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208 Fundamentos da Termodinémica EXEMPLO 5.2 do refrigerador®. Ambiente da cozinha, o T, Espagoretigerado FIGURA 5.7 Esbogo para o Exemplo 5.2. Solugo: A poténcia elétrica consumida no acionamento de um refrigerador doméstico € 150 We o equipa- mento transfere 400 W para o ambiente. Determine a taxa de calor no espaco refrigerado e 0 COP. Mbife on Cabe lembrar, ainda, que, na literatura inglesa, o coeficiente de desempenho da ciclo de refrigeragto 6 denominado coefficient Nés vamos admitir que o sistema seja composto pelo refrigerador e que este opera com a porta fe- chada ¢ em regime permanente. A primeira lei da termodinamica aplicada ao sistema fornece 1 = Oy —W = 400-150 = 250 W Esta é, também, a taxa de transferéncia de energia da cozinha mais quente para o espago refrigerado (mais frio) em virtude da transferéncia de calor e da troca de ar frio por ar aquecido quando abrimos a porta do refrigerador. Utilizando a definicdo de COP, Equacao 5.2, obtemos Paster ~ SE of performance, ou simplesmente COP (NT), Antes de enunciarmos a segunda lei, devemos introduzir 0 conceito de reservatdrio térmico. Reservatério térmico é um corpo que nunca apre- senta variagéo de temperatura, mesmo estando sujeito a transferéncias de calor. Assim, um reser- vat6rio térmico permanece sempre a temperatu- ra constante. 0 oceano e a atmosfera satisfazem, com boa aproximagao, essa definigao, Frequen- temente, seré util indicar um reservatério a alta temperatura ¢ outro a baixa temperatura. As ve- zes, um reservatério do qual se transfere o calor, 6 chamado forte © um reservatério para o qual se transfere calor é chamado sorvedouro. 5.2 A SEGUNDA LEI DA TERMODINAMICA Baseados nos temas tratados na segdo anterior, podemos agora enunciar a segunda lei da termo- dinamica, Existem dois enunciados classicos da segunda lei, conhecidos como enunciado de Kel- vin-Planck e enunciado de Clausius. Bnunciado de Kelwin-Planck: & imposs vel construir um dispositive que opere em um ciclo termodinamico e que nao produza outros efeitos além do levantamento de um peso e da troca de calor com um tinico re servatorio térmico (veja Figura 5.8). Esse enunciado esté vinculado a nossa discus. sio sobre o motor térmico, e, com efeito, estabe~ lece que é impossivel construir um motor térmico que opere segundo um ciclo que receba uma de- terminada quantidade de calor de um corpo a alta temperatura e produza igual quantidade de traba- Iho. A tinica alternativa é que alguma quantidade de calor deve ser transferida do fluido de trabalho a baixa temperatura para um corpo a baixa tem- peratura, Dessa maneira, um ciclo s6 pode produ- zir trabalho se estiverem envolvidos dois niveis de temperatura e o calor for transferido do corpo a alta temperatura para 0 motor térmico, e também do motor térmico para o corpo a baixa tempera- tura, Isso significa que é impossivel construir um motor térmico que apresente eficiéncia térmica igual a 100% Enunciado de Clausius: 5 impossivel cons- truir um dispositive que opere segundo um ciclo e que nao produza outros efeitos, além da transferéncia de calor de um corpo frio para um corpo quente (veja a Figura 5.9). Esse enunciado esté relacionado com o refti- gerador ou a bomba de calor e, com efeito, esta- belece que ¢ impossfvel construir um refrigerador que opere sem receber trabalho. Isso também sig- nifica que COP é sempre menor que infinito. Podem ser efetuadas trés observagdes rela- tivas a esses dois enunciados. A primeira 6 que ambos so enunciados negativos. Naturalmente, é Ty ou ‘iamco=1 Impossive Q jer Sx Impessvel Figura 5.8 Enunciado de Kelvin-Planck, ‘A Segunda Lei da Termedinamica 209 = lmpossive! Conclusio: § << o 1 Lmpossive! Figura 5.9 Enunciado de Clausius impossivel provar um enunciado negativo, Entre- tanto, podemos dizer que a segunda lei da termo- dinamica (como qualquer outra lei da natureza) se fundamenta na evidéncia experimental. Todas as experiéncias ja realizadas tém, direta ou indireta- mente, confirmada a segunda lei da termodinami- ca. A base da segunda lei 6, portanto, a evidéncia experimental A segunda observagao é que esses dois enun- ciados da segunda lei sio equivalentes. Dois enunciados sto equivalentes se a verdade de cada um implicar a verdade do outro, ou se a violagao de cada um implicar na violagdo do outro, A demonstragao de que a violagio do enun- ciado de Clausius implica a violagao do enunciado de Kelvin-Planck pode ser feita do seguinte modo: © dispositivo esquerdo da Figura 5.10 6 um refri- gerador que nao requer trabalho e, portanto, viola © enunciado de Clausius. Fagamos com que uma quantidade de calor Q,, seja transferida do reser- vatério a baixa temperatura para esse refrigera- dor e que a mesma quantidade de calor @,, seja transferida para o reservatério a alta temperatura. Facamos agora com que uma quantidade de calor Qu, que é maior do que Q , seja transferida do re- servatério a alta temperatura para o motor térmi- co € que esse motor rejeite 0 calor Q,, realizando um trabalho W (que é igual a Qi Qz). Como nao ha uma troca lfquida de calor com o reservatério a baixa temperatura, esse reservatério, 0 motor térmico e o refrigerador podem constituir um con- junto. Esse conjunto, entao, pode ser considerado como um dispositivo que opera segundo um ciclo © nao produz outro efeito além do levantamen- to de um peso (trabalho) ¢ a troca de calor com 210 Fundamentos da Termodinémica um tinico reservatério térmico, Assim, a violagao do enunciado de Clausius implica a violagao do enunciado de Kelvin-Planck. A completa equiva- Iéncia entre esses dois enunciados é estabelecida quando se demonstra que a violagao do enuncia- do de Kelvin-Planck implica a violagdo do enun- ciado de Clausius. Isso fica como exercicio para o estudante, A terceira observacao é que, frequentemente, a segunda lei da termodinamica tem sido enun- ciada como a impossibilidade da construgao de um moto-perpétuo de segunda espécie, Um mo: to-perpétuo de primeira espécie criaria trabalho do nada ou criaria massa e energia, violando, por- tanto, a primeira lei, Um moto-perpétuo de se- gunda espécie receberia uma quantidade de calor de um reservat6rio térmico e, entao, converteria essa quantidade de calor totalmente em trabalho violando, assim, a segunda lei, e um moto-perpé- tuo de terceira espécie nao teria atrito e, assim, operaria indefinidamente, porém nao produziria trabalho, Um motor térmico, que viola a segunda lei da termodinamica, pode ser transformado em um moto-perpétuo de segunda espécie da seguinte maneira. Consideremos a Figura 5.11, que pode- ria ser a instalagao propulsora de um navio, Uma quantidade de calor Q,, é transferida do oceano para um corpo de alta temperatura, por meio de uma bomba de calor. O trabalho necessario & W" e o calor transferido ao corpo de alta temperatura é Qu. Facamos, entao, uma transferéncia da mesma quantidade de calor ao motor térmico, que viola 0 enunciado de Kelvin-Planek da segunda lei e que Roseratério a ala emperatira Frontera y LZ eratome 1 I o On ' weol, rel O} aa | nO 1 I o o I |. [[_ Resorvatério a baxa tomparatura 1 |_ Resenatérea baka temperaiva | Figura 5.10 Demonstragao da equivaléncia entre os dois enunciados, da segunda lei produz um trabalho W = Qj. Desse trabalho, uma parcela igual a Qy ~ Q, 6 necesséria para acionar a bomba de calor, sobrando o trabalho liquido (Wy = Q:) dispontvel para movimentar 0 navio. Dessa maneira, temos um moto-perpétuo, no s tido de que o trabalho é realizado, utilizando fon- tes de energia livremente dispontveis, tais como 0 oceano e a atmosfera, QUESTOES CONCEITUAIS a.Eletrodomésticos (TV, aparelho de som) utilizam energia elétrica. Para onde vai a poténcia recebida? Os eletrodomésticos sho maquinas térmicas? O que a segunda lei fala sobre esses equipamentos? b, Agua ou vapor geotérmicos aquecidos podem ser utilizados para gerar energia elétrica. Isso viola a segunda lei da termodinamica? ¢. Uma turbina e6lica produz poténcia meca: nica (eixo de safda da turbina) a partir da energia cinética dos ventos. Esse equipa- mento é um motor térmico? Ele é um mo- to-perpétuo? Explique 4d. Motores térmicos e refrigeradores, motores térmicos © bombas de calor (refrigerado- res) sio dispositivos de conversao de ener- gia, transformando quantidades de energia entre Q e W. Qual direcdo de conversio (Q + W ou W > Q) é limitada e qual nao tem limites, de acordo com a segunda lei? Fiona do sistema Foservatrio a ata temperatura Ou > On mba 6e calor (coano Figura 5.11 Moto-perpétuo de segunde espécie 5.3 O PROCESSO REVERSIVEL A pergunta que logicamente ocorre ago- ra &: se 6 impossivel obter um motor tér: mico com eficiéncia de 100%, qual ¢ a maxima eficiéneia que pode ser obtida? 0 primeiro passo para responder a essa pergunta € definir um processo ideal, que é chamado proceso reversive Um processo reversivel, para um sistema, € definide como aquele que, tendo ocorrido, pode ser invertido e de- pois de realizada essa inversao, nao se notaré nenhum vestigio no sistema e nas vizinhangas Tustremos o significado dessa defini- 40 analisando 0 comportamento do gas contido no conjunto cilindro-pistao mos- trado na Figura 5.12. Consideremos 0 gés como sistema. Inicialmente, a pressao no gas 6 alta o pistdo esta imobilizado por um pino, Quando 0 pino é removido, © pistao sobe e se choca contra os limi- tadores. Algum trabalho é realizado pelo sistema, pois o pistdo foi levantado. Ad- mita que desejemos restabelecer 0 es- tado inicial no sistema. Uma maneira de fazer isso seria exercer uma forga sobre © pistdo, comprimindo 0 gas até que pino possa ser recolocado. Como a pressdo exercida sobre a face do pistdo é maior no curso de volta do que no curso inicial de expansio, 0 trabalho realizado sobre 0 gas no proceso de volta é maior que o realizado pelo gis no processo inicial. Uma deter- minada quantidade de calor deve ser transferida do gas durante 0 curso de volta, para que o siste- ma tenha a mesma cnergia interna do estado ini- cial. Assim, o sistema retorna ao seu estado inicial, porém as vizinhangas mudaram pelo fato de ter sido necessério fornecer trabalho ao sistema, para fazer descer 0 émbolo e transferir calor para as vizinhangas. Assim, 0 processo inicial é irreversi- vel, pois nao pode ser invertido sem provocar uma mudanga nas vizinhangas. Consideremos 0 gas contido no cilindro mos: trado na Figura 5.13 como o sistema, e admitamos que 0 émbolo seja carregado com varios pesos. Retiremos os pesos, um de cada vez, fazendo-os deslizar horizontalmente e permitindo que o gas ‘A Segunda Lei da Termedinamica 2i4 —Trabalho q b alip gd it Gis. I Figura 5.12 Exemplo de processo irreversivel Processo incl Processa inverse \V— 2 Gis igura 5.13 Exemplo de um processo que se aproxima do reversivel expanda e realize um trabalho correspondente ao levantamento dos pesos que ainda permanecem sobre o émbolo, A medida que o tamanho dos pe: sos & reduzido, e, portanto, aumentado o seu nit mero, aproximamo-nos de um processo que pode ser invertido (pois, em cada nivel do émbolo, no proceso inverso, havera um pequeno peso que esté exatamente no nivel da plataforma e, assim, pode ser colocado sobre a plataforma sem const mo de trabalho). No limite, como os pesos se tor- nam muito pequenos, o proceso inverso pode ser realizado de tal maneira que tanto o sistema como as vizinhangas retornam exatamente a0 mesmo estado em que estavam inicialmente. Assim, esse processo ¢ reversivel 212 Fundamentos da Termodinémica 5.4 FATORES QUE TORNAM UM PROCESSO IRREVERSIVEL H4 muitos fatores que causam irreversibilidade nos processos, quatro dos quais serio abordados detalhadamente nesta segao. Atrito E evidente que o atrito torna um processo irrever- sivel, porém uma breve ilustracao pode esclarecer alguns pontos. Considere um bloco e um plano in- clinado com sistema (Figura 5.14) e fagamos com que 0 bloco seja puxado para cima, no plano ineli nado, pelos pesos que descem. Uma determinada quantidade de trabalho 6 necesséria para realizar esse proceso. Parte desse trabalho € necessaria para vencer o atrito entre o bloco ¢ 0 plano, e outra parte é necesséria para aumentar a energia poten- cial do bloco. 0 bloco pode ser recolocado na sua posigio inicial pela remogio de alguns pesos, po- dendo assim deslizar no plano inclinado, Sem dit vida, é necessério que haja alguma transferéncia de calor do sistema para as vizinhangas, para que obloco retorne a sua temperatura inicial. Como as vizinhangas nao retornam ao seu estado inicial a0 final do processo inverso, concluimos que 0 atrito tornou 0 processo irreversivel. Outros efeitos provocados pela presenga do atrito sio aqueles associados aos escoa mentos de fluidos viscosos em tubos e canais e com os movimentos dos corpos em fluidos viscosos. Z Expansao Nao Resistida wo © exemplo cléssico de expansio nao resistida 6 mostrado na Figura 5.15, na qual um gas esta separado do vacuo por uma membrana. Consideremos 0 pro: Figura 5.14 nas vizinhangas, as vizinhangas ndo retornam ao seu estado inicial. Assim, temos que a expansao nao resistida é um proceso irreversivel. O proces: so descrito na Figura 5.12 também é um exerplo de expansao nao resistida, Na expansio reversfvel de um gés, a diferenga entre a forca exercida pelo gés e a forca resisti- va é infinitesimal. Desse modo, a velocidade com que a fronteira se move também ser4 infinitesimal. De acordo com a nossa definigo anterior, esse processo é quase estético. Entretanto, 0s casos reais envolvem diferengas finitas de forgas, que provocam velocidades finitas de movimento da fronteira e, portanto, s4o, em determinado grau, irreversiveis. Transferéncia de Calor com Diferenga Finita de Temperatura Considerar como sistema um corpo a alta tempe- ratura e outro a baixa temperatura, e deixar que ocorra uma transferéncia de calor do corpo a alta temperatura para o de baixa temperatura, A tinica maneira pela qual 0 sistema pode retornar ao seu estado inicial é providenciando um refrigerador, que requer trabalho das vizinhangas, e também <2 B Ss o © Deronstragao do fato de que 0 atrito torna um proceso itreversivel cesso que ocorre quando a membrana Fronteia se rompe e 0 gas ocupa todo o recipien- te. Pode-se demonstrar que esse pro- cesso & irreversivel, considerando o processo que seria necessério para re- ao sistema vaeuo 5 | | | | 2 colocar o sistema no seu estado original. Esse processo envolve a compressio ea Estado transferéncia de calor do gas, até atingir o estado inicial. Como trabalho e trans- feréncia de calor implicam uma mudan- Figura 5.15 Demonstragaio do fato de que a expanszo inicia| Pracesso inverso 0 resistida lorna os processos serd necesséria uma determinada transferéncia de calor para as vizinhangas. Como as vizinhangas nao retornam ao seu estado original, temos que 0 processo ¢ irreverstvel. Surge agora uma questo interessante. O ca: lor 6 definido como a energia que é transferida em decorréncia de uma diferenca de temperatura Acabamos de demonstrar que essa transferéncia 6 um processo irreversivel. Portanto, como pode- mos ter um processo de transferéncia de calor re- versivel? Um processo de transferéneia de calor se aproxima de um processo reversivel quando a diferenga entre as termperaturas dos dois corpos tende a zero. Portanto, definimos um processo de transferéncia de calor reversivel como aquele em que o calor é transferido por meio de uma diferen- ca infinitesimal de temperatura Percebemos, naturalmente, que para transfe- rir uma quantidade finita de calor por meio de uma diferenga infinitesimal de temperatura, necessita- mos de um tempo infinito ou de uma rea infinita Portanto, todos os processos reais de transferén- cia de calor ocorrem por meio de uma diferenga finita de temperatura e, consequentemente, so irreversiveis; e quanto maior a diferenca de tem- peratura maior sera a irreversibilidade. Verifica- mos, entretanto, que 0 conceito de transferéneia de calor reversivel 6 muito titil na descrigao dos processos ideais, Mistura de Duas Substancias Diferentes Esse processo esté ilustrado na Figura 5.16, na qual dois gases diferentes estdo separados por uma membrana, Admitamos que a membrana se Tompa e que uma mistura homogénea de oxigé- nio e nitrogénio ocupe todo o volume. Esse pro- cesso seré considerado com mais detalhamento O Ne On*Ns Figura 5.16 Demonstragao de que a mistura de duas substancias dife rentes € um processo irreversivel ‘A Segunda Lei da Termedinamica 213 no Capitulo 11. Podemos dizer que esse proces- s0 pode ser considerado como um caso especial de expansio no resistida, pois cada gés sofre uma expansao nao resistida ao ocupar todo 0 vo- lume. £ necesséria uma determinada quantidade de trabalho para separar esses gases. Observe que uma instalagao de separagao de ar requer trabalho para que se volte a obter as massas puras de oxi- génio e nitrogénio A mistura da mesma substdncia em dois di- ferentes estados também é um processo irrever- sivel. Considere a mistura de agua quente e fria para produzir 4gua morna. O processo pode ser revertido, mas isso requer 0 consumo de trabalho em uma bomba de calor para aquecer uma parte da agua e esfriar a outra Outros Fatores Existem outros fatores que tornam os processos irreversiveis, mas nao serdo considerados detalha- damente aqui. Efeitos de histerese e a perda RI’, encontrados em circuitos elétricos, sao fatores que tornam os processos irreversiveis. Um pro- cesso de combustdo, como normalmente ocorre, também é um processo irreversivel. E frequentemente vantajoso fazer a distingao entre a irreversibilidade interna e a externa. A Fi- gura 5.17 mostra dois sistemas idénticos, para os quais se transfere 0 calor, Admitindo que cada sis- tema seja constitufdo por uma substancia pura, a temperatura se mantém constante durante o pro- cesso de transferéncia de calor. Em um deles, 0 calor é transferido de um reservatério & tempera- tura T + dT'e, no outro, o reservatério esta a uma temperatura T + AT, que é muito maior que a do sistema. O primeiro 6 um processo reversivel de transferéncia de calor e 0 segundo é um processo irreversivel de transferéncia de calor. Entretanto, quando se considera somente o sistema, ele passa exatamente pelos mesmos estados nos dois pro- cessos. Assim, podemos dizer que 0 process é internamente reversivel no segundo caso, porém 6 externamente irreversfvel porque a irreversibili- dade ocorre fora do sistema, Deve-se observar, também, a inter-relagio geral existente entre reversibilidade, equilforio tempo, Em um processo reversivel, o afastamen to do equilfbrio ¢ infinitesimal e, portanto, ocorre 214 Fundamentos da Termedinamica com velocidade infinitesimal. Os processos reais ocorrem com velocidade finita, portanto, 0 afas- tamento do equilibrio deve ser finito. Assim, os processos reais so irreversiveis em determinado grau. Quanto maior o afastamento do equilfbrio, maior é a irreversibilidade e mais rapidamente ocorre © process, Deve-se, também, observar que 0 processo quase estatico, que foi descrito no Capitulo 1, € um proceso reversivel, e daqui por diante seri usado 0 termo processo reversivel, QUESTOES CONCEITUAIS ©. Quando cubos de gelo so colocados em um, banho de dgua liquida em contato com o ar ambiente, havera um momento em que se fundirao ¢ a temperatura de todo o banho se aproximard da temperatura ambiente. Esse € um proceso reversivel? Por qué? . Hé alguma relagdo entre a intensidade da irreversibilidade ¢ a velocidade com que o calor 6 transferido? Dica: relembre, do Ca pitulo 3, que Q = CAAT. Se 0 hidrogénio for gerado a partir de, por exemplo, energia solar, 0 que ser mais eficiente: (1) transporté-lo e depois queimé-lo em um motor; ou (2) converter a energia solar em cletricidade ¢ depois transporté-la? O que voce precisa saber para dar uma resposta definitiva? TM) semper =| Vapor Vapor Liguido guido le lle Figura 5.17 llustracao da diferenga entre processos interna e externa- mente reversiveis, 5.5 O CICLO DE CARNOT Ao definir 0 processo reversivel e considerar al- guns fatores que tornam os processos irreversi- veis, apresentamos novamente a questo levanta- da na Secao 5.3. Se o rendimento térmico de todo motor térmico é inferior a 100%, qual é 0 ciclo de maior rendimento que podemos ter? Vamos res- ponder esta questao para um motor térmico que recebe calor de um reservatorio térmico a alta temperatura e rejeita calor para um a baixa tem- peratura. Observe que as temperaturas dos reser vat6rios térmicos sao constantes e independem das quantidades de calor transferidas. Admitamos que esse motor térmico, que ope- ra entre os dois dados reservatorios térmicos, fun- cione segundo um ciclo no qual todos os processos so reversiveis. Se cada processo é reversivel, 0 ci- clo é também reversivel e, se 0 ciclo for invertido, © motor térmico se transforma em um refrigera- dor. Na préxima segao, mostraremos que esse € 0 ciclo mais eficiente que pode operar entre dois re- servatérios térmicos. Esse ciclo € conhecido como ciclo de Carnot, em homenagem ao engenheiro francés Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832) que estabeleceu as bases da segunda lei da termo- dinamica, em 1824. Voltemos nossa atengao para uma considera- do sobre 0 ciclo de Carnot. A Figura 5.18 mostra uma instalagao motora semelhante a uma instala- do simples a vapor d’éguua. N6s vamos admitir que a instalagao opere segundo um ciclo de Carnot ¢ que o fluido de trabalho seja uma substancia pura, tal como a agua, O calor é transferido do reser- vat6rio térmico a alta temperatura para a agua (vapor) no gerador de vapor. Para que esse pro- cesso seja uma transferéncia de calor reversivel, a temperatura da agua (vapor) deve ser apenas infinitesimalmente menor que a temperatura do reservat6rio, Isso também significa que a tempe- ratura da agua deve se manter constante, pois a temperatura do reservatério permanece constan- te. Portanto, primeiro proceso do ciclo de Car- not é um proceso isotérmico reversivel, no qual 0 calor ¢ transferido do reservatério a alta tempera- tura para o fluido de trabalho. A mudanga de fase, de Iiquido para vapor, em uma substancia pura e a pressao constante, é naturalmente um processo isotérmico. aa of Te ema [~*~] (eondensador) | a a i Lm (evaporador) [nao nemma Figura 5.18 Exemplo de um rotor quo ope Gamat fa segundo um ciclo de 0 processo seguinte ocorre na turbina, Esse processo ocorre sem transferéncia de calor e 6, portanto, adiabético. Como todos os processos do ciclo de Carnot sao reversiveis, esse deve ser ur processo adiabdtico reversfvel, durante 0 qual a temperatura do fluido de trabalho diminui, desde a temperatura do reservatério a alta temperatura até a do reservatorio a baixa temperatura. No processo seguinte, o calor rejeitado do fiuido de trabalho para o reservatério a baixa tem- peratura, Esse processo deve ser isotérmico re- versivel, no qual a temperatura do fluido de trabalho é infinitesimalmente maior que a do reservatorio a baixa temperatura, Durante esse proceso isotér mico, parte do vapor d'agua é condensado, © processo final, que completa o ciclo, é um processo adiabitico reversivel, no qual a tempe- ratura do fluido de trabalho aumenta desde a temperatura do reservatério a ‘A Segunda Lei da Termedinamica 215 que as bombas operam apenas com a substancia na fase liquida), Como o ciclo motor térmico de Carnot é re- versivel, cada proceso pode ser invertido e, nesse caso, se transforma em um refrigerador. 0 refri gerador & mostrado pelas linhas tracejadas e pe- los parénteses, na Figura 5.18. A temperatura do fluido de trabalho no evaporador deve ser infini- tesimalmente menor que a temperatura do reser- vatério a baixa temperatura ¢, no condensador, 6 infinitesimalmente maior que a do reservatério a alta temperatura. Deve-se salientar que o ciclo de Carnot pode ser realizado de varias maneiras diferentes. Po- dem ser utilizadas varias substancias de trabalho, tais como um gés ou uma substancia que pode mu- dar de fase, como descrito no Capitulo 1. Existem também varios arranjos possiveis para as maqui- nas. Por exemplo, pode-se imaginar um ciclo de Carnot que ocorra totalmente no interior de um cilindro e utilizando um gés como a substéncia de trabalho (Figura 5.19), Um ponto importante, que deve ser observa do, & que 0 ciclo de Carnot, independentemente da substincia de trabalho, tem sempre os mesmos quatro processos basicos. Sao eles: 1. Um proceso isotérmico reversivel, no qual 0 calor é transferido para (ou do) reservatério a alta temperatura, Um proceso adiabstico reversivel, no qual a temperatura do fluido de trabalho diminui des- de a do reservatério a alta temperatura até a do outro reservatério, Um proceso isotérmico reversfvel, no qual 0 ‘alor € transferido para o (ou do) reserv a baixa temperatura. baixa temperatura até a temperatura 55 ge —= 7 Bs ea— s do outro reservatrio. Se esse processo " } fosse efetuado com Agua (vapor), en contrariamos uma compressio de uma mistura de Ifquido com vapor efluente {) 2 To do condensador (na pratica, isso seria. «10-1222 muito inconveniente e, portanto, em Expansio —Expansio—Compressio Compress todas as instalagdes motoras reais, 0 fluido de trabalho 6 condensado com- Figura 5.19 pletamente no condensador, Lembre Exemplo de um Jo de Camot baseado em um sistema gasoso 216 Fundamentos da Termodinamica Um proceso adiabitico reversivel, no qual a temperatura do fluido de trabalho aumenta desde a do reservatério de baixa temperatura até a do outro reservatorio. 5.6 DOIS TEOREMAS RELATIVOS AO RENDIMENTO TERMICO DO CICLO DE CARNOT Existem dois teoremas importantes relativos ao rendimento térmico do ciclo de Carnot. Primeiro Teorema E impossivel construir um motor que opere entre dois reservatérios térmicos dados ¢ que seja mais eficiente que um motor reversivel operando entre os mesmos dois reservatérios, ‘Teorema I: Ngwalauer Mrev A demonstracdo desse emunciado envolve um. exercicio mental. Faz-se uma hipétese inicial, entdo se demonstra que essa hipstese conduz a conchusées impossfveis. A tinica concluséo posst- vel é que a hipétese inicial era incorreta Admitamos que exista um motor irreversivel operando entre dois reservatorios térmicos e que tenha um rendimento térmico maior que um mo- tor reversivel operando entre os mesmos dois re- servatérios. Seja Qj; 0 calor transferido ao motor irreversivel, Qf, 0 calor rejeitado e Wi 0 trabalho (igual a Qy - Qj) conforme mostrado na Figura 5.20. Admitamos que 0 motor reversivel opere como um refrigerador (isto & possivel, pois ele 6 reversivel). Finalmente, seja Q,, 0 calor transferido no reservatério a baixa tem- peratura, Qj, 0 calor transferido no reser- vat6rio de alta temperatura e W 0 traba- Iho necessdrio (igual a Qir- Q,)) Como a hipétese inicial era a de que © motor irreversivel é mais eficiente do que o reversivel, segue-se que Q) Wp (pois Qy é 0 mesmo para os dois ciclos motores). Desse modo, 0 mo- tor irreversivel pode movimentar 0 motor reversivel e ainda produzir 0 trabalho It- quido Wyg (gual a Wig - We = Q,~ Q4). Figura 5.20 Demonstragao de que o ciclo de Carnot, operando entre dois reservalé: rios térmicos, € o que apresenta maior rendimento térmico. Entretanto, se consideramos os dois motores ¢ 0 reservatorio a alta temperatura como o sistema, conforme indicado na Figura 5.20, teremos um sistema operando segundo um ciclo, que se co- munica com um tinico reservatério e produz uma determinada quantidade de trabalho, Porém, isso constitui uma violagdo da segunda lei da termo- dindmica ¢ concluimos que a nossa hipétese ini- cial (que o motor irreversivel é mais eficiente que © motor reversfvel) incorreta. Assim, nao po- demos ter um motor irreversivel que apresente rendimento térmico maior do que aquele de um motor reversivel que opere entre os mesmos re- servatorios érmicos. Segundo Teorema ‘Todos os motores que operam segundo 0 ciclo de Carnot ¢ entre dois reservatérios térmicos apre- sentam 0 mesmo rendimento térmico. Teorema Il: Mey 1 Mrov2 Ademonstragdo desse teorema ésimilara esbo- cadaanteriormenteeenvolveahipstesedequeexis- teumciclo de Carnot que é mais eficiente que outro ciclo de Carnot operando entre os mesmos reser- vat6rios térmicos. Fagamos com que 0 ciclo de Carnot com a eficiéncia maior substitua o ciclo irreversivel da demonstragao anterior, e o ciclo de Carnot com eficiéncia menor opere como o refri- gerador. A demonstragao segue a mesma linha de raciocinio do primeiro teorema, Os detalhes fica como exercicio para o estudante, Fronts wats ~ Roservatrio a alta temperatura Oy Ow Motor Imeversivel | >} reversivel oi Roservatio a balxa temperatura 5.7 AESCALA TERMODINAMICA DE. TEMPERATURA Na discussao sobre temperatura, no Capitulo 1, foi observado que a lei zero da termodinamica estabe- lece uma base para a medida de temperatura, mas que a escala de temperatura deve ser definida em fungio de uma determinada substancia e de um dispositivo termométrico. Seria desejével termos uma escala de temperatura que fosse independen- te de qualquer substdncia particular, a qual pode- ria ser chamada escala absoluta de temperatura. Na tiltima segao verificamos que a eficiéncia de um ciclo de Carnot é independente da substancia de trabalho e depende somente das temperaturas dos reservatérios térmicos. Esse fato estabelece a base para essa escala absoluta de temperatura, que chamaremos escala termodindmica. Como 0 rendimento térmico do ciclo de Carnot é fungao somente da temperatura, podemos escrever Beet-w(tity) 63) Qu Mexico = onde w designa uma relacao funcional. Existem diversas relacdes funcionais que po- deriam ser escolhidas e que satisfazem a relagao expressa pela Equagéo 5.3. Por simplicidade, a escala termodinamica de temperatura 6 definida como Qu Tn (6.4) a 7, Substituindo esta definicao na Equagao 5.3, © rendimento térmico de um ciclo de Carnot pode ser expresso em fungiio das temperaturas absolutas, (65) "hsemico Note que a Equacdo 5.4 nos fornece uma re- lagao entre temperaturas absolutas, porém nao nos informa sobre a grandeza do grau, nem so- bre uma temperatura de referéncia, Na proxima secdo, discutiremos a escala de temperatura de #48 ideal apresentada na Seco 2.8 ¢ mostrare- mos que tal escala satisfaz a relagao definida pela Equagao 5.4. ‘A Segunda Lei da Termedinamica 217 5.8 A ESCALA DE TEMPERATURA DE GAS IDEAL Nesta seco, consideraremos detalhadamente a escala de temperatura de gas ideal apresentada na Sogo 2.8. Essa escala é baseada no seguinte fato: a medida que a pressio de um gas tende a zero, a sua equagio de estado tende a equagio de estado do gas ideal, ou seja: Pu=RT Sera mostrado que a temperatura de gés ideal satisfaz a definicao de temperatura Lermodinami- ca apresentada anteriormente por meio da Equa~ do 5.4. Mas, em primeiro lugar, vejamos como um gs ideal pode ser usado para medir a temperatu- ra em um termémetro a gas de volume constan- te, Um esquema desse termémetro é mostrado na Figura 5.21. bulbo de gas € colocado no local em que a temperatura deve ser medida e, entéo, a coluna de merctirio € ajustada de maneira que o nivel de merctitio fique na marca de referéncia A. Assim, © volume do gas permanece constante. Admits que 0 gas no tubo capilar esteja & mesma tempe- ratura do gés no bulbo. Entao, a pressdo do gas, correspondente & altura L da coluna de merctirio, uma indicagao da temperatura, Como referencial de temperatura, pode-se utilizar a temperatura do ponto triplo da agua (273,16 K). Desse modo, mede-se a pressio que Tubo capilar Figura 5.21 Esquema de um termémetro a gés de volume constante, 218 Fundamentos da Termodinémica esti associada & temperatura desse ponto e desig- na-se essa pressio por P,,,. Entio, utiizando-se a definigao de gas ideal, qualquer outra temperatu- ra T pode ser determinada a partir da medida da pressio P por meio da relagio Te amnslz| a) Do ponto de vista prético, temos 0 problema de que nenhum gas se comporta exatamente como um gas ideal. Entretanto, sabemos que 0 compor- tamento de todos os gases tende ao do gas ideal quando a pressao tende a zero. Admitamos, entdo, que uma série de medidas da temperatura do pon- to triplo da agua sejam realizadas com quantida- des diferentes de g4s no bulbo. Isso significa que a pressdo medida nesse ponto, e também a pressio medida em qualquer outra temperatura, variaré Se a temperatura indicada 7; (obtida com a hip6- tese de que 0 gas se comporta como um gas ideal) for representada graficamente em fungao da pre so do gas, obtém-se uma curva como a mostrada na Figura 5.23. Quando essa curva é extrapolada até a pressao mula, obtém-se a temperatura de gas ideal correta, Se utilizarmos gases diversos, pode- remos obter curvas diferentes, porém todas indi- cam a mesma temperatura na pressio nula, Esbogamos apenas os aspectos ¢ os prin- ipios gerais para a medida de temperatura na escala de temperatura de gés ideal, Os trabalhos de precisdo nesse campo sao dificeis e laboriosos € existem poucos laboratérios no mundo em que esse trabalho de preciso é executado. A Esca- la Pratica Internacional de Temperatura, que foi mencionada no Capitulo 1, se aproxima muito da escala lermodindmica de temperatura. Além dis- EXEMPLO 5.3 Em um termémetro de gés ideal de volume constante, no ponto de congelamento (veja Segiio 1.11) da 4gua, ou seja, 0 °C, a pressio medida € de 110,9 kPa e, no ponto de ebulicao Anilise: Pela equagao de estado do gas ideal PV = mR. para massa e volume constantes, a presstio va- ria linearmente com a temperatura, como mos- trado na Figura 5.22 P=CT, em que 7’ éa temperatura absoluta do gas ideal, Solucao: Inclinagao da reta a partir dos dados AP _151,5-110,9 ,406 kPa*C AT 100-0 Extrapolando do ponto 0 °C para P = 0 110,9 kPa 7 = 9-10 8 _ 273,15 °C 0,406 kPa°C ‘Que & compativel com a defnicho atual das escals Kelvin e Celsius (100 °C) é de 151,5 kPa, Por meio de uma ex- trapolacao, estime para qual temperatura, em. °C, a pressio iguala-se a zero. 1515 1109 FIGURA 5.22 Grafico para o Exemplo 8.3, Este resultado estabelece a relacdo entre tem- peratura absoluta de gas ideal em Kelvin e a escala de temperatura Celsius*. e Pressio no ponto tiple, Fp, Figura 5.23 Esbogo aus mostra como se determina a temperatura de 94s ideal. so, 6 muito mais cémodo trabalhar com essa esca- la nas medigdes de temperatura. Agora demonstraremos que a escala de tem- peratura de gés ideal 6, de fato, idéntica a escala de temperatura termodinamica que foi definida na discussdo sobre o ciclo de Camot ¢ a segunda lei da termodindmica, Nosso objetivo pode ser al- cangado analisando os processos que ocorrem em um motor térmico que opera segundo o ciclo de Carnot ¢ que utiliza um gas ideal como fluido de trabalho. Os quatro processos que compoem um ciclo de Carnot e os estados termodinamicos 1, 2 3.e 4 podem ser vistos na Figura 5.24. Por conve- niéncia, consideremos que a massa de gas contida na camara seja unitéria, O trabalho realizado em cada um dos quatro processos, pode ser caleulado com a Equacao 3.16, ou seja: bw =P dv Como admitimos que o gés contide na céma- ra seja ideal, temos que 0 comportamento dele & dado por Pu=RT e sua energia interna pode ser calculada com a Equagao 3.33 du=CydT Admitindo que as variagdes de energia ciné- tica e potencial sejam despreziveis, a equagao da primeira lei por unidade de massa, Equacao 2.7, é: oq = du + dw ‘A Segunda Lei da Termedinamica 219 Combinando as quatro equagées anteriores, obtemos para cada um dos quatro processos 6q = Coa + EP ay (6.6) ° A forma da curva dos dois processos isotérmi- cos mostrados na Figura 5.23 é conhecida, uma vez que Pv & constante em cada caso. O proceso de adigdo de calor 1-2 6 uma expansio & Ty, urna vex que v2 6 maior do que »y. De forma andloga, 0 pro- cesso de rejeigao de calor 3-4 é uma compressao na menor temperatura, T),, ¢ 046 menor do que v3. 0 proceso adiabitico 2-3 6 uma expansao de Ty, para T,, com aumento do volume especifico, enquanto © processo adiabtico 4-1 6 uma compressio de T;, para Ty, com redugao do volume espectfico. A area sob a curva que representa cada etapa do proces. so representa o trabalho realizado pelo sistema na~ quela etapa, como indicado na Equagao 3.17. Agora vamos integrar a Equagao 5.6 em cada um dos quatro processos que compdem o ciclo de Carnot. Para 0 processo isotérmico de adigao de calor 1-2, teros Qu = 19 0+ RT In 61D 1 Para o processo 2~2 dividimos por 7, obtendo expansio adiabatica, nés Ts Cxo Ye 5 O- far + Rin’ (8) Figura 5.24 Ciclo de Carnot que opera com um gas ideal 220 Fundamentos da Termodinamica Para 0 processo isotérmico de rejeigao de ca- lor 3-4 do gés contido na camara, temos 20) *-0- RT, Int = Us a (69) = RT, In U% Para o processo 4-1, compressao adiabatica, dividindo por T, temos Ty of, Sear sina (6.10) 4 Utilizando as Equagées 5.8 e 5.10, obtemos 5 , f Guo ar = 4Rin2 = -Rin T n tp 4 Portanto: v 2% _ 2 4 ou B-2 Gly 1 4 ey Assim, das Equagées 5.7 ¢ 5.9 e substituindo a Equagao 5.11, obtemos: 2, Ry In Ze ge Te que é a Equagao 5.4, a definigao da escala termo- dindmica de temperatura relacionada com a se- gunda lei, 5.9 MAQUINAS REAIS E IDEAIS Se utilizarmos a definigdo da escala de tempera- tura termodinamica, estabelecida na Equacao 5.4, podemos calcular a eficiéncia térmica da motor de Carnot com a Equacao 5.5. Observe, também, que 0 coeficiente de desempenho de um ciclo de Carnot que opera como refrigerador, ou bomba de calor, & dado por Qe Ty, -— 5.12 p Qy = Q, Camo Ty = Ty, oe) pa Su Tn 6.13) "Oy -Q, cate Ty =T, As primeiras igualdades presentes nas Equa- ges 5.5, 5.12 e 5.13 sao baseadas em definicoes que utilizam conceitos da primeira lei da termo- dindmica e, por isso, sto sempre verdadeiras, Ja as segundas igualdades s6 séo vélidas para ciclos reversiveis, ou seja, ciclos de Carnot. Lembrando que qualquer ciclo térmico real (motor, refrigera- dor ou bomba de calor) & menos eficiente que o ciclo reversivel equivalente, temos 1-84 g1-e Qu Ty Qe Qn - OTH "Mesiso reat = Broa * Deve ser feito um comentario final sobre 0 sig- nificado do zero na escala termodinamica de ter peratura e seu relacionamento com a segunda lei da termodinamica. Considere um motor térmico de Carnot que recebe uma determinada quantidade de calor de um reservatério térmico a alta tem- peratura, A medida que diminui a temperatura na qual 0 calor é rejeitado, 0 trabalho produzido au- menta ¢ a quantidade de calor rejeitado diminui, No limite, o calor rejeitado é nulo, e a temperatura do reservatério térmico, correspondente a esse li- mite, € zero (absolute). Analogamente, no caso de um refrigerador de Carnot, a quantidade de trabalho necessaria para produzir uma determinada quantidade de refri- geracao aumenta a medida que a temperatura do espaco refrigerado diminui. O zero representa a temperatura limite que pode ser atingida, pois, & medida que a temperatura do ambiente que esta sendo refrigerado tende a zero, o trabalho neces: sdrio para produzir uma quantidade finita de refti- geracao tende a infinito, Nos exemplos e discussées anteriores, consi- deramos que as transferéncias de calor nos ciclos de Carnot ocorrem com reservatérios térmicos (em que a temperatura é constante) e utilizamos essas temperaturas para calcular a eficiéncia dos ciclos. Entretanto, as expressdes para as taxas de calor por conducdo, conveccao ¢ radiagao apre- sentadas no Capitulo 3, apresentam a seguinte forma geral ‘A Segunda Lei da Termedinamica 224 EXEMPLO 5.4 Consideremos 0 motor térmico mostrado es- quematicamente na Figura 5.25 que recebe a taxa de calor de 1 MW na temperatura de 550 °C e rejeita energia para a sua vizinhan- ¢a.a 300 K. A poténcia desse motor térmico, ou seja, a taxa de realizagao de trabalho, 450 kW. Calcule o valor da taxa de transferén- cia de calor para o ambiente e determine a efi- ciéncia desse motor térmico. Compare esses valores com os relativos a um motor térmico de Carnot, que opera entre os mesmos reser- vat6rios térmicos. Solucio: Considere 0 motor térmico como sistema. Apli- cando a primeira lei, temos 1 = Oy -W ea definieao de eficiéncia estabelece que Ww _ 450 ee eno) Memeo “9 ~ T 000 = 1.000 - 450 = 550 kW A eficiéncia do motor térmico de Carnot 6 de- terminada pelas temperaturas dos reservat6- rios térmicos. Assim SO 5504273 0,635, FIGURA 5.25 Esquema de motor térmico para 0 Exemplo 5 4. Apoténcia e a taxa de calor para o ambiente na, maquina de Carnot sao W = Memo Qu = 0,635 x1 000 = 635 kW 1, = Qy -W =1 000-635 = 365 kW Aeeficiéncia do motor térmico real, deste exem- plo, é pr6xima daquela de uma central termo- elétrica a vapor moderna, que tem eficiéncia ti- pica de 45%, mas essa eficiéneia é menor que a da maquina de Carnot, que opera entre os mes- mos reservat6rios térmicos. Isto implica que 0 motor real rejeita uma quantidade de energia para a vizinhanga (55%) maior do que o motor de Carnot (36%). Q=car 14) em que a constante C depende do modo de trans- feréncia de calor, ou seja 5 kA Cond C=-— jondugio: C= 5 Conveegaio: C = hA Radiagdo: C = eo A(7? + T2)(T, +1.) Para situagées mais complexas, em que a transferéncia de calor ocorre em ambientes com- postos ou a transferéncia de calor ocorre por meio de modos combinados, devemios estabelecer uma nova expressdo para o C da Bquacdo 5.14. 6 im- portante lembrar que o valor de C depende da geo- metria, de materiais e de modos de transferéncias de calor envolvidos na interagao do ciclo térmi- co com sua vizinhanga, Observe que é necessdrio que exista uma diferenga de temperatura para que ocorra a transferéncia de calor. Assim, o fluido de trabalho que percorre o ciclo nao pode atingir as temperaturas dos reservat6rios e isso 86 ocorreria se a drea de transferéncia de calor utilizada nos ciclos fosse infinitamente grande. 222 Fundamentos da Termodinémica EXEMPLO 5.5 Uma forma de um aparelho de ar-condiciona- do operar 6 como um refrigerador, resfriando uma sala em um dia quente, como ilustrado na Figura 5.26. A carga térmica a ser removida do ambiente ¢ igual a 4 KW para que ele seja man- tido a 24 °C. Sabendo que o ambiente externo esté a 35 °C, estime a poténcia necesséria para Ac interior 1, _Evaporador acionar 0 equipamento. Para que isso ocorra, nao analisaremos os processos que ocorrem no refrigerador, o que seré realizado no Capitulo 9, mas podemos avaliar um limite inferior para a poténcia requerida, supondo que o aparelho de ar-condicionado opera segundo um ciclo de Carnot. ‘Ar extorno Condensador — Ty ‘Compressor Su “f] : FIGURA 5.26 ‘Ar-condicionado para 0 Exemplo 5.5. Solugio: O coeficiente de desempenho é Ty, _273+24_ 35-24 27 Ty - Ts, Assim, a poténcia requerida pelo compressor seré Ww 4+ oa5 Kw pm Observe que essa poténeia foi caleulada para um refrigerador de Carnot e, desse modo, é a poténeia minima de acionamento de uma mé- quina de ar-condicionado que opera nas con- digdes do exemplo, No Capitulo 3 analisamos ‘Avcondicionado operando no modo de rfrigeragdo algumas express6es para as taxas de transfe- réneia de calor, Admita que a temperatura no condensador do condicionador seja 45 °C. Essa hip6tese é adequada porque o condensador do condicionador de ar deve transferir 4,15 kW para o ambiente externo, que apresenta tempe- ratura igual a 35 °C, através de uma superficie de transferéncia de calor com tamanho razod- vel. Como o ambiente é refrigerado, é necess ria a vazdo de ar a, pelo menos, 18 °C. Recalcu- lado 0 coeficiente de desempenho utilizando as temperaturas de 45 °C e 18 °C obtemos 10,8, 0 que é mais realista. Um refrigerador real ope- aria com coeficiente de desempenho da ordem_ de 5 ou menos. 5.10 APLICAGOES NA ENGENHARIA A segunda lei da termodinamica foi apresentada na forma como foi desenvolvida, apenas com al- guns comentérios adicionais e segundo um con- texto mais moderno. A sua principal decorréncia & a imposigao de limites aos processos: alguns pro- cessos no podem ocorrer na natureza, mas ou- tros, sim. Ela impde também restrigdes aos ciclos termodinamicos, tais quais os que ocorrem nas méquinas térmicas. Em quase todos os processos de conversao de energia com produgao de trabalho (depois, com frequéncia, convertido em energia elétrica) ha algum tipo de motor térmico ciclico enyolvido. E © caso, por exemplo, do motor de um automével, uma turbina de uma central de poténeia ou uma turbina edlica, A fonte primaria de energia pode ser um reservatério de armazenamento (combus- tiveis fésseis que podem ser queimados, tais como gasolina ou gas natural) ou algo mais transitorio, como a energia cinética dos ventos, cuja existén- cia decorre, em titima instancia, do aquecimento de ar atmosférico pelo sol Méquinas que violam a equagio da energia, digamos, que geram energia a partir de nada, s80 chamadas| ci, Jé foram feitas muitas tentativas de “demonstragao” desse tipo de maquina, tentou-se seduzir muitos investidores para fimanciar seu desenvolvimen- to, mas na majoria dos casos havia a introdugao oto-perpétuos de primeira ¢ ‘A Segunda Lei da Termedinamica 223 externa de algum tipo de energia, algo de dificil observagao (algo como um pequeno compressor que fornecia ar, ou algum combustivel escondido). Exemplos recentes sao a fusao a frio e o desequi- Ubrio elétrico de fases, processos que podem ser medidos apenas por engenheiros especialistas Atualmente, se reconhece que esses processos sao impossiveis. As méquinas que violam a segunda lei, mas obedecem a equacao da energia, so chamadas moto-perpétuos de segunda espécie, Ha mais suti- ezas nesse caso, € para os nao especialistas esas méquinas parecem de fato funcionar. H4 muitos exemplos delas®, e continuam a ser “inventadas", mesmo atualmente, mas envolvendo processos, muitas vezes, obscurecidos por uma sequéncia complicada de etapas. Motores Térmicos e Bombas de Calor Re: Em muitos desses sistemas, a transferéncia de ca lor acontece usualmente em um trocador de calor no qual o fluido de trabalho, que cireula in- ternamente ao equipamento, recebe ou rejeita ca- lor para um segundo fluido. Os motores térmicos estacionérios usam frequentemente um sistema externo de queima do combustivel (carvao, éleo, gas natural), como no caso de uma termoelétrica, ou recebem calor de um reator nuclear, Existem 5 Bnquanto proceaso virtual. (NT) PROCESSOS LIMITADOS PELA EQUAGAO DA ENERGIA (Primeira Lei) Possivel Impossivel Movimento em um plano —=Q_— 4 inclinado a partir do repouso cy ° ° Bola pulando 2 Conversao de energia Motor térmico ° tempo tempo QaW+a-n@ nel W=nQe nlimitado 224 Fundamentos da Termodinémica Conversao de energia Reagdo quimica de PROCESSOS LIMITADOS PELA SEGUNDA LEI Possivel Impossivel Transferéncia de calor 1, . Gamo termo de trabalho) C4 Tats) = Q(ara Tees) (Ae Phas) = @ (ara Vaziio méssica sem ener- Pora“® Prana Presa > Pata gia potencial ou cinética Conversio de energia W= Q (100%) Q= W (100%) Q>W+-mQ W = nQe nlimitado Combustivel + ar = produtos de 1] > Mniquina térmica reversive Produtos de combustao => morno combustao_ combustao_ ‘Trocador de calor frio | => misturador * apenas alguns tipos de motores térmicos nao es- taciondrios (ou seja, veiculares) com camara de combustao externa, particularmente 0 motor Stir- ling (veja Capitulo 10), que usa um gas leve como substancia de trabalho. Nas bombas de calor e nos refrigeradores, 0 fluido de trabalho sempre troca calor com subs- tancias externas ao equipamento, Em relagéo ao trabalho, ele & recebido na forma de energia elé- trica, ou por meio de um eixo em rotagao, como no caso do sistema de condicionamento de ar em automéveis. Em todos esses equipamentos, para que ocorra transferéncia de calor é necessério que haja uma diferenga de temperatura, de forma que as taxas de calor podem ser expressas por Qu CyATy © Q, = CAT, em que a variavel C das equagdes contém certas particularidades da transferéncia de calor e a érea de interface entre as substancia cnvolvidas. Ou seja, para um motor térmico, a substancia de tra- balho se move através do ciclo troca calor nas temperaturas, Tata = Te ATy @ Traica = Th + ATL Assim, 0 salto de temperatura efetivo 6, AD yr = Tatts ~ Toaixa = Ty ~ Tr, ~ (AT + ATs) (6.15) Na bomba de calor, o fiuido de trabalho tem de estar em uma temperatura maior que a do reser- vatério quente para o qual vai rejeitar Qj. No pro- cesso em que retira a taxa de calor Q,, do reserva- t6rio frio, ele deve estar em uma temperatura mais baixa do que a do reservatério, Entao temos, Tana = T+ AT © Teaixa = Th ATL © salto de temperatura efetivo do fluido de trabalho 6, entao: AT 30 = Tata — + (AT + AT)) 6.16) Esse efeito ¢ ilustrado na Figura 5.27 para 0 motor térmico e a bomba de calor. Observe que. em ambos os casos, a existéncia da diferenga finita de temperatura nos trocadores de calor provoca perda de rendimento, A eficiéncia maxima po vel do motor térmico diminui porque Tay, € me- nor que a do reservatério quente, & Thais & maior que a temperatura do reservatério frio. No caso da Figura 5.27 Salto de temperatura para motores térmicos e bombas de calor bomba de calor (também de um refrigerador), 0 coeficiente de desempenho é menor em razio do maior valor de Ty. ¢ a0 menor valor de Thaixs- Para motores térmicos em que a conversio de energia ocorre no préprio fluido de trabalho, nao ha transferéncia de calor de ou para um reserva- t6rio térmico externo. Esse 6 0 caso tfpico de mo- tores de combustdo interna nao estacionérios (por exemplo, motores veiculares), que nao podem ter muitos componentes, algo que clevaria 0 volume ea massa, algo indesejavel. Nesse caso, quando 0 fluido de trabalho aquece, ha perda de calor para © ambiente, com redugio da pressiio (para certo volume fixado). Isso diminui a capacidade de re- alizagao de trabalho sobre qualquer fronteira mé- vel. Esses processos sao mais dificeis de analisar e requerem mais conhecimento para a determina- 40 do efeito liquido sobre a eficiéneia, Em capitt- los posteriores utilizaremos modelos simples para descrever esses ciclos. Um comentario final sobre motores térmicos ¢ bomibas de calor é que nao existem exemplos pré- ticos que operem exatamente como um ciclo de Carnot. Todas as méquinas térmicas cfclicas reais operam com ciclos um pouco diferentes daquele, ¢ as alteracdes sio determinadas pelo conceito fisico cempregado, como mostrado nos Capitulos 9 ¢ 10. ‘A Segunda Lei da Termedinamica 225 Alguns Eventos Marcantes na Historia da Termodinamica A forma como se deu o progresso no entendimen- to das ciéncias fisicas fez com que o desenvolvi- mento basico da segunda lei ocorresse antes do da primeira lei. Uma grande variedade de pessoas com diferentes formagées trabalharam nessa érea do conhecimento, entre elas, Carnot e Kelvin den- tre outros relacionados na Tabela 5.1, que, junto com avangos na matemética e na fisica, impulsio- naram a Revolucdo Industrial. Muito desse desen- volvimento ocorreu na segunda metade do século XIX e continuou no inicio no séeulo XX, com o de~ senvolvimento da turbina a vapor, do motor a ga- solina e a diesel e do refrigerador moderno. Todos essas invengdes e desenvolyimentos provocaram um profundo impacto em nossa sociedade. RESUMO A apresentacdo cléssica da segunda lei da termo- dinamica parte dos conceitos de motor térmico refrigerador. Um motor térmico produz trabalho a partir da transferéncia de calor de um reserva- t6rio térmico a alta temperatura e sua operag: 6 limitada pelo enunciado de Kelvin-Planck. Os refrigeradores, que funcionalmente so iguais as bomibas de calor, transferem ealor de um reserva- trio a baixa temperatura para outro reservatério a alta temperatura e esse processo nao ocorre na- turalmente. erunciaco de Clausius estabelece que € necessério trabalho para que ocorra a trans- feréncia de calor de um reservatorio a baixa tem- peratura para o reservatério a alta temperatura, Para avaliar o limite desses dispositivos cfclicos, 08 processos reversiveis foram discutidos e apre- sentamos 0s processos opostos, os irreversiveis, © as maquinas impossiveis. 0 moto-perpétuo de primeira espécie viola a primeira lei da termodi- namica (lei de conservacao da energia) e 0 moto- -perpétuo de segunda espécie viola a segunda lei da termodinamica, As limitagdes operacionais dos motores térmi- cos (quantificadas pela eficiéneia térmica) e dos refrigeradores (quantificadas pelo cocficiente de desempenho) foram analisadas utilizando os ci- clos de Carnot como referéncia. Dois teoremas re- lativos a dispositivos que operam segundo 0 ciclo de Carnot, sao formas alternativas de expressar Fundamentos da Termodinamica Tabela 5.1 Eventos hist6ricos importantes na termodinémica 1860 1887 we 14 1738 172 1765 ser 1824 1827 1839 1842 1848 1848 1880) 1865 1877 1878 1882 1882 1893 1896, 1927 Robert Boyle Isaac Newton Thomas Newcomen & Thomas Savery Gabriel Fabrennet Daniel Bernouli Anders Celsius James Watt Jacques A.Chares| Sadi Carnal George Ohm Wiliam Grove Julius Robert Mayer James P Joule Wiliam Thomson udolt Clausiuse, depois, Wiliam Rankine Rudolf Clasius Nikolaus Otto 4. Wild Gibbs Josep Fourier Fudcit Diesel Henry Ford General Electric Co, {Va costal (primeira tata de formula i par os goss) Lei de Newton, revi, ldo movimento Primera mquinaa vapor usando um conuntopisto-cilinro Primero eméneta de etito Forgas hidedulicas, equago de Beroull (Czptuo 7) Propbea Escala Celis ‘Maquina a vapor com candensador separado (Capitulo 9) Rela ere Ve Tpaao gis ideal Goncete de maquina rica, que suger segunda el Lei de Ohm formulaca Primer cua de combust! (Capul 13) Conservagao de eneaia { media a rel ete calor trabalho Lorde Kein prope a escal esol de rer, cum bas otal realad por Camel Crates Primera de consrvagao da eneria.Alemacinamica uma nova inca Emu sistema fechad,aenropia (Capt ) sempre aumenta (segunda li Desenvolve 0 motor de ciclo Otto (Capitulo 10) Equloriohterogéne, rear ds tases Teoria da matemalica de vanseéia de calor Planta de geragdo de eletricidade em Nova York (Cap'tulo 9 ) Desenvolveo moor ignigo por cmpresso (Capt 1) Primeiro Ford (quadriciclo) montado em Michigan Primeiro refrigerador & comercializado (Capitulo 9) aa segunda lei da termodindmica em vez, dos enun- ciados de Kelvin-Planek e Clausius. Esses teo- Temas nos levaram a formulagdo da escala ter- modinamica de temperatura, feita por Kelvin, a obtengao da eficiéncia do ciclo de Carnot. Nés também mostramos que a escala de temperatura termodinamica é igual escala de temperatura de 4s ideal introduzida no Capitulo 2. Apés estudar o material deste capitulo, vocé deve ser capaz de: * Entender os conceitos de motor térmico, refri- gerador e bomba de calor. * Ter conceito do que sdo processos reversiveis. * Conhecer e irreversiveis. identificar varios processos © Conhecer o ciclo de Carnot, Entender a definicao de rendimento térmico de um ciclo motor. Entender a defini¢ao de coeficiente de desem- penho de um refrigerador ou bomba de calor. Conhecer as diferengas entre temperaturas absolutas ¢ relativas. Aplicar o limite de rendimento térmico impos- to pela segunda lei da termodinamica na anéli- se de um problema. Verificar se 0 rendimento térmico de um motor real 6 razoavel, Aplicar o limite de coeficiente de desempenho imposto pela segunda lei da termodindmica na anélise de um problema. Verificar se 0 coeficiente de desempenho de um refrigerador real, ou de uma bomba de ca- lor real, é razoavel, ‘A Segunda Lei da Termedinamica 227 CONCEITOS E EQUAGOES PRINCIPAIS Motor térmico: Wyn = Qy = 15 Mer Fin - & | Oy Bomba de calor: Wee * 1-3 Bac = ae wie Refrigerador: War = Qy = Qs Bre = Gee = GS Fatores que tornam um processo irreversivel: _atrito, expansio nao resistida (W = 0), transferéncia de calor com diferenga finita de temperatura, corrente elétrica através de uma resisténcia, combustao, restri- do no escoamento ete. Cielo de Carnot: 1-2 Adigao de calor isotérmica (Qy a Ty) 2-3 Processo de expansio adiabatico (a temperatura cai) 3-4 Rejeigdo de calor isovérmica (Q,, aT, ) 4-1 Processo de compressao adiabatico (a temperatura aumenta) ‘Teorema I Nreal $ Nreversivel MeSMO Ty, Ty, ‘Teorema II Ncamot = Ncamorz Mesmo Ty, Ty, Te Qu ‘Temperatura absoluta: Ty Qu Motor térmico real: Bomba de calor real: Bo = Beamer Bo Refrigerador real: ‘Taxas de calor: PROBLEMAS CONCEITUAIS 5.1 Dois motores térmicos operam entre os dade de trabalho. Se a bomba A é melhor mesmos reservatérios térmicos e ambos do que a B, qual delas transfere mais calor recebem a mesma quantidade de calor Qj. para o reservatério de alta temperatura? Um motor é reversivel ¢ 0 outro, nao. Qual I 8.3 Suponha que esquegamos 0 modelo de earelacio entre os valores de @,, dos dois transferéncia de calor Q= CAAt, E possivel esbocar alguma informagao sobre a direcao 5.2 Compare duas bombas de calor domésticas de Qa partir da segunda lei? (4 e B) que consomem a mesma quanti- 54 55 5.6 5.7 5.8 Fundamentos da Termodinamica Uma combinagiio de dois motores térmi- 5.9 cos é mostrada na Figura P5.4. Encontre a eficiéneia térmica global como fungio das suas eficiéncias térmicas individuais. ©) © | lls 5.10 a FIGURA P5.4 Compare dois motores térmicos recebendo ‘© mesmo calor Q, um deles de uma fonte a 1.200 K e 0 outro de uma fonte a 1 800 K, ambos rejeitando para um reservatério tér- mico a 500 K. Qual deles é melhor? Um motor de automével 6 alimentado com ar atmosférico a 20 °C e descarrega 0 ar no ambiente a -20 °C. O motor no con- some combustivel e produz certo trabalho, Analise esse motor utilizando a primeira e a segunda lei da termodinamica. & possivel construir esse motor? 5.12 Uma combinagao de dois ciclos de refrige- ragao mostrada na Figura P5.7. Encontre 0 Coeficiente de desempenho global como funeao dos coeficientes de desempenho in- dividuais COP, ¢ COP, me ie a): TT puna ser Vocé volta para casa, apés uma longa via- gem, e desliga 0 motor de seu veiculo. motor € resfriado ¢ assim volta ao mesmo estado em que estava antes de ser aciona- do. 0 que aconteceu com toda a energia li- berada pela queima do combustivel? E com todo o trabalho realizado no percurso? 5.13 5.14 Um motor térmico reversivel que queima carvao (na prética é impossivel construir uma maquina completamente reversivel) tem algum outro impacto sobre o planeta, além de reduzir as reservas de carvao? A eficiéncia das centrais térmicas aumen- ta com a queda da temperatura do reser- vat6rio térmico, em que ocorre a rejeicao de calor do ciclo. Por que as centrais nao rejeitam calor em reservatérios térmicos a 40°C? A eficiéncia das centrais térmicas aumen- ta com a queda da temperatura do reser- vatério térmico, em que ocorre a rejeigao de calor do ciclo. Por que as centrais nao rejeitam o calor em evaporadores de refri- geradores, a uma temperatura préxima de =10 °C, em vez de rejeitar no ambiente a 20°C? A temperatura méxima encontrada nos ci- clos da poténcia das centrais elétrica que consomem carvao é préxima de 600°C, en- quanto a temperatura maxima encontrada nas turbinas a gas é 1 400 K. Ns devemos substituir todas as centrais a carvao por turbinas a gés? Uma transferéncia de calor s6 ocorre quan- do existe uma diferenga de temperatura, Quais sto as implicagdes dessa afirma- do sobre 0 comportamento dos motores térmicos reais? O mesmo ocorre com os refrigeradores? Gas de combustio, que pode ser modela- do com ar puro, a 1 500 K€ utilizado como fonte de calor em um motor térmico em que 0 gés ¢ resfriado até 750 K. Observe que existe variagéo de temperatura na fonte de alta temperatura do ciclo, Como es: variagao de temperatura afeta a eficiéncia térmica do motor? Admita que o ambiente no qual esteja localizado 0 motor esteja a 300 K. ‘A Segunda Lei da Termedinamica 229 PROBLEMAS PARA ESTUDO. Motores Térmicos e Refrigeradores 5.15 5.16 5.17 5.238 Um aparelho de ar-condicionado de janela remove 3,5 kJ do interior de uma residén- cia utilizando 1,75 kJ de trabalho. Quanta cenergia ¢ liberada no exterior e qual é 0 seu cocficiente de desempenho? 0 motor de uma segadeira produz 18 HP, usando a poténcia de 40 kW, transferida do combustivel queimado, Encontre a efic cia térmica e a taxa de transferéncia de ca- lor rejeitada para o ambiente Calcule a eficiéneia térmica da instalagao motora a vapor d’agua descrita no Exem: plo 4.7. Um refrigerador opera em estado estacio- nério usando 500 W de poténcia elétrica com um COP de 2,5. Qual é o efeito iquido no ar da cozinha? Um quarto aquecido com um aquecedor elétrico de 1500 W. Quanta poténcia elétri- ca pode ser economizada se uma bomba de calor com COP igual a 2,5 for utilizada para ‘o aquecimento do quarto? Caleule 0 COP do refrigerador que usa R-134a descrito no Exemplo 4.8. Calcule a eficiéneia térmica da central de poténcia a vapor descrita no Problema 4118, Uma grande central de poténcia que utili za carvao como combustivel tem eficiéncia térmica de 45% e produza poténcia elétrica de 1 500 MW. O carvao libera 25 000 kilrkg quando queima. Qual é 0 consumo hordrio de carvao? A poténcia utilizada para acionar um apa- relho de ar-condicionado de janela ¢ 0,5 kW eataxa de transferéncia de calor rejeitada no ambiente é 1,7 kW, Determine a taxa de transferéncia de calor no ambiente refrige- rado ¢ 0 COP do refrigerador. 5.24 W=05KW Ambiente tro. inter Ambiente quente exterior Compressor FIGURA P5.23 Um equipamento industrial é refrigerado utilizando-se a vazaio massica de 0,4 kg/s de Agua a 15 °C que é obtida pelo resfriamen- to de agua originalmente a 35 °C, pelo uso de uma unidade de refrigeragao com COP igual a 3. Encontre a capacidade de refri- geragtio requerida e a poténcia requerida pela unidade de refrigeragao, Calcule 0 COP da bomba de calor, que uti- liza R-410a, descrita no Problema 4.123. Um ar-condicionado de janela & ensaiado na bancada de um laboratério. O aparelho foi ajustado no modo de resfriamento e no- tou-se que a poténcia de acionamento do aparelho 6 750 W e o COP ¢ igual a 1,75. Determine, nestas condigdes, a capacidade de resfriamento do aparelho. Qual é 0 efei- to global da operacao do aparelho sobre 0 ambiente do laboratério? Um fazendeiro deseja utilizar uma bomba de calor, acionada com urn motor de 2 kW, para manter a temperatura de um galinhei- ro igual a 30 °C. A taxa de transferéncia de calor do galinheiro para o ambiente,

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