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caPituto 15 FUNCAO E TEOREMA DE EULER 15.1 FUNGAO DE EULER Definigdo 15.1 Chama-se fungdo de EULER a fungao aritméti ca (fi) assim definida para todo inteiro positivo n: $(n) = niimero de inteiros positivos que nao superan ne que sao primos com n+ Em outros termos: $(n) = numero de elementos do conjunto {xE€N] l¢gxgn e mdc(x,n) = 1} Em particular, $(1) = 1, porque o méc(1,1) =1,e para n>1, 0 mde(njn) =n #1, de modo que 4(n) = niimero de inteiros positivos menores que n e primes com n. Esta importante funcao aritmética 4$(n) também @ denomina da o indicador de ne, menos frequentemente, o totalizador den. 238 Exemplo 15.1 Se n = 30, entao os inteiros positivos steno ves que 30 e primos com 30 sao 1,7,11,13,17,19,23 e 29,de modo que $(30) = 8. Exemplo 15.2 Se n = 12, entZo 0 conjunto { wEN| L1 e s>1. Neste caso os inteiros de 1 a rs podem ser dispostos em r columas com s inteiros em cada uma delas, do seguinte modo: z ee « “h aie . meer r+2 rth 2x ar4+1 an +2 arth 3r (s-l)r +1 (s-l)r 2 (s-1)r+h sr Por ser o mdc(qr + h,r) = mdc(h,r), os inteiros da h-ési- ma coluna sao primos com r se e somente se 4h @ primo com r E como na primeira linha o nimero de inteiros que sao pri- mos com rx @ igual a $(r), segue-se que existem somente $(r) colunas formadas com inteiros que sao todos primos com r. Por outro lado, em cada uma destas 9(r) colunas 240 existem precisamente $(s) inteiros que sao primos com s, porque na progressao aritmética: h, rth, 2rth, ..., (s-L) rth onde o mdc(h,r) = 1, 0 numero de termos que sao primos com s @ igual a $(s). Assim sendo, o niimero total de in- teiros que sao primos com re coms, isto @, que sao pri- mos comrs, @ igual a (r) 6(s), e isto significa que o(rs) = 6(r) o(s). 15.2 CALCULO DE (n) Teorema 15 Seo inteiro n>1, entao $(n)=n-1 se e somente se n @ primo. Demonstragao: (——) se n>1 @ prim, entao cada um dos inteiros po sitivos menores que n é primo com n e, portanto, o(n) en - 1. (<==) Reciprocamente, se $(n) =n- 1, com n>1, en~ tao n @ primo, pois, se n fosse composto, teria pelo menos um divisor d tal que 11, entao: 242 kK kl &, ky-1 k 9 Gl = Goes Py) @,y ou seja: den I GL = Vp.) tet i Demonstragao: * Usarenos o "Teorena dz indupiio matenitica” sobre x, niimero de fatores primos distintos de n. A proposicgao @ verdadeira para r = 1 (Teorema 15.3). Supo- ~ nhamos, entao, a proposicao verdadeira para r =i. Como o em) Fe eat nde(p;'p,” ... pt, pit) e $(n) @ uma fmgio ariimética multiplicativa (Teorema 15.1), temos: ke KAI] kk ke k +1 slog FA seePy Pel iss 40," Py oo By) OCP ) za ou seja kel] k, kk, ¢ (,) 29 see k, Piet |r 4p, "p,2 243 ou, 4 vista da hipdtese de indugdo: k, k, k, k.+1 k, k,l k. hae dig t 2 Op Pg PE Pigg) = (Py dee, : ky kyl e (; Py e isto significa que a proposicdo é verdadeira para r=i+l: Logo, a proposigao @ verdadeira para todo inteiro positivo ne Exemplo 15.4 Calcular $(7865). ; a Por ser 7865 = 5,117.13, temos: (7865) = (5 ~ 1)(11? - 11) (13 - 1) = 4,110.12 = 5280 Exemplo 15.5 Calcular (1350). Por ser 1350 = 2.37.57, temos: (1350) = 1350(1 - 1/2)(1 - 1/3)(1 - 1/5) = = 1350.1/2.2/3.4/5 = 360 264 15.3 PROPRIEDADES DA FUNCAO DE EULER Teorema 15.5 Para todo inteiro positivo n>2, o(n) é um inteiro par. Demonstragao: Se n @ uma poténcia de 2, isto é, n k22, en- tao, pelo teorema 15,3: 1 (mn) = (2) = 2k - aya) = que @ um inteiro par. Se, ao invés, n nao @ uma poténcia de 2, entao n @ divisi- vel por um primo impar p, isto é: ne pn, onde k21 © 0 mac(pYm) =1 E,como $(n) € uma fumgdo artimética mitiplicativa (Teore ma 15.1), temos: om) = a0) o¢m) = 2h - 1) om) que @ também um inteiro par, porque 2|(p - 1). . Assim, $(n) @ um inteiro impar somente para n=1 e n=2: @Q) = $(2) = 1 245 Teorema 15.6 Se p @ um primo, entao: ‘ i = op) = isd Demonstragao: Pelo teorema 15.3, temos: 0p) = p= o(p?) op?) = cae 2. » s ' + cy} + ~ + + ~ 7 i ee ou seja: Portanto: k : k k E o(p') = 61) + pk - 11+ pe -1sp i-o 248 Teorema 15.8 Para todo inteiro positivo m,>1, a somtdos inteiros positiyos menores que ne que sio primos comn & igual a L Fa. ola) Demonstragao: Sejam AV 829 > Apcay os inteiros positivos menores que n e que sao primos com R. Como o mdc(a,n) = 1 se e somente se o mdc(n-a, n)=l, os inteiros positivos memores que ne que sao primos com n podem ser expressos pelas diferencas: Rays May, vey MAB) Portanto: ay + ay st bq) 7 (nra,) + (nray) +e. 64 (a-ag (gy) “ = a.¢(n) - (yt ay t+ ay cy) o que implica: ay tay tet Og CQ) t a. b(n) oa Exemplo 15.8 Verificar o teorema 15.8 com n = 15. Por ser 15 = 3.5, temos: 905) = G-G-1) = 2.428 247 @ igual a $(n/d). E como cada um dos n inteiros 1,2,3,... +eeyM pertence precisamente a uma unica classe Sq» temos:. Z $(n/d) =n, d|n Mas, quando d percorre todos os divisores positivos de n, © mesmo ocorre com n/d e, portanto: E o(n/d) = £ $(n) =n dln dln * Exemplo 1 Verificar o teorema 15.7 (de GAUSS) com n=10. Os divisores positivos de 10 sao 1,2,5,10 e, portanto, as classes $4 sao: {m|1l1 inteiros tais que o mdc(a,n) = 1. Se Bye Bpy wees Agen 8a0 08 inteiros positivos menores que n e que sao primos com n, entao cada um dos inteiros: p> AA), ve+y 48g ¢Q) & congruente médulo na um dos inteiros Ayr Aye ser Agcy) (nao necessariamente nesta ordem), Demonstrag i i intei a, a8 sao in- Dois quaisquer dos inteiros aay, 2a,,..., aay.) congruentes médulo n, pois, se fosse: 250 2a ¢ = aa; (mod.n), com 1 n)=1 e, portanto, podemos cancelar o fator comum aya, 192 «°° oq)? © que da: a9) = 1 (mod.n) Note-se que, se p @ um primo, entao $(p) = p-l, e seo mic(a,p) = 1: aPl = 1 (mod.p) que & 0 teorema de FERMAT. Assim, o teorema de EULER é uma generalizagdo do teorema de FERMAT. Exemplo 15.9 Verificar 0 teorema de EULER com n=9 e a=-4, 0 mdc(-4,9) =1 e (9) = 6. Portanto: (-4)PO) = (-4)% = 4096 253 E como 9/ (4096 - 1), segue-se que 4096 = 1 (mod.9), isto 8: (4%) = 1 (moa.9y Exemplo 15.10 Usando o teorema de EULER, resolver a con- gruéncia linear ax = (mod.m), onde o mde(aym) = 1, Pelo teorema de EULER, temos: 2). om) 1 (mod.m), ou: = (mod.m) Portanto: ax a? (a) b (mod.m) Como o mde(a,m) = 1, podemos cancelar o fator comum a, 0 que da: x= aP™"ly (nod nm) Consideremos, p.ex., a congruéncia linear 3x = 5 (mod.8), onde o mdc(3,8) = 1. Temos: 30-E 5 2 hs = 135 (mod.8) x 15.5 RELAGAO ENTRE AS FUNGGES $ Eu’ Teorema 1 Para todo inteiro n>1: o(n) =n £ u(d)/d dln 254 Demonstragao: Pelo teorema 15.7 (de GAUSS), temos: n= 2 $(da) ala @, portanto, pela forma de inversao de MOBIUS: om) = EF u(d)(n/d) =n £ uld)/d d[n dja fSrmula importante que relaciona as fungoes 6 de EULER e u de MOBIUS, Assim, p.ex.: 9(8) = 82 uld)/d = B(u(1)/1 + u(2)/2 + u(4)/4+u(8) /8)= als = (1/1 + (-1)/2 + 0/6 + 0/8) = 8M. - 1/2) = 4 10. 255 EXERCICIOS Caleular: (420), 91001), 9$(5040) e (8316). Caleular: d($(15)) e 9$(d(15)). Calcular: ($(p)s(p) + 1)/p, sendo p um primo. Verificar que $(n+2) = $(n) + 2 para n = 12,14,20. Verificar que $(n) = $(n+1) = $(n+2) para n = 5186. Verificar que 9(3*.568) = (3.638), onde o inteiro k20, Verificar que $(n) @ uma funedo aritmética multiplica tiva para n = 144. Mostrar que $(n) ndo & uma funedo aritmétion mltiplé cativa completa. Verificar 0 teorema de EULER com n=10 e a= 3. Usando 0 teorema de EULER, resolver as seguintes con- gruéncias Lineares: (a) 5x = 7 (mod.12) (b) 2x = 3 (mod. 9) (c) 7x = 1 (mod.10) (4) 8x = 4 (mod.5) (e) 2x = 1 (mod.17) (£) 5x = -3 (mod.8) 256 ll. 12, 13, 14. 15. 16. 17. 18. 21. : : Demonstrar que (n°) = n.¢(n) para todo inteiro-posi- tivo n. Demonstrar que, se n é um inteiro positivo impar, en- tao: (a) $(2n) = o(n) . (b) $(4n) = 2¢(n) Mostrar que 0 mdc(m,n) = 2 implica (mm) = 29(m)o(n). Demonstrar que o niimero de fragoes positivas irreduti- veis menores ou iguais a 1 com denominador n @ igual a o(n). Verificar o teorema 15.6 com p=3ek=4. Verificar o teorema 15.8 com n= 17 en = 28. Verificar o teorema 15.7 (de GAUSS) com n = 36,105,147. Mostrar que, se n @ um inteiro par, entao: $(2n) = 26(n). . Demonstrar que $(3n) = 30(n) se e somente se 3|n. Demonstrar que $(n) = se e somente se n= 2*, onde k21. Demonstrar que Yn/2< $(n).1 temr fatores pri- mos distintos, entao (a) 20/2", Demonstrar que, se o inteiro n>1 @ composto, entao o@)

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