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(é ue va O QUE BA PRAxIS. of © ATIVIDADE E PRAXIS ‘Toda praxis € atividade, mas nem toda atividade é praxis. Quando Marx assinala que 0 idealismo, ao contrrio do materialismo, admite o lado ativo da relagao sujeito-objeto, ¢ ao enfatizar, por sua vez, seu defeito = nao ver essa atividade como pratica -,' ele nos previne contra qualquer tentativa de estabelecer um sinal de igualdade entre atividade e praxis. Dai que, para delimitar 0 contetido préprio dessa tiltima e sua relacio com outras atividades, ‘eja preciso distinguir a prixis. como forma de Justamente por sua @@HePAlidad®, essa caracterizagao da ativida- de nao especifica 0 tipo de agente (fisico, biolégico ou humano) nem a natureza da matéria-prima sobre a qual atua (corpo fisico, ser vivo, vivéncia psiquica, grupo, relag4o ou instituigéo social) nem determina a espécie de atos (fisicos, psiquicos, sociais) que levam a determinada transformagao. Nesse =n sentido @tividade,opde-se a passividade, e sua esfera@@ (@AMSMAAAE, nao a do apenas possivel. Agente 6 0 que age, 0 que atua e nao 0 que tem apenas a possibilidade ou disponibilidade de atuar ou agir. CEATTINMEID, (corre eftivamente sem que possa ser separada do ato ou conjunto de atos que a constituem. A y= say r ‘, ' GC. Marx, “Tesis (1) sobre Feuerbach”, em C, Marx e F. Engels, La ideologia alema- » tte tase de W. Roces, Montevideo, EPU, 1959, p. 633. Me ra, nas rlagbes entre a8 Partes € 0 todo, ogy, atividade most desarticulados ou justay TACOS oe _ ee 1 ‘como elementos de um todo, ou de Sear o nu ooo de una matéria-primg. p89 fee h materia sobre qUlal SE eXCree cssa atividg S° AO8 ay 3 UAIDDHPEGIGD 20 0% conan da® Sma Gere traduzem ent um resultado ou produto que vmatéria se 1 que 6 ese sneria ja ransormada pelo agente ‘ooo conceico de atividade & sufiefentemente amplo para as relagdes mucleares defen 8- areparals que levam 2 transformagio des elementos emg to, ov a atividade de um érg40 em particular; em_um fellas" atividades do homem ou do animal do tipo sensorial, reflexo, ings” Ger nesse plano instintivo, a at a Pode manifestars série de atos to complexos como o da eonstrugio de un nin passaro, sem gue por isso deixe de ser uma atividade meramere hag. «2, natural. O horem também pode ser sujeito de atividadesbilogies on instintvas — que nfo ultrapassam o nivel meramente natural ee podem ser consideradas como especificamente ia ropaeats athena apenas to varios ua nae after ar armas Goaiearo ee hee jeto para trans io se iniciam com um resultado ‘eal, ou fim, e terminam com um resultado ou produto eft, rl ‘Nesse caso, 0s atos nao so sao determinados causalmente por um estado anterior que se verificou efetivamente — determinagao do passado po presente -, como também por algo que ainda néo tem uma existénca ciuta que, no entancof@eteriindle rgula 68 difSrents at anus lugar, © homem transioma vais jendo-se do instrumentos que ele proprio usne hen 1 Marx diz, que Seu uso ¢ fabricigio “caraeterioms jcamente humano de trabatho” ras os fins, val pola gual speci fo eaue to, antropologico, mas, sim, Be meios de trabalho nao so apenas o barémetro indicador mento aleangado pela forea de trcbalho humana, como volneadores ds rele sd ny os trabalho. agas a08 I ‘entre o homem e a na- urea deixa de ser direta c imediata, O aparee:mento de instrumen tos mais aperfeigoados modifica 0 tipo de relagio entre o homem ea natureza e, nesse sentido, é uw ede seu dominio sobre « natureza al "ante dos meios de produgio, enfatizado por Mark Tonge de liming? a pesenga do homem eonereto como sijito da roo eve de forms inequivoca, Mas essa presenga manifests aber como {eto fator do processo de trabalho assinalad> Por ‘Marx: seu ca ‘erde atividade pessoal adequada a um fim. se pose deseonloet Papel desde fator ao se analisar 0 process de caballo, ands ave vara ental condiga ihe © o papel preconina isso se lage 7 ante dos meios “Oe Ae proving coos de tr Pivle-se omen de un mundo de objets 4 sé podem ser produzidos nam projetos humans, "Ao perar S . Ble, € trans. z Marx em O capital ~, “transforma ao mesmo temp Desenvolve as poténeias que nela dormitavang form sua propria natures ve submete 0 jogo de suas Forgas.’ 7 Ae analisar a concepgio de Maex do pracesso de traballio em O capital, Louis AL ‘husser subinha, imterpretando a passaem correspondente, a natureza materi mconiges t posesadeuage pape dminsnte do mn eros RRS vee tor ‘ncontra denominado peas Ics fiscas da natureza e da tecnologia"). Ao magi we esta concepgio = PrOpr RET. Afar“ objet da Capital”, em Live le capital, Paris. f. Masp mite por completa o esto do tence dels: a aividade adequada #2 00. concer mente nesta questo os Mamuscrito de 184 a O eapital ao redu2it 4 ‘cei ma 1 primeira obraa “idealism do trabalho” ¢ da segunda a una “coneePe Malista da prodagi my tar do Pe de 15a co is A nosso ver, a importineia desse tereeit ‘etahalho~apontado de forma disints tanto nos Mamuseritos de 1500 ‘cept 2 que mantém certa continwidade entre uma e outr# 2% ‘3 or isso se paguem suas diferengas essencials. BF K-Alars Bl capital op, ets tl vol ep. 2 K. Maes capital op, et. ¢. vol 1p 20 vepmodo que 0 £2 ec imprime uma determinada iy poe’ tigo-utilitari Na medida em que a atv idade Airmen etree Rade material que uiweduay ae sain, pode leva, a as itimas consequcneng hoe o que — de forma limita enelas, 0 pro. argo de bm 4 limitada~ i sedi no trabatho wo por iss, prixisartstion permite a eriagio de ebjn nano um gras Superior a eapacidade de expressio ¢ vijay, .e revela nos produtos do trabalhg hw am femo toda verdadeira préxis humana, a arte se situa na eslera da agio, da transformagao de uma matéria que deve ceder sua forma para adotar outra nova: a exigida pela necessidade humana que o ab foto criado ou produzido deve satisazer. A arte nio & mera prodogio ial nem pura produgao espiritual, Mas, justamente por seu cai ter pritico, realizador e transformador esta mais préxima do trabalho ano ~ sobretudo, quando este nao perdeu seu carétereriador do que de uma atividade meramente spiritual. APRAXIS EXPERIMENTAL Entre as formas de atividade pritica que se exereem sobre uma dada matéria & preciso incluir também a atividade eientifea expert 2 youtade as eondigoes em que ‘itmeno, Tal € 0 sentido da experimentagio com Investitador produ fendmenos que sio ama rep S¢ dio em um meio natural, mas os produz justamente part poder OSS em um meio artical 6 do laboratéio = som as imp Tezas e perturbagoes com que se apresentan no meio nacurale VP inne e se trata de Preans® F2do, diticultam seu estudo, Na medida em ave 5 zit determinados fendmenos com a ajud Adega, ‘ado, a atividade cientitiea experimental & € so orto ait soir 1965 (Las Sobre 5 8 relagies entre a arte e 0 trabalho, © , : ans de Mars sic Hao Stiga, ver meu lvro, Las ideas esttiens de Mar * de Marx sobre la fuente atoralea detest” —_ —_—= owns POS forma de praxis Levase rovar uma teoris ou determinados agp 20 9 exper ipnty € fico atendendo a oertas exigenctas egy © Sa wu desenvolvimento. Um determinado exp. ° finde citar eae co fm Iino elizados em agronomia~ pode ter consennto por exe nao diretamente, © sim por melo da teoria sts pritieas. pir compeovae ce cexpertento Pal no é privativa da cinta: oy serve portanto a determinada atividade pritics, mas de Ui aplicam na esfera pritica adequada, “enguanto seus resultados [APRAXIS POLITICA ‘Tals sioas formas fundamentais ~ embora nao exchusivas ~ da pri xis quando @ agao do homem se exerce mais ou menos imediataniente ora, o tipo de prxis em que o homem ¢ sujeito e objeto dels, isto6 praxis na qual ele atua sobre s1 mesmo. ssa atividade pritica do homem oferece diversas modalidades Dentro dela eaem os diversos atos orientados para sua transformasio como ser sovial e, por isso, destinados a mudar suas relacdes evo micas, politicas ¢ sociais. Na medida em que sua g ud : ‘objeto nao um individuo isolado, mas, € inclusive a soviedade inteira, pode ser ainda que em um sentido amplo toda pratica (inelusive aa! se revista de um carster soci aque em vi cued im disso, DO clagies de produgio na praxis prodiutiva) € a 7 prodagio na pris produtiva) elem 0 0 liticagio prétiea do objeto nao humano se tradi uma ransformagio do homem coi Cartesian Bee eres da socedade diviidaem claseges Nes comcende ata de lasses pelo poder dean 2 ios oe, de acordo com os interesese Ras one ee 0. ei atvidade prétion na medi em gee Pate. 2 pits classes socias es vinculad " nsttuigbes e ortaniageesetinn BT pl, os partis seo lage singe fo, Por ret acompanhada de um choqu ctntrapoasdc a de pois progeamas eC, © e884 lutaIdeolgia erga un inflotnes srt pa ages Pues re, coer o cart pt de th praxis politica Pessup6e a participacdo de amplos setores da so cdedade, Persegue determinados fins que correspondem aos interesses mfieats das olasses sociais, e em cada situacio conereta a realizagio desses fins & condicionada pelas possibilidades objtiva inseritas na propria realidade, Uma politica que corresponda a essas possbilda flese que exclua todo aventureirismo exige um conhevimento dessa rwalidade e da correlagio de classes para nio se pr ye em inexoravelmente em um fracass. (Os partidos tragam, com uma maior ou menor conscieneia dos ob- dacs conde ar sires aoe nar pretinmene ers pi, Pees en adam I alo somo © ss nal have dialeticamente dentro da linha politica ¢ Ore tsmaias amo-nos brevemente nessa questag a ra dlimicar 9 comes gt Fee de Mit para filosofias que ~ como o idealism alemao- dare do raider serv a transforma cee do minds Sa Hep se trata dissO. tonto we enrmos a questio de a atividad Floste poder ov néo ver gin msi Fferimo-nos 2 Blosofa que, vinci consi ser rte a price, se propée ser instrumento teirico da tansor ‘emg da realidade. Pensamos previsamente no proprio marsimo mas jonoia que ~ de acordo com a Tese XI sobre Feuerbach =m comoate ue se ratt no a6 de tnterpretar o mundo, mas amb pre nsformélo. Pode-se dizer que a atividade iosétia,nesse cis, eqtgraxs, sem esquever por um momento o conte concetal eit demos para esse termo? A nosso ver, muito de = ue do indo, coresponde RSS PSEA 7 tena ven, wna pation exstome expr otro Tel aris CON Sentemente a ser guia de hima prs eso, Com ose cenfatiza a fungao ideoldgica e social de uma flosofia que s6 pode ser Pritiea no momento em que exelui a utopia e transcende seus ce mentos puramente ideolégicos para ser ciéneia. O que a diferencia das doutrinas filosoficas a que alude Marx na primeira parte de sua Tese XI sobre Feuerbach, assim como de outras doutrinas socials &s, é portanto, ‘mas também ~ € io secu dariamente ~ 0 fato de conceber-se a si mesma em fungao ds pris iso 6 vit lost sevigo da transforma 7 ‘mundo, integrando assim a praxis revolucionar teoria for ttoriaem si nesse, como em qualquer outro cas nia ae wuir para sua transform , em primci I \gio, mas para a ransformadors Eten sr 5 metog ee de edueagio das conscience pas 40 indispensavel ow ‘Nesse sentido, nen pradesh 2 ‘oria € prética quando materializa, por meio 2x7 pain PS sans esta HIER, C00 Ong 9 pg ns ua tranormagio, Mog f mea em sino muda 0 mundo, $6 pode eon mee — messih nee portanto, para ; primeira ce Serres, € que sea propriamente uma atvidade qa ~ na ql Me vinculados © mutuamente considerados, Nesse sent ree possurlo om toda sua riqueza. A passagem da teoria soci ds forma ut6pica que tem em Saint-Simon, Fourier ou Owen, gy ju Fo rinas comunistas ut6picas como a de Moses Hess Mas ~ como diz Marx na tese XI 7 dat que a teoria tenha de ser arraneada de seu estado meramente tedrico e, pelas mediagdes adequadas, buscar realizé-la, Porém, esse segundo aspecto, vital quando néo se aceite ‘6 mundo como 6 e se tenta transformé-lo, longe de abolir 0 contei- do teérieo da filosofia, ou de reduziclo a um ingrediente meramente ideol6gico, o pressupse necessariamente — no nivel da eigneia - com condicdo iniludivel para guiiar a agdo. 0 a Soc ee ria de atvidade prétiea do homem em suas relagdes com a naturetse com outros homens. A concepeio da filosofia da praxis como atividade prética em a6 4 nosso ver, uma concepedo idealista, ineompativel com 0 verdadeir0 comecito da préxis que antes delimitamos, e implica a volta a pontos de ‘Sta filostieos ~ como o dos jovens hegelianos ~, que jé foram oct ihe SiPerados por Marx preeisamente para poder elaborar uit ‘oft como guia ou instrumento tedrico da transformagao da reads en ttvdade filosdtiea ~ desligada da pritiea ou vineuladt coos teen ate @ cla, como mera interpretagio ou como instrumer Trntuess one cansormacio, cultivada por intelectuais de Pry, tote A ee nem proletaria, & sempre uma ativid ou center M8 aaltativa por seu earater essencial oe Prin nto haga ot Pela fungao que uma ou outra filosofia pos? 9 para falar legitimamente de uma praxis te6rie™ 238 rs 3s questGesabordadas neste capital, vr tambo, me waa“ cls praxis como nvera prictoa del oof”, Cuadernos MCT ET wo Ciencia: y revolucion (EL marsiamo de As 1 1978, p. 154-164 sols 239 puss PS A pRAxts IN spENCIONAL NA ARTE ‘Yejamos como & possive iustrar 180 nS Be, pa RR oa fe se deram no decorre pr 0 mesmo tempo es | a os. fato de que a intengio original en rmoditicado & jcessariamente uma inadequagio eae ado Essa cst impede-nos de reduziro ser da ob roe lean ‘uma intengio eriador ©%, pelo mem, | iho de uma subjetividade ow re xs intensiont | assim o € precisamente| Esse produto de uma praxis ~e, ortans or - 10 objeto, € nao pelas intengdes de seu ay 1 Pepu valor est nele, € no em algo que o artista se propis cubear ‘necessidade de avaliar uma obra de arte nio pels intengdes de seu autor, mas, sim, es Mas deve-se observar, do mesmo ‘ss distingio nin implica que nao haja relagio alguma entre ines do original, abandonada ou modificada ao Jongo do proceso prition. eo resultado. Ainda que esse se desvie ou, inclusive, contradita 9) io € a negagao da intengio ont ‘mas, si, Testo as exigéncias desta, isto é, do pres so pritioorat que Ivar uma imadequacao que express original. mas ja modificada. Por isso, i privates mente sendomrencional, deve ser jue liad neice Jem ats er seus profits eno plas ntenges Fo ao artista. 8 praxis artistica intencional na justified, Por aa o critica intencionalista’ que, ao avaliar a obra pelas supostas do autor, esquece qui ct re oats! Ss nso poe pins deterina® 08 ‘em seth mma, pn else ge toss acai Ee ma de ugar aor J ar eR Nel Score chaam defn teeina inate Be2e sof Rental Pres, 1S8). Prius, to # sn ssa objetivagio do termina, por sua vez, o modo de fato de sua atividade iar essa praxis. sje jlgar ea {ys INTENCIONAL NA VIDA SOCIAL ra outro tipo de prixis intencional: ‘Sua forma mais elevada e eriadora € - com ja Ima revolugio pode ser caracteriza- aaah juando tem como ponto de partida uma cal eae ‘os fundamentais coneebidos programati- sorvente que, pelas vicissitudes de um processo pritico peculiar. se camificam até adotar a forma que se plasma detinitivamente em seu slag rea an se trata de julgar uma revoluglo. nao se pode Sqrorar of sUestimar 0 resultado do processo pritico revolucioné fio para superestimar 0 projeto, plano ou programa de que se parti Cae, definitivamente, no é 0 que aparece objetivado, realizado. j& que as exigéncias desse processo, 0s fatores imprevistos que nele se 6 7 apresentaram, sm F deve ser julgada como tal Tealidade objetiva. Da mesma maneira, « atividade prities le um par tido nao deve ser julgada por suas delaras ios. ag prion que intengoes sio postas a prova. Da mesma maneira. éna pratiea = ¢ nel fpenas ~ que se comprova o carster revolucionario de um partido 08 de uma classe social, A classe operiria €, historieamente. pelas 4236s objetivas que expusemos anteriorment ED re amiss nacre AR gl Erdescebriram, Mas, por eausas diversas que Mars. Enéels¢ Peo" ci os re ER cinco ‘uns orgaizagdies ~ GUE ou em uma determi Pratica — @ na jetos de ‘Nao simplesmente os programas ou dcelar intengoes puras, destigadas de sua realizagso foes de prinpios = como “que permice julgar @ a

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