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Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Docente: Marcílio Lima Falcão


Discentes: Maria Alice Freitas de Souza Dias
Pedro Lucas Franca Cabral

1. “No século XX, a história perdeu sua dimensão teleológica e linear”(p.


193)

O texto começa comentando a mudança clara que houve na historiografia,


que saiu da tentativa de ser uma "física social", completamente “objetiva”, em busca
de “correr atrás do falsificado, mas com a incapacidade estrutural de alcançar uma
verdade definitivamente estabelecida do vivo” (p. 204), para a realização de que
essa visão empobrece a análise histórica e reduz a História a pura erudição.
Na primeira metade do século XX a História, juntamente a outras ciências
sociais, sofre uma reviravolta interdisciplinar “Os historiadores participam assim
plenamente da maior mudança pragmática e interpretativa que caracteriza hoje as
pesquisas em ciências humanas”. (p. 193)
Nos anos 70 Michel de Certeau viu várias mudanças dentro da Academia,
como a invasão da universidade de Sorbonne.
Dessa forma, a primeira parte do texto se preocupa em explicar o contexto do
pensamento de Michel de Certeau.

2. “Ao definir a operação historiográfica, Michel de Certeau a articula em torno


de três dimensões inseparáveis cuja combinação assegura a pertinência de
um gênero específico”(p. 199)

O autor, então, fala sobre as dimensẽos que Michel de Certeau atribui a


pesquisa histórica, que ele chama de operação historiográfica. São esses os
processos que levam a construção do conhecimento histórico. Com seus passos,
particularidades, necessidades, etc. São elas:
● Não-Dito: O qual ele comenta sobre os elementos ocultos que estão ligados a
construção do conhecimento historiográfico, ou seja, o lugar social, relação
com o corpo social, e o contexto, pois ele que dá sentido ao fato. Além disso,
pode-se entender o não-dito como o que está além do personagem, algo que
o lugar social tira ao mesmo tempo que possibilita.(p. 194)
○ Com lugar social pode-se entender como as condições externas que
materializam no pensamento ou ação de um indivíduo. Ex: O
departamento de História da UERN é um lugar social que incentiva os
alunos do curso a realizar atividades relacionadas ao estudo Histórico,
nesse caso esse possibilita. Mas caso o aluno deseje fazer um
trabalho antropológico em parceria com o departamento de História
essa solicitação será negada, nesse caso o lugar social impede.

● Prática: Essa é sempre mediada pelo método e pela análise técnica,


fazendo-se necessário um distanciamento do objeto para entendê-lo de
forma concisa. A prática é o meio, a maneira, o método.

● Escrita Historiográfica:
Dosse comenta inúmeras vezes no texto sobre como a historiografia é
em si uma prática social que tem “função simbolizadora e permite uma
sociedade situar-se atribuindo um passado na linguagem” (p. 202). Ele
disserta sobre a História, entre a ciência e a ficção, que ela não pode
estar no âmbito completamente positivo e erudito, nem no âmbito
totalmente desprovido de veracidade, e se tornar um tipo de literatura.
Além disso, Certeau coloca o papel do historiador como mediador de
dois extremos. Alguém que precisa olhar para o documento com
críticas e questões do presente, mas sem se deixar levar pelo
anacronismo. Assim, a escrita historiográfica é o produto final dos dois
primeiros pontos.

3. “Michel de Certeau realizou a travessia estruturalista do interior”(p. 205)

Nesse ponto, fala-se sobre como Michel de Certeau utilizou fundamentos do


estruturalismo para fundamentar parte da sua concepção de pesquisa histórica.
Mesmo sem se deixar levar totalmente pela ideia generalizadora, ele procurava
padrões dentro de documentos diferentes, tentando visualizá-los como um só.
Nesse exercício, ele encontra na alteridade, a chave para um conhecimento
envolvendo a pluralidade, e não isolado em caixas separadas.
4. “HISTORICIZAR OS SINAIS MEMORIAIS”(213)

No texto, Dosse disserta sobre as diferenças e similaridades entre história e


memória, com influência da visão freudiana de Michel de Certeau. É exposto que a
História não existe sem a memória, mas não deve usá-la como único pilar a se
sustentar. É preciso sair de uma “História-Lenda”, para uma “História-Trabalho”. E
deslocar a preocupação de “exumar o morto” — que seria a memória do
acontecimento bruto —, para “honrá-lo”, que seria, nesse caso, a aplicação da
operação historiográfica na transformação da memória em um conhecimento que
segue as regras da academia. Isso é exemplificado pelo comentário sobre Hamlet,
ao dizer que mesmo quando seu pai volta dos mortos, ele está lá como fantasma, e
não como pessoa viva (como era antes). Ou seja, é impossível restituir o fato
completamente como ele foi, revivê-lo dos mortos, sempre lidaremos com inúmeras
barreiras que fazem disso impossível.

5. “o historiador atento às práticas em seu significado para os atores ler uma


diferença de natureza no conteúdo do acontecimento evocado e reiterado”(p.
215)

Em diversas partes do texto, é frisada a importância do historiador, desde o


momento do recorte temporal, até a utilização dos métodos necessários para
produzir conhecimento histórico. O historiador não está alheio ao ambiente no qual
ele está inserido, sua carga cultural vai influenciar sua visão e interpretação dos
acontecimentos que estuda. Como exemplificado no ponto sobre o “Não-Dito”.
Ademais, é de extrema importância que o historiador entenda suas limitações diante
do fato, e use da interdisciplinaridade, não para tentar preencher as lacunas
inevitáveis, mas usá-la para enriquecer a análise proposta.

“Para o historiador, o sacrifício consistiria também no reconhecimento de seu limite,


ou seja, daquilo que lhe é retirado. E a interdisciplinaridade não consistiria em
elaborar uma colcha de retalhos totalizadora mas, pelo contrário, em praticar
efetivamente o luto, em reconhecer a necessidade de campos diferentes”. (p.
220-221).

O passado por si só não revela todos os seus “segredos”, as diversas


interpretações e análises feitas pelos historiadores, sim.
Certeau também reitera diversas vezes a “bipolaridade” dentro da pesquisa
histórica. A forma como o historiador está sempre entre dois extremos: o passado e
o presente, entre o dizer e o fazer, a cultura popular e a cultura erudita, a história
positiva e a história-problema, a história-lenda e a história-trabalho, a memória e a
historiografia, o conhecido e o diferente, etc. Dentro dessas divisões e conceitos, há
de ser feito um distanciamento, a fim de analisar e entender os dois lados.
7. Conclusão

O texto escrito por François Dosse sobre a visão de Michel de Certeau sobre
a história, contextualiza e discute diversos tópicos inerentes da operação
historiográfica pensada por Certeau.

Referência

DOSSE, François. História e Ciências Sociais. Entre o Dizer e o Fazer. 2004.

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