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DISCIPLINA TEORIA DO CONHECIMENTO

1.1 O CONHECIMENTO

Existem dois elementos essenciais no conceito de Filosofia. Ao contrário da


atitude dos especialistas, a Filosofia se dirige à universalidade dos objetos, que procura
apreender intelectualmente. Nesse sentido, pode ocupar-se mais do ser humano que
investiga, ou da realidade que é investigada; pode privilegiar a autorreflexão, ou a
busca de compreensão do mundo.
O conhecimento filosófico se distingue do conhecimento científico por ser mais
amplo e por se ocupar da realidade de modo geral, buscando-a em seus princípios.
Sendo, portanto, uma autorreflexão do espírito humano sobre o seu comportamento
prático (o que a coloca em contato com a arte e com a religião) e sobre o seu
comportamento teórico, a Filosofia vai se ocupar do conhecimento humano nos seus
pressupostos mais fundamentais. O conhecimento pode ser examinado do ponto de
vista da Lógica, isto é, de como deve ser corretamente organizado; e do ponto de vista
da Teoria do Conhecimento, que discute a possiblidade, ou não, do conhecimento
verdadeiro.
Na Filosofia antiga, a Teoria do Conhecimento está inclusa na Metafísica, e se
organiza em função do Ser. Seu foco principal é o objeto do conhecimento, e não o
sujeito. Na Filosofia moderna, a partir de John Locke, aparecem, de forma sistemática,
as questões da origem, da essência e da certeza do conhecimento, questões que já
haviam sido também abordadas no pensamento de René Descartes, que lhe é um
pouco anterior. Essa discussão alcançará seu apogeu na filosofia de Immanuel Kant.

A Teoria do Conhecimento é, pois, uma reflexão sobre o ato de conhecer em


geral, onde encontramos a seguinte situação: no ato de conhecer temos a consciência
e o objeto, sendo o conhecimento a relação que se estabelece entre ambos. O
dualismo sujeito/objeto é típico da essência do conhecimento; o sujeito só o é para um
objeto, e o objeto, da mesma forma, para um sujeito.
O objeto, ao ser conhecido, permanece transcendente ao sujeito e dele
independente; o sujeito, ao conhecer, apreende algumas das propriedades do objeto,
que formam como que uma sua imagem. Pode-se dizer que o conhecimento é uma
determinação do sujeito pelo objeto; o sujeito se conduz de modo a receber o objeto,
mas não de forma passiva; no processo de conhecimento há uma atividade
desenvolvida pelo sujeito cognoscente.
O conceito de verdade traduz a essência do conhecimento. Conhecer é
conhecer verdadeiramente, um “conhecimento falso” é um erro e uma ilusão, e não
propriamente conhecimento. Entende-se por VERDADE do conhecimento a
concordância da imagem (ou representação) que o sujeito faz do objeto com o
conteúdo real do objeto. O objeto em si não é verdadeiro nem falso, o conceito de
verdade traduz a relação entre o conteúdo do pensamento e o objeto conhecido.
Ainda se pode discutir se é possível a CERTEZA de que o conhecimento é
verdadeiro. Trata-se da questão do Critério da Verdade.
Examinando mais atentamente a questão do conhecimento, fica evidente que
são quatro os problemas fundamentais a serem discutidos:
- pode o sujeito apreender de fato o objeto? (Possibilidade do conhecimento)
- se o conhecimento é possível, qual é a sua fonte (Origem do Conhecimento)
- qual é a essência do conhecimento humano? (Ao conhecer, conhecemos as
coisas como elas são, ou elas são determinadas pelo sujeito?)
- qual é o critério do conhecimento verdadeiro? (Como saber se o
conhecimento é correto ou não?)

BIBLIOGRAFIA
- HESSEN, Johannes. Teoria do Conhecimento. Tradução de Antônio Correia.
Lisboa, Armênio Amado Editor, 1979. O texto acima apresentado se baseia em um
resumo da introdução e da primeira parte dessa obra.

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