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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Curso de Graduação em Ciência e Tecnologia


Pedro Henrique Lobato Guerra

ELABORAÇÃO DE AGITADORES MAGNÉTICOS PARA LABORATÓRIO A


PARTIR DA RECICLAGEM DE SUCATA DE COMPUTADORES

Diamantina
2023
Pedro Henrique Lobato Guerra

ELABORAÇÃO DE AGITADORES MAGNÉTICOS PARA LABORATÓRIO A


PARTIR DA RECICLAGEM DE SUCATA DE COMPUTADORES

Trabalho de Conclusão apresentado ao curso de


graduação em Ciência e Tecnologia da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como
requisito para obtenção do título de Bacharel em
Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Moreira de Britto

Diamantina
2023
13/02/2023 18:09 SEI/UFVJM - 0982092 - Documento

Pedro Henrique Lobato Guerra

ELABORAÇÃO DE AGITADORES MAGNÉTICOS PARA LABORATÓRIO A PARTIR DA RECICLAGEM DE


SUCATAS DE COMPUTADORES

 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte
  dos requisitos exigidos para a obtenção título de Bacharel
em Ciência e Tecnologia.
   
  Orientador: Prof. Dr Marcelo Moreira de Britto
   
  Data de aprovação 30/01/2023

Prof. Dr. Marcelo Moreira de Britto


Instituto de Ciência e Tecnologia - UFVJM
 
Profa. Dra. Flaviana Tavares Vieira
Instituto de Ciência e Tecnologia - UFVJM
 
 Prof. Dr. Carlos alexandre Oliveira de Souza
Instituto de Ciência e Tecnologia - UFVJM
 
 
 
Diamantina

Documento assinado eletronicamente por Marcelo Moreira Britto, Servidor (a), em 10/02/2023, às
18:28, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de
8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Carlos Alexandre Oliveira de Souza, Servidor (a), em
11/02/2023, às 12:02, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Flaviana Tavares Vieira, Servidor (a), em 13/02/2023, às
18:03, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de
8 de outubro de 2015.

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o código CRC C33E4407.

Referência: Processo nº 23086.001697/2023-33 SEI nº 0982092

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AGRADECIMENTOS

Primeiro, gostaria de expressar minha gratidão à minha mãe Lúcia, que sempre
esteve ao meu lado e moveu montanhas para garantir minha felicidade. Obrigado pai e família
por me garantirem a oportunidade de apenas estudar.
Laura, sou muito grato por seu apoio e amor, sem você eu não teria chegado tão
longe. Obrigado por sua gentileza e compreensão mesmo com minha ausência.
A todos os meus amigos, principalmente Matheus, meus sinceros agradecimentos.
Vocês desempenharam um papel significativo na formação do meu caráter e se fizeram
presentes nos momentos de luta.
Agradeço às pessoas que essencialmente contribuíram para o desenvolvimento
deste trabalho. Ao meu orientador, amigo e incrível educador, Marcelo, pela oportunidade de
realizar este projeto. Aos meus companheiros, Alef Silva, Carlos André e Carlos Tadeu, pela
ideia, desenvolvimento e por transformar esse projeto em algo deslumbrante e divertido. Ao
meu amigo de longa data, José Leandro, por toda a ajuda para o entendimento da parte
eletrônica do meu trabalho. Ao técnico de laboratório, Saulo, por ter cedido seu tempo e
espaço para ajudar na confecção da nossa atividade.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação, o meu
muito obrigado.
RESUMO

Este trabalho tem a finalidade de expor as etapas e procedimentos da construção de agitadores


magnéticos. Para tanto, foi objetivado o desenvolvimento totalmente sustentável da
manufatura do projeto, sendo utilizado apenas sucatas de computadores e demais peças de
descarte eletrônico da UFVJM provenientes do laboratório de manutenção eletroeletrônica.
De início, é demonstrado o impacto global, subcontinental e nacional que o descarte de
equipamentos elétricos e eletrônicos gera, tanto em quantidade quanto economicamente.
Também foi abordado um apanhado técnico no que diz respeito à parte funcional do agitador
magnético. É explicado o que é o equipamento e para qual fim ele é destinado, juntamente
com o esclarecimento do que é um circuito elétrico e qual a função que cada elemento do
circuito desempenha. Foi abordado, mesmo que brevemente, os conceitos físicos por traz do
campo elétrico e campo magnético com o propósito de demonstrar o funcionamento do
mecanismo. É apresentado o resultado e o progresso das fases de desmonte das sucatas e
construção de dois agitadores magnéticos: um com velocidade variável por potenciômetro;
outro com velocidade constante. Em síntese, o objetivo deste trabalho foi alcançado e se faz
viável dadas as condições de sustentabilidade. É, também, constatado outras formas de
ampliar e/ou melhorar o escopo do projeto.

Palavras chave: Agitador Magnético. Sustentabilidade. E-Waste.


ABSTRACT

This work aims to expose the stages and procedures of the construction of magnetic stirrers.
Therefore, the objective was the fully sustainable development of the project's manufacture,
using only scrap computers and other UFVJM electronic discard parts from the electro-
electronic maintenance laboratory. Initially, the global, subcontinental, and the national
impact that the disposal of electrical and electronic equipment generates is demonstrated, both
in quantity and economically. A technical overview was also addressed about the functional
part of the magnetic stirrer. It is explained what the equipment is and for what purpose it is
intended, along with the clarification of what an electrical circuit is and what function each
element of the circuit performs. It approached, even if briefly, the physical concepts behind
the electric field and magnetic field to demonstrate the operation of the mechanism. The
results and progress of the scrap dismantling and construction phases of two magnetic stirrers
are presented: one with variable speed per potentiometer; another with constant speed. In
summary, the objective of this work was achieved and is feasible given the conditions of
sustainability. Other ways to expand and/or improve the scope of the project are also
observed.

Keywords: Magnetic stirrer. Sustainability. E-Waste.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Elementos Químicos Presentes nos Componentes dos Celulares. .......................... 16


Figura 2 – Código de Cores dos Resistores .............................................................................. 18
Figura 3 – Primeiro Modelo de Agitador Magnético ............................................................... 20
Figura 4 – Ímãs de Neodímio Extraído de HDs ....................................................................... 21
Figura 5 – Fonte de Alimentação Chaveada Desmontada ........................................................ 22
Figura 6 – Circuito Elétrico do Agitador Magnético 1 ............................................................. 23
Figura 7 – Agitador Magnético 1 ............................................................................................. 24
Figura 8 – Circuito Elétrico do Agitador Magnético 2 ............................................................. 25
Figura 9 – Uso do Protoboard para Encontrar o Resistor Ideal ................................................ 25
Figura 10 – Agitador Magnético 2 ........................................................................................... 26
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABREE Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos


CITec Centro de Inovação Tecnológica
EEE Equipamentos Elétricos e Eletrônicos
ICT Instituto de Ciência e Tecnologia
ONU Organização das Nações Unidas
PET Poli Tereftalato de Etila
STEP Solving the E-Waste Problem
UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
UNIDO Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
UNITAR Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa
UNU Universidade das Nações Unidas
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................17
2.1. O CIRCUITO ELÉTRICO E SEUS ELEMENTOS...................................................17
2.2. O CAMPO ELÉTRICO E O CAMPO MAGNÉTICO...............................................18
2.3. O AGITADOR MAGNÉTICO....................................................................................19
3. RESULTADOS E ANÁLISES...........................................................................................21
3.1. OBTENÇÃO DOS ELEMENTOS..............................................................................21
3.2. AGITADOR MAGNÉTICO 1....................................................................................22
3.3. AGITADOR MAGNÉTICO 2....................................................................................24
4. CONCLUSÃO....................................................................................................................27
REFERÊCIAS..........................................................................................................................28
15

1 INTRODUÇÃO

O lixo eletrônico, também nomeado como Resíduos de Equipamentos


Eletroeletrônicos (REEE) pelo documento “Uma Definição Global de E-Waste” da ONU, é
definido como os rejeitos de produtos que demandam de energia para o seu funcionamento,
com componentes elétricos e com fonte de alimentação ou bateria. Já E-Waste é o termo
determinado pelo mesmo documento para abranger “itens de todos os tipos de EEE e suas
partes que foram descartadas pelo proprietário como resíduo sem a intenção de reutilização”
(UNU/STEP, 2014, p.4). Dados do Monitor Global de E-Waste 2020 (UNU/UNITAR,
2020) registram, em 2019, mais de 53,6 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo a
América o segundo continente com o maior volume de lixo eletrônico e terceiro em maior
volume per capita, cerca de 13,1 Mt total e 13,3 kg per capita. Os resultados divulgados pelo
Monitor Regional de E-Waste para América Latina (UNIDO, 2022), mostram que o lixo
sólido eletrônico está entre os materiais de descarte que mais crescem e, na América Latina,
cerca de 97% destes resíduos não é devidamente descartado e tratado de forma respeitosa ao
meio ambiente.
O Brasil, que não participa do projeto UNIDO-GEF 5554, para fornecer estatísticas,
legislações e infraestrutura de países da América Latina, aparece no relatório global da ONU
como líder de rejeitos desta região, com pouco mais de 2,1 milhões de toneladas de E-Waste
em 2019. Entretanto, o relatório aponta o país como um dos poucos da América Latina
empenhado a programar práticas sólidas para regular os REEE, como é o caso da Política
Nacional de Resíduos Sólidos e da Logística Reversa prevista pela Lei Nº 12.305 de agosto
de 2010 e pelo Decreto Nº 10.240 de fevereiro de 2020, respectivamente.
A problemática do descarte indevido de rejeitos eletrônicos não é apenas ambiental,
como também um problema econômico. Dados do monitor global da ONU apontam que “o
valor da matéria-prima gerada no lixo eletrônico global em 2019 é igual a aproximadamente
57 bilhões de dólares” (UNU/UNITAR, 2020, p.15). Grande parte desse valor é proveniente
de materiais como ouro, prata, ferro, níquel, cobre, platina e o silício, como demonstrado nos
componentes de um celular da Figura 1.
A Green Eletron é uma entidade gestora para a logística reversa de produtos
eletroeletrônicos sem fins lucrativos fundada em 2016 pela Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica (Abinee). De acordo com pesquisas feitas pela Green Eletron “estima-se
que seria possível recuperar com a reciclagem do lixo eletrônico descartado no País em 2016
16

cerca de R$ 4 bilhões com a mineração urbana de quatro metais (cobre alumínio, ouro e
prata)” (Green Eeletron, 2022).

Figura 1 - Elementos Químicos Presentes nos Componentes dos Celulares.

Fonte: Green Eletron. https://greeneletron.org.br/blog/o-que-e-a-mineracao-urbana/

Observado o quão vasto é a quantidade de E-Waste global e o quão economicamente


viável é sua reutilização, faz-se necessário novas formas de reaproveitar tais recursos oriundos
da nossa universidade. Sendo assim, propomos a reciclagem de materiais provenientes de
sucata de computadores descartados pela UFVJM para a confecção de agitadores magnéticos,
uma alternativa sustentável e econômica de se obter equipamento para os laboratórios do ICT.
17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O circuito elétrico e seus elementos

Circuitos elétricos são usados para diversos propósitos e são base para diferentes áreas
da engenharia elétrica, como controladores, máquinas elétricas, comunicação e
instrumentação. Para que haja transmissão de energia elétrica entre pontos é necessária uma
interconexão entre os componentes eletrônicos, por exemplo, fios que ligam resistores,
geradores, capacitores, etc. “Tal interconexão é conhecida como circuito elétrico e cada
componente do circuito é denominado elemento” (ALEXANDER; SADIKU, 2013, p. 4, grifo
do autor).
Um circuito serve para ligar os elementos em interconexão de acordo com sua
funcionalidade, tensão e corrente suportado para que realizem suas finalidades com a
passagem de corrente elétrica. Existem circuitos elétricos simples, que possuem apenas um
elemento ligado diretamente a uma fonte de energia, e circuitos elétricos mais complexos,
com mais de um elemento ligado em série, paralelo ou misto.
Circuitos em série são aqueles onde há apenas um caminho onde a corrente elétrica
poderá passar, sendo assim, todos os elementos estarão conectados ao mesmo fio e possuirão
a mesma corrente. Já os circuitos em paralelo possuem dois ou mais caminhos para a
passagem de corrente elétrica, fazendo com que a corrente mude dependendo da resistência
do elemento que ela alimentará.
De acordo com Alexander e Sadiku (2013) “existem dois tipos de elementos
encontrados nos circuitos elétricos: elementos passivos e elementos ativos. Um elemento
ativo é capaz de gerar energia enquanto um elemento passivo não é.” Sendo assim, as fontes
de tensão e corrente, como aquela que usamos para carregar os celulares, são exemplos de
elementos ativos, pois liberam potência para o circuito.
O elemento passivo mais simples é o resistor, que é “usado para modelar o
comportamento da resistência à corrente de um material” (ALEXANDER; SADIKU, 2013, p.
28). A resistência, segundo Halliday, Resnick e Walker (2016), é a característica do material
de se opor à passagem de corrente quando submetido a uma diferença de potencial. O quanto
esse material resiste à passagem de corrente é medido em Ohms (Ω) e, como é demonstrado
na figura 2, pode ser identificado através do código de cores dos resistores.
18

Figura 2 – Código de Cores dos Resistores

Fonte: Mundo Educação. https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/resistores.htm

Quando um resistor possui resistência ajustável ele é conhecido como potenciômetro,


“que é um elemento de três terminais com um contato deslizante ou cursor móvel”
(ALEXANDER; SADIKU, 2013, p. 29), que, ao ser deslizado, varia a resistência entre os
terminais de contato e os terminais fixos.
O transistor é um importante elemento semicondutor (não conduz nem isola energia)
ativo de três ou mais terminais criado para controlar a passagem de elétrons no circuito e,
assim, trocar a intensidade de corrente elétrica presente sem dissipar energia. Podem atuar
ampliando (recebem baixa corrente e aumentam a saída) ou barrando a corrente, dependendo
da necessidade.

2.2 O campo elétrico e o campo magnético

De acordo com Halliday, Resnick e Walker (2016), o campo elétrico (𝐸⃑ ) é uma
grandeza vetorial que fornece informação de uma força. Consiste em uma distribuição de
vetores campo elétrico um para cada ponto de uma região ao redor de um objeto eletricamente
19

carregado. Ele existe independente de outros objetos e forças ao redor, depende apenas do
corpo estar carregado.
Ainda seguindo Halliday, Resnick e Walker (2016), os campos magnéticos podem ser
produzidos de duas formas: a primeira consiste em usar partículas em movimento
eletricamente carregadas para fabricar um eletroímã, a própria corrente elétrica produz um
campo magnético; a segunda forma se baseia no fato de que muitas partículas elementares,
entre elas o elétron, possuem um campo magnético próprio, ou seja, o campo magnético é
uma propriedade básica das partículas elementares, como a massa e a carga elétrica.
Em alguns materiais específicos os campos magnéticos dos elétrons se somam para
produzir um campo magnético no espaço ao redor do material, como é o caso dos ímãs.
Entretanto, na grande maioria dos materiais os campos magnéticos dos elétrons se cancelam e
o campo magnético em torno do material é nulo.
O campo magnético pode ser representado por linhas de campo na direção da tangente
de qualquer ponto fornecido; quanto mais intenso o campo, mais próximas estão as linhas.

2.3 O agitador magnético

Foi criado e patenteado por Arthur Rosinger em 1944 e, como conta o site Chemistry
World (2022), “a patente mostra uma caixa de metal contendo um pequeno motor que aciona
um pequeno imã [...]. Uma haste curta de metal, revestida de vidro ou cerâmica, segue o ímã
giratório abaixo”, fazendo com que a solução seja agitada continuamente. Poucas
modificações foram feitas desde seu primeiro modelo para os mais modernos, como mostra a
figura 3.
De acordo com a empresa ForlabExpress (2022), o “agitador magnético é um
equipamento de laboratório que utiliza um campo magnético para agitar um fluido. Dessa
forma, é possível mexer ou misturar líquidos com densidade similar à da água [...] em
velocidade constante, com ou sem temperatura controlada, seja qual for a finalidade do
procedimento.”
A baixa viscosidade do(s) líquido(s) é necessária para que esse fator não interfira na
força eletromagnética entre o ímã e a barra magnética (peixinho). Segundo a empresa Biovera
(2019) podemos usar o agitador magnético para:
 Manter uma solução homogênea durante uma titulação;
 Mistura de líquidos;
20

 Mistura ou incorporação de pós em líquidos;


 Manter uma amostra com temperatura homogênea;
 Em sistemas fechados onde não é possível introdução de uma hélice;
 Em amostras onde a contaminação precisa ser bem controlada;
 Para amostras com riscos biológicos;
 Para agitação simultânea, de diversas amostras, com as mesmas condições
(utilizando agitadores magnéticos de múltiplas posições).

Figura 3 – Primeiro Modelo de Agitador Magnético

Fonte: SolidSteel.. https://www.solidsteel.com.br/post/agitador-magn%C3%A9tico-como-


funciona

A força magnética do imã, que está fixo a um motor e localizado abaixo da superfície
do recipiente, gira uma barra magnética colocada dentro da amostra, que por sua vez irá
promover a mistura. A barra magnética é um pedaço de Alnico, uma liga metálica de Ferro
(Fe), Alumínio (Al), Níquel (Ni) e Cobalto (Co), revestido de material plástico (normalmente
Teflon para evitar corrosão) altamente magnético que gira ao mesmo compasso que o imã.
21

3 RESULTADOS E ANÁLISES

3.1 Obtenção dos elementos

O desenvolvimento do projeto começou no dia 3 de maio de 2022 através do docente


Marcelo Moreira de Britto e dos discentes Alef Silva Sousa, Carlos Tadeu Alves Pinheiro e
Pedro Henrique Lobato Guerra. Após recebermos todo o equipamento eletrônico de descarte
de computadores da CITec começamos a desmontar as peças para conseguirmos os elementos
necessários para a confecção do agitador magnético. Nossas reuniões foram definidas
semanalmente às 8h da manhã de segunda-feira no laboratório da Equipe Baja Espinhaço,
onde conseguíamos todas as ferramentas necessárias.
A princípio estávamos desmontando os Hard Disks (HD), que são os discos rígidos de
armazenamento e memória de computadores, para conseguirmos os ímãs de neodímio (figura
4) localizados na base do braço do disco rígido, que é responsável por realizar sua
movimentação. Esses ímãs são fortes o suficiente para interagir com o peixinho dentro da
vidraria, sendo ideal para o projeto.

Figura 4 – Ímãs de Neodímio Extraído de HDs

Fonte: Próprio Autor (2022).


22

Separados os ímãs, fomos para a segunda parte, a qual consistiu no desmonte das
fontes de alimentação chaveadas dos computadores, que, apesar de serem uma poderosa e
segura fonte de energia para os equipamentos eletroeletrônicos, só serviram para nos fornecer
o cooler (ventoinha), a caixa metálica onde o agitador será montado e elementos eletrônicos,
como resistores (caso necessário). Dessa forma, ao desmontar a fonte retiramos todo e
qualquer aparato que não foi utilizado no projeto. Na figura 5 podemos ver uma fonte
desmontada, deixando apenas o cooler encaixado em seu respectivo local.

Figura 5 – Fonte de Alimentação Chaveada Desmontada

Fonte: Próprio Autor (2022).

3.2 Agitador magnético 1

Com a ajuda do técnico do laboratório de manutenção eletroeletrônica Saulo Soares da


Silva, realizamos nossa primeira montagem na sala 124 do ICT no dia 23 de maio de 2022.
Nosso primeiro modelo foi feito com um cooler da marca Multilaser® retirado de uma base
de resfriamento para notebooks e o circuito foi montado com alguns elementos do laboratório.
A ideia desse agitador era a de possuir um controlador para a velocidade da ventoinha.
Para que isso fosse possível utilizamos um sistema composto por um potenciômetro com
chave associado a um transistor. No circuito (figura 6) vemos que a função do transistor é a de
controlar corrente por corrente, ou seja, controlar de forma inteligente a corrente que vai para
23

o motor (cooler) variando a dopagem do semicondutor. Essa variação ocorre por meio do
potenciômetro que está ligado no terminal da base do transistor, a corrente injetada nesse
terminal provoca variação da barreira de potencial das junções PN. O potenciômetro sozinho
já conseguiria fazer a variação de velocidade do cooler, entretanto haveria energia dissipada
no sistema.
Já o resistor de 10 Ω serve para proteger o cooler do momento em que o
potenciômetro vira a chave (fecha o circuito), mas ainda não alcancou a resistência mínima de
operação. Dessa forma o circuito sera protegido contra picos de corrente.

Figura 6 – Circuito Elétrico do Agitador Magnético 1

Fonte: Próprio Autor (2023).

A idealização do primeiro agitador era a de construirmos uma base própria para ele,
também sustentável. Pensamos em utilizar: alguma embalagem plástica retangular mais
resistente; filamentos de garrafa PET para ser utilizado em impressora 3D; base metálica de
alguma das fontes de alimentação. Entretanto, não realizamos essa confecção. O resultado
final da montagem do agitador magnético 1 é demonstrado na figura 7.
24

Figura 7 – Agitador Magnético 1

Fonte: Próprio Autor (2022).

3.3 Agitador magnético 2

Nosso segundo modelo foi montado no dia 25 de outubro de 2022 no mesmo local e
com a ajuda do mesmo técnico. Pensamos em algo mais simples, um agitador magnético que
funcionasse a uma velocidade constante apenas ligando-o à tomada, sem que fosse possível
controlá-lo. Para esse tipo de modelo foi necessário apenas um resistor ligado em série com o
cooler (figura 8).
O resistor faz-se necessário na composição para que a tensão que chega até a
ventoinha seja menor que a fornecida pela fonte de alimentação, assim a velocidade de
rotação do cooler será menor que aquela apresentada quando ele é ligado diretamente na
tomada. Lembrando que o objetivo de um cooler é resfriar os componentes eletrônicos
(funciona como um ventilador de computador), sendo assim, sua rotação é bastante alta, o que
poderia acarretar um desequilíbrio com o peixinho presente na vidraria.
25

Figura 8 – Circuito Elétrico do Agitador Magnético 2

Fonte: Próprio Autor (2023).

Para encontrar o resistor ideal para o circuito foram feitos diversos testes no
protoboard com diferentes resistores (figura 9), com a ajuda de um multímetro da marca
Politerm® (modelo POL-41) conseguimos chegar ao resistor de 27 Ω (vermelho-roxo-preto),
que nos forneceu a velocidade que julgamos ser a ideal para manter o peixinho sincronizado
com o ímã.

Figura 9 – Uso do Protoboard para Encontrar o Resistor Ideal

Fonte: Próprio Autor (2022).


26

Para a construção desse agitador optamos por utiliza o cooler que já estava acoplado à
fonte de alimentação, dessa forma poderíamos usar a caixa metálica da fonte como base. A
única modificação que fizemos foi o corte do metal na região onde o ímã fica localizado,
dessa forma não haverá interação entre a base metálica e o ímã.

Figura 10 – Agitador Magnético 2

Fonte: Próprio Autor (2023).


27

4 CONCLUSÕES

Portando, observou-se o cumprimento da proposta sustentável de reaproveitar os


recursos oriundos de sucata de computadores descartados pela UFVJM para a confecção de
agitadores magnéticos.
Entretanto, durante o desenvolvimento do trabalho, várias outras ideias que não foram
possíveis de serem realizadas surgiram.
Como a de elaborar uma carcaça impermeável que serviria como base e proteção para
os componentes do agitador magnético a partir da impressão 3D de filamentos recortados de
garrafa PET.
Um sistema “liquidificador”, onde o cooler estará associado a vários resistores
diferentes que serão acionados através de interruptores, gerando diferentes velocidades de
rotação para a ventoinha. Este método se faz eficaz devido à possibilidade de replicar
experimentos com a mesma velocidade de rotação do agitador, diferente do potenciômetro
que não se sabe certamente qual a tensão que chega ao cooler.
Construir um agitador magnético com vários coolers seguidos para que mais de um
experimento possa ser feito ao mesmo tempo.
São inúmeras as possibilidades de criação e há espaço para novos projetos
futuramente, e não apenas na UFVJM. Durante a 19ª Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia de Diamantina o trabalho dos agitadores magnéticos foi exposto para crianças,
adolescentes e acadêmicos, que demonstraram grande interesse no funcionamento e na
confecção dos mecanismos.
Dito isto, o desenvolvimento dessa iniciativa associada a um projeto de extensão faz-
se bastante conveniente para que a química, a mecânica, a elétrica e a sustentabilidade
caminhem juntos nas escolas de ensino superior e básico.
28

REFERÊNCIAS

ADRIAN, S. et al. One Global Definition of E-waste. UNU/STEP Initiative. Bonn,


Alemanha. 03 de junho de 2014.

AGITADOR MAGNÉTICO. Biovera: Equipamentos de Laboratório e Assistência Técnica,


2019. Disponível em: https://www.biovera.com.br/noticias/agitador-
magnetico/#:~:text=O%20Agitador%20Magn%C3%A9tico%20%C3%A9%20um,barra%20
magn%C3%A9tica%20dentro%20da%20amostra.. Acesso em: 17 de janeiro de 2023.

ALEXANDER, C; SADIKU, M. Fundamentos de Circuitos Elétricos. 5.ed. Porto Alegre:


AMGH Editora ltda, 2013.

América Latina perde US$ 1,7 bilhão por ano com descarte inapropriado de lixo eletrônico.
Nações Unidas Brasil, 2022. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/171573-america-
latina-perde-us-17-bilhao-por-ano-com-descarte-inapropriado-de-lixo-eletronico. Acesso em:
28 de dezembro de 2022.

BRASIL. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto Nº 10.240, de 12 de fevereiro de 2020.


Regulamenta o inciso VI do caput do art. 33 e o art. 56 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de
2010, e complementa o Decreto nº 9.177, de 23 de outubro de 2017, quanto à implementação
de sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e seus componentes de uso
doméstico. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Decreto/D10240.htm. Acesso em: 9 de janeiro de 2023.

BRASIL. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá
outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 9 de janeiro de 2023.

EasyEDA Professional Edition. Version V.1.9.29. EasyEDA, 2023. Disponível em:


https://pro.easyeda.com/editor. Acesso em: 14 de janeiro de 2023.

FORTI, V. et al. The Global E-waste Monitor 2020: Quantities, flows, and the circular
economy potential. United Nations University (UNU)/United Nations Institute for Training
and Research (UNITAR) – co-hosted SCYCLE Programme, International Telecommunication
Union (ITU) & International Solid Waste Association (ISWA), Bonn/Geneva/Rotterdam.
2020.

HALLIDAY, D; RESNICK, R; WALKER, J. Fundamentos de Física: Eletromagnetismo,


vol.3. 10.ed. Rio de Janeiro: LTD, 2016.

O que é a mineração urbana? Gestora para Logística Reversa de Equipamentos


Eletroeletrônicos. Disponível em: https://greeneletron.org.br/blog/o-que-e-a-mineracao-
urbana/. Acesso em: 28 de dezembro de 2022.

O que é um agitador magnético e como usar em laboratório? ForLabExpress, 2022.


Disponível em: https://blog.forlabexpress.com.br/o-que-e-agitador-magnetico/. Acesso em:
29

ANDREA, Sella. Rosinger’s stirrer. Chemistry World, 2022. Disponível em:


https://www.chemistryworld.com/opinion/rosingers-stirrer/4014909.article. Acesso em: 28 de
dezembro de 2022.

WAGNER, M. et al. Regional E-waste Monitor for Latin America: Results for the 13
countries participating in project UNIDO-GEF 5554. UNU/UNITAR. Bonn, Alemanha. 2022.
30

ANEXO 1

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