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Aula 03

História do Brasil p/ CACD 2021


(Diplomata) Primeira Fase - Pré-Edital

Autor:
Diogo D'angelo, Pedro Henrique
Soares Santos

07 de Fevereiro de 2021

10912603704 - Egberto Bezerra da Silva


Diogo D'angelo, Pedro Henrique Soares Santos
Aula 03

Sumário

Apresentação...................................................................................................................................................... 2

A estruturação da Regência e seus principais atores ......................................................................................... 3

Das reformas à reinterpretação: as idas e vindas da Regência ........................................................................ 7

Os levantes populares pelo país ...................................................................................................................... 10

A política externa na Regência: entre o imobilismo e a preparação ............................................................... 15

Esquema e detalhamento.................................................................................................................................. 19

Aspectos Gerais ........................................................................................................................................... 19

O Experimento Liberal (1831-1837) ............................................................................................................ 22

Reformas liberais e demais questões internas ...................................................................................... 24

A Política do Regresso ............................................................................................................................. 32

Política externa ............................................................................................................................................ 35

As revoltas provinciais................................................................................................................................. 37

Cabanagem .............................................................................................................................................. 38

Farroupilha............................................................................................................................................... 39

Sabinada .................................................................................................................................................. 40

Balaiada ................................................................................................................................................... 41

Questões Comentadas ...................................................................................................................................... 43

Lista de Questões.............................................................................................................................................. 53

Gabarito........................................................................................................................................................... 57

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APRESENTAÇÃO

7 de abril de 1831. O Imperador partiu para Portugal e ficou no Brasil seu filho de cinco anos. A travessia se
anunciava na política brasileira, mas nem se poderia supor as dificuldades que minariam o caminho a ser
atravessado.

Caro aluno, chegamos a um breve período da história brasileira que concentrou muitas contradições e
dificuldades: a Regência. Optamos aqui por organizar a caminhada da Regência de maneira mais sucinta, de
modo que você possa tanto organizar o conhecimento sobre o período quanto tomar fôlego para longa
jornada do Segundo Reinado, que se aproxima. É evidente que os acontecimentos do início do Segundo
Reinado guardam certa relação com o tema desta aula, então, é mais do que recomendável que você procure
realmente organizar seus conhecimentos sobre a Regência antes de avançar para as aulas seguintes.

Bons estudos!

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A ESTRUTURAÇÃO DA REGÊNCIA E SEUS PRINCIPAIS ATORES


Com a partida de D. Pedro I para Portugal, organizou-se formalmente a Regência, à qual caberia a travessia
até que o filho do imperador tivesse condições de assumir o trono. Concentrada entre o 7 de abril de 1831
e o Golpe da Maioridade de 1840, a fase regencial contou com alguns grupos dominantes diferentes daquele
que caracterizariam o Segundo Reinado.

O bom aluno tem de ter muito claro que a fórmula da Conciliação, que estudaremos no Segundo Reinado,
segundo a qual a disputa entre liberais e conservadores mais parecia um teatro, não se verifica durante a
Regência. No período, as diferenças entre os grupos políticos são acentuadas e a alternância entre eles no
poder resulta em desdobramentos importantes para a condução do país. Portanto, esteja muito atento
quanto à diferença entre os períodos no que toca as agremiações políticas.

Organizemos, portanto, o jogo político. Antes, uma nota de aviso muitíssimo relevante: ainda não existem
partidos políticos no Império nesse momento. Somente a partir de 1837, com o chamado Regresso, é que se
formaram os partidos Conservador e Liberal. Neste momento nos referiremos a facções políticas.

No centro do sistema político no Sete de Abril, estavam os chamados liberais moderados, que tinham o
padre Feijó como seu nome principal. Combinando políticos mineiros, paulistas e fluminenses com padres,
bacharéis de Coimbra e importantes proprietários, os moderados contavam com nomes como Bernardo
Pereira de Vasconcelos (magistrado) e Evaristo da Veiga (proeminente jornalista). Entre suas preocupações
centrais estavam a descentralização controlada da administração pública, além do enfrentamento das
dificuldades deixadas por D. Pedro I sem resvalar para o absolutismo impregnado na Carta de 1824.

Num outro pólo, podemos identificar os chamados caramurus. Sobreviventes do antigo Partido Português,
os caramurus tinham como meta o retorno de Pedro I ao poder como regente de seu filho, bem como
assumiam por bandeira mais importante o centralismo/unitarismo da Coroa imperial sobre as vontades de
federalismo. Os restauradores brasileiros eram compostos por altas patentes do Exército, grandes
comerciantes e portugueses com cargos públicos de destaque. Com uma posição reacionária frente à nova
realidade política brasileira, os caramurus dominavam, no início do período regencial o Senado.

Por ser um cargo vitalício e de indicação direta do Imperador, era relativamente esperado que os senadores
mantivessem esse comportamento de lealdade quanto a Pedro I, mesmo após a crise da abdicação. O
reconhecimento de novas legitimidades – ainda mais em meio ao triunfo liberal na composição da primeira
regência trina – afetaria o núcleo do poder desse grupo, que pretendia manter as estruturas de privilégios
conquistadas durante o Primeiro Reinado. A coesão caramuru, de fato, sobreviveu até o momento da morte
de Pedro I em Portugal em 1834.

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Uma terceira e curiosa força política do período regencial foi batizada de exaltados. Entre eles, havia tanto
monarquistas partidários de uma solução realmente federalista e parlamentarista quanto propriamente
republicanos dispostos a implodir as bases do regime. Cipriano Barata e Borges da Fonseca eram os principais
nomes da solução republicana entre os exaltados. O relativo vácuo de poder ocorrido com o sete de abril e
as lacunas deixadas pela Constituição de 1824 no ordenamento jurídico do Império abriam caminho para
grandes questionamentos. Os exaltados pretendiam uma infiltração precisa nessas dúvidas para ampliar as
liberdades individuais e, no mínimo, fragilizar muito os tons centralistas da Constituição. Ao contrário dos
liberais moderados, os exaltados exigiam transformações rápidas e profundas, colocando em jogo até
mesmo o regime monárquico.

Com tal composição de forças, os liberais moderados conseguiram dominar a Câmara enquanto as posições
caramurus eram enfraquecidas com o próprio passar do tempo sem que Pedro I fizesse qualquer menção de
retornar ao Brasil. O sistema político, no entanto, ainda demoraria para atingir um grau relevante de
estabilidade.

Com a saída de cena (inesperada) do Imperador em abril, estando o parlamento em recesso, já que a
legislatura era aberta em maio, foi escolhida uma Regência trina provisória até que o Parlamento pudesse
eleger uma Regência definitiva. Como resultado, buscando alguma estabilidade e conciliação, elegeram-se
Francisco de Lima e Silva (militar, pai do futuro Duque de Caxias), Nicolau Pereira de Campos Vergueiro
(liberal) e José Joaquim Carneiro de Campos (mais próximo do campo conservador). Enquanto o governo
ficava na mão desses três homens, a tutoria do príncipe imperial e suas irmãs ficava a cargo de José Bonifácio,
nomeado pelo próprio Pedro I antes de partir.

O período provisório durou poucos meses, sendo substituído pela regência trina permanente, eleita sob
grande presença dos liberais moderados na Câmara, resultando numa composição entre representantes do
Norte e do Sul do Império, mas com corte liberal: José da Costa Carvalho (Bahia), João Bráulio Moniz
(Maranhão) e, novamente, Francisco de Lima e Silva (Rio de Janeiro). Como veremos mais adiante, essa
vitória dos liberais em julho de 1831 foi fundamental para os rumos da política brasileira, já que impuseram
reformas importantes, que alterariam parte da lógica do nosso sistema político.

Com o agravamento das tensões domésticas e várias rebeliões ocorrendo dentro da própria capital do
Império, temia-se até mesmo pela segurança do jovem herdeiro imperial. Os caramurus do Senado passaram
a ter em José Bonifácio uma importante liderança, passando a organizar ações pelo Rio de Janeiro para
desestabilizar a regência. Nesse contexto, o padre Feijó, liberal, foi destacado, em 1832, para ser ministro da
Justiça, com o objetivo maior de reprimir as rebeliões e as agitações públicas.

Bonifácio foi responsabilizado por Feijó pela promoção de levantes na capital, levando ao Senado o pedido
de demissão do tutor imperial. A força caramuru entre os senadores, no entanto, conseguiu salvar Bonifácio
de uma destituição, levando à queda de Feijó na pasta da Justiça. No entanto, a instabilidade já estava
instaurada no seio da Regência, com o risco de um “sequestro político” dos príncipes imperiais pelo líder dos

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caramurus. Mas a situação de Bonifácio tornou-se incontornável em dezembro de 1833, quando desacatou
ordens do parlamento e da regência trina sobre a conduta com o rei-menino, sendo demitido e preso no
mesmo mês, anulando definitivamente sua força política.

Sem Bonifácio e com a morte de Pedro I em setembro de 1834, a organização política dos caramurus foi
seriamente afetada. Na nova configuração política, os antigos restauradores acabaram compondo uma
aliança com os liberais moderados, isolando exaltados e conservadores no jogo político. Com novo impulso,
os moderados conseguiram passar algumas outras reformas, entre elas a decisão por uma eleição para um
regente único em 1835.

Sob todo o otimismo liberal, as eleições de 1835 viram o adensamento de forças no que seriam os germes
dos Partidos Liberal e Conservador, grande forças do Segundo Reinado. As reformas liberais em nome da
descentralização política e ensaiando uma quase experiência republicana no Brasil criaram forte resistência
entre conservadores, que exigiam o retorno do espírito centralizador da Carta de 1824. Ainda que não
houvesse disposição política para romper frontalmente com a Constituição deixada por Pedro I, os partidos
começavam suas movimentações para moldar o sistema político-administrativo de acordo com suas
convicções e “interpretações” sobre a lei. Mais favoráveis à descentralização e a algumas liberdades
individuais, moderados (principalmente as elites formadas em Coimbra), exaltados e parte dos caramurus se
adensaram sob a posição liberal. Os grande proprietários de terra com grande influência sobre a corte e os
mais privilegiados do Primeiro Reinado acabaram tendendo para a bandeira dos conservadores. Entre os
mais privilegiados, podemos elencar as classes dirigentes (magistrados e burocratas) das três grandes
cidades brasileiras da época: Salvador, Recife e Rio de Janeiro.

Padre Feijó, representante liberal, venceria as eleições de 1835 por estreita margem sobre Holanda
Cavalcanti, pernambucano proprietário de terras. Num universo eleitoral de pouco mais de seis mil votantes,
Feijó conquistou sua vitória com uma margem de menos de quatrocentos votos. Ao mesmo tempo em que
se adensavam as contestações contra a legitimidade da regência pelo país, o parlamento fez forte pressão
contra Feijó durante seu pouco mais de dois anos de governo.

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Padre Feijó

Em meio ao agravamento da Guerra dos Farrapos, o regente Feijó seria acusado pelo Parlamento de não
empregar força suficiente contra os revoltosos, cujos avanços preocupavam o poder central. Em setembro
de 1837, a pressão se tornou insuportável e Feijó renunciou à regência, subindo, provisoriamente, Araújo
Lima como interino.

As eleições de abril de 1838 confirmariam Araújo Lima como regente uno do Brasil, marcando o que ficaria
conhecido como Regresso Conservador. Importante liderança conservadora na Câmara, Araújo Lima
encabeçou o movimento de revisão das reformas liberais dos tempos da regência trina e do período de Feijó.
O regresso seria o último grande movimento político do período regencial, já que o breve suspiro da volta
liberal de 1840 levaria ao Golpe da Maioridade, que estudaremos na próxima aula.

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Araújo Lima

DAS REFORMAS À REINTERPRETAÇÃO: AS IDAS E VINDAS DA REGÊNCIA

A fragilidade institucional deixada pelo Primeiro Reinado foi agravada pela súbita abdicação, já que boa parte
das ações foram concentradas em torno do trono imperial. Além disso, a instabilidade e o caráter diletante
de Pedro I foram fatores importantes para o atraso geral na constituição de diplomas legais essenciais para
regular a vida do novo Estado.

Tão logo organizada a Regência Trina Permanente, procedeu-se a uma grande revisão das instituições e das
leis imperiais. O espírito fundamental deste primeiro ciclo de reformas foi o fortalecimento das províncias e
das autoridades locais em detrimento da centralização de poder prevista na Constituição. O primeiro grande
alvo da Regência foi o Exército, cujo poder de coerção foi parte importante da consolidação do Primeiro
Reinado. No entanto, a superação da importância dos militares na política não poderia ser feita às expensas
da segurança nacional, fragilizando demais as fronteiras, tampouco sob o risco de facilitar uma deterioração
da segurança pública. Nesse sentido, em agosto de 1831, foi criada, por força de lei, a Guarda Nacional, que
substituía as antigas milícias. Ao armar grupos de cidadãos pelo país, a regência mirava garantir tanto a
inibição de excessos das forças regulares quanto inibir e esmagar grupos rebeldes logo em seu foco de
formação. A inspiração da criação da Guarda Nacional foi a Guarda francesa e as milícias norte-americanas.
As ideias políticas por detrás da medida eram passar a responsabilidade da defesa pátria aos cidadãos,
diminuindo o tamanho do Exército permanente (visto pelo ideário liberal como fonte da opressão dos
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Estados absolutos). Igualmente, diminuiria bastante os custos de manutenção das forças terrestres, que
consumia uma grande pedaço do orçamento imperial.

Pela lei, a Guarda Nacional era composta por todos os eleitores que tivessem entre 21 e 60 anos, com
obrigatoriedade de alistamento e dispensa de serviço militar em caso de incorporação à Guarda. O comando
de cada corpo da guarda era circunscrito aos limites municipais, sendo entregues às lideranças locais, que
recebiam a patente de coronel para manter a hierarquia sobre seus comandados. Em caso de convocação
para atuação fora dos limites municipais, a guarda passava a ser comandada pelo Exército, mas com a
preservação das patentes. Com o grande número de conscritos, a Guarda Nacional retirou boa parte dos
aspirantes ao Exército; além do que, com sua composição de oficialato baseada em prestígio local,
enfraqueceu o interesse das elites em manter seus filhos dentro das forças regulares. Isto é, a criação da
Guarda Nacional fragilizava o Exército em várias frentes, conseguindo com que o poder, de fato, fosse
transferido para as forças locais em detrimento da centralização projetada no Primeiro Reinado.

Neste sentido, é importante notar que o Exército organizado pelo Primeiro Reinado contava ainda com um
importante contingente de oficiais portugueses. Sem o Imperador luso-brasileiro, multiplicavam-se as
dúvidas sobre as cadeias de obediência de parcela do oficialato para com os regentes, já que nenhum deles
se viabilizava pela redes tradicionais de legitimação do poder. O vácuo de legitimidade deixado pela
abdicação poderia solapar parte da obediência das tropas. Portanto, enfraquecer o Exército com a criação
de forças leais, ainda que descentralizadas, pode ter sido um passo fundamental para a sobrevivência da
unidade política enquanto não surgisse um novo imperador com condições de unir dissidentes sob sua
legitimidade.

Superada a questão das armas, a Regência ocupou-se de uma reorganização jurídico-administrativa em 1832.
O Código de Processo Criminal de 1832 foi uma das peças centrais deste momento de reforma. Com o novo
código, os juízes de paz, eleitos no âmbito dos municípios, tinham seus poderes aumentados, sendo capazes
de julgar e prender a maioria dos casos, além de instruir sobre o estatuto do habeas corpus. Com o corte
eleitoral da escolha dos juízes de paz, eram enfraquecidas as burocracias leais ao projeto centralizador e
defensores do retorno imperial. Quebrava-se, portanto, toda uma cadeia de obediência e de redes de poder
muito resistentes.

A transferência de poder jurídico para o interior da província esvaziava parte importante do prestígio de
magistrados nas grandes cidades e comarcas (os juízes de fora). Dotando os eleitores de capacidade de
escolha sobre um cargo tão novo e importante, a regência transferia poder para as elites regionais, num
passo importante para os sonhos federalistas que vinham sendo gestados pelos liberais moderados.

Em agosto de 1834, os liberais moderados dariam um passo fundamental nas suas reformas com o chamado
Ato Adicional, que introduzia modificações na Constituição de 1824. A dúvida sobre o papel do Poder
Moderador na ausência de um monarca foi suprimida pela interdição do Poder durante todo o tempo que
durasse a Regência. Além disso, o Conselho de Estado, que só poderia ser nomeado pelo imperador, foi

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suprimido, afastando a lógica centralista do Primeiro Reinado. Quanto às províncias, criavam-se as


Assembleias Provinciais com novos poderes de decisão e com eleição direta pelos habitantes, extinguindo
os antigos Conselhos Gerais. Ainda que a presidência da província continuasse sendo indicada pelo governo
central, as novas assembleias criavam um importante (e efetivo) contraponto local sobre a ingerência
imperial sobre os assuntos provinciais.

Um passo fundamental para a viabilização das reformas “federalistas” foi a atribuição do poder
orçamentário às Assembleias Provinciais. Instituía-se uma nova fórmula de divisão dos impostos com franco
favorecimento às províncias, que passavam a decidir localmente partes importantes dos recursos
disponíveis. Nesse mesmo sentido, as capacidades administrativas das assembleias incluíam a nomeação e
a exoneração da burocracia local, retirando da presidência provincial (indicada pelo Rio de Janeiro) a
capacidade de criar burocracias leais ao governo central pelos interiores do país. Concentrando recursos e
empregos públicos, os políticos locais recebiam duas armas importantes na construção de um sistema de
obediência política, as quais, até então, eram exclusividade do governo central. Entre votos e perseguições
políticas, as elites locais viviam um momento inédito desde a Independência.

Além disso, o Ato Adicional declarava o Rio de Janeiro como município neutro por ser a sede do Império,
destacando-o da província e reservando-o para a realidade política da corte. A Regência também passaria
por sua transformação política, sendo extinta a regência trina em favor da unificação, a ser realizada por
eleições diretas (mas ainda sob as limitações do voto censitário) para mandatos de quatro anos, o que muito
aproximou o modelo regencial daquele republicano adotado pelos vizinhos latino-americanos.

Essa configuração com ares federalistas só sofreria um importante revés em 1840, quando a regência de
Araújo Lima aponta para o recrudescimento. O regressismo dos conservadores instituiu a chamada
interpretação do Ato Adicional de 1834. Serviram de grande justificativa para esta guinada as constantes
rebeliões ocorridas no país contra a Regência, as quais foram associadas pelos conservadores às políticas de
descentralização realizadas pelos liberais. Segundo essa nova interpretação, a transferência de grandes
poderes para as Assembleias Provinciais foi dada como inconstitucional, reformulando a composição
administrativa criada pelos liberais. A autonomia das províncias foi sensivelmente reduzida com a retirada
das Assembleias dos poderes de nomeação e de demissão de funcionários públicos. Além disso, todas as
medidas tomadas pelas províncias no sentido de interpretar o Ato Adicional deveriam ser submetidas à
apreciação do parlamento, centralizando novamente o poder.

A redução da autonomia das províncias seria um importante passo da regência de Araújo Lima para reverter
as posições conquistadas pelos liberais. O regressismo tinha se estabilizado e reordenava o país, fazendo
com que os liberais aderissem à ideia de uma ruptura pela maioridade de Pedro II. Como veremos na próxima
aula, as disputas dos regentes adiantariam os passos do novo imperador ao trono.

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OS LEVANTES POPULARES PELO PAÍS


A descentralização política arquitetada pelos liberais causou um paradoxo na realidade brasileira. Ao dar
mais poder às províncias, as medidas dos liberais acabaram por acordar rivalidades locais adormecidas,
provocando insatisfações provincianas contra o governo central. A transferência de poder para as províncias
fez com que os grupos dirigentes vencedores também pudessem organizar maiores perseguições políticas
contra seus opositores. Num paradoxo, emergiram mais insatisfações populares contra o governo central
exatamente quando uma parcela importante do poder estava nas mãos das elites locais.

Além disso, as insatisfações contra as transformações da ordem política serviam de caixa de ressonância para
as contestações de fundo contra a Regência. A falta de uma base de legitimação política dava aos regentes
um certo aspecto de usurpadores do trono, fragilizando o poder político. Num país extremamente católico
e sem tradição republicana, era difícil compreender que a ordem das coisas pudesse ser alterada
legitimamente fora da vontade do rei católico. Compreender que a legalidade estava ao lado dos regentes e
que era necessária uma longa travessia organizada em meio a tantas dificuldades exigia uma paciência muito
grande pelos interiores do país. Completando o quadro, a transferência da divisão de rendas tributárias para
as mãos das elites locais dificultou que o governo central pudesse desenvolver políticas mais efetivas contra
as insatisfações.

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Mapa das principais revoltas regenciais

Já nos primeiros anos da Regência, o próprio Rio de Janeiro foi palco de algumas revoltas populares, trazendo
certo temor para os políticos, que chegaram a construir planos para a fuga do príncipe Pedro em caso de
necessidade extrema. Mas a primeira (e mais diferente) revolta do período regencial eclodiu em 1832 em
Pernambuco: a Guerra dos Cabanos ou Cabanada – NÃO confundir com a Cabanagem. Ainda longe das
questões de disputas de elites locais derivadas do Ato Adicional de 1834, a Guerra dos Cabanos reuniu
escravos, pequenos proprietários, camponeses, índios e, em alguma medida, senhores de engenho. Os
revoltosos se levantavam contra os regentes por considerá-los expropriadores da autoridade imperial. Sem
conseguir compreender o momento político pós-1831, a população pegava em armas para a restauração da
autoridade monárquica, o que contou com apoio de grandes comerciantes portugueses no Recife e de
setores caramurus da política carioca. A fé na restauração das camadas mais simples da população
encontrava eco nos interesses dos caramurus da elite. Após desenvolver uma guerra de guerrilha, os
revoltosos foram derrotados pelo governo provincial em 1835.

Após os abalos locais resultantes do Ato Adicional, as indicações dos regentes para as presidências das
províncias também alimentaram todo um ciclo de rebeliões que iriam de 1834 a 1845 em diferentes pontos
do Brasil, mas com especial concentração no Norte e no Nordeste. No distante Pará, a Cabanagem tomou
forma como uma revolta popular contra o novo presidente da província em 1835. Com uma sociedade
profundamente mestiça e sem uma elite realmente estabelecida além de tímidos comerciantes estrangeiros
e alguns produtores, o Pará viveu sua revolta durante cinco anos após a invasão e a tomada de Belém por
uma tropa popular, à qual se seguiu uma declaração de independência da província. Com o alastramento da
rebelião para o interior da província, destacou-se a liderança de Eduardo Angelim, cujas ideias acusavam de
ilegítimos os regentes e defendiam a fé católica, a monarquia e o imperador Pedro II. Apesar da declaração
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de independência, os revoltosos não chegaram a apresentar um modelo alternativo, sem sequer tocar no
tema da escravidão, apesar de contarem com muitos escravos em suas tropas. Em 1840, a rebelião seria
devastada pelas tropas legalistas, que bloquearam a entrada do Amazonas, sufocando as redes de comércio
e engajando-se com os rebeldes em confrontos sangrentos. Ao final da Cabanagem, cerca de 20% da
população da província tenha sido morta, entre legalistas e rebeldes. Estimam-se 40 mil mortos no conflito.

A Bahia viveria, em janeiro de 1835, um atípica revolta escrava, a Revolta dos Malês. Salvador concentrava
importante número de escravos malês, de formação religiosa e educacional islâmica. Estes escravos eram
alfabetizados e tinham uma formação intelectual muito diferenciada, o que foi desconsiderado pelas
autoridades provinciais. Na madrugada do dia 25 de janeiro, os malês tomaram as ruas de Salvador para
contestar os fundamentos da escravidão e a situação política em meio à regência, que mantinha a repressão
contra religiões que não a católica. Bem organizados, os cativos conseguiram fazer o levante, ainda que, em
desvantagem numérica, tenham sido rapidamente derrotados pelas tropas regulares. Essa rebelião escrava
muito assustou as autoridades imperiais. Temia-se um levante generalizado de escravos no país, à moda do
Haiti, e os malês demonstraram que isso era uma possibilidade real.

Ainda na Bahia, em 1837, sob liderança de Francisco Sabino Barroso, eclodiu a Sabinada. O estopim da
revolta foi o recrutamento forçado para lutar na Farroupilha. Envolvendo a classe média ilustrada de
Salvador, a revolta tinha princípios federalistas e republicanos que pretendiam estabelecer uma república
independente do Brasil até a coroação de Pedro II como imperador. Apontando para a ilegitimidade da
regência, os sabinos também admitiam as possibilidades da libertação dos escravos nascidos no Brasil,
principalmente aqueles que se levantaram junto com a revolta. No entanto, os senhores de engenho do
Recôncavo Baiano não aderiram à rebelião, empregando as forças da Guarda Nacional e aderindo ao esforço
das tropas legalistas para restabelecer a normalidade em Salvador. Após cerca de um ano de revolta, a cidade
de Salvador foi sitiada por terra e mar, encerrando a revolta com um combate corpo a corpo pela cidade.

No sul do Maranhão, em 1838, a Balaiada teve seu início. Tomando de empréstimo o nome ao ofício de
Francisco dos Anjos Ferreira (que fazia balaios), a Balaiada surgiu de disputas entre líderes políticos locais,
mas conseguiu envolver parcelas da população mestiça e dos escravos. Os abusos das autoridades locais
contra a população foram o grande detonador da revolta, galvanizando tanto a elite local derrotada quanto
a população mais pobre. Ao ocupar Caxias, segunda maior cidade da província, e ao alastrar o movimento
para o Piauí, os revoltosos fizeram proclamações de fidelidade ao catolicismo, ao Brasil e ao imperador Pedro
II, mas defenderam a liberdade frente aos desmandos da nova elite local dirigente e aos ilegítimos da
Regência. Com diversas tendências em seu interior, a Balaiada foi esmagada, à época dizia-se “pacificada”,
pelas tropas legalistas em 1840, mas houve anistia aos revoltosos livres e a recondução dos escravos que
pegaram em armas ao cativeiro. No embate, as tropas imperiais estavam sob comando de Luís Alves de Lima
e Silva, que, vencida a Balaiada, seria nomeado barão de Caxias, o futuro duque de Caxias, político e militar
fundamental na história do Segundo Reinado.

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Duque de Caxias

A maior e mais emblemática das revoltas do período regencial foi a Guerra dos Farrapos (ou Farroupilha)
no Rio Grande do Sul. A província não estava propriamente inserida no contexto político-econômico das
grandes redes domésticas do Império, mas o novo ciclo de aquecimento da demanda por escravos derivado
do crescimento da cafeicultura fez com que o charque, grande produto gaúcho e principal alimento dado
aos escravos, fosse convertido numa importante fonte de renda para os estancieiros gaúchos. O comércio
doméstico de charque animou a vida econômica das estâncias, que fizeram a conversão da prática de gado
de corte para as charqueadas.

Com os investimentos feitos e uma importante rede produtiva-comercial estabilizada, os gaúchos viram um
aumento importante dos tributos sobre o charque produzido na província. Com a nova configuração
tributária, as charqueadas ficavam sem condições de competir com os produtores uruguaios e argentinos,
que entravam no mercado brasileiro sem o peso da tributação imposta à província brasileira. É importante
destacar que as charqueadas deram tanto solidez quanto unidade à vida econômica do Rio Grande do Sul,
que vinha de uma insípida prática pecuária e de um fracassado ciclo de cultivo de trigo. Ligados fortemente
às dinâmicas platinas, os gaúchos conseguiam, enfim, certo grau de homogeneidade, favorecendo a
organização local, que, há décadas, discutia suas relações com o Império.

As reformas liberais da Regência não conseguiram abrandar todas as questões provinciais. Pelo contrário,
ainda que no contexto de descentralização das receitas e aumento de autonomia do orçamento, o governo
central, por vezes, exigia da província gaúcha o envio de fundos para salvar o orçamento de Santa Catarina.
Além disso, a criação da Guarda Nacional levantava questões dentro da elite gaúcha, que se acostumara
manter bandos armados com forte ligação pessoal com cada estancieiro, num estilo semelhante ao
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caudilhismo platino. A perspectiva da unificação na mão de um pequeno grupo desse tipo de organização
paramilitar criava uma série de desconfianças entre os estancieiros gaúchos.

No entanto, a adesão à rebelião farroupilha não foi uniforme entre os estancieiros. Aqueles ligados às elites
do Rio de Janeiro pelo comércio do charque com o baronato fluminense optaram pela manutenção da
distância com relação à revolta. Já aqueles produtores mais próximos à fronteira uruguaia consideravam
insustentável o pagamento de tributos altos ao governo central, além de pagar pela circulação dos rebanhos
na fronteira entre os dois países. Alguns proprietários de charqueadas localizadas no litoral também
aderiram aos revoltosos, tal como aderiram estrangeiros (caso de Giuseppe Garibaldi) e militares do Exército
imperial (João Manuel de Lima e Silva).

Sob a liderança de Bento Gonçalves, os farrapos se levantaram contra o governo central em 1835 já contando
com seus pequenos (e bem organizados) exércitos particulares. Além disso, Gonçalves foi responsável pela
organização de lojas maçônicas na porção oeste da província, fortalecendo as redes de comunicação entre
os revoltosos. Galvanizava-se elites e porções de território que tinham ligações muito frágeis com o governo
central.

Com emprego pesado de cavalaria, os farrapos empreenderam uma luta longa, com o comando
compartilhado por Davi Canabarro e Garibaldi no norte da província e em Santa Catarina, onde conseguiram
assumir o controle. Em 1838, a situação evoluiu o suficiente para que pudessem dar um passo além daquilo
que havia sido imaginado, proclamando-se a República de Piratini sob a presidência de Bento Gonçalves.
Estabeleceu-se um governo efetivo de um novo Estado, contraindo empréstimos e empreendendo algumas
medidas de estímulo econômico com franco favorecimento às charqueadas e seus subprodutos.

Ao mesmo tempo que a Farroupilha representava uma preocupação por ser uma área estratégia, o bom
funcionamento dos exércitos rebeldes garantia ao governo central certa tranquilidade quanto a uma invasão
argentina em meio ao expansionismo de Rosas. De maneira semelhante, a atração do Uruguai ao
fortalecimento gaúcho dificultava os planos de Rosas de estender o controle da sua Confederação Argentina
para os dois lados do Rio da Prata. Assim, a Farroupilha tanto forçava o governo brasileiro a criar uma melhor
articulação no subsistema internacional quanto dava algumas novas possibilidades de ação do Império nas
suas fronteiras sul.

Em 1840, no final da Regência, o governo central cedeu à grande exigência econômica dos rebelados,
decretando uma alíquota de 25% sobre toda carne salgada importada dos vizinhos platinos. Com esta
concessão, era iniciado o período de distensão que levaria a Farroupilha ao fim sem o agravamento das
perdas humanas.

O hábil e prestigiado Marquês de Caxias foi destacado, em 1842, para assumir o comando das forças
legalistas e do governo civil frente aos farrapos. Com precisão, Caxias combinou articulações políticas às
manobras militares, conseguindo minimizar os combates ao mesmo tempo em que ampliava os avanços na

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direção de uma solução definitiva para a disputa regional. A política de apaziguamento de Caxias foi capaz
de ir isolando as lideranças farroupilhas, fazendo acordos em separado para a distensão final. Com
parcimônia, toda possível intenção de separatismo foi abandonada em troca de acordos de reconhecimento
de méritos provinciais sem forçar uma derrota.

Em 1845, Caxias e Canabarro chegaram aos termos da paz sem que os farrapos se rendessem, mas sim
aceitassem a deposição das armas em nome da anistia, do reconhecimento imperial das dívidas contraídas
pelos farrapos (ou seja, o governo pagaria pelas dívidas dos revoltosos) e da incorporação – com respeito
total às patentes – ao Exército imperial. Ao fim da guerra, o Exército saía fortalecido tanto pelo reforço
numérico e prático às suas colunas quanto por não ter comprometido recursos preciosos em combates com
os revoltosos. Após dez anos de lutas, os estancieiros gaúchos conseguiam a atenção imperial para suas
queixas ao mesmo tempo em que entravam para a geografia política imperial de maneira decisiva,
consolidando lealdade e relativa autonomia com todas as salvaguardas às fronteiras brasileiras contra as
ameaças platinas.

A POLÍTICA EXTERNA NA REGÊNCIA: ENTRE O IMOBILISMO E A PREPARAÇÃO


A configuração da política externa brasileira durante o período regencial assumiu um comportamento
bastante curioso. Ao mesmo tempo em que o país estava limitado pelas convulsões domésticas e pela
desvantajosa política de tratados desiguais do Primeiro Reinado, houve um interessante fervilhar de
propostas e de transformações discretas que viabilizariam algumas ações do Segundo Reinado.

Do ponto de vista externo, o país estava limitado em suas ações pela política de tratados celebrada na década
anterior. Cabia à Regência fazer cumprir as cláusulas desvantajosas aceitas por Pedro I em nome da
consolidação da Independência sem que houvesse grandes margens para manobrar, porque a diplomacia
europeia já assumia seus traços de arrogância e de política de força, características das relações
internacionais do século XIX.

Com o Reino Unido, a política de tratados era ruinosa. O Brasil cedia baixíssimas tarifas aos produtos
britânicos praticamente sem contrapartidas comerciais e sem que isso fosse traduzido em investimentos
internacionais. O resultado foi um longo acúmulo de déficits na balança comercial com o Reino Unido,
esvaindo as reservas brasileiras sem qualquer traço relevante de melhora econômica. Ao mesmo tempo, a
saúde das finanças brasileiras patinava para melhorar, já que os impostos alfandegários eram a principal
fonte de receita governamental. Sem ser possível qualquer rompimento expresso, a situação era amenizada
pela triangulação comercial realizada pelos proeminentes mercadores ingleses no Brasil, que conseguiam
fazer entrar as mercadorias brasileiras no mercado britânico sem que esbarrassem nas dificuldades tarifárias
deixadas pelos tratados.

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Em 1835, Caldeira Brant ainda faria uma incursão junto aos governos europeus para facilitar a entrada de
mercadorias brasileiras. No entanto, recebeu exigências descabidas e nada alcançou. Do périplo de Brant, a
maior lição foi o acúmulo de expertise diplomática para quando chegasse o momento de renegociação dos
tratados. Neste contexto, o risco de insolvência brasileira (e as fragilidades sul-americanas) abria caminho
para a prática de juros vexatórios sobre empréstimos solicitados pelo Brasil junto ao Reino Unido; além do
aumento da arrogância internacional frente às fragilidades brasileiras. No período, o Reino Unido ampliaria
sua pressão contra o tráfico negreiro sem fazer grandes observações em favor da soberania brasileira;
chegando a instituir ações que afetava diretamente o Brasil e seus cidadãos – incluindo comissões de
julgamento de traficantes em Serra Leoa – sem qualquer tipo de diálogo mais sério.

Um importante redutor de pressão no jogo político com o Reino Unido foi a abertura dos mercados dos
Estados Unidos para os produtos brasileiros. Com um grande mercado consumidor e um nascente progresso
econômico, os Estados Unidos irrigavam a economia brasileira com as reservas que escasseavam por conta
dos juros de agiotagem praticados por Londres. Dentro de todo o imobilismo resultante da política de
tratados, o país conseguia estabelecer uma certa rede que assegurava importante fluxo de capitais para que
a travessia fosse concretizada.

Com Portugal, ainda era necessário que as comissões mistas, previstas pelos acordos de 1825,
estabelecessem os valores das indenizações a serem pagas de parte a parte. Os trabalhos se arrastariam
durante todo o período regencial, chegando em 1842 com a determinação de quantias vultuosas em franca
desvantagem para a posição brasileira. Nesse mesmo sentido, o sistema de tratados arrastava o Brasil para
o atendimento a numerosas reclamações sobre prejuízos decorrentes de sua ação no Prata durante o
Primeiro Reinado. A política de força, apoiada nas distorções dos tratados, viabilizou a exigência de
indenizações que muito custaram ao Tesouro brasileiro em comissão mista internacional idealizada pelo
Reino Unido. A Regência só começaria a dar respostas negativas a parte de 1837, quando grandes somas já
haviam sido pagas. Ainda que a Europa simbolizasse o progresso, criava-se no Brasil uma aversão geral
quanto à associação com as potências centrais, tanto pelo medo do imobilismo quanto pela aversão à lei do
mais forte.

A situação platina, por sua vez, avançara após a consolidação da derrota brasileira na Cisplatina e o
pagamento de indenizações para vários lados envolvidos. No período regencial, optou-se pelo
estabelecimento da neutralidade frente aos assuntos platinos, já que o país estava decidido a apenas
atravessar o período de carestia imposto pelos tratados da independência. O Uruguai estava dividido entre
Fructuoso Rivera (colorado) e Manuel Oribe (blanco), os quais se aproximavam do Brasil quando fora do
poder, mas depois se afastavam assim que reassumiam uma posição de força. O Paraguai vivia a ditadura de
Francia e mergulhava num isolacionismo que chegaria até meados do Segundo Reinado brasileiro.

Por fim, a Argentina vivia a ditadura de Juan Manuel de Rosas, cujo sonho era a recomposição do Vice-
Reinado do Prata, envolvendo a Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul. Rosas também tinha
comportamento pendular com relação ao Império, aproximando-se quando se sentia ameaçado pelas
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potências europeias ou pelas possibilidades de alianças dos seus opositores domésticos (como as províncias
de Entre-Ríos e Corrientes) com Uruguai ou a República do Piratini; mas voltava a uma política de
afastamento uma vez que os riscos diminuíssem.

A situação com Rosas deu um salto de tensão quando o argentino decidiu, em 1835, por uma política ultra-
protecionista, fechando o Rio da Prata e os demais rios argentinos à navegação estrangeira (estrangulando
o acesso brasileiro ao Mato Grosso), monopolizando o comércio com toda a Confederação Argentina em
torno de Buenos Aires e ensaiando uma dominação política sobre Assunção e Montevidéu. Os planos de
Rosas alertaram a Regência para a necessidade de composição de acordos duradouros com a Argentina,
provando que a política neutral não era capaz de fornecer todas as respostas.

Juan Manuel de Rosas

Os riscos de cooptação sobre a República do Piratini e a imprevisibilidade sobre os prejuízos brasileiros por
conta do protecionismo argentino acabaram pressionando para uma procura por composição com Rosas. Já
no Segundo Reinado, em 1843, a convergência se consubstanciaria quando Rosas procurou o governo
brasileiro para agir contra o governo de Rivera porque este insuflava os dissidentes argentinos para um

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levante contra Buenos Aires. Disposto a vender caro o abandono do neutralismo, Honório Hermeto,
negociador brasileiro, acabou se envolvendo com a estratégia rosista ao negociar a paz do Rio Grande do Sul
em troca da deposição do governo uruguaio. Habilmente, Rosas denunciaria o tratado tão logo o governo
brasileiro o anunciou, deixando para o Rio de Janeiro toda a responsabilidade pela deposição de Rivera e
alcançando seus objetivos a um custo zero. Como veremos nas próximas aulas, a composição pretendida
pela Regência com a Argentina fracassaria em 1843 e chegaria à sua fase mais aguda nas décadas seguintes.

No plano das ideias, a tônica geral era de revolta contra o sistema de tratados herdado pela Regência. As
ideias fervilhavam no Rio de Janeiro no sentido de questionar a ordem internacional baseada na força,
ensaiando a embocadura autonomista que caracterizaria a diplomacia brasileira a partir de 1844. Ainda que
todo o imobilismo (interno e externo) da Regência tenha inibido muitas vontades de ação no período,
lançava-se, então, um importante germe de autonomia e de reestruturação das relações internacionais
brasileiras. Os discursos vazios de prestígio e o legalismo redundante iam abrindo espaço para um acúmulo
de experiência mais voltado para o pragmatismo político, desenvolvendo algumas interpretações
rudimentares sobre o interesse nacional.

Por fim, destaque-se que é na Regência que o aparato burocrático dos Negócios Exteriores seria refinado de
maneira importante. Apesar do imobilismo internacional, essa política pública conseguiu incluir-se no âmbito
dos impulsos de modernização institucional do período regencial, que também levou, por exemplo, à criação
de cursos superiores (as escolas de Medicina no Rio de Janeiro e em Salvador), do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro e do Colégio D. Pedro II, além da reforma da Academia Militar.

Algumas bases da política externa brasileira começavam a tatear no escuro das dificuldades do período
regencial, mas as transformações vividas no período lançariam ecos ao longo do século XIX.

Vamos praticar agora?

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ESQUEMA E DETALHAMENTO

Aspectos Gerais

• Com a abdicação de D. Pedro I, o Brasil perdia na sua inteireza uma das suas representações nacionais
– conforme o dispositivo constitucional –, o imperador. Sem fonte externa de autoridade – a
monarquia ela mesma – e o centro do poder da constituição, o governo agora seria exercido pelas
oposições parlamentárias e a fonte da soberania se derivava da vontade dos eleitores.

• Marcello Basile fornece algumas linhas interpretativas acerca da Regência:

➢ A visão negativa conservadora: construída na esteira do fim da Regência, a visão saquarema


da Regência vinculou-a à descentralização que teria causado anarquia e quase a desintegração
do país por conta das revoltas. Foi uma visão que, embora de época, vigorou por bastante
tempo;

➢ A perspectiva liberal: interpretação de liberais do Segundo Reinado, como Torres Homem,


Theophilo Ottoni e Tavares Bastos trataram as regências como fase de triunfo das
“liberdades”;

➢ A renovação historiográfica: trata o período como um momento de conflito entre projetos


distintos de Estado, focalizando-se nas diversas propostas políticas de moderados, exaltados
e caramurus. Caso de Barman, Miriam Dolhnikoff e Basile;

• Nesse movimento de renovação historiográfica é relevante atentar-se para a ampla participação


popular nas diversas esferas: pressão parlamentar, movimentos de rua, críticas na imprensa e,
certamente, as revoltas. Nesse sentido, o período regencial tem uma significação única dentro da
história do Império, exceção aos movimentos abolicionistas da década de 1880;

• Alguns recortes cronológicos são possíveis para se tratar das regências:

➢ Um recorte que siga os modelos regenciais:


▪ De 1831-1834/35: Regências Trinas
▪ De 1834/35-1840: Regências Unas

➢ Um recorte que siga movimentos políticos:


▪ De 1831-1835: Período do avanço e triunfo das reformas liberais.
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▪ De 1835-1840/42: Período de recuo, adaptação e reinterpretação das reformas;

• São três os grupos políticos atuantes nas Regências até por volta 1837 (embora sejam mais fluidos a
partir de 1834). No geral, conforme Basile:

➢ Caramurus: alinhados com a vertente conservadora do liberalismo, à la Burke. Contrários à


reforma constituição; defendiam uma monarquia fortemente centralizada. Defendiam, até
1834, o retorno de Pedro I como regente de seu filho ou mesmo como imperador. Eram, no
geral, figuras vinculadas à ilustração portuguesa coimbrã que propugnavam por um Estado
forte capaz de realizar as reformas políticas necessárias para o progresso. A descentralização
retiraria esses poderes e impediria que o governo avançasse o grau civilizatório do Brasil.
Importantes nomes caramurus foram: José Bonifácio e seus irmãos – Martim Francisco de
Andrada e Antônio Carlos –, Hollanda Cavalcanti, Antônio Rebouças, Lopes Gama, Miguel
Calmon du Pin, Araújo Lima, Montezuma, Clemente Pereira. Os caramurus tinham controle
firme do Senado imperial.

➢ Liberais moderados: apresentavam-se como seguidores dos liberais clássicos – Locke,


Montesquieu, Guizot e Constant. Realizaram reformas para reduzir os poderes do imperador,
aumentar os poderes da Câmara dos Deputados, dar autonomia ao judiciário e garantir os
direitos individuais dos cidadãos. Moderados destacados são: Feijó, Evaristo da Veiga,
Bernardo Pereira de Vasconcelos, Carneiro Leão, Miranda Ribeiro. Os moderados formavam
maioria na Câmara.

➢ Liberais exaltados: inspirados sobretudo por Rousseau e Paine. Buscavam incrementar os


princípios clássicos do liberalismo com maior participação popular. Muitos defendiam a
República e reformas profundas que incluíam o fim da escravidão, extensão da cidadania e
até espécie de reforma agrária. Os exaltados atuavam principalmente nas ruas e na
imprensa.

Conforme Basile:

Grupo Cadeiras na Câmara na segunda legislatura (1830-1833)


Caramurus 35
Moderados 47
Exaltados 7
Não identificados 34
Total 100 + 23 suplentes
20

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• Esses grupos tornam-se cada vez mais indefinidos com os rachas entre os moderados acerca das
interpretações do Ato Adicional, começando a se esboçar a partir de 1835 duas tendências: o
Regresso e o Progresso, que ficam mais patentes a partir de 1837, com a ascensão de Araújo Lima à
Regência.

• A articulação da elite imperial nessas facções demonstra a fraca coesão da elite dirigente nacional.
Essa falta de coesão, somada a ausência de uma legitimidade considerada acima dos “partidos” (tal
como se entendia à época) foi fator preponderante para a fraqueza do Estado – dividido
internamente. Fraqueza que transpareceu na política interna – na luta contra as revoltas – e na
política externa – retração da presença no Prata e tibieza em lidar com a pressão inglesa.

• As regências, se obtiveram sucesso nas reformas a que se propunham graças a uma maioria instável,
foram contestadas por todo o período. Três tipos de revoltas se destacam:

▪ Um, durante as regências trinas, foi marcado por ações mais disseminadas de tropa e povo,
exceção feita à Cabanada do Pernambuco (1832-1835). Foram menores, passageiras e
disseminadas, causando forte impressão pela frequência e pela associação do elemento
militar. Os motivos foram variados: insatisfação das facções minoritárias com os moderados,
anseios federalistas, descontentamento dos militares, disputas por cargos, carestia de
gêneros básicos, sentimentos antilusitanos etc.

Revolta Ano Local Tendência


Rev. 7 de abril 1831 Corte Exaltada/Moderada
Mata-Marotos 1831 Bahia Exaltada
Rev. De povo e tropa 1831 Corte Exaltada
Rev. De povo e tropa 1831 Pará Caramuru
Setembrada 1831 Maranhão Exaltada
Setembrada 1831 Pernambuco Exaltada
Distúrbios do Teatro 1831 Corte Exaltada
Levante da ilha das 1831 Corte Exaltada
Cobras
Novembrada 1831 Pernambuco Exaltada
Revoltade Pinto 1831- Ceará Caramuru
Madeira e Benze- 1832
Cacetes
Seis levantes 1831- Bahia Exaltada
federalistas 33
Sedição de Miguel 1832 Corte Exaltada
Frias e Vasconcelos
Sedição do Rio Negro 1832 Pará Exaltada
Revolta do Barão de 1832 Corte Caramuru
Bülow
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Abrilada 1832 Pernambuco Caramuru


Assuadas (duas) 1832 Corte Caramuru
Cabanada 1832- Pernambuco e Caramuru
35 Alagoas
Revolta do Ano da 1833 Minas Gerais Caramuru
Fumaça
Rev. De povo e tropa 1833 Pará Exaltada
Conspiração do Paço 1833 Corte Caramuru
Rusga Cuiabana 1834 Mato Grosso Exaltada
Carneiradas 1834- Pernambuco Exaltada
1835

▪ Outro, se deu após a aprovação das reformas do Ato Adicional. Foram as grandes revoltam,
que recebem mais atenção. Foram de grande escopo e de maior duração e virulência.

Revolta Ano Local Tendência


Cabanagem 1835-1840 Pará Exaltada
Farroupilha 1835-1845 RS e SC “Exaltada”
Sabinada 1837-38 Bahia Exaltada
Balaiada 1838-1841 MA e PI “Exaltada”

▪ O terceiro, foi o das revoltas escravas, grandes e pequenas.

Revolta Ano Local Tendência


Carrancas 1833 MG Escrava
Malês 1835 Bahia Escrava
Rebelião de 1838 RJ Escrava
Manuel Congo

O Experimento Liberal (1831-1837)

• A partir da abdicação do imperador em 1831 e até 1834, em sua morte, a vida política nacional seria,
em grande medida marcada pelo próprio imperador. Em vida e em morte, Pedro I seria motivo de
conflitos e alteração de rumos na política nacional enquanto não atingia graus de institucionalização
mais maduros.

• O medo de que a revolta que levou à abdicação fosse usada pelos exaltados para de pronto proclamar
uma república no RJ levou os moderados presentes a logo aclamarem Pedro II como imperador,
acalmando o clima político na esteira da acefalia que Pedro I deixara no país.
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• Isso porque, conforme a constituição imperial, seria necessária a organização de uma regência.
Conforme os dispositivos constitucionais da época:

➢ Art. 122. Durante a sua menoridade, o Império será governado por uma Regência, a qual
pertencerá na Parente mais chegado do Imperador, segundo a ordem da Sucessão, e que seja
maior de vinte e cinco anos.

➢ Art. 123. Se o Imperador não tiver Parente algum, que reúna estas qualidades, será o Império
governado por uma Regência permanente, nomeada pela Assembleia Geral, composta de três
Membros, dos quais o mais velho em idade será o Presidente. (Vide Lei de 12.10.1832)

➢ Art. 124. Em quanto esta Regência se não eleger, governará o Império uma Regência
provisional, composta dos Ministros de Estado do Império, e da Justiça; e dos dois
Conselheiros de Estado mais antigos em exercício, presidida pela Imperatriz Viuva, e na sua
falta, pelo mais antigo Conselheiro de Estado.

• Ocorre que a abdicação de Pedro I foi acompanhada da demissão de todo o ministério. A Assembleia
estava de recesso, não sendo ainda portanto capaz de eleger a regência. Legal e tecnicamente, era
constitucionalmente impossível tomarem o poder.

• Para evitar a “anarquia”, o bispo do RJ, também presidente do Senado, D. José Caetano, convocou os
parlamentares presentes na Corte, 62 ao todo, para, no Senado, elegerem uma regência provisória
até que a Legislatura se reunisse e elegesse a nova Regência conforme mandava a constituição. Foram
escolhidos:

➢ Marquês de Caravelas – Carneiro de Campos;


➢ Nicolau Vergueiro;
➢ Francisco de Lima e Silva;

• Reunida a Assembleia Geral em 3 de maio a primeira providência foi a de eleger a nova Regência
Trina e estabelecer quais seriam suas atribuições, no que ficou conhecido como a lei da Regência de
14 de junho de 1831. Ficou, por essa lei, estabelecida a supremacia do Legislativo sobre o executivo
(a Regência). Vejamos seus termos:

➢ Voto secreto das duas casas reunidas para a eleição (Art.2);


➢ A regência, por meio dos ministros, exerce as atribuições do Poder Moderador e do chefe
Executivo com os limites e exceções: (art. 10)
➢ O veto suspensivo pode ser derrubado de imediato por 2/3 dos votos em cada uma das
Câmaras; (art.13)
➢ A Regência não pode (art. 19):

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▪ Dissolver a Câmara dos Deputados


▪ Perdoar ministros e conselheiros, salvo de pena de morte;
▪ Conceder anistia, que passar à competência da Assembleia;
▪ Conceder títulos, honras e distinções;
▪ Nomear conselheiros de Estado;

➢ A Regência não pode sem a aprovação da Câmara: (art. 20)

▪ Ratificar tratados, convenções etc.


▪ Declarar guerra;

• A Regência, assim, ainda poderia apontar ministros e os senadores, além de prolongar a legislatura,
mas o Executivo saía muito menor – inclusive nos atributos clássicos desse poder como a declaração
de paz e guerra.

• A eleição da Regência Trina permanente se deu na sequência sendo eleitos na sequência pela maior
quantidade de votos:

➢ Francisco de Lima e Silva – braço militar;


➢ José da Costa Carvalho – nascido na Bahia, com carreira em São Paulo. Representava o centro-
sul
➢ João Bráulio Muniz – maranhense. Representava o Norte.

• Tendo controle firme sobre os negócios públicos, a elite liberal não tardou em colocar em prática as
mudanças que consideravam necessárias. Tomaram medidas econômicas, militares e judiciárias de
peso, dando continuidade a algumas discussões da I Legislatura e implementando novas.

Reformas liberais e demais questões internas

• O Estado estava em más condições econômicas. Em 1829, D. Pedro se lamentava na abertura da


sessão extraordinária convocada em Fevereiro: “claro é a todas as luzes o estado miserável a que se
acha reduzido o Tesouro Público”. O déficit alcançava cifras consideráveis, quase 1/3 das receitas,
para o ano de 1828. Para lidar com essa situação, a qual se somava a depreciação do mil-réis e,
evidentemente, o aumento da dívida pública, a Regência realizou drásticos cortes nos gastos,
particularmente o gasto militar.
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Ano Min. Guerra Min. Marinha


Ex. 1830-31 4.510:611$146 2.349:435$550
Ex. 1831-32 3.847:926$460 1.780:818$940
Ex. 1832-33 2.500:000$000 1.500:000$000

• A diminuição drástica dos ministérios da Guerra e da Marinha implicou na baixa de soldados, corte
nas promoções dos oficiais, venda de navios e redução da frota operacional, supressão dos aumentos
de soldo.

• Esse movimento pode ser explicado, para além do imperativo econômico, por dois outros aspectos
políticos:

➢ Os liberais brasileiros, inspirados pela história europeia, desconfiavam fortemente de forças


militares permanentes. Acreditavam que Exército em prontidão era arma de déspotas e a
história brasileira tinha alguns exemplos para dar: fechamento da Constituinte, comissão
militar pós-Confederação do Equador. Para esses liberais, a solução era a criação de guardas
cívicas, milícias cidadãs, à la milícia americana e Guarda Nacional francesa.

➢ Outro importante elemento político foi a participação da tropa em vários levantes, incluso o
da abdicação. A forças terrestres, assim, eram elemento perturbador da ordem, tanto mais
quanto havia vários oficiais “portugueses” na ativa e a disciplina era quase nula.

• Para compensar a diminuição do efetivo e reorganizar de cima a baixo o sistema militar brasileiro
herdado da colônia, os liberais moderados, inspirados nos americanos e franceses, organizaram a Guarda
Nacional por meio da lei de 18 de agosto de 1831. Pela lei:

➢ extinguiam-se a milícia existente (também chamada de 2º linha ou linha auxiliar), as


ordenanças militares (3º linha) e as guardas municipais;
➢ criava-se a Guarda Nacional, cuja organização se dava em todo o Império nos Municípios. (art.
3)
➢ Serviriam no município como auxiliar do Exército de Linha (art. 2)
➢ Estavam subordinadas aos Juízes de Paz, Juízes Criminais, ao Presidente da Província e ao
Ministro da Justiça (art. 6)
➢ Eram alistados os eleitores (RJ, MA, BA e Recife) e os votantes nos demais municípios de 21 a
60 anos. (art. 10)
➢ Estavam livres do serviço: os regulares de ordens sacras, os militares de 1º linha e os
responsáveis pelas prisões – carcereiros etc (art. 12)
➢ Os oficiais dos corpos seriam eleitos, em voto secreto, por maioria absoluta. (art. 52)
➢ Os guardas custeavam o próprio uniforme (art. 65), recebiam as armas do governo, mas
tinham a obrigação de fazer sua manutenção (art. 66).
➢ Podiam ser destacados para fora do município e mesmo da província em caso de necessidade
policial a pedido das autoridades civis (art. 107). O prazo destacado não pode exceder um
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ano, se a pedido do ministro da justiça (art. 112). Nunca se submeteriam a autoridade militar,
mas somente civil (art. 109).

• A Guarda Nacional foi fundamental para debelar os movimentos sediciosos que estouraram durante as
Regências. Para Dolhnikoff: “Concretizava-se o projeto liberal quanto à força coercitiva do Império: uma
milícia de escala nacional e devidamente atada ao centro”, mas que pela organização municipal e
provincial “garantia certa autonomia”.

• Nesse sentido, a Guarda Nacional de 1831, o Código de Processo Criminal de 1832 e o Ato Adicional de
1834 estão todos vinculados a uma só lógica de reforma liberal do Estado.

• Ainda em 1831 duas graves peças legislativas seriam passadas:

➢ Em 6 de junho, aprovava-se lei que proibia o “ajuntamento” de cinco ou mais pessoas à noite,
sob pena de prisão. Ampliava os poderes do juiz de paz para nomear delegados de quarteirão
para manter a ordem;

➢ Em 7 de novembro é aprovada a lei de proibição do tráfico de escravos, declarando livres os


escravos trazidos ao país a partir daquela lei. Causou profunda consternação na elite
econômica e seria fator de graves críticas ao governo, ainda que não tenha sido cumprida;

• Acertadas as reformas econômicas e refeito o aparato coercitivo do Estado em novas bases, os


liberais moderados se dedicaram à (1) reforma da justiça, dando continuidade às discussões que já
estavam em marcha desde 1830, e à (2) reforma da constituição no sentido de criar uma monarquia
federativa.

• Conforme José Reinaldo de Lima Lopes, o principal foco das primeiras legislaturas brasileiras foi o de
dotar o Brasil de um direito precipuamente nacional, para superar o aspecto colonial da codificação
então vigente – que não só mantinham instituições do período pretérito como formavam um
emaranhado de portarias, alvarás, leis, decretos, cartas régias e ordenações que muito dificultava o
conhecimento do ordenamento jurídico. Conhecer as leis para os liberais era o primeiro passo para
que as garantias e direitos de um Estado liberal fossem efetivas.

• Outro elemento significativo era a reforma da própria burocracia judiciária, marcada por, assim se
entendia, privilégios e pela ineficiência. Dispensar a justiça de modo rápido e eficiente era função
basilar do Estado.

• Nesse sentido se inserem a criação do Código Criminal, ainda no I Reinado, em 1830, adequando as
penas para um Estado constitucional, em consonância com o que exigia o inciso XVIII do art. 179 da

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constituição (XVIII. Organizar–se-ha quanto antes um Código Civil e Criminal, fundado nas solidas
bases da Justiça, e Equidade). Tão importante quanto a regulação das penas seria o procedimento
pelo qual passaria o cidadão quando tivesse causa sua na justiça. Assim, procederam à criação do
Código de Processo Criminal.

• O código, conforme Thamos Flory, seria uma das maiores expressões jurídicas do liberalismo
moderado brasileiro. Por meio dele articularam autonomia judiciária, localismo e representação
popular.

• O Código:

➢ Criou o habeas corpus,


➢ Criou o juiz municipal (eleito a cada três anos pelo presidente de província a partir de lista
tríplice das Câmaras Municipais)
➢ Criou o tribunal do júri
➢ Turbinou ainda mais as competências do Juiz de Paz. Este:

▪ Seria eleito em cada freguesia ao mesmo tempo que os vereadores;


▪ Realizava o auto do corpo de delito;
▪ Interrogava suspeitos, podia prendê-los e remetê-los ao juiz criminal;
▪ Responsável pela conciliação em casos não criminais
▪ Julgava pequenas demandas;
▪ Resolvia contendas entre moradores de sua freguesia
▪ Responsável por destruir quilombos;
▪ Convocava a Guarda para desfazer “ajuntamentos”
▪ Era responsável pela qualificação eleitoral para as eleições de vereadores (por lei de
1828) e de deputados gerais (a partir de 1830)

• Todas essas inovações eram um ataque direto à magistratura tradicional vinculada ao poder central.
Particularmente o juizado de paz tirou enorme poder do governo imperial, já que nada devia às
autoridades por ele apontadas. Dolhnikoff e Flory explicam essas modificações a partir de duas
considerações:

➢ Era necessário fazer alcançar a justiça em todos os rincões do país. Elegendo cada freguesia
um juiz de paz, grande parte do território era coberto pelo sistema judicial.

➢ A justiça, estabelecida nas localidades, vinculá-las-iam ao Estado nacional em construção.

• A discussão das reformas constitucionais foi mais dramática. Em maio de 1831 foi instalada a
comissão para criar o projeto de reforma constitucional. Este, chamado projeto Miranda Ribeiro,
previa:

➢ Que o Brasil seria uma monarquia federativa;


➢ Fim do Poder Moderador;
➢ Fim do Conselho de Estado;
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➢ Criação de assembleias provinciais;


➢ Fim da vitaliciedade do mandato dos senadores, passando a ser eleitos pelas assembleias
provinciais;
➢ Diminuição dos poderes de veto do Executivo (poderiam ser derrubados por maioria simples);
➢ Substituição da Regência Trina por uma Regência Una a ser eleita pelas Assembleias
Provinciais;

• O Senado, de maioria caramuru, não acolheu bem as propostas e não tratou delas na sessão de 1831.

• Em 1832, dois levantes, um Exaltado e outro Caramuru ocorreram na capital. Feijó viu no levante
caramuru a atuação de José Bonifácio, então tutor do menino imperador. Buscou então retirá-lo do
cargo, o que necessitava da aprovação da Assembleia. A Câmara aprovou, mas o Senado barrou por
um voto. A demora do Senado em aprovar as reformas – aliás propondo várias emendas que
desvirtuavam a proposta – e a negativa em retirar Bonifácio foram vistas por Feijó como atentatórias
ao regime. Passou o então ministro da Justiça a planejar um golpe contra a ordem vigente.

• Assim que o Senado votou negativamente, Feijó renunciou como ministro da Justiça, a 26 de julho de
1832. Era começo do golpe.

• Todo o gabinete renunciou junto com Feijó na sequência e a Regência informou à Assembleia sua
inabilidade de continuar no exercício do cargo. O clima ficava tenso na Corte e a Guarda Nacional foi
mobilizada. Com a atmosfera de pânico criada, Feijó e os seus aliados na Câmara propuseram a
criação de uma comissão que viesse criar um plano para a emergência no dia 30 de julho. O objetivo
era propor uma nova Constituição a ser votada por aclamação – a Constituição de Pouso Alegre –,
estabelecendo o fim do poder moderador, do senado vitalício, dos títulos e honrarias, criando a
Regência Una e as assembleias provinciais.

• O golpe falhou pela demora na execução das ações e pela intervenção de Honório Hermeto Carneiro
Leão. Um longo discurso seu retirou o ímpeto golpista e a proposta morreu. Barman afirma que o
golpe teve consequências de longo prazo por mostrar a possibilidade de atuação fora do
enquadramento legal, mas que no curto prazo levou à aprovação das reformas.

• Em 1º agosto, dia seguinte à tentativa de golpe, o Senado aprovou o texto com 14 emendas, retirados
todos os termos radicais do projeto. Remeteu à Câmara que aprovou somente duas emendas. Em
face do deadlock político, as duas casas se reuniram para aprovar o projeto. Esse, a ser votado na
assembleia seguinte conforme rito constitucional, e promulgado a 12 de outubro de 1834
estabelecia:

▪ Extinção do Conselho de Estado;


▪ Substituição da Regência Trina por Una, eleita pelo voto direto e secreto;
▪ Criava as Assembleias Provinciais com legislaturas de dois anos. A estas cabia:

• Determinar despesas municipais e provinciais;


• Criar impostos para suprir essas despesas;
• Fiscalizar o emprego das rendas públicas provinciais e municipais;
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• Realizar obras necessárias ao desenvolvimento da província;


• Prover a segurança;
• Promover a instrução pública (exceto a de nível superior);
• Criar ou suprimir cargos provinciais e municipais.
• Fazer as divisões civis, judiciárias e eclesiásticas da província;
• Desapropriar por utilidade municipal ou provincial;
• Promover a organização estatística da província;
• Promover a catequese dos indígenas;
• Representar à Assembleia Geral contra as leis de outras províncias que
ferissem seus direitos;

• Descentralizava-se o poder no Brasil e uma grande autonomia foi dada às províncias. Aos municípios
foi negada toda e qualquer autonomia, submetidos à Assembleia Provincial, que tinha poder de
legislar para as cidades – um poder que não poderia ser vetado pelo presidente de província.

• Também é digno de nota que a alteração substancial criada pela eleição direta do regente, e não pela
Assembleia, como fora a regência trina. Um Executivo independente que não contava
necessariamente com o apoio da Câmara e não tinha o poder de dissolvê-la inaugura o que alguns
historiadores chamam de “experiência republicana” no Brasil. Era a fórmula para crises, já que o
panorama político de grupos pouco coesos ideologicamente facilmente levaria a um ministério sem
apoio legislativo. Isso ficou evidente na Regência de Feijó.

• Entre a aprovação do projeto e a promulgação do Ato, algumas questões políticas sacudiram o país e
deixaram os moderados em alerta. Em 1833, D. Pedro tomava Lisboa e estava em vias de vencer a
guerra contra seu irmão. Isso causou alarme na Regência, ao que foi somado como evidência um
levante em Ouro Preto, tratado como levante caramuru. O governo pediu medidas para conter a
restauração e foi passada uma moção apresentada por Honório Hermeto de banir o ex-imperador do
Brasil.

• As medidas alienaram muitos dos que, não sendo restauracionistas, acreditavam ser extremas as
medidas. Uma semana depois de aprovada a moção de Honório Hermeto, o regente José da Costa
Carvalho, alegando saúde debilitada, se retirou para SP e nunca mais voltou a assumir o posto. De
fato, havia movimentos pró-restauração e Antônio Carlos chegou a levar uma petição ao imperador
em Portugal, que, no entanto, negou – embora poucos tenham acreditado em sua negativa no Brasil.

• A reunião da nova legislatura, em 1834, foi marcada por essas discussões e temores. Seis novos
senadores, todos liberais moderados, foram empossados, Feijó dentre eles. A nova assembleia,
embora tenha vetado o banimento do Imperador, aprovou finalmente a retirada de Bonifácio como
tutor. Em seu lugar assumiu Manuel Inácio de Andrade, Marquês de Itanhaém.

• D. Pedro I, tal como marcou a política da época com sua abdicação, levando a uma aliança instável
entre os grupos liberais pelo medo da restauração, alterou completamente o equilíbrio do poder com
sua morte. Seis semanas apenas depois do ato adicional ter sido promulgado, D. Pedro I morreu em
Portugal. Sua saída de cena levou ao fim da causa caramuru e ao medo da restauração. Esses

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elementos alterariam as alianças políticas que já a partir de 1835 começariam a ser organizar agora
entre regressistas e progressistas;

• Segundo Barman, entre a promulgação do ato adicional e a instauração da nova regência em fins de
1835, o país sofreu um hiato de poder. Os dois regentes permaneciam incumbentes dos cargos, mas
sem autoridade. A situação tornava-se grave porque as eleições para as novas assembleias e a nova
regência seriam concomitantes. Em 1834, um observador no Rio de Janeiro escreveu: “Posições e
empregos são, no entanto, tão desejados que por esse motivo tem já aparecido, entre províncias, a
tendência em direção à guerra civil, e eu temo que as eleições para as Assembleias Provinciais e para
regente (...) acelerem isso”.

• Sem um governo forte capaz de assegurar eleições pacíficas e, ademais, eleições concomitantes, a
situação facilmente sairia de controle uma vez que as contendas por cargos se daria agora no âmbito
provincial e local em todo o Império. A luta “facciosa” se desencadeou por todas as províncias para o
acesso ao poder recém dado – criar cargos, criar impostos, recolher e fiscalizar, fazer obras etc. O
confronto era certo.

• A disputa também se deu no nível nacional. Feijó foi o candidato de parte da ala moderada. Pelos
antigos caramurus saiu Holanda Cavalcanti. O primeiro recebeu 2826 votos, o segundo, 2251. Outros
candidatos somados receberam por volta de 2000 votos. A demora na contagem atrasou o processo
e conjuras foram feitas para tentar impedir sua posse. Somente em outubro, depois de tentativa de
colocar Cavalcanti no poder via golpe senatorial, é que Feijó assumiu, a 12 de outubro.

• Feijó, de grande ministro da Justiça e figura de consenso entre os moderados, passou a ser figura
polêmica e divisiva nesse novo contexto. Algumas questões levaram sua regência a ser muito criticada
e a, progressivamente, perder apoio na Câmara:

➢ Crise diplomática com a Santa Sé pelo caso do bispo Antônio de Moura;


➢ Restrição à liberdade de imprensa com o decreto de 18 de março de 1837;
➢ Anulação de eleições no Sergipe e na Paraíba por suspeita de fraude;
➢ Mas os principais motivos estavam no estouro das grandes revoltas provinciais que foi incapaz
de lidar, assim seus críticos afirmavam, de modo adequado. Cabanagem, Farroupilha se
iniciaram em seu governo e ele não foi capaz de “pacificá-las”.

• A oposição se articulou ao redor de figuras como Bernardo Pereira de Vasconcelos e Honório


Hermeto Carneiro Leão. Acusaram Feijó de fraco e seu governo de caótico.

• Feijó ainda passava a enfrentar as discussões de revisão do Ato Adicional. Nem um ano depois de
aprovado, já eram apresentadas propostas de “interpretação”. A desilusão com as reformas que o
agora regente esposara e se recusava a rever contribuiu para rachar ainda mais o antigo grupo
moderado. Em torno da proposta de revisão do Ato Adicional começaram a se aglutinar membros
moderados e caramurus, restando uma pequena margem de apoio para o regente.

• Com o aumento das críticas e da oposição parlamentar, incapaz de lidar com as revoltas e de montar
um gabinete capaz, Feijó decidiu pela renúncia. Pelo Ato Adicional, o substituto do regente seria o
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ministro do Império. Apontou para o cargo o antigo caramuru e então presidente da Câmara, Pedro
de Araújo Lima. Em 18 de setembro renunciou.

• Considera-se aqui o início do Regresso e dos partidos políticos imperiais. A articulação em torno do
Regresso e do Progresso se deu logo após a efetivação das reformas, a partir da diluição dos antigos
grupos – exaltados, moderados e caramurus.

• A interpretação mais tradicional e antiga acerca do Regresso é a de que foi um retorno ao status quo
anterior, de absoluta centralização. Essa afirmação é falsa. O Regresso alterou pontos do Ato
Adicional, por meio da lei de Intepretação do Ato Adicional, finalmente aprovada em 12 de maio de
1840, e do Código do Processo Criminal, aprovada em 1841.

• Conforme estudo de Dolhnikoff, referência recente sobre o assunto, as reformas regressistas não se
propunham a rever todas as autonomias dadas às províncias pelo ato. A proposta do Regresso era
diversa da oposição caramuru de 1832 e 1834. Não queriam retornar ao status constitucional e legal
anterior. Queriam realizar a reforma do judiciário, centralizando-o no governo imperial.

• A ideia era retirar das Assembleias provinciais o direito de intervir no funcionamento da magistratura
e limitar os poderes dos juízes de paz, transferindo essas atribuições para indicados do poder central.
(DOLHNIKOFF, p. 130).

• A lei de interpretação do Ato adicional:

➢ Retirava a competência das assembleias para legislar sobre a polícia judiciária. (art.1)
➢ Proibia as assembleias de alterar a natureza e atribuições de empregos estabelecidos por leis
gerais. (art. 2)
➢ Mesmo princípio aplicado à nomeação, suspensão e demissão de empregados (art. 3)

➢ A interpretação do Ato propunha um entendimento diferente das províncias: a diferença de


emprego geral e emprego provincial estava na natureza do emprego e não no local exercido
– seriam gerais os empregos que versassem sobre objeto de competência central e, mutatis
mutandis, provincial os de competência provincial.

• A reforma do Código de Processo Criminal, por sua vez, centralizou a estrutura judiciária e policial do
império. Criaram-se os cargos de chefe de polícia, delegado e subdelegado. Vinculavam-se então
diretamente ao poder central em hierarquia rígida até o imperador pelo ministro da justiça.

➢ Art. 1º Haverá no Munícipio da Corte, e em cada Província um Chefe de Policia, com os


Delegados e Subdelegados necessários, os quais, sobre proposta, serão nomeados pelo
Imperador, ou pelos Presidentes. Todas as Autoridades Policiais são subordinadas ao Chefe
da Policia.

➢ Art. 2º Os Chefes de Policia serão escolhidos d'entre os Desembargadores, e Juízes de Direito:


os Delegados e Subdelegados d'entre quaisquer Juízes e Cidadãos: serão todos amovíveis, e
obrigados a aceitar.
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➢ Art. 3º Os Chefes de Policia, além do ordenado que lhes competir como Desembargadores ou
Juízes de Direito, poderão ter uma gratificação proporcional ao trabalho, ainda quando não
acumulem o exercício de um e outro cargo.

➢ Art. 13. Os Juízes Municipais serão nomeados pelo Imperador d'entre os Bacharéis formados
em Direito, que tenham pelo menos um ano de pratica do foro adquirida depois da sua
formatura.

➢ Art. 22. Os Promotores Públicos serão nomeados e demitidos pelo Imperador, ou pelos
Presidentes das Províncias, preferindo sempre os Bachareis formados, que forem idôneos, e
servirão pelo tempo que convier. Na falta ou impedimento serão nomeados interinamente
pelos Juízes de Direito.

➢ Art. 24 Os Juízes de Direito serão nomeados pelo Imperador d'entre os Cidadãos habilitados
(...).

• A reforma do código, a reinterpretação, somada ao retorno do Conselho de Estado pela lei de 23 de


novembro de 1841 realizaram a obra do Regresso, centralizando a estrutura judiciária e
restabelecendo a autoridade do poder imperial.

• Nesse sentido, a Reinterpretação do Ato Adicional não alterou, no todo e no essencial, a obra liberal
realizada pelos liberais moderados em 1834.

A Política do Regresso

• Ao assumir a Regência, Araújo Lima apontou um ministério composto pela oposição à Feijó. Todos os
ministros tinham se formado no exterior e eram reconhecidos por suas habilidades políticas e
intelectuais. Com Vasconcelos (que assumiu as pastas do Império e da Justiça) e Torres Homem a
frente, o gabinete foi chamado de “Ministério dos capazes”.

• A principal preocupação do novo ministério era com a pacificação do Império. A mera mudança de
gabinete não alterou o status das revoltas. Ao contrário, novas estouraram, como a Sabinada na
Bahia. A preocupação com um levante generalizado de escravos também estava no horizonte de
preocupações. A questão de fundo se tratava da legitimidade política da Regência num contexto de
acirrada disputa de facções políticas no centro e nas províncias. A Sabinada deixa isso claro na medida
em que secessionava enquanto o imperador fosse menor de idade.

• Paralelamente, o novo gabinete também envidou esforços em infraestrutura de comunicação e em


educação e cultura.
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➢ Repeliram o decreto que cerceava a liberdade de imprensa;

➢ Em 1837 foi fundado o Colégio Pedro II devotado à criação e socialização dos futuros membros
da elite política imperial;

➢ Em 1838 foi fundado, com apoio do governo, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
(IHGB) com a proposta de estudar o Brasil e suas características peculiares de formação.
Buscava-se a “essência” nacional. Não à toa o primeiro prêmio, dado a von Martius, era para
a dissertação que tratasse do melhor sistema para a escrita da história do Brasil. Martius
inaugurou a perspectiva de que a história do Brasil deveria ser entendida a partir do
relacionamento das três raças que o compuseram – indígenas, africanos e portugueses;

➢ Em 1838 começou a funcionar a Companhia Brasileira de Transportes a Vapor que inaugurou


a comunicação constante do RJ com Belém. A comunicação contínua vinculava o centro e as
províncias de modo mais sistemático. Facilitou “a inteligência” das autoridades centrais que
lidavam com as revoltas.

• O Regente Araújo Lima, um antigo caramuru, também buscou reviver a cultura de Corte e dar maior
esplendor à corte tropical. Retomou, inclusive o tradicional e abandonado beija-mão, típico
cerimonial de obediência monárquica. Também mandou serem colocadas pinturas do imperador nos
prédios governamentais do Império.

• O início da nova legislatura não foi positiva para o gabinete liderado por Vasconcelos. A inabilidade
de lidar com as revoltas tornaram-no alvo para ataques e no início de 1839 o regente (reeleito para
o cargo em 1838, na disputa contra Cavalcanti novamente) parecia perder a confiança em seus
ministros. Contrariaram as indicações para a eleição para a cadeira do Senado aberta na província do
RJ. Essa derrota e a perspectiva de uma legislatura hostil levaram todo o gabinete a se demitir. O
ministério dos capazes durou 5 meses...

• A situação brasileira era dramática entre agosto e setembro de 1839. Os balaios maranhenses haviam
tomado Caxias em julho e a porta para o Norte maranhense se abrira para os revoltosos. A Balaiada
e a contínua guerra contra os cabanos paraenses colocavam em risco a ordem social escravocrata ao
dar exemplo de vitória das classes mais baixas. Por outro lado, a guerra no Sul não dava mostras de
melhora. Em 22 de Julho, Davi Canabarro e Garibaldi tomaram Laguna e se dirigiram a ilha do
Desterro, ponto fundamental para a logística de guerra do império contra os farrapos. Ato contínuo,
proclamaram a República Juliana. Conforme notou o enviado inglês: “Alguns colegas meus aqui, e
algumas pessoas cuja opinião respeito, pensam que esse Império está à beira da dissolução, ou ao
menos de uma crise, da qual o resultado não poderá ser senão fatal, e que grandes e orgânicas
mudanças estão à mão”. Foi nesse momento que Vasconcelos apresentou no Senado a reforma do
Código de Processo Criminal, centralizando o judiciário, como forma de manter e controlar as
localidades.

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• A sorte brasileira passou a mudar em novembro de 1839. Laguna fora retomada e Luís Alves de Lima
e Silva foi encaminhado para pacificar o Maranhão como presidente da província e comandante das
armas.

• Apesar de melhor, a situação ainda era muito preocupante. Nesse fim de 1839, o imperador fazia 14
anos e planos para a antecipação de sua maioridade foram aventados novamente, principalmente
pelos grupos que haviam perdido espaço com a saída de Feijó e pela derrota nas eleições regenciais.

➢ A primeira proposta surgiu em junho de 1834, quando um deputado introduziu uma proposta
para que o imperador fosse considerado maior de idade aos catorze anos, em 1839.
➢ Em 1837, um deputado da oposição à Feijó sugeriu um projeto para que o imperador fosse
considerado maior, mas que assumisse com o auxílio do Conselho de Estado e de um
“primeiro ministro”. Obteve somente 10 votos, dentre os quais o de Holanda Cavalcanti e
Martim Francisco.

➢ Em 1838, no contexto do Regresso, foram os oponentes de Araújo Lima que voltaram a falar
em antecipação da maioridade para 1839. Com a reeleição de Araújo Lima, a oposição ao
Regresso – o Progresso, núcleo Partido Liberal – passou a se articular politicamente para levar
adiante a proposta e, então, conseguir alcançar o poder.

• Em abril de 1840, reunida extraordinariamente a assembleia para a votação da proposta de


orçamento feita no ano anterior, um grupo de quatro senadores e três deputados se reuniram na
casa de José Martiniano de Alencar para formarem um clube secreto cujo objetivo era se engajar para
que a legislatura declarasse o imperador já de idade para assumir o governo – o Clube da Maioridade.
Cavalcanti, os Andradas e Alencar eram alguns dos fundadores.

• O grupo se aproveitou da abertura da nova sessão para iniciar seu movimento. O voto de ação de
graças levantaria a questão da maioridade do imperador e, no Senado, um projeto seria introduzido
para declarar o imperador maior de idade.

• Na Câmara, a menção à maioridade do imperador foi combatida por Honório Hermeto Carneiro Leão,
defensor do sistema constitucional. A frase foi retirada por uma votação de 42 a 37. No Senado, o
projeto da maioridade foi derrotado por 18 a 16. A questão da maioridade estava tornou-se a pauta
política do momento. A ordem do dia era a salvação pública: Salus populi suprema lex est.

• A seriedade da questão levou a uma reorganização ministerial e à introdução do pedido, por Honório
Hermeto, de uma nova reforma constitucional, que reformulasse o art. 121 da constituição que
tratava da maioridade do Imperador. O projeto foi um tiro que saiu pela culatra:

➢ Um projeto de reforma constitucional requisitava um longo procedimento e 4 leituras do


projeto. Manteve, assim, o tema na arena política. Ademais, precisaria ser aprovado com
rapidez de modo a dotar os próximos deputados para a reforma. Caso contrário, seria inútil
já que o imperador alcançaria a maioridade em 1843.

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➢ Os partidários da maioridade se articularam para delongar as discussões. Atuação na


imprensa e articulação de ação popular tornaram o movimento da maioridade quase
irresistível.

➢ Araújo Lima então convidou Vasconcelos para a pasta do Império a 21 de julho. A velha raposa
deu uma resposta aos favoráveis à maioridade imediata. Decidiu por declarar a sessão
legislativa suspensa até novembro, a tempo da celebração do aniversário do imperador,
quando seria considerado maior (aos 15). O recesso de 4 meses arrefeceria o clima e daria
condições de o governo retomar a direção dos negócios políticos.

➢ A Câmara entrou em recesso. A leitura do decreto do recesso no Senado, contudo, não foi
feita. O presidente, Marquês de Paranaguá, desafiou o governo, declarou o Senado em sessão
e convidou os deputados favoráveis à maioridade para participarem dos trabalhos na Casa.
Dessa reunião, ilegal diga-se de passagem, uma petição foi feita ao imperador, assinada por
18 senadores e 40 deputados, pedindo ao imperador que assumisse suas “altas funções” de
imediato.

➢ Os golpistas tinham o apoio do comandante das armas do RJ e de outros setores militares.


Uma deputação de oito, liderados por Antônio Carlos, levou a petição ao imperador na
Quinta. Araújo Lima chegou no palácio quando a deputação esperava a resposta do menino
imperador. Explicou o Regente que o governo pretendia proclamá-lo maior no aniversário,
02/12. Então questionou o imperador se queria assumir naquele momento ou se no
aniversário. Sua resposta foi “Quero já”.

➢ O regente então declarou o recesso cancelado e convocou todos os parlamentares para uma
sessão conjunto dia 23 de julho. O Marquês de Paranaguá declarou o imperador maior de
idade e em pleno exercício de seus direitos constitucionais.

• Em termos estritos, a Regência chegava ao fim. Como bloco histórico, seus traços gerais podem ainda
ser encaminhados até o gabinete da Conciliação, que será tratado em aula de II Reinado.

Política externa

• Ricupero trata a política externa como um bloco entre 1831 e 1850. Isso insere a dinâmica do período
regencial em um sentido que faz perder suas características mais próprias.

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• A fraqueza do poder imperial nesse período histórico, as disputas faccionais, as revoltas provinciais,
fazem das Regências um momento de retração brasileira em sua política externa. A projeção de poder
que intentara o I Reinado em direção ao sul foi deixada de lado e a relação com os vizinhos em
convulsão se deu a partir da lógica de combate aos farrapos, principalmente a partir da proclamação
da secessão territorial.

➢ Nesse particular, o governo imperial, até a ascensão do imperador, hostilizou o governo de


Frutuoso Rivera, colorado, que auxiliou os farrapos, permitindo-lhes a entrada em território
uruguaio quando havia necessidade de fugir das tropas imperiais.

➢ Assim, quando a Guerra Grande uruguaia começou em 1839, a disposição brasileira era
favorável aos blancos e a Rozas, mas sem que houvesse efetiva intervenção em auxiliá-los.

• No Norte, a Cabanagem enfraqueceu a débil presença e o controle brasileiros na fronteira com a


França. Afirmou o marechal Soares de Andréa que os franceses se aproveitavam das dificuldades
brasileiras para avançar suas posições.

• A maior questão, contudo, era a do tráfico de escravos. Incapaz de resistir às pressões inglesas, a
Regência cedeu e assinou a lei de 7 de novembro de 1831 cujo teor era:

➢ Art. 1º Todos os escravos, que entrarem no territorio ou portos do Brazil, vindos de fóra, ficam
livres. Exceptuam-se:
1º Os escravos matriculados no serviço de embarcações pertencentes a paiz, onde a
escravidão é permittida, emquanto empregados no serviço das mesmas embarcações.
2º Os que fugirem do territorio, ou embarcação estrangeira, os quaes serão entregues
aos senhores que os reclamarem, e reexportados para fóra do Brazil

➢ Art. 2º Os importadores de escravos no Brazil incorrerão na pena corporal do artigo cento e


setenta e nove do Codigo Criminal, imposta aos que reduzem á escravidão pessoas livres, e
na multa de duzentos mil réis por cabeça de cada um dos escravos importados, além de
pagarem as despezas da reexportação para qualquer parte da Africa; reexportação, que o
Governo fará effectiva com a maior possivel brevidade, contrastando com as autoridades
africanas para lhes darem um asylo. Os infractores responderão cada um por si, e por todos.
▪ Art. 179. Reduzir á escravidão a pessoa livre, que se achar em posse da sua liberdade.

▪ Penas - de prisão por três a nove annos, e de multa correspondente á terça parte do
tempo; nunca porém o tempo de prisão será menor, que o do cativeiro injusto, e mais
uma terça parte.

• Cinicamente, contudo, o governo nada fez para impor a lei, tanto o mais porque os meios necessários
– uma Marinha forte o suficiente para patrulhar a costa – haviam sido cortados pelas reformas
orçamentárias.

• Assim se pronunciou o enviado inglês em 1833: “a cada dia, a cada hora, lançavam-se mão neste país
de todas as manobras que a cupidez sem princípios nem escrúpulos podia utilizar, assistida pela
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conivência ou apoio daqueles cujo dever seria o de prevenir tais procedimentos” referindo-se às
saídas legais inventadas para continuar a traficar escravos.

• Em síntese desse cinismo afirmou Bento da Silva Lisboa, Barão de Cairu, Ministro dos Negócios
Estrangeiros em 1847: “O que posso fazer? Por onde começar? Com meus colegas [do gabinete],
inútil. Com o Conselho, não me dariam ouvidos. Na Câmara, me chamariam de traidor. Eu seria
apedrejado nas ruas.” Os traficantes tinham poder e influência suficientes para continuar impunes
com o infame comércio. Seria necessária forte pressão inglesa, a partir da lei Aberdeen de 1845,
somada a uma recuperação econômica brasileira, equilíbrio das contas, resolução dos conflitos
provinciais e intraelites para que o Brasil tomasse o firme propósito de coibir o tráfico a partir de
1850.

As revoltas provinciais

• As revoltas são talvez os mais marcantes eventos do período regencial, ditando os rumos da política
imperial, levando a mudanças no curto prazo e impactando a cultura política a longo prazo.

• As revoltas foram disseminadas e a maior parte delas de pequena duração e porte. Mas sua quase
ubiquidade levou a choque e consternação da elite imperial à qual parecia que o desmonte do Estado
estava a ocorrer. No geral, os levantes de tropa e povo, exaltado ou caramuru respondiam a
dinâmicas próprias das províncias, às disputas entre as elites locais ou descontentamentos com os
rumos da regência, fosse porque as reformas aventadas eram consideradas tímidas – caso dos
exaltados – ou muito radicais – caso dos caramurus. Maior desses movimentos, a Cabanada
pernambucana se iniciou como conflito entre grupos locais ao qual se juntaram disputas de
orientação “ideológica” – liberais x caramurus.

• Já as demais grandes revoltas podem ser explicadas a partir de duas lógicas. Conforme Basile, as
revoltas dos Balaios, dos Farrapos e dos Sabinos não se propunham previamente à secessão e, no
caso da Sabinada e da Farroupilha, à proclamação de uma República. A principal preocupação seria a
instauração de um regime federalista, de autonomia ainda maior para as províncias para que
pudessem resolver as questões internas e as elites provinciais desfrutarem de maior parcela de
proventos e cargos. A secessão e a república teriam sido, para ele, último recurso dessas elites
descontentes contra o que entendiam ser ingerência indevida em seus negócios.

• Por outro lado, temos as revoltas de origem social. A Cabanagem, que também começa como uma
questão provincial, logo descamba para uma guerra de forte cunho social. Pobres, índios e escravos
compõem o grosso dos grupos em revolta cuja insatisfação difusa com a ordem vigente incluía tons
de antilusitanismo. Do mesmo modo, as rebeliões escravas, a maior delas sendo a dos malês,
colocavam em xeque o pilar escravocrata sobre o qual se assentava a sociedade brasileira e causou

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profundo temor de um levante negro generalizado à la Haiti. O haitianismo foi uma preocupação
perene das elites imperiais, uma vez readquirida a coesão interna após a Maioridade.

Cabanagem

• A situação na província do Pará não era de estabilidade política e social desde a reunião forçada ao
Império. Com a abdicação de D. Pedro I a situação exacerbou-se e conflitos políticos tornaram-se
frequentes entre as facções políticas locais, aos quais se somaram descontentamentos sociais dos
mais pobres, índios e livres. O sentimento antilusitano era comum;

• A perseguição pelas autoridades provinciais apontadas em 1833 aos grupos exaltados e aos cabanos
(pobres que viviam em palafitas) agitou a província. Tudo isso se tornou ainda mais grave com a
convocação da assembleia provincial em outubro de 1834. Párocos, juízes de paz, membros da
Guarda Nacional e do Exército se uniram para o levante.

• A revolta se iniciou em 7 de janeiro de 1835 na capital, Belém. O Presidente e o governador de armas


foram executados. O governo foi entregue a Clemente Malcher. Moderado, declarou fidelidade ao
Imperador, incompatibilizando-se com seus colegas mais radicais. Prendeu figuras populares, como
o seringueiro Eduardo Angelim e Lavor Papagaio. O comandante de armas cabano, Francisco Vinagre,
também da oposição, ao ser demitido, iniciou um levante contra Malcher, que acabou morto. Vinagre
então assumiu a presidência;

• Ironicamente, Francisco Vinagre também se declarou leal ao imperador e comunicou à Regência que
entregaria a presidência ao indicado pelo governo. Esse chegou em 26 de julho de 1835, Manuel Jorge
Rodrigues. Os cabanos radicais, liderados por Antônio Vinagre, continuaram a luta pelo interior e
tomaram novamente a capital em agosto. O presidente Manuel se dirigiu a ilha da Tatuoca e iniciou
um governo paralelo. Os cabanos declararam a província separada em 1836.

• O novo líder dos cabanos, Eduardo Angelim, saiu de Belém em maio de 1836 com a chegada, em abril,
de uma esquadra enviada pelo governo trazendo tropas e o novo presidente, o almirante Soares
d’Andrea.

• Usando da suspensão das garantias constitucionais na província, Soares d’Andrea mandou executar
sumariamente os líderes do movimento, iniciando um governo de terror contra os revoltosos, tal
como esses empreendiam no interior da província. Apesar de Angelim ter sido preso em outubro de
1836, o conflito durou até 1840, quando os últimos rebeldes se renderam e uma anistia geral foi
decretada em agosto. Entre 30 e 40 mil morreram no conflito, entre 20 e 30% da população da
província.

• A cabanagem foi a única das revoltas em que as camadas baixas da população conseguiram ocupar
toda a província por um tempo longo (9 meses). Não tinham, contudo, programa de governo, nem
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exigências claras. Predominava difusamente o ódio aos portugueses, estrangeiros, maçons e a defesa
da liberdade, da Igreja, do Pará e do Imperador. Motivou-se, portanto, pelas interferências do
governo central, pela lusofobia, rancor contra as elites dominantes, tudo isso alimentado pelas
disputas faccionais.

Farroupilha

• Contrariamente à Cabanagem, a Revolução Farroupilha se deu por uma revolta das elites da
campanha gaúcha; tinha um programa claro e exigências estabelecidas.

• Os motivos para o conflito se davam:

➢ Pelo descontentamento com a política tributária do Império sobre o sal e circulação


interprovincial;
➢ Pelos baixos impostos sobre o charque platino que atravessavam a fronteira;
➢ Pelo pesado fardo do recrutamento sobre uma província de fronteira;
➢ Pelo descontentamento com a culpa imputada aos gaúchos pela derrota na Cisplatina;

• A Farroupilha não se iniciou como um movimento separatista, mas como uma revolta provincial
exigindo mudanças;

• Esse conflito se iniciou com Bento Gonçalves liderando um movimento contra o governo de Antônio
Rodrigues Fernandes Braga. Em 20 de setembro, os revoltosos tomaram Porto Alegre e o governo
legal se refugiou em Rio Grande. O novo presidente apontado pela Regência, José de Araújo Ribeiro,
continuou a luta a partir de Rio Grande, mas perdeu grande parte da campanha para os farrapos.

• Porto Alegre expulsou os farrapos em junho de 1836. Na sequência, em 11 de setembro de 1836, os


farrapos proclamaram sua independência criando uma república com sede em Piratini. Declararam
que a independência seria mantida enquanto não se adotasse o sistema federalista.

• Em 1839, Canabarro e Garibaldi invadem SC, ocupando a região de Lages a Laguna. Em 24 de julho
de 1839, proclamam a República Catarinense ou Juliana. Em novembro, Soares d’Andrea, retomou a
região para o governo imperial.

• A anistia de agosto de 1840 não surgiu o efeito que tivera no Pará. Em 1842, a partir de Alegrete, o
governo farroupilha convocou uma constituinte. Temeroso que o movimento se espalhasse, o
Império, já pacificadas as demais províncias, aumentou a repressão. Enviou para assumir o comando
das armas Luís Alves de Lima e Silva, barão de Caxias.

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• Caxias obteve vitórias importantes, mas compreendeu logo que somente a força não seria capaz de
resolver a situação, já que a revolta envolvia grande parte da elite local e a província tinha uma
história de mobilização militar intensa. Assim, partiu para a negociação. O resultado das tratativas foi
o Tratado de Poncho Verde, assinado a 1 de maio de 1845.

➢ Anistia para os revoltosos;


➢ 25% de imposto sobre o charque platino;
➢ Redução dos impostos de circulação provincial (imposto de barreira) e do sal;
➢ Libertação dos escravos participantes da revolta;
➢ Incorporação dos oficiais do exército farroupilha
➢ Incorporação à dívida nacional das dívidas contraídas pela República do Piratini;

• A revolução farroupilha foi difícil de ser esmagada por envolver os setores da elite local, familiarizada
com a mobilidade fornecida pelos cavalos nos pampas; pela fluidez das fronteiras com o Uruguai,
cujo governo mostrava simpatia pela causa farroupilha.

• O tratado de Poncho Verde resolveu as demandas colocadas pelos revoltosos desde o começo do
movimento. É importante ressaltar que o temor de uma nova Farroupilha levou o Império a
sempiternas preocupações com os interesses gaúchos – caso das reinvindicações dos estancieiros no
início da década de 1850, que daria o pretexto para a intervenção na guerra grande uruguaia e na
Confederação Argentina.

Sabinada

• A situação na Bahia era de intensa agitação política e social desde a abdicação do imperador. Levantes
de caráter federalista e a revolta dos malês mostra o grau de ebulição político-social em que se
encontrava a província.

• A agitação exaltada era grande. Jornais e panfletos circulavam atacando a regência e sua política. Um
dos mais importantes era o do professor da Faculdade de Medicina, Sabino Vieira, Novo Diario da
Bahia. Defendia os cabanos e farroupilhas e propunham a instauração de uma república federalista.

• Em 7 de novembro de 1837, a revolta começou a partir do forte de São Pedro em Salvador. No dia
seguinte, a cidade caiu nas mãos dos revoltosos, militares e civis exaltados. A Câmara Municipal
declarou a independência da Bahia e instaurou a República Baiense. No dia 11, fez novo
pronunciamento, afirmando que a secessão se manteria até a maioridade do imperador. Assumiu o
governo João Carneiro da Silva Rego e Sabino assumiu como secretário.

• As forças legais se articularam na cidade de Cachoeira. A Regência enviou tropas de Pernambuco,


Sergipe e Alagoas sob o comando do veterano da guerra da Cisplatina, Crisóstomo Calado. A Armada
imperial foi enviada para bloquear a cidade. Novamente Salvador se encontrava sitiada por terra –
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Recôncavo – e por mar. Os sabinos tentaram furar o cerco por terra em março de 1838, mas
fracassaram. No dia 13 de março, as forças legais iniciaram a ofensiva sobre a cidade, que durou até
o dia 16, quando os revoltosos depuseram suas armas. 1,091 revoltosos e 594 legalistas morreram.

• Vários foram condenados à morte. Alguns dos líderes foram contemplados com a anistia de 1840,
dentre eles Sabino, que foi então desterrado para o MT.

• A Sabinada assemelha-se aos movimentos de povo e tropa anteriores, tendo maior participação
popular. Não possuiu traços de antilusitanismo nem lidaram com a questão da escravidão. Suas
principais questões se resumiam à sensação de exploração – por impostos e recrutamento – por parte
de um governo central sem muitas bases legítimas. Daí a busca por uma federação que desse
autonomia à província e a declaração de secessão temporária.

Balaiada

• A Balaiada do Maranhão é a outra grande revolta regencial de fortes traços sociais, tal como a
Cabanagem. O Maranhão, tal como o Pará, passava por intensas disputas faccionais e problemas
econômicos de monta, com a diminuição das exportações de algodão, principal atividade econômica
da região.

• No Maranhão digladiavam-se bem-te-vis (“liberais”) e cabanos (“conservadores”). Em março de


1838, é nomeado um presidente cabano. Junto da Assembleia provincial de maioria cabana, duas leis
foram passadas para dar predomínio à facção em toda a província. Uma, sobre os prefeitos, deu a
essas figuras poderes antes atribuídos aos juízes de paz. Esses prefeitos, indicados pelos cabanos,
incrementariam o controle sobre as cidades. A outra lei ordenava que os oficiais da Guarda Nacional
fossem indicados pela Assembleia. A disputa facciosa seria um combustível importante para tornar
acrimonioso o conflito que se iniciaria.

• A rebelião se iniciou num incidente que, dadas outras condições, não teria causado maiores
confusões. Um vaqueiro, Raimundo Gomes, invadiu a cadeia da vila de Manga para libertar seu irmão
e outros presos por ordem do subprefeito cabano. Fugindo para o interior, vários foram se juntando
aos revoltosos. Rapidamente chegaram às centenas e outras figuras, de outras regiões se juntaram,
caso do balaio Manuel Francisco e do “preto Cosme” que conseguiu liderar milhares de escravos.

• Em 1º de agosto de 1839, já com 11 mil homens, tomaram a cidade de Caxias, a segunda mais
importante da província e chave para a entrada para o norte do Maranhão e sua capital. Um conselho
militar e uma junta provisória de governo foram criados, compostos por bem-te-vis.

• A junta enviou petição ao governo de S. Luís exigindo:

➢ revogação da lei dos prefeitos


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➢ revogação da lei sobre a guarda nacional


➢ anistia aos revoltosos
➢ expulsão dos portugueses natos
➢ restrição ao direito dos naturalizados
➢ processo regular dos presos nas cadeias
➢ oitenta contos para pagamento das tropas rebeldes
➢ confirmação no Exército dos postos concedidos pelos rebeldes

• A petição não foi atendida e a luta continuou. O movimento rebelde, contudo, começou a fraturar-
se. Os bem-te-vis membros da elite começaram a se preocupar com o caráter marcadamente social
e racial dos balaios e muitos se retraíram.

• Para esmagar a sedição, a Regência nomeou Luís Alves de Lima e Silva presidente e comandante das
armas da província. Com 8 mil homens, a revolta é rapidamente sufocada. Manuel Francisco é morto
em combate; Raimundo Gomes e o preto Cosme foram presos. Este último foi o único a não ser
contemplado com a anistia de 1840 e foi enforcado em 1842.

• A Balaiada foi um movimento de forte participação popular, saindo suas lideranças dos estratos mais
baixos da população. Diferentemente da Cabanagem, não logrou êxito em tomar o governo
provincial.

***

As revoltas provinciais têm um traço em comum: não iniciaram como movimento separatista e quando
alcançaram esse traço foi pela percepção de que não conseguiriam alcançar as autonomias que
reivindicavam. A solução pela secessão, e em alguns casos pela República, foi o caminho encontrado para
satisfazer os desejos de autogoverno que o Império parecia lhes negar.

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QUESTÕES COMENTADAS

CACD 2019
Questão 48

No que concerne aos projetos de implantação do federalismo no Brasil e aos respectivos desdobramentos
nos planos interno e externo durante o período regencial, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1 Apesar da grande diferença nos regimes de governo do Brasil e dos Estados Unidos, fórmulas liberais norte-
americanas para temas como federalismo, republicanismo, imigração e comércio encontravam eco no
parlamento brasileiro. O período das regências, especialmente após a passagem do Ato Adicional de 1834,
inaugurou um novo arranjo político no Brasil, em que os princípios republicanos norte-americanos já não
pareciam confrontar tão abertamente os da monarquia constitucional brasileira.

Comentário:

O exemplo criado pelos Estados Unidos foi muito forte para o restante da América, incluso o Brasil. Já na
primeira legislatura imperial vozes se levantaram pedindo uma “monarquia federalista”, com autonomia às
províncias, mas a ideia não prosperou no I Reinado. Com a abdicação de Pedro I os liberais moderados
colocaram em prática seu projeto de descentralização, ainda que muito diverso da experiência norte-
americana. Item correto.

2 A Revolta dos Cabanos congregava diferentes grupos sociais insatisfeitos com a abdicação de D. Pedro I e
com a apatia dos primeiros meses de governo regencial. Em vista desse contexto de inquietação das elites
provinciais, o Senado aprovou o Ato Adicional de 1834, que revisava a Constituição de 1824 reforçando os
mecanismos de atuação do Poder Executivo por meio da criação do Conselho de Estado, da eleição de
regente único e do reforço do papel dos presidentes provinciais, eleitos indiretamente pelas assembleias
provinciais.

Comentário:

Item completamente errado. O período regencial vai ser marcado por uma descentralização do poder
Executivo central e pelo esvaziamento do Conselho de Estado, que não se reuniu durante as regências.
Embora tenha havido a mudança do modelo de regência trina para o de regência una, os presidentes de
província continuaram a ser apontados pelo governo central.

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3 O reconhecimento das independências da República do Piratini e, de maneira mais efêmera, da República


Juliana, pelos governos da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e da Itália, constitui elemento evidente da
capacidade de articulação interna e externa dos grupos envolvidos na Revolução Farroupilha. Para debelar a
revolta, o governo imperial viu-se forçado, no plano interno, a fazer uma série de concessões aos líderes da
revolução e, no plano externo, a desenvolver uma política mais agressiva contra o governo de Juan Manuel
Rosas, que apoiava os insurgentes farroupilhas.

Comentário:

A república do Piratini não foi reconhecida oficialmente pelos países elencados, até porque “Itália” nem
existia enquanto país unificado nesse momento histórico. Ademais, enquanto durou a revolta, o governo
brasileiro buscou se aproximar de Rosas que era rival de Frutuoso Rivera que, por sua vez, apoiava os
farrapos. Item errado.

4 Estimulada pelo partido liberal e com o apoio do Clube da Maioridade, a antecipação da maioridade legal
de D. Pedro II contava com o apoio dos próprios governistas conservadores. A instabilidade do sistema
eletivo das regências e a inquietação diante das várias rebeliões provinciais levaram a um consenso entre a
elite política a respeito da necessidade de se recorrer à figura monárquica para apaziguar a nação.

Comentário:

De fato, embora tenham sidos os liberais a encabeçar o golpe da Maioridade, não houve oposição dos
conservadores que então ocupavam o governo. Vale lembrar que Araújo Lima e Vasconcelos buscaram
suspender os trabalhos legislativos declarando o recesso da Assembleia até data próxima do aniversário de
quinze anos do monarca, quando então pretendiam elevá-lo ao trono. O Marquês de Paranaguá, então
presidente do Senado, desafiou o governo e deu continuidade aos planos dos parlamentares defensores da
Maioridade imediata. Item correto.

CACD 2018
Questão 51

As disputas entre D. Pedro I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Reinado e resultaram na
abdicação do imperador. Acerca do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue (C ou E) os itens
subsequentes.

3 A Regência foi vista pelas elites provinciais como oportunidade de construção de uma monarquia
federalista, o que responderia a certas expectativas de autonomia levantadas no momento de sua adesão à
independência do Brasil. De fato, a discussão de peças legais que aumentavam a autonomia local teve início
em finais no Primeiro Reinado e resultaram na promulgação, por exemplo, do Código Criminal, ainda em
1830, e do Código do Processo Criminal, em 1832.
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Aula 03

Comentário:

Embora a expressão “monarquia federalista” possa soar um tanto estranho é correta para falar de projetos
existentes no período. As províncias do norte, especialmente, buscavam maior autonomia frente ao projeto
instaurado de uma monarquia unitária centralizada. Discussões mais profundas, de reforma constitucional,
foram impossíveis dados os problemas econômicos e externos que vigoravam durante o reinado de Pedro I,
além da oposição do próprio imperador. Com a Regência, as elites liberais moderadas alcançaram o poder e
puderam, então, empreender as reformas que achavam necessárias, caso do Ato Adicional de 1834.
Contudo, antes dessa peça legislativa, o Código Criminal e o Código do Processo Criminal já haviam criado
antecedentes, dando alguns poderes para as províncias. Item correto.

4 A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de contestação à Regência por sua duração (1835 a 1840),
a despeito de ter se concentrado em um território muito restrito e com pequena participação popular.

Comentário:

A Cabanagem foi uma das maiores revoltas regenciais. Ao contrário do que afirma o item, se deu num largo
território e com ampla participação de populares – indígenas e pobres. Estima-se que 40000 tenha morrido
durante todo o conflito, uma mortandade bastante significativa. Item errado.

CACD 2013
Questão 42

No que concerne ao período regencial no Brasil, assinale a opção correta.

A. O regresso conservador alterou a política externa, ao priorizar a contenção de Rosas, líder da


Confederação Argentina.

Comentário:

O período regencial foi de certa paralisia na política externa, dadas as dificuldades enfrentadas pelo regime
com as diversas revoltas. Ademais, durante o Regresso, enquanto a guerra contra os farrapos se desenrolava,
o Brasil buscou se aproximar de Rosas contra Frutuoso Rivera, esse último apoiador da causa farroupilha.
Essa aproximação, contudo, não avançou em aliança. A contenção do líder argentino foi marcante no início
do Segundo Reinado, e não foi propriamente uma questão dos regentes. Alternativa incorreta.

B. O período regencial iniciou-se na abdicação de Pedro I ao trono, em decorrência de pressões


diplomáticas britânicas e da oposição das elites escravocratas.

Comentário:

A abdicação de D. Pedro I ao trono se deu num contexto de crise sucessória em Portugal ao mesmo tempo
em que o Parlamento brasileiro se distanciava do imperador pela desconfiança sobre a unificação das coroas
brasileira e portuguesa, a decepção pela perda da província Cisplatina, os escândalos envolvendo a Marquesa
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de Santos e a perseguição a opositores (com o assassinato de Libero Badaró) e a morte da Imperatriz


Leopoldina. Assim, premido pelo golpe miguelista em Portugal na sucessão de D. João VI e acossado pela
crise doméstica, D. Pedro I teve de optar em definitivo por uma via, abdicando a favor de seu filho ao trono
brasileiro. Portanto, é incorreto atribuir às pressões inglesas a sorte sucessória da monarquia brasileira.
Alternativa incorreta.

C. Durante o avanço liberal, o Senado foi extinto como resultado da ação dos exaltados contra o que
classificavam como reduto caramuru.

Comentário:

Apesar de ser um importante reduto conservador durante a regência, o Senado não foi fechado no período,
embora pedidos pelo fim da vitaliciedade fossem constantes. Nem mesmo com o ato adicional de 1834,
grande momento dos moderados e dos liberais, o Senado sofreu alterações em seu funcionamento, atuando
fortemente contra vários pontos da reforma proposta. Alternativa errada.

D. No período regencial no Brasil, houve fraca coesão entre as elites e importante participação dos
setores populares no processo político.

Comentário:

A sublimação da legitimidade do poder político monárquico com a abdicação criou uma celeuma no seio das
elites brasileiras, que se engajaram numa disputa interna pelo poder. Sem a atuação do imperador, as elites
tiveram de construir acordos, mas o sentimento faccioso e as diferenças nos projetos de país se
sobressaíram. Ao mesmo tempo, o descontentamento com situação política e econômica atingiu as classes
populares, que se organizaram em levantes por quase todo o país, marcando o período regencial como um
momento de instabilidade política na vida brasileira. Portanto, alternativa correta.

E. O Ato Adicional de 1834 fortaleceu o Exército, que teve ampliado seu efetivo, oportunidade de
profissionalização de seus membros e assegurou importância política.

Comentário:

O Ato Adicional de 1834 teve como principal objetivo a função de descentralizar o poder. Nessa iniciativa
capitaneada pela emergente maioria liberal moderada da Câmara, tentava-se promover reformas reais
dentro do Estado brasileiro muito além da questão administrativa, retirando poderes políticos do Centro e
reestruturando uma série de práticas políticas. O Exército, por sua vez, teve seus contingentes diminuídos e
o orçamento fortemente reduzido por dois grandes motivos: corte de gastos para combater o déficit
orçamentário e temor do envolvimento político da Força nas revoltas. Em vez de usar o Exército para
combater os insurgentes, o Império contou, em grande medida, com a Guarda Nacional. Alternativa
incorreta.

CACD 2012
Questão 45
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D. Picucha Terra Fagundes, conte alguma coisa da sua vida.


(...)
Onde está seu marido?
Enterrado em chão castelhano. Morreu na Cisplatina.
(...)
Dei tudo o que tinha pros Farrapos. Meus sete filhos. Meus sete cavalos. Minhas sete vacas. Fiquei sozinha
nesta casa com um gato e um pintassilgo. E Deus, naturalmente.
(...)
E o tempo continuava a andar num tranco lento de boi lerdo. Entrava inverno, saía inverno. E a guerra nada
de acabar.
(...)
Ah! Ia me esquecendo de lhe dizer que tenho sete netos, todos homens.
Quando vejo eles, que já estão grandotes, sinto um calafrio pensando noutra guerra.
(Érico Veríssimo. O tempo e o vento: o continente. 31.ª ed. Porto Alegre: Editora Globo, 2995, p. 310-15).

O fragmento de texto acima remete a uma das mais duradouras guerras civis travadas no Brasil, a
Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul, ao longo de uma década (1835-1845). Relativamente ao período
conhecido como regencial, que se estende da abdicação de Pedro I (1831) ao Golpe da Maioridade (1840),
assinale a opção correta.

A. Acusado de montar um ministério que atendia exclusivamente aos interesses das elites locais, D.
Pedro I perdeu o apoio da influente comunidade lusa no Brasil, o que fomentou clima de insegurança que
tornou insustentável a manutenção do seu governo.

Comentário:

O “Partido Português”, pelo contrário, manteve-se alinhado com D. Pedro I até mesmo depois de sua
abdicação. Após 1831, passou a se chamar Partido da Restauração, pedindo o retorno do ex-imperador ao
país, como imperador mesmo ou Regente de seu filho. Pelo contrário, foi exatamente a relação dúbia do
imperador com a sucessão ao trono português que tornou sua situação insustentável junto à elite política
brasileira, que já lhe dedicava importante antipatia, no mínimo, desde a assinatura da renovação dos
privilégios britânicos no mercado brasileiro, exatamente por ser percebida como negativa aos interesses
nacionais. Alternativa incorreta.

B. A Constituição do Império (1824) foi modificada em aspectos essenciais poucos anos depois de
iniciada a fase regencial, e o Ato Adicional de 1834 interrompeu a descentralização político-administrativa
que se iniciava: as províncias, que deixaram de contar com assembleias legislativas, perderam a prerrogativa
de elaborar suas próprias leis.

Comentário:

O item inverte a lógica do Ato Adicional de 1834, que foi elaborado em meio à ascensão dos liberais
moderados na Câmara. O ato defendia, pelo contrário, a descentralização do poder, fortalecendo alguns
aspectos federalistas e os poderes locais, enquanto a Constituições de 1824 preconizava a concentração de
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poderes em torno do Centro e do imperador. Também se deve dizer que o Ato não modificou a Constituição
“em seus aspectos essenciais”. Alternativa incorreta.

C. No período regencial, além da Farroupilha, outros movimentos armados eclodiram no Brasil: no Grão-
Pará, a Cabanagem; no Maranhão e no Piauí, a Balaiada; na Bahia, a Sabinada e a revolta dos Malês, esta
referente a uma insurreição escrava planejada por africanos muçulmanos.

Comentário:

O período regencial foi o momento de maior instabilidade política na história brasileira, com riscos reais de
fragmentação territorial em decorrência de levantes populares. Desde o separatismo transitório (até a
maioridade do imperador) da Sabinada (Bahia) até o inconformismo popular da Cabanagem (Grão-Pará), o
país imergiu em caos político. A Revolta dos Malês concentrou escravos de origem islâmica bem organizados
e alfabetizados em Salvador numa insurreição pelo fim da escravidão. Alternativa correta.

D. A Noite das Garrafadas, episódio em que portugueses atacaram, no Rio de Janeiro, um grupo de
brasileiros que prestava homenagem a D. Pedro I, culminou no assassinato de Líbero Badaró, jornalista que
se tornara famoso pelos artigos que publicava em apoio ao imperador e em defesa da luta intransigente para
a expulsão dos portugueses do Brasil.

Comentário:

Libero Badaró, jornalista italiano radicado em São Paulo e importante crítico liberal do imperador, foi
assassinado em novembro de 1830 num crime logo associado às tropas fiéis ao governo central. A partir de
então, os liberais brasileiros começam a desenvolver uma forte campanha oposicionista contra D. Pedro I,
cujas aparições públicas começaram a ser cercadas por protestos. Em março de 1831, os portugueses,
majoritariamente favoráveis ao imperador, organizaram uma recepção de apoio a D. Pedro I na capital, ato
seguido de uma reação violenta dos liberais brasileiros, que atacaram os “portugueses” (apoiadores do
imperador) com garrafas e pedras. A homenagem e o desagravo desaguaram em cenas de violência pública
generalizada, expondo definitivamente as dificuldades em que o imperador se encontrava, tanto que
abdicaria ao trono brasileiro no mês seguinte. Alternativa incorreta.

E. Na raiz da Guerra Farroupilha encontra-se a forte influência republicana dos países fronteiriços sobre
estancieiros e charqueadores do Rio Grande do Sul, os quais, visando à expansão de seus negócios, exigiram
do governo imperial a proibição da entrada, no mercado brasileiro, da carne salgada produzida no Uruguai
e na Argentina.

Comentário:

A questão central da eclosão da Guerra da Farroupilha está no desequilíbrio tributário quanto ao charque.
Comparando com as charqueadas uruguaias e argentinas, o Rio Grande do Sul estava em evidente
desvantagem dentro do próprio mercado brasileiro. Muito mais do que uma adesão às influências regionais,
a Farroupilha derivou de uma revolta gaúcha contra o descaso do Rio de Janeiro frente à situação da
província. Exigia-se, antes, o aumento da tributação sobre o charque uruguaio e argentino, ao mesmo tempo
em que se pedia o aumento da autonomia provincial. Apesar de ter um caráter republicano, a Revolução
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Farroupilha relativizou seu antagonismo com a monarquia tão logo fora assinada a paz, aproximando os
líderes gaúchos com o imperador numa aliança que enfrentaria Rosas e a Argentina alguns anos depois.
Alternativa incorreta.

CACD 2010
Questão 76

A década iniciada em 1830 caracterizou-se pela instabilidade política. A respeito do período regencial na
história do Império Brasileiro, julgue C ou E.

1. No Pará, os cabanos proclamaram a independência da província e definiram que o novo governo


assumiria a forma republicana.

Comentário: ==20852a==

Item anulado pela banca sob a seguinte justificativa: “a utilização da expressão ‘o novo governo assumiria a
forma republicana’ conferiu ambiguidade insuperável ao item, razão suficiente para sua anulação”. Item
anulado.

2. Na Bahia, a população, sob liderança do médico Francisco Sabino Barroso, revoltou-se contra o
recrutamento forçado para a formação de tropas que deveriam lutar no Rio Grande do Sul e instituiu a
República Bahiense.

Comentário:

Em meio aos descontentamentos contra a regência, a Sabinada (nome decorrente de Francisco Sabino
Barroso) propunha a organização de uma república temporária, separando-se do Brasil apenas enquanto
durasse o período regencial. Juraram lealdade ao imperador e afirmaram que se submeteriam à autoridade
de seu governo após a maioridade. A motivação inicial do movimento foram os desmandos políticos com o
recrutamento forçado na província para a composição de forças para o combate na Revolução Farroupilha.
Item correto.

3. No Maranhão, setores da classe média contrários ao sistema imperial insubordinaram-se e


proclamaram a independência da província, optando pelo regime republicano.

Comentário:

A Balaiada, movimento revoltoso maranhense, foi organizada pelas camadas mais baixas da população para
enfrentar os desmandos políticos locais e expressar o inconformismo sobre a perpetuação da miséria
popular. No entanto, apesar do recorte separatista, é delicado falar de um movimento de fato republicano.
Assim, o item erra ao associar o levante às classes médias maranhenses. Item errado.

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4. Os farroupilhas, no Rio Grande do Sul, rebelaram-se contra o sistema monárquico e, no manifesto de


fundação do movimento, proclamaram a independência da província, tendo como objetivo econômico
primordial inseri-la na economia internacional.

Comentário:

O caráter separatista da Revolução Farroupilha só se configurou ao longo do conflito, havendo uma


preocupação inicial muito mais forte com o fim da desvantagem comercial do charque gaúcho frente às
importações vindas da Argentina e do Uruguai, além de exigências de maiores autonomias provinciais. A
ideia de inserção internacional da economia rio-grandense soa despropositada, já que o grande foco da sua
produção agropecuária era o abastecimento do mercado doméstico brasileiro. Item errado.

CACD 2008
Questão 18

Durante a Regência (1831-1840), o Brasil passou por reformas institucionais que consolidaram o Estado
Nacional, cuja política exterior tomou rumos distintos das orientações da época da Independência. Acerca
da Regência e da nova política exterior no início do Segundo Reinado, julgue (C ou E) os itens seguintes.

1. O pensamento político e os dirigentes dividiam-se entre liberais e conservadores, sendo os primeiros


defensores da centralização do poder e os segundos, do federalismo.

Comentário:

O item inverte as posições políticas dos grupos do período regencial. Pensando em liberais e conservadores
a partir de 1837, os primeiros defendiam um aprofundamento das autonomias provinciais enquanto os
segundos, uma maior centralização do poder, ainda que se mantendo vários dos dispositivos do Ato
Adicional. Assim, item errado.

2. Entre os conservadores, Bernardo Pereira de Vasconcelos esteve presente na origem do partido


político que defendia a centralização do poder do Estado.

Comentário:

Bernardo Pereira de Vasconcelos foi um proeminente liberal durante o Primeiro Reinado. Diante dos
problemas enfrentados pelo país durante o período regencial, passou a defender cada vez mais o poder
central. Um dos líderes do Regresso, foi fundador e ilustre membro do Partido Conservador. Como deputado,
senador e ministro, colocou em prática o que acreditava e foi importante pelas reformas centralizadoras que
marcaram o fim das regências e o início do Segundo Reinado. Item correto.

3. O debate parlamentar acerca da renovação dos tratados de comércio dividiu o pensamento nacional
entre liberais e protecionistas, sendo estes últimos defensores da industrialização do país.

Comentário:

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A liberalização do comércio foi um ponto contencioso nos debates ao longo do Império, porque opunha os
interesses agroexportadores às (pequenas) vontades industrializantes. Os protecionistas diziam que as
facilidades tarifárias concedidas sufocariam todo e qualquer esforço industrial brasileiro; enquanto os
liberais preferiam fortalecer as posições internacionais da agroexportação brasileira pela abertura dos
mercados e pela inserção mais aguda do país na economia internacional. Item correto.

4. Por força de lei de 1831 que definiu a competência dos regentes, tratados de qualquer natureza
haveriam de passar pela prévia aprovação da Assembleia (Câmara e Senado) antes de serem ratificados.

Comentário:

A lei que estabeleceu os poderes da Regência em 1831 deixou claro, depois das experiências deletérias do
Primeiro Reinado, que os regentes não poderiam assinar qualquer tratado sem aprovação da Assembleia.
Vale lembrar que, tal como disposto na Constituição, os regentes não tinham mandato, o que foi alterado
somente com o Ato Adicional em 1834. Assim, quando da aprovação da lei, o prognóstico era o de uma
mesma regência trina até a maioridade do imperador. Item correto.

CACD 2006
Questão 41

Enquanto a Europa vivia sua Era Revolucionária, o Brasil promovia sua independência política e buscava
organizar-se como Estado nacional. A respeito dessa fase da história brasileira, assinale a opção incorreta.

A. Internamente liberal, a Revolução do Porto, em 1820, pôs fim ao absolutismo português e,


simultaneamente, impôs a adoção de medidas para reverter o grau de relativa autonomia conquistado pela
colônia brasileira. Daí ser essa revolução considerada fator determinante para a evolução dos
acontecimentos que resultaria na declaração de independência do Brasil, em 1822.

Comentário:

A Revolução Liberal do Porto, de 1820, resultou na convocação de Cortes que tiveram como objetivo
construir uma Constituição à monarquia portuguesa. Desde o início, combateram o absolutismo e a
concentração dos poderes na figura do rei. Ao mesmo tempo, quiseram resgatar a primazia do reino de
Portugal dentro do império ultramarino, o que implicava reverter as medidas que haviam outorgado maior
autonomia ao reino do Brasil. Deve-se dizer que a alternativa poderia ter sido questionada já que o Brasil
não possuía mais o status de colônia, mas de Reino. Afora isso, a alternativa não apresenta erros.

B. A onde liberal que leva às revoluções de 1830 na Europa também se fez presente no Brasil, embora
adaptada às condições locais. Esse foi o quadro de adensamento da crise do Primeiro Reinado (1822-1831),
que teve seu epílogo no afastamento (abdicação) de D. Pedro I.

Comentário:

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A queda dos Bourbon e a subida do rei burguês Philippe D’Orléans novamente conflagrava a Europa e
colocava em xeque a autoridade régia tradicional, revalorizando os princípios do liberalismo político
(soberania popular, representação, direitos individuais). Nesse mesmo momento histórico, o Brasil passava
por forte crise política. O exemplo francês inspirou os liberais brasileiros a adotarem postura mais altiva no
enfrentamento ao monarca, resultando no movimento de 7 de abril. A alternativa não apresenta erros.

C. O embate entre os defensores do centralismo monárquico – concentração do poder na capital – e as


posições federalistas, que advogavam mais autonomia das províncias, é fator significativo para a eclosão de
movimentos em várias regiões do país, ao longo do período regencial.

Comentário:

A emergência liberal no Período Regencial foi alimentada pela percepção da necessidade de revisão da
concentração de poderes no arranjo político-institucional brasileiro. Uma das saídas mais perseguidas era a
descentralização, que aumentaria o poder das províncias. Pode-se considerar que a luta política entre as
posições elencadas transbordou para o corpo social na medida em que as elites estavam fraturadas e a
legitimidade do poder regencial era questionada. A alternativa não apresenta erros.

D. Ao contrário da Cabanagem, movimento armado conduzido pelas elites paraenses, a Revolução


Farroupilha, longamente sustentada pelo Rio Grande do Sul, caracterizou-se como movimento
essencialmente popular, do qual ricos estancieiros se recusaram a participar.

Comentário:

A Cabanagem, que ocorreu na província do Grão-Pará, foi encampada pelas classes mais baixas,
inconformadas com a situação de sua província e do Império. Por sua vez, a Revolução Farroupilha emergiu
do descontentamento dos grandes estancieiros gaúchos e dos produtores de charque com relação à política
tributária e comercial do Rio de Janeiro, exigindo maior atenção e liberdade às províncias. Assim, esta é a
única alternativa errada.

E. Em meio à crise política prolongada, em larga medida alimentada pelo choque entre posições
centralistas e federalistas, o período regencial chegou ao fim por meio de um golpe sem armas, materializado
na antecipação da maioridade de D. Pedro II e na vitória dos defensores da monarquia parlamentar
centralizada.

Comentário:

O Golpe da Maioridade buscou solucionar os problemas da Regência por meio do apelo à legitimidade do
imperador. Declarado maior de idade, D. Pedro II fortalecia novamente a regime, desta vez sob um
parlamentarismo centralizador, idealizado nos últimos esforços dos conservadores sob a Regência. A crise
de legitimidade chegou ao fim e o governo retomou sua força moral para impor a ordem ao país engolfado
no caos político. A alternativa, portanto, não apresenta erros.

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Aula 03

LISTA DE QUESTÕES
CACD 2019
1. Questão 48

No que concerne aos projetos de implantação do federalismo no Brasil e aos respectivos desdobramentos
nos planos interno e externo durante o período regencial, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1 Apesar da grande diferença nos regimes de governo do Brasil e dos Estados Unidos, fórmulas liberais norte-
americanas para temas como federalismo, republicanismo, imigração e comércio encontravam eco no
parlamento brasileiro. O período das regências, especialmente após a passagem do Ato Adicional de 1834,
inaugurou um novo arranjo político no Brasil, em que os princípios republicanos norte-americanos já não
pareciam confrontar tão abertamente os da monarquia constitucional brasileira.

2 A Revolta dos Cabanos congregava diferentes grupos sociais insatisfeitos com a abdicação de D. Pedro I e
com a apatia dos primeiros meses de governo regencial. Em vista desse contexto de inquietação das elites
provinciais, o Senado aprovou o Ato Adicional de 1834, que revisava a Constituição de 1824 reforçando os
mecanismos de atuação do Poder Executivo por meio da criação do Conselho de Estado, da eleição de
regente único e do reforço do papel dos presidentes provinciais, eleitos indiretamente pelas assembleias
provinciais.

3 O reconhecimento das independências da República do Piratini e, de maneira mais efêmera, da República


Juliana, pelos governos da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e da Itália, constitui elemento evidente da
capacidade de articulação interna e externa dos grupos envolvidos na Revolução Farroupilha. Para debelar a
revolta, o governo imperial viu-se forçado, no plano interno, a fazer uma série de concessões aos líderes da
revolução e, no plano externo, a desenvolver uma política mais agressiva contra o governo de Juan Manuel
Rosas, que apoiava os insurgentes farroupilhas.

4 Estimulada pelo partido liberal e com o apoio do Clube da Maioridade, a antecipação da maioridade legal
de D. Pedro II contava com o apoio dos próprios governistas conservadores. A instabilidade do sistema
eletivo das regências e a inquietação diante das várias rebeliões provinciais levaram a um consenso entre a
elite política a respeito da necessidade de se recorrer à figura monárquica para apaziguar a nação.

CACD 2018
2. Questão 51

As disputas entre D. Pedro I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Reinado e resultaram na
abdicação do imperador. Acerca do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue (C ou E) os itens
subsequentes.

3 A Regência foi vista pelas elites provinciais como oportunidade de construção de uma monarquia
federalista, o que responderia a certas expectativas de autonomia levantadas no momento de sua adesão à
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independência do Brasil. De fato, a discussão de peças legais que aumentavam a autonomia local teve início
em finais no Primeiro Reinado e resultaram na promulgação, por exemplo, do Código Criminal, ainda em
1830, e do Código do Processo Criminal, em 1832.

4 A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de contestação à Regência por sua duração (1835 a 1840),
a despeito de ter se concentrado em um território muito restrito e com pequena participação popular.

CACD 2013
3. Questão 42

No que concerne ao período regencial no Brasil, assinale a opção correta.

A. O regresso conservador alterou a política externa, ao priorizar a contenção de Rosas, líder da


Confederação Argentina.

B. O período regencial iniciou-se na abdicação de Pedro I ao trono, em decorrência de pressões


diplomáticas britânicas e da oposição das elites escravocratas.

C. Durante o avanço liberal, o Senado foi extinto como resultado da ação dos exaltados contra o que
classificavam como reduto caramuru.

D. No período regencial no Brasil, houve fraca coesão entre as elites e importante participação dos
setores populares no processo político.

E. O Ato Adicional de 1834 fortaleceu o Exército, que teve ampliado seu efetivo, oportunidade de
profissionalização de seus membros e assegurou importância política.

CACD 2012
4. Questão 45

D. Picucha Terra Fagundes, conte alguma coisa da sua vida.


(...)
Onde está seu marido?
Enterrado em chão castelhano. Morreu na Cisplatina.
(...)
Dei tudo o que tinha pros Farrapos. Meus sete filhos. Meus sete cavalos. Minhas sete vacas. Fiquei sozinha
nesta casa com um gato e um pintassilgo. E Deus, naturalmente.
(...)
E o tempo continuava a andar num tranco lento de boi lerdo. Entrava inverno, saía inverno. E a guerra nada
de acabar.
(...)
Ah! Ia me esquecendo de lhe dizer que tenho sete netos, todos homens.
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Quando vejo eles, que já estão grandotes, sinto um calafrio pensando noutra guerra.
(Érico Veríssimo. O tempo e o vento: o continente. 31.ª ed. Porto Alegre: Editora Globo, 2995, p. 310-15).

O fragmento de texto acima remete a uma das mais duradouras guerras civis travadas no Brasil, a
Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul, ao longo de uma década (1835-1845). Relativamente ao período
conhecido como regencial, que se estende da abdicação de Pedro I (1831) ao Golpe da Maioridade (1840),
assinale a opção correta.

A. Acusado de montar um ministério que atendia exclusivamente aos interesses das elites locais, D.
Pedro I perdeu o apoio da influente comunidade lusa no Brasil, o que fomentou clima de insegurança que
tornou insustentável a manutenção do seu governo.

B. A Constituição do Império (1824) foi modificada em aspectos essenciais poucos anos depois de
iniciada a fase regencial, e o Ato Adicional de 1834 interrompeu a descentralização político-administrativa
que se iniciava: as províncias, que deixaram de contar com assembleias legislativas, perderam a prerrogativa
de elaborar suas próprias leis.

C. No período regencial, além da Farroupilha, outros movimentos armados eclodiram no Brasil: no Grão-
Pará, a Cabanagem; no Maranhão e no Piauí, a Balaiada; na Bahia, a Sabinada e a revolta dos Malês, esta
referente a uma insurreição escrava planejada por africanos muçulmanos.

D. A Noite das Garrafadas, episódio em que portugueses atacaram, no Rio de Janeiro, um grupo de
brasileiros que prestava homenagem a D. Pedro I, culminou no assassinato de Líbero Badaró, jornalista que
se tornara famoso pelos artigos que publicava em apoio ao imperador e em defesa da luta intransigente para
a expulsão dos portugueses do Brasil.

E. Na raiz da Guerra Farroupilha encontra-se a forte influência republicana dos países fronteiriços sobre
estancieiros e charqueadores do Rio Grande do Sul, os quais, visando à expansão de seus negócios, exigiram
do governo imperial a proibição da entrada, no mercado brasileiro, da carne salgada produzida no Uruguai
e na Argentina.

CACD 2010
5. Questão 76

A década iniciada em 1830 caracterizou-se pela instabilidade política. A respeito do período regencial na
história do Império Brasileiro, julgue C ou E.

1. No Pará, os cabanos proclamaram a independência da província e definiram que o novo governo


assumiria a forma republicana.

2. Na Bahia, a população, sob liderança do médico Francisco Sabino Barroso, revoltou-se contra o
recrutamento forçado para a formação de tropas que deveriam lutar no Rio Grande do Sul e instituiu a
República Bahiense.

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3. No Maranhão, setores da classe média contrários ao sistema imperial insubordinaram-se e


proclamaram a independência da província, optando pelo regime republicano.

4. Os farroupilhas, no Rio Grande do Sul, rebelaram-se contra o sistema monárquico e, no manifesto de


fundação do movimento, proclamaram a independência da província, tendo como objetivo econômico
primordial inseri-la na economia internacional.

CACD 2008
6. Questão 18

Durante a Regência (1831-1840), o Brasil passou por reformas institucionais que consolidaram o Estado
Nacional, cuja política exterior tomou rumos distintos das orientações da época da Independência. Acerca
da Regência e da nova política exterior no início do Segundo Reinado, julgue (C ou E) os itens seguintes.

1. O pensamento político e os dirigentes dividiam-se entre liberais e conservadores, sendo os primeiros


defensores da centralização do poder e os segundos, do federalismo.

2. Entre os conservadores, Bernardo Pereira de Vasconcelos esteve presente na origem do partido


político que defendia a centralização do poder do Estado.

3. O debate parlamentar acerca da renovação dos tratados de comércio dividiu o pensamento nacional
entre liberais e protecionistas, sendo estes últimos defensores da industrialização do país.

4. Por força de lei de 1831 que definiu a competência dos regentes, tratados de qualquer natureza
haveriam de passar pela prévia aprovação da Assembleia (Câmara e Senado) antes de serem ratificados.

CACD 2006
7. Questão 41

Enquanto a Europa vivia sua Era Revolucionária, o Brasil promovia sua independência política e buscava
organizar-se como Estado nacional. A respeito dessa fase da história brasileira, assinale a opção incorreta.

A. Internamente liberal, a Revolução do Porto, em 1820, pôs fim ao absolutismo português e,


simultaneamente, impôs a adoção de medidas para reverter o grau de relativa autonomia conquistado pela
colônia brasileira. Daí ser essa revolução considerada fator determinante para a evolução dos
acontecimentos que resultaria na declaração de independência do Brasil, em 1822.

B. A onde liberal que leva às revoluções de 1830 na Europa também se fez presente no Brasil, embora
adaptada às condições locais. Esse foi o quadro de adensamento da crise do Primeiro Reinado (1822-1831),
que teve seu epílogo no afastamento (abdicação) de D. Pedro I.

C. O embate entre os defensores do centralismo monárquico – concentração do poder na capital – e as


posições federalistas, que advogavam mais autonomia das províncias, é fator significativo para a eclosão de
movimentos em várias regiões do país, ao longo do período regencial.
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Aula 03

D. Ao contrário da Cabanagem, movimento armado conduzido pelas elites paraenses, a Revolução


Farroupilha, longamente sustentada pelo Rio Grande do Sul, caracterizou-se como movimento
essencialmente popular, do qual ricos estancieiros se recusaram a participar.

E. Em meio à crise política prolongada, em larga medida alimentada pelo choque entre posições
centralistas e federalistas, o período regencial chegou ao fim por meio de um golpe sem armas, materializado
na antecipação da maioridade de D. Pedro II e na vitória dos defensores da monarquia parlamentar
centralizada.

GABARITO

1. C, E, E, C 4. LETRA C 7. LETRA D
2. C, E 5. X, C, E, E
3. LETRA D 6. E, C, C, C

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