
significativas nos scores de avaliação do seu auto-conceito, relativamente aos consumidores
normais. Para estes doentes, comprar pode ser um meio de atenuar um sentimento crónico de
um auto-conceito pobre, de frustração e de Depressão.
Outros ainda, estabelecem um paralelo entre as compras compulsivas e os
comportamentos adictivos. Por exemplo Glatt e Cook (1987), realçam a natureza adictiva do
distúrbio, considerando-o próximo da dependência de drogas e do Jogo Patológico. Outros
paralelos com a adicção podem ser delineados: ocorrência de tolerância psicológica que induz
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 203
o doente a aumentar a frequência e/ou magnitude dos seus gastos e tendência a privilegiar a
gratificação imediata em detrimento das consequências potencialmente nefastas desse
comportamento. Marks (1990), também realça que o comprar descontroladamente, partilha
algumas semelhanças com os Distúrbios de Dependência de Substâncias, salientando algumas
dessas características: (1) impulso para iniciar uma sequência comportamental
contraproductiva; (2) aumento da tensão emocional, a menos que a sequência comportamental
seja completada; (3) rápida redução (mas temporária) da referida tensão após completar o
comportamento; (4) regresso do impulso ou tensão, após horas, dias ou semanas; (5)
estímulos externos específicos a um dado síndrome; (6) condicionamento secundário por
meio de estímulos externos e internos (disforia, tédio, etc); (7) tonalidade hedonista, na fase
inicial da adicção.
Tal como na Dependência de Álcool e outras substâncias, a acessibilidade do objecto de
consumo é determinante no seu aparecimento (Boyks e Sytinsky, 1980). A proximidade de
grandes centros comerciais, aumenta a probabilidade de manifestação de Oniomania (Valence
et al., 1988) e nessa medida, pode ser um factor muito mais característico da nossa sociedade
ocidental (Scherhorn et al., 1990).
16.8.4. Tratamento
McElroy et al. (1991b, 1994, 1995) referem melhorias nos casos de doentes com
problemas de compras compulsivas, pelo tratamento com antidepressivos, nomeadamente os
de acção inibidora da recaptação da serotonina. No entanto, permanece ainda por esclarecer se
os fármacos actuam por via da redução da impulsividade/compulsividade ou, se por um efeito
estabilizador do humor.
As terapias comportamentais e cognitivas também podem contribuir para ajudar os
doentes a lidar eficazmente com a Oniomania. Estes doentes podem aprender estratégias de
controlo para resistir aos seus impulsos consumistas, por exemplo por meio de processos de
descondicionamento dos vários estímulos externos e internos, que habitualmente
desencadeiam os impulsos para comprar, bem como por processos clássicos de reestruturação
cognitiva que ajudam a modificar certas crenças condicionais ou pressupostos cognitivos
disfuncionais, mais profundos.
16.9.1. Etiologia
Por exemplo; foi observada uma associação entre uma actividade anómala da MAO
(monoamino-oxidase) plaquetar (uma putativa medida da função monoaminérgica central)
(Perris et al., 1984) e traços de personalidade "impulsivos", bem como de "procura de
sensação" (sensation-seeking) (Buschbaum et al., 1976; Zuckerman et al., 1980), mas sem
menção a qualquer diagnóstico psiquiátrico específico. Similarmente, foi referida uma baixa
actividade da MAO plaquetar, em doentes com DPB (relativamente a controlos) (Reist et al.,
1990; Yehuda, 1989) e encontrada uma relação inversa entre a actividade da MAO plaquetar
e a "procura de sensação", em doentes com DPB (Reist et al., 1990).
No que diz respeito à impulsividade/agressividade, o sistema neurotransmissor que mais
tem sido estudado, é o serotoninérgico. Em estudos animais têm-se demonstrado
consistentemente, uma relação inversa entre as respostas agressivas e a função serotoninérgica
central. Por exemplo, em ratos, a p-clorofenilalanina, um inibidor da síntese da serotonina (5-
HT), tende a aumentar o comportamento agressivo e pelo contrário, a administração de 5-
hidroxitriptofano (um precursor da síntese de serotonina), diminui o comportamento
agressivo em ratos com prévias lesões dos bolbos olfactivos (ricos em 5-HT) (Di Chiara et
al., 1971).
Em humanos, os estudos da função serotoninérgica, também revelam uma relação com a
impulsividade e/ou agressividade. O primeiro a sugerir esta mesma relação, foi o estudo de
Åsberg et al.(1976), demonstrando uma associação entre os níveis reduzidos de 5-HIIA no
LCR e o comportamento de suicídio violento em doentes deprimidos. Subsequentemente,
Brown et al. (1979), encontraram uma relação inversa entre a história de agressão física e a
concentração de 5-HIIA no LCR, em recrutas militares que apresentavam diagnósticos de
Distúrbios de Personalidade. A maior parte dos estudos, embora não todos, relatam
correlações inversas entre a concentração do 5-HIIA no LCR e o comportamento impulsivo
no ser humano, independentemente dos diagnósticos psiquiátricos (Brown e Linnoila, 1990;
Coccaro, 1989). Por exemplo, indivíduos com uma história de prática de ofensas corporais
violentas, bem como em pirómanos, com antecedentes de sérias tentativas de suicídio,
apresentavam concentrações de 5-HIIA no LCR inferiores às de indivíduos similares, mas que
não tinham tentativas de suicídio (Virkkunen et al., 1987). A reduzida concentração de 5-
HIIA no LCR, também se correlacionou positivamente com a execução de actos violentos ou
ateamento de fogos, nestes indivíduos, ao longo de um follow-up de 3 anos.
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 206
16.9.2. Tratamento
A maioria dos tratamentos de índole comportamental para os Distúrbios do Controlo de
Impulsos, têm adoptado técnicas de sensibilização aversiva, com pouca evidência empírica da
sua própria eficácia. No que respeita ao tratamento farmacológico, os dados são esparsos.
Assim, as medicações mais usadas, são neurolépticos, antidepressivos, lítio, carbamazepina,
benzodiazepinas, -bloqueadores e fármacos serotoninérgicos (agonistas 5-HT e
bloqueadores da recaptação de 5-HT). Os neurolépticos têm sido largamente utilizados com o
objectivo de tratar comportamentos impulsivo/agressivos. No entanto, não se sabe se o efeito
anti-agressivo se deve a um bloqueio dos receptores dopaminérgicos ou a um efeito sedativo
não-específico.
16.10. Relação dos Distúrbios do Controlo de Impulsos com o Distúrbio Obsessivo-
Compulsivo
Existem interessantes similaridades entre a fenomenologia, biologia e tratamento do
DOC e os Distúrbios do Controlo de Impulsos. A existência de impulsos intrusivos e
irresistíveis para cometer um acto, (reconhecido ou não como sem sentido) é comum a estes
quadros. Adicionalmente, muitos doentes que apresentam ambos os distúrbios, experienciam
uma tensão crescente associada à tentativa de resistir ao comportamento, com alívio da
ansiedade e da tensão, após a sua execução. Com base nos dados existentes, parece existir
uma relação entre a função serotoninérgica central, tanto no DOC como no comportamento
agressivo/impulsivo. No entanto, neste último caso, a relação não parece ser específica, sendo
possível que a serotonina actue como um inibidor neuroquímico, da expressão de múltiplos
comportamentos. Assim, é tentador especular que os comportamentos impulsivos e
compulsivos, se distribuem num continuum comportamental, relativamente ao qual a
serotonina constitui o principal mediador.
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 207
num estudo mais recente sejam citados valores mais baixos (Eisen et al., 1997). Neste último,
os autores avaliaram uma amostra de doentes, cujo diagnóstico primário era Esquizofrenia
(n=52) ou Distúrbio Esquizoafectivo (n=25), tendo verificado que 7.7% dos enfermos,
preenchiam simultaneamente os critérios para o diagnóstico de DOC.
Hwang et al. (1993a), referem que os doentes esquizofrénicos, com características
obsessivas, têm mais sintomas negativos, maior prejuízo na abstracção e mais sintomas
estereotípicos, do que os doentes sem sintomas obsessivos. Vários estudos demonstram o
efeito benéfico da adição ao tratamento neuroléptico, de fármacos inibidores da recaptação da
serotonina como a clomipramina (Stroebel e Szarek, 1984; Sasson et al., 1993) ou a
fluoxetina (Hwang et al., 1993b), na redução da sintomatologia obsessiva dos doentes
esquizofrénicos, sem que haja todavia, uma exacerbação da sintomatologia psicótica. Estes
autores realçam ainda a importância de se seleccionarem grupos sintomatológicos, mais do
que simplesmente síndromes, no tratamento dos distúrbios psicóticos crónicos.
16.12. Autismo
O autismo, originalmente descrito por Kanner em 1943, constitui um dos mais graves
distúrbios neuropsiquiátricos, afectando gravemente o desenvolvimento social,
comunicacional e cognitivo. O núcleo compulsivo do distúrbio, caracteriza-se por
movimentos corporais estereotípicos complexos, por um desejo de manter rotinas
comportamentais fixas e interesses limitados e repetitivos.
O autismo representa uma anomalia qualitativa do desenvolvimento, ao contrário do
atraso mental, que constitui uma anomalia quantitativa, embora exista uma associação entre
os dois distúrbios: até 70% dos indivíduos autistas funcionam numa distribuição do QI abaixo
do limite normal. O autismo tem sido descrito como um síndrome com muitas variantes,
apresentrando uma prevalência de 2-4/1000, embora as variantes mais ligeiras possam ser
mais comuns. Ocorre mais frequente no sexo masculino relativamente ao feminino (ratio de
4:1), embora no sexo feminino tenda a apresentar maior gravidade clínica, sendo o curso da
doença relativamente consistente. As primeiras anomalias nas aptidões sociais podem ser
identificáveis nos primeiros 6 meses de vida, por exemplo na incapacidade do sorriso social e
na relação com a mãe. Anomalias do olhar e estereotipias são observáveis entre os 3 e 5 anos,
bem como as anomalias nas aptidões sociais, linguagem e reciprocidade emocional, as quais
persistem até à idade adulta (Rumsey et al., 1985).
DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS DO ESPECTRO 209
17.1 Introdução
Finding genetic factors in mental disorders, whether via linkage or
association studies, has proven expensive and, until recently,
frustrating…..Similarly, we may discover that some of the genes for
vulnerability to anorexia nervosa are shared by OCD and
depression, with the genotype linked not to a specific disorder but to
a perfectionistic, risk-aversive personality style that confers
vulnerability to many syndromes
procrastinação, isto é, evitar situações em que tenham de alcançar os seus elevados padrões,
como por exemplo, evitar ou adiar uma tarefa por medo de não saír perfeita ou terminar
prematuramente uma tarefa porque antecipa que não consegue atingir os padrões que se
propunha atingir.
- Padrões Pessoais (PP) – colocar padrões excessivamente elevados que não podem ser
atingidos satisfatoriamente, sendo a auto-avaliação demasiado dependente desses
padrões;
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 214
- Criticismo Parental (CP) – percepção de que os pais são demasiado críticos. Por
exemplo, “quando era criança, era castigado se não fizesse as coisas de modo
perfeito”;
Por seu lado, Hewitt e Flett (1991a), na sua escala (H&F-MPS) definiram três dimensões
de perfeccionismo:
(1) Perfeccionismo auto-orientado (PAO) - é uma dimensão intraindividual que envolve
comportamentos perfeccionistas que derivam e se direccionam para o próprio. Isto é, o
indivíduo com PAO gera as suas expectativas perfeccionistas, requerendo que apenas ele
próprio seja perfeito. Inclui uma forte motivação para ser perfeito, envolve
comportamentos tais como estabelecer para si-próprio padrões rigorosos e metas
elevadas e auto-avaliações com padrões excessivamente exigentes. Esta dimensão está
relacionada com sintomas e distúrbios que envolvem o auto-conceito, tais como,
depressão e distúrbios alimentares Hewitt e Flett (1991) referem ainda que o PAO inclui
um componente motivacional, que se traduz pela procura da perfeição e evitamento do
insucesso. Este componente tem sido associado a vários índices de desajustamento,
incluindo ansiedade e depressão sub-clínica, que provavelmente radicam na discrepância
entre o Self real e o Self ideal do indivíduo.
(2) Perfeccionismo orientado para os outros (POO) – constitui uma dimensão interpessoal
do perfeccionismo que também emana do próprio, mas aqui, as exigências
perfeccionistas são direccionadas aos outros (é essencialmente o mesmo que PAO, mas
orientado para fora). O indivíduo desenvolve crenças e expectativas relativas às
capacidades das outras pessoas, estabelecendo normas irrealísticas para os outros, os
quais têm que ser "perfeitos" nas suas características e desempenhos, os quais são
avaliados de forma rigorosa. Esta dimensão pode não estar necessariamente relacionada
com sintomas ou distúrbios no perfeccionista que prescreve as regras. No entanto, pode
causar dificuldades e problemas na área interpessoal. Enquanto o PAO engendra auto-
crítica e auto-punição, o POO origina sentimentos de hostilidade e falta de confiança nos
outros. Embora o POO possa ter alguns aspectos vantajosos, tais como poder estar
associado a atributos positivos (e.g. capacidade de liderança), mais frequentemente está
associado a sentimentos de solidão e perturbações do ajustamento social.
relacionado com a preocupação excessiva de obter e manter a aprovação dos outros, que
só é possível se for perfeito (aos olhos dos outros). Dado que as exigêngias impostas
pelos outros são percepcionadas como excessivas e incontroláveis, o PSP pode resultar
numa variedade de consequências negativas, tais como sentimentos de ter falhado e
emoções negativas como ansiedade, depressão e revolta.
Figura 17. 1. Distúrbios Relacionados com o Perfeccionismo (Mod. de Flett e Hewitt, 2002).
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 216
COMPORTAMENTO
FOBIA SOCIAL SUICIDA DEPRESSÃO
PERFECCIONISMO
FENÓMENOS OBSESSIVOS
ATITUDES E DIST.PERSONALIDADE
COMPORTAMENTOS OBSESSIVO-
ALIMENTARES ANÓMALOS COMPULSIVA
pode re-avaliar os seus objectivos, para estabelecer outros não menos irrealistas e dar origem
a um novo ciclo (Shafran et al., 2002). Em termos do contexto inter-pessoal, o perfeccionista
tende a antecipar ou recear a rejeição ou crítica por parte daqueles que o rodeiam e reagir
defensivamente. Por outro lado, pode igualmente aplicar, a terceiros, os seus elevados e
irrealísticos padrões, tornando-se hipercrítico e exigente, o que determina que tenham
dificuldades em estabelecer relações interpessoais profundas e satisfatórias.
O indivíduo perfeccionista coloca a si-próprio/aos outros elevados padrões e metas
irrealistas, presta uma atenção selectiva aos erros e faz sobregeneralizações relativamente aos
mesmos. Estas características constituem-se como uma base estruturante de operações
cognitivas relacionadas com um auto-esquema ideal (e.g., auto-conceito) que efectua auto-
avaliações pautadas por critérios excessivamente exigentes, com tendência para um
pensamento dicotómico. Nesta avaliação "tudo ou nada" só existem dois resultados possíveis
para a acção (êxito total ou completo falhanço). Nas situações em que estes indivíduos não
conseguem conformar-se às regras auto-prescritas ou não atingem os objectivos irrealistas, é
frequente experienciarem humor deprimido e ásperas auto-críticas (Weisinger e Lobsenz,
1981).
Alguns autores têm salientado que o perfeccionismo pode estar ligado ao conceito de
"excessivo sentido de responsabilidade" (ESR) (Rachman, 1993), tal como foi observado em
indivíduos com distúrbio obsessivo-compulsivo (DOC), distúrbios alimentares (DA) e
distúrbio de personalidade obsessivo-compulsivo (DPOC) (Bouchard et al, 1999). De forma
similar ao que acontece no DOC, no perfeccionismo poderá existir uma avaliação anormal do
risco (Carr, 1974) que determina uma experiência de ansiedade e a necessidade de
hipercontrolo sobre si-próprio e o ambiente. McFall e Wollersheim (1979) tentaram isolar as
crenças disfuncionais que potenciam a avaliação anormal do risco, específica do DOC. Tal
como nas formulações psicanalíticas, é dada especial relevância à inaceitabilidade de certos
pensamentos e a um sentido de influência pessoal aumentado. McFall e Wollersheim,
salientaram ainda a importância das crenças acerca da manutenção de altos padrões, de modo
a evitar críticas ou castigos (Rachman, 1976) e sublinharam que o ESR e o perfeccionismo
exercem uma marcada influência em certos sistemas de crenças pessoais, contribuindo para
fenómenos de natureza obsessiva. No perfeccionista, o excessivo sentido de responsabilidade
e a necessidade de hipercontrolo constituem uma poderosa força motivacional que determina
o estabelecimento de elevados padrões, de modo a "ser perfeito" e não falhar.
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 218
Neste contexto, o perfeccionismo pode ser encarado como uma estratégia para manter o
controlo relativamente a situações indutoras de stresse, reduzindo o risco de que possa
acontecer "algo de mau" e assim, conseguir uma maior tranquilização (Salkovskis, 1985;
Hewitt et al, 1995; Rachman, 1993; Rhéaume et al. 1995; Labrecque et al., 1999).
O perfeccionista apresenta um esquema de auto-avaliação disfuncional, sendo que a
aceitação condicional ao desempenho constitui um aspecto central da psicopatologia do
perfeccionismo. O perfeccionista “normal” não tem uma percepção de aceitação condicional,
isto é, não está excessivamente preocupado com as avaliações dos outros relativamente ao seu
desempenho. Pelo contrário, o perfeccionista “neurótico” faz depender o seu valor pessoal do
seu desempenho, acreditando que as outras pessoas o avaliam do mesmo modo. Isto é, só vão
gostar dele se for perfeito no seu desempenho (aceitação condicional ao desempenho), caso
contrário irão rejeitá-lo ou desconsiderá-lo. Essa preocupação de ser rejeitado pelos outros,
pelo seu “fraco” desempenho fá-lo embrenhar-se numa espiral de perfeccionismo cada vez
mais intensa, de modo a não haver possibilidade de falhar.
Assim, torna-se evidente que em ambos os tipos de perfeccionismo (positivo e negativo)
existem elevados padrões auto-impostos e consequentemente, a procura de elevados padrões
per se, não é um aspecto discriminante entre o perfeccionismo positivo e negativo. As
diferenças mais importantes dizem respeito ao sistema de auto-avaliação e ao componente
motivacional: o perfeccionista normal orienta-se para atingir padrões e metas elevadas, mas
tem uma percepção realista das suas capacidades e é capaz de tolerar incertezas e erros, sem
se preocupar demasiado com as avaliações externas. Em contrapartida, no perfeccionista
neurótico, a motivação não é tanto o alcançar elevadas metas, mas antes evitar o insucesso.
Existe uma longa tradição na literatura psiquiátrica no que diz respeito à descrição da
associação entre o perfeccionismo e os fenómenos Obsessivo-Compulsivos. Na obra de Janet
(1903) Les Obsessions et la Psychasthénie o autor fornece uma clara descrição da doença
obsessivo-compulsiva, que segundo ele evolui em 3 estádios:
cometendo erros) o risco de acontecer algo de mau (i.e. ser criticado) é minimizado.
Naturalmente, é impossível ser perfeito e o reconhecimento deste facto determina nos
obsessivos um desconforto emocional e cognitivo que se traduz pelas dúvidas acerca da
qualidade das suas acções e desempenhos e o grau de risco a que se expõem. Dado que é
realisticamente impossível, mesmo com um comportamento perfeccionista, conseguir um
controlo sobre tudo e sobre todos (i.e. controlar o incontrolável), o obsessivo apenas pode
expandir e reforçar a sua percepção de controlo à custa de uma ilusão de controlo, como a que
é mediada pelas superstições e pensamento mágico. Nesta conceptualização, o
perfeccionismo é sintomático de uma necessidade excessiva de controlo, que nas formas
moderadas se manifesta apenas como tal (i.e. perfeccionismo). Nas formas mais extremas,
essa necessidade de hipercontrolo, manifesta-se pelas obsessões e compulsões típicas do
DOC.
Estes aspectos, provenientes da literatura psicanalítica, relativos ao controlo, segurança e
preocupações com as críticas, foram retomados e reformulados nas teorias cognitivas e
comportamentais do DOC (Beck et al., 1985; McAndrews, 1989).
McFall e Wollersheim (1979) propuseram um modelo do DOC que foca a atenção na
avaliação cognitiva da ameaça, sugerindo que os doentes com DOC apresentam um conjunto
de quatro crenças nucleares que os leva a percepcionar o mundo como um lugar bastante
perigoso e ameaçador. Duas dessas crenças reflectem um estilo de pensamento perfeccionista:
(1) Perfeccionismo;
(2) Necessidade de certeza;
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 221
Estas crenças levam o doente a "ruminar" sobre os seus erros passados ou futuros e a
rejeitar qualquer solução que não seja a perfeita, visto que adoptar outra seria um falhanço
(pensamento dicotómico). Em vários aspectos, este modelo é semelhante aos de Salzman
(1979) e Mallinger (1984). No entanto, para Guidano e Liotti (1983) o que é realçado é o
perfeccionismo e a necessidade de certeza, em vez da necessidade de controlo. Para Salzman
(1979) e Mallinger (1984), o perfeccionismo e a necessidade de certeza são produtos da
necessidade de controlo.
Os indivíduos com DOC, de forma característica, experienciam pensamentos que são
intrusivos, perturbadores e muitas vezes inaceitáveis. A presença deste tipo de pensamentos
(i.e. obsessões) não é em si-própria definidora da existência de um DOC. Isto é, pensamentos
desta natureza constituem um fenómeno universal e indivíduos normais podem experienciar
pensamentos ditos obsessivoídes. O que estabelece a presença de um DOC, para além de um
critério quantitativo-funcional (i.e. frequência e intensidade das obsessões;
prejuízo/incapacidade subjectivo e objectivo) é, segundo os modelos cognitivo-
comportamentais, o modo como os indivíduos interpretam/avaliam esses pensamentos. O
significado que os indivíduos atribuem a tais pensamentos intrusivos é crucial para a
compreensão da manutenção do problema e a motivação dos comportmentos neutralizadores.
O modelo cognitivo de Salkovskis, postula a presença de um esquema de responsabilidade
disfuncional nos doentes com DOC, que os leva a avaliar a ocorrência/conteúdo dos seus
pensamentos intrusivos de acordo com o prejuízo que podem causar a si-próprios ou terceiros.
No doente obsessivo esse sentido de responsabilidade disfuncional está relacionado com a
crença do indivíduo possuir o “poder” de provocar ou prevenir resultados reais ou morais
cruciais. Isto é, o conteúdo das obsessões é interpretado no sentido de que a pessoa pode ser
responsável por acontecer algo de mal a si-próprio a terceiros, o que leva aos esforços dos
doentes para “desfazer” os pensamentos ou desenvolver comportamentos neutralizadores cujo
objectivo é aumentar o seu sentimento de segurança.
Vários estudos têm demonstrado existir uma associação entre o DOC e as crenças de
responsabilidade. Por exemplo, Freeston et al. (1993) mostraram que os doentes com DOC
revelam mais crenças de responsabilidade que os controlos. Mais recentemente, Salkovskis et
al. (2000), num estudo com 3 sub-amostras (DOC; distúrbio de ansiedade; controlos)
demonstrou que os indivíduos obsessivos apresentavam mais crenças de responsabilidade que
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 222
PERFECCIONISMO
Excessivo sentido Sobrestimativa
Elevados Necessidade Excessiva
de responsabilidade de controlo dos riscos
padrões
DA DOC
Atitudes e
Fenómenos
comportamentos
Alimentares OC
anómalos
“an inner drive that is connected with a wish to have things perfect, absolutely certain, or
completely under control”.
et al. (2000b) criticam esta posição realçando que esta sub-escala está a medir sintomas
obsessivo-compulsivos e não o perfeccionismo per se.
(2) Os filhos necessitam da aceitação parental e de se sentiram seguros, por isso, sentem-
se pressionados para alcançar esse padrões elevados
(3) À medida que o tempo passa, a criança internaliza essa procura da perfeição como
sendo um objectivo pessoal. Isto é, já não é necessária a pressão parental (o
perfeccionismo autonomizou-se da influência parental).
(4) A criança procura alcançar padrões cada vez mais elevados, ficando ansiosa quando
não o consegue.
estudo também sugeria que os pais dos indivíduos com compulsividade subclínica,
apresentavam traços perfeccionistas mais marcados.
Outros estudos reportaram uma associação entre o perfeccionismo e sintomas obsessivo-
compulsivos específicos (i.e. lavagem, verificação e armazenar/guardar). Por exemplo, Tallis
(1996) sugere que existe uma forma específica de compulsão de lavagem especialmente
ligada ao perfeccionismo. Nestes doentes o objectivo da lavagem não é remover a
contaminação, mas antes atingir um estado de limpeza perfeita. Ferrari (1995) não encontrou
nenhuma relação entre cognições perfeccionistas e compulsões de lavagem, mas refere uma
associação com a verificação compulsiva. Gershuny e Sher (1995) também relataram cotações
de perfeccionismo mais elevadas em verificadores, comparativamente a não-verificadores,
sugerindo que o perfeccionismo leva algumas pessoas a usar a verificação como estratégia de
controlo. Esta hipótese é semelhante à de Salzman (1979) sobre a relação entre o controlo e o
perfeccionismo, embora este autor indicasse que a necessidade de controlo é que leva ao
perfeccionismo e não o inverso.
Frost e Gross (1993), encontraram uma correlação entre as dimensões da sua escala,
Preocupações com os Erros e Dúvidas sobre as Acções e o armazenamento compulsivo
(hoarding). Aquelas dimensões foram igualmente associadas à indecisão característica dos
obsessivos (Frost e Shows, 1993; Gayton et al., 1994). No entanto, Ferrari (1995), não
encontrou qualquer correlação entre a indecisão e a frequência de cognições perfeccionistas,
numa amostra de estudantes universitários.
No que diz respeito à relação entre o perfeccionismo e o DOC, é de referir que a maior
parte dos trabalhos consistem em impressões clínicas que, ao longo de décadas, desde os
escritos de Janet (1903), foram referindo uma ligação entre os fenómenos obsessivos e o
perfeccionismo. No entanto, são muito poucos os estudos empíricos que efectivamente
mediram o perfeccionismo com um instrumento próprio e validado, em amostras de doentes
com DOC.
Ferrari (1995) foi o primeiro a investigar a relação entre o perfeccionismo e o DOC, numa
população clínica. Este estudo usou o Perfectionism Cognitions Inventory (PCI), instrumento
que foi criado mais como uma medida da frequência de pensamentos perfeccionistas, do que
traços perfeccionistas. Este autor encontrou uma correlação significativa entre o PCI e o
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 227
Quadro 17.2: Médias (DP) das pontuações totais e factoriais do EMP por amostra †
EMP
Normal Psiquiátrica Espectro F (2, 213) p
M (DP) M (DP) M (DP)
PAO 79.78 (15.99) 89.62 (16.90) 91.62 (19.15) 8.342 .000**
PSP 43.27 (11.98) 51.84 (11.26) 56.06 (15.46) 15.888 .000**
POO 44.06 (6.84) 41.38 (8.28) 41.31 (8.18) 2.598 .ns
Total 180.95 (25.77) 198.24 25.79) 204.69 (34.05) 10.413 .000**
† Baseado no teste One-Way Anova; ** p< .01; * p<.05; ns- Não significativo
Em resumo, pode dizer-se que as médias das pontuações totais e factoriais da EMP, em
que foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, aumentaram
progressivamente pela seguinte ordem: amostra normal, psiquiátrica geral, subamostra das
PCA e subamostra de PCA&DOC (excepto para o caso da amostra psiquiátrica geral, em que
a média de PAO é mais elevada que no DOC).
No caso das perturbações do comportamento alimentar (PCA), foi encontrada uma
associação significativa entre este tipo de distúrbios e elevados níveis de perfeccionismo
(pontuação total da EMP e dimensões PAO e PSP). Assim, a associação entre o
perfeccionismo e as PCA, na nossa investigação é mais marcada, pelo menos a dimensão
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 230
PSP, do que no caso do DOC. O que está de acordo com outros estudos, cuja revisão foi feita
recentemente por Bardone-Cone et al., 2007 (Quadro 17.5)
Apesar de tudo, no caso do DOC, existe uma diferença significativa nos níveis de
perfeccionismo entre os doentes com DOC e os controlos normais, mas não com os doentes
com depressão/ansiedade.
Este facto, como atrás se referiu, levanta algumas dúvidas sobre a especificidade da
associação entre o perfeccionismo e diversas perturbações. A questão que se coloca é: o
perfeccionismo (genericamente considerado) está relacionado com a psicopatologia em geral
ou existe uma relação específica com alguns distúrbios, nomeadamente os distúrbios
alimentares? Uma interpretação alternativa, menos genérica é que certas dimensões do
perfeccionismo possam estar associadas a alguns distúrbios e não a outros (Frost e Steketee,
1997).
Bulik et al. (2003) investigaram a relação entre o perfeccionismo (medido pelo F-MPS) e
vários distúrbios (AN, BN, depressão major, abuso/dependência de álcool, distúrbio de
pânico, fobias). Os autores reportaram que a dimensão Preocupação com os Erros estava
elevada na Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, mas não nas outras perturbações
psiquiátricas. Outra das dimensões (Dúvida sobre as Acções) estava elevada tanto nos
Distúrbios Alimentares (DA), como nos distúrbios de ansiedade. A dimensão Padrões
Pessoais não estava associada com qualquer transtorno. Assim, a tendência para desenvolver
preocupação excessiva com os erros estaria mais especificamente associada aos DA.
No nosso estudo (Maia et al., 2006), verificámos que os níveis de perfeccionismo eram
mais elevados nas perturbações do comportamento alimentar (PCA) em comparação com os
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 231
controlos normais, mas também comparativamente com uma amostra psiquiátrica (doentes
com depressão/ansiedade) e mesmo comparativamente aos doentes com DOC.
Nomeadamente, a média do perfeccionismo socialmente prescrito (PSP) foi
significativamente mais elevada na subamostra das PCA comparativamente à amostra normal,
psiquiátrica e subamostra do DOC.
Os achados dos estudos clínicos, em doentes com perturbações de ansiedade diversas
(Frost e Steketee, 1997; Antony et al., 1998) também levantam a questão da especificidade da
relação entre o perfeccionismo e o DOC, dado que as cotações de perfeccionismo também são
elevadas no distúrbio de pânico e na fobia social. É preciso realçar que os poucos estudos
efectuados usaram o mesmo instrumento (F-MPS), sendo necessárias mais investigações,
nomeadamente com outros instrumentos, para determinar que dimensões do perfeccionismo
podem diferenciar os doentes com DOC daqueles com outros distúrbios de ansiedade. Por
outro lado, é também fundamental investigar em amostras não-clínicas, a relação entre o
perfeccionismo e os fenómenos obsessivos.
Alguns autores sugerem que aquilo que designam por “experiências de não estar
completamente correcto” (not just right experiences- NJRE) possa corresponder a uma forma
específica de perfeccionismo ligado aos fenómenos obsessivos (sensation-based
perfectionism) (Coles et al., 2003). Estas NJRE correspondem às sensações de imperfeição já
descritas por Janet (1903) de que “alguma coisa não está como devia estar”. Leckman et al.
(1994) e Miguel et al. (2000), referem que nas suas amostras de doentes com DOC, uma larga
proporção relatava a ocorrência de NJRE (respectivamente 92 e 63%). No entanto, estes
estudos não abordaram directamente a questão da relação entre o perfeccionismo e as NJRE,
havendo contudo, algumas evidências indirectas. Por exemplo, Summerfeldt et al. (1999)
relatam uma diferença significativa na relação entre obsessões de simetria com e sem
pensamento mágico e um factor de exactidão/simetria (respectivamente r=0.25 e 0.48). Os
autores referem que essa diferença se deve a distintas motivações: evitar algo negativo (harm
avoidance), nas obsessões de simetria com pensamento mágico e necessidade de ter tudo
correcto (just right) nas obsessões de simetria sem pensamento mágico.
O interessante estudo de Coles et al. (2003), numa amostra não-clínica, propôs-se
investigar a relação entre as NJRE, outros fenómenos obsessivos (medidos pelo Padua
Inventory de Sanavio, 1988 e o Obsessive Compulsive Inventory de Foa et al., 1998) e o
perfeccionismo (usando a escala de Frost e colaboradores e o Perfectionism Questionnaire de
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 232
Rhéaume et al., 1995b), bem como a questão da especificidade das NJRE como forma única
de perfeccionismo, no âmbito dos fenómenos obsessivos. Os resultados mostraram que 99%
das pessoas relatavam a ocorrência em toda a vida de pelo menos uma NJRE. Por outro lado,
as NJRE estavam ligadas a determinadas características obsessivo-compulsivas, sobretudo as
relacionadas com controlo e verificação e a ocorrência de NJRE estava relacionada com
domínios desadaptativos do perfeccionismo (“preocupação com os erros” e “dúvidas sobre as
acções”). Quando investigaram a relação das NJRE com as características obsessivas vs.
relação com outras formas de psicopatologia (ansiedade social; ansiedade traço; sintomas
depressivos e preocupação) verificaram que as correlações com as outras psicopatologias,
embora fossem significativas, eram de menor magnitude do que as observadas entre as NJRE
e os sintomas obsessivos. Este facto sugere uma certa especificidade da relação:
Tal como foi referido anteriormente, outros estudos reportaram uma associação entre o
perfeccionismo e sintomas obsessivo-compulsivos específicos (Tallis, 1996; Ferrari, 1995;
Gershuny e Sher, 1995). Assim, para compreender essa associação torna-se fundamental
perceber as motivações “por detrás” dos sintomas, sendo que as NJRE podem ter um
considerável poder explicativo e também implicações no próprio tratamento.
Comentário
Na literatura psiquiátrica, existe uma longa tradição de associação entre o perfeccionismo
e o DOC. Em algumas formulações, o perfeccionismo é considerado como “um traço
necessário, mas insuficiente para o desenvolvimento do DOC” (Rhéaume et al., 1995a) ou
dito de outra forma, o perfeccionismo constitui um factor de risco para o DOC. Grande parte
dos actuais modelos cognitivo-comportamentais do DOC e do perfeccionismo, bem como
aqueles que estabelecem a ponte entre os dois, foram beber a inspiração à literatura
psicanalítica e dela retiraram e reformularam aspectos cognitivos que são relevantes ao DOC
e perfeccionismo. Características como a intolerância à incerteza, a necessidade excessiva de
controlo, que nas formas moderadas se manifestam como perfeccionismo e nas formas mais
extremas pelas obsessões e compulsões típicas do DOC, continuam a ser considerados
aspectos centrais do DOC e do perfeccionismo.
PERFECCIONISMO E FENÓMENOS OBSESSIVOS 233
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 234
18.1. Introdução
Para cada doente, após uma cuidadosa e sistemática avaliação clínica, deve ser
elaborado, no início do tratamento, um plano terapêutico individual. No plano farmacológico,
esse plano deve ter em conta a história prévia de tratamentos, isto é, que fármacos já foram
usados (doses, duração do tratamento, eficácia e efeitos secundários). Se o doente já efectuou
um tratamento anterior com um determinado fármaco que produzziu um nível de eficácia
aceitável, pode re-iniciar-se o tratamento com esse mesmo fármaco, se a razão do abandono
não tiver sido por intolerância aos efeitos secundários. Relativamente aos aspectos
psicoterapêuticos, a análise funcional deve ditar quais os sintomas-alvo sobre os quais se
inicia o tratamento, de que forma e com que estratégias específicas. Todo o racional do
tratamento deve ser cuidadosamente explicado ao doente, nomeadamente aquilo que dele se
espera em termos do envolvimento activo no seu próprio processo terapêutico e do papel de
cada um dos elementos terapêuticas, isto é, das medicações e das estratégias
psicoterapêuticas. Se há situações clínicas em que o papel do doente como co-terapeuta é
crucial, esta é uma delas. Independentemente da qualidade do plano terapêutico desenhado,
um dos principais factores que ditam o sucesso ou insucesso terapêutico, diz respeito ao
envolvimento do doente no processo. Naturalmente que a adesão é uma variável dinâmica,
não sendo de esperar que esteja espontaneamente no seu pico máximo, quando o doente nos
procura. Até porque, especificamente nesta patologia, o doente tem uma forte percepção de
incontrolabilidade relativamente aos seus sintomas, o que é traduzida pela frase habitual –
“Sr.Dr. a doença é mais forte do que eu”. Assim, as primeiras consultas devem, recorrendo a
aspectos psicoeducativos, reforçar a percepção de controlo sobre os sintomas e dessa forma,
também potenciar a adesão às subsequentes estratégias que vão ser implementadas.
• Em que dose?
Vamos procurar responder a cada uma destas questões. A última questão é mais lata e
abrangente, na medida em que pode ter vários sentidos. É preciso primeiro estabelecer o que
se entendo por “resposta ao tratmento”. Habitualmente, por resposta ao tratamento entende
uma determinada remissão dos sintomas, que é traduzida objectivamente por uma definida
percentagem na redução da cotação de um determinado instrumento, usado para medir o
fenómeno em causa – neste caso, as obsessões e compulsões. No DOC, uma das convenções é
que “resposta ao tratamento” é equacionado como uma diminuuição igual a superior a 25% na
Yale-Brown Obsessive Compulsive Scale (Escala Obsessivo-Compulsiva de Yale-Brown -
Goodman et al., 1989a).
extensamente estudados no início da década de 90, no tratamento do DOC (Pato et al., 1996)
e mais recentemente, outros como sertralina e a paroxetina têm sido referidos como eficazes.
Fluoxetina
Quando a fluoxetina foi introduzida, os investigadores tinham a expectativa deste
fármaco puder ser mais eficaz que a clomipramina, a qual, para além de uma acção nos
receptores serotoninérgicos, também tem afinidade para os receptores colinérgicos,
adrenérgicos e histamínicos. Os primeiros estudos efectuados, habitualmente abertos (Turner
et al., 1985; Jenike et al., 1989; Liebowitz et al., 1989; Levine et al., 1989), estabeleceram a
eficácia da fluoxetina no tratamento do DOC. Por exemplo, num estudo aberto (Fontaine e
Chouinard, 1989) com 50 doentes com DOC, os autores afirmam que 86%, tiveram uma
resposta favorável com a fluoxetina (doses de 60 a 100mg/dia). Os mais recentes estudos de
dose-fixa e duplamente cegos (Wood et al., 1993; Tollefson et al., 1994a), confirmaram essa
eficácia. No entanto, apesar das expectativas iniciais, no conjunto dos estudos, verifica-se que
não é superior à clomipramina (Piggott et al., 1990), (ver quadro 17.1, resumo dos estudos
com fluoxetina, no DOC).
Os estudos de dose-fixa com a fluoxetina (Tollefson et al., 1994a; Tollefson et al.,
1994b) indicam que doses de 20mg/dia, 40mg/dia, 60mg/dia são todas mais eficazes do que o
placebo, mas parece existir uma tendência para a dose de 60mg/dia, ser a mais eficaz. Alguns
doentes que não respondem a baixas doses, fazem-no a doses mais elevadas e mesmo aqueles
que respondem a doses baixas, apresentam um máximo de resposta terapêutica com as doses
superiores.
Quadro 18.1 - Estudos duplamente cegos, com fluoxetina, no DOC (adap.de Den Boer e
Westenberg, 1995).
Riddle et al. (1992) doentes 8-15 anos 8 semanas sem significativas diferen-
vs.PLA. Max. 100mg ças entre PLA e FLUOX.
na CY-BOCS; eficácia
FLUOX.significativa/
melhor, na CGI.
Montgomery et al. (1993) 214 doentes 8 semanas 20mg FLUOX. não difere PLA
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 239
Tollefson et al. (1994ab) 355 doentes 13 semanas todas as doses Fluox. melhor
vs. PLA. doses fixas que PLA. tendência para doses
20, 40 e 60mg maiores FLUOX serem mais efi-
cazes 60>40>20mg
Fluvoxamina
Vários estudos têm também testado os efeitos antiobsessivos da fluvoxamina (ver
Quadro 17.2). Este antidepressivo é um agente unicíclico e difere dos outros ISRS pelo facto
de não possuir metabólitos activos. Vários trabalhos, a maior parte dos quais, controlados
com placebo, demonstraram a eficácia da fluvoxamina no tratamento do DOC (Goodman et
al., 1989b; Jenike et al., 1990; Mallya et al., 1992).
Quadro 18.2 - Estudos duplamente cegos, com fluvoxamina, no DOC (adap.de Den Boer e
Westenberg, 1995).
Goodman et al. (1995) 160 doentes 10 semanas melhoria em 43% com FLUV
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 240
Greist et al.(1995a) 160 doentes 10 semanas 50% dos tratados com FLUV
responderam; 46% de dimi-
nuição dos scores Y-BOCS
nos que responderam
FLUV = fluvoxamina; EXP = terapia de exposição; DSI = desipramina; CLO = clomipramina; PLA = placebo;
Y-BOCS = Yale-Brown Obsessive Compulsive.
Sertralina
A sertralina, outro dos ISRS, é uma naftilina, com um metabólito activo (N-
desmetilsertralina). Ainda existem relativamente poucos estudos, sobre a eficácia deste
fármaco no tratamento do DOC (Chouinard et al., 1990; Jenike et al., 1990b). O estudo
multicêntrico de Greist et al. (1995b), duplamente cego de 12 semanas, com 324 doentes,
demonstrou a eficácia da sertralina no tratamento do DOC. Neste trabalho, foram usadas 3
doses fixas de 50, 100 e 200 mg/dia. Em qualquer dos 3 grupos de dosagem, a melhoria
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 241
sintomatológica foi superior à dos doentes com placebo. Nos 3 grupos tratados com sertralina,
não havia diferenças estatisticamente significativas quanto ao grau de melhoria clínica,
embora existisse uma diferença quanto à intensidade dos efeitos secundários, que se verificou
ser dose-dependente, havendo uma taxa de abandono de 10%, o que é sobreponível ao
observado em estudos análogos com outros ISRS.
Num estudo mais recente, com dois anos de duração (Rasmussen et al., 1997), os
autores investigaram o perfil de eficácia, tolerância e segurança da sertralina. A investigação
consistiu numa primeira fase, de um ano de ensaio duplamente cego de sertralina vs. placebo,
seguida de uma fase aberta (outro ano), completado pelos doentes tratados com sertralina. Na
primeira fase, verificou-se que a eficácia da sertralina era significativamente superior ao
placebo. Os doentes que completaram os 2 anos de tratamento com sertralina (n=38),
mostraram uma melhoria média de 15.6 pontos na YBOCS, referindo os autores que a
sertralina foi bem tolerada durante as 2 fases do tratamento, com um bom perfil de segurança.
Paroxetina
A paroxetina, que é uma fenilpiperidina, constitui outra das alternativas mais recentes,
no campo dos ISRS, para o tratamento do DOC, sendo aquele que dentro deste grupo de
fármacos apresenta uma das maiores potências de inibição da recaptação da serotonina
(Gunasekara et al., 1998) e que para além do tratamento do DOC, já tem eficácia comprovada
na Depressão e Distúrbio de Pânico, indicações para as quais já foi aprovada em numerosos
países (Corby e Dunne, 1997), apresentando um perfil de efeitos secundários benigno
(Dunner, 1998).
Neste momento, embora ainda não exista um corpo de estudos tão vasto como para os
fármacos usados há mais tempo, tais como a fluoxetina, existe já um número razoável de
estudos da paroxetina no DOC, que permitem concluir por bons níveis de eficácia deste
fármaco (Quadro 17.3). No estudo de Wheadon et al. (1993), multicêntrico de dose-fixa, com
348 doentes, os doentes foram aleatoriamente distribuídos para receber tratamento com
placebo (n=89) ou doses fixas de paroxetina: 20mg (n=88), 40mg (n=86) ou 60mg (n=85),
durante 12 semanas. Em doses diárias de 40 e 60mg, a paroxetina mostrou-se eficaz no
tratamento do DOC, originando uma redução significativa na pontuação da Y-BOCS, em
comparação com o placebo, desde a 6ª semana de tratamento. Este estudo aponta no sentido
de que as doses mais elevadas (40 e 60mg) são efectivamente as mais eficazes no tratamento
do DOC, sendo a dose mínima eficaz a de 40mg.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 242
No estudo multicêntrico de Zohar e Judge (1996), foram avaliados 399 doentes com
DOC, seleccionados aleatoriamente para tratamento com placebo (n=99), clomipramina (25-
250mg, n=99) ou paroxetina (10-60mg, n=201). Os doentes tratados com clomipramina e
paroxetina, mostraram evoluções positivas significativas nas pontuações da Y-BOCS, com
uma frequência de resposta idêntica para a paroxetina e clomipramina. No entanto, uma
questão fundamental que actualmente é enfatisada, diz respeito à adesão terapêutica, ponto
fundamental a ter em conta num distúrbio como o DOC, no qual geralmente são requeridos
longos períodos de tratamento. É sabido que um dos factores cruciais (embora não seja o
único) ligado à adesão, reside no perfil de efeitos secundários, sendo intuitivo que quanto
menos acentuados estes últimos forem, melhor será a referida adesão. Este estudo de Zohar e
Judge (1996), embora mostre uma eficácia semelhante para a clomipramina e paroxetina,
mostra também que esta última é mais bem tolerada e por isso, provavelmente constituirá
uma melhor opção na terapia de longo-prazo. A questão da adesão à terapêutica e tolerância
aos fármacos é particularmente importante no caso do tratamento de crianças e adolescentes e
por isso, se a paroxetina se revelar um fármaco com uma boa tolerância nos tratamentos a
longo prazo, também constituirá uma opção de 1ª linha, nesta faixa etária de doentes (March e
Leonard, 1996).
Uma vez que o DOC é uma patologia crónica e sujeita a recaídas, torna-se fundamental
estabelecer a eficácia dos tratamentos a longo prazo e na prevenção de recaídas. No estudo de
Steiner (1995), 263 doentes foram medicados com paroxetina vs. placebo (duplamente cego)
durante 12 semanas. Após esta 1ª fase, houve uma extensão do estudo de mais 12 meses, nos
quais os primeiros 6 constituiram uma fase aberta de tratamento com a paroxetina em doses
de 20-60mg, seguida por mais 6 meses, nos quais os doentes que tinham tido uma resposta
positiva, foram randomizados para receber paroxetina ou placebo.
Ao fim dos primeiros 6 meses, verificou-se-se uma melhoria continuada nas pontuações
totais da Y-BOCS. Após esse período de tempo, 104 doentes que responderam à terapêutica
foram seleccionados aleatoriamente para continuar o tratamento com a paroxetina (sem alterar
a dose), (n=53), ou mudarem para placebo (n=52), durante mais 6 meses. Nos doentes
tratados com paroxetina, as pontuações na Y-BOCS mantiveram-se ou melhoraram, mas
elevaram-se nos doentes que passaram para placebo, traduzindo um agravamento da
sintomatologia. A frequência de recaída foi significativamente superior nos doentes tratados
com placebo relativamente ao grupo de doentes que continuaram a receber a paroxetina (59%
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 243
vs. 38%). O tempo que decorreu até surgir a recaída, foi significativamente superior nos
doentes tratados com paroxetina relativamente aos que receberam placebo (63 vs. 29 dias),
mostrando-se assim, que a paroxetina constitui uma boa opção terapêutica para tratamentos de
longo-prazo (como é a regra nos tratamentos do DOC).
Num estudo cego mais recente (Mundo et al., 1997), entre a fluvoxamina, citalopram e
paroxetina,os autores avaliaram 30 doentes com DOC (sem outro distúrbio comórbido do
Eixo I), por um período activo de 10 semanas, com avaliações cada 2 semanas utilizando a
YBOCS, a National Institute of Mental Health-Obsessive-Compulsive Scale, a Clinical
Global Impressions Scale e a Hamilton Rating Scale for depression. Em termos de melhoria,
os resultados mostraram valores sobreponíveis para os 3 fármacos, sem revelarem diferenças
significativas entre eles.
Para além da sua aplicação no DOC, existem algumas evidências que a paroxetina possa
também ter alguma eficácia em outras áreas ainda mal investigadas, tal como na
Tricotilomania (Christenson e Crow, 1996), nomeadamente em associação com um
neuroléptico como a risperidona (Stein et al., 1997).
Outra importante e nova área de potencial aplicação é a das perturbações da
personalidade, neste caso, em alguns traços de personalidade e "comportamentos
compulsivos", ligados à personalidade obsessiva. Por exemplo, no estudo de Figueira et al.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 244
Citalopram
O estudo de Koponen et al. (1997), aberto de 24 semanas, refere que dos 29 doentes
incluídos, 76% apresentaram um "alívio" dos sintomas, com doses de 40 a 60mg/dia. Os
efeitos secundários mais frequentes eram os da esfera digestiva (naúseas e vómitos), bem
como diminuição do sono, aumento da actividade onírica e disfunções sexuais (diminuição do
desejo e disfunção orgásmica), concluindo os autores, que este fármaco "parece ser eficaz" no
tratamento do DOC.
Escitalopram
O escitalopram é um dos mais potentes ISRS, o que se deve ao seu mecanismo de acção.
Este fármaco liga-se tanto ao sítio primário, como alostérico do transportador da serotonina.
O seu uso no DOC é ainda muito recente, não havendo ainda um corpo de estudos
consistente. Um estudo controlado recente com doses fixas de 10 mg e 20 mg de
escitalopram oou 40 mg de paroxetina, mostrou eficácia para o nível de dose de 20 mg, em
comparação com o placebo às 12 semanas (Stein et al., 2006).
Outro estudo (Fineberg et al., 2006) tinha como objectivo primário comparar a eficácia
do escitalopram (10 mg ou 20 mg/dia) vs. placebo, na prevenção de recaídas durante 24
semanas, em doentes com DOC que tinham respondido anteriormente, num ensaio aberto de
16 semanas com a substância activa.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 245
A proporção de doentes que recaíu às 24 semanas foi de 52% no grupo placebo e 23%
no grupo do escitalopram (p<0.001; χ2-test).
Em síntese, podemos referir que a eficácia terapêutica não difere muito entre os vários
ISRS. No entanto, mercê dos diferentes perfis farmacológicos, nomeadamente a potência da
inibição da recaptação da serotonina e outros, poderão existir algumas diferenças subtis entre
eles, no que respeita a alguns parâmetros, tais como inicío da acção terapêutica e perfil de
efeitos adversos. Por exemplo, em estudos animais (Mansari et al., 1995), foi mostrado que
em cobaias, a dessensibilização dos autoreceptores serotoninérgicos, no córtex orbitofrontal é
alcançado mais rapidamente com a paroxetina do que com a fluoxetina.
18.2.3.1. IMAO's
Existem muito poucos dados relativos ao uso deste fármaco no DOC. Um estudo
duplamente cego lítio/placebo, efectuado na Dinamarca, com apenas 6 doentes, observou que
o efeito terapêutico do lítio não era superior ao do placebo (Geisler e Shou, 1970), existindo
ainda uns poucos relatos de casos clínicos em que teria havido melhoria da sintomatologia
obsessiva com o lítio (Van Putten e Sander, 1975; Stern e Jenike, 1983) e de alguns casos em
que a sintomatologia melhorou após a junção de carbonato de lítio à clomipramina, a que
isoladamente os doentes não estavam a responder (Rasmussen, 1984; Feder, 1988).
18.2.3.3. Antipsicóticos/Neurolépticos
Dado o potencial que estes fármacos têm para induzir efeitos secundários graves e
existindo actualmente alternativas terapêuticas mais eficazes, o seu uso alargado não deve ser
recomendado, embora alguns autores utilizem estes fármacos em situações pontuais, como
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. I 247
adjuvantes aos ISRS, nos doentes refractários ao uso isolado destes antidepressivos
(McDougle et al., 1990; ; McDougle et al., 1994; McDougle et al., 1995a), no caso da
existência comórbida de um Distúrbio de Tiques (McDougle et al., 1994) ou de Distúrbio de
Personalidade Esquizotípico (ver Secção Tratamento do Distúrbio Obsessivo-Compulsivo
Resistente ao Tratamento).
18.2.3.4. Ansiolíticos
18.2.3.5. Miscelânea
Uma plêiade de diferentes fármacos, com diferentes mecanismos de acção, têm sido
experimentados no DOC com resultados inconsistentes e de duvidosa eficácia, tais como a
carbamazepina, o L-triptofano, a naloxona, as anfetaminas, a clonidina e outros.
Tentanto responder à questão inicial – que fármaco usar? Podemos resumir a questão
da seguinte forma:
• Lítio
• Antipsicóticos (podem ter um papel nas estratégias de aumento com os ISRS)
• Benzodiazepinas
Relativamente à segunda questão “Em que dose?” deve ser usado determinado fármaco,
ela foi sendo respondida ao longo das secções anteriores. Vamos tentar responder às questões
seguintes:
placebo. Por exemplo, no estudo de Dunbar et al. (1995), cerca de 10% dos doentes tratados
com paroxetina tiveram uma recaída completa, em comparação com 18% dos que passaram a
tomar o placebo. O estudo de Hollander et al. (2003) teve resultados similares, tendo
mostrado que alguns doentes que foram randomizados para o placebo mostraram uma rápida
recorrência dos sintomas obsessivo-compulsivos no prazo de 2 semansas, enquanto os que
permaneceram na substância activa, continuaram a apresentar menos recaídas (9.4% vs.
21.6%) e mesmo até algumas melhorias.
Perante estes dados, fica evidente que a medicação confere protecção contra a recaída
enquanto for tomada. Assim, parece sensato considerar que o tratamento farmacológico deva
ser mantido por um período relativamente prolongado (pelo menos 6 meses a 1 ano). No
entanto, tal como já referimos, o tratamento combinado com estratégias cognitivo-
comportamentais pode facilitar a descontinuação do fármaco, com menos perigo de recaída.
Outra questão que se coloca é de saber se é possível manter a remissão sintomatológica
(total ou parcial) com uma dose de manutenção inferior à dose do tratamento inicial. Solyom
e Sookman (1977), referem que 6 doentes com DOC, com remissão sintomatológica ao fim
de 6 semanas de tratamento com 300mg de clomipramina, permaneciam bem com doses
inferiores e pelo menos 4, mantinham os benefícios terapêuticos ao fim de um ano de doses
entre 75 e 150 mg. Ananth (1986) refere igualmente que doses de manutenção de 50 a 75 mg,
eram suficientes. Pato et al. (1990) realçam que os doentes eram capazes de tolerar, sem
recidiva, reduções das doses de clomipramina na ordem dos 40% ( de 270mg ± 20mg para
165mg ± 19mg). Estes dados sugere que é possível manter os doentes em remissão, com
doses inferiores às de ataque, o que se traduz em benefícios tais como uma melhor adesão ao
tratamento, sobretudo pela redução dos efeitos secundários.
satisfatória", Rauch e Jenike (1994) consideram uma diminuição nas pontuações da Y-BOCS
superior a 25%.
Por outro lado, antes de considerar um doente como "resistente", a situação deve ser
cuidadosamente avaliada no sentido de responder a várias questões, nomeadamente se o
diagnóstico de DOC é correcto, se as terapias levadas a cabo foram adequadas ou se existem
diagnósticos comórbidos, para além de nos certificármos se o doente adere ou não às
prescrições.
primeiro fármaco, de modo que a sua combinação tenha uma maior eficácia do que qualquer
dos fármacos isoladamente (efeito sinérgico).
Tem sido tentada a combinação de vários IRS, embora não existam estudos controlados
que avaliem esta estratégia. Simeon et al. (1990), referem uma série de 6 doentes
adolescentes, que melhoraram após a adição de fluoxetina à clomipramina. Esta combinação
pode ter uma vantagem adicional, em termos da tolerância, na medida em que a fluoxetina
aumenta os níveis plasmáticos dos triciclícos (Aranow et al., 1989) e por isso, podem obter-se
níveis plasmáticos elevados de clomipramina, com menores doses e consequentemente,
menos efeitos secundários.
18.2.5.2.2. Fenfluramina
18.2.5.2.1.3. Benzodiazepinas
18.2.5.2.1.4. Antipsicóticos
18.2.5.2.1.5. Lítio
O lítio já tem sido utilizado como agente de combinação nos casos de depressão
resistente à medicação antidepressiva. No DOC, surgiram vários relatos isolados do efeito
positivo da combinação de lítio à imipramina (Stern e Jenike, 1983), à clomipramina (Feder,
1988), desipramina (Eisenberg e Asnis, 1985), doxepina (Golden et al., 1988) ou fluoxetina
(Howland, 1991). Em contraste, estudos maiores e controlados, têm tido resultados
desapontadores. Hermesh et al. (1990), referem que só um de 10 doentes, respondeu à
associação de lítio com clomipramina. De forma semelhante, Jenike et al. (1991) referem que
só um de 7 doentes resistentes à fluoxetina, respondia à combinação com lítio. McDougle et
al. (1991) conduziram um estudo controlado, duplamente cego com placebo e
fluvoxamina+lítio, em doentes resistentes à terapia isolada com fluvoxamina, verificando-se
apenas uma melhoria mínima. De forma semelhante, Piggot et al. (1991), num estudo com
adição de lítio ou triodotironina à clomipramina, não obtiveram resultados satisfatórios.
Assim, no conjunto dos dados, o lítio não parece trazer qualquer benefício adicional, na
terapia de combinação do DOC.
18.2.5.2.1.6. Buspirona
18.2.5.2.1.7. Triptofano
O L-triptofano, foi primeiro usado, tal como o lítio, na combinação com antidepressivos,
para o tratamento da depressão resistente. Apenas existe uma referência ao efeito positivo da
combinação do triptofano (6g/dia) com a clomipramina, no tratamento do DOC (Rasmussen,
1984).
Conclusão
A maior parte da literatura, mostra que no DOC e ouyros distúrbios do espectro OC,
apenas uma gama limitada de fármacos, tem eficácia terapêutica - aqueles que têm uma acção
ligada ao sistema serotoninérgico. Entre eles se destaca, um fármaco mais antigo, a
clomipramina e os mais recentes ISRS, tais como a fluoxetina, a fluvoxamina, a sertralina e a
paroxetina. Relativamente a todos os outros fármacos aqui revistos, a sua eficácia é duvidosa
ou não reconhecida, quando usados isoladamente. No entanto, alguns fármacos, tal como os
antipsicóticos, podem desempenhar um papel importante em associação com os ISRS, nas
situações específicas em que tal associação está indicada.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 254
Técnicas de Exposição
importância no processo terapêutico, e outros autores, como por exemplo Edna Foa, referem
que para além de ser irrelevante, o relaxamento pode mesmo ser contraproducente, na medida
em que pode interferir com o processo de habituação da ansiedade, sendo necessário algum
grau de tensão emocional (como acontece no processo de exposição sem relaxamento), para
que possam ser criadas memórias emocionais relevantes.
Terapia Aversiva
Intenção Paradoxal
Paragem do Pensamento
Ansiedade Induzida
Outra técnica terapêutica que visa romper o vínculo existente entre o estímulo
condicionado e a resposta condicionada é a ansiedade induzida, descrita por Noonan (1971).
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 257
estar ou da ansiedade. Por isso, tais actos tornam-se progressivamente mais propensos a
ficarem ligados às obsessões.
Também como já foi salientado, com o decorrer do tempo, para além da sua função
redutora dos estados de tensão emocional, esses mesmos actos podem assemelhar-se a certos
comportamentos de evitamento fóbico. Isto significa que tanto os evitamentos como as
compulsões impedem e cessam, respectivamente, a exposição aos estímulos indutores de
stresse, promovendo a curto prazo a redução da ansiedade mas, simultaneamente, impedindo
a sua exposição e extinção.
Pela análise do que nos é proposto pelo referido modelo, qualquer terapeuta seria levado
a aceitar que uma abordagem terapêutica que priveligiasse os princípios da exposição, seria
eventualmente eficaz. Isto com base no pressuposto de que o doente aprenderia que se não
ritualizasse na presença do estímulo, as consequências temidas não teriam lugar. Além disso,
poderia ainda verificar (teste empírico de realidade) que a ansiedade pode baixar sem ter de
recorrer às suas habituais compulsões.
Por outras palavras, tal como acentuam Foa e Kozak (1986), a exposição seria uma
estratégia de eleição a adoptar, porque activaria memórias emocionais relevantes que, por sua
vez, seriam modificadas através de uma informação "correctiva" ou incompatível. Neste
sentido, passaria a existir uma informação terapêutica que seria implicitamente transmitida, e
ao mesmo tempo, capaz de ajudar a modificar aspectos relacionados com “distorções
cognitivas”, apesar destes revelarem-se amiúde permeáveis à transmissão desse tipo de
informação (cf. Rachman e Hodgson, 1980). Por isso, deve ser tido em conta que os enfermos
obsessivos tendem a criar expectativas anormalmente altas, de resultado desagradável e
catastrófico, o que também os induz a ensaiar respostas inadequadas, quando confrontados
com situações potencialmente ameaçadoras.
É, pois, a partir da década de sessenta que começa a aperfeiçoar-se o modelo
comportamental para a compreensão e tratamento dos transtornos obsessivo-compulsivos,
nomeadamente exposição prolongada (repetida) combinada com prevenção de resposta aos
estímulos ansiógenos reais. Desde então, estas metodologias terapêuticas tornaram-se
promissoras, observando-se relativamente à exposição com prevenção de resposta, taxas de
melhoria de 60 a 85% dos doentes tratados (Boersma et al., 1976; Boulougoris e Basiakos,
1973; Emmelkamp e Kraanen, 1977; Foa e Goldstein, 1978; Marks et al., 1975), referindo
estes estudos ainda, que os doentes mantêm as melhorias por períodos de 2 a 6 anos, razão por
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 259
que continua actualmente a ser uma das formas de psicoterapia mais aceite (Neziroglu et al.,
1996). No entanto, estas percentagens de eficácia, variam consoante as pesquisas efectuadas
neste domínio, pelo que nos parece pertinente salientar também, que estes estudos diziam
essencialmente respeito a doentes que apresentavam sintomas de verificação e de lavagem.
Consequentemente, os resultados apresentados podem não ser generalizáveis a doentes com
outros tipos de sintomatologia, tais como as compulsões de ordenar, contar,
coleccionar/armazenar e a própria lentidão obsessiva (Emmelkamp e Rabbie, 1981). A
eficácia da Exposição com Prevenção de Resposta (EPR), veio a revelar-se igualmente
superior a outros métodos não-farmacológicos de tratamento, tais como por exemplo o treino
de relaxamento, o modelamento passivo e a paragem do pensamento.
Entretanto, viriam a desenvolver-se outras metodologias terapêuticas, tais como a
exposição gradual mediatizada, a exposição directa real modelada pelo terapeuta, a paragem
do pensamento e a saciação.
Saciação
A saciação, por sua vez, consiste essencialmente num exercício de repetição exaustiva,
verbal ou em imaginação, de pensamentos obsessivos, o que de facto constitui um sub-tipo de
exposiçãp por imaginação, na qual se pede ao doente que intencionalmente rumine repetidas
vezes e por períodos de tempo prolongados, até que ocorra um processo de habituação e de
extinção (inibição reactiva condicionada). Todavia, os pensamentos obsessivos podem ainda
ser gravados, para posterior audição, por exemplo através dos auscultadores de um walkman
que podem ser utilizados durante um dia inteiro, ou cada vez que os fenómenos obsessivos,
pelo seu carácter intrusivo, se tornem verdadeiramente insuportáveis. Para tal, é necessário
que primeiro seja escrita uma história na qual o doente se deixe levar pelas ideias ou imagens
mentais de natureza obsessiva, estando atento à riqueza de todos os pormenores que ocorrem
quando é acometido por estes fenómenos, e deverá depois deixar-se imaginar que está no
meio de uma obsessão espontânea. De seguida, é induzido a descrever com exatidão as
imagens mentais criadas, dando tantos detalhes quanto possível sobre o local, a sua acção, as
respostas geradas, bem como as das outras pessoas, descrevendo também com todos os
pormenores as emoções consequentes. A tarefa seguinte consiste em ler esta mesma narrativa
repetidas vezes, com o objectivo de ensaiar-se o tom e o ritmo que melhor possam traduzir as
emoções negativas que são geradas na sua cabeça, após o que a história é então gravada. O
passo seguinte consiste em ouvir repetidamente, todos os dias, sempre que possível por
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 260
períodos de tempo nunca inferiores a 45 minutos. Todo este processo para ser eficaz, deve ser
repetido até que o desconforto cognitivo inicial desapareça de vez.
Para a saciação verbal e em imaginação, inicialmente mencionadas, estima-se que 10 a
20 sessões serão necessárias para que se possa obter algum ganho terapêutico.
Convém salientar ainda que o êxito da saciação poderá depender da sua aplicação a
pensamentos ansiogénicos e intrusivos, não permitindo que se preste atenção a outro tipo de
pensamentos automáticos, que embora involuntários, possam ser neutralizadores e, por isso,
devem ser prevenidos.
Formas de Exposição: em imaginação vs. in vivo - A maioria dos estudos feitos nesta
área revelam que a exposição in vivo é superior à exposição em imaginação. No entanto, é
necessário referir que a maioria dos estudos foca a sua atenção, mais na modalidade de
exposição do que no seu contéudo e relevância deste último, relativamente à própria
sintomatologia do doente. Quando a exposição em imaginação apenas lida com estímulos
tangíveis, é compreensível que a exposição in vivo, relativamente ao mesmo tipo de
estímulos, seja superior. No entanto, para muitos doentes com DOC (sobretudo nos
verificadores), é comum que a ansiedade seja gerada tanto por estímulos ambientais tangíveis,
como por consequências catastróficas antecipadas no futuro (morte, doença, incêndio em
casa, etc). Assim, é importante adequar a exposição com o modelo interno de medo do
doente, tal como sugerido por Lang (1976). Por exemplo, no caso de doentes essencialmente
verificadores, cujos rituais se centram sobre a responsabilidade de potenciais catástrofes, a
adição à exposição in vivo, de exposição em imaginação a essas consequências, determina a
longo prazo, uma melhora significativa, relativamente à exposição in vivo isolada (Foa et al.,
1980a).
Tempo de duração da Exposição: Tanto estudos efectuados com animais como com
doentes obsessivo-compulsivos, sugerem que a exposição in vivo prolongada, tem maiores
benefícios terapêuticos do que a exposição breve. A não ser que se realizem muitas sessões de
exposição breve, ao longo do dia, cujo somatório acabe por corresponder, para todos os
efeitos, a uma sessão de exposição prolongada.
A própria prática clínica contribuiria para que, em vários casos, os terapeutas tivessem
necessidade de encontrar alternativas para lidar eficazmente com as limitações encontradas
nas formas terapêuticas de cariz comportamentalista.
Escusado será mencionar que, apesar dos resultados positivos, algumas situações
clínicas continuam a revelar-se "resistentes" às abordagens de tratamento comportamental.
Assim, no que respeita à especificidade da intervenção do modelo psicológico, assistiu-se à
necessidade de se alargar a abordagem comportamental clássica, passando a incluir-se
formulações e intervenções de índole cognitivista, enfatizando-se o modelo de processamento
da informação, bem como, mais tarde, a pertinência clínica da construção de significados.
Surge, assim, a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Enquanto a Terapia estritamente Comportamental, como a EPR, pode influenciar
indirectamente as cognições, pela desconfirmação das crenças condicionais que estão amiúde
associadas à doença obsessiva, nas Terapias Cognitivas tenta-se directamente modificar essas
crenças. Como é sabido, com base nas conceptualizações Beckianas, formulava-se a hipótese
central de que os indivíduos obsessivos apresentam esquemas cognitivos tácitos, integrados
em estruturas mnésicas que filtram a informação de um modo análogo ao que teoricamente se
tem defendido para os indivíduos deprimidos.
Dos referidos esquemas podem emergir uma espécie de "postulados silenciosos" ou de
"regras inflexíveis", que tendem a apresentar-se de uma forma imperativa. É o caso de certas
auto-verbalizações ou pensamentos automáticos (negativos) que se impõem à pessoa,
independentemente da sua vontade. A este propósito, Rachman (1981), define as obsessões
como pensamentos repetitivos, imagens ou impulsos indesejáveis, de origem interna e difíceis
de controlar que, interrompem uma actividade e que são incongruentes com o sistema de
crenças da própria pessoa.
Os pensamentos automáticos negativos, por sua vez, são gerados por estímulos externos
(acontecimentos reais) e internos (pensamentos sobre acontecimentos, plausíveis ou
razoáveis), que embora irracionais e imprecisos, parecem plausíveis no momento em que são
experienciados pelo indivíduo (Beck, 1976; Beck e Emery, 1985).
Percebe-se assim que, se os esforços de controlo e de confronto falharem, ficam criadas
as condições para o desenvolvimento de produtos cognitivos, de respostas neurovegetativas e
motivacionais, típicas de emoções intensas negativas e penosas.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 263
(a) dever ser-se competente e perfeito em tudo o que se realiza, a fim de evitar-se a
crítica e/ou a desaprovação, tanto pelo próprio como pelos outros; (b) os falhanços no
cumprimento de ideias perfeccionistas devem ser punidos; (c) as ruminações e os
rituais mágicos podem prevenir eventuais catástrofes; (d) aos pensamentos e
sentimentos inaceitáveis, capazes de conduzir a consequências nefastas, deve
responder-se com atitudes de auto-punição.
Para estes autores, de certo modo influenciados pelos trabalhos de Lazarus (1966), a
intervenção terapêutica das obsessões-compulsões deve focalizar-se: (a) na mudança dos
processos cognitivos de avaliação primária, ensaiando-se avaliações mais realistas ou
racionais face às percepções de ameaça, bem como, (b) na mudança das avaliações
secundárias, de modo a deixar de servir-se dos sintomas mágicos para pôr termo ao perigo
imaginado, testando acções de confronto alternativas.
Assim, logo que o doente esteja apto a reconhecer autonomamente as suas respostas
emocionais, a terapia prossegue para um treino de exercícios de reestruturação cognitiva,
focalizada desta vez, na “descentração” de ideação omnipotente. Habitualmente o enfermo
obsessivo julga-se detentor de um "poder perturbador", o poder de causar calamidades desde
que sejam gerados certos pensamentos no seu campo de consciência. De qualquer modo, a
ênfase é colocada na necessidade de levar-se o doente a compreender que, nem as obsessões
nem as compulsões são uma solução eficaz para os seus problemas, havendo lugar para
formas alternativas e mais funcionais de pensar, de sentir e de agir. Na verdade, recorde-se
que para o modelo comportamental, o sofrimento psicológico gerado pelas obsessões-
compulsões pode manter-se por factores de natureza cognitiva e operante.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 264
Tal como já referimos, as compulsões ajudam a manter as ideias obsessivas, dado que
estas são estímulos condicionados à ansiedade e, por isso mesmo, resistentes à extinção. Com
base nas teorias de Rachman e de Beck, Salkovskis (1985, 1988) defende que os pensamentos
intrusivos normais (comuns na maioria das pessoas), podem transformar-se em obsessões se,
o indivíduo percepcionar a própria intrusão como potencialmente ameaçadora e assumir por
completo a responsabilidade dessa mesma ameaça (Figura 19.1). Isto equivale a dizer que são
sobretudo as atitudes e os sistemas de crenças pessoais (responsabilidade/perfeccionismo,
culpabilidade, vergonha, etc.) que determinam o estilo cognitivo-narrativo-avaliativo sobre as
ideias intrusoras, automáticas, bem conhecidas deste quadro clínico. Quando tal acontece de
uma forma muito acentuada, o doente entra num processo obsessivo circular de intrusividade-
avaliação da responsabilidade-tentativa de neutralização-intrusivIdade-avaliação..., em que
os esforços para aumentar a focalização da sua atenção na temática intrusiva original
(neutralização), mais contribuem para manter e aumentar o seu estado de preocupação com a
vivência obsessiva e/ou com a respectiva avaliação (pensamentos automáticos negativos). Na
expressão de Mahoney (1974), "a activação gerou activação".
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 265
Classicamente, todos estes aspectos são tidos em conta num protocolo terapêutico
cognitivo-comportamental, sendo ainda essencial a construção de uma análise funcional das
obsessões-compulsões, que distinga: (a) o pensamento intrusivo; (b) a resposta emocional e
os esquemas cognitivos de perigo ou de ameaça; (c) o pensamento automático; (d) o ritual
compulsivo, entre outros aspectos.
Em síntese, os objectivos terapêuticos consistem em ensinar os indivíduos a observar os
seus próprios fenómenos mentais, aprendendo a distinguir os pensamentos intrusivos dos
pensamentos automáticos neutralizadores. Para tal, podem adoptar-se métodos de auto-
monitorização, de actualização dos pressupostos ou crenças irracionais e de treino de
resistência às obsessões.
Outros métodos cognitivos, porém, podem ainda ser úteis na recuperação destes casos,
nomeadamente: isolamento do pensamento intrusivo em combinação com treino de exercícios
de descatastrofização; reatribuição da culpabilidade; isolamento e disputa racional cognitiva
dos pensamentos automáticos e sua relação com as compulsões; identificação e discussão de
códigos de conduta e crenças rígidos e irrealistas; exposição à habituação, por meio da
utilização de cassettes audio, onde é registado o conteúdo cognitivo das obsessões;
desenvolvimento de atitudes de confronto directo com o que possa gerar consequências
temidas imaginárias; treino auto-instrucional combinado com mimetização dos actos
compulsivos; exercícios de papel fixo; distanciamento e distracção ou diversão cognitiva, etc.
As formas clássicas de reestruturação cognitiva (terapia racional-emotiva de Ellis,
terapia cognitiva de Beck e treino auto-instrucional de Meichenbaum), são úteis nos casos em
que se torne necessário testar-se a validade das crenças e significações obsessivas do
indivíduo. Bem como ainda, naqueles casos clínicos que respondem desfavoravelmente à
abordagem de tratamento comportamental, eventualmente devido à presença de sintomas de
natureza depressiva, de grau elevado, e/ou de ideias sobrevalorizadas (cf. Salkovskis &
Warwick, 1985; James & Blackburn, 1995).
Resta ainda, explorar de que modo o auto-conhecimento se articula com os esquemas de
representação mental, típicos de certos quadros clínicos crónicos, bem como com os processos
de construção de narrativas psicológicas que os caracterizem (cf. Gonçalves, 1992; Guidano,
1984). Na verdade, também a narrativa assume alguma pertinência clínica, em Terapia
Cognitiva, uma vez que ela é, também, uma forma fundamental de representação esquemática.
De acordo com Gonçalves (1994b), àquelas formas de representação pode estar ligada a
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 267
prevenção de resposta (EPR) ou relaxamento; (3) semanas 8 a 10: os doentes que estavam a
fazer relaxamento, recebem EPR; (4) semanas 11 a 18: a clomipramina ou placebo são
continuados sem EPR. Os resultados à sétima semana, demonstram uma significativa
melhoria sintomatológica com a EPR comparativamente ao relaxamento, independentemente
da toma de clomipramina ou de placebo. Na continuação deste estudo, Marks et al. (1980),
após uma ano de follow-up, é referido que a EPR produz melhorias mais duradouras em
relação aos rituais compulsivos, mas menos alterações no que diz respeito ao estado de
humor, sendo aí superior, a eficácia da clomipramina e, num follow-up de 2 anos (Mawson et
al., 1982), os autores referem não haver um declínio significativo das melhorias obtidas com a
EPR. Os autores concluem, então, que a clomipramina é um tratamento útil para o DOC, mas
pode requerer a combinação de EPR e acrescentam, que a EPR é o tratamento de escolha para
os doentes com DOC, não deprimidos.
No estudo de Marks et al. (1988), os doentes com DOC foram distribuídos por um dos
seguintes 4 grupos: (1) clomipramina com anti-exposição (isto é, era expressamente pedido
aos doentes que evitassem os estímulos ansiógenos); (2) clomipramina com auto-EPR; (3)
clomipramina com auto-EPR, seguida de EPR assistida pelo terapeuta e (4) placebo com auto-
EPR, seguida de EPR assistida pelo terapeuta. Os dois grupos que receberam clomipramina e
auto-EPR, mostraram uma melhoria significativamente ao grupo do placebo mais auto-EPR,
até à oitava semana. No entanto, quando se comparou o grupo da clomipramina mais EPR
com o grupo do placebo mais EPR, nas semanas 17, 23, 35 e 52, verificou-se que não
existiam diferenças significativas. Assim, a clomipramina só tinha produzido uma mais rápida
melhoria nas primeiras semanas. Os autores concluiram que a EPR era a terapêutica mais
eficaz e que a clomipramina apenas desempenhava um limitado papel adjuvante.
No estudo de Cottraux et al. (1990), distribuiram os doentes com DOC por 3 grupos: (1)
fluvoxamina; (2) fluvoxamina com 8 semanas de exposição em imaginação seguida de 16
semanas de EPR; (3) placebo mais exposição. Às 8 semanas todos os grupos mostravam
melhorias, mas mais acentuadas no grupo (2). Depois das 24 semanas, apenas havia uma
melhoria mais nítida do grupo (2), no que diz respeito a sintomas depressivos, mas quanto a
sintomas obsessivo-compulsivos, a melhoria era sobreponível nos 3 grupos.
No estudo de Freund et al. (1991), os doentes foram distribuídos por 4 grupos: (1) EPR;
(2) clomipramina; (3) fluvoxamina; (4) placebo. A EPR era superior ao placebo em todas as
medidas, bem como as duas medicações e a EPR era superior aos fármacos utilizados, no que
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 269
Visto que nem a medicação, EPR ou Terapias Cognitivas, isoladamente, são suficientes
para tratar com total eficácia o DOC, tem havido um interesse crescente na combinação de
várias formas de tratamento, de modo a potenciar a eficácia, no que se designa por "Terapia
Multimodal" (Hoagen et al., 1998).
Van Balkom (1994), numa meta-análise de 86 estudos que comparavam a eficácia da
EPR e medicações, no tratamento do DOC, refere que a junção de antidepressivos ISRS, não
resultava em maior eficácia do que a EPR isoladamente, mas que a junção da EPR e ISRS era
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. II 270
superior à acção isolada dos ISRS. No entanto, a investigação de longo prazo parece sugerir
uma maior eficácia para a combinação da EPR e ISRS, do que qualquer deles isoladamente
(Cottraux, 1990). Actualmente, o grupo de Foa (Foa et al., 1993), está envolvido num estudo
controlado de longo-prazo, que poderá responder a algumas das questões relativas à
combinação de tratamentos. Relativamente à combinação de Psicoterapia Cognitiva com
Fármacos, não existem ainda estudos controlados (James e Blackburn, 1995).
Uma questão que nos parece fundamental, é que os estudos que avaliam a eficácia das
psicoterapias, incidem sobre os doentes que aderiram ao tratamento. Os doentes que
recusaram ou desistiram, não estão incluídos nos resultados, podendo ser a falta de motivação
um dos factores importantes que determinam o não envolvimento ou desistência do
tratamento. Foa et al. (1992), referem uma taxa de 25% de doentes nestas circunstâncias, o
que é considerável e claramente determina a necessidade de uma investigação mais
aprofundada sobre esta variável complexa "motivação", no DOC, de modo a encontrar
estratégias eficazes para estes enfermos. Alguns sugerem que o tratamento psicológico do
doente com DOC, não deve ser iniciado antes de ter sido atingindo um nível motivacional
suficiente (Claire, 1991). As razões para a falta de motivação podem ser diversas, entre as
quais avultam o receio por parte do doente de ter de defrontar, durante a terapia, níveis
elevados de sofrimento emocional, ou até a presença de um quadro depressivo concomitante
pode também fazer caír a motivação para o tratamento. Pensamos que no caso destes doentes
a combinação da medicação e psicoterapia ou mesmo o uso sequencial, isto é, iniciar
primeiro a medicação e só passado algum tempo (o suficiente para a redução da
sintomatologia obsessiva e outros sintomas associados) a psicoterapia, determinaria uma
maior taxa de adesão e eficácia, na combinação de terapêuticas.
estavam a tomar maiores doses de medicação, 6 anos mais tarde (Jenike 1990; O'Sullivan et
al., 1991), sendo melhor o prognóstico, nos doentes com DOC e deprimidos, quando sujeitos
a medicação (Cottraux et al., 1993). No entanto, existem também estudos que não encontram
um valor predictivo para a Depressão, no resultado do tratamento com TC (Steketee e
Shapiro, 1995) ou Tratamento Farmacológico (Ravizza et al., 1995), como o estudo
prospectivo de Foa et al. (1992), que refere que nem o nível de base de sintomatologia
depressiva, nem a implementação de fármacos antidepressivos, predizem o resultado do
tratamento com TC.
Relativamente aos Distúrbios de Personalidade (DP), Aubuchon e Malatesta (1994),
referem que os doentes obsessivo-compulsivos com DP comórbidos, apresentam uma maior
taxa de abandono da TC, sendo igualmente doentes com os quais é mais difícil de lidar, no
decurso da terapia. Determinados tipos de DP, têm sido referidos como predictivos de pior
prognóstico na TC, como o evitante, borderline e paranoide (Cottraux et al., 1993; Jenike,
1990), bem como os traços passivo-agressivos (Steketee, 1991). Jenike et al. (1986), referem
que contrariamente aos doentes obsessivo-compulsivos não-esquizotípicos, 90% dos quais
melhoram com a TC, somente 7% dos esquizotípicos, conseguiam algum benefício, o mesmo
referindo Ravizza et al. (1994), no caso de tratamento com fluoxetina ou com clomipramina.
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. III 273
20.1. Psicocirurgia
Embora a maioria dos doentes com DOC, respondam aos Tratamentos Farmacológicos,
Terapias Cognitivo-Comportamentais, ou uma combinação de ambas, existe uma minoria de
doentes, que infelizmente não respondem favoravelmente a nenhuma destas formas de
terapêutica, tendo esses casos sido designados de "DOC maligno" (Mindus e Jenike, 1992).
Neste doentes erfractários, o tratamento cirúrgico do DOC, constitui a última alternativa
terapêutica a considerar. A indicação para cirurgia deve ser muito bem ponderada e discutida
com o doente, e só se coloca esta hipótese quando estiverem esgotadas todas as outras
possibilidades de compensação clínica (médico e psicológico). Quando o doente não
respondeu a qualquer dos tratamentos (isolados ou em combinação) e se mantém um elevado
grau de incapacidade, então pode ser considerada a hipótese de um tratamento cirúrgico, que
naturalmente, implica o consentimento informado do doente, devendo igualmente ser
seguidos as directrizes e procedimentos ético-legais, que em cada país, estão definidos para o
efeito.
No que diz respeito aos critérios de exclusão, são menos consensusais e divergem um
de estudo para estudo – doenças neurológicas, atraso mental e por vezes, distúrbio de
personalidade.
Figura 20.1. Corte sagital do cérebro a nível dos núcleos da base. A verde temos o gyrus
cingulado; a azul a localização e tamanho típicos da lesão cirúrgica de
cingulotomia anterior (Christmas et al., 2005)
Esta técnica foi introduzida pela primeira vez por Knight (1964). As lesões eram induzidas
na parte rostral do córtex orbital, ventralmente à cabeça do núcleo caudado. Esta região
coincide com a susbtantia innominata, situada entre a substância perfurada anterior e o
TRATAMENTO DO DISTÚRBIO OBSESSIVO-COMPULSIVO. III 276
Figura 20.2. Corte horizontal do cérebro a nível dos núcleos da base. A verde está a porção
anterior da cápusla interna e a a zul a localização e tamanho típicos das lesões
indiuzidas cirurgicamente (Christmas et al., 2005)
Tractotomia sub-caudada
Strom-Olsen e Carlisle, 1971 20 50
Goktepe et al., 1975 18 50
Leucotomia límbica
Mitchell-Heggs et al., 1976 27 89
Kelly, 1980 49 84
Capsulotomia anterior
Herner, 1961 18 78
Bingley et al., 1977 35 71
Kullberg, 1977 13 77
Fodstad et al., 1982 2 100
e baixa taxa de efeitos secundários e, no caso da doença obsessiva se revelar refractária a este
procedimento, então efectuar-se uma Leucotomia Límbica.
Uma revisão mais recente (Lopes et al., 2001) revelou as seguintes taxas de melhoria da
doença obsessiva:
• Cingulotomia - 27 a 57%
• Capsulotomia – 56 a 100%
• Tractomia subcaudada – 33 a 67%
• Leucotomia límbica – 61 a 69%
Efeitos Adversos
Em termos de efeitos adversos e complicações, tal como foi referido, são muito
menores em comparação com a leucotomia original. Entre as complicações neurológicas mais
comuns estão reportados alguns casos de convulsões no pós-operatório, que em muitos casos
desaparecem espontaneamente e também alguns casos de hemorragia intra-cerebral. Podem
surgir algumas manifestações neurológicas minor, tais como, cefaleias e delirium e ocasionais
e transitórios problemas de controlo dos esfíncteres. Estão também relatados alguns casos de
complicações psiquiátricas como mania/hipomania e comportamentos suicidários.
No Quadro 20.2. podemos ver um resumo dos principais efeitos adversos, com as várias
técnicas.
Quadro 20.2. Efeitos adversos pós operatório no tratamento cirúrgico do DOC (Adap de
Lopes et al., 2004)
Entre os efeitos adversos podemos também contar com algumas ligeiras alterações
cognitivas, tais como leves alterações da memória, défice de concentração e algumas
alterações menores, em instrumentos neuropsicológicos específicos, que no entanto passam
despercebidos, não afectando sobremaneira o funcionamento cognitivo global. As alterações
de personalidade, quando presentes, consistem nos designados sintomas de “frontalização”,
tais como apatia (0.3 a 9.9% dos casos de capsulotomia, tractotomia subcaudada e leucotomia
límbica), lentificação mental (4.6% dos casos, na leucotomia límbica), irritabilidade (3.1%
dos casos de tractotomia subcaudada), comportamentos agressivos (1.8% dos casos de
leucotomia límbica) e desinibição comportamental (0.3 a 3.3% do total de doentes). (Ver
quadro 20.3).
Quadro 20.2. Efeitos adversos pós operatório no tratamento cirúrgico do DOC (Adap de
Lopes et al., 2004)
A Estimulação Cerebral Profunda (ECP) (Deep Brain Stimulation) constitui uma nova
metodologia para o tratamento dos doentes com DOC refractário ao tratamento médico,
podendo ser uma alternativa, menos cruenta, às cirurgias atrás descritas. É um processo ainda
relativamente experimental, sendo necessário um maior recuo temporal e maiores amostras,
para fazer uma análise da sua eficácia.
Foi observado que os efeitos terapêuticos decorrentes das lesões produzidas nas
cirurgias podiam ser simulados por correntes eléctricas de baixa intensidade insusceptíveis de
causar lesões tecidulares. Essa constatação levou ao desenvolvimento de sistemas
implantáveis de estimulação que têm sido usados para tratar doenças neurológicas tais como o
tremor essencial e a doença de Parkinson com uma eficácia comparável às lesões induzidas e
melhor perfil de segurança (Krack et al 2003; Rehncrona et al 2003).
A ECP envolve um procedimento de implante bilateral de eléctrodos na região anterior
da cápsula interna. Este processo é geralmente feito sob anestesia local, guiado por TAC ou
ressonância nuclear magnética. Subsequentemente são implantados geradores subcutâneos
programáveis que são ligados aos eléctrodos por fios subcutâneos (Figura 20.3). A ECP
consiste em fornecer uma corrente de alta frequência que reduz e dessincroniza o output da
região estimulada, sem produzir qualquer lesão neuronal, tendo vindo a ser ensaiada em
vários centros para o tratamento do DOC, com estimulação da região anterior da cápsula
interna (Abelson et al., 2005).
Tem sido reportado algum sucesso terapêutico com estudo de casos, só agora começando a
surgir os estudos controlados, com amostras ainda muito limitadas.
Comentário
Apesar dos avanços farmacológicos e psicoterapêuticos, continua a existir uma franja de
doentes com DOC que são refractários a essas intervenções. Para esses, quando estão
preenchidos rigorosos critérios de inclusão, a cirurgia pode constituir uma alternativa a
considerar. A estimulação cerebral profunda pode ser outra hipótese a ponderar. No entanto,
esta última técnica é ainda relativamente experimental e muito recente, para termos uma ideia
fundada sobre a sua eficácia e possíveis efeitos secundários.
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