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Jesus - Terapeuta e Cabalista - Parte 6
Jesus - Terapeuta e Cabalista - Parte 6
Geburah-Força
Não há fogo no leite, e sim luz; ‘gala’, "leite", em grego — que soa quase
como seu correspondente hebraico, ‘jalab’! — torna-se, em linguagem
teológica, ‘galaktós’, os "alicerces da fé", "luz clara, espiritual".
Fogo é o que acendemos na escuridão, a faísca irracional, perigosa,
sacrificial, enquanto que o leite, que brota por si mesmo, não surge de uma
ferida mas de um orifício.
Por isso, a Misericórdia, Chesed, ligada a essa bebida, se apóia na lógica
inflexível do parentesco, já que — diz Dionísio — "estende-se a todos os
seres" como a aurora, enquanto a Força, Geburah, é tributária da espada
que promove o corte, a divisão e também a cicatriz.
Para os egípcios, ‘ka’, a "energia vital", era representada por um glifo que
mostrava os dois braços clamando ao céu ou mesmo recebendo dele seu
poder.
Ka era também a "força de conservação" que animava Maat, a "ordem
universal", que passa ao mundo ‘hegraico’ através do eco fonético da
Verdade.
Sendo ‘din’, o "juízo", outro dos nomes que a Cabala emprega para a quinta
sephira, entende-se por que, para encontrar a verdade, necessitamos tanto
da força do caráter como da delicadeza do temperamento.
Esse sábio que é como uma árvore que cresce junto a um rio, e tanto
lembra o ‘etz ha-jaím’ vislumbrado no texto do Apocalipse 22,2, atribui a
mesma importância ao que sobe e ao que desce.
Não julga para não ser julgado.
Deseja amar os demais como ama a si mesmo.
Vê que os seres superiores, como diz o Livro do Tomás 32,9: "derivam sua
vida de sua própria raiz", e, compreendendo-o, aceita que a luz habite na
luz.
No Bahir está dito que a raiz está na letra shin e que essa letra, segundo a
Cabala, simboliza o fogo.
De modo que viver "da própria raiz" significa auto iluminar-se, não
depender do mundo exterior mas somente do fogo intracelular.
Para esse equilíbrio entro o superior e o inferior contribuem, na árvore real,
o ‘floema e o ‘xilema’, a função condutora de substâncias nutritivas
pertencentes ao sistema vascular, e a função condutora de águas e sais
minerais que formam a seiva bruta.
No templo de nosso corpo, o floema corresponde, grosso modo, às artérias,
e o xilema, às veias.
O sangue arterial leva luz, e o venoso, sombra.
Porém o fogo que brilha sobre as folhas no verão também amorna no
inverno o húmus e o tecido da terra debaixo dela.
O sentido oculto da frase de Tomás relativa à raiz refere-se também à
origem iniciática.
Com efeito, "raiz", ‘shoresh’ em hebraico e ‘riza’ em grego, é o mesmo
vocábulo empregado pelo Apocalipse 5,5 para comentar que a "raiz de Davi
venceu e pode abrir o livro e desatar seus sete selos".
Entre os cabalistas provençais do século XII a expressão "raiz de raízés"
referia-se ao que está acima da Coroa, ao Ain Sof.
O total numérico desse Infinito (álef = 1 + yod = 10 + nun = 50 = 61 +
sámaj = 60 + vav = 6 + pé = 80 = 146 + 61 = 207) corresponde ao da
"luz", or (álef = 1 + vav = 6 + reish = 200 = 207).
Sendo, como somos para o Zohar, uma árvore invertida, bastará detectar a
raiz de nossa própria cabeça para encontrar o equilíbrio através do alimento
vibratório, maná do som.
De certo modo é possível supor que o curador assumia para si, por
transferência, os males de sua época e tornava a reciclar as energias a
partir de certo tipo de conhecimento secreto de que os nazarenos eram, em
grande parte, depositários, tanto por sua separação deliberada e
conseqüente objetividade, quanto pela força e misericórdia que haviam
acumulado para, cumpridos os votos, poderem agir imediatamente a partir
do centro dos centros, a partir do foco radiante que "vigia enquanto o eu
dorme": o coração, ‘leb’, morada para onde confluem e de onde surgem os
32 canais, fonte de vida e ressurreição.
"A que corresponde o lulab? (o coração da palmeira, o palmito, mas
também, lembremos, "Seu coração") — pergunta-se o Bahir no fragmento
CLVI e responde: À coluna vertebral".
E antes: "O Santo, Bendito seja, reservou para si o corpo da árvore assim
como seu coração. Do mesmo modo que o coração constitui o mais
esplêndido fruto do corpo, assim tomou Israel o fruto da árvore do
esplendor. Como a palmeira está rodeada de ramos e em seu centro está o
‘lulab’, assim fez Israel com o corpo dessa árvore que é seu coração".
Continua