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ESCOLA POLITECNICA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUGAO CIVIL PCC 3331: Tecnologia ¢ Gestdo da Produgio de Obras Civis: Edificios RECOMENDAGOES PARA A PRODUGAO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO EM EDIFICIOS Mercia Maria S. Bottura de Barros Silvio Burrattino Melhado Versao Ampliada e Atualizada em 2006: Mercia Maria S. Bottura de Barros ¢ Viviane Miranda Aradjo, a partir do texto original de 1998 Sao Paulo, 2006 SUMARIO 1 INTRODUGAO. 2. APRODUCAO DA ESTRUTURA DE EDIFICIOS COM CONCRETO ARMADO 20 2.1 PRODUGAO DAS FORMAS E ESCORAMENTO. 24 2.1.1 Conceituagao. 24 2.1.2 Propriedades ou Requisitos de Desempenho (para atender as fungdes das férmas).24 2.1.3 © Custo da Férma no Conjunto do Edifici0 nn 25 2.1.4 Elementos Constituintes de um Sistema de FOIMAS......000mmmn 26 2.1.5 Principais Materiais Utiizados para a Produgdo de Formas 27 2.1.6 O Conceito Estrutural das Formas. 33 2.1.7 Estudo do SISTEMA CONVENCIONAL de formas de MADEIRA. 34 2.4.7.1 Caracteristicas da forma de laje sn 35, 2.1.7.2 Caracteristicas da forma de viga 37 21.73 Caracteristicas da forma do pilar. 38 2.1.8 Estudo de SISTEMAS de FORMAS RACIONALIZADAS 39 2.1.8.1. Objetivos da racionalizagao do sistema de formas sone 2.1.8.2 Recomendacées de projeto do edificio para aumentar a racionalizag40 vcr. 39 2.1.8.3 Agdes de racionalizagao do sistema de formas. 39 2.1.8.4 Pardmetros para escolha ou projeto do sistema de formas 47 2.1.8.5 Consideragdes sobre a execugdo das FEMS wun 47 2.1.8.6 Outros tipos de férma senntnnnninsnnnnnsni 47 2.2 AMONTAGEM DA ARMADURA. 50 2.2.1 Introdugao. 50 2.22 A Compra do Ago... 53 2.23 A organizacao do Ago no Canteiro .. 54 2.2.4 Corte da ArMAMUTA nen oe 57 2.2.5 Preparo da Armadura 61 2.2.6 Montagem da Armadura.. 65 2.3 ASPECTOS SOBRE A PRODUGAO DA ESTRUTURA DE CONGRETO 72 2.3.1 Recebimento do Sistema de Férmas. se 72 2.3.2 Montagem das Férmas dos Pilares. 72 2.3.3 Controle de Recebimento da Montagem dos Pilares.... 7 2.3.4 Montagem de Formas de Vigas e Lajes - 7 2.3.5 Controle de Recebimento da Férma de Vigas e Lajes 80 2.3.6 Procedimentos para a Concretagem dos Pilares. 81 2.3.7 Verificagao da Concretagem do Pilar. 2.3.8 Colocagao das Armaduras nas Formas de Vigas e Lajes..... 82 82 2.3.9 Verificagdes para liberago da Armadura de Vigas e Lajes svn BS 2.3.10 Procedimentos para a Concretagem das Vigas e Lajes 84 2.3.11 Procedimentos Recomendados para Langamento do Concreto. 85 2.3.12 Procedimentos para Desforma 86 3. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ve sone 6 1 INTRODUGAO. Considerando-se as estruturas dos edificios comumente construidos, pode-se propor uma classificagao fundamentada na sua concepcao estrutural, na intensidade de seu emprego ou mesmo a partir dos materiais que constituem a estrutura, dentre outras. - classificago quanto a concepgao estrutural Quanto a concepgao estrutural, ou seja, quanto a forma de transmissao dos esforcos, as estruturas podem ser classificadas em: * reticulada (figuras 1.1 1.2) * elementos planos (figuras 1.3 a 1.5) * outras - cascas; espaciais; pneumiticas; boxes, et (figuras 1.7a 1.9) As estruturas reticuladas séo aquelas em que a transmisséo dos esforgos corre através de elementos isolados tais como lajes, pilares e vigas ou pérticos. Nas estruturas planas a transmisséo de esforgos faz-se através de um plano de carregamentos, como, 0 caso dos edificios constituldos por paredes macigas de conereto armado ou mesmo de alvenaria estrutural. Figura 1.1 Edificios com estrutura reticulada de concreto io com estrutura reticulada de concreto Figura 1.3 Estrutura em elementos planos: painéis pré-fabricados de concreto armado com fungao estruturallportante — Sistema Pedreira de Freitas Figura 1.5 Estrutura em elementos planos: edificios em alvenaria estrutural Figura 1.7 Casca de alvenaria ceramica Figura 1.8 Casca em concreto armado Figura 1.9 Estrutura estaiada - classificagdo quanto a intensidade de emprego Quanto & freqiiéncia com que séo empregadas, as estruturas podem ser classificadas em « tradicionais; e * no tradicionais. As estruturas tradicionais séo consideradas como aquelas mais empregadas em um certo local. E 0 caso, por exemplo, dos edificios de médio e grande porte, construldos com estrutura de concreto armado moldado no local e dos pequenos edificios (um e dois pavimentos) construidos com alvenaria resistente. Pode-se considerar os nao tradicionais como sendo aqueles de uso menos freqiiente, tais como os edificios com estrutura de madeira, de ago, de alvenaria_estrutural (armada ou nao armada) e os de concreto_pré-moldados. - classificago quanto ao processo de produgao dos elementos resistentes Quanto ao local de produgao, as estruturas podem ter seus elementos classificados em * moldados no local; * pré-fabricados (em usina); © pré-moldados (em canteiro) Os elementos moldados no local séo aqueles produzidos jé no seu lugar definitive no Conjunto da estrutura. Os pré-fabricados so moldados numa usina e transportados até © canteiro, enquanto que os pré-moldados so fabricados no canteiro; porém, longe do local em que sero instalados. - classificagao quanto ao processo de produgao das estruturas Quanto ao processo de produgo, as estruturas podem ser classificadas em: «por montagem - acoplamento mecanico (figuras 1.10 a 1.12) * por moldagem no local (figuras 1.13 e 1.14) «por moldagem e montagem no local (figura 1.15) Figura 1.10 Acoplamento mecdnico: Boxes pré-fabricados de concreto armado com fungdo estrutural — construgdo pés-guerra na Europa Figura 1.13 Moldagem no local Figura 1.15 Moldagem e montagem no local - escada -classificagao quantoaos sistemas estruturais Quanto ao sistema estrutural utilizado, as estruturas podem ser classificadas_ em: sistema estrutural reticulado (figura 1.16) sistema estrutural com laje plana (figura 1.17) sistema estrutural com laje nervurada (figura 1.18) sistema estrutural com paredes macigas No sistema estrutural reticulado as lajes se apdiam nas vigas, e as vigas nos pilares. J, no sistema com laje plana, estas se apdiam diretamente sobre os pilares, sem que haja vigas para realizar a transmissao dos esforgos. O sistema com laje nervurada é similar ao com laje plana diferindo pelo fato de remover o concreto da regido da laje que nao esté sendo comprimida. 10 Figura 1.17 Sistema estrutural com laje plana Figura 1.18 Sistema estrutural com laje nervurada - classificagao quanto aos materiais constituintes, Considerando-se as construgées atualmente existentes no mundo sob a Etica do proceso construtivo, pode-se dizer que os materiais comumente empregados na produgao das estruturas de edificios sao: madeira - estrutura reticulada (figuras 1.19 e 1.20); ago - estrutura reticulada (figuras 1.21 a 1.23); alvenaria - estrutura em elementos planos (figuras 1.24. 1,28); concreto armado e protendido: pré-moldado e moldado no local - ambas as tipologias (figuras 1.30 a 1.32); * outros e mistos. MADEIRA A madeira, sobretudo pela dificuldade de obtengéo, é um material que vem tendo pouca utilizago na construgao de estruturas de edificios, principalmente no Brasil. Além disto, suas deficiéncias quanto a resisténcia mecanica e durabilidade, a falta de tradigao do usudrio, a legislagao restritiva quanto a sua utilizagdo (problemas decorrentes do elevado potencial de queima) e a ndo-politica de reflorestamento, também contribuem para o seu reduzido emprego, sendo empregada apenas em edificios de pequena intensidade de carregamentos (casas térreas ou sobrados). | Por outro lado, para esses pequenos edificios, a madeira se mostra vantajosa, pois permite o uso de ferramentas manuais para sua montagem, utilizagao equipamentos de transporte de pequeno porte, prazo de execugo curto e baixo custo. Existem estudos que procuram viabilizar a utilizagao de madeira de reflorestamento como material estrutural; outros que procuram desenvolver as ligagdes entre pegas de madeira para formarem componentes de maiores dimensées, viabilizando a execugao de estruturas maiores; outros ainda que procuram desenvolver materiais para serem empregados no tratamento da madeira, seja contra agentes agressivos (umidade, fungos, insetos) seja contra o fogo, a fim de aumentar a sua vida util. E Possivel, pois, que num futuro préximo, com 0 avango dos processos industrializados de construgao a utilizagéo desse material seja retomada. Figura 1.19 YINGXIAN PAGODA - Construido em 1056, na China, éamais alta estrutura inteiramente feita em madeira, com 61 m de altura. 12 AGO Figura 1.20 Estrutura em madeira de casa assobradada © aco, largamente empregado em paises mais desenvolvidos e com elevado potencial de utilizagéo devido as suas caracteristicas mecanicas (elevada resisténcia 4 compressao e tragdo), também vem sendo pouco utiizado no Brasil para a construgao de estruturas de edificios, principalmente nos de multiplos pavimentos. Sua utiiizagao vem se concentrando, sobretudo na produgéo da estrutura de edificios industrais. Pode-se dizer que existem alguns fatores "responsaveis" pela pequena utilizagéo do ago no Brasil, dentre os quais se destacam: . custo elevado do ago quando comparado ao do conereto armado; falta de tradicao construtiva e desconhecimento do processo_construtivo; normalizagées precarias, sendo ainda empregada normalizagao estrangeira; caracteristicas da mao-de-obra nacional: de baixo custo e pouca qualificagdo; o baixo custo leva a poucos investimentos nos ganhos de produtividade, que seria uma das grandes vantagens oferecidas pela estrutura de aco; falta de perfis adequados a construcdo de edificios, o que seria essencial para a implantagao de um mercado consumidor. No entanto, as industrias produtoras no assumem 0 investimento necessario; suscetibilidade a incéndio, exigindo tratamentos especiais nos_ elementos; utilizagéo de equipamentos pesados para montagens (guindastes, maquinas de solda, etc); necessidade de investimento na racionalizacao global do edificio. Nao obstante essas dificuldades, a produgao de um edificio em ago apresenta um elevado potencial de racionalizagdo devido as caracteristicas intrinsecas ao material, pois: 13 permite grande flexibilidade construtiva * toda a estrutura é previamente preparada em uma fabrica ou indiistria, ficando apenas a montagem para 0 canteiro; * para o preparo de cada pega é necessario um detalhamento prévio, e sendo assim, as decisées sdo necessariamente tomadas durante a elaboracéo do projeto e nao no canteiro durante a execugao do edificio; logo, ndo ha decisées de canteiro, os detalhes construtivos vém previamente definidos; * & possivel a modulagdo de componentes racionalizando-se as atividades de preparo e montagem da estrutura, bem como, possibilita o emprego de outros elementos construtivos modulados (vedagées, caixilhos); Em resumo, a construgdo com estrutura de ago permite a racionalizacao do edificio como um todo; porém, como no Brasil néo se tem padronizagdo de materiais e componentes, este potencial acaba por nao ser significative, frente as demais dificuldades de produgao do edificio, Figura 1.21 — Empire State: construido em 1931, com 412,5 m de altura 4 Figura 1.23 Edi io habitacional de pequeno porte, com pilares e vigas de ago ALVENARIA ESTRUTURAL A alvenaria, por sua vez, foi largamente utilizada no passado como material estrutural para a construgao de edificios com dois e até trés pavimentos. No entanto, com o surgimento do concreto armado cedeu lugar ao novo material. Hoje, a alvenaria ressurge com grandes possibilidades de emprego para a produgao de estruturas de edificios de multiplos pavimentos, sendo denominada alvenaria estrutural. E assim como o ago, é um material estreitamente ligado a racionalizago do proceso de produgdo, pois além de constituir a estrutura do edificio, constitui ao mesmo tempo a sua vedacdo vertical, 0 que proporciona elevada produtividade para a execugao do edificio. Além disso, a regularidade superficial dos componentes e a “precisdo” construtiva exigida pelo processo possibilitam o emprego de revestimentos de pequena espessura (como pode se ver na figura 1.29), reduzindo o custo deste subsistema 15 A utilizagao de equipamentos tradicionais e a auséncia quase total de residuo de construgao sao vantagens também apresentadas na utilizagao da alvenaria estrutural. Também as instalagdes podem ser racionalizadas ao se utilizar os componentes vazados de alvenaria (blocos) para a sua passagem, sem a necessidade de quebrar a parede e, consequentemente, sem a necessidade de se refazer o servigo, como se ve na figura 1.29. A utilizagao da alvenaria estrutural gerou a necessidade de desenvolvimento do processo construtivo e de produgao através do projeto para produgdo, no qual sao feitos a modulagdo das pegas e o detalhamento construtivo, a partir da integragéo com outros subsistemas. Como limitagées podem ser citadas: a impossibilidade de construir edificios de grande altura, a falta de flexibilidade arquiteténica e também a necessidade de componentes de alvenaria com caracteristicas adequadas Figura 1.24 Edificio para habitagao de interesse social em alvenaria estrutural de baixa altura Figura 1.26 Edificio de alto padrao em alvenaria estrutural 16 W Figura 1,29 Racionalizagao: revestimento de pequena espessura e passagem das instalagdes por dentro do bloco 18 CONCRETO PROTENDIDO concrete protendido tem sido empregado no Brasil desde a década de 50 em obras de grande porte (em geral edificios comerciais) e onde ha necessidade de grandes vos. Proporcionar grande flexibilidade de leiaute, requer racionalizagao do sistema de formas e possibilita maior organizagao do processo construtivo. Além disso, necesita de mao de obra especializada, de equipamentos especiais (como macaco de protensdo) e de grande diversidade de materiais a serem estocados e controlados. A utilizagao do conereto protendido pode se dar através de pegas pré-fabricadas, 0 que traz a vantagem da utilizagao da méo-de-obra tradicional no canteiro, confere maior limpeza e organizagao ao canteiro de obras e apresenta curto prazo de execugao. Por outro lado, diminui a flexibilidade arquiteténica, tem alto custo, pequenas alturas (cerca de 25 m) e vaos médios (aproximadamente 10 m), uma vez que o transporte das passa a ser o limitante. Figura 1.30 Cabos de protensao Figura 1.31 Edificios com elementos em concreto protendido 19 CONCRETO ARMADO Por fim, tem-se as estruturas executadas com o concrete armado que desde o seu surgimento ganhou espago significativo na construgao de edificios, sejam edificios baixos ou de multiplos pavimentos. E, sem diivida, o material estrutural mais utilizado hoje no Brasil, tanto moldado no local, como pré-fabricado. © estudo da produgao de edificios produzidos com cada um dos materiais, anteriormente citados, devido 4 sua complexidade, demandaria disciplinas especificas. Considerando-se esta publicacéo como basica e como referencial, sera abordada apenas a produgao de estruturas executadas com concreto armado moldado no local, devido principalmente a sua extensa ¢ intensa utilizagao em todo o pais. © concreto armado na forma de elementos pré-fabricados deverd ser abordado em conjunto com outros processos construtivos, considerados num patamar superior de industrializagao. A produgdo de edificios com os demais materiais devera ser abordada em disciplinas especificas, oferecidas para o curso de Engenharia Civil. Figura 1.32 Estrutura em concreto armado 20 2. APRODUGAO DA ESTRUTURA DE EDIFICIOS COM CONCRETO ARMADO. Os edificios produzidos em concreto armado muitas vezes recebem a denominagao de edificios convencionais ou tradicionais, isto ¢, aqueles produzidos com uma_ estrutura de pilares, vigas e lajes de concreto armado moldados no local. A execugao de elementos com concreto armado deve seguir um esquema basico de produgdo que possibilite a obtengdo das pecas previamente projetadas e com a qualidade especificada. Este esquema, apresentado genericamente na figura 2.1 producéo e embutidos preparo das férmas (eter | Sarcaens Sencketagea arnaduras + langanento + adensamento + cura | To preparo do transporte| desforma conereto peca pronta Figura 2.1 Esquema genérico do fluxograma de produgao de elementos de concreto armado. Considerando-se os fundamentos dados pelas disciplinas de Materiais de Construgao Civil, sobre o preparo, transporte, langamento e adensamento do concreto e cura dos componentes, ser dada énfase nos seguintes aspectos: producao das férmas; preparo das armaduras; produgo geral dos elementos de concreto armado (montagem das formas e armaduras, transporte do concreto e concretagem), considerando-se a tecnologia de produgao. 21 2.1 PRODUGAO DAS FORMAS E ESCORAMENTO 2.1.1 Conceituagao A forma pode ser considerada como o conjunto de componentes cujas fungdes Principais sao: * dar forma ao concreto - molde (figura 2.2); * conter o concreto fresco e sustenta-lo até que tenha resisténcia suficiente para se sustentar por si sé (figura 2.3); ‘+ proporcionar superficie do concreto a rugosidade requerida (figura 2.4); servir de suporte para o posicionamento da armagao, permitindo a colocagao de espagadores para garantir os cobrimentos (figura 2.5); * servir de suporte para 0 posicionamento de elementos das instalagoes ¢ outros itens embutidos (figura 2.6); * servir de estrutura proviséria para as atividades de armagéo e concretagem, devendo resistir as cargas provenientes do seu peso proprio, além das de servigo, tais como pessoas, equipamentos materiais (figura 2.7); + proteger o concreto novo contra choques mecénicos (figura 2.8); + limitar a perda de dqua do conereto, facilitando a cura (figura 2.9). Figura 2.2 Fungées do sistema de formas: dar forma ao concreto 2 Figura 2.3 Fungées do sistema de férmas: sustentagao do concreto até que ele atinja a resisténcianecessaria Figura 2.4 Fungées do sistema de formas: proporcionar a rugosidade e a forma requerida — laje nervurada Figura 2.5 Fungées do sistema de férmas: suporte para a armacao 23 Figura 2.6 Fungées do sistema de formas: suporte para o posicionamento de elementos das instalagdes e outros itens embutidos Figura 2.7 Fungées do sistema de formas: estrutura proviséria para as atividades de armagao e concretagem 4 Figura 2.8 Fungées do sistema de formas: proteger o concreto novo contra choques mecanicos Figura 2.9 Fun¢6es do sistema de férmas: limitar a perda de agua do concreto 2.1.2 Propriedades ou Requisitos de Desempenho (para atender as fungdes das formas) a) resisténcia mecanica a ruptura: significa apresentar resisténcia suficiente para suportar os esforgos provenientes do seu peso proprio, do empuxo do concreto, do adensamento e do trafego de pessoas e equipamentos; b) resisténcia @ deformacdo: significa apresentar rigidez suficiente para manter as dimensdes e formas previstas no projeto, ou seja, apresentar deformacao adequada e controlada; ©) estanqueidade: significa evitar a perda de agua e de finos de cimento durante a concretagem; d) regularidade geométrica: significa apresentar geometria compativel com as especificagées do projeto. Observa-se que a redugao de 10% na altura de uma viga interfere muito mais na resisténcia mecanica do elemento estrutural que uma variagao de 10% na resisténcia do concreto; ) textura superficial adequada: significa apresentar textura superficial compativel com as exigéncias do projeto, sobretudo nos casos de concreto_aparente; f) estabilidade dimensional: significa nao alterar as suas dimensdes durante o langamento ou durante a fase de cura, a fim de que os elementos estruturais, apresentem dimensdes compativeis com as definidas pelo projeto; g) possibilitar o correto posicionamento da armadura: ou seja, ndo deve apresentar detalhe de montagem que dificulte ou impega a colocagéo da armadura no local especificado pelo projeto; h) baixa aderéncia ao concreto: a fim de facilitar os procedimentos de desforma, sem danificar a superficie do elemento de concreto; i) proporcionar facilidade para o correto langamento e adensamento do concreto; j) nao influenciar nas caracteristicas do concreto: os seja, néo deve apresentar absorgdo d'égua que comprometa a necessidade de agua para a hidratagao do cimento do concreto e além disto, o desmoldante, quando utilizado, néo dever afetar a superficie do elemento de concreto que esta sendo _produzido; 1) seguranga: apresentar rigidez e estabilidade suficientes para nao colocar em risco a seguranga dos operdrios e da propria estrutura que esté sendo construida; m) economia: este aspecto est diretamente relacionado aos danos _ provocados durante a desforma, exigindo manutengao ou mesmo reposicao de parte das formas; 4 facilidade de montagem e desforma e ao reaproveitamento que o sistema pode proporcionar. 2.1.3 O Custo da Férma no Conjunto do Edificio Uma férma para desempenhar adequadamente as suas fungées, apresentaré, de modo geral, o seguinte percentual de custo com relagao ao edificio: custo da férma = 50% do custo de produgao do concreto armado; custo do conereto armado = 20 % do custo da obra como um todo; custo da férma = 10% do custo global da obra Estes dados sao apresentados no grafico da figura 2.10, a seguir. o~ ) Armadura Figura 2.10 Grafico da relagao de custo: formasledificio Cabe observar aqui que a férma , um elemento transitério, isto 6, n&o permanece incorporado ao edificio, tendo uma significativa participacéo no custo da obra como um todo. E, pois, uma parte da obra que merece estudos especificos para a sua racionalizagao e, portanto, melhor aproveitamento e consegiiente redugao de custos. 2.1.4 Elementos Constituintes de um Sistema de Férmas Pode-se dizer que o sistema de formas é constituido pelos seguintes elementos: molde, estrutura do molde, escoramento (cimbramento) e peas acessérias. Molde 6 0 que caracteriza a forma da pega e, segundo Fajersztajn [1987], 6 0 elemento que entra em contato direto com o concreto, definindo o formato e a textura concebidos para a pega durante o projet. E constituido genericamente por painéis de laje (figuras 2.12 a 2.16), fundos e faces de vigas (figuras 2.17 a 2.19) e faces de pilares (figura 2.20 a 2.22) Estrutura do Molde - & 0 que da sustentagdo e travamento ao molde e, segundo Fajersztajn [1987], € destinada a enrijecer 0 molde, garantindo que ele nao se deforme quando submetido aos esforgos originados pelas afividades de armacéo e concretagem, podendo ter diferentes configuragdes em fungao do sistema de formas e da pega considerada. E constituido comumente por gravatas, sarrafos acoplados aos painéis e travessdes Escoramento (cimbramento) é 0 que dé apoio 4 estrutura da forma. E 0 elemento destinado a transmitir os esforgos da estrutura do molde para algum ponto de suporte no solo ou na prdépria estrutura de concreto [Fajersztajn, 1987]. E constituido genericamente por guias, pontaletes e pés-direitos. 27 Acessérios - componentes utiizados para nivelamento, prumo e locagao das pecas, sendo constituidos comumente por aprumadores, sarrafos de pé-de-pilare cunhas. 2.1.5 Principais Materiais Utilizados para a Produgao de Formas a) MOLDE: é comum o emprego de: + madeira na forma de tébua ou de compensado (figuras 2.11, 2.12, 2.17 € 2.20); + materiais metélicos - aluminio e ago (figuras 2.13, 2.18 e 2.23); e ainda, * outros materiais como 0 concreto (figura 2.16), a alvenaria, o plastico (figura 2.14), 0 papelao (figura 2.22), a forma incorporada (por exemplo, o poliestireno expandido ou lajotas cerdmicas e materiais sintéticos (figuras 2.15, 2.19 e 2.21), b) ESTRUTURA DO MOLDE: é comum 0 emprego de: - madeira aparelhada, na forma de treliga ou perfis de madeira colada; (Figura 2.15) - materiais metalicos: perfil dobrado de ago, perfis de aluminio, ou treligas; - mistos: ou seja, uma combinagao de elementos de madeira e elementos metélicos (Figura 2.20). c) ESCORAMENTOS: é comum o emprego de: - madeira bruta ou aparelhada (figuras 2.24, 2.25 e 2.26); - ago na forma de perfis tubulares extensiveis e de torres (figuras 2.26 e 2.27) d) ACESSORIOS: 6 comum a utiizagdo de elementos metalicos (ago) e cunhas de madeira. Figura 2.11 Chapa de madeira compensada 28 fonte: http://arg.ufmg.br Figura 2.13 Molde: ‘steel deck” (painel para laje mista) aS Figura 2.14 Molde: painel de laje em plastico reforgado — laje nervurada Figura 2.15 Molde: painel de laje sintético Figura 2.25 Estrutura do molde em madeira 29 Figura 2.18 Molde: paine! metélico para vigas 30 i a Figura 2.21 Molde: forma modulada sintética para pilar 31 32 Figura 2.24 Escoramento em madeira e escoramento metalico Figura 2.27 Escoramento em ago 2.1.6 O Conceito Estrutural das Férmas. As formas so estruturas provisdrias, porém, so ESTRUTURAS e como tais devem ser concebidas. Os esforgos atuantes em quaisquer pegas constituintes do sistema de formas séo dados por: * peso préprio das formas; 34 + peso do concreto e do ago; * sobrecarga: trabalhadores, jericas, outros equipamentos; * empuxo adicional devido a vibragao, nas pegas de maior profundidade. Definido 0 esforgo atuante, tem-se que o mesmo: a) atua sobre o painel que constitui o molde, isto é, sobre a chapa de madeira, de compensado, metalica ou mista; b) a chapa do molde transmite os esforgos recebidos a um reticulado de barras (estrutura do molde), pelo qual é enrijecida; ¢) complementando e equilibrando a estrutura do molde tém-se as escoras (pontaletes © pés-direitos) transmitindo a carga para o solo ou para a estrutura ja executada. 2.1.7 Estudo do SISTEMA CONVENCIONAL de formas de MADEIRA Na produgao da estrutura de edificios emprega-se a madeira em formas de lajes, vigas e pilares, escadas, caixas d'agua, entre outros Para a execugéo dos MOLDES desses elementos atualmente empregam-se tabuas, mas principalmente chapas de madeira compensada. ‘As tébuas empregadas em geral s4o de pinho de 3* linha industrial ou de construgao, com as dimensées de 2,5cm de espessura e 30,0cm de largura, sendo de 4,00m o comprimento mais comum © painel de madeira compensada pode se apresentar com diferentes caracteristicas, dadas em fungo da sua espessura e do material de protegao aplicado a sua superficie durante a fabricagao, Os mais usuais séo os de ACABAMENTO RESINADO, cuja protecdo é dada apenas por uma camada de resina permedvel, o que limita sua reutlizagéo em duas ou trés vezes, no maximo; e os de | ACABAMENTO PLASTIFICADO, cuja resina aplicada em sua superficie possibilita maior nimero de reutilizagées dos painéis, que pode variar de 10 a 40 vezes em fungao da espessura da pelicula da resina aplicada, Além disso, o painel com acabamento plastificado pode se apresentar com as bordas seladas ou ndo, o que também interfere no numero de reutilizagdes, Os compensados apresentam-se com diferentes espessuras, sendo as de maior emprego como férmas de estrutura os de 60mm, 10,0mm, 12mm, 18mm, 20mm_e 25mm. Quanto 4 sua largura e comprimento sao modulados, sendo que os PAINEIS RESINADOS apresentam-se nas dimensdes de 1,10m X 2,20m e os PLASTIFICADOS. com 1,22m X 2,44m (devido a exportagao). Para a execugao da ESTRUTURA DO MOLDE (exemplo: Figura 2.28) comumente sao utilizados tabuas (2,5X30,0cm), sarrafos (2,5X5,0cm; 2,5X10,0cm) e caibros ou pontaletes (5,0X6,0cm ou 7,5X7,5cm), espagados de maneira que o molde, com uma determinada espessura, suporte o carregamento previsto, ou seja, oespagamento é 35 dimensionado considerando-se a interagdo da espessura do molde com 0 carregamento. RMA ESTRUTLRACAC C/ PONTALETE pera A < 38 Be let J. Figura 2.28 Vista em corte da forma de um pilar No ESCORAMENTO sao empregados usualmente pontaletes de 7,5x7,5cm de pinho ou de peroba, com até 4,0m ou no maximo 5,0m de comprimento, ou emprega-se também madeira roliga (eucalipto), com até 20,0m de comprimento. No caso do escoramento, possivel empregar-se ainda escoras metalicas, disponiveis nos mais diferentes comprimentos. Seja qual for o material empregado neste elemento da férma, © mesmo deverd estar apoiado em local com resisténcia suficiente para o recebimento das cargas da estrutura (solo ou estrutura jé pronta), devendo também ser adequadamente contraventados. Os ACESSORIOS, por sua vez, sao elementos que devem propiciar que a desforma da estrutura ocorra sem que esta sofra choques, sendo comum o emprego de cunhas de madeira e caixas de areia colocadas nos "pés" dos pontaletes e pés-direitos. 2.1.7.1 Caracteristicas da forma de laje Elementos principais: paingis, travessdes, guias, pés-direitos, talas, cunhas e calgos, apresentados nas figuras 2.29 e 2.30. Ainda com relagéo as lajes, pode-se dizer que existem variagdes do processo tradicional, ou seja, € comum a substituigéo da laje de concreto moldada no local 36 (maciga ou nervurada) por componentes pré-fabricados, como por exemplo, por lajes mistas e pré-lajes. Estes tipos de lajes podem ser entendidos como um avango do processo de produgao, na medida em que sua execugao, quando bem planejada, pode implicar em elevado nivel de racionalizagao do processo produtivo, uma vez que otimizam o emprego dos materiais e diminuem consideravelmente a utiizagdo de formas e escoramentos na obra. Na figura 2.31, apresenta-se um esquema de laje_ mista usualmente empregada em edificios de multiplos pavimentos. seven ©0000 cokes Figura 2,29 Esquema de forma convencional para laje, utilizando-se travessdes e guias [fonte: CIMENTO E CONCRETO, 1944]. 37 te PANEL-caAPA Be MADEIRA, CONPENDARA| ré-riRETO owrur — —— eI THDUA Figura 2.30 Esquema de forma convencional para laje, utilizando-se apenas guias [fonte: FAJERSZTAJN, 1987] Concrete il ah Figura 2.31 Esquema de laje mista usualmente empregada em edificios de multiplos pavimentos [fonte: CASA CLAUDIA, s.d.]. 2.1.7.2 Caracteristicas da forma de viga Elementos principais: faces de viga, fundo de viga, travessa de apoio (das gravatas), gravatas (ou gastalhos), pontaletes (similar a0 pé-direito da laje), apresentados na figura 2.32, a seguir. 38 exces goin © vito Figura 2.32 Esquema de férma convencional para viga [Fonte: CIMENTO E CONCRETO, 1944) 2.1.7.3 Caracteristicas da forma do pilar Elementos principais: faces de pilar, gravatas (gastalhos), gastalhos de pé-de-pilar, escoras para aprumar 0 pilar, apresentados na figura 2.33, a seguir. vies crssauang sansa te De brmunponey Aros ‘ie urea E-enenlig omearey Sener Figura 2.33 Esquema de forma convencional para pilar [Fonte: FAJERSZTAJN, 1987] 39 O sistema de formas de madeira anteriormente apresentado € 0 mais tradicional e simples possivel. E natural que com 0 elevado custo de mao-de-obra e de materiais envolvido na sua produgao, deva-se buscar sempre a racionalizagéo do sistema de formas. Alguns sistemas racionalizados de formas sdo apresentados na seqiéncia. 2.1.8 Estudo de SISTEMAS de FORMAS RACIONALIZADAS 2.1.8.1 Objetivos da racionalizagao do sistema de formas Tém-se como principais objetivos da racionalizacao: - 0 maximo aproveitamento da capacidade resistente dos _componentes; - 0 aumento da seguranga nas operagées de utilizagao; - 0 aumento da vida util e reaproveitamento dos componentes da forma; - a redugao do consumo de mao-de-obra em recortes, montagens e desmontagens. 2.1.8.2 Recomendagées de projeto do edificio para aumentar a racionalizagao - padronizagao da estrutura: isto 6, pavimentos-tipo iguais, sendo as formas do térreo iguais as do subsolo com algumas adaptacdes; - padronizagao das dimensées dos pilares: ou seja, pilares com se¢do constante e armadura variavel em cada pavimento; = modulagao: modular os vaos desde a concep¢ao arquiteténica, buscando o uso de formas regulares; . - adogéio de um PROJETO DO SISTEMA DE FORMAS. 2.1.8.3 Agées de racionalizagao do sistema de férmas a) racionalizacao do molde, da estruturagao e dos acessérios - comparar a espessura da chapa (por exemplo 6mm e 25mm) com a necessidade de colocagao de travessas e com a rapidez de montagem (implemento de_mao-de-obra); ~ pode-se fazer o mesmo raciocinio anterior, considerando-se o espagamento de gravatas de pilares e de vigas; - TRAVESSAS X LONGARINAS: pode-se empregar travessas de maior inércia (como por exemplo uma taébua de cutelo ou duas meias td4buas associadas) ou treligas (madeira, metalica telescépica) para redugéo ou eliminagdo da necessidade de LONGARINAS; - PILARES E VIGAS: uso de tensor ¢ esticador ou de barras de ancoragem com tubo perdido em substituigdo a gravatas e sargentos; ~ 0 projeto deve procurar evitar detalhes que possibilitem quebra de painéis ou dificuldade de desforma; 40 - substituigao de pregos por encaixes ¢ colocagao de cunhas; - empregar outros tipos de moldes tais como: moldes perdidos; moldes_incorporados. b) racionalizagao do escoramento - redugao do ntimero de pontos de escoramento em lajes com uso de escoras metélicas (substituir escoras de madeira por metalicas); - utilizag&o de escoras metdlicas para sustentagdo das formas de vigas; - empregar escoras telescépicas, facilitando as operagées de nivelamento e evitando uso de calgos; ~ substituigdo de pregos por encaixes e colocagao de cunhas. ¢) racionalizagao do reescoramento - utilizar fundos de vigas ¢ faixas de centro de laje em duplicata para permitir transferéncia das formas para 0 préximo pavimento; - avaliagao da possibilidade de utilizagdo, ou nao, das mesmas escoras empregadas no escoramento como reescoramento: avaliar se compensa deixar uma parte ou substituir completamente. Na seqiiéncia, nas figuras 2.34 a 2.40, apresenta-se alguns sistemas de férmas racionalizadas disponiveis no mercado. “NRA DE MADEIRA COMPEN SAPS. GRAVATA, HODILADK *GETHAL! (4A BRAEOT E OKDR METALICAY Figura 2.34 Uso de gravatas moduladas para férmas de pilares [fonte: FAJERSZTAJN, 1987] 41 TA er (401200) = eS, Ztians os manu Gi gence Beare sonnaro- aE = MAS TALHO oe eran t| | —PAINEL_s7esteutunacKo__ ~——TRAVAMENTO_C/"TENSORES" Figura 2.35 Uso de tensores no travamento de moles de pilares [fonte: CHADE, 1986). 2 ARRUELA — PORCA TIRANTE, pamaruse i Wea | fb [ Ze) Figura 2.36 Uso de barras de ancoragem com distanciadores plasticos [fonte: REQUENA, 1986]. 43 ——DETALHES DE MONTAGEM DE VIGAS E LAJES IMBRAMENTO EM MADEIRA aun ox PAINEL BF Lae Loveaniia surenee ——SIMBRAMENTO_MeTAL Ico. Escona MEWLICA Say | sa | Sy £ a. Figura 2.37 Tipos de cimbramentos racionalizados para vigas e lajes [fonte: CHADE, 1986] Figura 2.38 Sistema racionalizado de formas de madeira bastante empregado em edificios [fonte: FAJERSZTAJN, 1987]. 44 pelRiT SIFTEMA DE FORMA? PARA LAJE “FORMAPRONTA MAT 45 er q Lig: METALICA, EXTENSIVEL, IPONTALETE DE MADEIRA. CHAPR DE MADEIRA COMPENSADA, Bek TITENA De FORMA PARA LAJE “FORMAPRONTA METACIT" Figura 2.39 Sistema racionalizado de formas com uso de elementos metalicos regulaveis no escoramento [fonte: FAJERSZTAJN, 1987]. \ CUNKAY DE MADEIRA Soe PRRRAFO DE MADEIRA: GATALHO GETHAL b= —— ADEIRA E.CHAPA: DE ACO CRUZETA METALICA + EsO0Ra ME TAA, cOM TrPOsiTIVG om} c= CAPA DE MADEIRA COMPENJADA: 7 vik DE ROICA E IARI METALICA, Figura 2.40 Detalhe de escoramento e travamento de vigas com uso de elementos Metalicos e mistos [fonte: FAJERSZTAJN, 1987]. 47 2.1.8.4 Parametros para escolha ou projeto do sistema de formas - considerar as especificagées de acabamento superficial: concreto aparente ou ndo, textura, juntas necessarias, etc.; - levar em conta as caracteristicas do projeto da estrutura: formato regular ou nao, modulagao, vaos; - cronograma de execugdo da estrutura: considerar o numero de lajesimé: de execugdo exigida; ; a seqiléncia = disponibilidade de materiais regionais: por exemplo, executar 0 escoramento com eucalipto, em fungdo da disponibilidade deste material no local em que se esta executando a obra; - disponibilidade de equipamento para movimentagao das formas; - espago para fabricagao em canteiro; espago para patio (central) de formas; - porte do empreendimento: que reflete, por exemplo, na validade ou no de se investir num jogo de férmas metélicas ou em um segundo jogo de férmas para acelerar a_obra. 2.1.8.5 Consideragées sobre a execugao das formas Buscar comparar, analisar e avaliar as seguintes possiveis situagdes: fabricagao no canteiro X no local da concretagem; -montagem de uma central de produgdo X produgao em cada obra; - forma pré-fabricada X forma produzida em obra; - comprar X alugar 2.1.8.6 Outros tipos de forma (menos comuns na produgao de edificios) a) FORMAS PARA PAREDES MACIGAS - paingis estruturados com molde de madeira; - forma de ago, como por exemplo a forma tipo tunel ilustrada na figura 2.41; = forma de aluminio texturizada b) FORMAS "TREPANTES" e "DESLIZANTES" Comumente utilizadas em estruturas macigas e continuas, tais como caixas d’égua e pogos de elevador. © mecanismo de funcionamento de cada uma delas esta ilustrado na figura 2.42. 48 c) formas VOADORAS (para laje ou para laje + parede) = tipo "mesa voadora"; - tipo "mesa-parede”, como ilustrada na figura 2.43; - tipo “tunel” (CHARA OE AO. LASE DE CONCRETO = fi i + NERVURHY DE B } I, a} caw De We : i ; . sau ty) . i woul! ’ €— Ropiziog Ejo0eA APRUMADOREY Figura 2.41 Sistema de formas tipo tunel [fonte: FAJERSZTAJN, 1987]. 49 EM_ponigho DE TRABALHO DEGFORMADO | ——-CONSOLO UNWERSAL 90 PERFIL MOVEL VERTCAL 300m ¢ CHAVETA DE UNIO DE PERF be TTEN(OR. DE RESULAGEM ‘ARTICULADO E RETRATIL &——__coniolo_. DE MCEN:AD 470F e—___ Avni AUSPENSO 370m corte e EXQUEMA VE FORMA TREPANTE, HACACO HIDRAULICO AMIGA 0 pARAD -ANDAIME, MOLDE EAIRUTURA PO MOLE BARRAD Ips CORTE FORMA DESLIZANTE Figura 2.42 Sistemas de formas "trepantes" e “deslizantes" [fonte: FAJERSZTAJN, 1987] 4+ PORMAAS DE PAREDE TRANIPORTAOK TELA eRe FARA A Bik IECLIATE. ComPRIMENTDY DE 42, DE 4 METRO, Z 2> PLATAFCRIWA DE TRABALHO, Pix ns FORM TE FAREDE, UsMDA Ani COMO FORMA’ PARA PAREDE EXTERIOR, 9: PLATAFORMA EXTERIOR, (UE 40702TA A FORM DA TAREDE EXTER NA, 4 APOIO? DE HAO? FRANCE ORD ETE MOREY, SELCCKDNY ED TORD) FRIENIAMEENTE: DELANY for WAS amt? STOP DE PAREDE, rho, ROWNEIs 00 Anetivsie 6- NEGATIVES DG PORTAS, AMRAMURADOSTAS ronuns. te eancnoy ce erevqiio tatiana, OMCIONADAS E NIVRLADI:, PORTA PEREDER © FERRAGEM EO CONCRETO. D- MEAS, £4 MUDANGA DE POAGHO. COMO AOKIO! DO GARFD. 40 CARED 4M-PLATAFORMA SE TRABALHO, TOFD DE LAE E GNRDA Comey. AC-PARAPUIOY De NIVELAMENTD. CICLO DE OPERASOES Figura 2.43 Sistema de formas tipo "mesa-parede" e seu ciclo de produgao [fonte: FAJERSZTAJN, 1987], 2.2 AMONTAGEM DA ARMADURA 2.2.1 Introdugo ‘Segundo FREIRE (2001), a execugao da armagao nas obras paulistas é delegada a empresas subcontratadas em 80% dos casos. Esse autor destaca ainda que as. subempreiteiras de armagao so, na maioria dos casos, geridas por pessoas que nao dominam completamente os conhecimentos basicos de gestao de servigos; por isto, a tecnologia de produgao das armaduras nas obras ainda é baseada num modo de atuagdo artesanal e rudimentar, em que as operagdes de producdo sdo bastante particulares e, nem sempre, so ordenadas para que acontegam da maneira mais eficiente. Os avangos percebidos (automagao e mecanizacao) esto situados do lado de fora canteiro de obras, nas empresas que fomecem, para algumas obras, ago beneficiado (pré-cortado e pré-dobrado) Os agos para concreto armado, fornecidos em rolos (fios) ou mais comumente em barras com aproximadamente 12m de comprimento, séo empregados como armadura ou armagao de componentes estruturais. Nesses componentes estruturais, tais como blocos, sapatas, estacas, pilares, vigas, vergas e lajes, as armaduras tém como fungao principal absorver as tenses de tragdo e cisalhamento e aumentar a capacidade resistente das pegas ou componentes comprimidos. © conereto tem boa resisténcia & compressao, da ordem de 25 MPa, podendo chegar_a 60 MPa ou mais, enquanto que o ago tem excelente resisténcia tragdo e A compresséo da ordem de 500 MPa chegando, em agos especiais para concreto protendido, a cerca de 2000 MPa. No entanto, a resisténcia a tragao dos concretos & muito baixa, cerca de 1/10 de sua resisténcia a compressao, o que justifica seu emprego solidariamente com 0 ago. O concreto armado é portanto conseqiiéncia de uma alianga racional de materiais com caracteristicas mecénicas diferentes complementares. Segundo a norma NBR 7480 - "Barras @ fios de ago destinados a armaduras de concreto armado", barras sao produtos obtidos por laminagao a quente, com diametro nominal de 5,0 mm ou superior. Por serem produzidos desta maneira, os agos CA25 e CASO sao denominados BARRAS. Os fios sao produtos de didmetro nominal inferior a 10 mm obtidos por trefilagdo ou laminagao a frio. Todo 0 CA60 é denominado fio. A liltima versao da NBR 7480 1996 eliminou as classes A e B constantes da versdo de 1985, portanto, atualmente, além de tecnicamente incorreto, nao faz sentido classificar uma barra por classe. Na norma, a separacao em classes era definida pelo processo de fabricacao das barras ou fios; para processo a quente (laminacao a quente) o produto era denominado classe A e para o processo a frio (laminagao a frio ou trefilagao) era classe B. ‘Além deste fator, deve-se acrescentar a protecao oferecida pelo meio alcalino resultante das reagdes de hidratagéo do cimento presente no concreto, que apassivando 0 ago, aumenta a sua durabilidade. Nas pegas comprimidas, mesmo considerando a elevada resisténcia 4 compresséo dos agos para concreto armado (da ordem de 500 MPa), 0 concreto também é necessario, pois além de protetor, atua como fator de elevagdo da rigidez da pega, impedindo que esta perca estabilidade geométrica pela flambagem. Isto significa dizer que para suportar uma dada carga de compressao, em fungdo da possibilidade de flambagem da peca, seria necessaria uma seco de armadura exageradamente superior aquela suficiente para resistir unicamente aos esforgos de compresséo, ou seja, seria preciso aumentar o momento de inércia da segao transversal da _peca 32 Assim, pode-se dizer que a unido racional do ago com o concreto com suas caracteristicas préprias, traz as seguintes vantagens para o concreto armado: Conereto ‘Ago Concrete Armado Boa resisténcia & Excelente resisténcia & Versatilidade compreenséo tragao, Meio Alcalino Necessita Protecao Durabilidade Rigidez Esbeltez Economia © concreto armado é entéo uma composigao resultante do “trabalho solidario” da armadura (ago) e do concreto. Essa solidariedade deve ser garantida pela aderéncia completa entre os materiais, a fim de que as suas deformagdes sejam iguais ao longo da pega de concreto. Para que se atinjam todos esses objetivos, quais sejam, qualidade, aderéncia, versatilidade e economia, é necessario estabelecer uma série de cuidados e regras praticas que deverao ser cumpridas pelos projetistas, construtores, armadores ¢ montadores de estrutura. Nesta parte da publicagdo serao abordados somente alguns aspectos relacionados @ execugao ou montagem das armaduras de concreto armado e, para que se tenha uma idéia do conjunto de operages necessdrias ao processamento da armadura, a figura 2.44 apresenta o fluxograma para o seu preparo. Somue Controle recebimento I do ago Controle de v ¥ ‘qualdade Wontagen Estocagem Corte >| Dobra mid Pré-montagem >| Transporte Controle Controle Figura 2.44 Fluxograma de produgdo das armaduras utilizadas nas estruturas de concreto armado. 33 2.2.2 A Compra do Ago © ago, em decorréncia do seu processo de obtengo, tem um prego por massa (peso) mais baixo para os diémetros maiores. Portanto, estritamente em termos econémicos, & mais interessante que, para uma mesma segao de armadura necessaria, seja utilizado um menor nimero de barras com maior diémetro cada uma. No entanto, ocorre que 0 projetista de estrutura tem esta questo apenas como uma daquelas a serem levadas em conta na definigéo da armadura. Como se analisa nas disciplinas de concreto, diversos outros fatores fisicos e mecdnicos interferem neste detalhamento fazendo com que, do ponto de vista técnico (homogeneidade do material concreto armado) seja mais indicado utilizar grande numero de barras finas ao invés de poucas grossas. Com 0 projeto detalhado, o responsavel pela execugao da obra tem condigses de solicitar 0 ago necessério, O caminho a seguir é diferente conforme a dimensao da obra e da compra. Para obras pequenas e de pouca importancia técnica, cujas necessidades totais nado ultrapassem trés toneladas, por exemplo, a realizagéo de todos os —ensaios normalmente requeridos pode se tornar anti-econémica. Nestes casos, recomenda-se a compra do lote necessario de firma varejista idénea, com ago de procedéncia confiavel Quando a obra tiver dimensdes maiores, recomenda-se que a compra de ago seja planejada de maneira que se tome razodvel o custo dos ensaios frente ao volume total da compra, levando-se em conta os critérios de amostragem. Nestes casos, a firma encarregada dos ensaios retira do patio do fabricante ou do fornecedor as amostras para ensaio do lote a ser entregue na obra Por vezes torna-se recomendavel que a coleta de amostras para o ensaio seja feita quando da descarga do material na obra. Isto porque os lacres efetuados nos lotes ensaiados no fornecedor poderao, eventualmente, estar sujeitos a violacdo. O inconveniente neste procedimento 6 que em caso de rejeicéo do lote pode haver a necessidade de troca do material, necessitando novo transporte. ‘A compra do ago deve ser feita com razoavel antecedéncia em relagdo a sua utilizacao, devido ao tempo necessario para a realizagdo dos ensaios e eventual rejeicao com necessidade de nova compra com outro fornecedor. ‘Além dos ensaios referentes a resisténcia mecénica e ensaios referentes ao dobramento, devem ser feitos ensaios relativos ao controle de diametro das barras de ago. No processo de fabricagao das barras de ago, os roletes e fieiras que controlam o diametro final das barras vao se desgastando com o uso e normalmente acabam produzindo barras com pequeno desbitolamento, necessariamente sempre para mais. Do ponto de vista da seguranga nao ha prejuizo algum, até pelo contrario; no entanto, considerando-se 0 fator econémico, deve-se evitar desbitolamentos exagerados, pois pode acabar faltando ago na obra (segundo a normalizagao nacional o desbitolamento maximo admissivel é de 6% do dimetro da barra). 34 Imagine-se uma barra de 20mm que se apresenta na realidade com didmetro de 22mm. Suponha-se que pelo projeto sejam necessarios 1000m de barras de 20mm de espessura; fazendo-se a conversdo da metragem para peso, levando-se em conta uma densidade de ago de 7800 Kg/m3, a construtora compraria, do fabricante ou. fornecedor, 10 toneladas de ago. Uma vez que a barra tenha 22mm, com as 10 toneladas compradas, ao invés dos 1000m necessarios, o comprador receberé menos de 850m de barras que certamente nao permitirao armar todos os componentes estruturais previstos no projeto. Para obras pequenas, em que seja anti-econdmico 0 ensaio normalizado de verificagao do didmetro, recomenda-se que a propria obra faga 0 controle a partir do levantamento da metragem que efetivamente tenha chegado para aquele peso de aco. Este procedimento ¢ relativamente simples, pois todas as barras tém aproximadamente o mesmo comprimento, Com este dado, e com a densidade do ago, chega-se ao diametro médio real das barras e, eventualmente, pode-se recusar 0 lote. Definida a compra, ensaiado e aprovado o lote, 0 fabricante marca antecipadamente com a construtora a data e 0 horario em que serd feita a pesagem e a remessa do ago. Neste hordrio, a construtora define um seu representante (normalmente 0 apontador ou almoxarife da obra) para verificar a pesagem @ acompanhar a carreta no trajeto fabrica- obra. Este procedimento 6 necossario pela impossibilidade de manter, nas obras de Porte normal, uma balanga de controle de recebimento que seja adequada para pesar barras de 12m de comprimento. 2.2.3 A organizagao do Ago no Canteiro As barras de ago normalmente tém 12m de comprimento. A carreta que transporta estas barras, portanto, 6 de grandes dimensdes e seu estacionamento e manobra no desembarque do ago devem ser planejados. Este tipo de preocupacao é bastante importante no caso de obras localizadas em avenidas de grande movimento, por exemplo. © transporte do ago dentro do canteiro, quando nao existem equipamentos de maior porte como guindastes, é bastante moroso. Retornando ao exemplo das barras de 20mm, podemos calcular que, para uma barra de 12m, seu peso 6 de aproximadamente 30kg. Em outras palavras, pelo menos dois serventes levam quatro barras (120kg) desde o local do descarregamento até o patio de estocagem de aco. No caso de uma compra de 10 toneladas de barras de 20mm, seriam necessarias mais de 80 viagens para colocar no estoque somente este tipo de barra. © tempo necessdrio para realizar esta atividade varia conforme a motivagéo do servente e conforme a localizagéo do estoque em relagéo ao patio de descarregamento. Imaginando-se um ciclo pequeno, de 5 minutos por exemplo, para cada viagem, teriamos que os dois serventes ficariam quase 7 horas transportando as barras de 20mm. 35 Portanto, o ntimero de homens-hora que sao gastos para a organizagao do ago dentro do canteiro é muito grande. Observa-se pois que a organizago do canteiro © em especial o posicionamento do estoque de ago, sao de fundamental importéncia para se conseguir a racionalizagao do trabalho e boa fluidez da producdo. Isto vale tanto para o desembarque do ago como para todo 0 trabalho relativo a sua utilizagao, Além da questéo da localizagao, outros cuidados devem ser tomados quanto a estocagem do aco. Mesmo profissionais com anos de experiéncia de obra estdo sujeitos 4 confusdéo quando tentam visualmente identificar a espessura das barras. E imprescindivel, portanto, que as barras sejam rigorosamente separadas segundo seu diametro, de maneira a evitar possiveis enganos. Ainda com relagao a estocagem do ago, deve-se evitar as condigées que podem Propiciar 0 desenvolvimento da corroséo. E aconselhdvel evitar 0 contato direto permanente do ago com o solo e ainda, dependendo das condigées ambiente e do tempo em que 0 aco permanecer estocado, muitas vezes, em caso de grande agressividade do meio, deve-se evitar que 0 estoque de ago fique sujeito a_intempéries. Nas figuras 2.45 a 2.48 abaixo pode-se observar a planta, a vista em corte e fotos da central de processamento armadura no canteiro (CENTRAL DE ARMADURA a lke = br i alli aE zl iF PLANTA Sette Figura 2.45 Planta de uma central de processamento de armadura no canteiro 56 i Figura 2.46 Vista em corte de uma central de processamento de armadura no canteiro Figura 2.48 Central de armadura de um edificio 31 2.2.4 Corte da Armadura Os fios e barras so cortados com talhadeira, tesourdes especiais, maquinas de corte (manuais ou mecanicas) e eventualmente discos de corte. Com talhadeira, somente os fios de didmetro menor que 6,3mm podem ser cortados, e mesmo assim, em situagdes especiais, pois o rendimento da operacdo é muito baixo. Os tesourdes, com bragos compridos, conforme ilustra as figuras 2.49 e 2.50, permitem o corte de barras e fios de diametro até 16mm. Quando a quantidade de aco a ser cortada for muito grande, pode- se usar maquinas manuais ou motorizadas. As maquinas de corte seccionam todos os diametros fabricados e tém um excelente rendimento, cortando diversas barras de uma sé vez. ‘As maquinas manuais, ilustradas na figura 2.51, so as mais usadas no corte do ago, pois apresentam um bom rendimento no trabalho. Sao de facil aquisigo no mercado também facil conservacao. Figura 2.49 llustragao dos tesourées utilizados para o corte de barras[fonte: SENAI, 1980] Figura 2.50 Tesourao 38 Figura 2.51 llustragao das maquinas mecanicas para corte de barras de ago [fonte: SENAI, 1980] ‘As maquinas de cortar motorizadas (figuras 2.52 ¢ 2.53) so utilizadas_normalmente nas grandes obras, em que uma grande quantidade de aco precisa ser cortada. Nestes casos, 0 elevado rendimento destas maquinas oferece retorno amplamente _vantajoso ao investimento inicial requerido. Além disto, diversas fimas também tém utilizado maquinas de corte motorizadas centralizando 0 corte de aco necessario em suas obras. ‘As vantagens em termos de racionalizagao s4o grandes tanto no planejamento e rendimento da operagao do corte, como de estocagem, uso e transporte. Figura 2.52 Maquina hidraulica de cortar ago 59 Figura 2.53 Maquina de corte elétrica Observa-se, porém, que qualquer que seja 0 processo pelo qual é feito o corte das barras, a racionalizagao da operagao deve sempre ser procurada. Os comprimentos das barras de ago requeridos nas vigas, pilares, lajes, caixas d'gua, etc., sao variaveis; como as barras tém uma dimensao aproximadamente constante, faz-se necesséria uma programagao do corte das barras de modo a evitar desperdicios. E facil perceber que se uma barra de 12m é utilizada somente para pilares de 3,30m de altura, poderao ser utiiizadas 3 barras de 3,30m e haverd uma sobra de 2,10m sem uso, Dois metros de desperdicio por barra representam uma enorme perda (18% em relacdo a barra de 12m ou, exemplficando, mais de 20Kg para cada barra de 20mm) Faz-se necessério, portanto, um planejamento de maneira que as sobras de um corte Possam ser utilizadas em outras pegas estruturais. Normalmente este tipo de tarefa 0 proprio armador faz e 0 resultado em termos de diminuigéo dos desperdicios é, tanto melhor quanto maior for sua capacidade, experiéncia e motivagdo. Porém, dentro do “espirito” da racionalizagdo, diversas construtoras, percebendo a necessidade de otimizar este proceso de programacao de corte, estéo utilizando programas de computador que elaboram a programagao de corte, O planejamento do corte, no entanto, ndo é 0 Unico meio de se evitar desperdicios. Quando se concreta um pavimento completo (pilares, vigas, escadas e lajes) a armadura dos pilares deve ser maior que o tamanho do pilar propriamente dito devido a necessidade da armadura de arranque do pilar, cuja fungao é garantir a transferéncia dos esforgos atuantes sobre as barras de aco do pilar superior para as do inferior. No intervalo da concretagem entre pavimentos, 0 arranque deve ser protegido, conforme se pode ver abaixo na figura 2.54 60 Figura 2.54 Protegao dos arranques Observe-se que na base dos pilares, ao longo dos arranques, haver. uma superposigao de barras de aco. No caso de haver uma alta densidade de armadura, poderao ocorrer dificuldades para que o concreto preencha todos os espagos entre as. barras, formando-se os chamados vazios de concretagem ("ninhos" ou “bicheiras"). Além disso, somando-se os arranques de todos os pilares haveré uma quantidade enorme de barras de ago sendo gasta para esta funcdo, Quando 0 didmetro das barras de ago dos pilares for suficientemente grande, os arranques poderao vir a ser parcialmente evitados pela colocagao de barras para dois pavimentos, por exemplo. Imagine-se que o pilar tenha 2,8m e a barra 12m. Para executar a primeira laje, ao invés de cortar a barra com as dimensdes do pilar mais 0 arranque, corta-se a barra em dois pedagos iguais de 6m. Neste caso, sobraré acima da primeira laje de concreto 3,2m de barra para o préximo pilar, evitando-se a necessidade do arranque e também otimizando o corte da barra Entretanto, este tipo de expediente é mais interessante para barras grossas, cujo comprimento livre néo se vergue sob agao do proprio peso, atrapalnando as demais atividades. Outra situagao que pode vir a ocorrer , a grande concentrago de armadura em pilares esbeltos, que pode provocar concretagem deficiente na regido dos arranques. Neste caso, recomenda-se que a sobreposigao seja feita em diferentes posigées, cortando-se a armadura com distintos comprimentos. 6 Além dos exemplos citados acima, existem diversas possibilidades de racionalizagao do uso de aco nas estruturas de concreto armado, 0 que exige do engenheiro a constante procura da melhor solugao em cada caso. Terminada a operagao de corte, é necessério que se proceda o controle da mesma, verificando-se se as dimensdes das barras cortadas estao de acordo com as definigdes. de projeto. Tal procedimento evita que possiveis falhas venham a ser identificadas em etapa muito avangada do processo de produgao. 2.2.5 Preparo da Armadura ‘Apés a liberagao das pegas cortadas dé-se o dobramento (figuras 2.55 a 2.59) das barras, assim como seu endireitamento (quando necessario), sendo que tais atividades so realizadas sobre uma bancada de madeira grossa com espessura de 5,0 cm, que corresponde a duas tébuas sobrepostas Sobre essa bancada usualmente sao fixados diversos pinos, como ilustra a figura 2.58, a seguir. Os ganchos e cavaletes sao feitos com 0 auxilio de chaves de dobrar, como mostra a figura 2.59, a qual ilustra a operacao de dobra de um estribo. Figura 2.55 Dobramento manual da armadura em canteiro (pinos e chaves) a Pinos suportes Diametro co Pina x“ Didmetro da Barra (0) (Bitola) % Figura 2.56 Dobramento manual da armadura em canteiro. Figura 2.57 Dobramento manual da armadura em canteiro 6 Figura 2.58 llustragao da bancada eda ferramenta para dobra da armadura [fonte: SENAI, 1980] carprimen __Somprimesio Lorgura Figura 2.59 llustragao das operagées de dobra de um estribo [fonte: SENAI, 1980] 64 Assim como existem as méquinas de corte, existem no mercado as maquinas de dobramento automdtico. Tais maquinas também podem ser usadas em obras com grandes quantidades de ago a serem dobradas ou na centralizacéo do dobramento da armadura de diversas obras de uma mesma construtora ou de diferentes empresas (figuras 2.60 ¢ 2.61), Figura 2.61 Dobramento com equipamento hidraulico Os aparelhos mecénicos de dobramento, além de curvarem adequadamente as barras, ainda o fazem com grande rendimento. Todas as curvaturas so feitas a frio e os pinos devem ter um didmetro compativel com © tipo e 0 diémetro do ago que sera dobrado a fim de evitar a ruptura local do. material. 2.2.6 Montagem da Armadura Definida a contratagao da mao-de-obra, feito o projeto estrutural e o planejamento de corte e dobramento, 0 armador comega a executar seu servigo. A ligagdo das barras e entre barras e estribos é feita através da utilizagao de arame recozido. O tipo de arame encontrado no mercado tem uma grande variagéo de qualidade, sendo necessaria uma boa maleabilidade. Os arames _normalmente indicados sdo os arames recozidos n° 18 (maior espessura) ou n.° 20 (menor espessura) A figura 2.62, a seguir, ilustra as operagées para a amarragéo de uma viga e a ferramenta utilzada para a amarragao das barras e estribos (torqués). torqués Figura 2.62 lustragao da amarragao da armadura de uma viga [fonte: SENAT, 1980) Para a montagem da armadura propriamente dita, durante o planejamento deve-se definir as pegas estruturais cujas armaduras serao montadas embaixo, no préprio patio de armagao, exemplificado na figuras 2.63 a 2.66 (central de armacdo), e aquelas que sero montadas nas proprias formas. Para esta definicgéo devem ser considerados diversos fatores, tais como: as dimensées das pegas; 0 sistema de transporte disponivel na obra; a espessura das barras para resistir aos esforcos de transporte da pega montada, entre outros. 66 Figura 2.65 Pré montagem da armadura - laje 1 Figura 2.66 Pré montagem da armadura Quando da colocagao das armaduras nas formas todo o cuidado deve ser tomado de modo a garantir © perfeito posicionamento da armadura no elemento final a ser concretado. Os dois problemas fundamentais a serem evitados sao a falta do cobrimento de conereto especificado (normalmente da ordem de 25mm para o concreto convencional) © © posicionamento incorreto da armadura negativa (tomada _involuntariamente armadura positiva). Para evitar a ocorréncia destas falhas é recomendavel a utilizagao de dispositivos construtivos especificos para cada caso. O cobrimento minimo sera obtido de modo mais seguro com o auxilio dos espacadores ou pastilhas fixados @ armadura, sendo os mais comuns de concreto, argamassa, matéria pldstica e metal, ilustrados nas figuras 2.67 a 2.72. Estes espagadores, porém, nao devem provocar descontinuidades muito marcantes no concreto e, portanto, os aspectos de durabilidade e aparéncia devem ser verificados quando de sua utilizagao. 68 Com relagéo a armadura negativa utilizam-se os chamados “caranguejos", conforme ilustrado na figura 2.73. Esses "caranguejos” podem se tornar desnecessarios nos casos em que o projetista da estrutura detalhou a armadura negativa de maneira que esta tenha uma rigidez propria. O espacamento entre "caranguejos’, é fun¢do do diémetro do ago que constitui a armadura negativa, bem como, do didmetro do ago do préprio "caranguejo" v © 0. Figura 2.67 llustracao das pastilhas e espagadores mais comumente empregados na produgao do concreto armado 2 7 Figura 2.68 llustragao do "caranguejo” usualmente empregado como suporte da armadura negativa CONCRETO: 69 Figura 2.69 Espagadores de plastico para pilares e laterais de vigas Figura 2.70 Espagadores de plastico para lajes trelicadas Figura 2.71 Espacadores de plastico para telas, 10 Figura 2.73 Caranguejos Abaixo, nas figuras 2.74 a 2.76 esto expostas a montagem de vigas, lajes e pilares. Figura 2.74 Montagem da armagao de vigas Figura 2.76 Montagem da armagao de pilares n n 2.3 ASPECTOS SOBRE A PRODUGAO DA ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO A produgdo da estrutura de concreto armado sera desenvolvida tomando-se como parémetro a execugao de um pavimento tipo, considerando-se que o SISTEMA DE FORMAS esteja previamente definido. Assim, tem-se basicamente os seguintes passos para a produgao da estrutura’ - recebimento do sistema de formas; - montagem das férmas e armaduras dos pilares; - recebimento das formas e armaduras dos pilares; - liberagao dos pilares; = montagem das formas de vigas e lajes; - liberagao das formas de vigas ¢ lajes; = coneretagem dos pilares; - montagem da armadura de vigas e lajes; - liberagao da armadura de vigas e lajes: - concretagem de vigas e lajes; - desforma; = reinicio do ciclo de execugao; cujas principais caracteristicas sero abordadas na seqiiéncia. 2.3.1 Recebimento do Sistema de Férmas Para o recebimento do sistema de formas, recomenda-se que sejam adotados os seguintes procedimentos: - definigéo prévia do local para depésito, o qual deverd estar preparado para recebimento, devendo ser coberto, ou providenciar uma lona para o cobrimento das formas; -medir todas as pegas; - verificar o corte das pecas (se alinhado, se torto, se ondulado); - verificar a pintura das bordas do compensado; -verificar a quantidade de pegas e de pregos; - verificar 0 espagamento entre sarrafos (quando o molde da férma for estruturado). Recebidas as formas deverd ter inicio a sua_montagem. 2.3.2 Montagem das Férmas dos Pilares Para a montagem das formas dos pilares so recomendados os seguintes procedimentos: - a locago dos pilares do 1° pavimento deve ser feita a partir dos eixos definidos na tabeira, devendo-se conferir 0 posicionamento dos arranques; 0 posicionamento dos pilares dos demais pavimentos deve tomar como parametro os eixos de referéncia previamente definidos; B - locagao do gastalho de pé de pilar (figuras 2.77 e 2.78), 0 qual_ deverd circunscrever os quatro paingis, devendo ser devidamente nivelado e unido, £ comum que 0 ponto de referéncia de nivel esteja em pilares junto ao elevador, - limpeza da armadura de espera do pilar (arranques); - controle do prumo da forma do pilar e da perpendicularidade de suas faces; posicionamento das trés faces do pilar, nivelando e aprumando cada uma das faces com 0 auxilio dos aprumadores (escoras inclinadas) — figura 2.79 e 2.80; - passar desmoldante nas trés faces (quando for utiizado); - posicionamento da armadura segundo o projeto, com os espagadores e pastiihas devidamente colocados (figura 2.81); fechamento da forma com a sua 4* face (figura 2.82); - nivelamento, prumo ¢ escoramento da 4* face. Neste momento pode-se concretar os pilares, sem que se tenha executado as formas de vigas e lajes, ou entdo, preparar as formas de vigas e lajes e concretar 0 pilar somente depois que estiverem devidamente montadas. Uma ou outra altemativa traz vantagens e desvantagens, devendo-se analisar cada caso com suas especificidade. \ EOE \_eaecoe \castaLno Figura 2.77 Gastalho de pé de pilar Figura 2.79 Detalhe do prumo do pilar "4 Figura 2.82 Fechamento do pilar com a 4 face 15 16 DISCUSSAO RAPIDA SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DE SE CONCRETAR O PILAR ANTES OU DEPOIS DA EXECUGAO DAS FORMAS DE. VIGAS E LAJES VANTAGENS da coneretagem do pilar ANTES de executar as demais formas (figura 2,83): ~ a laje do pavimento de apoio dos pilares (laje inferior) esta limpa e é bastante rigida, sendo mais facil entrar e circular com os equipamentos necessarios & concretagem; - proporciona maior rigidez a estrutura para a montagem das férmas seguintes; - ganha-se cerca de trés dias a mais de resisténcia quando do inicio da desforma, que correspondem ao tempo de montagem das férmas de lajes e vigas. DESVANTAGENS da concretagem do pilar ANTES de executar as demais formas = é necessario montagem de andaimes para concretagem; - geometria e posicionamento do pilar devem receber cuidados especificos, pois se 0 mesmo ficar 1,0 cm que seja fora de posicao, inviabiliza a utiizagao do jogo de formas. Para evitar este possivel erro ha a necessidade de gabaritos para definir corretamente © distanciamento entre pilares, 0 que implica em investimentos, sendo que nos procedimentos tradicionais dificilmente existem tais_gabaritos. Na seqiiéncia de execugao que se est4 propondo neste trabalho, os pilares seréo executados posteriormente @ montagem das formas de vigas ¢ lajes. Assim, uma vez Posicionadas as formas e armaduras do pilar, deve-se fazer o controle de recebimento do pilar montado, podendo-se, na seqiléncia, montar as formas de vigas e lajes. Figura 2.83 Concretagem do pilar antes da execugdo das demais formas 1 2.3.3 Controle de Recebimento da Montagem dos Pilares Para este controle recomenda-se que se fagam as seguintes verificagdes: - posicionamento do gastalho de pé-de-pilar; - prumo e nivel; - verificagao da firmeza dos gastalhos ou gravatas, dos tensores e aprumadores. 2.3.4 Montagem de Férmas de Vigas e Lajes Recebidos os pilares tem inicio a montagem das formas de vigas e lajes, recomendando-se que sejam seguidos os procedimentos descritos a seguir: - montagem dos fundos de viga apoiados sobre os pontaletes, cavaletes ou garfos (figura 2.84); - posicionamento das laterais das vigas (figura 2.85); - posicionamento das galgas, tensores e gravatas das vigas; - posicionamento das guias e pés-direitos de apoio dos paingis de laje (figuras 2.86 e 2.87); = posicionamento dos travessées; - distribuigdo dos paingis de laje; - transferéncia dos eixos de referéncia do pavimento inferior (figura 2.88); = fixagdo dos paingis de laje (figura 2.89); - colocagao das escoras das faixas de laje (figura 2.90); - alinhamento das escoras de vigas e lajes (figura 2.91); - nivelamento das vigas ¢ lajes (figura 2.92); - liberagdo da forma para a colocagao da armadura (e também colocagao de instalagdes embutidas, que neste trabalho ndo seré. abordada). Figura 2.84 Montagem dos fundos de viga 78 Figura 2.86 Posicionamento das guias, travessées e pés-direitos de apoio dos painéis da laje Figura 2.87 Posicionamento das guias, travessées e pés-direitos de apoio dos painéis da laje Figura 2.90 Colocagao das escoras das faixas de laje 9 80 Figura 2.92 Nivelamento das vigas e lajes 2.3.5 Controle de Recebimento da Férma de Vigas e Lajes Para a liberagao das formas e consegiiente posicionamento das armaduras, deve-se proceder & verificagao do posicionamento das formas, recomendando-se que sejam verificados os pontos listados a seguir: - encontro viga/pilar (verificar possiveis frestas); - posicionamento das escoras das vigas; - posicionamento das laterais das vigas; - distribuigdo de travessées e longarinas de apoio da laje; - conferéncia dos eixos de referéncia; - posicionamento das escoras de lajes; - localizagao das "bocas" de pilares e vigas; - distribuigdo de painéis - verificar se ha sobreposigao ou frestas; -alinhamento e prumo das escoras; - nivelamento das vigas e lajes; 81 - limpeza geral da forma; - aplicagdo de desmoldante quando for utilizado. Liberadas as formas, pode-se efetuar a concretagem dos pilares. 2.3.6 Procedimentos para a Concretagem dos Pilares © concreto utiizado para a concretagem do pilar podera ser produzido na obra ou comprado de alguma central de produgao; no entanto, seja qual for a sua procedéncia, devera ser devidamente controlado antes de sua aplicagao, sendo que os ensaios mais comuns para 0 controle de recebimento do concreto sao o "slump-test" e o controle da resisténcia & compressao (fck). Uma vez liberado, 0 concreto deveré ser transportado para o pavimento em que esta ocorrendo a coneretagem, o que podera ser realizado por elevadores de obra e jericas, gruas com cagambas, ou bombeamento (figuras 2.93 a 2.94) Quando 0 transporte € realizado com bomba, o langamento do conoreto no pilar realizado diretamente, com o auxilio de um funil. Quando 0 transporte ¢ feito através de cagambas ou jericas, é comum primeiro colocar 0 concreto sobre uma chapa de compensado junto "boca" do pilar e, em seguida, langar 0 concreto para dentro dele, nas primeiras camadas por meio de um funil, e depois diretamente com pés e enxadas. © langamento do concreto no pilar deve ser feito por camadas nao superiores a 50cm, devendo-se vibrar cada camada expulsando os vazios. A vibragéo usualmente , realizada com vibrador de agulha. Terminada a concretagem deve-se limpar 0 excesso de argamassa que fica aderida ao ago de espera (arranque do pavimento superior) e & forma Mangote da bomba Figura 2.93 Transporte por bombeamento e bombeamento com jerica 2 Figura 2.94 Transporte por grua com cagamba 2.3.7 Verificagao da Concretagem do Pilar A verificagao da concretagem do pilar deve ser feita durante a realizacao dos servigos, sendo recomendado que: - seja verificada a operagao de vibracdo, isto é, se toda a camada de concreto esté sendo vibrada, bem como se esta sendo respeitado o tempo de vibragao; - se o langamento do concreto esta sendo feito em camadas que o vibrador possa efetivamente alcangar em toda a sua espessura; ~ se 08 procedimentos para cura da superficie exposta esto sendo observados. Finalizada a concretagem dos pilares tem inicio a colocagao das armaduras nas formas de vigas e lajes. 2.3.8 Colocagdo das Armaduras nas Formas de Vigas e Lajes Considerando-se que as armaduras estejam previamente cortadas e pré-montadas, tendo sido devidamente controlado o seu preparo, tem inicio 0 seu posicionamento nas formas, recomendando-se observar os seguintes _procedimentos: ~ antes de colocar a armadura da viga na forma, deve-se colocar as pastilhas de cobrimento; - posicionar a armadura de encontro viga-pilar (amarragdo) quando especificada em projeto (figura 2.95); - marear as posicdes das armaduras nas lajes; - montar a armadura na laje com a colocagao das pastilhas de cobrimento (fixagdo da armadura com arame recozido n.° 18); - chumbar os ferros para definicao dos eixos. Uma vez executada a armadura, deve-se proceder o controle de recebimento para liberago da laje para a concretagem Figura 2.95 Posicionamento das armaduras 2.3.9 Verificagées para liberacdo da Armadura de Vigas e Lajes ‘Apés executado o servigo e antes da concretagem propriamente dita, o engenheiro residente ou o engenheiro responsavel pela execugao da estrutura deverd conferi-la, verificando se esta em conformidade com o projeto. Esta conferéncia nao deve ser feita Por amostragem e sim pega a pega, com os seguintes itens basicos de verificagao: ~ posicionamento, didmetro e quantidade de barras; - espagamento da armadura de laje; - espagamento dos estribos de vigas; - disposigo da armadura dos pilares no transpasse (emenda); - colocagao da armadura especificada no encontro_viga-pilar; - colocagao dos caranguejos; - colocagao de pastithas de cobrimento; - posicionamento de galgas e mestras; - limpeza geral das formas. Liberada a armadura pode ter inicio a concretagem das vigas ¢ lajes, sendo os procedimentos mais comuns apresentados na seqiléncia. a 2.3.10 Procedimentos para a Concretagem das Vigas e Lajes © conereto utilizado para a concretagem das vigas e lajes poderd ser produzido na obra ou comprado de alguma central de producao; no entanto, seja qual for a sua procedéncia, deverd ser devidamente controlado antes de sua aplicagdo, sendo que os ensaios mais comuns para 0 controle de recebimento do concreto sao o “slump-test” & © controle da resisténcia & compressao (ck). Uma vez liberado, 0 concreto devera ser transportado para o pavimento em que esté ocorrendo a concretagem, 0 que podera ser realizado por elevadores de obra e jericas, gruas com cagambas, ou bombeamento (figuras 2.96 € 2.97), Quando o transporte , realizado com bomba, o langamento do concreto nas vigas lajes , realizado diretamente, devendo-se tomar os seguintes cuidados no preparo do equipamento: - nivelar a bomba; - travar a tubulagdo em pegas ja concretadas (deixar livre a fdrma da laje que estd sendo concretada); - lubrificar a tubulagéo com argamassa de cimento e areia, nao utilizando esta argamassa para a concretagem; iciar 0 bombeamento. Quando o transporte , feito através de gruas, utilizando-se cagambas, deve-se limpar devidamente a cagamba de transporte, bem como as jericas, no caso de se utilizar elevador de obra, sendo que neste tltimo caso, seré necessdrio 0 emprego de PASSARELAS ou CAMINHOS para a passagem das jericas sobre a laje que devera ser concretada. Figura 2.96 Concretagem por bomba Figura 2.97 Concretagem por jericas 2.3.11 Procedimentos Recomendados para Langamento do Concreto - langar 0 concreto diretamente sobre a laje: - espalhar o concreto com auxilio de pés e enxadas: - langar 0 concreto na viga com auxilio de pés e enxadas: -adensamento com vibrador (figura 2.98): * de aguha, ou * régua vibratéria (evita o sarrafeamento); - sarrafear o concreto; - colocagéo das pegas de p, de pilar que receberéo os gastalhos de pé de pilar; - colocagao dos sarrafos para fixagao dos aprumadores de pilar; - retirada das mestras; - acabamento com desempenadeira; - inicio da cura da laje (molhagem) logo que for possivel andar sobre 0 concreto, Figura 2.98 Adensamento 85 86 2.3.12 Procedimentos para Desforma - respeitar o tempo de cura para inicio da desforma, que segundo a norma de execugéo de estruturas de concreto armado , dado por: 3 dias para retirada de formas de faces laterais; 7 dias para a retirada de formas de fundo, deixando-se algumas escoras bem encunhadas; 21 dias para retirada total do escoramento; - execuigao do reescoramento (antes do inicio da desforma propriamente dita); - retirada dos painéis com cuidado para nao haver queda e danifica-los; fazer a limpeza dos painéis; - efetuar os reparos (manutengdo) necessarios; - transportar os painéis para o local de_montagem; - verificar 0 concreto das pegas_desformadas. REINICIO DO CICLO DE PRODUGAO NO PAVIMENTO SEGUINTE. 3, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CASA CLAUDIA. Guia da construgao. Sao Paulo, n 257, s.d. Suplemento CHADE, W. P. O uso da madeira na construgdo civil: a evolugao da forma para concreto. In: SIMPOSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA CONSTRUGAO, 2., Sao Paulo, 1986, Férmas para estruturas de concreto : anais, So Paulo, EPUSP, 1986. p. 1- 12 CIMENTO E CONCRETO: BOLETIM DE INFORMACOES. ABCP. Férmas de madeira para estruturas de concreto armado de edificios comuns. Sao Paulo, n.50, 1944. FAJERSZTAJN, H. Formas para concreto armado: aplicagdo para o caso do edificio SAo Paulo, 1987. 247p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de Sao Paulo. LICHTENSTEIN, N. B. & GLEZER, N. Curso © Processo de construgao Tradicional do Edificio. Sd Paulo, FDTE/EPUSP, s.d. Notas de aula. /xerocopiado! REQUENA, J. A. V. Férmas e cimbramentos de madeira para edificagées. In: SIMPOSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA CONSTRUGGO, 2., Sao Paulo, 1986. Formas para estruturas de concreto : anais. S40 Paulo, EPUSP, 1986. p.53-117. SERVICO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI). Armador de ferro. Rio de Janeiro, 1980. (Série metédica ocupacional)

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