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Duro Rhoade1

Os 12 Olimpianos 7

Sandrine Gasq-Dion

Descobrir que ele é adotado é um choque para Travis Rhoades, e ele


não está feliz que o seu pai não foi honesto com ele. Descobrir que ele é um
semideus, o filho de um verdadeiro deus Olímpico? Bem, beije-lhe o traseiro e
lhe dê um biscoito. Agora, ele está muito chateado.

O híbrido lobo-vampiro Lucian Tenebris já teve o suficiente da


imaturidade e idiotice de seu protegido. Travis Rhoades se recusa a aceitar o
seu destino como os seus outros amigos Olimpianos aceitaram. Como o seu
guarda-costas, Lucian irrita o rapaz apenas por respirar. Tudo o que Travis quer,
é viver uma vida normal. Sim, e as pessoas no inferno querem água gelada.

Uma lesão cerebral causada pelos perversos Titãs concede o desejo de


Travis – nada sobrenatural pode ajudá-lo. Quando ele se recupera, ele não
consegue se lembrar de coisa alguma sobre a sua vida. Mas aquele guarda-
costas alto, sombrio e irritado o excita.

Confiar outra vez e fazer o amor funcionar é uma dura estrada. Travis
Rhoades tem o que é preciso para encontrar o seu verdadeiro eu?

1
Rhoades é o sobrenome de um dos protagonistas, em português quer dizer estrada, então o
título seria Dura Estrada. A autora gosta de nomear os livros com o nome de um dos
protagonistas da história, mas sempre com um significado oculto no título.
Capítulo 1

— Você pode me ouvir, Lucian?

— Sim, estou te ouvindo.

— Onde você está?

— No laboratório. Consegui sair novamente.

— Você está andando?

— Sim, embora eu esteja instável em pé.

— Onde você irá?

— Eu verei o meu amigo com a marca de nascença em forma de lança.

— É outra criança ou alguém do laboratório?

— É outra criança. Eles o mantêm em uma parte diferente do


laboratório.

— Como ele é?

— Espere, alguém está vindo.

— Você está se escondendo?

— Sim, eles estão falando sobre a criança, eu acho. Eles passaram por
mim. Continuarei pelo corredor. A porta está aberta o suficiente para que eu
possa entrar.

— Onde você está agora?

— Estou com o meu amigo. Ele está brincando com blocos de madeira.
Ele é tão bonito. Há um brilho em torno de seu cabelo.

— O que mais você vê Lucian?


— Ele está me alcançando.

— Lucian, olhe ao redor – você vê um calendário? Talvez algo com que


possamos trabalhar?

Lucian se moveu no sofá, as sobrancelhas franzindo e o Doutor Cormick


Forrester inclinou-se para a frente.

— Lucian?

— Eu quase caí, mas ele pegou a minha mão e me firmou. As pessoas


estão vindo, — Lucian sussurrou.

— Eu quero que você volte para a sua cama, Lucian.

— Eu não posso deixá-lo. Eles o machucarão!

Lucian começou a se agitar e Cormick começou a contar de trás para


a frente. Lucian se ergueu com o peito se elevando. Ele lançou um olhar
cauteloso ao redor do consultório e Cormick pegou a sua mão.

— Está tudo bem. Você está em Seattle no meu consultório, Lucian.

— O que aconteceu?

— Durante a hipnose, você estava no laboratório. Você falou sobre um


menino com uma marca de nascença na cabeça.

Lucian franziu as sobrancelhas, pensativo.

— Por que não posso me lembrar disso quando não estou sob hipnose?

— Talvez você tenha bloqueado. Talvez tenha sido muito doloroso para
você se lembrar?

— Eu quero que você me hipnotize de novo!

— Não, Lucian. É muito cedo. Eu o quero de volta aqui na próxima


semana, tudo bem? Discutiremos sobre isso, então.
Lucian se levantou e andou de um lado para o outro. Apesar de saber
que Wayne Maccon, o alfa poderoso de todos os shifters, exigia que todos da
equipe vissem o psiquiatra, ele não estava tão certo de que as suas sessões
estavam funcionando. Ele não queria se lembrar muito de sua vida no
laboratório, mas talvez se conseguisse ver alguma coisa daquela época, ajudaria
a explicar o presente. As suas gengivas começaram a coçar e ele sentiu o seu
vampiro tentando sair. Lucian o empurrou e respirou fundo e calmamente.

— Talvez você deva ir pescar, — Cormick sugeriu.

— Como? — Lucian virou-se para encarar o médico.

— As suas presas caíram. — Cormick apontou para elas com a sua


caneta.

— Droga! Por que não consigo controlar isso?

— Como está Travis? — Cormick perguntou, esperando que pudesse


distrair Lucian. Pelo olhar no rosto de Lucian, aquela era a pergunta errada.

— Você está de brincadeira? Ele é imprudente, irritante, infantil e


irritante!

— Você disse irritante duas vezes.

— Bem, aqui vamos nós! Vale a pena dizer duas vezes.

— Ceeerto, eu te verei semana que vem? Talvez possamos discutir


longamente sobre Travis Rhoades. — Lucian olhou para ele e Cormick engoliu
em seco. — Ou não?

— Eu te vejo na próxima semana. — Lucian Tenebris girou sobre os


calcanhares e saiu andando do consultório.

Cormick respirou fundo e contou até dez. Ver o lado shifter da equipe
de Wayne – os híbridos, não os lobos – era desgastante. O Detetive da Polícia
Nicholas Stevens enfiou a cabeça dentro do consultório.
— Hum, Doutor? Trouxe Casey.

Cormick franziu o cenho. Detetive Casey O'Shea, o parceiro de Nick,


foi transformado em um lobo durante uma recente luta contra lobos. Ele se
recusou a voltar a ser humano depois de sua mudança inicial em um lobo, e
Cormick estava arrancando os seus cabelos para tentar chegar até o irlandês
teimoso.

— Se ele urinar nos pés da minha mesa novamente, nós terminamos.

Lucian entrou no elevador para descer e quando as portas se abriram,


ele estava olhando para o seu irmão Killian, que estava sentido o estresse de
Lucian e fez um sinal para que ele saísse do elevador. Segurando-o pelo
cotovelo, Killian os levou para fora.

— Parece que você está precisando tomar um drinque, — Killian


declarou.

— São apenas cinco da tarde, — Lucian argumentou.

— Disseram-me que é um horário aceitável para beber.

Killian montou a sua Harley, lançando um sorriso ao seu irmão. Os três


irmãos Tenebris – Cezar era o terceiro – compraram uma moto cada. Na
verdade, a maioria dos membros do grupo tinha uma. Eles foram para o Cuffs
and Stuff e Killian pulou em um dos banquinhos, fazendo sinal para PJ, o
atendente.

— O que será, Killian? — PJ perguntou.

— Eu gostaria de dois dos mamilos com manteiga.

— Você quer dizer mamilos amanteigados? — PJ tentou conter o seu


riso. Os irmãos Tenebris ainda não superaram o jeito do inglês ou da gíria.

— Sim, isso. — Killian acenou uma mão no ar. — Há outra bebida tão
doce quanto essa?

— Que tal um boquete?

Killian piscou.

— Eu gosto de você, PJ, mas eu já fui tomado. Apenas as bebidas, por


favor.

— Não esse tipo de boquete, — PJ riu. — Apenas esperem. Pegarei as


suas bebidas.

— Mamilos e boquete? — Lucian sacudiu a cabeça. — Eu não entendo


o mundo exterior.

— Eu acho que você está indo muito bem. Agora, me diga porque está
chateado.

— O médico me colocou sob hipnose e me lembrei de algo. Um


garotinho.

— Oh? Viu mais alguma coisa?

— Não, ele me tirou dela. Não entendo por que não posso lembrar disso
quando estou acordado.
— Não e não pode2, — Killian corrigiu.

— Ugh! Quem se importa como eu digo isso?

— Eu me importo. Seria bom tentar e se ajustar, Lucian. Eu sei que


isso tem sido difícil para você, mas você percorreu um longo caminho da jaula
que te abrigou.

— Certo, ninguém diz abrigou, Killian. Parece que você precisa de ajuda
também.

— Stone está me ajudando a ampliar o meu vocabulário. — Killian


olhou para o seu irmão de perto. — Diga-me o que realmente está te
incomodando.

— Sinto como se estivesse sendo repartido por dentro. O meu vampiro


está constantemente tentando dominar o lobo.

— Você parece estar sob controle a maior parte do tempo.

— Talvez, mas está me desgastando.

— Talvez você devesse deixar o vampiro sair?

— O quê?!

— Assim como Devin e Vince ajudaram Wraith a controlar o seu lado


pantera, eles podem ser capazes de ajudá-lo também. Eu acho que vale a pena
o risco. — Killian olhou para o seu irmão.

— Você está preocupado comigo machucando Travis.

— Você não estaria se fosse eu? Onde está Travis agora?

— Sim, onde está Travis?

2
Aqui a diferença só pode ser notada quando a frase está em inglês. Lucian usa do not e cannot,
já Killian usa don’t e can’t. Ao longo da história, muitas vezes aparecerão referências sobre não
e não pode, portanto é sobre isso que estão falando.
Eles olharam para cima para encontrar PJ olhando para eles. Ele se
inclinou através do balcão e olhou diretamente para Lucian.

— Ele está sendo vigiado por Zane, — Lucian disse lentamente. Os


olhos de PJ brilharam e Lucian se encostou no banquinho. — Quem é você?

— Você realmente precisa perguntar? Você ficará com Travis como se


a sua vida dependesse disso, porque depende!

— Ares? — Killian estreitou os olhos para o deus que era pai de Travis.

— Sim, e você precisa saber que eles virão atrás de Travis. É melhor
você dar-lhe um pouco de sentido porque ele está vulnerável agora.

— Por que você não fala com ele? — Lucian respondeu.

Todo mundo no clube literalmente congelou no lugar. Lucian se


levantou quando o corpo de PJ caiu no chão e Ares emergiu. O homem era tão
alto, a sua cabeça quase atingia o teto.

— Não se atreva a me dizer o que fazer, híbrido! — Ares cuspiu.

— Eu me comprometi em protegê-lo! — Lucian gritou. — O que mais


você quer?

Ares agarrou a garganta de Lucian e levantou-o para o seu rosto. Killian


saltou do banquinho e agarrou o braço de Lucian.

— Pare! — Ele gritou para Ares. — Estamos todos do mesmo lado!

— ARES!

Ares largou Lucian e Killian e virou-se para a voz alta e forte que
acabara de sacudir o clube.

— Deixe-os em paz!

— Poseidon, você não pode me deixar sozinho? — Ares rosnou.


— E você se pergunta por que não gostam de você, — Poseidon falou.
Ele se virou para Lucian. — Você está fazendo o seu melhor, Lucian. Todos nós
vemos isso. Por favor, não deixe Ares levá-lo a pensar de outra forma.

Os dois deuses desapareceram e o clube começou a se mover


novamente. Ambos ouviram um gemido e espiaram por cima do bar. PJ estava
esfregando a cabeça.

— Que diabos aconteceu? — Ele lamentou.

— Acho que tomarei esse boquete agora, — Lucian disse rapidamente.

— O que diabos aconteceu? — PJ perguntou.

— Não tenho certeza. Você desmaiou? — Killian sugeriu.

— Estou bem. Nenhum dano, nenhum ferimento, eu acho. — PJ acenou


uma mão. — O que eu estava fazendo? Oh, sim, boquete e mamilos
amanteigados.

— Depois disso, acho que tomarei um drinque. — Lucian olhou para o


seu irmão. — Parece que o deus da guerra está chateado comigo.

— Pelo que ouvi, Ares não é muito querido. As suas explosões críticas
de raiva podem ter algo a ver com isso.

Lucian bebeu o seu drinque e se levantou, batendo nas costas do seu


irmão.

— Eu vou embora. Melhor ir verificar o meu protegido.

— Lucian, não leve o que Ares disse tão a sério. Você está fazendo um
bom trabalho.

— Oh, sim, ótimo trabalho. É por isso que Travis deslocou o seu ombro
em algo estúpido. Não consigo ficar longe dele mais tempo. Eu te vejo em breve,
irmão.

Lucian saiu do clube e Killian suspirou, batendo a cabeça no bar.


— Outra bebida? — PJ perguntou.

— Sim. Faça uma dupla.

Lucian encontrou Travis com Jordy Crain no campo de futebol da


Universidade de Washington. Sentou-se na arquibancada e observou. Travis
cortou o cabelo curto. Os cabelos loiros brilhavam ao sol. Ele não era tão alto
quanto o resto dos caras, mas ele também não era baixo. Para Lucian, Travis
era um dos homens mais bonitos. Ele piscou. De onde veio esse pensamento?
Ele foi trancado em uma jaula quando criança e nunca beijou alguém, nunca
sentiu o toque de um amante – mas ele assistia TV com as pessoas fazendo
amor. Bem, mais ou menos. Game of Thrones não era sexo normal.

Ele não pensava assim.

Lucian não via diferença alguma entre gays e heterossexuais. Ele viu
dois homens apaixonados muitas vezes. Ele também viu o outro lado, um
homem e uma mulher, como o Doutor Alexander Romasko, o médico dos
shifters, e a Doutora Evangeline Coulier, apaixonados. O membro do bando
Queets, John Quinton e a sua companheira, Anya, eram outro exemplo. Você
amava quem você amava e era isso. Depois de ver Wraith Panthera passar por
um inferno com Jordy, Lucian tinha respeito pelo shifter pantera. Ele suportou
tanto, mas continuou lutando.

Lucian sabia que tinha de ser forte por Travis.


O riso de Travis chegou aos seus ouvidos e era quase como uma
canção. Fazia um tempo desde que ele escutou isso. Lucian se levantou e
começou a andar pela arquibancada quando Travis e Jordy saíram do campo.

Ele seria mais vigilante.

Ele tinha que ser.


Capítulo 2

Travis olhou ao redor do clube lotado. Todos os seus amigos tinham


encontrado o amor. Ryder Winters encontrou o amor com Dane Durov, o
guardião dele, assim como Elijah Newman e Skylar Foxx com os seus próprios
guardiões. As sobrancelhas de Travis franziram quando ele se virou no banco
para encarar Jordy.

— É só eu, ou todos os Olimpianos terminam com os guardiões?

Jordy procurou os seus amigos no clube lotado. Elijah estava sentado


no colo de Jaxon Salvatore, um olhar de adoração em seu rosto. Skylar estava
no canto fazendo a mesma coisa com Justice Salvatore. Jordy assentiu
lentamente.

— Parece assim.

— Bem, foda-se isso! — Travis bufou. — Eu não estou interessado no


sanguessuga que protege a minha bunda. Posso me defender.

— Isso está correto?

Travis enrijeceu com a voz de Lucian atrás dele. Maldito sorrateiro


idiota! Lucian girou para encarar Travis, e maldição se Travis não tinha que
levantar a cabeça para olhar para o filho da puta.

Lucian se inclinou para o rosto de Travis com um sorriso.

— Você não é o meu tipo, de qualquer maneira, homenzinho.

— Eu não sou pequeno, idiota, — Travis sibilou.

— Para mim você é. Eu gosto dos meus homens um pouco mais altos,
e menos ... — Lucian bateu o queixo com o dedo indicador. — Mal-
intencionados?

Jordy riu e Travis olhou para ele.


— Eu não me preocuparia comigo me apaixonando por você, Travis.
Me preocuparia, no entanto, com você se apaixonando por mim.

A boca de Travis se abriu com surpresa.

— Com licença? O que na Terra faz você pensar que me tornarei gay
para você? Eu nem sou gay!

Lucian se inclinou sobre Travis e cheirou a sua pele, passando o nariz


pela veia pulsante no pescoço de Travis.

— Você cheira a excitação. — Lucian sorriu contra a pele de Travis.

— Afaste-se de mim! Eu não estou excitado!

— Cara, eu estou, — Jordy riu. — Isso foi excitante.

— Oh, foda-se! — Travis empurrou Lucian para longe dele e foi para o
banheiro.

Lucian virou-se para Jordy com um sorriso.

— Eu amo o jeito que posso irritá-lo tão facilmente.

— Cara, você está em perigo. — Jordy apontou um dedo para Lucian.


— As suas presas caíram, o que significa que você está excitado. Não se
preocupe, os meus lábios estão fechados.

Lucian rosnou enquanto Jordy praticamente fugia dele. Ele tocou


cautelosamente o lábio e descobriu que as suas presas haviam, de fato, descido.
Lucian virou-se para encontrar o seu irmão Cezar olhando-o interrogativamente.

— Nenhuma palavra! — Lucian rugiu.

— O que está acontecendo? — Cezar perguntou.

Lucian respirou fundo, controlando o seu vampiro. Era mais fácil de


controlar atualmente, mas Travis adorava empurrar todos os seus botões. O seu
lobo estava constantemente em desacordo com o seu vampiro. Cezar fez sinal
para que eles saíssem e Lucian o seguiu. Ficou do lado de fora do clube,
respirando devagar.

— Algo mudou em você. — Cezar falou.

— Estou bem, Cezar. Posso perder a cabeça, mas sobreviverei.

— Travis não está melhor, não é?

— Não, ele não está. Ele ainda está mal-humorado e pouco


cooperativo. Ele não quer ser parte dos Olimpianos ou trabalhar com os outros.
Pelo menos ele saiu esta noite com Jordy. Esse é um passo positivo.

— Por que você não descansa um pouco? Samson Demarco pode cuidar
de Travis. — Samson Demarco foi um matador para um líder da máfia italiana,
agora ele fazia parte de sua equipe.

— Eu sou o guardião dele, Cezar. Se algo lhe acontecer–

— Se algo lhe acontecer porque você não está com ele, então o quê?

— Eu não sei se você ouviu, mas Ares veio falar comigo.

— Eu sei, e se você não descansar, você não será capaz de proteger


Travis completamente. Agora, vá dormir algumas horas. Loki e eu cuidaremos
dele junto com Samson. Tudo bem?

— Tudo bem, mas só por algumas horas.


Travis saiu do banheiro para ver Jordy encostado na parede. Ele se
moveu para o lado de Jordy, observando o clube. O guardião de Jordy, Wraith
Panthera, estava do outro lado com alguns dos caras e Wraith os avistou,
lançando uma piscadela para Jordy.

— Vocês estão juntos agora, hein? — Travis perguntou.

— Sim. — Jordy sorriu para o seu companheiro. — Deus, ele passou


tanto por mim.

— Então, você está apenas bem com tudo isso? Com ser um semideus?
Lutar com os Titãs? Sair com um shifter?

— Não, eu não estou bem com tudo isso, mas também não mudarei.
Eu tenho uma chance de fazer algo da minha vida e ajudar os outros. Deixarei
a minha marca.

— Sim, seja o que for. Vou embora.

— Travis, vamos lá. São apenas dez horas.

— Eu preciso descansar para o jogo. — Travis acariciou o seu ombro.

Ele fez uma fuga rápida e foi para o seu carro no estacionamento. Algo
estava errado essa noite. Os pelos do seu pescoço se ergueram. Travis parou e
observou o estacionamento. PJ, o proprietário, instalou câmeras por todo o lugar
depois de Elijah Newman ser raptado. O estacionamento e beco do Cuffs and
Stuff era aparentemente popular para os maus elementos. Travis sacudiu a
cabeça e foi para o carro. Ele abriu a porta.

— Da próxima vez que você tiver esse sexto sentido, não o ignore.

Travis saltou para o alto e se virou para encontrar Samson Demarco


atrás dele.

— Onde está Lucian?

— Eu o mandei para casa para descansar.


Samson estava com Lucian? Lucian era gay? Que porra é essa? Travis
estreitou os olhos para Samson, que estava exibindo um sorriso perverso.

— Onde está Lucian?

— Tendo algum descanso muito necessário. Você também deveria ter.


Vamos.

— Agora eu tenho dois de vocês me dizendo o que fazer? O que eu fiz


nesta vida para merecer isso?

— Travis, — Samson advertiu.

— Tudo bem!

Travis tomou banho e foi para a cama. Ele estava cansado como o
inferno. O tempo que passou como conselheiro de verão em Camp Pride o tirou
desta vida por um tempo. Ele se sentiu pelo menos um pouco normal lá. Agora
ele estava de volta e a faculdade começou. O futebol era a única coisa que o
mantinha em pé.

Travis percebeu que tinha uma mensagem e olhou para o telefone. O


seu pai lhe enviou outra mensagem. Travis fechou os olhos e tentou dormir, mas
não conseguiu. Certo, então ele era um semideus. Isso não significava que ele
tinha que gostar. Durante anos ele pensou que ele era Travis Rhoades, um
garoto normal, filho de um Capitão da polícia. Agora ele sabia que ele era o filho
adotivo de Russell Rhoades. Ele era o filho biológico de Ares. Os Titãs estavam
atrás dele, assim como dos outros Olimpianos.

Eles tentaram lhe sequestrar na festa de aniversário de Loki e ele ficou


congelado de medo. Se não fosse por Lucian, eles o teriam matado.

Lucian.

Travis franziu a testa. O homem era um idiota, constantemente junto


com ele. Era irritante como o inferno. Se ele fosse honesto consigo mesmo, no
entanto, ver Lucian em cima do carro em fuga, pronto para salvá-lo, foi mais do
que um alívio. Ele sabia que deveria ter feito algo em autodefesa, mas não
conseguiu levantar um dedo para se proteger.

Amanhã seria outro dia. Outro dia de lidar com ser filho de um deus
Olímpico.

— Foda-se.

Lucian andava acima do estádio de futebol. Ele tinha uma visão do


campo abaixo, bem como dos jogadores. Travis estava em uma forma rara hoje
à noite, enfrentando jogadores duas vezes o seu tamanho. Lucian sabia que ele
ainda estava crescendo, mas isso não parecia diminuí-lo. Mesmo lá em cima,
Lucian podia sentir a raiva saindo de Travis. O tempo em Camp Pride não fez
algo para aliviar a raiva de Travis sobre ser um Olimpiano.
Lucian enrijeceu-se quando o cheiro de desonesto veio pelo vento. Ele
mudou os olhos e localizou três deles atrás das arquibancadas, no bosque. Ele
enviou uma mensagem mental para Killian e saltou do telhado. Um desonesto
rosnou enquanto avançava sobre ele.

— Eu pensei que nós falamos para nunca mais virem para a faculdade?
— Lucian permitiu que as suas presas caíssem. Esta noite ele aproveitaria ao
máximo o seu vampiro.

Killian apareceu ao seu lado, pronto para a batalha.

— Irmão. — Killian assentiu.

A luta começou e Lucian teve prazer em rasgar as suas gargantas.


Quando o último caiu no chão, Lucian lançou um feitiço para removê-los de vista.
Ele olhou para Killian e fez sinal para a sua jaqueta.

— Você tem sangue aí.

— E você também. — Killian cintilou. — Como está agora?

— Muito melhor. — Lucian inclinou a cabeça para o lado. — Acho que


o jogo acabou.

— Tenha cuidado, irmão. Se houve três, podemos esperar mais.

— Eu estou nisso. Vá buscar o seu companheiro. — Killian estava


apaixonado por Stone Marinos, filho de Apolo.

Killian desapareceu e Lucian saltou de volta para o telhado. Examinou


todas as pessoas que saíram do jogo, assim como os jogadores. Ele se agachou
quando Travis saiu do edifício principal. Ele girou os ombros e movimentou o
pescoço de um lado para o outro. O estacionamento estava quase vazio e Lucian
notou uma das líderes de torcida da outra equipe vagando pelo carro de Travis.
Lucian estreitou os olhos e se aproximou da líder de torcida. Travis caminhou
em sua direção e Lucian saltou para o chão novamente.
Capítulo 3

Travis estremeceu quando ele mexeu os ombros. Ele sentia muita dor
com o ombro ferido. Foda-se. Ele lidaria com isso. Um dos shifters lhe ofereceu
sangue quando ele se machucou, o que poderia curá-lo imediatamente, mas ele
recusou. Quanto menos tempo ele passasse em torno do sobrenatural, melhor
seria para ele.

Os seus olhos avistaram uma das líderes de torcida da equipe


adversária. Ela sorriu para ele quando se aproximou de seu carro.

— Ei, Travis, — ela disse docemente.

— Como você me conhece? — Travis destrancou o seu carro e jogou o


seu equipamento no banco de trás.

— Eu o observei a noite toda. É por isso que eu fiquei para trás


enquanto o resto da equipe foi para casa. Eu estava esperando que você pudesse
me dar uma carona?

— Você quer ir para casa comigo?

— Claro, por que não? Você é gostoso. Eu amo os seus olhos.

Travis sorriu quando ela se aproximou, passando uma mão pelo seu
peito.

— Afaste-se da líder de torcida, Travis.

Travis olhou por cima do ombro para ver Lucian perseguindo-os, o


casaco voando atrás dele. Ele parecia irritado como o inferno.

— Jesus! Me bloqueando de novo?

— Afaste-se, Travis. — Lucian sibilou, deixando os seus dentes caírem.


— Que diabos? — A líder de torcida gritou e puxou Travis na frente
dela.

— Se você danificar um fio de cabelo na cabeça dele, eu a rasgarei ao


meio, — Lucian grunhiu.

— Que porra, Lucian? — Travis gritou.

Em um piscar de olhos, Lucian puxou Travis para fora do caminho e


agarrou o bruxo pela garganta.

— Fique fora disso, filho da puta. — Lucian falou.

— Se você soltar o seu aperto, eu vou, — a líder de torcida conseguiu


ofegar.

— Que diabos? — A boca de Travis se abriu.

— Eu já disse várias vezes para deixar Travis sozinho. Você não ouviu
muito bem, não é?

Lucian aumentou o seu agarre e os olhos do bruxo começaram a


aumentar. A garota tornou-se um homem que estava tentando em vão sair do
aperto de Lucian. Ele recitou um feitiço e o bruxo explodiu em chamas.

Os gritos foram horríveis e Travis cobriu os ouvidos. Ele viu horrorizado


enquanto uma pilha de cinzas caía aos pés de Lucian.

— O. Que. Foi. Isso. Inferno? Travis gritou.

— Quantas vezes tenho de lhe dizer para ter cuidado, Travis? Quantas
vezes eu lhe disse para dar uma boa olhada com quem você está falando? Se
você tivesse olhado um pouco mais perto, você teria visto o brilho apenas ao
lado de sua cabeça. Tenho certeza de que tudo que você viu, foram os seios
grandes.

— Eu não posso ver como você, idiota. Eu pensei que ela era apenas
uma garota normal.
Lucian tirou um lenço do bolso de uma jaqueta e começou a limpar o
peito de Travis.

— O que você está fazendo?

— Eu estou tentando tirar a estupidez. Oh, olhe, não está saindo.

— Foda-se, Lucian!

— Você se matará se não tiver mais cuidado. Eu juro, vigiá-lo é um


emprego em tempo integral!

— Eu não pedi por isso! Por que você não pode simplesmente me deixar
em paz? — Lucian começou a limpá-lo novamente e Travis bateu na sua mão.
— Pare com isso, Conde Drácula fodido!

— Entre no carro. — Lucian cruzou os braços sobre o peito.

— E se eu não quiser?

— Eu te levarei para casa.

Travis examinou cuidadosamente os bolsos.

— Oh, olha, eu não tenho foda-se para dar! — Travis gritou.

Lucian arqueou uma sobrancelha para ele e Travis bufou e se jogou no


carro. Lucian o olhou enquanto saía do estacionamento, os pneus cantando. Ele
suspirou e segurou a sua cabeça.

Travis só estava piorando. Ele precisava conversar com Wayne e com


o pai de Travis. Alguma coisa teria que acontecer para que Travis percebesse a
quantidade de perigo que enfrentava. Lucian desapareceu e depois reapareceu
no complexo de apartamentos onde viviam todos os semideuses. Felizmente,
Travis ainda ficava lá. Foi fortificado com sensores de movimento, bem como
sendo fortemente guardado. O carro de Travis estava na garagem e Lucian ficou
confortável no telhado. Ele tentava ficar fora do caminho de Travis tanto quanto
possível.
Travis olhou para cima antes de digitar os seus números no portão de
segurança. Lucian estava invisível, felizmente. Ele sempre teve medo de que
Travis deixasse os apartamentos se soubesse que estava sob constante
supervisão.

— Ei.

Lucian olhou para encontrar Chance Christianson, um dos bruxos da


equipe, sentado ao seu lado. As suas pernas estavam balançando para a frente
e para trás sobre a beirada do telhado.

— Sim?

— Eu ouvi sobre esta noite.

— Bem, você perdeu Debbie com duplo tamanho 46.

— O quê? — Chance ergueu uma sobrancelha.

— Um bruxo disfarçado de líder de torcida.

— Oh, não, — Chance sussurrou audivelmente.

— Ah, sim. Agora ele é uma pilha de cinzas.

— E Travis?

— Irritado comigo, mas o que é novo nisso?

— Quem tem duplo 46?

Lucian sorriu e se virou para encontrar Wraith do outro lado. Wraith


passou recentemente pelo inferno para se tornar o guardião de Jordy. O ex-
agente especial do FBI, Devin Lyons, trabalhou dia e noite para encontrar o
gatilho que os Titãs usaram para controlar Wraith – esperando o momento para
ativá-lo para matar Jordy – e depois para reverter. Agora Wraith era
verdadeiramente o guardião de Jordy.
— Um bruxo que pensou que era mais esperto do que eu. — Lucian
deu uma cotovelada em Wraith, brincando. — Como está Jordy?

— Um pouco dolorido do jogo. Ele está na banheira.

— E você está aqui, por quê? — Lucian arqueou uma sobrancelha.

— Eu senti que ele precisava de algum tempo sozinho.

— Mentiroso. Você queria estar na conversa, — Chance riu.

— Isso também. — Wraith piscou.

— Será uma noite longa. — Lucian suspirou.

Travis estremeceu quando o médico ergueu o seu braço. Ele levou uma
batida durante o jogo de futebol, e agora estava lamentando jogar com o ombro
em menos de cem por cento.

— Bem, parece que você retrocedeu um pouco. Eu lhe darei algumas


pílulas para a dor, mas você realmente precisa ir com mais calma, Travis.

— Pode deixar. Obrigado, Doutor. — Travis saltou da mesa e apertou


a mão do médico antes de sair. Atravessou a sala de espera. Ele notou que Lance
Walker estava sentado no capô de seu carro e suspirou irritado.
— Sabe, basta uma gota de sangue de Wyatt e toda essa dor
desapareceria. — O seu amigo Wyatt Dalton era casado com o bombeiro Preston
Dalton, ambos eram shifters lobo com a poderosa linhagem de Wayne.

— Eu estou bem com medicina moderna, obrigado, — Travis disse. —


Quanto menos tenho a ver com tudo isso, melhor.

— Que porra é o seu problema, cara? Eu ouvi sobre o que aconteceu


depois do jogo. Isso nunca teria acontecido se você tivesse ficado conosco. Você
não está apenas se afastando de seu destino e de seu pai, mas de seus amigos.

— Eu não sei quantas maneiras dizer que eu não quero ser parte disso.
Eu não quero ser um maldito semideus!

— Bem, adivinha? — Lance pegou Travis pelos ombros e sacudiu-o. —


Desde o dia em que te conheci, você queria ajudar as pessoas. Agora você tem
essa chance e você está virando as costas para isso! Eu quero deixar este mundo
sabendo que eu fiz algo!

— Primeiro, ai! Meu ombro, cara. — Travis se afastou. — Você não


entende, não é? Eu não sei quem eu sou mais! Eu sou Travis Rhoades, filho de
Russell Rhoades? Ou eu sou Travis, filho de Ares?

— Você é os dois! O seu pai te ama, você sabe disso!

— Olhe, eu entendi – vocês estão chateados, mas apenas recuem, tudo


bem?

— Você sabe o quê? Você tem sorte, Lucian é um homem paciente.

— Certo, certo. Ele só está por perto porque ele tem que estar.

Lance jogou as mãos no ar e caminhou em direção ao seu próprio carro.


Travis observou-o partir e suspirou. Ele entrou no carro e soltou um grito quando
percebeu Lucian no banco de trás.

— Porra! Você me assustou! — Travis gritou.


— Da próxima vez, tranque o seu veículo.

— Idiota!

— Lance está certo. Eu sou um homem muito paciente.

— Você estava ouvindo? — Os olhos de Travis se arregalaram.

— Eu estava bem perto de você. — Lucian sorriu.

— Sai do meu carro, — Travis disse.

— Claro. Você irá para a casa de seu pai para o jantar?

— Eu não fui em meses, o que te faz pensar que irei agora?

— Porque eu te farei ir.

— Com licença? Você me fará ir?

— O seu pai está doente.

— O que você quer dizer? — Travis virou no assento para olhar para
Lucian.

— Eu quero dizer que ele está doente. Ele está precisando de ajuda.

— Ele não tem Nicholas?

Nicholas Stevens trabalhava para o seu pai e também era um lobo.


Desde que Travis descobriu quem ele era, o seu pai tinha um guarda vinte e
quatro horas por dia, sete dias por semana. Na maioria das vezes era Nicholas
ou o seu marido, Sebastian.

— Travis. Vá para a casa do seu pai ou eu juro por Deus que você
conhecerá o que é dor.

Travis concordou com muita relutância.

— Você sairá do carro?

— Não há problema. — Lucian desapareceu.


— Idiota.

— Eu ouvi isso.

— Saia!
Capítulo 4

Travis dirigiu até a casa de seu pai, resmungando todo o


caminho. Como Lucian se atrevia lhe mandar fazer alguma coisa! Já era ruim o
suficiente ver o cara todos os dias.

Travis entrou na garagem do seu pai e desligou o motor. Ele olhou para
a casa azul claro com persianas brancas pelo o que pareciam horas. Oh, como a
vida era muito mais simples antes de tudo isso. Ele trabalharia com o seu pai e
se sentaria na mesa, vendo policiais entrarem e saírem da delegacia o dia
todo. Naquela época, ele queria seguir os passos de seu pai. Tornar-se um
policial era o que ele sempre quis.

Travis suspirou e saiu do carro. Ele deu os passos para a porta da


frente e se perguntou se ele deveria bater. Com o canto do olho, viu o carro
preto de Nicholas com o barco de seu pai preso atrás dele. A porta se abriu e
Sebastian franziu o cenho para ele.

Travis passou por ele.

— Bem, olá para você também, — Sebastian falou.

— Onde está o meu pai?

— Ele está voltando com Nicholas.

— Por que o barco do meu pai está lá fora?

— Porque ele quer levá-lo para pescar no lago.

— Pensei que ele estivesse doente.

— Ele está doente, mas quer pescar. Então, você irá com ele.

— Então, essa foi uma ordem? — Travis cuspiu.

— Você pescará com o seu pai, seu merdinha.


Travis virou-se. Lucian estava atrás dele, braços cruzados em seu
peito, ele estava o encarando.

— Merdinha?

— Eu sinto muito. Eu nunca aprendi a dizer educadamente vá se


foder. Estou cansado de você ser um idiota chorão.

A boca de Travis se abriu.

— Que porra é essa?

— Saia e converse com o seu pai, Travis. Não me faça repetir.

— Arrgh! — Travis passou por eles, abrindo a porta de vidro deslizante


e batendo atrás dele.

— Merdinha? — Sebastian arqueou uma sobrancelha.

— Não tenho mais paciência, Sebastian. Ele está colocando a sua vida
em perigo e ferindo todos ao seu redor. Ele está agindo como uma criança e eu
estou cansado de mimá-lo.

— Inferno, você não terá uma discussão de mim.

Lucian notou que o pai de Travis entrava e ele acenou.

— Senhor Rhoades.

— Lucian, eu pedi repetidamente que você me chamasse de Russell.


— Russell sorriu.

— Travis está se comportando?

— Estamos nos preparando para sair. Obrigado por trazê-lo.

— De nada. Ficarei por perto.

— Sebastian. — Russell empurrou a cabeça para o quintal. — O seu


marido está perguntado por você.
— Divirtam-se. — Sebastian sorriu.

Travis olhou sem rumo para a água. Se ele fosse honesto, sentia falta
das viagens de pesca com o seu pai. Isto não acontecia muitas vezes, não
quando o seu pai era um policial. Eles passavam ainda menos tempo juntos
depois das promoções que ele recebeu. Mas o seu pai sempre tentou estar lá
para os importantes marcos de sua vida.

— A sua mãe teria amado hoje.

Travis saiu de seus pensamentos e olhou para o seu pai.

— Ela adorava aqui, não podia esperar para subir no barco. Passamos
horas aqui só falando sobre a vida. Aonde você está sentado é onde nós
concordamos em adotar uma criança. Ela não poderia ter filhos, a sua luta com
o câncer tirou isso. Mas ela queria um bebê tão mal. Nós tentamos tudo,
gastamos milhares de dólares, mas ninguém queria dar um bebê para um casal
quando um deles era propenso a ter câncer. A sua mãe disse que teria uma
criancinha se isso ajudasse. Então o câncer voltou e ela não queria que eu
criasse uma criança sozinho. Eu discuti e finalmente ganhei. Um dia, eles
ligaram e disseram que tinham uma criança para nós, um menino. Acho que ela
aguentou só para poder te segurar. Nunca me arrependi, Travis, nem uma
vez. Quando eu olho para você, tudo o que eu vejo é a sua mãe e como ela
estava feliz por te abraçar.
— Por que você não me disse que eu era adotado? — Travis perguntou
calmamente.

— Ela me implorou para não dizer. Ela queria que você tivesse uma
vida normal, sem se perguntar quem desistiu de você e por quê. Nós o amamos
com tudo o que tínhamos. Quando ela faleceu, eu te segurei por dois dias
seguidos. Eu estava tão grato que você estava lá, porque eu não teria
conseguido se você não estivesse. Você me manteve aqui, Travis. Você era a
minha rocha quando senti que não tinha algo mais. A luz tinha saído de seus
olhos, mas você a reviveu. Sinto muito que você esteja com raiva que eu não
lhe contei, mas eu estava cumprindo os desejos de sua mãe.

— Isso é a mais longa conversa que você já teve comigo sobre ela.
Sempre me perguntei por que você falava dela tão raramente.

— Um amor como esse é uma vez na vida, Travis. Eu amava a sua


mãe. Eu a amo ainda. Mas eu também te amo, e está me matando que você
está com raiva de mim. Você parece com ela, você sabia disso? Mesmo que você
seja adotado, eu juro que você se parece com ela.

— Ela era linda. — Travis assentiu.

— Ela era tão despreocupada. Ela queria apenas o melhor para você.
Ela me fez prometer que iria para os seus jogos quando você crescesse.

— O quê?

— Ela sabia que você adoraria o futebol, porque ela adorava também.
Ela me fez prometer que eu compraria uma bola e jogaria com você quando
criança.

— Sim, eu me lembro da sua pontaria. Você me atingiu no olho. —


Travis riu.
— Isso foi uma única vez! Eu fiquei melhor depois disso. Em todos os
anos que você jogou, eu só perdi cinco jogos. O último foi a noite do acidente
de ônibus.

— Eu lembro. O pai malvado de Sebastian que não era o seu pai. —


Travis suspirou. — Acho que tenho sorte de ter um pai que me ame.

— Estou feliz que você disse isso.

Travis arqueou as sobrancelhas.

— O que significa?

— Lucian me ligou. Ele disse que estava preocupado com o seu


comportamento.

— Claro que sim. — Travis revirou os olhos.

— O fato de que você poderia ter tomado sangue para curar o seu
ombro deslocado e você não tomou. O fato de que você não fez coisa alguma
para tentar escapar quando os desonestos o levaram da festa de Loki–

— Eu me assustei muito, certo? Tudo aconteceu tão rápido e então eu


estava no carro, cercado por lobos desonestos! Lucian está exagerando.

— Lucian não parece ser o tipo de reagir exageradamente.

— Tenho sorte se recebo alguma reação dele, exceto pela raiva.

— Ele se importa com você. Se não se importasse, ele não me ligaria


para falar sobre as preocupações dele. — Russell sorriu. — Ele foi à delegacia no
mês passado apenas para me verificar. Todas as pessoas pararam e olharam
para ele.

— Bem, ele é meio assustador. Eles provavelmente pensaram que ele


era um mafioso.

— Não, Travis, as mulheres – e alguns homens – estavam babando


sobre o cara. Ele é uma força da natureza.
— Oh, ele está bem.

Russell pegou as mãos de seu filho. Ele cresceu um inferno de um


homem.

— Estou tão orgulhoso de você, Travis. Você acabou sendo um bom


homem. Você ainda está planejando juntar-se à polícia?

— Eu ainda estou na faculdade, é claro, mas sim. Eu planejo.

— Você sabe o que eu daria para ter conhecido as pessoas que você
convive quando a sua mãe foi diagnosticada? Uma gota de sangue a teria
mantido aqui comigo. Ela teria sido capaz de vê-lo crescer. — Russell enxugou
os olhos.

Travis pegou a mão de seu pai.

— Eu ainda não estou a bordo com a coisa semideus, não tenho certeza
se eu estarei confortável com isso um dia. Eu só quero ser normal, pai.

— Você é extraordinário, Travis. Ser um semideus é apenas um extra.


Você sabe como você é especial? Mesmo antes de tudo isso acontecer, você
sempre foi especial para mim, Travis.

— Você me falará sobre ela? Sabe, como ela era?

— Eu irei, assim que você trazer a sua linha. Está enrolada.

Travis riu e agarrou a sua linha, cambaleando em sua captura. Tirou-a


do anzol e jogou-a de volta.

— Você nunca foi muito de um pescador. — Russell piscou.

— Eu não posso comer linguado. Eles me assustam.

— Hmm, os olhos?

— Sim, o que Deus estava pensando?

— Pense no ornitorrinco.
— Toupeira com o nariz estrelado.

— Rato-toupeira pelado.

— Camarão mantis!

— Estou tão feliz que você prestou atenção aos programas da National
Geographic. — Russell acariciou as costas de Travis.

— Eu senti falta disso, — Travis admitiu. — Sinto muito ter agido como
agi com você, pai. Você sempre esteve lá por mim.

— Eu sempre serei o seu pai, não importa o que os deuses do Olimpo


dizem. Eu te amei desde o momento em que te colocaram em meus braços,
Travis, e te amarei até que eu tenha o meu último suspiro.

Travis abraçou o seu pai com força. Ele foi um idiota com a única
pessoa que sempre o colocou em primeiro lugar.

— Faça-me um favor, sim? Tente ser um pouco mais agradável com


Lucian.

— Não me peça isso! — Travis gemeu. — Você não o conhece como


eu. Deus, ele é uma dor no traseiro!

— Ele foi criado em um laboratório, filho. Eu estou surpreso que ele


anda ereto e come com utensílios.

Travis riu.

— Ele é tão estranho.

— Mas gostoso?

— O quê? — A boca de Travis se abriu.

— Estou apenas dizendo o óbvio, Travis. Eu quero que você seja feliz.

— Você está tentando me juntar com Lucian? — Travis arqueou uma


sobrancelha. — Eu não posso suportá-lo.
— Hmm, parece que Stone não podia suportar Killian e olha onde esses
dois estão. Sem mencionar Brock e Zack.

— Um, não. — Travis negou com a cabeça. — Além disso, Lucian não
pensa em mim dessa maneira. Na verdade, ele não pensa em mim.

— Isso é um monte de merda e você sabe disso.

— Papai! — Travis balbuciou. — Podemos parar de falar sobre isso


agora? Por que está falando de Lucian e eu juntos? Eu já lhe dei alguma ideia
de que eu gosto de pênis?

— As pessoas mudam, Travis. Não há algo de errado em ser gay. Eu


tenho regras restritas na delegacia sobre tolerância, e Nicholas sabe que eu amo
ele e Sebastian. Eu também te amarei.

— Tudo bem, isso foi estranho. Vamos falar sobre outra coisa.

— Bem. Como estão Lance e Jordy?

— Jordy está bem, ele está saindo muito com Wraith. Lance está bravo
comigo agora, mas ele superará isso.

— Você estava sendo um idiota novamente?

— Quando eu não sou? — Travis gemeu, segurando a sua cabeça. —


Estou tentando lidar com tudo isso, mas sinto que assim que me sinto bem, algo
mais acontece.

— Melhorará, Travis. Você tem Lucian cuidando de você. Posso dormir


à noite sabendo disso.

Travis olhou em volta.

— Mantenha a sua voz baixa, tenho certeza que ele está por aqui em
algum lugar.

— Claro que sim. Olhe, você tem que dar ao cara alguma folga. Killian
disse-me que Ares deu a Lucian uma visita e não foi agradável.
— Caramba, o quê?!

— Ele basicamente disse a Lucian que ele o mataria se algo


acontecesse com você.

— Ele não tem o direito! Ele é meu! — Travis se levantou no barco. —


Quem ele pensa que é?

— Um deus? — Russell sorriu para a fúria de seu filho.

— Ninguém fode com Lucian, senão eu! — Travis olhou para o céu. —
Você entendeu!

— Eu não acho que gritar com o seu pai ajudará.

— Bem, eu me sinto melhor. — Travis voltou ao seu assento e jogou a


sua linha de volta dentro do lago.

Russell riu.

— Eu te amo, garoto.

— Também te amo, pai.


Capítulo 5

Lucian sentou-se no encosto do sofá, observando um grande peixe


amarelo nadar ao redor do aquário. Ele respirou fundo e lentamente expirou. Ele
não escutou Travis e o seu pai, mas ele esteve perto o suficiente para ficar de
olho neles. Eles pescaram e Lucian simplesmente não conseguia ver o que era
tão relaxante. A porta da frente se abriu e depois fechou, e Cezar entrou na sala.
Ele se sentou ao seu lado.

— Quando é que conseguiu um aquário? — Cezar perguntou.

— Hoje.

— Por que tem um aquário?

— Doutor Forrester me disse que eu deveria ir pescar, que é relaxante.


Eu não pesco, por isso estou observando o peixe.

— É relaxante?

— Me diz você.

Ficaram em silêncio por alguns minutos e depois a porta se abriu de


novo. Lucian inclinou a cabeça para o lado para ver Killian tomando um assento
ao lado de Cezar.

— O que estamos fazendo? — Ele perguntou.

— Estamos relaxando ao observar peixes, — Cezar respondeu.

— Não é um peixe Dory? — Killian apontou para um grande peixe azul


na água. Ele notou que os seus irmãos olhavam para ele e arqueavam uma
sobrancelha. — Passei algum tempo com a pequena Maggie Esposito.

— Eu não sei como eles são chamados. Eu só escolhi peixes coloridos


e agora estou observando-os. Mas não parece ter o efeito que eu preciso. —
Lucian franziu o cenho.
— Por que você precisa de peixes? — Killian perguntou.

Lucian se levantou e começou a andar.

— Porque o meu protegido me enlouquecerá. É por isso. Ele é


imprudente e estúpido, e o seu pai ameaçou a minha pobre vida híbrida!

— Relaxe, irmão. — Killian se levantou e pegou Lucian pelo braço. —


Nenhum mal acontecerá com você.

— E você sabe como? — Lucian arqueou as sobrancelhas.

— Eu estive em contato com Wayne, que passou a mensagem para


Gaia. Desde então tem estado em contato com os outros deuses e eles estão
confortáveis com você sendo o guardião de Travis.

— Confortáveis? Isso não gera confiança.

— Pare de se preocupar tanto. Você é o guardião de Travis e


permanecerá assim.

Lucian levantou-se e estralou o pescoço de um lado para o outro.

— É melhor eu me mexer.

— Sim, onde está Travis agora? — Cezar perguntou.

Lucian fechou os olhos e inalou lentamente.

— Ele está no clube. Wraith está lá com Jordy e eles estão observando-
o até que eu chegue.

— Divirta-se. — Killian sorriu.


Travis observava o clube. Corpos estavam se contorcendo em todos os
lugares e a maioria de seus amigos estava dançando. Lance estava ao lado dele
no bar com Jordy do outro lado. Wraith estava falando com o bruxo Loki
Kirkberry em uma das cabines de canto e Travis acotovelou Jordy brincando.

— O jeito que você olha para Wraith, cara, — comentou.

— Eu o amo. — Jordy suspirou com um sorriso.

— Não. — Lance acrescentou. — Diga que não é assim!

— Ah, merda. — Travis sacudiu a cabeça. — Aqui vem a sua ex, Jordy.

Samantha se aproximou, mas o seu olhar se fixou em Travis e ele se


moveu desconfortavelmente. Ele esteve no departamento de sucessos quando
se tratava de garotas nos últimos meses, mas ele tinha uma regra restrita
quando se tratava de mulheres que os seus amigos namoraram – ele não
namorava com elas. Samantha deslizou entre ele e Lance e bateu os seus cílios
para ele.

— Travis, — ela murmurou.

— Samantha. — Travis assentiu.

— Então, eu queria saber quem você levará para o evento de Boas-


Vindas?

— Ainda não decidi, — Travis respondeu.

— Lance? — Ela girou a sua atenção para ele.


Lance olhou para longe dela.

— Bem, eu não tenho um encontro ainda, então me mantenha em


mente.

— Samantha, você sabe que Lance e eu somos amigos de Jordy,


certo? Oh, e aliás, ele está aqui. É meio rude paquerar e ir a encontros com o
seu ex-namorado em pé logo ao seu lado. — Travis arqueou uma sobrancelha.

— Jordy tem um encontro. — Samantha jogou o cabelo sobre o seu


ombro. — Não é verdade, Jordy?

— Sim. — Jordy acenou com a cabeça, tentando esconder o sorriso.

— Bem, Lance e eu não mergulhamos em águas já mergulhadas. —


Travis explicou.

— Com licença? — Os olhos de Samantha se estreitaram.

— Nós não namoramos com garotas que os nossos amigos saíram, —


Travis explicou.

— Bem, essa é uma regra estúpida! — Samantha arfou.

— Talvez para algumas pessoas, mas nós fizemos essa regra há muito
tempo. Desculpe, — Lance murmurou.

— Oh, nós não namoramos homofóbicas, tampouco. Pelo que Jordy


nos disse, você é uma de classe A. — Travis inclinou-se para Jordy. — Não foi
isso que você disse? Ela não acreditava no casamento gay e tudo mais?

— Sim. — Jordy acenou com a cabeça.

— Está tudo bem aqui?

Samantha se virou e teve que olhar para o homem que estava ali. Ele
era tão alto, a sua cabeça se inclinou para vê-lo dentro de um casaco preto que
cobria a maior parte dele e jeans escuro apertado, moldando as suas coxas. O
seu cabelo era preto e liso, arrumado com algum tipo de produto, mas os seus
olhos? Oh, aqueles eram hipnotizantes e negros.

— E você é? — Samantha respirou.

— Estou com Travis. — Lucian respondeu.

— Ugh! — Samantha jogou as mãos para cima e saiu reclamando.

Lucian seguiu-a com o olhar através do bar, e então voltou a sua


atenção para os três Olimpianos que estavam ali com sorrisos em seus rostos.

— O quê? — Lucian procurou os seus rostos.

— Ela era uma desonesta? — Travis perguntou.

— Não. Ela era normal. — Lucian deu de ombros.

— Pfft, se você diz. — Jordy riu.

— Ela queria um encontro para o evento de Boas-Vindas, — Lance


falou. — Travis disse que não.

— Por quê? Ela parecia ... bem? — Lucian franziu as sobrancelhas.

— Ela é a ex de Jordy, Lucian. Portanto, ela é um grande não. Oh, ela


também é uma cadela de primeira classe.

— Esperem, já volto, — Lance disse.

— O que é evento de Boas-vindas? — Lucian perguntou.

— Jogo de futebol e depois uma dança. Tipo assim, — Jordy disse. —


Principalmente bebemos e dançamos.

A música chegou a uma parada brusca e depois reiniciou. Travis riu e


olhou para Jordy.

— Acho que Lance nos quer na pista de dança.

— O que ele escolheu? — Jordy perguntou. — Work It de Missy Elliot?


Travis puxou Jordy junto com ele para a pista de dança.

Lucian sentou-se no banco de frente para a pista de dança e viu Travis


dançar com Jordy e Lance. Ele estava rindo e sorrindo – algo que desaparecera
há meses.

— Ele parece feliz.

Lucian olhou ao seu lado para ver Wraith sentado no banquinho que
Jordy havia desocupado.

— Você é sorrateiro. — Lucian piscou.

— Eu tento. — Wraith sorriu. — Uau, Travis pode se mover, hein?

Lucian olhou para Travis na pista de dança. Ele estava mexendo os


seus quadris e empurrando a sua virilha para a frente. Os três pareciam se
moverem juntos, antecipando o que o outro faria.

— Eu não percebi, — Lucian murmurou.

— Que ele poderia dançar? Sim, bem, eu disse a Lance e eles gostam
de dançar. Você perdeu o desempenho de Halloween com Brock. Eles estavam
dançando e cantando Do Me Baby.

Lucian arqueou uma sobrancelha.

— Querido. — Wraith assentiu.

— Interessante.

— Ah, há uma garota às cinco horas olhando para Travis.

— É uma desonesta? — Lucian levantou-se em um instante.

— Não. Parece uma garota normal.

— Olha, pode ser enganador. — Lucian se moveu para o grupo de


homens, aproximando-se da menina em questão.
Ele olhou-a da cabeça aos pés, procurando por qualquer sinal. Ela se
virou e os seus olhos se encontraram e os dela se arregalaram quando ela o viu.
Lucian suspirou. Ele não estava acostumado a ser criticado por mulheres – ou
homens, por causa disso. Lucian foi para a parte de trás do clube, onde ele podia
ficar de olho em Travis. A menina o seguiu e Lucian cruzou os braços, colocando
o seu melhor rosto de idiota.

— Ei, — ela disse, sentando-se ao seu lado. — Eu sou Brittney. Qual o


seu nome?

— Idiota, — Lucian falou. — Você não estava apenas olhando para


Travis Rhoades?

— Oh, o bonito jogador de futebol? Sim, mas ele é um garoto. Você é


um homem.

— Também não estou disponível. — Lucian se virou para olhá-la.

— Oh? Você tem uma namorada?

— Lucian?

Lucian suspirou de alívio quando Wraith saltou para a conversa.

— Sim?

— Seu ... Hum, cara está saindo.

— Quem é você? — A menina voltou a sua atenção para Wraith.

— Sim, ele é meu. — Jordy se juntou a eles, pegando a mão de Wraith.

— Onde está Travis? — Ela perguntou.

Lucian se desculpou da conversa e saiu para encontrar Travis.


Encontrou-o no estacionamento conversando com outros dois homens. Lucian
estreitou os olhos e caminhou mais rápido.
Travis percebeu que os olhos de seu colega de futebol se arregalaram
e ele olhou por cima do ombro. Ótimo, Lucian parecia estar pronto para matar
alguém. Travis virou-se e o encontrou de frente.

— O que há? — Ele perguntou.

Lucian parou e olhou para os dois homens com Travis. Ele inclinou a
cabeça e estreitou os olhos para fendas. Os dois homens recuaram alguns
passos e Lucian pigarreou.

— Nada, eu só estava verificando se você sabia qual era o plano de


amanhã.

Travis assentiu lentamente.

— Sim, acho que sim.

— Tudo certo. Eu estarei por perto. — Lucian ergueu o queixo para os


outros homens e girou sobre os seus calcanhares, andando de volta para o clube.

— Droooga, — um deles disse lentamente. — Esse é o seu homem,


Trav?

Travis poderia jurar que ouviu uma risada e sacudiu a cabeça.

— Não.

— Ele está livre?

— Por quê? — Travis balbuciou.

— Tanto faz. Eu adoraria dobrá-lo–

— Sim, tudo bem então. Irei embora, galera. Vejo vocês no sábado?
— Travis acenou com a mão e foi para o seu carro. Ele não ficou nem um pouco
surpreso ao ver Lucian sentado no capô. — Você quebra, você conserta.

— Eu não sou tão pesado.


— Certo, com certeza. Algo de errado com os meus colegas jogadores
de futebol?

— Não que eu pudesse dizer, mas eu devo ser mais vigilante de agora
em diante.

— Ah, sim, a surra de Ares. — Travis disse. — Como se ele tivesse o


direito de lhe dizer qualquer coisa.

— Ele não me bateu. — Lucian ficou rígido.

— É uma– — Travis notou o cenho franzido de Lucian e sorriu. — Deixa


para lá.

— Você irá para casa?

— Sim. Estou evitando perguntas sobre o evento de Boas-Vindas.

— O tipo de jogo que é realmente uma festa?

— Sim, isso. Você me seguirá para casa?

— Sim, porque agora a tela do seu telefone celular é mais brilhante do


que o seu futuro.

— Uau. — Travis colocou uma mão em seu quadril. — E aqui eu pensei


que estava indo melhor. — Lucian franziu a testa e Travis riu. — Eu estou usando
as minhas aspas sarcásticas.

Lucian estreitou os olhos.

— Eu esqueci que você é intolerante a risada. Te vejo em casa.


Capítulo 6

Travis saiu do carro no estacionamento do complexo de apartamentos


e observou a lua cheia. Ele sabia que Lucian era parte lobo e se perguntou se
ele realmente corria sob a lua cheia. A última vez que ele fez essa pergunta, ele
quase fez uma observação íntima e privada sobre as presas de Lucian.

Um grande evento de arrecadação de fundos para o Camp Pride, há


alguns meses, exigiu que ele usasse um smoking com todos os outros caras. Ele
dançou com algumas mulheres e alguns homens naquela noite, mas os irmãos
Tenebris quase roubaram todo o show.

Lucian em um smoking deveria ser ilegal.

Ele ouvira Brittney conversando com Lucian no clube. Inferno, ele não
podia culpá-la. Lucian era um daqueles caras que parava as pessoas em seus
caminhos. Ele era realmente mais bonito do que os seus irmãos. E isso dizia
algo.

Travis franziu o cenho. De onde diabos isso veio? Certo, então nos
últimos meses ele se pegou olhando para Lucian em mais de uma ocasião. O
cara o odiava e só estava com ele para protegê-lo dos Titãs. Travis suspirou,
balançando as chaves no dedo indicador. Ele interrompeu o seu último
relacionamento porque sabia que a sua namorada não estaria segura em torno
dele. Isso não foi a única razão, se ele fosse verdadeiramente honesto consigo
mesmo. Havia um certo cara de cabelos escuros, bravo–

Um som alertou Travis que alguém estava com ele no


estacionamento. Ele fechou os olhos e respirou fundo e calmamente.

— Lucian?

— Talvez nós não consigamos entrar no apartamento protegido, mas


podemos levá-lo daqui. — Uma voz disse, zombando.
— Foda-se a minha vida. Vocês nunca darão umas malditas férias? —
Travis disse. — Vocês tentaram e não conseguiram me pegar antes, o que te
fazem pensar que desta vez será diferente?

— O seu guardião não está aqui.

Travis se virou para encarar a ameaça.

— Quem disse?

Os dois desonestos olharam lentamente para o estacionamento e se


viraram para Travis, cada um mostrando sorrisos selvagens. Travis recuou em
direção ao portão e olhou descontroladamente ao redor do estacionamento.

— Isso não é engraçado, Lucian! — Ele gritou.

Os dois desonestos avançaram sobre ele e Travis virou para o teclado,


digitando freneticamente os números da sua senha para destrancar o portão. O
portão não estava abrindo e Travis tentou de novo e de novo.

— Ah, olha. Não abrirá. — Um deles sorriu. — E agora, filho de Ares?

Travis continuava tentando abrir o portão, mas a sua maldita senha


não estava funcionando.

— Caras! — Ele gritou para o prédio.

Um forte rugido ecoou em torno dele e Travis virou a tempo de ver um


enorme lobo atacar os desonestos. Gritos ecoaram através do estacionamento
enquanto ele os rasgava na frente dele. Travis cobriu o rosto e se virou para o
portão, tentando a sua senha novamente. O portão abriu e ele correu para
dentro, o batendo atrás dele. Travis subiu os degraus de dois em dois até o seu
apartamento e fez um rápido trabalho destrancando e fechando a porta atrás
dele. Ele caiu no chão e cobriu o rosto com as mãos.

— Maldição, Travis! — Lucian gritou.


Travis espiou entre os seus dedos para ver Lucian se aproximando por
cima dele, de volta com o seu casaco e suas botas.

— Eles estão mortos? — Ele perguntou.

— Você nem tentou!

— Onde diabos você estava? — Travis se levantou e apontou para


Lucian. — Você deveria estar lá!

— Eu estava! Eu estava esperando, por uma vez, que você usasse os


poderes que lhes foram dados!

— Filho da puta! — Travis se lançou contra Lucian, o empurrando


contra a parede. — Você não tem o direito de brincar com a minha vida!

Lucian rapidamente os virou, batendo as costas de Travis contra a


parede e se inclinando em seu rosto.

— Eu não estou brincando com a sua vida. Você está!

Travis olhou nos olhos de Lucian. O vermelho se espalhou pelo preto


enquanto o vampiro de Lucian começava a emergir. Os seus lábios estavam a
poucos centímetros de distância e Travis de repente teve o desejo de mordê-
los. As suas narinas dilataram quando Lucian agarrou a sua camiseta
firmemente, balançando-o em seu punho.

— Se afaste, Lucian. — Travis conseguiu dizer entre os dentes


cerrados.

Lucian piscou e soltou a sua camiseta, sacudindo a cabeça e se afastou


dele.

— Eu jurei protegê-lo, Travis, mas muitas vezes me pergunto se você


tem um desejo de morte.

— Eu não quero morrer. Eu quero ser normal. Você nunca quis isso?
— Talvez sim, talvez não, mas é isso. Esta é a sua vida. — Lucian tirou
o casaco e o deixou cair na parte de trás do sofá. Sentou e tirou as botas.

— O que você está fazendo? — Travis perguntou.

— Eu estou ficando confortável. Será uma noite longa.

— Você ficará aqui? No meu apartamento?

— O que te faz pensar que essa é a primeira vez? — Lucian arqueou


as sobrancelhas.

— Você ... espera, o quê?

— Boa noite, Travis. — Lucian riu, espalhando o seu corpo no sofá.

— Deus, você é tão fodidamente irritante. — Travis murmurou, indo


para o seu quarto.

Ele nem estava no quarto quando um vidro quebrou na sala. Travis


correu de volta para encontrar Lucian sendo segurado por sua garganta acima
do chão. O cara que o tinha era quase tão alto quanto o teto. Naquele instante,
Travis sabia para quem ele estava olhando: o seu pai.

Ares.

— Coloque-o para baixo! — Ele gritou.

— O que eu disse, Lucian? Você deixou o meu filho para se defender


sozinho esta noite!

Travis atravessou a sala e agarrou o bíceps de Lucian, puxando-o para


baixo.

— Coloque. Ele. Para. Baixo. — Travis rosnou.

Ares soltou Lucian, que caiu no chão, segurando a sua garganta e


ofegando por ar. Os olhos de caramelo líquido de Ares caíram sobre o seu filho
e Travis ofegou. Eles eram tão parecidos que era estranho.
— Ele não foi ao seu socorro esta noite! — Ares gritou.

— Sim ele foi! Ele só queria ver se eu me protegeria. Você não virá
aqui dizer como Lucian faz o seu trabalho! Você me abandonou. E pelo que ouvi?
Você é um idiota!

— Pelo menos eu não sou um covarde! Você é o meu filho e você agirá
como tal!

— Eu não sou um covarde! Eu não pedi por isso!

Ares cercou o seu filho e se inclinou em seu rosto.

— Eu esperava mais de você!

— Bem, eu estou feliz por poder decepcioná-lo! — Travis gritou. —


Deixe Lucian em paz! — Travis virou sobre os seus calcanhares e caminhou para
o seu quarto, batendo a porta atrás dele. Uma música alta saiu do quarto de
Travis e Lucian se levantou, arrumando a sua camiseta.

— Bem, agora você fez isso. Ele está ouvindo Linkin Park.

— O que isso quer dizer? — As sobrancelhas de Ares franziram.

— Ele está ouvindo Numb, o que significa que ele está extremamente
irritado.

Ares se virou para enfrentar Lucian. Ele arqueou as sobrancelhas e


estreitou os olhos em fendas.

— Você conhece o humor dele pela música?

— Eu estive ao redor dele o suficiente para saber sobre o seu estado


de espírito. — Lucian se sentou no sofá, olhando para Ares. — Eu queria ver o
que ele faria hoje à noite. Seria um risco? Sim. Mas eu estava lá e eu não teria
deixado chegar mais longe do que chegou. Eu acho que você precisa aceitar o
fato de que Travis não quer algo a ver com a sua herança olimpiana.
— Ele precisará mudar de opinião. Cronos não se importa com o que
Travis sente.

— Bem, talvez você devesse tentar uma abordagem diferente?

— O que quer dizer?

— Bem, gritar com ele e chamá-lo de covarde não funcionará.

— Não tenho paciência para isso. — Ares grunhiu.

— Eu acho que você deveria ter pensado nisso antes de ter um filho.
— Lucian ergueu as mãos no ar quando Ares rosnou. — Eu estou fazendo o meu
melhor, mas mesmo eu não posso estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

— Eu pensarei no que você disse. — Ares observou a expressão de


Lucian. — Você se importa com ele.

— Eu estou encarregado de sua segurança. — Lucian arqueou uma


sobrancelha. — Ou não?

— Sim você está. Houve uma discussão e sentimos que você tinha
controle. Não me faça lamentar essa decisão, Lucian.

— Eu não vi uma bola enorme de luz e tudo isso. — Lucian arqueou as


suas sobrancelhas. — Wraith disse que isso aconteceu com ele e com Jordy.

— Você não está apaixonado por meu filho. — Ares olhou para
Lucian. — Ou você está?

Ares desapareceu e Lucian caiu no sofá, soltando um suspiro. Poucas


coisas na vida lhe assustaram tanto. Ares era uma delas. Travis ainda estava
ouvindo música no seu quarto e Lucian se acomodou, se estendendo no sofá e
fechando os olhos. Ele precisava de uma semana de sono. No entanto, ele só
conseguiria algumas horas. Então, voltaria a ver Travis tropeçar em sua vida. A
pergunta que Ares fez refletia sobre um monte de coisas. Ele tinha certeza, no
entanto, de que não estava apaixonado por Travis.
A música finalmente parou e Lucian ouviu a porta de Travis abrir.
Passos soaram pelo corredor e pararam na entrada da sala.

— Ele se foi. — Lucian disse, com os olhos fechados.

— Você está ... — Travis suspirou exasperado. — Ele te machucou?

— Nada que eu não tenha sentido antes, apenas não estou acostumado
a isso vindo de um deus.

— Eu tomarei um banho e depois me deitarei. Se precisar de alguma


coisa, não pergunte.

— Eu não me atreveria.

Lucian ficou invisível na parte de trás da sala de aula de Travis,


bocejando. Ele e Cezar, junto com Killian, aprenderam bastante graças aos
homens com quem estavam. Embora ele odiasse matemática, as aulas de
redação eram divertidas. Lucian percebeu uma mulher perto de onde Travis
estava e a olhou de perto. Ela não era uma desonesta, mas parecia feroz. Lucian
conteve uma risada enquanto Travis olhava para ela quando ela lhe fez uma
pergunta. Esta era uma comedora de homens. Ela se afastou e Lucian ficou
surpreso ao ouvir as palavras sussurradas de Travis.

— Pare de rir, Lucian.


A aula terminou e Travis saiu, jogando a sua mochila por cima do
ombro. Ele respirou fundo e mudou a mochila para o outro ombro. A coisa ainda
doía. Travis caminhou para a biblioteca para se encontrar com Jordy e Lance
para uma sessão de estudos. As coisas estavam calmas depois do último ataque,
e ele ainda estava hesitando pelo o aparecimento de seu pai e ser chamado de
covarde.

Que idiota.

Jordy e Lance estavam na parte de trás da biblioteca em uma das


mesas menores. Com livros espalhados em todos os lugares quando Travis
puxou uma cadeira e se sentou.

— Isso é tão inútil. — Lance suspirou em frustração. — Por que eu


tenho que aprender esta merda quando eu acabarei sendo algum tipo de agente
ou algo assim.

— O que quer dizer? — Travis arqueou as sobrancelhas.

— Eu quero fazer algo com os meus poderes, você sabe? Como os Skull
Blasters.

Os Skull Blasters continham originalmente quatro homens sob o


comando de James Pruitt-Jacobs, treinados em resgates, assassinatos e outros
projetos necessários para manter o mundo mais seguro. Agora, eles também
trabalhavam com os shifters.

— Sério? — A boca de Travis se abriu.


— Inferno, sim. — Lance assentiu. — Eu já conversei com a minha mãe
e ela está bem com isso.

— Uh, Travis? — Jordy acenou atrás deles.

Travis olhou por cima do ombro e suspirou de aborrecimento.

— O que é Lucian?

— Eu preciso que você venha comigo.

— Eu estou estudando.

— Você pode fazer isso onde iremos.

Travis se levantou e agarrou a mochila.

— Nos vemos mais tarde?

— Sim. — Jordy acenou com a cabeça.

Travis começou a andar e o braço de Lucian enrolou em seu bíceps. Ele


tentou se soltar só para ter Lucian segurando mais apertado.

— Solta. — Travis disse.

— Eu não posso. Eu preciso que você segure em mim.

— Onde iremos?

— Basta segurar, Travis.

Lucian foi para o banheiro e o verificou. Ele enrolou Travis em seus


braços e sorriu quando Travis tentou colocar algum espaço entre eles.

— O que há de errado? — Lucian sorriu para Travis.

— Nós podemos ir agora?

Lucian fechou os olhos e imaginou os escritórios de Caden. A próxima


coisa que ele soube, eles estavam de pé no porão do prédio de escritórios e
Travis tropeçou um pouco, tentando se equilibrar. Lucian o abraçou e Travis
olhou para ele. Olhos caramelo olharam para ele e Lucian deu um passo para
trás.

— Você pode se levantar? — Ele perguntou.

— Sim. Por que estamos aqui?

— Assim como Wraith suportou os testes, eu também.

— O quê? Isso não é ... quero dizer, por quê?

— Porque eu não sei o que há sobre você que desencadeia o meu


vampiro. É melhor que Vince e Devin me ajudem antes que eu faça algo a você.

— Você não me faria mal, Lucian. — Travis argumentou. — Eu sei que


não nos damos bem, mas eu sei desse fato.

— Bem, eu não, portanto, suportarei o que tenho que passar.

Devin Lyons entrou no porão e olhou para Lucian. Ele caminhou até a
cela que eles usaram em Wraith e abriu a porta.

— Venha, Lucian.

Devin viveu uma vida longa e confusa. Ele era ex-FBI, casado com
Andrei Panchenko, o chefe da máfia russa, e oficialmente certificado como não
bem da cabeça pelo psiquiatra do governo. Ele era um membro entusiasmado
da equipe.

— Você não tem que fazer isso! — Travis agarrou a manga do casaco
de Lucian.

— Mas eu farei, Travis. Esta é a única forma que eu conheço para


garantir que eu não te machuque. Você pode sentar ali e estudar?

— Sério? — Travis recuou. — Eu só devo estudar como se nada


estivesse acontecendo com você? Por que você me trouxe, afinal?
— Porque ele não pode te deixar sozinho, Travis. Ares deixou isso
perfeitamente claro. — Devin interveio. Devin fez um gesto para a cela. —
Lucian?

Lucian entrou e se encolheu quando a porta bateu atrás dele. A sua


pele zumbiu e ele lutou pelo controle. Apenas estar de volta em uma cela estava
libertando o seu vampiro. Ele queria sair e destruir a cela junto com Devin. O
elevador soou e Vince Markov entrou. Ele olhou para Travis e depois voltou a
sua atenção para a cela.

— Lucian. — Ele acenou com a cabeça. — Quão longe você está?

— Eu não gosto disso. — Lucian agarrou as barras.

— Eu sei e sinto muito. Se houvesse outra maneira, tentaríamos.

— Isso é estúpido! — Travis gritou. — Ele não é perigoso! Eu já vi o


seu vampiro antes!

— Nunca deixei isso sair completamente, Travis.

— Lucian. — Vince disse em voz baixa. — Deixe-o sair.

— Eu ... não posso. — Lucian olhou de Devin para Vince. — Não na


frente de Travis.

Devin se aproximou.

Lucian sacudiu a cabeça e Vince suspirou, agarrou Travis por sua


garganta, o puxou em seu peito e colocou a sua faca de vinte centímetros na
garganta de Travis. O resultado foi instantâneo. Lucian rugiu e as suas presas
desceram, os seus olhos se tornaram vermelho sangue e ele sibilou.

— Oh, meu Deus. — Travis sussurrou.

Lucian estava enlouquecendo na cela tentando se aproximar Travis. Foi


uma luta quando o vampiro de Lucian tentou se libertar. Vince soltou Travis e
caminhou para mais perto da cela. Ele olhou para o rosto de Lucian e segurou a
faca.

— Você quer fazer isso sozinho, não é?

— Merda, é como quando eu queria matar Andrei. Eu não queria que


alguém tirasse isso de mim. — Devin se agachou na frente da cela, deixando as
suas mãos penduradas entre as suas coxas. — Porra, isso é ruim, Vince.

— O seu lobo está bem, é com o vampiro que precisamos lidar. — Vince
se inclinou mais perto da cela. — Você quer me morder, não é?

Lucian sibilou e estendeu uma mão para fora da cela, tentando chegar
a Vince.

— Lucian? — Travis se aproximou.

— Se afaste, Travis. — Devin advertiu. — Ele não é ele mesmo agora.


Eu já passei por isso com Wraith e eu não acho que Cheetos consertarão isso.

Travis observou o rosto de Lucian.

— É como se ele nem estivesse aí.

Lucian correu para a frente da cela e Travis tropeçou de volta,


surpreso. Vince pegou o seu braço e o equilibrou. Ele levou Travis de volta para
a mesa no canto do porão e o sentou. Ele se sentou na sua frente e pegou a sua
mão.

— Olha, o que Devin e eu faremos é perigoso. Eu entendo como Lucian


se sente em relação a te proteger, mas eu acho que alguém deveria cuidar de
você por um tempo. Samson concordou em ser o seu guardião até que possamos
encontrar o gatilho que os Titãs criaram em Lucian para te machucar.

— É Travis. — Devin disse do outro lado do porão.

— Eu estou inclinado a concordar, mas isso não ajuda agora. Nós


precisaremos fazer a mesma coisa com Lucian que foi feito com Wraith.
— Foder a sua cabeça? Vince, isso é cruel, especialmente vindo de nós.
Sabemos como é estar ferrado.

— Você tem uma ideia melhor? — Vince arqueou as sobrancelhas.

— Porra. Não. — Devin exalou frustrado. — Nós precisamos dos bruxos.

— Sim. — Vince se virou para Travis. — Você pode não querer ficar e
observar.

— Não o deixarei. — Travis insistiu teimosamente.

Vince arqueou uma sobrancelha, mas assentiu com a cabeça. Ele se


levantou e atravessou o porão até Devin. Ambos olharam para um Lucian feroz,
andando pela cela e rosnando.

— Nós precisamos fazer com que ele pense que ele conseguiu
completar a sua tarefa. — Vince disse em voz baixa.

— Você sabe o que isso fez a Wraith. — Devin argumentou. — É cruel,


Vince. Eu sei que já disse isso, mas maldição! — Devin sacudiu a cabeça.

— Nós temos que tentar, Devin. Wayne nos colocou no comando disto
e precisamos passar por isso, assim como por Lucian. Ele depositou a sua fé em
nós.

— Foda-se a minha vida. — Devin suspirou, passando uma mão pelo


cabelo. — Nós precisamos de Chance. Não podemos pedir a Cezar ou Killian para
fazerem isso.

— Deus nos ajude. — Vince disse, olhando tristemente para Lucian.


Capítulo 7

O porão estava frio enquanto Lucian andava pela cela, parando de vez
em quando para testar a porta. A sua fome aumentou e as semanas passadas
na cela estavam o desgastando. O elevador se abriu e Travis entrou. O seu
vampiro sibilou interiormente, segurando as barras da cela.

— Eu sei que você está aí, Lucian. — Travis disse calmamente,


espiando ao redor do porão para ter certeza de que eles estavam sozinhos. Ele
caminhou até a cela e agarrou o cadeado. — Eu sei que você não me machucará.

Lucian lambeu os lábios quando Travis destrancou a porta da cela,


recuando um pouco. Travis atirou o cadeado para o lado e esperou. Lucian abriu
a porta e saiu correndo, fazendo um sinal para Travis. O sangue bombeava
ruidosamente nas veias de Travis e a boca de Lucian começava a aguar ao
pensar em prová-lo. As mãos de Travis estavam levantadas enquanto
caminhava para trás.

— Lucian! Sou eu! — Travis gritou.

Lucian agarrou Travis pela garganta e inclinou a sua cabeça para trás,
ele cheirou a pele na base de sua garganta e a lambeu. Um grunhido baixo de
aprovação o abandonou quando as suas presas afundaram na pele macia e
quente. Sangue inundou a sua boca e ele bebeu, bebeu e bebeu.

— Lucian! — Travis gritou. — Pare! Você está me matando!

Lucian segurou Travis com mais firmeza, deixando os dentes


afundarem mais profundamente, até que a sensação eufórica que ele desejava
finalmente se elevou dentro dele.

— Lucian!
Lucian continuou se alimentando, esperando ficar cheio. Ele queria
tudo. Travis ficou mole em seus braços e Lucian ergueu a cabeça, lambendo as
suas presas, saboreando o gosto de Travis Rhoades.

— Lucian!

Lucian olhou para cima e viu os seus irmãos olhando horrorizados para
ele, e foi quando ele olhou para Travis, mole em seus braços. As suas presas
desapareceram e ele sacudiu Travis.

— Travis? — Lucian o colocou para baixo cuidadosamente e o


avaliou. — Oh, Deus!

— Você o drenou, irmão. — Cezar deu um passo à frente. — Acabou.

— Não, não, não! Chame Aidan ou Conner. Podemos curá-lo! — Lucian


sacudiu o corpo de Travis. — Travis!

— É muito tarde, Lucian. — Killian sacudiu a cabeça tristemente,


pegando o pulso de Travis. — Ele se foi.

— Não! Isso é um truque na minha mente! Eu não machucaria Travis!

— Mas você machucou. — Cezar fez sinal para um Travis sem vida.

— Pare com isso agora mesmo! — Lucian segurou a sua cabeça. —


Saiam!

— Não podemos, Lucian.

— Travis está morto e você é o culpado.

— NÃO! — Lucian rugiu, caindo de joelhos ao lado de Travis. Ele o


pegou e o segurou. Umidade caiu pelas suas bochechas e ele percebeu que ele
estava chorando. Pela primeira vez em sua vida, ele estava chorando. — Por
favor, pare. — Lucian implorou.
— Chance, traga ele de volta. — Devin disse suavemente. Lucian
estava do seu lado na cela, soluçando incontrolavelmente e o coração de Devin
doía pelo híbrido.

— Era isso? Ele precisava matar Travis? — Cezar perguntou.

— Nós não sabemos. — Vince suspirou, batendo no ombro de


Chance. — Traga ele de volta, Chance. Agora.

Chance se afastou cuidadosamente da mente de Lucian e os seus olhos


se abriram, piscando rapidamente. Ele se sentou e enxugou o rosto. Lucian olhou
para a umidade em sua mão e olhou para o grupo de homens ao redor da cela.

— Vocês me fizeram pensar que eu o matei! — Lucian os acusou.

— Nós precisamos, Lucian. — Devin deu um passo à frente.

— Me deixe sair. — Lucian estourou.

— Lucian ... — Vince começou.

— Me. Deixe. Sair! — Lucian rugiu.

Vince abriu a cela e Lucian saiu. Parou na frente de Cezar e o olhou


furioso.

— Você permitiu que eles fizessem isso?

— Era a única forma, irmão. — Cezar se defendeu.


Lucian lançou um olhar para os homens reunidos ao redor do porão e
estreitou os olhos.

— Não se aproximem de mim.

— Lucian! — Cezar tentou agarrá-lo enquanto se afastava.

— Deixe ele ir. — Chance disse em voz baixa. — Ele precisa de algum
espaço.

— Isso está errado. — Killian balançou a cabeça. — Nós não somos


melhores do que os caras do laboratório que nos torturaram.

— Não diga isso! — Chance se aproximou de Killian. — Nós fizemos o


que tínhamos que fazer!

— Fizemos? — Cezar perguntou. — Nós invadimos a sua mente. Não


tínhamos o direito de fazer isso.

— Olha, você não viu o que eu vi. Assim que a porta abriu, ele correu
atrás de Travis. Nada e ninguém o deteria. Ele drenou Travis sem pensar duas
vezes.

— E depois? Quando ele viu o que ele fez? — Vince perguntou.

— Ele ficou devastado. — Chance sacudiu a cabeça.

— Então agora o quê? — Killian jogou as suas mãos no ar. — Nós


revertemos o gatilho dos Titãs? Ele está curado?

— Não tenho certeza. Teremos que manter Samson com Travis por um
tempo.

— Bem, isso deve ir bem. — Devin zombou.

— O tempo dirá. — Killian olhou para a porta que o seu irmão saíra.
Agora não podiam fazer algo mais do que esperar.
Lucian abriu os olhos para ver as nuvens girando em torno do pico do
Monte Olimpo. Ele foi ali para fugir de Washington e falar com Ares. Ele esperava
que pudesse falar com qualquer um dos deuses naquele momento. A lembrança
do que fez a Travis ainda estava presente em sua mente, e a bile subiu em sua
garganta.

— Por que você veio? — Uma voz suave perguntou.

— Eu não posso ser o guardião de Travis. Não é seguro. — Lucian olhou


ao redor, mas não viu alguém mais.

— O fato de você estar aqui, dizendo que você não é apto para ser o
seu guardião, mostra que você se importa muito com o seu protegido. Por que
você sente que não pode mantê-lo seguro?

— Eles fizeram algo comigo, colocaram um gatilho de algum tipo em


minha mente, e eu vi o que eu posso fazer com Travis se eu deixar o meu
vampiro assumir.

Um homem apareceu diante dele, os seus olhos cheios de


preocupação. Lucian viu Stone Marinos naquele cara.

— Apolo?

— Sim. — Ele assentiu com a cabeça. — Eu posso ser de alguma ajuda.

— Como? O que você pode fazer para me ajudar?


Apolo se aproximou de Lucian e colocou as mãos em ambos os lados
da sua cabeça. Ele fechou os olhos e suspirou profundamente.

— O cérebro é muito complicado. É o computador do corpo, lhe diz


quando comer, quando dormir, como andar e correr. Ele controla tudo e é muito
frágil ao mesmo tempo. Você deve cuidar, nutrir e educá-lo diariamente. Sempre
mantenha a sua mente ativa, Lucian. Ah, eu vejo o que eles fizeram.

— Ainda está aí? O gatilho?

— Algo aconteceu. — Apolo franziu a testa com os olhos ainda


fechados. — Alguém esteve aqui além dos Titãs.

— Sim. A minha equipe pensou que se eles me fizessem ver o que eu


poderia fazer com Travis, isso reverteria o gatilho.

— Eu tentarei algo agora. Assim como Stone tem o poder da cura, eu


também tenho. Eu tentarei reparar o dano. Mas devo adverti-lo, você pode não
se lembrar de tudo imediatamente.

— Por quê?

— Eu limparei a sua mente, Lucian. Tudo o que fizeram será revertido.

— Mas não me lembrarei?

— É uma possibilidade, mas acho que você é forte o suficiente. — Apolo


abriu os olhos e olhou nos olhos de Lucian. — Quão mal você quer que o gatilho
suma?

Lucian pensou no corpo drenado e sem vida de Travis em seus braços


e estremeceu. Ele não podia deixar isso acontecer. Nunca.

— Faça.

Assim que as palavras saíram da sua boca, homens e mulheres


começaram a aparecer em torno dele. Afrodite era a mais reconhecível do grupo,
mas ele também notou Ares.
— Se reúnam ao redor. Precisamos ajudar Lucian.

Lucian olhou fixamente para Ares e acenou com a cabeça. Ele não sabia
se Ares esteve presente durante o seu tempo na cela e não queria saber. Ele
queria que a visão do corpo morto de Travis saísse de sua mente para sempre.
Segundos depois, calor o envolveu e uma queimadura começou na base de seu
crânio. Ele gritou enquanto o calor inundava o seu corpo inteiro e o som de
sangue correndo começou a palpitar em seus ouvidos. A dor irradiava ao redor
do seu crânio e ele caiu de joelhos enquanto as suas forças acabavam.

— Seja forte, Lucian! — Apolo ordenou.

Lucian gritou quando fogo queimou a sua têmpora. Ele agarrou a terra
em seus dedos e cerrou os dentes.

— Você o matará, Apolo! — Ares estourou.

— Fica quieto! Faça a sua parte, Ares.

A dor parou e o chão pareceu desmoronar debaixo dele. Então ele


estava se debatendo, gritando enquanto continuava a cair no nada.

Um barulho estava vindo de algum lugar. Lucian abriu os olhos


lentamente e olhou para os lados. As batidas continuaram e ele percebeu que
estava em uma cama. Rolando, ele abriu a porta do quarto e caminhou através
de um apartamento. Parecia um pouco familiar. O ruído estava vindo da porta
da frente e Lucian desatou a corrente superior e abriu, olhando fixamente para
dois homens.

— Onde você esteve? — O homem menor gritou.

— Eu não sei? — Lucian franziu as sobrancelhas e inclinou a cabeça


para o lado.

O homem pequeno entrou no apartamento e o homem mais alto o


seguiu. Ele se virou para encontrar ambos olhando para ele com expectativa.

— Sim? — Lucian perguntou.

— O que você quer dizer, com sim? Você esteve fora por dias!

— Eu estive?

— Merda. — O homem mais alto suspirou. — Sabe quem somos?

— Vocês parecem familiares. — Lucian piscou.

— Porra. Chance fodeu a sua cabeça!

— Chance? — Lucian testou a palavra. — Eu conheço esse nome.

— Eu sou Travis, lembra? — Travis se aproximou de Lucian. Ele


acabara de perceber que Lucian estava de cueca boxer e nada mais. Ele desviou
os olhos e se aproximou de Lucian. — Você se lembra de mim?

Lucian levantou uma mão para o rosto na frente dele, acariciando a


sua bochecha. Olhos caramelo se arregalaram quando ele acariciou a sua
mandíbula.

— É você. — Lucian inclinou a cabeça para baixo, inalando o cheiro do


homem menor. — Eu pensei que eu te perdi.

— Sim, eu só irei, hum, ali. — Samson se virou e foi na direção da


cozinha.

— Travis. — Lucian sussurrou.


— Sim. — Travis tremeu quando os lábios de Lucian deslizaram pela
sua mandíbula.

Lábios quentes de repente cobriram os dele e Travis endureceu. Braços


o cercaram e Lucian o puxou em seus braços. Um gemido rasgou de sua
garganta quando Lucian brincou com os seus lábios abertos e mergulhou, a sua
língua deslizando sobre a de Travis. Deus o ajude, ele respondeu. Ele não pôde
evitar. Ele passou os braços em volta do pescoço de Lucian e lambeu a boca do
homem mais alto. Ele estava se afogando em Lucian e ele não se importava.
Uma pequena tosse chamou a sua atenção e ele se afastou, olhando para os
olhos de Lucian.

— Caramba! — Travis engasgou, empurrando Lucian para longe. —


Sim. Você é o meu guardião, Lucian. — Tudo bem, isso estava começando a
assustá-lo. Que diabos aconteceu com Lucian e por que ele estava ... o tocando
e beijando assim? E por que diabos ele beijou Lucian? Ele pegou cuidadosamente
a mão que Lucian estava usando para acariciá-lo e a segurou. Ele olhou por cima
do ombro para ver Samson sorrindo. Ele lhe lançou um olhar e voltou a sua
atenção para Lucian.

— Eu precisava me livrar do gatilho. — Lucian disse lentamente.

— Sim! — Travis exalou em alívio.

— Eles violaram a minha mente, me fizeram pensar que eu te matei.

— Eles, O QUÊ? — Travis recuou um pouco.

— Eu vi tudo. Eu te drenei e você se foi.

— Eu estou aqui, Lucian. — Travis apertou a sua mão.

— Você estava morto. — Lucian fechou os olhos.

— Sai fora disso rápido! — Travis bateu nele com força.

Os olhos de Lucian se abriram e tudo o atingiu imediatamente. Ele


olhou para Travis diante dele, um olhar de raiva em seu rosto.
— Estou me lembrando de tudo. — Lucian disse secamente. — Você
tem tal encanto natural.

— Graças a Deus. — Os ombros de Travis cederam.

— Fui para o Monte Olimpo. Apolo limpou a minha mente.

— Com licença?

— Ele removeu o gatilho. Eu não recomendo, no entanto. Não foi


agradável.

— Então, você está bem agora?

— Eu acredito que sim.

— Você pode querer se vestir.

Lucian olhou para baixo e os seus olhos se arregalaram.

— Por que não me contou?

— Eu também não ia. — Samson saiu pela porta da cozinha.

— Vá se vestir. — Travis esperou Lucian sair antes de girar para


Samson. O homem mais alto sorriu para ele e piscou.

— Eu te encontro na sua aula. Eu não acho que ele esteja em condições


de retomar os seus deveres.

— Tudo bem. Ele parece bem. Você pode mandar uma mensagem para
Killian e Cezar?

— Claro. — Samson encolheu os ombros. — Cuide dele.

— É suposto ser o contrário. — Travis arqueou uma sobrancelha.

— Ele simplesmente atravessou o inferno por você. Lembre-se disso.


— Samson instruiu Travis, apontando quando ele abriu a porta e saiu.
Travis se sentou no sofá e segurou o rosto entre as mãos.
Honestamente? Ele estava preocupado quando Lucian sumiu por vários dias. Ele
estava na faculdade quando Devin e Vince decidiram levar Chance, e agora que
ele sabia o que eles fizeram, ele não estava feliz com isso. Lucian voltou em
jeans escuros com uma camiseta branca esticada em seu peito. Ele estava
descalço, e por alguma razão, estava realmente gostoso.

Espera.

O quê? Droga. Esse beijo o derrubou em seu traseiro!

Lucian entrou na cozinha e Travis o seguiu.

— Então ... você se lembra de tudo agora?

— Sim. Apolo disse que eu poderia não lembrar, mas eu estava


disposto a arriscar.

— Por quê?

Lucian abriu a geladeira e examinou as prateleiras.

— Acho que é óbvio.

— Eu tenho que ir para a faculdade, mas eu pedi a Samson para entrar


em contato com Cezar e Killian. Samson cuidará de mim hoje.

Lucian se virou para encontrar Travis o observando.

— O quê?

— Você tem certeza que está bem?

— Eu estou bem. Vá para a faculdade.

Travis se virou em seus calcanhares e saiu pela porta da frente,


batendo-a.

— Sim. Eu definitivamente me lembro de tudo.


Lucian franziu a testa. E foi quando se lembrou. Ele beijou Travis. Por
que ele fez isso? Lucian percorreu a sala tentando descobrir por que aquilo
aconteceu. O que ele viu no momento em que olhou para Travis? Cezar apareceu
segundos depois com Killian a reboque. Observaram-no enquanto ele
caminhava.

— Você gostaria que eu trouxesse o aquário? — Cezar brincou. Lucian


parou de caminhar e lhe lançou um olhar. — Então, não?

— Onde você esteve, irmão? — Killian puxou Lucian em seus braços. —


Nós estávamos preocupados. Não conseguimos falar com você.

— Fui ver os deuses. Eles removeram o gatilho.

— Por que você não nos disse? — Killian e Cezar gritaram em uníssono.

— Sou um menino grande. — Lucian arqueou as sobrancelhas. — Eu


não sabia que vocês não seriam capazes de se comunicar comigo.

— Algo está te incomodando. — Killian observou a expressão do seu


irmão. — O que aconteceu?

— Por um breve momento, eu não me lembrava de coisa alguma. Então


eu beijei Travis.

— Desculpa, você poderia repetir isso? — Cezar perguntou.

Lucian suspirou e se jogou no sofá.

— Eu não tenho ideia do que eu vi naquele momento, mas eu beijei


Travis.

— Interessante. — Killian meditou, batendo no queixo.

— Eu ainda digo que ele é o seu companheiro. Você é meio lobo, irmão.
— Cezar apontou.

— Talvez você devesse ver o médico novamente? Isso poderia ajudar?


— Killian ofereceu.
— Talvez. Eu já deveria ter voltado, mas não fui capaz de resolver isso.
Agora eu preciso voltar ao trabalho. Obrigado por terem vindo.

Lucian se levantou e foi imediatamente para os braços de seus irmãos.


Ele riu e os abraçou de volta. Ele estava se acostumando com os abraços dos
seus irmãos, outros nem tanto. Loki estava constantemente o abraçando para
tentar acostumá-lo.

— Nós te amamos, Lucian. — Cezar disse.

— Eu também amo vocês dois.


Capítulo 8

Travis abriu as pernas no gramado e esticou o músculo da panturrilha.


Eles estavam no campo de futebol se preparando para o treino e tudo o que ele
podia pensar era em Lucian. Que diabos ele estava pensando em ir atrás dos
deuses e ter a sua mente limpa? E o que diabos, Devin, Vince e Chance estavam
pensando? E o que diabos foi aquele beijo? Ele bufou e olhou para cima para ver
Jordy sorrindo para ele.

— O quê? — Ele praticamente explodiu.

— Eu acho que você precisa transar. — Jordy arqueou as sobrancelhas.

— Acho que não. Sexo complica tudo.

— Então, um relacionamento, talvez?

— Eu entendo que vocês estão todos tão felizes com a sua outra
metade, mas eu? Eu olho para relacionamentos como vendas de garagem.
Parece meio legal de longe, mas quando você se aproxima, é só um monte de
merda que você não precisa.

— Muito cínico? — Lance riu. — Estou bem por minha conta agora
mesmo, mas não desistirei de um relacionamento se ele surgir.

— Sim? E se for um cara com quem você terminar? — Travis


respondeu.

— Então eu ficarei com um cara. — Lance deu de ombros.

— Sério? — A boca de Travis se abriu.

— O que há de errado com pau? — Nikolai interrompeu.

— Nada, certo? — Travis suspirou. — Eu acho que tenho que me


levantar e dar tudo de mim neste treino.
— Eu contribuirei com isso. — Nikolai se curvou em seus cotovelos. —
Eu poderia ter que comer, também. Não tenho certeza se estou com fome ou
não, mas comerei apenas no caso.

— O que há de errado com você? — Travis riu.

— O quê? Eu não faço as coisas pela metade, eu dou a minha bunda


completa. — Nikolai piscou.

— Pobre Colin. — Jordy sacudiu a cabeça com uma risada.

— Então, Lucian está de volta? — Lance mudou de assunto.

— Sim. Os deuses do Olimpo aparentemente reverteram o seu gatilho,


então ele não é um perigo para mim. Ele não sabia quem eu era por alguns
minutos. Me assustou. — Travis estremeceu.

— Lembro-me de como era para Wraith quando os Titãs foderam com


a cabeça dele. Pelo o que ouvi, era horrível.

— Sim? Bem, eu acho que Devin e Vince convenceram Chance a fazer


com que Lucian acreditasse que ele me matou. — Travis caiu de volta na grama
e olhou para o céu.

— Escutei que não foi bem, — Jordy admitiu.

— O que você quer dizer? — Travis voltou para uma posição sentada.

— Olha, Lucian pensou que ele te matou. Quero dizer, morto, se foi
para sempre, cadáver, não voltando. Foi muito difícil para ele.

— Eu não sabia que ele se importava. — Travis arqueou as


sobrancelhas.

— Bem, ele se importa.

— Precisamos nos esforçar, ou seremos derrotados neste próximo


jogo. — Nikolai levantou e estralou o pescoço de um lado para o outro. — Eu
buscarei um cachorro-quente empanado no palito e então eu estarei pronto.
— Só um? — Jordy sorriu.

— Nah, provavelmente cinco. — Nikolai correu para as arquibancadas,


onde os grupos de estudantes vendiam lanches durante o treino para arrecadar
dinheiro.

Travis notou o resto dos caras chegando no campo e ele correu para
Brock.

— Pronto para isso? — Ele perguntou.

— Sim.

— Então, Trav. — Jordy passou um braço em volta dos ombros de


Travis. — Você tem certeza que não quer se relacionar com alguém? Tenho
certeza de que há mais de uma garota que gostaria de conhecê-lo melhor.

— Jordy! Estou horrorizado com você! Você deve ser um cavalheiro.

— Eu posso ser um cavalheiro, mas eu ainda te baterei.

— Oooh! — Brock esfregou as mãos. — Eu gosto disso!

— O que eu perdi?

Eles se viraram para encontrar Nikolai segurando quatro cachorros-


quentes empanados no palito com outro recheado em sua boca.

— Jordy batendo nas pessoas, — Travis forneceu.

— Espere, — Nikolai enfiou os cachorros-quentes em sua calça e se


virou, batendo em seu traseiro. — Certo, faça.

— Que diabos?

Todos riram quando Sebastian se juntou a eles, arqueando uma


sobrancelha para o seu melhor amigo.

— Nik? Que merda está em sua calça?


— Cachorro-quente empanando no palito. — Nikolai tirou um deles e
entregou-o a Sebastian.

— Não, eu estou bem, cara. Só tive o cachorro-quente de Nicholas.

— Certo, podemos parar de falar sobre isso? — Travis levantou as


mãos.

— Bem, não falaremos de vagina–

— Eu entendi, — Travis interrompeu Brock.

— Vamos? — Sebastian curvou-se e acenou com a mão em direção ao


campo.

— Ei, aqui vem o Ruslan. — Lance balançou a cabeça em direção ao


portão para o campo.

— Bom, todos nós precisamos treinar juntos. — Travis observou Ruslan


sair para o campo e notou Dasan nas arquibancadas. Ele parecia irritado. —
Ruslan? E aí?

— Eu tive que refazer outro teste, — Ruslan lamentou.

— Bem, venha aqui. — Travis bateu Ruslan nas costas quando ele os
alcançou.

— Pronto? — Sebastian sorriu.

— Sim!
Hermes, Ares e Apolo sentaram-se acima do campo de futebol,
observando os seus filhos treinarem. Ares observou enquanto o seu filho corria
pelo campo com as mãos estendidas.

— Então, Lucian está curado? — Ele perguntou.

— Sim. Felizmente, Wraith me permitiu olhar dentro de sua cabeça.


Consegui aprender muito com ele, — o pai de Jordy, Hermes, explicou. — Passei
essa informação para Apolo.

— E Zane? — Ares perguntou. — Você acredita que você pode ser capaz
de ajudá-lo também?

— Eu o visitarei em breve. — Apolo olhou para Ares. — Você está mais


confortável agora?

— Não. Você está? Enquanto os Titãs souberem quem são os nossos


filhos, estarão em perigo.

— Cuidado, Ares, — Apolo disse ironicamente. — Pode parecer que


você se importa com Travis.

— Claro que eu me importo! — Ares disse. Os jogadores de futebol


abaixo pararam e olharam ao redor.

— Shh! — Apolo castigou-o.

— Eu passarei um tempo com Jordy e Wraith hoje à noite. — Hermes


sorriu. — Ele me convidou para jantar.

— O meu filho está lá embaixo?

Todos olharam para ver Artemis espiando pelas nuvens em que


estavam sentados.

— Sim, ele está lá. Como o filho de Dionísio e de Atena. — Apolo


arqueou as sobrancelhas. — Onde eles estão?
— Com Poseidon. Eles estão se certificando de que os apartamentos
são impenetráveis.

Um raio cortou o céu e Hermes suspirou.

— Nós devemos voltar. — Ele olhou para Ares. — O que está errado?

— Tenho um mau pressentimento, — Ares murmurou, observando


Travis.

— Bem, não será Lucian quem traz esse sentimento. Posso garantir
isso.

— Venha, Ares. — Apolo estendeu a mão.

Ares arrastou os olhos para longe de seu filho e se levantou. Ele


balançou a cabeça e todos desapareceram.

Travis deixou a cabeça cair para trás enquanto a água quente escorria
pelo seu peito. Ele suspirou em contentamento, deixando-o lavar a sua dor. O
seu ombro ainda estava dolorido, mas manejável. Lance estava de um lado dele,
esfregando o xampu em seus cabelos e Jordy estava do outro lado, apenas
deixando o fluxo de água abaixo em sua cabeça. Eles estavam se aproximando
de um jogo muito importante e eles precisavam se concentrar completamente.
Travis saiu, agarrou a toalha e passou-a pelos cabelos.

— Ei, Trav?
— Sim? — Travis virou-se para encontrar Ruslan sentado no banco
puxando os seus sapatos.

— Você tem as notas de aula do senhor Whitby?

— Eu acho que sim. Por quê? O que foi?

— Ele quer que eu refaça o teste.

— Ele é rigoroso, não é? Eu mal passei. — Travis puxou a sua cueca


boxer.

— Eu acredito que ele é para mim, — Ruslan reclamou.

— Bem, eu acho que quando você o chamou de idiota ele sentiu o


desejo de complicar a sua vida, — Dasan acrescentou quando ele entrou no
vestiário. — Apresse-se e se vista.

— Você não é o meu pai, — Ruslan cuspiu.

— Se eu fosse, você estaria sobre o meu joelho. Agora levante-se e


vamos embora, — Dasan disse.

Travis cobriu uma risada quando Ruslan deu a Dasan um olhar do mal
antes de vestir a sua camiseta. Dasan arqueou uma sobrancelha e Travis franziu
os lábios.

— Te vejo nos apartamentos, Ruslan. Apenas vá em casa e eu lhe darei


as notas.

Dasan olhou para Ruslan antes de sair do vestiário. Um assobio baixo


veio da direita deles e Travis sorriu enquanto Nikolai se abanava.

— Uau, Dasan tem certeza de ser gostoso.

— Cala a boca, Markov, — Ruslan respondeu.

— Eu me pergunto quando ele ficou tão musculoso. — Nikolai se


levantou e vestiu a sua camiseta sem mangas.
— Deveria ser eu. — Lance balançou as sobrancelhas.

— Caramba, e eu! — Nikolai apontou um dedo para Lance.

— Seja como for, ele está ótimo! — Brock riu.

— Tudo bem, vocês são loucos. — Travis riu, agarrando o seu


equipamento. — Vejo vocês no complexo de apartamentos.

Travis entrou no estacionamento, aliviado ao ver Lucian esperando por


ele. Quando Travis se aproximou, notou que Lucian parecia um pouco pálido.
Ele destrancou o seu carro e jogou a sua bolsa dentro, esgueirando uma espiada
em seu guardião.

— Você está bem?

— Sim. Estou um pouco fraco, mas estou bem.

— Olha, me desculpe por ter batido em você, tudo bem?

— Não importa. — Lucian acenou com a mão.

— Uau, e eu aqui pensando que você tinha desenvolvido alguns


sentimentos ou algo assim.

— Sentimentos? Pequenas merdas, eles são.

A porta do vestiário fechou e Travis virou-se. Uma rajada de vento


passou pelo seu cabelo, levantando-o e ele se virou para encontrar Lucian
olhando a área cautelosamente.

— Venha aqui, Travis. — Lucian estendeu a mão.

— O que está errado?

Uma batida veio de dentro do vestiário e Travis deu um passo em


direção a Lucian. Um vórtice apareceu diante deles e Travis deslizou para trás,
longe dele. Lucian tentou se mover, mas não conseguiu. Cronos apareceu com
Hyperion ao seu lado.
— Olá, Lucian. — Cronos sorriu.

— Travis, corra, — Lucian disse calmamente.

Ele olhou para Travis nervosamente. Ele precisava sair dali e dar um
jeito agora. Parecia que Cronos o estava segurando, no entanto, e assim que
Lucian tentou lançar um feitiço, ele encontrou as suas habilidades bloqueadas.
A limpeza de sua mente tomou o seu pedágio nele.

— Travis, você tem que ir! — Lucian gritou.

— Eu não quero algo a ver com isso! Eu não pedi essa merda! — Travis
gritou de volta.

— Eu sei. — Cronos sorriu. — É uma pena que o seu pai não o matou
no momento em que nasceu. Poderíamos ter evitado tudo isso ... desagradável.

— Estou falando sério, — Travis prosseguiu. — Eu realmente não quero


algo a ver com a sua vingança. Eu só quero ser normal de novo.

— Travis, VÁ! — Lucian rosnou.

— Ele não quer coisa alguma com o mundo sobrenatural? — Cronos


esfregou as mãos. — O que acontecerá quando apenas o sobrenatural puder
salvá-lo?

— Não. — Lucian levantou a mão. — Por favor.

— Oh, mas por quê? — Cronos ergueu as mãos. — Peça e você terá,
filho de Ares.

Lucian correu para Travis, mas era tarde demais. Cronos jogou Travis
através do ar e ele bateu com um forte barulho contra a parede de cimento do
vestiário. Lucian correu para Travis, mas algo o repeliu quando ele se aproximou.
O sangue escorria pelas orelhas, nariz e boca de Travis.

— Boa sorte com isso. — Cronos zombou quando ele desapareceu.


— Socorro! — Lucian gritou. — Precisamos de ajuda! — Lucian se
ajoelhou o mais perto que pôde de Travis. — Por favor, não morra, — ele
sussurrou.

As portas do vestiário finalmente se abriram e os caras saíram, todos


fazendo um círculo ao redor de Travis ferido.

— Mais que merda? — Nikolai gritou, correndo para Travis. Ele bateu
na barreira dos Titãs e caiu em sua bunda. — O que aconteceu?

Lucian gritou pelos seus irmãos bruxos e eles apareceram


rapidamente. Chance correu para Travis e bateu na mesma barreira que Lucian
tinha.

— Mas que merda? — Chance gritou.

— Cronos fez isso! — Lucian rugiu. — Travis insistiu que ele não queria
algo com o sobrenatural e Cronos se certificou de que isso acontecesse!

Todos tentaram em vão se aproximar Travis. Chance foi buscar


Alexander e Evangeline. Ambos apareceram perto de Travis, mas somente
Evangeline pôde tocá-lo.

— Ela não é sobrenatural, — Lucian disse lentamente.

— Ele precisa de ajuda imediatamente ou ele morrerá. — Evangeline


olhou para eles.

— Não podemos tocá-lo! — Lucian rugiu de raiva. — Como o


ajudaremos?

— Eu já volto! — Chance anunciou e desapareceu.

— O que faremos? — Lucian andou. — Todos nós somos sobrenaturais!


Você pode operar, Evangeline?

— Eu não sou esse tipo de cirurgiã. — Evangeline sacudiu a cabeça. —


Ele precisa de um neurocirurgião.
Chance reapareceu com o Doutor Jordan Youngblood e a sua filha,
Charlie, também uma neurocirurgiã. Embora morassem em Fort Worth, eram
amigos de longa data do grupo Skull Blasters, dando uma mãozinha de vez em
quando. Eles correram para o lado de Travis e Jordan imediatamente começou
a examiná-lo. Ele olhou para o grupo.

— Ele precisa de cirurgia agora.

— Bem, nós não podemos transportá-lo através de teletransporte


porque é sobrenatural! Precisamos de uma ambulância.

— Bem, então arranjem uma agora! — Jordan gritou, voltando a sua


atenção para Travis. Charlie se ajoelhou ao seu lado e avaliou Travis.

— Pai, isso é ruim, — ela sussurrou.

— Eu sei, mas temos que tentar, Charlie.

Chance conseguiu Tucker Storm e Wesley Foster, policiais e shifters,


para conduzirem e seguirem a ambulância quando levaram Travis ao hospital.
Eles nem sequer tentaram levá-lo para o hospital shifter, sabendo que
desperdiçariam um tempo precioso se eles não conseguissem mesmo levá-lo
para o edifício por causa de sua natureza sobrenatural. Jordan precisava de uma
sala de cirurgia e de assistentes. Eles tinham que levá-lo ao centro médico.

Assim que a ambulância parou, Jordan estava gritando com as


enfermeiras e médicos. Felizmente, Alexander ligou anteriormente e os informou
que o renomado Doutor Jordan Youngblood precisaria de sua sala de cirurgia e
da melhor equipe cirúrgica.

O grupo se reuniu na sala de espera quando Travis foi levado às


pressas para a cirurgia. Um a um, os onze Olimpianos restantes começaram a
chegar. Brock foi o primeiro. Ele correu direto para Lucian.

— O que aconteceu?
— Cronos aconteceu! — Lucian cuspiu. — Travis lhe disse que não
queria algo a ver com o sobrenatural, então o idiota colocou algum tipo de feitiço
nele. Nada sobrenatural pode tocá-lo.

— Oh, Deus. — Brock caiu em uma das cadeiras e Zack Duran se


ajoelhou na frente dele.

— Ele ficará bem, querido. Jordan Youngblood está o operando, e você


sabe como ele é bom.

— Isso foi tudo porque Travis não queria abraçar as suas raízes de um
Olimpiano. — Ruslan falou.

— E agora nada que nós fazemos o salvará.

Lucian saiu do hospital e olhou para o céu. Se ele não tivesse revertido
o gatilho, teria estado em plena força. Travis não teria sido ferido.

— Se há alguma maneira de ajudá-lo, você deve tentar.

— Não arriscarei agora.

Lucian virou para encontrar Ares olhando para ele.

— Ele está muito vulnerável.

— Você tem que fazer alguma coisa! — Lucian gritou.

— Tenho fé em Jordan e em sua filha. Talvez você também devesse


ter.

— Não consegui protegê-lo! — Lucian caiu de joelhos e abaixou a


cabeça. — Prossiga. Você disse que me mataria se alguma coisa acontecesse
com Travis.

— Levante-se! — Ares cuspiu. — Isso estava fora de seu controle.


Espero que você cuide dele agora mais do que nunca!

— Eu não tenho mais fé em mim. — Lucian sacudiu a cabeça.


— Bem, é melhor você ter um pouco agora, — Ares rosnou e se inclinou
para baixo no rosto de Lucian. — Se o meu filho morrer, moverei o céu e a Terra
para encontrar Cronos e matá-lo.

— E eu estarei ao seu lado.

— Bom, agora vá ficar com o seu grupo.


Capítulo 9

Doze horas depois, Jordan entrou na sala de espera e procurou Russell


Rhoades. Sabia que ele também poderia dirigir-se a todo o grupo naquele
momento. O pai de Travis basicamente lhe dissera que todos poderiam ser
informados com qualquer coisa que ele tivesse.

— Ele está em recuperação, mas será um longo caminho para a


recuperação total. Houve dano extenso no cérebro de Travis, — Jordan lhes
disse.

— Como, que tipo de dano? — Jordy perguntou.

— O seu crânio estava fraturado e havia um monte de hemorragia


interna e inchaço. Não saberei o dano específico até que acorde. Farei testes
com ele para avaliar a sua condição.

— Muito obrigado, Doutor Youngblood, — o pai de Travis o abraçou e


Jordan retribuiu o abraço.

— Cuidaremos bem dele.

Travis não tinha acordado. Lucian andava de um lado para o outro no


hospital. Passou quase uma semana e Travis não abriu os olhos nem mesmo um
pouquinho. Jordan lhes disse que isso era bom, o cérebro de Travis estava
tentando curar e estava guardando energia que precisava para isso. Todos os
dias, Jordan e Charlie entravam e tiravam sangue, faziam exames e depois
voltavam e faziam tudo de novo.

Lucian sentou-se ao lado da cama e olhou para o rosto machucado de


Travis. A cabeça estava raspada e tinha ataduras. Lucian tentou tocar a sua
bochecha, apenas para ter sua mão repelida. Ele fechou os punhos.

— Você precisa acordar agora, Travis. Não terminei de gritar com você.

— Você fez bem, Lucian. — O senhor Rhoades estava na porta. — Posso


dizer que você cuida do meu filho.

— Quero que ele acorde.

— Eu também. Sabia que ele não estava lidando bem com isso, mas
não conseguia chegar até ele. Ele não queria ser quem ele é, queria ser um
garoto normal que vai para a faculdade.

— Ele é filho de um deus do Olimpo, que é tão longe de normal como


você pode conseguir. Nós dissemos para ele que não havia algo que pudéssemos
fazer para mudar o seu destino.

— Você cuida bem dele. Por favor, não se culpe por isso.

— É claro que eu me culpo! Não pude salvá-lo.

— Você fez um trabalho incrível, Lucian.

— Como você sabe?

— Porque Travis reclama sobre você o tempo todo. É como eu sei que
você está fazendo um ótimo trabalho. Você o deixa nervoso.

— Não sei como me sentir sobre isso. — Lucian suspirou.

Jordan entrou na sala e olhou para os dois homens. Sabia o que Lucian
era. James informou sobre todos os novos shifters que entraram na equipe.
Olhou para o homem impossivelmente alto que estava ao lado da cama de Travis
Rhoades. Charlie entrou atrás dele e espantou os dois homens. Jordan examinou
os sinais vitais de Travis e os exames mais recentes.

— Você não contou tudo a eles, papai, — Charlie sussurrou.

— Nós não saberemos a extensão do dano até ele acordar, Charlie.


Você sabe disso. O cérebro é complicado.

Jordan olhou para baixo e viu os olhos de Travis abertos. Estalou os


dedos para Charlie e ambos cuidaram dele imediatamente. Travis tomou um
cauteloso gole de água.

— Travis, sou o Doutor Jordan Youngblood e esta é a minha filha


Charlie. Sabe quem somos?

— Hum, não sei, — Travis disse lentamente.

— Quem é o presidente? — Charlie perguntou.

Travis franziu as sobrancelhas.

— Não sei.

— Você sabe que ano é? — Travis sacudiu a cabeça e os ombros de


Jordan caíram. — Você teve um golpe desagradável na cabeça, Travis. Estou
esperançoso que terá a sua memória de volta eventualmente, mas não se
esforce muito agora.

— É ... permanente? — Travis perguntou.

— Eu realmente não posso te dizer isso, Travis. Às vezes, dura alguns


dias, às vezes, semanas, outras vezes, mais. Nunca pode se dizer com o cérebro.

— Então o meu nome é Travis? — Travis tentou se sentar e Charlie se


apressou para levantar um pouco a cama.

— Sim, Travis Rhoades, — Jordan confirmou.


A porta se abriu atrás dos dois médicos e um homem de cabelos
escuros entrou. Usava um casaco longo, jeans preto e botas de motociclista. O
seu cabelo era preto e os seus olhos eram ônix. O pau de Travis endureceu
imediatamente, e ele tentou cobrir a sua ereção enquanto o homem caminhava
para a sua cama com propósito.

— Está acordado. — Lucian ajoelhou-se ao lado da cama, procurando


os olhos de Travis. — Como está se sentindo?

— Quem é você?

Lucian olhou para os dois médicos.

— Ele não se lembra?

— Você é o meu namorado? — Travis perguntou.

O olhar de Lucian voltou para Travis naquela pergunta.

— Por que você diria isso?

— Bem, você veio aqui com a feição preocupada, — Travis olhou para
o homem na frente dele. Droga, de onde saiu esse cara gostoso?

— Não vamos sobrecarregá-lo, tudo bem? — Charlie avisou, enviando


a Lucian um olhar.

— Precisamos procurar pelo seu pai, Lucian, — Jordan disse.

Lucian assentiu. Quando ia se mover a pequena voz de Travis chamou


a sua atenção.

— Você voltará ... certo? — Travis perguntou esperançoso.

Lucian olhou para Jordan e acenou com a cabeça.

— Claro.

— Certo. — Travis voltou para a cama.


Lucian saiu do quarto e se encostou à parede. Que diabos? Travis não
se lembrava de coisa alguma. Viu Russell retornando com café e caminhou em
sua direção.

— Travis está acordado. Ele não se lembra de coisa alguma.

— O quê? Como, não se lembra do que aconteceu?

— Não, não se lembra de coisa alguma. Perguntou se eu era o seu


namorado.

— Oh, Deus.

— Ele está vivo, senhor Rhoades. Nós deveríamos ser gratos por isso.

— É Russell. Acho que lhe pedi várias vezes que me chamasse pelo
meu primeiro nome, Lucian.

Jordan saiu do quarto e Lucian acenou com a mão em sua direção.

— Você deveria ir falar com ele. Contarei ao grupo.

— Obrigado, Lucian. Estou feliz por Travis tê-lo.

— Bem, o meu trabalho será muito mais difícil agora. Tenho um


Olimpiano sem lembrança de quem é.

Lucian deu um tapinha nas costas de Russell e se moveu para a sala


de espera. Tinha uma sala cheia de pessoas para atualizar. Encontrou os seus
amigos primeiro. Cezar o pegou pelo bíceps e escoltou-o para longe do grupo.

— Ele está bem? — Cezar perguntou.

— Ele não tem memória, — Lucian informou.

— Nenhuma? — Killian perguntou.

— Não. Esta situação apenas ficou pior. Travis não sabe quem é, não
sabe de suas habilidades. O que é pior, o feitiço ainda está funcionando. Não
podemos tocá-lo, mesmo agora.
— Volte para ele. Cezar e eu informaremos a todos.

Lucian assentiu e começou a caminhar de volta para o quarto de Travis.


Viu Charlie escrevendo em uma prancheta e se aproximou dela. Ela olhou para
cima e deu-lhe um pequeno sorriso.

— Ele está dormindo de novo, — ela disse. — Mas isso é uma coisa
boa. O seu corpo e o seu cérebro precisam descansar.

— Ele se lembrará?

— É muito cedo para dizer. O meu pai e eu ficaremos aqui para


monitorá-lo. Ele estava te chamando antes de voltar a adormecer.

— Isto é estranho. O Travis que eu conheço me despreza.

— Bem, esse Travis parece gostar de você. Trabalhe com isso. Tivemos
um cara em nossa equipe que perdeu a memória, mas ele a recuperou. Dê um
tempo a Travis. Pode voltar em pedaços ou tudo de uma vez.

— Obrigado, Charlie.

— Estamos todos do mesmo lado, certo?

— Sim, nós estamos. — Lucian percebeu Wayne indo em sua direção


e se desculpou. Wayne se aproximou dele e Lucian abriu a boca para falar.

— Eu ouvi. — Wayne sacudiu a cabeça tristemente. — Então, Cronos


fez com que nada sobrenatural pudesse curar Travis. Graças a Deus,
conhecemos neurocirurgiões.

— Travis está vulnerável agora.

— Você não pode deixar o seu lado, Lucian. Está claro? Sei que você e
Travis não se dão bem, mas agora não é o momento para brigas mesquinhas.

— Não o deixarei, — Lucian cuspiu. — Conheço o meu lugar.

— Sinto Muito. Só estou preocupado com o Travis.


Lucian assentiu. Sabia exatamente como Wayne se sentia, porque no
momento em que Travis ficou ferido, algo dentro dele gritou. Agora tinha que se
certificar de que Travis estaria a salvo.

— Lucian?

— Sim?

— Perguntei se você falou com ele.

— Sim. Ele me perguntou se eu era o seu namorado.

— Bem, agora isso é estranho. — Wayne arqueou uma sobrancelha.

— Voltarei para o quarto. — Lucian sacudiu a cabeça, caminhando pelo


corredor. — Se você precisar falar comigo, é onde estarei.

— Tudo certo. Nos certificaremos de que este lugar fique coberto de


segurança.

Lucian assentiu e voltou para o quarto de Travis. Entrou para encontrar


Travis profundamente adormecido. Gaze envolvia a maior parte de sua cabeça,
mas parte de seu cabelo loiro estava parcialmente pendurado sobre as suas
pálpebras fechadas, e as mãos de Lucian coçavam para removê-lo suavemente
dos olhos. Olhou para o rosto do homem que foi responsável por meses e algo
no seu peito doeu. O que diabos estava acontecendo?
Os olhos de Travis se abriram para ver o rapaz gostoso do casaco longo
na cadeira ao lado da cama. A sua bexiga estava explodindo e ele precisava
urinar. Os seus olhos percorreram os traços do sujeito – qual era o nome dele?
Lucian? Pensou que foi isso que os médicos lhe chamaram.

Ele estava encostado na cadeira, braços cruzados, pernas abertas. A


sua respiração estava uniforme e Travis olhou para os seus lábios. O seu instinto
estava lhe dizendo que conhecia esse cara, que esse cara era especial para ele
por alguma razão. Travis limpou a garganta e os olhos de Lucian se abriram.

Lucian despertou quando um som chamou a sua atenção. Travis estava


tentando sair da cama. Lucian levantou-se e esticou os braços, virando o
pescoço de um lado para o outro.

— Eu realmente tenho que ir ao banheiro, — Travis disse.

— Deixe-me encontrar alguém para ajudá-lo.

— Por que você não pode me ajudar? Não sou tão frágil.

Lucian lhe deu um olhar e abriu a porta, chamando uma enfermeira.


Ela entrou e ajudou Travis no banheiro, deixando Lucian saber que ela buscaria
o médico.

— Então, hum, há alguma razão para você estar de guarda? — Travis


perguntou através da porta.

— O que faz você pensar que estou te protegendo?

— Bem, você disse que não era o meu namorado, então assumirei que
é o meu protetor.

Lucian arranhou o seu cérebro por uma resposta. Teria que inventar
algo para explicar por que estaria com Travis vinte e quatro horas por dia.

— O seu pai está trabalhando em um caso sério e ele está preocupado


que eles venham atrás de você. — Pronto. Isso parecia plausível, certo?
— O meu pai?

Travis abriu a porta e Lucian se afastou imediatamente dele. A última


coisa que precisava era que Travis descobrisse que não podiam se tocar. Isso
levantaria todos os tipos de perguntas que não estava preparado para
responder.

— Ele é do FBI ou algo assim?

— Ele é um Capitão da polícia de Seattle. — Onde estava Russell


Rhoades?

Jordan entrou no quarto e arqueou uma sobrancelha para Travis que


estava fora da cama.

— Tive que usar o banheiro, — Travis explicou.

— Há um penico.

— Um, não. — Travis sacudiu a cabeça. — Você não tem um daquele


outro modelo?

— Poderia nos dar licença, Lucian? — Jordan perguntou.

— Sim, claro.

Lucian entrou no corredor e soltou um enorme suspiro. Teria que falar


com o pai de Travis imediatamente. Encostou-se à parede e fechou os olhos.
Travis não sabia quem ele era. Não se lembrava de coisa alguma da sua vida.
Estava vulnerável ao ataque de tudo o que eles conheciam. A maior pergunta?
Por que Travis pensaria que estavam juntos? O Travis Rhoades que conheceu,
era inflexível sobre ser heterossexual. Não viu Travis em inúmeros encontros,
transando com eles? Lucian gemeu com aquele pensamento. Em algum lugar ao
longo do caminho, começou a gostar de Travis.

— Lucian?

Lucian abriu os olhos. Elijah estava olhando para ele.


— Sim?

— Ouvi sobre Travis. Acho que posso ajudar.

Elijah foi raptado há algum tempo e as suas memórias foram apagadas.


Não tinha ideia de quem eram os seus amigos.

— Disse a ele que sou a sua proteção porque o seu pai está em um
caso que é perigoso.

— Certo, isso funcionará. Já falou com o pai dele?

Lucian notou Russell Rhoades vindo pelo corredor.

— Não, mas irei agora. Não converse com ele ainda, e não tente tocá-
lo. Ainda não conseguimos ter contato com ele.

— Só lhe mostrarei fotos do grupo para que saiba que não estamos
aqui para machucá-lo.

— Lucian. — Russell assentiu. — Elijah.

— Oi, senhor Rhoades. Mostrarei fotos do grupo ao Travis.

— Acho ótimo que esteja aqui, Elijah. Você passou por isso. Se alguém
pode entender, é você.

Elijah sorriu e entrou no quarto de Travis. Lucian voltou a sua atenção


para Russell.

— Disse a Travis que eu era o seu guarda-costas porque você está


trabalhando em um caso que é perigoso.

— Isso é bom. Você provavelmente deve ficar nos apartamentos com


ele quando Travis puder sair.

— Espere, o quê?

— Se você estivesse em perigo, voltaria para a sua casa sozinho?


— Vejo onde você irá com isso. Faz sentido. Não sei se Travis irá me
querer em seu espaço vinte e quatro horas por dia.

— Bem, conversarei com ele quando Elijah sair. Nesse meio tempo,
por que não dorme um pouco? Você parece uma porcaria, Lucian.

— Eu não deveria–

— Você deve. Você não será bom para Travis se não está no seu
melhor. Além disso, este hospital está sobrecarregado de seres sobrenaturais.

Lucian assentiu. Sabia que Russell estava certo, mas a sua mente
estava lutando contra isso. Ele caminhou pelo corredor e encontrou os seus
irmãos andando.

— Irei para casa um pouco, — ele os informou.

— Bom. Você precisa descansar. — Killian pegou Lucian pelos ombros.


— Vamos vigiá-lo.

Travis olhava com admiração para os dois homens que estavam em


seu quarto. Um era francês e o outro era russo.

— Eu ajudei em um acampamento?

— Sim. — Elijah se assegurou de abaixar o álbum e se afastou. — Esses


caras e alguns outros fizeram isso acontecer.
— Um acampamento para crianças gays. Parece legal. — Travis olhou
para o álbum.

— Tivemos muita sorte em poder vir ajudar, Travis, — Caden Fournier


disse com um sorriso.

— Muitas das crianças não tinham um lugar para ir. Caden e os seus
amigos fizeram isso acontecer. — Andrei Panchenko falou.

— Então, você é o pai de Nikolai? — Travis levantou o álbum. — Esse


aqui?

— Sim. Nikolai é o meu filho.

— E quem são os seus filhos? — Travis perguntou ao francês.

— Eles são todos meus de uma maneira, — Caden explicou. — Eles não
tinham alguém, lugar algum para ir. Tirei-os das ruas, ofereci-lhes emprego e
um lugar para viver.

— Por que você faria isso?

— Porque eu me importo com o que acontece com esses jovens. Assim


como sempre me preocupei com você, Travis.

— Devemos deixá-lo descansar, Caden. — Andrei fez um sinal para a


porta. — Estaremos por perto se precisar de alguma coisa, Travis. Por favor,
descanse.

— Foi um prazer conhecê-los. — Travis gritou quando ambos saíram


do quarto. — Uau, eles são muito legais.

— Sim! — Elijah saltou na cadeira. — Agora, deixe-me lhe explicar


quem são todas essas pessoas.

Elijah sorriu quando Travis pegou o álbum. Levaria muito tempo para
Travis conseguir lembrar de todos, mas tinha fé que ele se lembraria.
Capítulo 10

Travis olhou para as fotos que Elijah deixou para trás. Ele estava em
muitas delas com muitas outras pessoas. Uma era de um grupo de todos eles
em uniformes de futebol. Travis olhou de perto a foto. Um dos rapazes, um loiro,
estava sorrindo para a câmera, o seu braço em volta do ombro de Travis. O
rosto era muito familiar.

Ele suspirou e se encostou na cama, olhando para o relógio. Muito em


breve, alguém viria com comida e ele não achava que ele tinha estômago para
comer mais uma refeição de hospital. A porta se abriu e o seu pai entrou,
segurando um saco de fast food.

— Oh, graças a Deus! — Travis exclamou, sentando-se na cama.

— Bem, eu estou tão feliz que você está feliz em me ver. — Russell
sorriu, segurando a sacola de comida fora do alcance de Travis.

— Estou feliz em ver você e a comida. — Travis estendeu as mãos. —


Me dê.

Russell riu, entregando o saco de comida ao seu filho. Ele se sentou na


cadeira ao lado da cama e olhou para Travis – a sua cor estava voltando.

— Então, como está a cabeça, garoto?

— Um, esse cara parece familiar. — Travis pegou o álbum e entregou


para o seu pai.

— Ah, sim. Brock. Vocês dois são próximos, não tão próximos quanto
você e Jordy, mas próximos.

— Deixe-me ver. — Travis estendeu a mão para o álbum. Ele olhou a


foto novamente e focou no último jogador nela à direita. — É ele?

Russell olhou para a foto.


— É! Você lembra?

— Nada específico, sabe? Pequenas coisas aqui e ali.

— Bem, isso é um começo.

— Hum, você viu Lucian?

— Ele deve estar de volta em breve. Precisava descansar um pouco.

— Nós estávamos juntos? — Travis manteve os olhos em sua comida


enquanto fazia a pergunta.

— Não que eu saiba. Ele é o seu guarda-costas.

— Eu era gay? — Travis sussurrou.

— Bem, nós nunca tivemos essa discussão, mas eu te direi o que eu


sempre digo: eu não me importo se você é.

Travis levantou a cabeça.

— Não?

— Não. Quase todo mundo que conhece é gay, Travis. Nicholas Stevens
e o seu marido, Sebastian, são alguns de meus amigos mais próximos. Jordy
está namorando um homem e Brock também.

— Sério? — Travis perguntou chocado. — Toda a equipe de futebol é


gay?

— Bem, Lance Walker parece ser hétero, mas o júri está fora, — Russell
riu. Ele ficou sério e olhou para o seu filho. — Estou falando sério. Não me
importo se você é gay.

— Você está apenas dizendo isso na esperança de que a minha


memória voltará e eu serei hétero? — Travis sorriu.

— Não. Eu realmente não me importo. Eu só o quero seguro. — Russell


pegou a mão de Travis. — Você é tudo o que eu tenho.
— O que aconteceu com a minha mãe?

— Ela morreu de câncer quando você era jovem. Só era você e eu,
garoto.

A porta se abriu e Jordan entrou, o nariz no prontuário de Travis. Ele


olhou para cima e sorriu para Travis e o seu pai.

— Bem, bom vê-lo tendo apetite. Irei levá-lo para a sua ressonância
magnética assim que você terminar.

— Quanto tempo terei que ficar aqui?

— Bem. — Jordan parecia pensativo. — Nós teremos que esperar e ver,


tudo bem? Eu quero ver alguma cura significativa no seu cérebro.

— Eu irei para o corredor com o médico enquanto você come, certo?


— Russell beijou a têmpora de Travis.

— Você falará sobre mim, não é?

— Provavelmente. — Russell sorriu, saindo com Jordan. Ele fechou a


porta e se virou para encarar o médico. Ele nunca esteve mais feliz de saber que
o grupo tinha um dos melhores neurocirurgiões do mundo entre eles.

— O que é, senhor Rhoades? — Jordan perguntou.

— Você está sendo honesto? Quero dizer, ele se lembrará, certo?

— Tudo o que posso dizer é que o cérebro de Travis está em


recuperação. Estou muito confortável em dizer-lhe que ele será capaz de deixar
o hospital pelo menos dentro das próximas duas semanas. Quero mantê-lo aqui
para monitorá-lo.

— Ele está ... diferente. Isso é normal?

— Cada lesão cerebral é diferente. A parte do cérebro de Travis que foi


mais afetada é o hipocampo. Ele forma uma parte importante do sistema
límbico. — Russell ergueu uma sobrancelha e Jordan tentou sorrir. — É a região
que regula emoções. Ele também desempenha um papel importante na
orientação espacial. Posso trazer o psiquiatra aqui, se quiser. O que te preocupa?

— Eu não estou preocupado. Estou confuso.

— Tudo bem, deixe-me entrar em contato com o Doutor Forrester. Ele


pode se sentar com Travis. Ele não é sobrenatural, então ele deve ser capaz de
ter contato com Travis.

— Obrigado, Doutor Youngblood.

O Doutor Cormick Forrester estava se preparando para partir quando


houve uma batida suave em sua porta. Atravessou o consultório e abriu-a para
encontrar Lucian.

— Eu estava saindo para ver Travis. O Doutor Youngblood ligou. É por


isso que você está aqui?

— Então você já ouviu. — Lucian assentiu.

— Há algo errado?

— Ele não é ... Travis, — Lucian tentou explicar. — O Travis que eu


conheço não é assim.

— Bem, ele teve a sua cabeça golpeada, Lucian. Isso pode mudar uma
pessoa.
— Você irá?

— Claro! — Cormick agarrou a sua jaqueta e lançou um olhar para


Lucian. Ele parecia cansado, talvez até um pouco pálido. — O que você tem?

— Ainda estou tentando voltar ao meu eu normal após o meu cérebro


ser limpo.

— Fale-me sobre isso no caminho.

Quando chegaram ao hospital, Travis estava assistindo TV. Ele sorriu


quando ambos entraram no quarto e, mais uma vez, Lucian não pôde evitar ver
a enorme diferença nesse Travis. O outro Travis não sabia sorrir. Não para ele,
de qualquer maneira.

— Oi! — Travis se levantou um pouco e sorriu para Lucian. — Hum,


quem é este? — Ele fez um gesto para o outro homem.

— Este é o Doutor Cormick Forrester, Travis. Ele gostaria de falar com


você.

— Você ficará? — Travis perguntou.

— Eu não acho ... — Lucian olhou para Cormick. — Ele é psiquiatra,


Travis. Eu não acho que você iria querer outra pessoa no quarto.

— Por quê? Não me lembro se fiz alguma coisa que exigiria um


psiquiatra. — Travis riu.

Cormick puxou uma cadeira e pegou a mão de Travis.

— Ouvi dizer que você teve um grande impacto na cabeça. Há alguma


coisa que você se lembre?

— Lembrei-me de alguns amigos jogadores de futebol. Bem, mais ou


menos. Eles pareciam familiares, mas de novo, Lucian também.

— Você se lembra de Lucian? — Cormick perguntou, surpreso.


— Não é como uma lembrança, sabe? É, como, uma sensação que eu
tenho.

— Que tipo de sensação?

— Como eu deveria estar com ele ou algo assim. É estranho? — Travis


avistou Lucian trocando de um pé para o outro e sorriu. — Você está
desconfortável?

— Eu não deveria estar aqui. — Lucian se virou para sair quando ouviu
uma comoção atrás dele. Travis estava fora da cama, de pé no meio do quarto,
a mão estendida e um olhar de choque em seu rosto.

— O que ... por que eu não posso te tocar? — Travis sussurrou. — Oh,
Deus, estou vendo um fantasma? Estou louco, não estou?

— Não, você não está louco, — Cormick começou a explicar.

— Ele não está realmente aqui, certo? — Travis sacudiu a sua cabeça,
tentando pensar se alguém tinha realmente falado com Lucian quando eles
estavam no quarto. — Estou doente ou algo assim, certo? É por isso que eu
estou aqui! Você disse que eu me machuquei, mas você está mentindo!

— Eu juro, Travis, Lucian é real. — Cormick pegou Travis por seus


ombros. — Olhe para mim. Lucian é real. — Cormick deu um passo para trás e
pegou a mão de Lucian. — Vê?

— Então por que não posso tocá-lo?

Lucian arrastou as mãos pelo rosto.

— Porque há um feitiço que inibe qualquer coisa sobrenatural de te


tocar.

— Realmente, Lucian? — Cormick franziu o cenho.

— Bem? — Lucian jogou as suas mãos para cima no ar. — Ele deve
saber a verdade!
— Então, se nada sobrenatural pode me tocar, o que você é?

Lucian decidiu manter simples.

— Sou um bruxo.

— Como uma bruxa? — Travis sorriu. — Você está me zoando, certo?


— Lucian desapareceu e a boca de Travis se abriu. — Onde ele foi?

— Quem sabe? — Cormick disse, cansado.

Lucian reapareceu com o tocador de Mp3 de Travis.

— Aqui, isso é seu. — Lucian colocou o tocador na mesa de Travis e


ele tentou tocá-lo novamente. O feitiço repeliu a mão de Lucian de volta. — Viu?
Não posso ter contato com você. Nenhum de nós pode ... bem, exceto os
médicos e o seu pai.

— O que mais você pode fazer? — Travis arqueou as sobrancelhas.

— Vamos focar no assunto, certo? Lucian, por que você não chama
Chance e os outros feiticeiros e vemos se não podemos nos livrar do feitiço.

— Eu voltarei. — Lucian prometeu quando ele desapareceu novamente.

— Isso é tão ... legal! — Travis exclamou.

Cormick inclinou a cabeça.

— Eles estavam certos, você está diferente.

— O que você quer dizer?

— Nada. Vamos esperar e ver o que os bruxos farão.


Poucos minutos depois, Lucian apareceu com mais alguns homens ao
seu lado. Um deles era muito pequeno e parecia um querubim doce. Travis olhou
para todos e sorriu.

— Então, vocês são todos feiticeiros?

— Sim, eu sou Wraith. Eu namoro Jordy.

— Prazer em conhecê-lo. — Travis estendeu a mão e puxou-a


lentamente. — Ah, sim, sem tocar.

— Eu acho que precisaremos mais do que apenas nós. — Chance


fechou os olhos. A energia que cercava Travis era poderosa. — Pegarei a minha
mãe e trabalharemos em alguma coisa. Enquanto isso, manteremos Travis
seguro.

— Eu ficarei aqui até que ele seja liberado. — Lucian acenou com a
cabeça para os outros bruxos.

— Eles são da sua família? — Travis apontou para dois dos bruxos.

— Sim. Este é meu irmão, Cezar. O outro é Killian. São ambos do meu
sangue.

— Sim, irmãos. — Travis inclinou a cabeça para o lado. — Você é o


mais gostoso.

Cezar tossiu e Killian riu.


— Bem, nós apenas iremos agora. Eu entrarei em contato. — Chance
tentou segurar o seu riso do olhar no rosto de Lucian.

O quarto se esvaziou, exceto pelo Doutor Forrester, que estava


olhando para Travis, maravilhado.

— Sim? — Travis sorriu.

— Eu acho que quando você for dispensado, eu conversarei com você.


Daremos ao seu cérebro algum tempo para curar.

— Parece um plano, — Travis concordou.

O médico saiu e Travis olhou para Lucian. Um bruxo? Ele não podia
negar o que vira. Ou eram mágicos fabulosos, ou estavam dizendo a verdade.

— Então, hum, quer jogar alguma coisa?

Lucian se sentou na cadeira ao lado da cama e suspirou.

— Como o quê?

— Eu pensarei em algo.
Capítulo 11

Lucian passou todos os momentos acordado com Travis em seu quarto


no hospital. Eles jogaram muito, desde damas até xadrez. Lucian sabia que
Travis estava cansado de estar no hospital. Jordan e a sua filha ainda estavam
monitorando Travis todos os dias, verificando os seus exames e tirando sangue.
Com tudo isso, o novo Travis estava levando tudo com calma. Era
definitivamente ... estranho.

Lucian estava começando a ansiar pelo tempo que passava com Travis,
e estava começando a vê-lo sob uma nova luz. Tinha de admitir, no entanto,
que sentia falta do velho Travis – o seu cenho franzido, a forma como os seus
olhos brilhavam quando estava zangado.

Mais de uma semana se passara e Travis estava andando pelo quarto


enquanto Lucian chegava com a sua comida.

― Você deveria estar na cama.

― Estou tão cansado de estar sobre as minhas costas! Eu só quero ir


lá fora e ver o maldito sol!

― Agora, isso se parece com o Travis que eu conheço, ― Lucian riu.

― Adoro o teu sorriso.

― E estamos de volta ao desconhecido Travis.

― Eu era tão ruim?

Lucian abaixou a comida e olhou para Travis.

― Você não era ruim, apenas teimoso, infantil e irritante.

― Bem, não enfeite isso para mim, ― Travis resmungou.

― Há muito mais em você do que parece, Travis. Não era tudo ruim.
― Então ... ― Travis se aproximou de Lucian. ― Nós estávamos meio
que juntos, certo?

― Não. Como eu disse, nós nunca tivemos um romance.

Travis parou na frente de Lucian e olhou para ele. Ele não era baixo,
mas na presença de Lucian, ele se sentia pequeno. O homem não era apenas
alto, mas também muito musculoso. Travis levantou a mão e deixou-a pairar
pela bochecha de Lucian.

― Quero saber como é a sua pele.

Os olhos de Lucian se arregalaram quando Travis fechou os olhos e


lambeu os lábios. Ele nunca quis tocar em Travis tanto quanto ele queira neste
momento, pegar a sua mão e colocá-la sobre a sua pele, e tocar a pele de Travis
também. Que diabos estava errado com ele?

― Espero que Chance possa encontrar uma maneira de reverter o que


foi feito para você.

― Você é todo trabalho, não é? ― Travis franziu o cenho, deixando a


sua mão cair.

― Eu tenho que ser quando se trata de você, Travis.

― Vamos jogar alguma coisa. ― Travis voltou para a sua cama e pegou
um dos jogos de tabuleiro.
― E se eu te levar para fora um pouco?

― Você acha que o Doutor Youngblood deixaria?

― Não pedirei permissão. ― Lucian levantou uma sobrancelha.

― Oooh! Bruxo impertinente! ― Travis riu, levantando novamente e


calçando os seus chinelos.

― Agora, fique quieto. ― Lucian caminhou até a porta e olhou para


fora, verificando os corredores.

Eles terminaram no telhado enquanto o sol se punha em meio a uma


ligeira névoa. Travis ergueu o rosto e deixou que as gotículas de água o tocasse.
Ele estendeu as mãos para os lados, com as palmas para cima e inspirou
profundamente. Lucian apenas o olhou fixamente. Ele não podia acreditar na
diferença do homem que estava diante dele. A franja de Travis estava úmida e
presa à testa. Ele ainda tinha uma atadura em volta de sua cabeça, mas não
diminuía a sua boa aparência. Lucian sacudiu a cabeça e inclinou-a para trás.

― Eu senti falta disso. Eu acho. ― Travis franziu o cenho. Abriu os


olhos e olhou para Lucian na frente dele. ― É errado querer tocar em você?

Lucian olhou para Travis e colocou as mãos na frente dele. Travis pegou
e colocou as suas mãos o mais perto que pôde de Lucian. O feitiço o afastou um
pouco e Lucian suspirou frustrado. O olhar decepcionado de Travis tocou algo
dentro dele.

― De todas as vezes que eu queria te dar uma bofetada, ou te bater


na cabeça, só desta vez, eu adoraria ser capaz de te abraçar. Quando você se
machucou, eu me culpei. Não fui capaz de te proteger.

― É a única maneira que pensa em mim?

Lucian estava prestes a abrir a boca quando o céu se abriu e a


verdadeira chuva começou a cair.

― Vamos lá. ― Lucian começou a correr. ― Nós precisamos te secar.

― Você me contará tudo?

― Eu não acho que isso é sábio, Travis. Levemos um dia de cada vez.

― Tudo bem.

Travis passou por ele e Lucian olhou para o céu.

― Alguma ajuda seria agradável!

Jordy estava no quarto de Travis quando eles voltaram. Ele estava


sentado na cadeira de canto lendo uma revista. Ele olhou para cima quando
entraram e se levantou, caminhando em direção a Travis. Ele foi afastado pela
barreira de Travis e abaixou a cabeça.
― Ainda está aí, hein? ― Jordy gemeu.

― Estamos trabalhando nisso. ― Lucian suspirou.

― Bem, eu quis vir e vê-lo. Eu senti a sua falta na minha festa de


aniversário.

― Cara, ― Travis gritou. ― Estou sentindo falta de tudo aqui! Você se


divertiu?

― Sim! Wraith me levou para o topo do Monte Rainier e depois para


jantar.

― Você subiu no Monte Rainier? ― Os olhos de Travis se arregalaram,


então ele pensou por um segundo. ― Espere, isso é alto?

― Sim, mas Wraith nos teletransportou para o cume. Foi bonito.

― Você pode fazer coisas assim? ― Travis perguntou a Lucian.

― Eu posso.

― Isso é tão incrível! ― Travis bombeou o punho.

Jordy sacudiu a cabeça.

― Você realmente está diferente, não é? Eles me disseram que a sua


personalidade tinha mudado, mas eu não acreditava nisso até agora.

― O que quer dizer?

― Confie em mim, você não era animado assim.

― Jordy, ― Lucian avisou.

― Eu sei, eu sei. ― Jordy acenou uma mão. ― Então, alguma ideia de


quando eles te liberarão?

― Espero que seja logo. Estou ficando louco aqui.


― Bem, o segundo em que você estiver fora, nós daremos uma festa
no apartamento.

― Tenho um apartamento?

― Sim, você tem, ― Lucian interrompeu. ― Eu acho que você deveria


se secar antes de ficar com frio.

Travis os deixou e Lucian virou-se para Jordy. O outro Olimpiano


parecia preocupado.

― O que é? ― Lucian perguntou.

― Ele não se lembrou de algo mais?

― Não, ainda não.

― O seu aniversário está chegando. ―Jordy suspirou, passando uma


mão pelo cabelo.

― Quando?

― Primeiro de outubro. Então temos o evento de Boas-Vindas e outras


coisas.

― Falarei com Jordan e verei se Travis pode ser monitorado em casa.

― Tenho certeza de que o Doutor Youngblood gostaria de estar de volta


com a sua família. Foi maravilhoso ele vir e nos ajudar.

― Eles são uma grande parte desta equipe. No entanto, optamos por
não os envolver nesta luta.

― Eles são humanos. ― Jordy assentiu com a cabeça em compreensão.

Nem todas as missões da equipe envolviam o sobrenatural. Os Skull


Blasters resgatavam rotineiramente mulheres sequestradas usadas no tráfico,
destruíam laboratórios de drogas ilegais, derrubavam chefes do crime e outras
tarefas que eram o equivalente a tirar um lixo humano.
Travis saiu do banheiro e olhou de Lucian para Jordy.

― Perdi alguma coisa?

― Não, eu já vou sair. ― Jordy sorriu para Travis. ― Eu sinto a sua


falta, cara. Eu sei que você não se lembra da nossa amizade, mas você sempre
esteve lá por mim, Travis.

― Espero que me lembre logo.

― Eu também.

Jordy saiu e Travis sentou na cama. Ele coçou a cabeça e depois


suspirou com o curativo úmido que ainda o cobria. Ele queria lavar o cabelo,
mas tinha que esperar a enfermeira entrar e trocar a sua atadura quando ele
saísse. Lucian sentou-se diante dele e cruzou os braços sobre o peito.

― Você deveria descansar. Falarei com o médico.

― Estou um pouco cansado. — Travis rolou para o lado e fechou os


olhos.

Lucian esperou para ouvir a respiração de Travis se acalmar antes de


fechar os olhos também. Ele precisava levar Travis de volta ao apartamento e
tentar aumentar as suas memórias de alguma forma. Travis estava vulnerável
agora, mais do que nunca. Lucian finalmente sucumbiu ao sono que precisava.
Dois dias depois, Travis saiu do hospital com uma comitiva. O seu pai
e o Doutor Youngblood, junto com um invisível Lucian, o acompanharam até o
seu apartamento. Lucian estava alerta durante todo o tempo, certificando-se de
que nada acontecesse a Travis na viagem para casa do hospital. Ele estava
preocupado que os Titãs atacariam novamente.

Travis ainda não sabia quem – e o que – ele era, mas a maior
preocupação de Lucian era como ele reagiria quando descobrisse que ele era
filho de um deus do Olimpo. Até agora, esse Travis parecia levar as coisas a
passos largos. Lucian apareceu no apartamento de Travis quando destrancou a
porta.

― Uau, isso é tudo meu? ― Travis olhou ao redor do apartamento


espaçoso. Caminhou até as portas de vidro deslizantes da sala e saiu para a
varanda. ― Uau, legal!

― Sim, é. ― Russell levou o seu filho em um passeio pelo apartamento


enquanto Lucian ficava com Jordan.

― Como ele está? ― Lucian perguntou.

― Os seus exames estão bons. Quanto à sua memória? Isso é incerto.


Tivemos que lidar com a mesma coisa com Alex Cannon, quando ele perdeu a
memória por uma lesão. Confie em mim, a sua atitude depois que ele perdeu a
memória não foi boa.

― Travis é o oposto. Nada o incomoda.

― É um jogo de espera, Lucian. Eu sei que não é o que você quer ouvir,
mas isso é tudo o que podemos fazer. O cérebro faz o que o cérebro quer quando
está pronto para fazê-lo.

― Isso é de uma revista médica? ― Lucian lhe deu um pequeno sorriso.

Jordan riu.
― Eu baixei para você. ― Ele acariciou o ombro de Lucian. ― Eu preciso
voltar e pegar Charlie. Se precisar de alguma coisa me ligue, tudo bem? Voltarei
dentro de uma semana para vê-lo e dar uma nova olhada em seus exames.

― Obrigado, Jordan. ― Lucian apertou a sua mão.

― De nada.
Capítulo 12

Travis caminhou ao redor de seu quarto e tentou ter alguma lembrança


do cara que morava aqui. De acordo com todos, ele não era parecido com o cara
que morava aqui. Quão estranho era pensar em si mesmo como outra pessoa? O
seu pai se desculpou para ir fazer o jantar e Travis foi verificar o conteúdo de
seu armário. Jeans e malha eram dominantes em seu guarda-roupa. Havia
algumas calças de moletom e Travis agarrou uma. Atravessou o quarto para a
cômoda e começou a procurar camisetas quando a sua mão bateu em algo sólido
sob uma pilha delas. Ele puxou para fora e olhou. Era um diário.

Travis sentou-se na cama e o abriu. Este Travis falava sobre o ensino


médio e como ele queria ser maior para que pudesse jogar futebol. Havia uma
foto desgastada e desbotada de uma mulher entre as páginas e ele a levantou,
olhando para ela. Deveria ser a sua mãe. Ela era tão linda. Travis colocou a foto
no criado-mudo e começou a folhear as páginas. Ele não tinha certeza do
porquê, mas sentia-se um pouco mal por ler o diário. Era dele, não era? Travis
falava de seus amigos e de como seria se ele não tivesse se encontrado com
eles, que ele não saberia o que fazer consigo mesmo. Ele adorava futebol, sair
com os caras e assistir a filmes.

Então ficou interessante.

Travis falou de não gostar de quem ele se tornou, de como odiava o


que foi forçado sobre ele, e como ele só queria uma vida normal. Ele também
contou um sonho recorrente sobre um garoto de cabelos escuros que costumava
brincar com ele. A próxima página era ainda mais intrigante. Travis leu em voz
alta.

— Ele nem sequer me notou. Acabou por ser como se eu nem


existisse! Não é justo. Era para ele ser meu!
Travis sacudiu a cabeça e continuou a ler. Este Travis estava atraído
por um homem, mas apenas por um homem, e parecia que o homem o
odiava. Travis levantou a cabeça e sorriu.

— Lucian, — ele sussurrou.

A porta de seu quarto se abriu e Lucian enfiou a cabeça dentro.

— Você me chamou?

— Hum, não. — Travis se remexeu, empurrando o diário sob o seu


travesseiro.

— O seu pai fez o jantar. Você gostaria de se juntar a nós?

— Estou com fome. — Travis assentiu, agarrando o seu boné do alto


de sua cômoda.

O seu cabelo estava crescendo, mas ele ainda era quase


calvo. Felizmente, o Doutor Youngblood deixou umas mechas. Travis riu
enquanto cruzava o quarto.

— Você está bem?

— O que quer dizer?

— Bem, aqui estamos em sua casa, você não nos reconhece muito bem
...

— Estou bem, Lucian. Vi todas as fotos. Eu sei que ele é o meu pai e
você é o meu guarda-costas, certo?

— Sim. Eu só quero ter certeza de que você não está desconfortável.

— Estou bem. — Travis sorriu, passando por Lucian.


Travis encheu o seu pai com perguntas durante o jantar, em que tipo
de caso ele estava trabalhando, quando ele descobriu sobre os bruxos e
tal. Travis achava tudo fascinante. Quem diria que os bruxos eram reais? Ele
ainda estava tentando envolver a sua cabeça em torno de tudo, por assim dizer.

Assim que terminaram de comer e os pratos estavam na máquina de


lavar louça, eles se retiraram para a sala de estar e Lucian acendeu a
lareira. Travis sentou-se na frente, aquecendo as mãos. Ele fechou os olhos
enquanto o calor se infiltrava nele. Uma lembrança apareceu em sua cabeça e
ele ofegou.

— O que foi? — Lucian caiu para o lado de Travis em um instante.

— Algo sobre o fogo. Eu tive um vislumbre dos caras e de mim em um


círculo em algum lugar. Havia fogo e gritos. — Travis estremeceu.

— Mais alguma coisa? — Russell perguntou.

— Não. — Travis suspirou. — Já se foi.

— Bem, eu deveria ir para casa, a menos que você queira que eu fique?
— Russell perguntou.

— Não, eu ficarei bem. Lucian está comigo. — Travis se levantou e


abraçou o seu pai com força. — Obrigado pelo jantar. Estava muito bom.

— Você sempre amou o meu macarrão com queijo, garoto.


— Deve ser o cachorro-quente empanado no palito nele, — Travis
pensou. — De qualquer forma, é de longe melhor do que a comida do hospital.

— Te levarei até lá fora. — Lucian fez sinal para a porta.

Travis sentou-se de volta à frente do fogo e fechou os olhos, pensando


no diário. Então ele teve uma queda, ou ainda tinha uma queda, por Lucian. Ele
sabia que não estava ficando louco quando viu o bruxo no hospital!

Mas por que o outro Travis estava tão chateado com a sua vida? O que
poderia ser tão ruim sobre isso? Ele morava em um lugar agradável, tinha
realmente bons amigos e família. Então o que tinha para não gostar? Era
confuso como inferno se referir a si mesmo como o outro Travis, mas neste
momento era o que ele era. A porta se fechou atrás dele e ele olhou para ver
Lucian andando em direção ao quarto dos fundos.

— Você voltará para sentar comigo?

— Voltarei. Eu gostaria de me trocar primeiro.

— Oh, tudo bem.

Lucian fechou os olhos e desapareceu, segundos depois, ele estava de


volta e vestia uma calça confortável e uma camiseta.

— Uau. — Travis sorriu. — Isso é tão legal.

Lucian caminhou até a lareira e sentou-se ao lado de Travis. Era


estranho ver esse Travis sorrindo o tempo todo e rindo.

— Por que você está me olhando assim? — Travis perguntou.

— Não estou acostumado a vê-lo assim, — Lucian admitiu.

— Uau, eu devo ter sido um idiota de verdade.

Lucian riu.

— Não, você não era.


— Você pode me dizer algumas coisas?

— Como? — Lucian arqueou uma sobrancelha.

— Bem, Jordy, por exemplo. Wraith é um bruxo, certo?

— Sim.

— O Jordy sabe disso?

— Claro que ele sabe, como Stone.

— Oh, hum, Stone Marinos, certo? Ele namora o seu irmão.

— Sim. Eles não se davam bem quando se conheceram pela primeira


vez.

— Parece familiar, — Travis murmurou.

— O quê?

— Nada. Então, e Jordy? Ele sempre soube que Wraith era um bruxo?

— O próprio Wraith não sabia que ele era um bruxo no começo. Nós
tropeçamos nisso.

— Como?

Lucian fechou os olhos e tentou imaginar um cenário que não estivesse


todos afastados. Embora Travis tivesse tomado a notícia de bruxos bem, ele não
sabia se Travis aceitaria a notícia de semideus tão bem.

— Uma tatuagem apareceu nele perto de seu aniversário de 21 anos.

— Então, Jordy é mais velho, certo?

— Sim.

— Quantos anos você tem? Ou é algo que você não pergunta a um


bruxo?
— Não tenho certeza da minha idade. Killian tem vinte e poucos anos,
então Cezar e eu temos mais ou menos a mesma idade que ele.

— Legal. Acho que tenho vinte e três anos? Não tenho certeza. O meu
pai disse que acha que tenho doze anos.

Lucian soltou uma gargalhada e o interior de Travis se aqueceu com o


som.

— Isso parece certo, pelo menos para o outro Travis.

Ambos se entreolharam e riram. Travis segurou o seu estômago


enquanto doía de rir. Eles finalmente se acalmaram e Travis se apoiou em suas
mãos.

— Eu estava pensando o quão estranho é me referir ao outro


Travis. Quer dizer, eu sou a mesma pessoa.

— Sim, mas sem lembrar. Eu sofri o mesmo que você há algum tempo,
mas só durou alguns minutos.

— O que aconteceu?

Merda. Lucian lutou para encontrar uma maneira de explicar a sua


limpeza mental pelos deuses Olímpicos.

— Eu tive um problema aqui em cima. — Lucian tocou a sua cabeça. —


Descobrimos uma maneira de consertá-lo magicamente.

— Então, em teoria, você poderia consertar a minha cabeça? Quero


dizer, assim que vocês descobrirem como tirar esse feitiço que repele, certo?

— Não tenho certeza de que tentaremos consertar alguma coisa aí em


cima, Travis. Acho que por enquanto é melhor deixar o seu corpo curá-lo
naturalmente.
— Mas, eu teria o meu cabelo crescendo mais rápido. — Travis
balançou as suas sobrancelhas. — Agora me sinto como um recém-nascido, ou
um homem de noventa anos de idade.

— Você parece bem.

— Aposto que você diz isso a todos com amnésia.

— Eu não conheço outro–

— Estou brincando, cara grande. Realmente não entende muito


sarcasmo ou piada, não é?

— Eu não sou bom nisso não. Não fui criado com outras pessoas. Era
só eu e Cezar trancados em uma jaula.

— Sinto muito, — Travis disse sinceramente. — Por quê?

— Porque somos bruxos, Travis. As pessoas temem o desconhecido.

— A vida é tão curta. As pessoas devem abraçar o desconhecido.


Assumir riscos, apaixonar-se, saltar de um avião, subir a montanha mais
alta. Você nunca sabe quanto tempo estará aqui. Você deveria abraçar tudo. —
Lucian estava olhando para ele com a boca aberta e Travis sorriu. — Ele não diz
merda assim, não é?

— Não, ele não diz.

— Estou realmente começando a sentir pena do meu outro eu.

— Travis era, é, ugh, isso é tão confuso!

— Eu sei, tente ser eu agora. Parece que ele estava cheio de raiva.

— O seu mundo inteiro desmoronou sob ele e ele foi empurrado em


um mundo do qual não queria fazer parte.

— Você quer dizer as coisas mágicas, certo?

— Sim, — Lucian disse rapidamente. — Você é tão ... diferente.


— Talvez eu seja o seu lado mais leve? O lado dele que queria estar
livre de tudo isso? Quem sabe? Não parece que você gosta muito dele.

— Eu não diria isso. Ele me empurrou, lutou comigo e me irritou.

— E isso é bom? — Travis sorriu.

— Eu nunca tive isso na minha vida, alguém que me levasse a


beber. Na verdade, saí para beber álcool. — Lucian sacudiu a cabeça com um
sorriso. — É constante com Travis.

— Você quer dizer eu.

Lucian olhou para Travis. A luz do fogo acariciava o seu rosto e os seus
olhos brilhavam com alegria. Lucian notou uma faixa de dourado se espalhando
nos olhos caramelos de Travis.

— Você tem os olhos mais atraentes, — Lucian se viu dizendo.

— Você tem os lábios mais fascinantes, — Travis respondeu. — O seu


lábio superior é cheio, mas não enorme. E complementa o seu lábio inferior, que
é apenas um pouco mais grosso. É um cor-de-rosa claro surpreendente.

Lucian piscou e então se viu lambendo os lábios. Os olhos de Travis


seguiram a sua língua enquanto ela deslizava pelos lábios. Lucian recuou um
pouco, tentando manter algum espaço entre eles. Travis abaixou a cabeça com
um sorriso.

— Desculpe, eu não pude evitar.

— Está tudo certo. Devemos dormir um pouco. Está tarde. — Lucian


levantou-se e esticou o pescoço e as costas. — Se você precisar de mim, eu
estarei do outro lado do corredor em frente a você. Não hesite em me chamar.

— Certo. Boa noite, Lucian.

Travis observou o traseiro de Lucian enquanto caminhava pelo corredor


em direção aos quartos. Aquele homem tinha que ser o melhor cara que já vira.
Bem, desde que ele acordou. Travis riu para si mesmo e então arrastou a sua
bunda para fora do chão. Ele foi ao banheiro e escovou os dentes, olhando a sua
cabeça no espelho. Inclinou-a de um lado para o outro, verificando a cicatriz em
sua cabeça. Não perguntara o que aconteceu com ele ainda, e não tinha certeza
se ele queria saber.

Ele se arrastou para a cama e puxou os cobertores até o queixo.


Pegando o diário, ele abriu para a próxima página. Ele queria saber mais sobre
Lucian e qual era o relacionamento deles. Tinha a sensação de que o bruxo
estava escondendo algo.

E ele queria realmente saber o que era.


Capítulo 13

Chance veio no dia seguinte com os outros bruxos e a sua mãe. Eles
sentaram Travis em uma cadeira da cozinha e Melanie Christianson caminhou
ao redor dele. Lucian a observava cuidadosamente. Eles precisavam que o
feitiço fosse quebrado para que pudessem protegê-lo melhor. Lucian quase
bufou. Essa não era a única razão pela qual ele queria que o feitiço fosse
quebrado. Ele queria abraçar Travis e sentir o seu batimento cardíaco, saber que
ele estava realmente vivo.

— Olá, Travis. Eu sou Melanie, a mãe de Chance. É lamentável


conhecê-lo nessas circunstâncias, mas acredito que posso ajudar. Um feitiço
muito forte foi lançado contra você e precisará de todos nós para removê-lo.

— Por que isso foi feito comigo? — Travis perguntou, curioso.

Melanie se agachou na frente de Travis e sorriu.

— Há muito tempo, havia um grupo de seres sobrenaturais que


receberam um dom, um presente da magia. Eles deveriam usá-lo para beneficiar
a humanidade, mas, como com todo poder, é preciso um indivíduo muito forte
para usá-lo apenas para o bem. O poder absoluto corrompe. Havia dois tipos de
bruxos, o bom e o mau, e uma luta foi travada entre eles. O bom derrotou o
mau. No entanto, o mau sempre consegue escapar de seus confins e destruir.
Você foi apenas um inocente que estava envolvido em uma guerra que ainda
está forte hoje, Travis.

— É minha culpa, — Lucian sussurrou.

— Não diga isso! — Travis gritou. — Você fez isso comigo? Não. Você
tem sido atencioso, Lucian, e não diga que é por culpa!

— Bem, agora aqui está. O Travis que conhecemos. — Chance sorriu.

Melanie acenou para eles e virou-se para Travis.


— Preciso que você faça o que eu digo, certo?

— Certo. — Travis assentiu.

Melanie levantou-se e estendeu uma mão para Chance.

— Preciso que todos vocês deem as mãos bem apertadas. — Ela se


virou para Loki, o jovem de aspecto angelical que Travis vira antes. — Como o
mais poderoso, você levará o peso disso.

Loki assentiu.

— O que for preciso.

— Não soltem, — Melanie advertiu. — Não importa o que vejam ou


sintam, não cortem a ligação! Travis, feche os olhos.

Travis manteve os olhos fechados, não só porque a mulher lhe pediu,


mas porque tinha medo do que poderia ver. A cozinha começou a aquecer e uma
ligeira brisa passou por ele. O vento começou e aumentou quando as pessoas
ao seu redor começaram a entoar em uma linguagem irreconhecível. Travis
manteve os olhos fechados e tentou respirar normalmente enquanto o vento
começava a girar em torno dele. O feitiço ficou mais alto e a sala ficou mais
quente.

— Não soltem! — Melanie gritou.

Mesmo com as suas pálpebras fechadas, Travis podia sentir uma luz
brilhante em seu rosto. Agarrou o braço da cadeira enquanto começava a
desvanecer e o seu boné balançava em sua cabeça.

Os pelos do corpo de Lucian se ergueram quando a força total de seu


poder se uniu. Houve um barulho e, então, todo o apartamento ficou escuro.

— Travis?

Travis manteve os olhos fechados e depois ofegou quando uma mão


segurou o seu queixo.
— Lucian?

— Funcionou! — Lucian exclamou.

— Bem, espero que você entenda que todos sairemos agora e


dormiremos por dez dias. — Loki caiu nos braços do namorado. Cezar
aproximou-o e beijou o topo da sua cabeça.

Travis finalmente abriu os olhos. Lucian estava agachado na frente


dele, parecendo preocupado. Ele se levantou e encarou o grupo na cozinha.

— Obrigado por tudo o que vocês fizeram.

— Cuide-se, Travis. — Melanie beijou a sua bochecha.

— Eu acredito que isto é seu? — Cezar entregou o boné de volta para


Travis, que rapidamente colocou sobre a sua cabeça.

— Obrigado.

Um por um, eles desapareceram, deixando-o com Lucian, que caiu no


sofá e exalou um enorme suspiro. Travis sentou-se no braço do sofá e olhou
para o bruxo. Ele era tão lindo, mesmo agora quando estava exausto.

— Por que você não dorme? — Travis puxou o cobertor de Lance na


parte de trás do sofá e cobriu Lucian. — Farei algumas coisas para comer.

— Tem certeza? — Lucian estava tão cansado, que mal conseguia


levantar a cabeça.

— Sim. Eu ficarei bem.


Travis sentou-se e viu Lucian dormir por algumas horas enquanto lia o
diário mantido pelo seu álter ego. Era uma leitura estranha sobre o homem
atualmente desmaiado no sofá. Tanto quanto Travis reclamava, gemia e
queixava-se de Lucian, ele podia ver a corrente de atração.

E agora ele podia ver o porquê.

Travis aproximou-se do sofá e afastou os cabelos de Lucian de seus


olhos. O seu nariz era reto, quase régio, e tinha um queixo forte. Longos e pretos
cílios afloravam na pele imaculada de Lucian. Travis se viu atraído pelo bruxo no
sofá e compreendeu por que o outro Travis estava tão em conflito. Até certo
ponto.

O que tinha Lucian para ser tão irritante? De acordo com Travis, apenas
estar no mesmo ambiente com Lucian o deixava louco.

— Posso ver por que você deixaria alguém louco, — Travis disse
suavemente.

Os cílios pretos vibraram e, então, os olhos ônix olharam para os seus.


Travis tentou sorrir, mas o olhar de Lucian era cauteloso. Travis olhou por cima
do ombro para ver um leve brilho de luz atrás dele. Ele se levantou e atravessou
a sala rapidamente.

— O que foi isso? — Travis passou a mão pelo ar e sentiu uma


assinatura de calor.
— Eu não vi coisa alguma. — Lucian sentou-se e estralou o pescoço de
um lado para o outro. — Você comeu?

Travis virou-se e encarou Lucian.

— Por que você está mentindo?

— Não estou. Eu não vi coisa alguma, — Lucian mentiu. Ele odiava


fazer isso, mas dizer a Travis que seu o pai Olímpico acabara de ficar atrás dele,
deixaria as coisas piores.

— O jantar está na mesa. — Travis saiu da sala, batendo a porta.

— Agora, esse é o Travis que conheço, — Lucian murmurou secamente.

Travis soprou a franja de seu rosto enquanto Jordy cortava o seu


cabelo. Ele realmente odiava a forma como estava crescendo e decidiu cortar
tudo. A sua cicatriz estava muito melhor e ele sentiu como se pudesse voltar
para a faculdade. Os seus professores lhe deram uma folga devido à sua perda
de memória, mas as sessões de estudos com os seus amigos estavam ajudando.
Ele continuou com o seu trabalho graças às tarefas entregues por amigos, mas
estava começando a se cansar disso.

— Parece bom, cara. O que você quer para o seu aniversário? — Jordy
perguntou.

— Eu quero sair. Talvez ir na praia?


— Oh, hum ...

— Não diga que não posso! O Doutor Youngblood já disse que estou
bem e posso ir lá fora. Eu não posso correr uma maratona ainda, mas posso
ficar de pé e comer com um garfo! Pare! Eu queria que vocês parassem de ser
tão superprotetores!

— Uau, certo, espere um segundo? Estamos apenas preocupados com


você.

— Eu quero ir para o oceano com o meu pai. Quero ir pescar.

— Tudo certo. Deixe-me ligar para ele, tudo bem? Você pode tomar
um banho agora. Já cortei todo o comprimento. — Jordy se inclinou, tirando o
cabelo dos ombros de Travis. — Ei, isso ficou bonito. Parece uma lança.

— Huh? — Travis olhou por cima de seu ombro.

— Você tem uma marca de nascença na sua orelha.

— Nunca percebi isso antes. — Travis deu de ombros.

— Certo, vá se limpar. — Jordy esperou até que Travis tivesse entrado


no chuveiro antes de sair e fechar a porta. Ele correu para a cozinha para
encontrar Lucian, Cezar e Killian inclinados sobre a ilha lendo o jornal. — Ele
quer ir pescar.

— Nós podemos fazer isso acontecer. — Cezar assentiu.

— Ele terá de ter todos nós o protegendo, — Lucian advertiu.

— Podemos fazer isso, — Killian assegurou.

— Buscarei Loki. — Cezar desapareceu.

— Tem certeza de que é uma boa ideia? Pelo menos aqui ele está
protegido. — Jordy mordeu o seu lábio inferior com preocupação.
— Teremos certeza, — Lucian disse com firmeza. — Ligarei para
Russell.

Travis estava perto da entrada da cozinha e franziu o cenho. Ele ouviu


a conversa inteira, e agora estava se perguntando do que eles todos estavam
tentando protegê-lo e por quê. Ele correu para o banheiro. Ele descobriria o que
eles estavam escondendo.

— Pai?

— Sim?

— Há algo de errado comigo?

— Não, por quê?

— Eu não posso evitar, mas sinto como se vocês estivessem


escondendo alguma coisa de mim. Sou um adulto, você sabe. Eu posso lidar
com isso.

— Você já parou para pensar que talvez você não pode? Talvez nós
estejamos escondendo algo de você, porque você já passou por isso e não
gostou.

— Mas não sou mais o Travis.


— Em algum lugar, bem no fundo aqui, — Russell bateu na testa de
seu filho. — Você ainda é o meu Travis e prometi mantê-lo seguro. Eu nem
sempre estarei por perto, filho.

— O quê? O que isso significa?

— Isso significa que eu sou velho, exatamente isso, um velho.

— Mas, nós temos bruxos, eles podem te ajudar, certo?

Russell acariciou o queixo de seu filho com um sorriso.

— Isso vem do garoto que recusou ajuda sobrenatural quando deslocou


o seu ombro.

— Eu recusei?

— Sim, você recusou e reclamou noite e dia sobre Lucian te


enlouquecendo.

— Sabia que eu tinha um diário?

Russell prestou atenção.

— Você tem? O que você escreveu nele?

— Foi muito enigmático, como se eu não quisesse escrever o que


realmente estava acontecendo. Era mais sobre como eu me sentia sobre as
coisas.

— A sua linha está enroscando. — Russell apontou para ele.

— Isso é como um déjà vu, — Travis murmurou.

— O quê?

— Toda essa conversa. Bem, um pouco disso. Parece que já estivemos


aqui antes.

— Porque já estivemos.
— Isso é tão frustrante! — Travis grunhiu.

— Olha, o que quer que nós estejamos fazendo, é para mantê-lo


seguro, Travis. Não posso te perder. Você entende isso?

— Eu não tenho o direito de saber o que está acontecendo?

— Quando você soube, você detestou. Me chame de egoísta, mas


quero que o meu filho passe um tempo comigo.

— Você quer dizer que eu parei?

— Sim, você estava com raiva de mim.

— Por que você não pode me dizer? Obviamente, estou aceitando as


coisas melhor agora.

Russell levou Travis em seus braços e inspirou. Ele sentiu falta de seu
filho mais do que jamais pensara ser possível, e tê-lo agora? Valia tudo para ele.

— Apenas confie em mim, garoto, estamos fazendo tudo que podemos


para garantir que você fique seguro.

Travis fechou os olhos e segurou o seu pai com força. Ele compreendeu
por que o seu pai estava se segurando. Se ele foi um idiota com o seu pai e
agora estava passando um tempo com ele, ele faria o mesmo. Os outros caras
escondiam as coisas dele? Não muito. Ele descobriria o que diabos estava
acontecendo.

Quando chegaram ao cais, Lucian estava esperando por ele. Travis deu
um abraço em seu pai e saltou no carro que Lucian já tinha ligado. O seu pai e
Lucian falaram por alguns minutos antes de Lucian retornar ao veículo.

— Você se divertiu? — Lucian perguntou.

— Sim. — Travis olhou pela janela.

— Está tudo bem?


— Sim.

De alguma forma, Lucian não acreditou.


Capítulo 14

Ele tinha razão. Poucos minutos depois de voltar para o apartamento


de Travis, ele acendeu o fogo e agora Travis estava sentado na cadeira de canto,
nariz enterrado em um livro. Ele ficou calado por quase uma hora quando Lucian
se levantou e apoiou-se contra o encosto do sofá. Travis jogou o livro com um
suspiro exagerado e começou a andar de um lado para o outro.

O fogo estava morrendo na lareira enquanto Travis andava. Ele estava


irritado e mostrou isso. Lucian não podia culpá-lo. Queria contar a verdade a
Travis. Será que eles não aprenderam até agora que era a melhor maneira de
lidar com as coisas? Travis parou de andar e olhou para ele.

— O que você está me escondendo? — Travis perguntou.

— O que você quer dizer?

— Não faça isso! Não me trate como se eu fosse uma criança! Eu sei
que algo está acontecendo aqui! — Travis balançou as mãos ao redor
selvagemente e o fogo crepitou. Ele parou e olhou para a lareira. — O que é que
foi isso?

— Vento?

— Besteira! Pare de me tratar como criança! — Mais uma vez, o fogo


queimava mais alto. Travis olhou para as chamas. — Estou fazendo isso. Como
eu estou fazendo isso?

Lucian suspirou e esfregou o rosto com as mãos.

— Porque você é um semideus, Travis.

— O quê?

— Você é filho de Ares, Travis. Você é um semideus.

— Ares, o do Monte Olimpo? O deus da guerra?


— Sim, esse.

Travis olhou para Lucian, então sorriu. Ele começou a rir tão forte que
estava perto de sufocar.

— Deixe-me adivinhar, você é um também? — Ele balbuciou. — Oh,


espere, você é apenas um bruxo.

— Não, eu sou um híbrido, Travis. Eu sou o seu guardião.

— Um híbrido? Como um Prius1?

— Não, eu sou um híbrido lobo/vampiro.

— Isso é uma piada? Você está brincando comigo porque eu tenho um


cérebro fodido?

— Você precisa de provas? — Lucian arqueou uma sobrancelha.

— Sério?

Lucian assentiu.

— Você se transformará em um lobo?

— Acho que seria mais fácil se eu lhe mostrasse o meu outro lado.

— Certo, certo. — Travis bufou. — Atazane quem tem amnésia.

— Não estou brincando, Travis.

Lucian permitiu que o seu vampiro emergisse. As suas presas caíram


e ele caminhou em direção a Travis. Os olhos de Travis se arregalaram quando
Lucian parou bem na frente dele. Ele ficou imóvel quando Travis levantou as
mãos para o seu rosto.

— Olhe essas presas, — Travis murmurou. Ele traçou o rosto de Lucian


com a ponta do dedo. — Você morde as pessoas?

1
Carro híbrido compacto da Toyota movido a gasolina e eletricidade. O Prius virou o ícone dos
automóveis híbridos e dos carros verdes em geral.
— Não ultimamente, — Lucian disse, escondendo as suas presas.

— Você já me mordeu?

— Não.

— Você já pensou nisso?

Lucian recuou.

— Estamos saindo do assunto.

— Você pensou, não é? Por que você está escondendo essas coisas de
mim?

— Porque você não queria isso, Travis! É a razão pela qual os Titãs
vieram atrás de você da maneira que vieram! — Lucian gritou.

— Por que eu não quis?

— Porque você queria ser normal. Você não queria ser filho de um
deus. Você queria uma vida normal como um garoto universitário.

— Por que eu iria querer isso? Isso é muito mais legal. — Travis
observou o olhar chocado no rosto do vampiro. — Estávamos juntos, não
estávamos?

— Não. Como eu disse uma e outra vez, nunca nos envolvemos.

— Por que não? Eu sinto que há questões não resolvidas entre nós.

— Você não pode me suportar.

— Hum, sim, eu acho que o meu outro eu estava mentindo sobre isso.

Lucian arqueou uma sobrancelha.

— Com licença?

— No segundo em que te vi, fiquei duro, Lucian. Alguém que te odeia


não ficaria excitado com a sua simples visão, você não acha?
— O que você está dizendo?

Travis invadiu o espaço pessoal de Lucian e olhou para ele.

— Eu acho que você é mais quente que o inferno.

— Você não é gay. — Lucian recuou.

Travis avançou novamente.

— Bem, acho que Travis estava mentindo sobre isso também. Eu posso
sentir em meus ossos que ele te queria, porque eu te quero.

— Você não sabe o que está dizendo.

— É claro que eu sei o que estou dizendo e fazendo.

— Eu só disse que sou um híbrido. Que você é um filho de um deus,


que o líder dos Titãs tentou matá-lo e você está dando em cima de mim?

— Você é atraído por mim?

— Isso não é relevante.

— Então você é. — Travis sorriu.

— A questão é que você não, Travis. O Travis que eu conheço não


queria ser especial. Ele queria ser normal.

— Onde está a diversão nisso? Eu sou um semideus, como isso não é


legal?

Lucian agarrou Travis pelo pescoço e o bateu contra a parede. Ele


deixou as suas presas caírem novamente e sibilou.

— Fique aí e me diga que você me acha atraente, que tudo isso está
bem com você!

— Maldição, isso é ainda mais excitante, — Travis ofegou. — Eu acho


que eu gostei de ser maltratado também.
— Droga, Travis! — Lucian rugiu, soltando o seu aperto. Caminhou
para trás, longe de Travis. — Este não é você.

— Bem, graças a Deus! O velho eu, parece chato.

— Você não era chato, apenas com raiva do que o destino forçou em
você.

— Foda-se, até mesmo a maneira que você fala é excitante.

— Você irá parar com isso?

— Vamos, Lucian. — Travis cruzou os braços com um sorriso. — Diga


que você não me queria, que não me achava atraente.

— Mesmo se eu quisesse, eu nunca agiria sobre isso.

— E por que isto?

— Porque eu estou encarregado de sua segurança! Eu não posso ser


desviado por sentimentos.

— Parece aquele russo e o francês. — Travis sorriu.

— Andrei e Caden?

— Sim, com o não pode e não. É meio sensual.

— Oh, pelo amor de ... — Lucian jogou as suas mãos para cima no ar.
— Você não está tornando isso fácil.

— Bom, entregue-se a essa tentação, Lucian. — Travis se aproximou.


— Você pode cortar a tensão sexual aqui com uma motosserra. Eu te quis no
segundo em que o vi.

— Isso não é uma boa ideia, Travis. Você não entende o perigo que
está correndo.

Travis arqueou as sobrancelhas e Lucian suspirou exasperado.

— Não, — ele se corrigiu.


— De jeito nenhum, diga não novamente. — Travis agarrou a lapela do
sobretudo de Lucian e puxou-o para mais perto.

— Não. — Lucian sacudiu a cabeça.

— Tudo bem, então diga não pode. — Travis se aproximou de Lucian,


puxando-o ainda mais.

— Travis ... — Lucian avisou.

— Eu posso ver a fome em seus olhos, Lucian. Pare de negar.

Lucian envolveu um braço ao redor da cintura de Travis e o puxou para


perto de seu corpo. Travis soltou um suspiro de surpresa, mas um sorriso cobriu
o seu rosto segundos depois.

— Oh, sim, eu realmente gosto de ser um pouco maltratado.

— Tentei por meses parar de pensar em você, — Lucian admitiu. —


Mas você se recusa a me deixar.

— Porque eu te quero, e eu sei que você me quer também.

— Isso não pode acontecer, — Lucian murmurou, quando os seus lábios


ficaram distantes apenas alguns milímetros um do outro.

— Estou tão feliz que está. — Travis fechou os olhos.

A porta da frente se abriu e Cezar entrou com Killian. Ambos pararam


na cena diante deles. Cezar arqueou as sobrancelhas e Killian sorriu.

— Bem, agora. O que nós perdemos? — Killian perguntou.

— Você perdeu a parte onde Lucian e eu estávamos prestes a nos


beijar. — Travis olhou para os irmãos. — Vão embora e eu ligarei quando
terminar.

— Não, — Lucian recuou. — Isso não deveria acontecer.


— Não enlouqueça comigo agora! Estávamos tão perto! — Travis
tentou agarrar a mão de Lucian.

— Você não é você, Travis, — Lucian balançou a cabeça. — Seria errado


tirar proveito dessa situação.

— Basta ter uma pequena amostra. Apenas me beije um pouco.

— Eu tenho que ir. — Lucian lançou um olhar para os seus irmãos antes
de desaparecer.

— Droga! Por que vocês dois tinham que vir aqui e arruinar tudo? Ele
estava prestes a me beijar! Talvez mais tarde, ele teria me mordido.

— Com licença? — Cezar abriu a boca.

— Oh, sim, — Travis acenou uma mão cansada. — Eu sei tudo sobre
isso. Ele é um híbrido, eu sou um semideus, blá, blá, blá.

— Por que eu me sinto sem saber das coisas? — Killian perguntou.

— Eu sei tudo sobre isso, e deixe-me apenas dizer que eu não estou
feliz por vocês esconderem essa merda de mim. Eu não sou uma criança e eu
me recuso a ser tratado como uma. Agora, o meu guardião se foi. Então, qual
de vocês dois me levará para o meu pai?

— Eu te levarei. — Killian ofereceu a mão. — Gostaria de ir de moto ou


de teletransporte?

— Vocês teletransportam outras pessoas? — Travis perguntou com os


olhos arregalados.

— Eu pensei que você sabia de tudo? — Killian arqueou uma


sobrancelha.

— Ele não mencionou essa parte, — Travis bufou. — Teletransporte


então!

— Procurarei Lucian. — Cezar desapareceu.


— Droga, isso é tão legal. — Travis suspirou.

— Segure-se.

Travis e Killian desembarcaram na sala de estar de Russell. Ele saltou


do sofá com um grito. Travis cruzou os braços e encarou o seu pai.

— Acho que ele sabe? — Russell supôs.

— Eu vigiarei. — Killian assentiu antes de desaparecer.

— Travis ... — Russell começou.

Travis ergueu a mão.

— Eu sou adotado. Isso é muito para levar? Sim, claro que sim. Mas
você deveria ter me dado a chance de lidar com tudo isso.

— Você tem que entender, Travis! Você parou de falar comigo! Eu não
sabia o que fazer ou a quem recorrer. Foi só recentemente que você passou um
tempo comigo e tivemos que obrigá-lo para fazer isso acontecer! Como explicar
ao meu filho, que eu o amo como meu, que nada ou ninguém jamais poderia
tirar o meu amor dele.

— Você acabou de fazer isso. — Travis deu um passo à frente e


estendeu os braços. O seu pai correu para dentro deles e ele o segurou.
— Você tem que saber tudo, por que fizemos e o que fizemos. Cronos,
o líder dos Titãs, ele sabia como você se sentia, que você queria nada a ver com
os Olimpianos ou qualquer coisa sobrenatural. A fim de nos punir, ele o
machucou gravemente e, então, colocou um feitiço em você para que nada
sobrenatural pudesse tocá-lo. Literalmente. Não podia te tocar. Nenhum dos
rapazes podia te curar. Não tivemos escolha a não chamar Jordan Youngblood
para fazer a cirurgia. Quase te perdemos.

— Mas se eu sou um semideus, não tenho poderes?

— Sim, mas você se recusou a usá-los.

— E eu também me recusei a me curar. — Travis sacudiu a cabeça. —


O outro eu era um completo idiota.

— Lucian tem corrido, tentando mantê-lo seguro. Logo antes que


Cronos atacasse, Lucian teve a mente limpa. Os Titãs colocaram um gatilho
dentro dele que deveria fazê-lo te atacar. Lucian não queria isso, ele nunca quis
te machucar. Então ele correu um grande risco de ter a sua mente destruída
para removê-lo.

— Então ele estava fraco quando eles vieram atrás de mim. — Travis
assentiu com a cabeça em compreensão.

— Sim, ele se culpa pelo seu acidente.

— Ele disse isso. — Travis suspirou.

— Não é só você, Travis. Jordy, Lance, Brock, todos os seus amigos


jogadores de futebol são filhos deuses. Acho que você deveria se encontrar com
eles.

— Eu também. Preciso me inteirar dos poderes e começar a me


defender.

Russell arregalou os olhos.

— Você quer dizer ... você quer usá-los?


— Que bom seria tê-los se não podem ser usados? — Travis ergueu
uma sobrancelha. — E todos nós não deveríamos trabalhar em conjunto?

— Estou tão confuso. — Russell suspirou.

— Sim? Eu também.

— Vamos jantar, sim? — Russell sorriu. — O meu filho está passando


tempo comigo de novo.

— Sim, o filho novo e melhorado, — Travis brincou.

— Eu te amo de qualquer maneira, Travis. Eu acho que você tinha tanta


raiva acumulada, que quando você perdeu a memória, este lado – o lado
confiante, feliz – saiu.

— Bem, quando o outro lado voltar, teremos uma conversa longa e


agradável. — Travis sorriu.

Eles tiveram macarrão com queijo e cachorro-quente empanado no


palito para o jantar. Travis achava que o seu pai não cozinhava muito, mas ele
gostou da refeição. Eles conversaram sobre tudo e qualquer coisa, e Travis
estava tendo uma boa visão do jovem homem que ele era antes de perder tudo.
Era estranho saber que o seu eu anterior não queria algo a ver com a vida que
ele tinha agora. Ele não achou fascinante saber que ele tinha poderes?

Inacreditável.
Killian retornou para levá-lo para casa e Travis entrou em contato com
os outros caras assim que ele entrou em seu apartamento. Estariam reunidos
no dia seguinte para praticarem os seus poderes. Travis se acomodou em sua
cama e olhou para o teto. Ele sabia que Lucian estava em algum lugar no
apartamento. Ele não se tornara visível para ele e Travis sorriu.

Ele deu uma impressão para o híbrido.

Amanhã era outro dia e ele planejava ir atrás de Lucian novamente.


Porque os dois Travis queriam isso.
Capítulo 15

A sala estava cheia de seus amigos e Travis sorriu diante às suas


expressões chocadas. Obviamente, o outro Travis nunca teria sugerido uma
reunião para praticarem os seus poderes. Ele já se encontrara com Brock, Lance
e Jordy desde a sua cirurgia, e agora ele olhou para os rostos que estavam
lentamente voltando para ele. Stone, Skylar e Elijah estavam sorrindo para ele.
Ele estava preenchendo as lacunas de todos que passaram em sua vida.

— Então, eles limparam a sua mente também? — Travis perguntou a


Elijah.

— Mais como lavagem cerebral para me fazerem pensar que Jaxon era
uma ameaça para mim. Eles descobriram que eu estava saindo com ele de
alguma forma. O que eles não sabiam é que os nossos guardiões são imunes
aos nossos poderes. Foi por isso que Lucian teve que tirar o gatilho. Se ele
ficasse deprimido em sua bunda, você não teria sido capaz de se defender.

— A mesma razão pela qual Wraith atravessou o inferno, — Jordy


concordou.

— Então ... alguns de vocês estão na equipe de futebol ou estão


associados com a equipe? — Travis perguntou lentamente.

— Sim. Eu não jogo, — Nate falou. — Sou filho de Dionísio.

— Estou tentando, — Ashton Banks acrescentou. — Elijah e eu fomos


ao colegial juntos. Tenho medo de que não era muito bom para ele.

— Sim, mas você compensou. — Elijah pegou a mão de Ashton. —


Estamos juntos nessa.

— Quem é seu pai? — Travis perguntou a Ashton.


— Hera, — Ashton respondeu. — Tatum Scarlett aqui é filho de
Demétrio.

— E vocês também têm guardiões? Eles também têm poderes


especiais?

— Sim, — Ashton respondeu. — Acho que Calvin Ryker é o meu. Ruslan


tem Dasan Black.

— Fui informado de que Samson Demarco é o meu, — Tatum anunciou.

— Oooh, o assassino. — Elijah riu. — Bem, você deve estar seguro.


Esse cara é assustador.

— Espera. Vocês estão com os seus guardiões. — Travis apontou para


Stone, Elijah, Ryder, Brock e Jordy. — Como, romanticamente, certo?

— Sim. Nós tivemos essa discussão, Travis, — Jordy brincou.

Travis fechou os olhos quando uma memória o atingiu.

— Parece assim.

— Bem, foda-se isso! — Travis bufou. — Eu não estou interessado no


sanguessuga que protege a minha bunda. Posso me defender.

— Isso está correto?


Travis enrijeceu com a voz de Lucian atrás dele. Maldito sorrateiro
idiota! Lucian girou para encarar Travis, e maldição se Travis não tinha que
levantar a cabeça para olhar para o filho da puta.

Lucian se inclinou para o rosto de Travis com um sorriso.

— Você não é o meu tipo, de qualquer maneira, homenzinho.

— Eu não sou pequeno, idiota, — Travis sibilou.

— Para mim você é. Eu gosto dos meus homens um pouco mais altos,
e menos ... — Lucian bateu o queixo com o dedo indicador. — Mal-
intencionados?

Jordy riu e Travis olhou para ele.

— Eu não me preocuparia comigo me apaixonando por você, Travis.


Me preocuparia, no entanto, com você se apaixonando por mim.

A boca de Travis se abriu com surpresa.

— Com licença? O que na Terra faz você pensar que me tornarei gay
para você? Eu nem sou gay!

Lucian se inclinou sobre Travis e cheirou a sua pele, passando o nariz


pela veia pulsante no pescoço de Travis.

— Você cheira a excitação. — Lucian sorriu contra a pele de Travis.

— Afaste-se de mim! Eu não estou excitado!

— Cara, eu estou, — Jordy riu. — Isso foi excitante.

— Oh, foda-se!
Travis se mexeu quando uma mão pousou em seu ombro.

— Ei, você está bem?

Abriu os olhos para ver Jordy observando-o cautelosamente.

— Sim, só tive uma memória. — Travis sorriu. — Uau, você estava


certo. Isso foi excitante.

— Merda, o clube? — Jordy riu.

— Sim. Ele parece gostoso quando ele está me atormentando. — Travis


riu.

— Veja, agora este é o Travis que eu me lembro. — Lance sorriu.

— Espere, o quê? — Travis ficou sério. — Todos têm me dito como eu


estou diferente.

— Não para mim. Eu te conheço há muito tempo, Travis. Depois que


você descobriu sobre ser adotado e ser um semideus, sim, você mudou. Mas
esse Travis que está diante de nós agora? Ele é o cara que eu conheci no colegial.

— Graças a Deus, — Travis suspirou. — Eu pensei que eu mudei


completamente de quem eu costumava ser.

— Os caras se lembram, Travis. — Brock pegou a sua mão. — Você


sempre estava cheio de piadas e riso.
— Então o cara que eu sou agora é o cara do ensino médio? Eu mudei
tanto porque descobri que fui adotado?

— Eu acho que o estresse disso, junto com a ideia de ser um semideus


contribuiu.

— Já lutamos contra alguns dos Titãs e confie em mim, não foi um


piquenique, — Ryder disse.

— Certo, rapazes, o suficiente de falar. Precisamos de Travis praticando


as suas habilidades, — Skylar bateu em sua bunda.

— Desmancha prazeres. — Travis piscou.

— Pfft. — Skylar o atacou.

Lucian sentou-se no telhado com os outros guardiões enquanto os


homens ensinavam Travis como usar os seus poderes. Era um conforto saber
que Travis não mudou tanto, que os seus amigos reconheciam a maneira como
ele estava agora em relação à quando ele era mais jovem. Os seus pensamentos
se desviaram para o Travis que ele conheceu. Em algum lugar ao longo do
caminho, ele desenvolveu sentimentos por Travis – um que grunhia e
choramingava.

Como isso era irônico?


Ele também sabia que o seu rosto ficara vermelho de embaraço quando
Travis o chamou de gostoso. Os outros guardiões estavam olhando para ele com
sorrisos e ele jogou as mãos para cima com um suspiro exasperado.

— O quê?

— Ele te chamou de gostoso. — Samson balançou as sobrancelhas.

— Eles estão falando sobre você também. — Lucian retrucou.

— Sim, mas eu sou assustador, não gostoso, — Samson apontou.

Calvin bufou e Samson lhe lançou um olhar.

— Você tem algo a acrescentar?

— Com certeza. Você não é assustador, — Calvin respondeu.

— Então, eu sou gostoso? — Samson sorriu.

— Sim. — Calvin arqueou uma sobrancelha.

— Podemos não brigar, por favor? Estou tentando espionar, — Killian


os repreendeu.

— Oh, eles estão falando sobre Dasan agora. — Jaxon inclinou a sua
cabeça para o lado.

— O que sobre mim?

— Você é forte como uma merda de casa de tijolos? — As sobrancelhas


de Killian arquearam. — Isso é lisonjeiro?

— Eu acredito que ele disse casa, não merda de casa, — Jaxon corrigiu.

— Alguém disse merda.

— Eu acredito que foi Ruslan, como Dasan lhe dá merda. Preste


atenção! — Lucian riu.

— Onde está Zane? — Justice perguntou.


— Ele está ali. — Killian apontou. — Ele está invisível.

— Por quê? Somos apenas nós. — Jaxon franziu o cenho. — Zane! Faça
a sua bunda visível.

Zane apareceu a poucos metros de distância deles e lançou um olhar


para Jaxon.

— Você poderia ser mais barulhento?

— Na verdade, sim. Eu posso.

— Então, Lucian, — Killian virou-se para o seu irmão. — Você pegará


o que Travis está oferecendo?

— O quê? — Lucian balbuciou.

— Eu o vi com ele. Você parecia que queria devorar a boca dele.

— Temos que discutir isso agora? — Lucian olhou para todos os


guardiões se inclinando, sorrindo.

— Tem sido um lema. Todos nós ficamos com os nossos protegidos, —


Jaxon apontou.

— Não tenho muito contato com Tatum, — Samson admitiu. — Eu não


vejo isso acontecendo conosco.

— Então, se você não o viu muito, poderia acontecer? — Calvin


cutucou.

— O que isso tem a ver com você, cabeça de ovo? — Samson disparou
de volta.

— Vocês poderiam parar? — Lucian segurou a sua cabeça. — Vocês


estão me dando dor-de-cabeça.

— Sim, por favor, acabem logo com isso. — Jaxon suspirou.


— O quê? — Calvin quase caiu do telhado. Samson segurou o seu pulso
no último segundo. — Me solte!

— Certo. — Samson deu de ombros e soltou o pulso de Calvin.

Calvin caiu e Killian atirou a Samson um olhar maligno.

— O quê? Ele disse para soltá-lo, então eu soltei. — Samson olhou para
todos os caras olhando para ele. — Oh, vamos lá! Eu sabia que um de vocês,
feiticeiros, o salvaria antes que ele se espatifasse.

Killian reapareceu e Samson riu ao ver o rosto de Calvin.

— Você disse para soltá-lo.

— Eu te matarei, Neanderthal! — Calvin rosnou.

— Agora, agora, crianças. — Justice se apoiou em seus cotovelos com


Dane ao seu lado. — Vamos, todos se dando bem.

— Então, irmão. — Killian caiu ao lado de Lucian. — Você pode se ver


com o nosso jovem Travis?

— Não estou procurando amor.

— Parece que o encontrou. — Killian deu uma cotovelada em Lucian.

— Sim, bem, diga a Ares que o seu filho quer o seu guardião e veremos
quanto tempo eu vivo.

— Eu não acho que você se dá crédito suficiente. — Wraith respondeu.


— O destino nos coloca como guardiões, eles devem ter pensado que você era
digno se eles o colocaram para proteger Travis.

— Não apenas o destino, — Dane acrescentou. — Mas Gaia e os


Olimpianos. Portanto, considere-se digno, Lucian.

Lucian inclinou o rosto para o céu e inspirou lentamente. Como ele


poderia explicar como ele se sentia? Sim, ele era Travis, mas não o seu Travis.
— Vamos, irmão. Vamos voltar ao trabalho, — Killian comandou,
salvando-o de seus pensamentos.

Depois que o grupo partiu, Travis se instalou na frente da lareira com


o diário de seu álter ego. Ele sabia que Lucian estava andando por aí em algum
lugar. O cara se escondera por algum motivo. Ler os seus pensamentos sobre a
sua vida antes da lesão bagunçar a sua mente. Ele era completamente diferente
do Travis que ele era agora.

— Isso é parcialmente culpa minha, — uma voz surgiu atrás dele.

Travis se levantou e virou. O homem diante dele se erguia sobre ele,


a sua cabeça quase no teto.

— Quem é você?

— Se você pensar um pouco sobre isso, você saberá.

— Ares?

O homem assentiu e o nervosismo de Travis diminuiu um pouco.

— Pode sentar-se, por favor? Você é um pouco assustador quando você


está em pé. — Travis jurava que o homem sorriu quando ele avançou e se sentou
em frente do fogo.

Ares saltou diretamente para o que ele tinha a dizer.


— Eu não tinha ideia de que você existia. A sua mãe queria mantê-lo
escondido. No final, não ajudou. Os Titãs a mataram e te levaram.

— O quê?

— Os Titãs te pegaram quando você tinha um ano de idade. Eles te


levaram e eu o procurei de cima para baixo. Eu finalmente te encontrei em um
de seus laboratórios e o peguei de volta. Eu ouvi Rachel Rhoades como se ela
estivesse bem ao meu lado, ouvi os seus gritos de dor, de querer uma criança
que ela já não podia ter. Isso foi o que me levou a deixá-lo com ela. Eu nunca
esquecerei o brilho em seus olhos no momento em que ela te abraçou. O amor
que tinham um pelo outro – eu também sabia que eles te amariam. Rachel
dedicou o pouco tempo que ela tinha para você e o seu pai.

— Você ... viu a minha mãe?

— Posso te mostrar, se quiser.

Travis assentiu lentamente e Ares inclinou-se, segurando a cabeça de


Travis nas mãos.

— Pense nela e você deve vê-la.

Uma luz brilhou através de seus olhos, e ele viu o seu pai rindo com
uma criança pequena tentando andar em um quarto de hospital. Ele perdeu o
equilíbrio e Russell estava lá para pegá-lo. Uma mulher, pálida e obviamente
esgotada, estendeu as mãos e Russell entregou a criança para ela. Os seus olhos
se iluminaram e uma lágrima caiu em seu rosto.

— Ele é tão bonito, Russell! — Ela exclamou.

— Como você quer nomeá-lo?

— Quero nomeá-lo como o meu pai, Travis. É um nome bom e forte,


certo?

— Sim, Rachel. É. Eu quero que você o leve em passeios e leia para


ele todas as noites.

A luz desapareceu de seus olhos e ela estendeu uma mão para Russell.

— Eu não estarei aqui para isso, mas isto – este momento, segurando-
o, ouvindo os seus batimentos cardíacos, é o suficiente, Russell. Eu quero que
você leia para ele todas as noites, jogue futebol com ele e leve-o para pescar,
tudo bem? Você fará isso por mim?

— Eu quero que você faça isso, Rachel, — Russell disse, deslizando a


sua mão na dela.

— Nós dois sabemos que não o verei crescer. Este momento aqui, eu
levarei comigo. — Rachel acariciou o nariz do garotinho. — Ele nos foi dado por
uma razão, — ela sussurrou.

— Eu não posso fazer isso sem você. — Russell enxugou os seus olhos.

— Você pode, e você o tornará forte, Russell. Mantenham um ao outro


seguro. Travis precisará de você e você precisará dele.

— Podemos lutar contra isso, — Russell sussurrou.

— Estou tão feliz que consegui ver este dia – segurar Travis em meus
braços, cheirá-lo e beijá-lo. Você não pode acreditar o quanto estou feliz,
Russell.
A visão se dissipou e Travis enxugou os olhos, olhando para Ares.

— Ela me amava.

— Com todo o seu coração, mesmo que você não fosse do seu sangue.
Eu soube o momento que eu o deixei com eles que eu fiz bem.

— Por que os Titãs estão empenhados em matar a todos nós?

— Todos nós fizemos isso acontecer. Poder corrompeu Cronos. Quem


está com ele é tão mal quanto ele. Escondemos os nossos filhos sabendo que
um dia Cronos se reergueria e os caçaria como animais. É por isso que
escolhemos ficar fora de suas vidas e colocamos um feitiço que evitaria aos
outros de encontrarem vocês. A sua mãe, Rachel, conseguiu ver você completar
dois anos e depois ela se foi. Mas o amor que ela teve por você viverá
eternamente aqui. — Ares tocou o peito de Travis.

— E a minha mãe biológica?

— Ela não caiu sem uma luta. Ela o protegeu o melhor que pôde, mas
havia muitos para lutar.

— Eu não fugirei mais de quem eu sou, — Travis prometeu. — Eu não


posso. A minha mãe queria que eu fosse forte, então eu serei.

— Você é filho do deus da guerra, Travis. Você nunca foi fraco.

— Lucian ... ele está acasalado comigo?

— Você deseja que ele esteja?


— É possível?

— Nós colocamos os nossos guardiões com o protegido que os


complementa. Nem todo guardião acaba com o seu protegido romanticamente.

— Sim, eu não posso ver Samson e Tatum juntos. — Travis riu.

— Mas você pode se ver com Lucian?

— E se eu puder? Você proibiria?

— Eu acredito que você e Lucian têm uma conexão. Vocês sempre


tiveram.

— O que isso significa?

— Eu sou um deus do Olimpo. Eu deveria ser enigmático.

Travis franziu o cenho e Ares tocou a sua cabeça.

— O que foi feito para você – eu nunca fui mais grato pelos humanos
nesta equipe à qual você pertence. Lucian estava disposto a morrer quando eu
cheguei ao hospital.

— Com licença?

— Eu lhe disse que o mataria se alguma coisa acontecesse com você.


Isso foi antes de me lembrar de quem ele é.

— Quem ele é?

— Eu não estou orgulhoso das minhas ações, Travis. A minha única


responsabilidade era recuperá-lo. Eu não sabia que a sua alma estava ligada a
outra.

— Certo, agora eu estou totalmente confuso.

— Tudo será revelado quando chegar a hora. — Ares levantou-se e


olhou para o seu filho. — Estou orgulhoso de você. Quando chegar a hora, você
fará a Terra tremer.
Ares desapareceu e os ombros de Travis caíram.

— Ótimo, agora tenho mais perguntas do que respostas.


Capítulo 16

Travis sentou-se na mesa de exame coberta de papel e coçou a cabeça.


Ele realmente preferia o seu cabelo curto, agora ele estava deixando a parte de
cima crescer um pouco, mas estava mantendo a parte de trás e os lados
aparados. O seu pai estava sentado em frente a ele, folheando uma revista. Hoje
era o dia em que descobriria se tudo estava bem. Mais pedaços de memória
estavam voltando para ele todos os dias, mas ele gostaria de ter a sua memória
toda de volta. As memórias de Lucian eram as mais perturbadoras – mas
divertidas ao mesmo tempo.

Ele sorriu pelo jeito que eles brigavam um com o outro, como dois cães
lutando por um osso.

Era maravilhoso.

Travis riu e o seu pai ergueu a cabeça com um olhar inquisitivo.

— Só pensando em Lucian, — Travis admitiu.

— Você o viu?

— Brevemente. Acho que ele está se escondendo depois de minha


tentativa fracassada de seduzi-lo.

— Travis! — Russell exclamou, surpreso.

— O quê? Ele é perfeito para mim, pai. Você disse que ficaria bem se
eu fosse gay.

— E eu estou! Você realmente sente algo por Lucian? E se a sua


memória voltar e você não se sentir do mesmo jeito?

— Oh, confie em mim, o outro Travis sente o mesmo.

— Isso está correto? — Russell sorriu.


— Eu lhe disse que eu estava lendo o meu diário.

A porta da sala se abriu e Jordan entrou. Ele atirou um sorriso para o


exame de Travis.

— A sua ressonância mostra melhoras significativas. O funcionamento


do sangue está bom e a pressão arterial é boa. Como você está se sentindo?
Alguma dor de cabeça ou náusea?

— Não. Eu me sinto bem. Mas o meu ombro ainda dói.

— Ombros deslocados podem levar meses para curar. Estou surpreso


que você não esteja em uma tipoia.

— Eu estava, mas então eu me cansei disso, — Travis respondeu. Ele


piscou e olhou para o médico. — Eu me lembro disto.

— Esse é um bom passo! — Jordan olhou para Russell. — Eu tenho os


seus resultados de teste. Podemos conversar no corredor?

— Não. Está tudo bem. Você pode me dizer aqui.

— Não há teste médico definitivo algum para diagnosticar isto. Mas


com base em suas varreduras, e combinado com o seu exame mental – eu
acredito que você está nos estágios iniciais de Alzheimer, Russell.

— Eu pensei assim. — Russell suspirou. — Quanto tempo antes de


piorar?

— Eu não posso ter certeza até que eu execute mais alguns testes.

— Espera, Alzheimer? — Os olhos de Travis se arregalaram. — Mas


você pode curá-lo! O sangue pode curá-lo!

— O sangue pode curá-lo também. — Russell pegou a mão de Travis.


— Eu tomarei se você tomar.

— Inferno, eu farei isso, — Jordan bufou. — E todos sabemos que não


há algo errado comigo. — Ele sorriu.
— Você? — Travis perguntou.

— Eu não posso deixar isso ir para o lixo. — Jordan bateu em sua


têmpora. — Nós concordamos em não me tornar imortal – ainda. Stefan
concordou também. Mas não podemos estar morrendo se vocês precisam de nós
no futuro. Eu ouvi que o sangue rejuvenesce a sua aparência também. Bem, em
nós mais velhos, de qualquer maneira. O meu marido já parece tão jovem
quanto era quando me casei com ele. Maldito Stefan! — Jordan sorriu para
suavizar o seu insulto.

— Travis? — Russell examinou o rosto de seu filho.

— Certo. — Travis assentiu.

— Ótimo! — Jordan bateu palmas. — Deixe-me ir buscar Evangeline.


Ela administrará o sangue.

— Você quer dizer que está aqui? — Os olhos de Travis se arregalaram.

— Ah, sim. Quando Wayne ouviu falar de vocês dois, ele enviou o seu
próprio sangue para doar. Eu ouvi que é um material poderoso. Eu volto já.

Jordan saiu e Travis pegou a mão de seu pai. Eles se abraçaram e


Travis fechou os olhos.

— Me desculpe, — ele sussurrou.

— Por quê? Eu ficarei bem e eu estarei por perto para te bater um


pouco.

— Eu fui um idiota com você.

— Você se lembra disso também?

— Um pouco.

Evangeline entrou com Jordan e sorriu para Travis. Ela abraçou Russell
e puxou três seringas do bolso.
— Quem é o primeiro?

— O meu pai. — Travis soltou o seu pai e empurrou-o para Evangeline.

— Você não voltará atrás sobre o que você disse, certo? — Russell
perguntou.

— Não. Eu tomarei. Eu prometo.

Depois de Evangeline lhes dar todo o sangue, ela saiu. A porta se


fechou atrás dela e Russell pediu licença para ir ao banheiro. Jordan sentou-se
na beirada da mesa e olhou fixamente para Travis.

— Farei mais alguns exames.

— Certo. — Travis assentiu.

— Avisarei o seu pai.

A máquina tilintou e apitou enquanto circulava e Travis manteve os


seus olhos fechados. Jordan estava conversando com ele pelo microfone e ele
tentou se manter o mais imóvel possível. O seu corpo estava zumbindo do
sangue novo e a sua frequência cardíaca disparou pelo telhado.

— Eu o puxarei para fora.

— Eu estou bem, apenas um pouco tonto. Não está te afetando? —


Travis perguntou.
— Um pouco. Ainda te tirarei daí. Eu tenho o que eu preciso.

Depois que Travis saiu da mesa, ele se juntou a Jordan no quarto para
ver os exames. Jordan estava apontando várias partes do seu cérebro,
comparando-as com os exames mais antigos.

— Julgando por isso, e o que eu sei do sangue, você deve se lembrar


de tudo.

— Não. Eu não.

Jordan entrecerrou os olhos.

— Com quem você acha que está falando, garoto? Eu sou um


neurocirurgião/neurologista/oncologista. Sou um maldito gênio.

— Bem! Eu me lembro, tudo bem? Só não conte a alguém ainda, por


favor?

— Por quê?

— Porque eu tenho algumas investigações para fazer.

— Lucian. — Jordan concordou com a cabeça.

— Esta é a única maneira que eu descobrirei como ele realmente se


sente.

— Você sabe quem você é – o que você é, e você ainda se sente bem
sobre isso?

— Estou pronto para ser quem eu deveria ser. — Travis sorriu.

— Acho que passar o tempo como o outro Travis realmente ajudou. Eu


não acho que os Titãs contavam com isso.

— Bem, eles acabaram de soltar um Olimpiano irritado.


Travis passou o dia com o seu pai. Eles foram pescar, comer e depois
se divertiram em casa. Ele pediu ao seu pai para prometer não revelar a verdade
sobre ele ter as suas memórias de volta. Depois de ter certeza de que o seu pai
estava bem, Travis foi para o complexo de apartamentos.

Ele sabia que Lucian estava por perto – ele podia sentir isso.

Lembrou-se da conversa que tiveram quando Travis se atirou nele.


Lucian manteve se referindo ao outro Travis, que ele não era gay e que ele não
agiria do jeito que Travis estava agindo. A coisa engraçada? Ele se lembrava de
sua infância, de risos e brincadeiras, de Lance e os caras. As palavras de Lance
voltaram para ele também – ele queria fazer a sua vida valer para alguma coisa.

Bem, ele também.

Quando as lembranças voltaram, elas voltaram todas de uma vez e


levou um pouco de tempo para fazerem sentido.

Afinal, como o outro Travis, ele descobriu que ele era um semideus.
Ele bufou. O outro Travis, um que não tinha problemas com ser o filho de um
deus. Ele precisava se lembrar disso. Em casa, Travis destrancou a porta do
apartamento e entrou na sala para encontrar Lucian sentado em frente à lareira.

Ele não estava vestindo o seu casaco. Ele estava de jeans e uma
camiseta preta. O estômago de Travis e o seu peito se apertaram.

— Ei. — Ele acenou da porta.


— Como foi a sua consulta?

— Doutor Youngblood disse que eu estou me curando bem. — Travis


caminhou até Lucian e se jogou para se sentar ao lado dele. — O que você fez
hoje?

— Fiquei de olho em você.

— Eu estou bem com tudo isso, você sabe.

— Você diz isso, mas a primeira vez que você for atacado, você pode
voltar a ser o outro Travis que não quer ser parte disso.

— Qual você gosta mais?

Lucian virou-se para encarar o homem ao seu lado.

— Há qualidades em vocês dois. Se eu for honesto, eu prefiro o Travis


que me deixa louco.

— Por quê?

— Ele me faz sentir vivo. Estou zangado, frustrado e irritado com ele.

— Uau, todas as qualidades que eu procuro em um companheiro.

— Não me entenda mal. Você também é atraente.

— Bem, eu nunca fui chamado disso antes.

Lucian segurou o rosto de Travis em suas mãos. Ele se inclinou,


roçando os seus lábios levemente. A sensação que ele queria estava lá, uma
erupção eufórica em todo o seu corpo. Os seus pelos se arrepiaram e um
formigamento se espalhou pelo seu corpo enquanto os lábios de Travis se
arrastavam sobre os dele. Eles se separaram lentamente, olhos bloqueados.

— Agora, isso foi um beijo, — Travis sussurrou.

Lucian se ergueu e se afastou.

— Eu não deveria ter feito isso.


— Por quê? Foi incrível.

— Eu só ... eu não posso, Travis. Eu sinto muito.

Lucian desapareceu e Travis suspirou frustrado. Ele deveria ter lhe dito
a verdade, que ele lembrava de tudo. A confissão de Lucian o atingiu com força.

Lucian queria Travis.

Este.

Travis sorriu.

Travis tomou um banho rápido, escovou os dentes e saltou na cama.


Quando ele puxou os lençóis, ele olhou o seu diário. Ele agora lembrava-se de
escrever. Travis virou as páginas até que ele pegou uma recente de seu antigo
eu.

— Ei, você. Sim, você, o outro Travis lendo isto. Pare de ser um
franguinho, e eu quero dizer da melhor forma possível. Lucian está apaixonado
por você. Ele pode não ser capaz de se expressar. Inferno, ele provavelmente
nem sabe o que significa, mas ama e sente isso por você. Então, se você voltar,
não perca tempo. Suba naquela montanha, amigo.

Travis sorriu quando escreveu no diário. Ele olhou para o teto e


arqueou uma sobrancelha. Agora ele sabia que os guardiões se sentavam no
telhado para manterem um olho nas coisas.
— Lucian?

— Sim? — Lucian apareceu ao lado da cama.

— Você acha que podemos ir até o Monte Rainier?

— Você quer que eu te teletransporte lá para cima?

— Você poderia? Eu realmente quero ver a vista de lá.

— Sim. Posso fazer isso acontecer.

— Certo, obrigado. — Travis puxou o edredom e se aconchegou sob os


cobertores.

— Travis?

— Sim?

— Você não está ... com raiva de mim?

— Não. Por que eu estaria? Travis novo e melhorado, lembra? — Ele


ouviu um suave suspiro atrás dele e sorriu sob os cobertores.

— Estarei no sofá.

— Tudo bem. Boa noite, Lucian.

— Boa noite.

Travis ficou acordado um pouco, ouvindo Lucian se virar e revirar no


sofá. Ele se sentia mal por esconder a verdade dele, mas ele precisava ouvir
Lucian dizer que era ele que queria, não o com amnésia, o divertido Travis.

— Será uma noite longa.


— Estamos um pouco acima de quatro mil metros, Travis. Como você
está se sentindo?

— Eu me sinto bem. Você fez alguma coisa comigo?

— Eu coloquei uma pequena barreira ao seu redor para que você


pudesse respirar sem dificuldade.

— Deus, olhe para a vista! — Travis se maravilhou. — É tão bonito aqui


em cima! Posso ver por que Jordy queria vir!

— É muito pacífico.

Travis olhou para Lucian. O vento balançou os seus cabelos, o casaco


dele flutuando em torno de suas coxas e ele parecia deslumbrante. Travis nunca
sentira por alguém o que estava sentindo naquele momento.

— Lucian?

— Sim? — Lucian olhou para Travis. As suas bochechas estavam


vermelhas do frio e os seus olhos brilhavam. — Olhe para você, — Lucian
sussurrou.

— Eu preciso te contar uma coisa.

— Eu também preciso. Tanto quanto eu quero estar com você como


você deseja, eu não posso, Travis. Eu não sei como explicar isso para você. Eu
sei que você é a mesma pessoa–

— É disso que eu preciso falar com você.


Lucian ficou rígido e olhou ao redor do cume. Pegou a mão de Travis e
puxou-o para perto de seu corpo.

— Segure-se em mim.

Eles desapareceram do cume e reapareceram na sala de estar de


Travis. Lucian exalou e colocou uma mão na sua têmpora. Travis se segurou no
sofá para equilibrar-se. Ele realmente não estava acostumado em ser
teletransportado ainda.

— O que aconteceu? Por que partimos?

— Eu senti algo mudar e eu não queria ter uma chance de você se


machucar. Você está bem? — Lucian rapidamente correu para Travis.

— Eu estou bem, — Travis estourou.

— Sem mais viagens por um tempo.

— Eu não me sentarei no meu apartamento o dia todo e me esconder!

— Tentei explicar-lhe isso antes, Travis, sobre os Titãs. Você não está
me ouvindo.

— Oh, eu o escuto muito bem, grande idiota.

Lucian abriu a boca e fechou-a.

— Do que você acabou de me chamar?

— Você prefere Conde Drácula fodido?

— Travis? — Lucian sussurrou.

— Sim, Travis. Lembro-me de tudo, Lucian. É isso que eu estava


tentando dizer na montanha. Eu me lembrei de me atirar em você e me lembro
de você me empurrando.

— Eu–
— Cale-se. Deixe-me falar. A primeira noite que nos encontramos, eu
estava de pé junto à porta da frente do clube quando você entrou, e você passou
por mim como se você nem me visse. Eu sabia quem você era. Quero dizer,
você estava com os seus irmãos, então eu imaginei, mas você nem me lançou
um olhar. Eu fiquei irritado. Você deveria saber quem eu era, você estava lá por
mim! Você deveria ser meu. É por isso que eu estava com raiva e eu o segui e
a próxima coisa que eu sei, você me tinha pela garganta.

— Eu senti raiva e eu respondi, — Lucian se defendeu.

— Você não entende, não é? Você deveria saber que eu era seu.

— Mas ... você me despreza, — Lucian disse lentamente.

— Você sabe o quão difícil foi para eu tentar te odiar? Eu queria, confie
em mim, mas você abria a sua boca e eu esquecia o que eu diria. Você entra
em um lugar e eu juro que tudo para, o meu coração acelera e eu fico fraco nos
joelhos. Não é apenas que você é deslumbrante, Lucian. Você é muito mais do
que isso. Você se importa, mesmo que tente muito convencer a todos que não.
Não consigo respirar quando estou com você.

Lucian o olhou fixamente, aturdido pelas palavras de Travis. Os seus


olhos transmitiam tanto naquele momento e Lucian sabia que ele sentia o
mesmo. Ele nunca teve alguém provocando respostas tão fortes nele antes. Ele
sacudiu a cabeça e encontrou o olhar de Travis.

— Então você está dizendo ...?

— Você é meu.

Travis agarrou o casaco de Lucian e puxou-o para os seus lábios. As


suas bocas se encontraram e Travis mordeu o lábio inferior de Lucian. O shifter
ofegou e então um grunhido/gemido deixou a sua garganta.

— Sim, isso mesmo, rosna para mim! — Travis ofegou.


Lucian se afastou do beijo e procurou os olhos de Travis. Ele não estava
o enganando – o desejo refletia em seus olhos. Lucian tocou a bochecha de
Travis, inclinando-se e o beijando gentilmente. Os braços de Travis rodearam os
seus ombros e então Lucian o pegou, batendo-o na parede atrás deles. Travis
gemeu em sua boca e Lucian mergulhou dentro, provando o homem que o
deixara louco.

— Eu queria tanto que fosse você, — Lucian sussurrou contra os lábios


de Travis. — Eu esperava que você voltasse para mim.

— Não gostava do feliz e divertido Travis?

— Embora ele fosse diferente, ele não era você.

— O fato de você se importar mais com o chorão, chateado, traiçoeiro


Travis diz muito sobre você.

— Eu sou louco?

— Sim, você é, mas significa muito para mim que você prefere estar
com esta versão de mim do que a outra.

— Falando nisso, — Lucian arqueou as sobrancelhas. — Até que ponto


iremos?

Travis puxou Lucian para os seus lábios e o beijou. Os seus dedos


fizeram um trabalho rápido de puxar o casaco que caiu no chão. Ele estendeu
as mãos sobre o enorme peito de Lucian e suspirou em sua boca.

— Preciso de mais pele, — Travis murmurou quando Lucian mordeu o


seu lábio inferior.

Lucian colocou Travis no chão e puxou a bainha de sua camiseta,


arrancando-a em um puxão, a mão de Travis foi imediatamente para a sua pele
e Lucian pegou as mãos de Travis nas suas. Ele se curvou para capturar os seus
lábios em um beijo. Travis envolveu os seus braços em volta do pescoço de
Lucian e aprofundou, as suas línguas descobrindo o gosto da outra. O beijo se
tornou apaixonado rapidamente e Travis desviou as suas mãos para o cinto de
Lucian, abrindo-o e desabotoando a calça.

Ambos estavam tentando se despir enquanto mantinham as suas bocas


fundidas. Finalmente, Travis estava em pé em sua cueca boxer e Lucian estava
com a sua cueca preta. Eles romperam o beijo, ambos ofegantes. Lucian tocou
o rosto de Travis e traçou os seus lábios com a ponta do dedo.

Travis entrelaçou os seus dedos e começou a caminhar para trás em


direção ao seu quarto. Ele finalmente conseguiu os dois lá e rastejou sobre a
cama, sentando-se nela e olhando para Lucian. Ele jurou que o seu álter ego
deu um elogio em sua cabeça. Travis sorriu, enquanto Lucian parecia inquieto.

— O que foi?

— Nunca estive com um homem.

— Nem eu. Nós descobriremos isso.

Travis estendeu a mão e Lucian a pegou, rastejou pelo seu corpo e


empurrou-o suavemente sobre as suas costas. Ele pairou acima de Travis,
olhando para o homem debaixo dele. Ele colocou a mão no peito de Travis e
fechou os olhos, ouvindo o coração disparado abaixo dele. Ele deslizou a sua
mão pelo abdômen de Travis, amando a sensação da pele sedosa sob a sua
palma.

O peito de Travis se levantava com excitação, e ele abaixou a boca


para a dele, deixando os seus lábios roçarem os de Travis. O pau dele estava
tão duro, que doía. Esfregou contra a coxa de Travis, fazendo-o ofegar com a
nova sensação.

Travis puxou a cueca de Lucian para baixo, bem como a sua própria, e
ambos as lançaram pelo quarto. Travis sentou-se, assim ele poderia admirar
melhor Lucian.
— Meu Deus. Olhe para você, Lucian. — Travis segurou o rosto de
Lucian em suas mãos. Os seus olhos estavam dilatados e ele estava tremendo
um pouco. — Ei, o que foi?

— Estou nervoso.

— Nós não temos que fazer coisa alguma hoje à noite, tudo bem? Nós
podemos nos beijar e isso é tudo.

— Você não se importa?

— Claro que não! Eu não tenho ideia do que estou fazendo, de qualquer
maneira. Eu só quero te tocar e te beijar. Eu quero estar perto de você.

— Isso eu posso fazer.

Lucian não sabia que apenas beijar Travis causaria uma reação nele.
Enquanto os seus pênis deslizavam transversalmente um no outro, o seu corpo
explodiu em chamas e as suas presas desceram. Ele se afastou rapidamente e
tentou escondê-las.

— Ei, agora. — Travis puxou as mãos de Lucian para baixo e sorriu


para as suas presas. — Você me morderá?

— Eu ... eu queria, — ele admitiu.

— Bem, Loki me disse como se sentiu e estou meio curioso.

— Você me deixaria?

Travis sorriu e puxou Lucian para cima dele. Ele abriu as pernas e
Lucian se acomodou entre elas.

Travis moveu a cabeça para o lado, expondo o seu pescoço. Lucian


lambeu os lábios pelo pulso acelerado no pescoço de Travis. Ele lambeu ao lado
da garganta de Travis e afundou as suas presas.

A reação foi imediata.


Travis começou a gemer e gozou quando Lucian bebeu dele, o seu
próprio pau explodindo sobre ambos. Ele se afastou, lambeu a ferida para fechar
e limpou o sangue de seus lábios.

— Oh. Meu. Deus. — Travis ofegou. — Eu nunca gozei assim! Isso foi
uma loucura!

— Eu fiz uma bagunça. — Lucian olhou para os seus corpos cobertos


de sêmen.

— Inferno, eu também. — Travis riu. — Eu não posso me mover.

Lucian acenou uma mão entre eles, limpando a bagunça do sêmen. Ele
rolou para o seu lado para admirar Travis.

— O que você está pensando? — Travis perguntou.

— Que é estranho estar nu em uma cama com você.

— Parece estranho?

— Não. Parece ... certo.

— Eu também penso assim. — Travis se aproximou de Lucian,


aconchegando-se no calor do homem mais alto.

O braço de Lucian o rodeou, puxando-o para mais perto.

— Podemos ficar aqui para sempre?

— Eu queria que isso fosse possível, Travis.


Capítulo 17

O bater na porta do seu apartamento despertou Travis com um


sobressalto. Lucian sentou-se imediatamente e Travis empurrou-o de volta para
baixo. Ele se levantou e vestiu uma bermuda e uma camiseta, indo atender a
porta. Assim que ele abriu, Cezar e Killian entraram na sala e olharam ao redor.

— Que diabos, caras? — Travis olhou para eles. — O que está errado?

— Onde está Lucian?

— Ele está bem. Ele está no quarto. O que está acontecendo?

— Nós não conseguimos nos comunicar com ele.

— Então você bateu? — Travis arqueou uma sobrancelha. — Por que


simplesmente não apareceu?

— Isso é realmente o que você quer saber agora? — Cezar perguntou.


— Estávamos tentando ser discretos.

— Bem, ele está bem. Posso garantir isso.

Killian olhou para Travis de perto.

— Você esteve com o meu irmão.

— Sim, ele fica aqui. — Travis cruzou os braços.

— Não. Você esteve com ele.

— Como você sabe disso?

— Eu posso cheirar. — O nariz de Killian se contraiu. — Onde ele está?

— Certo, isso é estranho. — Travis se afundou na almofada do sofá.

Lucian saiu em sua calça jeans e Travis tentou segurar um gemido ao


vê-lo. Ele parou no meio da sala e olhou para os seus irmãos.
— Lamento ter desligado a minha telepatia. Travis e eu estávamos ...
ocupados. — O rosto de Lucian corou.

— Sim, nós podemos ver. — Cezar sorriu.

— Eu pensei que você queria esperar pelo outro Travis? — Killian


franziu o cenho.

Travis ergueu a mão.

— Sim. Estou de volta.

— Travis? — Cezar se agachou diante dele, olhando-o nos olhos.

— Pare. — Travis se inclinou para a frente. — É estranho.

— Sim. Esse é ele. — Killian riu.

— Certo, eu tomarei um banho para que vocês possam falar sobre


mim. — Travis levantou-se e atravessou a sala até Lucian. Ele colocou os braços
ao redor do pescoço do homem mais alto e o beijou. Aplausos suaves soaram
atrás dele e ele sorriu contra os lábios de Lucian.

— Ignore-os, — Lucian murmurou.

— Eu estarei de volta em alguns minutos. — Travis soltou Lucian e riu


quando ele saiu da sala.

— Então, irmão. — Cezar esperou até ouvir o chuveiro ligar. —


Perdemos alguma coisa?

— Eu preciso falar com vocês dois. — Lucian os conduziu para a


varanda da sala e fechou a porta de vidro deslizante atrás deles.

— O que é? — Killian perguntou.

— Bem, Travis e eu gostaríamos de ficarmos ... próximos.

— Ah, sexo. — Cezar assentiu.


— Sim. Sexo. Não tenho certeza sobre o que fazer. Travis foi o meu
primeiro beijo – o meu primeiro tudo.

— Como Stone foi para mim. — Killian bateu nas costas de seu irmão.
— Entre mim e Cezar, estou certo de que podemos passar por tudo.

— Quero que ele saiba o quanto me importo. — Lucian olhou de Killian


para Cezar. — Ontem à noite, nós nos beijamos e seguramos um ao outro e foi
... maravilhoso ter Travis em meus braços.

— Oh, irmão, você está apaixonado. — Killian sorriu, segurando a


bochecha de Lucian.

— Eu não sei o que é o amor, mas me sinto completo na presença dele,


como se ele estivesse ausente da minha vida e agora ele está de volta. Algo aqui
fica muito bem. — Lucian tocou o seu peito.

— Eu acredito que quando você encontra o único para você, é assim


que você se sente, — Cezar concordou. — É como eu me senti quando Loki me
disse que me amava.

— Há algo tão ... familiar sobre Travis. Não consigo entender a razão.
— Lucian olhou para os seus irmãos.

— Bem, vamos dizer o que sabemos, o resto você se vira. — Killian


sorriu.
Travis se inclinou na água quente, deixando-a cair sobre o seu rosto.
Ele precisava conversar com um dos caras – bem, os gays. Ele precisava saber
o que fazer e como fazer, porque ele tinha a intenção de deixar Lucian ser o
ativo.

Travis passou a mão pela sua garganta com um sorriso. Lucian o


mordeu e foi uma experiência quase religiosa. Mesmo agora ele se sentia ...
possuído. Algo sobre Lucian parecia muito bem. Ele não conseguia dizer em
palavras, mas algo sobre ele lhe lembrou de outro tempo. Um momento em que
ele não conseguia definir. Talvez outra vida? Quem sabe.

Travis saiu e se secou, indo para o seu quarto. Olhou para a sala e viu
os irmãos na varanda. Ele não podia ouvir o que eles estavam dizendo, mas era
óbvio que eles estavam discutindo sobre sexo se os dedos de Cezar significassem
alguma coisa. Ele riu e foi para o seu quarto vestir algumas roupas.

Ele pegou o seu telefone e enviou uma mensagem para Brock. Ele sabia
que Brock falaria com ele sobre sexo e não zombaria dele. Bem, ele esperava.
Brock respondeu segundos depois, dizendo que ele estava no prédio em seu
próprio apartamento. Travis agarrou os seus sapatos e saltou pelo corredor até
a sala de estar onde eles estavam. Os irmãos pararam de falar quando ele
alcançou a varanda.

— Eu descerei as escadas para ir no Brock, tudo bem? Zack está lá,


então deve estar tudo bem para eu ir.

— Tudo certo. Se precisar de mim, apenas me chame. — Lucian


assentiu, pegando a mão de Travis. Ele puxou-o para perto e deixou cair um
beijo em seus lábios.

— Tchau! — Travis acenou para os outros irmãos.

Ele quase saltou os degraus, mas pensou melhor sobre isso. Quando
chegou no apartamento de Brock, a porta se abriu e Zack ficou ali, sorrindo.

— Ei, Zack.
— Travis. — Zack deu um passo para trás para permitir que ele
entrasse. Brock estava na mesa da cozinha, comendo o que parecia ser waffles.

— Ei. — Travis se sentou e olhou para o seu amigo através da mesa.

Brock mastigou lentamente, observando o rosto de Travis.

— O quê? — Ele murmurou em torno de sua mordida de comida.

Travis estreitou os olhos.

— Trav? — Um pedaço de waffle caiu da boca de Brock.

Travis assentiu lentamente com um sorriso.

— Puta merda! Você está de volta! — Brock levantou-se e agarrou


Travis, abraçando-o com força.

— Ei, cuidado com o amnésico curado! — Travis riu, retornando o


abraço.

— Oh, inferno, — Zack suspirou. — Eu darei uma corrida. Posso ver


que vocês dois estarão ocupados.

— Também te amo, idiota! — Travis gritou depois que Zack fechou a


porta da frente atrás dele.

— Quando isso aconteceu? — Brock se sentou de novo, olhando para


o seu amigo.

— Logo depois que vi o Doutor Youngblood. O meu pai tinha os estágios


iniciais da doença de Alzheimer–

— Espere, tinha? — Brock perguntou.

— Sim. — Travis sorriu. — Tinha. Deram-lhe o sangue da linhagem de


Wayne e então eu tomei também, puff! As memórias voltaram. O ombro não dói
mais.

— Mas você nunca quis tomar o sangue.


— Eu não quis, mas o meu outro eu disse que sim. Então, aqui estou
eu. Tudo mudou, Brock! — Travis disse animadamente. — Lucian e eu estivemos
juntos ontem à noite ...

— Uau! Como, juntos, juntos?

— Bem, nós não transamos porque, francamente, nenhum de nós sabe


como fazer isso.

— E essa seria a razão pela qual você está aqui. — Brock arqueou as
sobrancelhas.

— Bem, não só isso, mas eu não podia esperar para contar a alguém!

— Ah, cara. — Brock pegou a mão de Travis. — Eu estou tão feliz por
você!

— Eu quero contar aos outros, mas primeiro preciso de um conselho.

— Eu te direi tudo o que você precisa saber.

— Obrigado, Brock.

— Qualquer coisa para você, Trav.

Duas horas depois, os doze Olimpianos lotaram o apartamento de


Brock. Todos eles abraçaram Travis e o questionaram. Era bom estar perto de
outros como ele. Ele nunca pensou nisso dessa maneira. Todos tiveram de lidar
com a compreensão de que eram adotados e eram especiais.

Travis sentou-se com eles em um círculo e não conseguia parar de


sorrir. Todos estavam falando ao mesmo tempo e Travis levantou uma mão.

— Eu sei que eu fui um idiota para alguns de vocês.

— Nãoo, — Lance disse secamente.

Travis lhe lançou um olhar e continuou.

— Eu prometo ser quem eu sou suposto ser de agora em diante. Nós


somos uma família.

— Eu meio que sinto falta do outro Travis, — Elijah brincou.

— Ele está aqui. — Travis bateu no seu peito. — Eu não me esqueci


dessa parte e nunca irei. Vocês caras estavam lá para mim. — Travis olhou para
Brock e arqueou as sobrancelhas. Brock acenou com a cabeça e Travis enfrentou
os seus amigos novamente. — Estou com Lucian agora.

Toda a sala explodiu com assobios de aprovação e palmas. Travis


abaixou a cabeça e riu de seus amigos.

— Como Josh Montgomery diria, outro se rendeu! — Ryder riu.

— Oh, Deus, quantos são agora? — Jordy perguntou.

— Bem, vamos ver, — Ryder fez a conta em sua cabeça. — São sete
Olimpianos com os seus guardiões.

— Então, nós todos terminamos com os nossos guardiões? — Lance


resmungou.

— Maldição, eu vi Zane. — Jordy balançou as suas sobrancelhas.

— Não tenho certeza se estou atraído por Calvin. — Ashton olhou ao


redor da sala.
— Só porque acabamos com os nossos, não significa que vocês ficarão
com os seus, — Brock apontou.

— Espere, o quê? Como você não pode se sentir atraído pelo Calvin?

— Hum, eu não sei? Eu não sou atraído por cabelo escuro, ou caras,
para simplificar o assunto, — Ashton admitiu.

— Eu sabia que estava, — Travis disse. Todos se viraram para olhar


para ele e ele deu de ombros. — Eu não sei por que eu escondi, mas eu
realmente só olhei para um homem. Lucian.

— Samson é bonito, — Tatum falou.

— Sim, ele realmente é, — Ashton concordou. Ele piscou. — Eu disse


isso?

— Você disse! — Jordy riu. — Ah ha!

— Eu me pergunto se eu acabarei com Dasan. — Ruslan inclinou a


cabeça.

— Hum, tenho certeza de que Dasan quer estrangulá-lo. — Lance


arqueou as sobrancelhas.

— Ele costumava gostar de mim, — Ruslan se defendeu.

— Bem, sim. Costumava sendo a palavra operativa. Acho que as suas


ações em relação a Colin o curaram, — Jordy meditou.

— Ugh! — Ruslan segurou a sua cabeça.

— Certo, vamos treinar, — Travis interrompeu. — Eu tenho um lugar


para estar!
Depois de treinar por algumas horas, Travis voltou para o seu
apartamento para encontrar Lucian no sofá. Ele sorriu para o estado relaxado
do híbrido.

— Ei. — Ele fechou a porta.

— Olá. O Doutor Forrester ligou. Ele gostaria de falar com você.

— Agora? — Travis fez beicinho.

— Nós podemos sair depois? Há algum lugar que você gostaria de ir?

— Você quer dizer um encontro?

— Bem, nós não tivemos um ainda. É costume, não é?

— Deus, a maneira como você fala. — Travis segurou uma mão em seu
peito e fingiu um desmaio digno de Scarlett O'Hara.

Lucian sorriu e se levantou do sofá, caminhando até Travis.

— Você adora quando eu não uso contrações.

— Ohh, faça um pouco mais. — Travis falou.

Lucian riu, puxando Travis em seus braços.

— Vamos lá.
Capítulo 18

Travis se mexeu na cadeira na frente da mesa de Cormick Forrester.


Ele tinha a sua memória de volta, então por que ele precisava ver o médico?
Cormick sorriu para ele, colocou as suas mãos em cima da mesa e as entrelaçou.

— Uau, eu posso dizer que você realmente não quer estar aqui.

— Não é isso, — Travis começou. — Eu simplesmente não vejo a


necessidade.

— Bem, só porque você se lembra de tudo, não significa que você não
precisa de ajuda. Como você e Lucian estão?

— Bem, estamos juntos agora.

— E? É isso que você quer?

— Sim. Eu acho que é o que eu sempre quis. Há algo nele – eu não


posso definir o que é. É como se eu o conhecesse de alguma forma.

— Bem você o conhece.

— Não, como se eu o conhecesse antes de tudo isso. Juro que sim. Eu


não consigo me lembrar. Poderia ter sido em outra vida?

— Bem, eu não sou um profissional nessa área, mas posso lhe dizer
isso: se você sentir isso fortemente por ele, tem que ter uma razão. Todo o resto
está bem?

— Sim. O meu pai pegou o sangue que salva vidas por causa de sua
condição, então eu sei que ele estará por aí por um longo tempo.

— Sim, ele me disse.

— Você o viu?
— Claro. Tenho permissão para lhe dizer isso. O seu pai deu a entender
que se você me azucrinasse, o lembrasse que ele vem me ver também.

— Foi tão estranho ler o meu diário como o meu outro eu, você sabe,
aquele que não se lembrava. Eu gastei tanto tempo ficando zangado com o que
eu era, eu não parei para pensar sobre o que isso significava. Eu tenho onze
outros caras que estão no mesmo barco que eu, muitos deles que eu conheço
desde o ensino médio. Estamos todos na mesma situação e eu sou o único que
está causando problemas. Bem, exceto por Ruslan, talvez.

— Talvez você possa ajudar Ruslan?

— Talvez. Quero dizer, eu sei que ele e eu nos entendíamos muito


melhor quando nós dois estávamos lutando contra isso.

— E os seus sentimentos por Lucian? Lembro que você não gostava


muito dele.

— É só isso. Acho que fiquei mais furioso que ele não sabia que eu
deveria estar com ele.

— O que te faz dizer isso?

— Ele deveria me conhecer. Como eu disse, eu tenho essa sensação


de que ele sempre foi meu.

— Bem, isso é interessante. — Cormick arqueou uma sobrancelha. —


Talvez isso seja algo mais místico do que você está pensando?

— Talvez. — Travis observou a hora. — Está tudo bem se terminarmos


cedo? Eu prometo que voltarei para te ver, é só que Lucian e eu sairemos em
nosso primeiro encontro.

— Mas é claro que não, — Cormick levantou-se e estendeu a mão. —


Desfrute com o seu guardião, Travis.

Travis sacudiu a mão do médico e saiu do consultório. Ele ficou no


corredor e respirou fundo. Ele estava nervoso com o encontro dele. Uma lufada
de ar soprou em seu rosto e ele abriu os olhos para encontrar Zane em sua
forma de urso polar.

— Merda! — Travis apoiou-se na parede. — Droga, Zane!

Zane mudou em sua forma humana e deu um sorriso para Travis.

— Bem, eu não sinto desconforto, não mais.

— Idiota, — Travis murmurou.

— Eu senti tanto a sua falta, — Zane disse secamente.

Travis soltou uma gargalhada e Zane se juntou a ele. Ele finalmente se


acalmou e olhou para o shifter na sua frente. Zane tinha mais de 1,95 m de
altura. Travis teve que dar uma olhada nele.

— Obrigado, cara.

— Não há problema. — Zane puxou Travis em um abraço e deu-lhe um


cafuné na cabeça.

— Ei! Veja a penugem de casca de pêssego! — Travis afastou-se de


Zane com um sorriso. — Tchau.

Travis pegou o elevador para o primeiro andar e saiu para encontrar


Lucian falando com o guarda na porta da frente. Ele sorriu e se dirigiu para eles.
Lucian levantou a cabeça e olhou em sua direção.
Travis sorriu. Quando alcançou Lucian, o shifter puxou-o para um
abraço.

— Como foi? Você saiu um pouco cedo.

— Eu realmente queria sair. Para onde você me levará?

— Isso é uma surpresa. — Lucian sorriu, saindo com Travis pelas


portas.

Eles chegaram à sua moto e Lucian tirou o capacete extra. Travis


sentou-se na parte de trás da moto e envolveu os braços em torno da cintura
de Lucian. Eles andaram pelas ruas de Seattle, e agora Travis sabia o que os
outros rapazes estavam falando quando discutiram sobre a sensação de
liberdade na parte de trás de uma moto. Travis observou o tráfego zumbir
quando Lucian entrou e saiu do trânsito. O sol estava se pondo quando eles
chegaram ao seu destino. Travis saiu da moto, olhando para os arredores.

— O que é isso?

— Vamos lá.

Lucian os levou ao longo de uma trilha e eles andaram através das


árvores. Eles pararam e Lucian comprou algumas coisas de um vendedor. Travis
tentou ver o que ele estava fazendo e Lucian escondeu em seu casaco. Eles
continuaram andando de mãos dadas. Lucian não podia acreditar o quão lindo
Travis parecia naquele momento. Finalmente chegaram à beira da água e Travis
ofegou.

— Uau! Olhe para todas essas luzes!

— É a Luminata. Vê como todas as pessoas têm lanternas? — Lucian


tirou as que comprara.

— Comprei uma lanterna flutuante. Podemos soltá-las juntos.

— Sério? — Travis pegou a lanterna de Lucian.


— Sim, eu quero que você deixe o seu velho eu ir. Acenda a lanterna
e deixe-o ir.

— O que você deixará ir?

— A minha solidão e inseguranças.

— Certo, faremos isso juntos! — Travis praticamente saltou.

Lucian sorriu e tirou um isqueiro do bolso do casaco. Ele o entregou a


Travis e esperou.

Travis fechou os olhos e inspirou profundamente antes de acender a


lanterna. Ele devolveu o isqueiro e Lucian acendeu a sua própria lanterna. Eles
esperaram até que as lanternas começassem a subir um pouco e depois as
soltaram juntos. Elas flutuaram lentamente no céu noturno e Lucian envolveu
Travis em seu casaco enquanto a noite esfriava. Eles ficaram lá sem dizer coisa
alguma enquanto observavam as lanternas se unirem com as outras.

— Como isso parece? — Lucian murmurou na orelha de Travis.

— Sinto-me mais leve de alguma forma. — Travis olhou para Lucian.


— Você?

— Sinto como se estivesse onde deveria estar. — Lucian olhou para o


lado. — É melhor irmos, eles começarão o desfile das lanternas em breve.

Voltaram para a trilha e se encontraram com o desfile. Diferentes


lanternas coloridas alinhavam o caminho e outras flutuavam acima deles. Era
mágico da sua própria maneira. Lucian olhou furtivamente para Travis enquanto
eles caminhavam com todas as pessoas. Eles acabaram no Bathhouse, e Lucian
comprou para Travis uma xícara de café quente com cidra. Eles observaram a
arte em exibição e Travis parou em uma pintura de dois meninos. Eles estavam
centímetros afastados um do outro, dedos indicadores apenas se tocando.

— Eu gosto. — Travis inclinou a cabeça.

— Parece familiar, não é?


— Caramba, querido. — Travis estremeceu e depois riu do olhar no
rosto de Lucian. — Você disse não é, — Travis procurou os olhos de Lucian. —
O que é isso? Eu não estava zombando de você, eu juro. Realmente faz algo
comigo quando você fala assim.

— Você me chamou de querido.

— Eu te chamei? Eu sinto muito. Isso te incomoda?

— Não. — Lucian balançou as sobrancelhas.

— Agora você está apenas sendo um provocador.

— Eu digo para nós comprarmos a pintura e irmos para casa, onde eu


falarei com você apropriadamente.

— Vendido!

Depois de comprar a pintura e tê-la enviada para o apartamento, eles


pareciam voar para casa. Lucian se repreendeu por levar a moto ao invés de se
teletransportar. Eles poderiam ter voltado para o apartamento mais cedo. Ele
estava em alerta máximo o tempo todo que eles estiveram fora, e pediu a Loki
e Cezar para manterem um olho nos arredores quando ele saiu com Travis. Ele
puxou a sua Harley para um espaço mais próximo do portão e ambos saltaram,
quase correndo para o portão de segurança. Travis digitou o seu código e então
eles estavam subindo as escadas.
A porta se abriu e voltou quando Travis saltou sobre Lucian, enrolando-
se ao redor dele como uma serpente. Os seus lábios se encontraram em
desespero e Lucian chutou a porta fechada, colocando uma mão na parede para
se apoiar enquanto mergulhava na boca de Travis, as suas línguas girando.

— Cama. — Travis conseguiu falar entre beijos.

Lucian segurou Travis pela bunda enquanto eles tropeçavam pelo


corredor, sem vontade de se separarem. Eles finalmente conseguiram ir para o
quarto e Lucian colocou Travis na cama. Travis choramingou quando foi deixado.

O beijo foi interrompido e Lucian tirou o casaco, deixando-o cair no


chão. Ele se despiu rapidamente, não querendo esperar mais para continuar a
beijar Travis. Quando estava completamente nu, estava no fim de seu controle
e observou Travis se despir também.

Travis se arrastou até a beirada da cama e se ajoelhou, passando as


mãos pelo peito de Lucian. Ele agarrou as suas mãos e beijou ambas as palmas,
puxando Travis para ele. Eles se abraçaram nus, ambos ofegando por ar quando
compreensão atingiu os dois. Eles estavam prestes a estarem juntos pela
primeira vez. Travis se afastou, olhando nos olhos de Lucian.

— Eu quero que você me tome, — Travis disse suavemente. Os olhos


de Lucian se arregalaram e Travis colocou um dedo em seus lábios. — Por favor?

Lucian acenou com a cabeça e colocou Travis gentilmente de volta na


cama. Colocando uma mão em seu peito, ele o empurrou para as suas costas,
ficando acima dele. Travis lambeu os lábios nervosamente e puxou o lubrificante
da gaveta ao lado da cama. Ele o entregou a Lucian e se ergueu sobre os
cotovelos para beijá-lo.

— Eu quero explorar cada centímetro seu. — Lucian arrastou as suas


pontas dos dedos abaixo do abdômen de Travis.

— Estou animado, nervoso e assustado ao mesmo tempo, — Travis


admitiu.
— Serei gentil.

Os olhos de Travis fecharam quando Lucian se inclinou e beijou o seu


estômago. Ele lambeu os lábios e beijou mais para baixo, pelo seu quadril e
Travis estremeceu sob ele. Lucian se moveu entre as pernas de Travis e começou
a beijar a parte interna de sua coxa, mordiscando pelo caminho.

A sua mão roçou a pele macia das bolas de Travis e a sua respiração
prendeu. Lucian segurou-as na palma da mão, rolando-as enquanto se inclinava
para a frente e lambeu ao lado do pênis de Travis. Ele engasgou e gemeu,
arqueando as costas quando Lucian envolveu os lábios em volta do seu pênis.
Lucian chupou bruscamente, deixando a sensação da pele e do gosto de Travis
deslizar sobre a sua língua.

Travis tremeu, as suas mãos agarrando os lençóis enquanto Lucian o


levava para a parte de trás de sua garganta, e então aliviando para trás
lentamente, lambendo ao redor da ponta. Ele permitiu que as suas presas
caíssem e as deixou deslizar para baixo no pau de Travis enquanto o chupava
novamente. Travis se contorceu e gemeu mais alto. Lucian deslizou dois dedos
na entrada de Travis, empurrando-os sobre o seu ânus mais e mais.

— Foda-se! — Travis ofegou. — Por favor, Lucian!

Lucian saiu de seu pau e começou a cobrir os seus dedos com


lubrificante. Ele deslizou um dentro de Travis e empurrou-o tão fundo quanto
podia. Travis agarrou as grades na cabeceira da cama e se empurrou contra o
dedo.

Lucian começou a deslizar para dentro e para fora, acrescentando outro


dedo tão gentilmente quanto podia. Olhar Travis foder os seus dedos, tinha que
ser a visão mais erótica que ele já viu. Ele os removeu e Travis choramingou
com a perda. Lucian deslizou o seu corpo e segurou o seu pau firmemente em
uma mão, esfregando-o sobre a entrada de Travis.

— Você está pronto? — Lucian sussurrou.


— Sim! — Travis puxou Lucian para um beijo frenético, mas
apaixonado.

Lucian empurrou e ambos ofegaram quando ele invadiu o corpo de


Travis. A sensação podia ser melhor descrita como voltar para casa. Quando
Lucian começou a se mover, Travis envolveu as suas pernas ao redor de seus
quadris, se segurando nele como se estivesse se afogando. Eles não conseguiam
parar de se beijar e o corpo de Lucian parecia saber exatamente o que fazer.
Era como se o seu corpo conhecesse o de Travis.

Um brilho fino de suor apareceu na testa de Lucian quando ele começou


a foder Travis a sério. O corpo de Travis acariciava o seu pau enquanto
empurrava nele. O prazer/dor era indescritível e um rosnado saiu de sua
garganta.

Travis segurou Lucian onde ele podia. Surpreendentemente, não havia


dor, apenas uma sensação de que tudo estava certo. Ele mergulhou na boca de
Lucian uma e outra vez, arqueando para encontrar o seu corpo enquanto Lucian
mergulhava nele repetidamente. Ele não conseguia recuperar o fôlego, não
podia formar um único pensamento que fizesse sentido. Tudo o que sabia, era
que Lucian o completava. Pele batia contra pele, a cabeceira bateu na parede e
o som de seus gemidos ecoaram pelo quarto.

Travis arranhou as costas de Lucian e ofegou quando as presas


afundaram em seu pescoço. Êxtase atravessou o seu corpo, os seus dedos dos
pés se enrolaram e ele gemeu. O seu pau explodiu ao mesmo tempo em que
Lucian soltou um rugido que quase abalou o quarto. Prazer o consumiu e Travis
caiu de costas contra os travesseiros. Lucian caiu sobre ele e se abraçaram com
força, com ambos tentando se recuperar. Travis beijou o ombro de Lucian,
esfregando o rosto em sua bochecha.

— Eu nunca me senti assim. — Travis acariciou o pescoço de Lucian.

— Eu também não.
— Eu amo isso. — Travis riu.

— Então você não quer que eu aprenda a dizer não e não pode?

— Não. Quero que você fique do jeito que você é, Lucian.

Lucian ergueu a cabeça e olhou nos olhos de Travis. A cor intensa era
hipnotizante.

— O que foi? — Travis perguntou.

— A sua cor dos olhos. Nunca vi olhos dessa cor.

— Eles são castanho-claros.

— Não, eles estão dourados agora. A maneira como a cor rodopia, é


fascinante.

— Eu ainda amo os seus lábios.

— Você se lembra disso?

— Claro. Eu tenho todas as minhas memórias, o que inclui aquelas em


que eu era o muito feliz e divertido Travis.

— É estranho que eu prefiro o mal-humorado, resmungão, irritante


Travis?

— De jeito nenhum. Eu aprecio isso. — Travis tocou o rosto de Lucian


e sorriu. — Quem teria pensado que nós transaríamos?

— Bem, foi incrível para a minha primeira vez. Eu te agradei?

Travis se moveu um pouco, exibindo o seu abdômen coberto de sêmen.

— Eu diria que sim.

— Chuveiro?

— Definitivamente.
Capítulo 19

Travis fechou os olhos enquanto as mãos de Lucian deslizavam por seu


abdômen, deixando um rastro de sabonete. Inclinou a cabeça coberta de xampu
no peito de Lucian e pegou as suas mãos, envolvendo-as em torno de seu
corpo. Os beijos suaves de Lucian caíam abundantemente ao lado de seu
pescoço e até a sua orelha.

— Sua pele. — Lucian murmurou. — Eu não posso parar de tocá-lo.

O corpo de Travis respondeu não só à voz abafada, mas às palavras.


Ele envolveu os seus braços em volta do pescoço de Lucian e apertou o seu
traseiro na sua virilha. Uma mão deslizou para baixo em seu pênis, que
rapidamente endureceu e ele o apertou, dando-lhe uma boa masturbação lenta.

— Nós nunca deixaremos o chuveiro. — Travis inclinou a sua cabeça


para trás e Lucian tomou a sua boca.

A pele de Lucian esfregou deliciosamente pelas suas costas, as suas


mãos acelerando o seu ritmo enquanto Travis se balançava na carícia
pecaminosa. Ele gritou quando entrou em erupção na mão de Lucian. Travis
estremeceu e Lucian o segurou com mais firmeza. Ambos se enxaguaram sob o
fluxo de água.

— Lucian?

— Sim?

— Você irá ao jogo/festa de Boas-Vindas comigo?

— Eu não danço Travis.

— Nós não temos que dançar. Você pode simplesmente ir e ficar


comigo.

Lucian beijou Travis suavemente.


— Eu me sentiria honrado. Talvez depois, você pode me foder?

Travis virou-se nos braços de Lucian e o olhou nos olhos.

— Você quer que eu te foda?

— Gostaria muito.

— Bem, eu acho que eu posso ser capaz de lidar com isso.

— Você falou com Brock.

— Você falou com Killian e Cezar.

— Culpado. — Lucian riu. — Então, depois da dança?

— Definitivamente. — Travis ficou sério. — Muito obrigado por me levar


para sair hoje à noite. Nunca me esquecerei.

— A sua cor favorita é verde, não é?

Travis sorriu e Lucian bateu na bunda dele.

— Ai! Sim. Verde é a minha cor favorita.

Lucian estendeu a mão na frente de Travis, com a palma para cima e


fechou os olhos. Lentamente, uma bola verde de luz começou a girar em sua
palma.

— Nós sempre teremos esta noite bem aqui. — Lucian sorriu quando
Travis estendeu a mão para tocar a luz. Moveu-a para a mão de Travis, flutuando
na frente dele.

— Eu nunca esquecerei, — Travis sussurrou.

Depois do banho, eles se arrastaram para a cama de Travis e Lucian o


puxou para os seus braços. Essa sensação ... era o que faltava à sua vida.

— Lucian?

— Sim?
— Durma bem.

— Eu irei agora.

À medida que o aniversário de Travis se aproximava, o evento de Boas-


Vindas se aproximava também, Travis tentou recuperar o atraso com os
trabalhos de casa e passar tempo com os seus amigos. Ele sentiu falta deles
quando estava sendo um idiota. Ele também passou um tempo com o seu pai,
levando Lucian com ele para que pudessem se conhecer melhor. A sua vida
nunca foi fácil e esse era o seu melhor momento. Ele não era estúpido o
suficiente para pensar que o pior passara, mas, pelo menos agora, ele poderia
ajudar os seus irmãos Olimpianos.

— Ai! Você queimou a minha bunda! — Ruslan esfregou o seu traseiro.

— Ops! Eu ainda estou tentando entrar em contato com o meu


paranormal interior. — Travis sorriu. Uma pequena ave fênix estava voando em
sua palma. Parecia sentir Elijah perto e voou para ele, aterrissando em seu
ombro.

— Então, você congelou Dasan.

Skylar olhou para o guardião em questão, que estreitou os olhos para


eles. Levitar e colocar a bunda de Ruslan em chamas. Isso é muito bom para
alguém que não queria algo a ver com os seus poderes.
— Não é legal? — Jordy perguntou, segurando uma panela na mão.

— O que você está fazendo? — Travis perguntou.

— Farei pipoca. Confira.

— Eu não faria isso — Wraith se arrastou do sofá. — A última vez que


ele me pediu para olhar, uma estourou no meu olho.

— Eh, merda acontece, — Skylar meditou, observando um vórtice de


água girar em sua mão.

— Se o poder nunca sair, todos nós podemos cozinhar nas palmas das
nossas mãos. — Jordy riu.

— Então, Travis. — Killian se aproximou dele. — Eu entendo que o meu


irmão o levará para uma dança?

— Sim. Ele disse que não pode dançar, mas eu estou bem com isso. Eu
só o quero lá.

— Na mesma noite do seu aniversário. PJ concordou em ter a dança


no clube. Muito legal, hein? — Jordy pegou uma tigela enquanto a pipoca
estourava na panela.

— Sim, é muito legal, — Travis concordou.

— Bem, é melhor irmos para o campo e ter algum treino. Precisamos


estar no nosso melhor para o jogo. — Lance esticou os braços para cima. — Não
podemos ficar enferrujados.

— Sim, vamos. — Jordy entregou a Wraith a panela com um sorriso.


Travis enfiou os dedos no gramado e olhou para a frente. Sebastian
chamou a jogada e correu com Lance bem na sua bunda. Ele contornou Brock e
foi para a zona final. A dor irradiava de seu ombro segundos depois quando
alguém o atingia e ele bateu no chão com força.

— Merda!

Travis olhou para cima e viu que Ruslan se agachou ao lado dele.

— Eu sinto muito! — Ruslan estendeu uma mão e Travis a pegou,


levantando-se e estralando o pescoço de um lado para o outro. Ele estremeceu
com a dor em seu ombro e moveu-o cuidadosamente.

— Você está bem? — Lance gritou, correndo para eles.

— Sim. — Travis sorriu. — Eu estou bem.

Passaram o resto da tarde jogando e Travis nunca se sentira tão em


casa quanto agora. A sua vida era complicada? Inferno, sim, mas agora ele não
a trocaria por coisa alguma.

Eles foram para os chuveiros e Travis deixou a água quente cair em


seu ombro dolorido. Esfregou-o, na esperança de melhorar as coisas e notou
que Ruslan o observava cautelosamente.

— O quê? — Ele perguntou.

— Eu piorei a situação?
— Nah, está legal, Ruslan. Não se preocupe tanto. O futebol é um
esporte violento.

— Quando eles me pediram para jogar, eu não tinha ideia de quão


divertido seria. — Ruslan riu.

—Sim? Você estava canalizando alguma raiva lá fora?

As bochechas de Ruslan se aqueceram e ele espiou ao redor dos


chuveiros certificando-se de que ninguém ouvia.

— Você acha que nós poderíamos conversar depois? — Ele perguntou.

— Claro. — Travis assentiu. — Deixe-me dizer a Lucian.

Já vestido, Travis encontrou Lucian com os seus irmãos no


estacionamento. Eles estavam sempre por perto, visíveis ou não, como
acontecia com todos os guardiões. Cezar teve sorte no fato de que não lhe
designaram um Olimpiano. Ele ficava de reserva para quando os outros
precisassem de uma pausa. Tão logo Travis se aproximou de Lucian, o shifter
puxou-o em seus braços e o beijou em sua têmpora.

—Você está bem? Eu vi a colisão.

— Se eu não tivesse curado o meu ombro com magia eu estaria em


alguma dor séria, mas eu estou bem. Eu queria te dizer que Ruslan e eu sairemos
um pouco.
— Ah, isso é bom. Cezar estará por perto se precisar de qualquer
coisa. Eu irei ao shopping com Brock.

— Você irá? — Travis perguntou, surpreso.

— Sim. E não, não lhe direi por quê.

— Sorrateiro. — Travis riu.

Ruslan saiu do vestiário e olhou para Lucian com Travis. Encontrou


Dasan encostado no carro, os braços cruzados sobre o peito, o cenho franzido
no lugar. Bem, isso não era algo novo. Aproximou-se de Travis e de seu ouvido.

— Eles podem manter Dasan ocupado?

— Posso ouvi-lo, — Dasan disse ironicamente.

Ruslan virou-se e olhou para Dasan.

— Bom! Quero passar algum tempo sem você.

— Eu posso ficar com ele, Dasan, — Zack ofereceu.

— Você tem certeza? — Brock perguntou ao seu companheiro.

— Sim, por que não? Cezar e eu chutaremos a merda enquanto estes


dois ... se unem.

— Vamos, Ruslan. — Travis riu, caminhando para o seu próprio carro.

— Vejo você em breve, Travis. — Lucian acenou quando entrou no


carro de Brock.
Lucian estava com os dedos no painel enquanto Brock entrava e saía
do trânsito. Ele era duro de matar, mas maldição!

— Brock eu vomitarei.

— Ah, vamos lá! Eu não consigo pegar a Cinco muitas vezes.

Lucian fechou os olhos e esperou que eles chegassem ao shopping


rapidamente. Parecia uma eternidade e Brock deslizou em uma vaga de
estacionamento. Lucian abriu a porta e tropeçou fora do carro. Ele segurou os
joelhos e respirou fundo. Uma mão pousou em suas costas e ele se endireitou.

— Eu fiquei como você a primeira vez que Zack dirigiu o meu carro.

Lucian estreitou os olhos e Brock riu, caminhando em direção ao


shopping.

— Certo, então para onde vamos?

— Saberei quando eu ver.

Eles caminharam pelo shopping, Brock parando de vez em quando para


pegar algo de uma determinada loja. Lucian olhou todas as lojas até que uma
delas chamou a sua atenção. Aproximou-se da vitrine e olhou para dentro. Ele
fez um gesto para Brock e eles entraram na loja.

— Então? O que te chamou a atenção?

— Isto, — Lucian apontou para a vitrine.

— Interessante.

— Eu acho que mandarei gravar. — Lucian caminhou até a mulher que


trabalhava na loja e tocou o seu ombro. Ela se virou e os seus olhos se
arregalaram.

— S-Sim? — Ela balbuciou.

— Gostaria de ajuda.
— Tudo bem. — Ela assentiu.

Lucian caminhou até o seu presente para Travis e levantou-o.

— Eu preciso que seja gravado, por favor.

— Claro. É para a sua namorada?

— Não. Para o meu namorado. — Lucian piscou. Isso saiu sem ele nem
pensar. Parecia completamente certo. A mulher sorriu e afagou o seu bíceps.

— Bem, é um presente maravilhoso. Tenho certeza que ele


adorará. Por favor, anote o que você gostaria de ter gravado e eu farei agora.

— Claro. — Lucian pegou o bloco e caneta que ela estava oferecendo


e rabiscou a sua inscrição.

— Isso é realmente legal, Lucian. — Brock olhou para o presente. —


Eu não sabia que você poderia fazer isso.

— Fazer o quê?

— Comprar algo tão ... sentimental.

Lucian bufou e Brock riu.

— Aqui está o cara que eu conheço. Franza um pouco mais o cenho.

— Podemos ir andando? — Lucian arqueou as sobrancelhas.

— Sim. Você quer um terno para o evento de Boas-Vindas ou você


vestirá as suas roupas de sempre?

— O que você recomenda?

— Eu vi você em um smoking. Vista isso.

— Agora que isso foi decidido, vamos.

— Estou com fome. — Brock olhou para a praça de alimentação à


direita deles. — Comida?
— Sim.

— Eu terei isso pronto em cerca de meia hora. Vocês podem ir comer


se quiserem. — A mulher sorriu de novo.

— Sim, obrigado. — Lucian virou-se para Brock. — Pronto?

— Sim.
Capítulo 20

— Então? O que se passa, Ruslan? — Travis perguntou enquanto


mastigava um hambúrguer de bacon.

Eles foram para o píer para fugir de tudo e Travis se esquecera o


quanto ele sentia falta do sanduíche Baconalia. Ruslan estava sentado ao lado
dele no banco, balançando uma batata frita entre os dedos.

— Eu sou muito idiota, Travis?

— De onde veio isso? — Travis começou.

— Estou tão cansado de tudo isso. Eu estou cansado do bullying – na


faculdade e fora dela – porque eu sou um Borkosky. Não sou mesmo um
verdadeiro Borkosky! As pessoas não acreditam em mim quando digo que nem
sou parente de sangue, que ele me adotou. Eles pensam que eu sou um
assassino monstruoso como o meu pai adotivo.

— Dasan não ajuda?

— Sim, sim. — Ruslan suspirou, olhando para cima. — Mas não para.
Eu sei que não tenho sido a melhor pessoa em um longo tempo, mas estou
tentando mudar. Eu não tentei algo mais com os meus poderes de Olimpiano
que eu não deveria fazer há algum tempo. — Ruslan não seguiu as ordens e
experimentou os poderes que ele não deveria mexer.

— Sobre o que é isso realmente? — Travis estreitou os olhos.

— Dasan. Ele me odeia, — Ruslan sussurrou.

— Ele não te odeia, Ruslan. Ele morreria por você.

— Não de bom grado. — Ruslan abaixou a cabeça. — Ele morreria


porque é o seu dever.
— O que você está dizendo? Você começou a gostar dele? — Travis
arqueou uma sobrancelha.

— Eu não o enxerguei antes. Eu não sei o porquê. Ele salvou a minha


vida na Sibéria e então, eu não sei, eu senti como se eu devesse agir como um
Borkosky, porque isso é tudo o que alguém sempre me verá. Eu sou provocado
em uma base diária e eu revido, e então eu acabo em apuros e estou tão
atrasado em minhas aulas! — Ruslan jogou as suas mãos para cima com um
suspiro exasperado.

— Ei. — Travis colocou uma mão reconfortante nas costas de Ruslan.


— Eu sei o que você está passando de um modo, certo? Vamos ajudar com o
trabalho escolar e prestaremos mais atenção nos idiotas na faculdade. Nós
somos os seus amigos – entende? Nós te protegemos.

— Gostaria de poder falar com a minha mãe biológica. — Ruslan


suspirou.

— Falei com o meu pai biológico. Bem, eu gritei com ele.

— Você gritou? — Ruslan ofegou.

— Sim, ele estava azucrinando Lucian. — Travis sorriu. — Isso me


irritou. Devia ter sabido então que eu amava Lucian. — Travis parou e os seus
olhos se arregalaram.

— Você disse que o ama, — Ruslan disse.

— Eu percebi. — Travis inclinou a cabeça para o lado em pensamento.


— Uau. Acho que o amo.

— Estou feliz por você. — Ruslan acotovelou Travis.

— Também acontecerá com você, Ruslan. Apenas espere.

— Eu não acho que irá. Ninguém jamais me verá como qualquer coisa
além do filho de meu pai.
— Eu não penso assim. — Travis colocou um braço em volta de Ruslan.
— Acontecerá.

Eles passaram o resto do dia jogando vôlei com algumas outras


pessoas na praia, e retornaram ao complexo de apartamentos pouco antes do
anoitecer. Travis subiu as escadas e riu de Ruslan resmungando atrás dele.

Travis olhou por cima do ombro para ver Ruslan curvando-se.

— Estou bem, — Ruslan disse, subindo as escadas, passando por


Travis, que segurou o seu braço e levantou-o. Ruslan ofegou e mordeu o lábio.

Travis se ajoelhou e examinou a perna de Ruslan. Ele olhou para


Ruslan.

— Por que você não disse coisa alguma? Esse inchaço parece ruim!

Travis levantou-se e procurou nos olhos de Ruslan. Ele parecia que


estava prestes a chorar e Travis não podia deixar de puxá-lo em seus braços.

— O que é isso? Por que não falou?

— Sobre o quê?

Travis girou para encontrar Dasan encostado no alto da escada.

— Ruslan está ferido.


— Onde? — Dasan desceu dois degraus em cada passo até que ele os
alcançou no patamar abaixo.

— Não é sério, de verdade. — Ruslan sacudiu a cabeça para Travis. —


Eu não quero ser um incômodo.

— Vamos. — Dasan ergueu Ruslan em seus braços e carregou-o pelos


degraus.

— Eu estou bem! Me abaixe!

— Claro, assim que eu der uma boa olhada em sua lesão. — Dasan
olhou para Travis por cima do ombro. — Você pode destrancar o apartamento
dele?

— Claro, deixe-me passar por vocês.

Travis passou entre eles e a parede, segurando uma risada do olhar de


espanto no rosto de Ruslan. Era óbvio que Dasan nunca o segurara. Ele abriu a
porta e Dasan levou Ruslan para o sofá, sentando-o. Ele puxou a perna da calça
de Ruslan e observou a lesão.

— Esta é uma fratura por estresse.

— Como você sabe? — Travis perguntou.

— Eu tenho o sangue de Wayne em mim e, neste caso, eu posso dizer.

— Você tem visão de raios-X? — Ruslan perguntou.

Dasan arqueou uma sobrancelha e tirou uma faca do bolso traseiro,


cortou a palma da mão e pegou a mão de Ruslan. Ele a puxou de volta.

— O que você está fazendo?

— Consertando. — Dasan cortou a mão de Ruslan e apertou as mãos


juntas.
— O quê– — Ruslan exalou lentamente e fechou os olhos enquanto o
sangue percorria o seu sistema. A dor desapareceu em um instante e ele
suspirou. — Obrigado.

— Sim, não há problema. — Dasan se levantou e olhou para Travis. —


Estarei no telhado.

Travis esperou que Dasan saísse antes de sentar no sofá ao lado de


Ruslan. Ele pegou a sua mão e olhou a sua palma. A ferida já tinha cicatrizado.

— Por que você não falou? Quando isso aconteceu?

— Na praia, durante o jogo. Eu sabia que estava tendo problemas com


esse tornozelo. Na verdade, o médico da equipe me disse que eu tinha uma
fratura de estresse.

— Você devia tê-la curado imediatamente!

— Eu não posso. Você não vê?! — Ruslan exclamou.

— Não, eu não. Explique.

— Eu já sou um fardo, se eu tivesse reclamado ... Dasan teria ficado


mais irritado. Só mais uma coisa para cuidar.

— Oh, Ruslan. — Travis suspirou, puxando o homem para os seus


braços. — Eu sinto muito. Eu juro que os rapazes e eu te ajudaremos mais,
certo? Ficaremos juntos. Todos nós.

Deus, ele se sentia como um burro egoísta! Durante todo esse tempo,
ele reclamou sobre o seu próprio destino na vida e não prestou atenção em um
amigo sofrendo e com dor. Travis segurou Ruslan e fechou os olhos. Ele faria
isso direito. Os meses que ele passara reclamando parariam e ele seria um
amigo melhor.

— Ficará melhor, Ruslan. Eu prometo.

Ele faria isso acontecer.


O jogo foi brutal, mas eles ganharam. Todo o grupo apareceu no clube
e Travis pegou uma cabine. Lucian lhe disse que chegaria um pouco tarde, mas
ele estaria lá. Ele viu todos os guardiões no clube dançando e rindo. A maioria
dos rapazes já estava na pista de dança, Ruslan incluído. Ele sorriu quando Brock
e Lance puxaram Ruslan para uma dança. Todos se encontraram e conversaram
sobre isso, chegando a um acordo. Se alguém se sentia oprimido e precisava
desabafar, eles estariam lá.

— Concede-me esta dança?

Travis levantou a cabeça. Lucian estava na frente dele, uma mão


estendida.

— Já era hora, Conde Drácula.

Lucian riu, pegou a mão de Travis e escoltou-o para o meio da pista de


dança.

— Você pode ser agradável por um segundo? — Lucian arqueou as


sobrancelhas.

Travis contemplou isso, batendo no queixo com o dedo indicador.

Lucian puxou Travis para perto de seu peito e sorriu pelo chiado
assustado que o homem menor emitiu.

— Eu pensei que você não gostava de dançar.


— Eu gosto, quando a pessoa certa está em meus braços e a música
certa está tocando.

Travis inclinou a cabeça e escutou a música.

— Thinking Out Loud?

— Sim. Você tem essa música. Ed Sheeran, certo?

— Sim.

— Bom, agora fique quieto e dance comigo.

— Mas–

Lucian inclinou-se e bloqueou os olhos em Travis. As pupilas do jovem


se dilataram e ele assentiu lentamente, apoiando a cabeça no peito de Lucian.
Eles se moveram lentamente em um círculo e Lucian colocou a mão na parte de
baixo das costas de Travis. Um arrepio atravessou Travis e Lucian sorriu,
passando o nariz pela cabeça de Travis.

— Você está me cheirando. — Travis olhou para cima.

— Você cheira bem. — Lucian enfiou uma mão no bolso e tirou o seu
presente para Travis. — Eu lhe trouxe um presente.

— Você trouxe?

Lucian colocou o presente na mão de Travis.

— Feliz aniversário.

Travis olhou ao redor e puxou Lucian para o lado para que pudessem
ter alguma privacidade. Ele cuidadosamente desembrulhou o presente. Era uma
caixa preta e Travis olhou para cima.

— Você não está me pedindo em casamento, está?

— O quê? — Lucian balbuciou. — Não. Eu–


— Relaxe, cara grande. Apenas brincando com você. — Travis riu. Ele
cuidadosamente abriu a caixa e olhou para dentro: um disco redondo de cobre
descansava sobre seda. Ele o pegou cuidadosamente e olhou para ele. Havia um
pequeno fecho no lado e Travis abriu-o e levantou a tampa. Ele ofegou e olhou
para Lucian. — É lindo.

— É uma bússola. — Lucian abriu a tampa. — Eu gravei.

— Então você sempre pode encontrar o caminho para casa, — Travis


sussurrou as palavras gravadas.

Lucian sorriu ao ver Travis acariciando a bússola. O seu boné estava


escorregando e Lucian o arrumou. Travis pegou a sua mão e eles apenas
olharam um para o outro. Travis quebrou o silêncio.

— A minha cabeça está quente. Eu realmente não me importo se as


pessoas veem a minha cabeça raspada.

— Está crescendo. É como a penugem do pêssego.

— Você acariciou um pêssego? — Travis riu, removendo o seu boné.

A música mudou e Travis sorriu. Era uma de suas canções favoritas.


Unsteady por X Ambassadors.

— Ei, Trav!

Travis virou-se para encontrar Lance e Jordy caminhando na direção


deles. Um grito audível veio atrás dele e ele se virou para encontrar Lucian o
encarando, a sua boca aberta.

— O que foi?

— É você, — Lucian disse calmamente.

— Sim, sou eu. E?

— Você era a criança no laboratório.


— Como você sabe disso? — A boca de Travis se abriu. — O meu pai
me disse que eu estava no laboratório quando ele me resgatou!

— A sua marca de nascença. — Lucian tocou a forma da lança na


cabeça de Travis. Ele ofegou quando as lembranças voltaram.

Travis ofegou também. Uma bola branca iluminou através de seus


olhos e ele pôde ver os dois brincando e rindo.

— Era você, — Travis disse enquanto as lembranças retrocediam. — O


meu pai disse que a minha alma estava ligada a alguém. Você é esse alguém.

Lucian segurou o rosto de Travis e o beijou. Mais lembranças dos dois


no laboratório voltaram para eles. Eles se abraçaram, cada um se lembrando do
passado. Lucian saiu do beijo, ofegante.

— Foi sempre você, Travis.

Travis segurou o rosto de Lucian em suas mãos e procurou em seus


olhos.

— Eu pensei que eu me lembrava desses olhos. Eu não me lembrava


da onde, no entanto. Eu só sabia que você pertencia a mim.

— Uh.

Eles se viraram para encontrar os caras sorrindo para eles.

— Perdemos alguma coisa? — Jordy perguntou.

— Vamos sentar e eu lhes direi. — Travis deslizou a sua mão na de


Lucian e entrelaçou os seus dedos.
A noite estava perfeita e Travis não conseguia se lembrar de uma época
em que ele esteve tão feliz. O seu pai havia chego e agora estava sentado com
os irmãos Tenebris. Travis estava um ano mais velho, um ano mais sábio e
finalmente capaz de abraçar quem ele era. Perdeu a memória para perceber o
que estava perdendo. Ele sorriu para todos os seus amigos rindo e brincando.
Ruslan também parecia feliz, sentando-se com Ashton, Tatum e Nate.

— Nós queremos um bis de Do Me Baby! — Skylar aplaudiu.

— Ah, vamos rapazes, — Travis balançou a cabeça.

— Eu não tenho a minha calça de trabalhador, — Brock riu.

— Vamos, por favor? — Skylar bateu os cílios.

— Vamos rapazes, — Lance se levantou, indicando o palco. — Vamos


mostrar como se faz.

Travis estava rindo tão forte que quase tropeçou sobre Jordy saindo da
cabine. Ele parou e deu um beijo nos lábios de Lucian.

— Eu voltarei.

— Você cantará para mim?

— Querido. — Travis assentiu.

— Talvez possamos fazer isso mais tarde? — Lucian arqueou as


sobrancelhas.
— Oh, sim. — Travis piscou.

Lucian virou na cabine para ver os homens se alinharem no palco, de


costas para todos. Skylar pegou o microfone e os apresentou, a multidão
enlouqueceu. A música começou e Lance se virou com o microfone na mão.
Vendo Jordy, Lance e Brock se virarem, dançando e cantando, era cômico.
Lucian detectou uma presença ao seu lado. Ele virou a cabeça, mas não viu coisa
alguma.

— Zane, — Lucian disse.

— Shh!

— O que você está fazendo?

— Não quero que Lance me veja.

— Por quê? Ele sabe que você é o guardião dele.

— Se ele me vir, ele irá querer falar comigo.

A multidão começou a rir e Lucian se virou para olhar para o palco.


Todas os Olimpianos estavam andando de um lado para o outro no palco. Ryder
e Lance estavam na frente cantando enquanto os outros cantavam em volta e
dançavam.

— Parecem felizes.
— Eles precisavam disso, — Zane concordou.

Os homens se curvaram e desceram as escadas do palco e Lucian se


levantou, batendo palmas e assobiando. Travis correu para os seus braços e
Lucian o segurou.

— Eu buscarei a moto. Você está pronto?

— Sim. Deixe-me dizer tchau aos caras.

Lucian saiu e Travis se aproximou do restante do grupo. Eles estavam


todos rindo e se abraçando.

— Ei, pessoal, eu irei embora. — Travis colocou um braço ao redor de


Jordy. — Vamos sair amanhã?

— Sim. Podemos praticar mais e apenas relaxar.

— Parece bom. — Travis assentiu. Ele abriu a boca quando uma


sensação de pavor o atingiu como um soco no estômago. — Merda, pessoal.
Temos problemas.

— Eu também sinto. — Lance fechou os olhos.

— Nós somos um. Todos se preparem. Me deem dez segundos para


começarem. — Travis girou em seus calcanhares e acenou com a cabeça para
Killian, que já estava de pé e olhando para as portas do clube.

— Estamos bem atrás de você, — Killian lhe prometeu.

— Bom, porque eu não estou jogando mais, — Travis estourou.


Quando ele deixou o clube, uma mão agarrou Lucian por trás e ele
bateu em um corpo sólido. Alguém o segurou pelo pescoço em um aperto
punitivo e uma voz falou em seu ouvido.

— Olá, Lucian.

— Cronos! — Lucian cuspiu.

— Sim. Ouvi dizer que você tem sido um menino mau, que Travis vive.
Acho que é hora de usar o presente que te dei. Não é?

Travis saiu do clube e correu para o estacionamento. Ele chegou a uma


parada deslizante e olhou de Lucian para Cronos.

— Solte-o! — Travis gritou.

— Onde está a diversão nisso? — Cronos zombou. — Vai lá, Lucian. Dê


uma mordida no seu Olimpiano.

Travis sorriu para o Titã.

— Machucou? Quando você saiu do traseiro de alguém e bateu na


privada, seu pedaço de merda?

Cronos quase explodiu de raiva.

— Você não pode suportar a tempestade que virá!

— Eu sou a porra da tempestade! — Travis trovejou.


Ele se preparou enquanto Cronos falava em latim para Lucian. Agora
eles descobririam se a viagem de Lucian ao Olimpo realmente foi bem-sucedida.

Cronos franziu o cenho enquanto Lucian permanecia imóvel. Ele


desviou e olhou-o nos olhos.

— Você removeu o meu presente.

— Sim. Eu removi! — Lucian estourou. — Você não pode me obrigar a


fazer coisa alguma.

— Não. Mas eu não vim sozinho.

— Nem nós! — Travis gritou.

As portas do clube se abriram e o resto dos rapazes saíram, formando


um semicírculo ao redor de Cronos e Lucian.

— O filho de Ares quer lutar? Eu pensei que não quisesse fazer parte
da minha vingança?

— Eu mudei de ideia. — Travis sorriu, dando as mãos para Jordy e


Brock.

Cronos empurrou Lucian para a frente e ergueu as mãos para o céu.

— Que o inferno desabe!

— Sim. Faça, — Elijah rosnou, deixando os seus poderes fluírem


através dele. Ele passou por todos eles quando eles deram as mãos.

Lucian tropeçou quando um muro de fogo surgiu dos doze homens,


destruindo tudo em seu caminho.

Cronos gritou de dor, e uma onda de seus desonestos vieram correndo


em direção a eles. Lucian correu para os doze homens de mãos dadas, soltando
tudo o que tinha. O poder absoluto vindo de Travis o surpreendeu. Para aquele
que não queria ser um Olimpiano, ele agora estava aceitando tudo. Lucian girou
ao redor, procurando Cronos. Só restava uma pilha de cinzas.
— Lucian, — Travis disse com voz rouca.

Lucian estava ao seu lado em um instante. Os guardiões dos outros


correram para os seus protegidos também. Lucian nem sequer os viu se
juntando à luta.

— Deus, eu sinto que tenho a pior ressaca que já tive. — Nate gemeu,
segurando a cabeça.

— Vamos levá-los de volta para os apartamentos. — Samson olhou ao


redor. — Nós não sabemos se mais virão.

— Todos de mãos dadas, — Killian instruiu. — Teremos um voo direto.

Dentro de segundos eles todos estavam no telhado dos apartamentos.


Travis tropeçou, segurando Lucian enquanto o mundo girava. Estava exausto e
sentia-se esgotado.

— Todos entrem. Pedirei para Cezar entrar em contato com James e


que ele saiba o que aconteceu. — Killian virou-se para Lucian. — Fique alerta.

O grupo partiu do telhado e Travis inclinou-se pesadamente sobre


Lucian enquanto desciam as escadas para o seu apartamento.

— Eu gostaria que tivéssemos um elevador, — Travis brincou.

— Eu tenho certeza que podemos colocar um.

Lucian abriu a porta de Travis e o ajudou a entrar no quarto, colocando-


o na cama. Ele tirou os seus sapatos e olhou para cima para ver os olhos de
Travis quase fechados.

— Você deveria descansar.

— E sobre me foder? — Travis tentou sorrir.

— Amanhã. E você me foderá, querido. — Lucian piscou.


Travis esperou que Lucian se despisse e depois levantou os cobertores.
Lucian se arrastou e envolveu Travis protetoramente em seus braços.

— Você devia ter se visto esta noite, Travis. Eu nunca estive mais
orgulhoso de você.

— Ele mexeu com o meu homem, — Travis murmurou, meio


adormecido.

— Como você sabia que Cronos estava lá fora?

— Eu senti o seu medo.

— Você sentiu? O que você quer dizer?

Travis suspirou e murmurou novamente. Lucian tocou a sua bochecha,


sorrindo para o homem que era dele. Eram almas gêmeas. Fazia sentido, de
certa forma. Lucian pensou nas palavras de Ares.

— Você o ama.

Lucian começou a ouvir a voz no quarto e olhou por cima do ombro


para ver Ares no canto.

— Sim. — Lucian assentiu.

— Sinto muito, eu o afastei. Eu não sabia. Tornaremos isso permanente


amanhã. O vínculo companheiro será implementado.

— Ele é o meu companheiro? Eu não pensei–

— Sim, ele é seu Lucian, em todos os sentidos. Quando você era jovem,
o seu lobo sentiu quem ele era, por isso você foi atraído por ele. — Ares passou
a mão no cabelo de Travis na testa. — Cuide bem dele, Lucian.

— Você tem a minha palavra.

Ares desapareceu e Lucian beijou a cabeça de Travis. O homem menor


se moveu em seus braços e se pressionou em seu pescoço.
— Durma bem, meu Olimpiano.
Capítulo 21

Travis acordou tão bem, mesmo alguém respirando ao lado dele. Ele
abriu um olho para ver o enorme peito de Lucian em seu rosto. Ele sorriu e se
aproximou, deixando a sua ereção matinal pressionar Lucian. O shifter gemeu,
aproximando Travis. Ele beijou o pescoço de Lucian, deixando a sua língua
deslizar para cima da pele macia até à sua orelha.

— Bom dia, — Travis sussurrou.

— Você está me excitando, — Lucian murmurou.

— Sim, eu estou. — Travis riu.

— Falei com o seu pai ontem à noite.

— Ah, maneira de desinflar a minha ereção.

Lucian puxou Travis em cima dele e envolveu os seus braços ao redor


dele. Mesmo no primeiro momento na parte da manhã, o homem era comestível.

— Nós somos companheiros.

— Eu meio que imaginei isso com a descoberta do laboratório e tudo


mais. Espere, qual pai?

— O deus Olímpico.

— Ele esteve aqui? No meu quarto? Isso é assustador.

Lucian deu uma palmada no traseiro de Travis.

— Pare com isso. Ele queria ter certeza de que você estava bem depois
da luta.

— Eu estou bem. Melhor que bem. — Travis se aconchegou no calor de


Lucian.

— Acho que precisamos de algumas coisas.


— Sim. — Travis levantou-se de Lucian e ficou sobre ele, abrindo a
gaveta ao lado da cama e tirando o lubrificante.

— Não há volta, — Lucian disse.

— Bom.

— Quero dizer. Assim que eu o reivindicar, você é meu e só meu, Travis


Rhoades.

— Eu pensei que nós já passamos por isso? — Travis revestiu dois


dedos e levou a sua mão entre as pernas de Lucian.

— Nós nos uniremos hoje.

— Como a bola mágica branca?

— Sim. — Lucian observou a feição de Travis. — É isso o que você


quer?

— Eu realmente tenho que responder isso? — Travis esfregou o seu


dedo em torno do ânus de Lucian, mergulhando em cada passada. — É claro que
é isso o que eu quero.

Travis empurrou um dedo para a entrada e tomou a boca de Lucian.


Ele levou o seu tempo, provando o homem se contorcendo debaixo dele. Travis
se afastou um pouco e Lucian gemeu em desaprovação. Travis deslizou por seu
corpo e lambeu a parte interna da coxa de Lucian. Ele olhou para cima e viu
Lucian apoiado nos cotovelos.

— O que você fará? — Lucian perguntou.

— Eu te provarei, — Travis grunhiu.

Travis agarrou o pau de Lucian e passou a língua pela fenda, lambendo


o pré-sêmen ali. Lucian quase voou da cama e Travis segurou-o com os braços
em seu abdômen. Ele deu outra lambida, e então engoliu a cabeça do pênis de
Lucian. Os sons que encontraram os seus ouvidos eram como o céu enquanto
ele deixava Lucian em frenesi.

Ele nem sequer parou para pensar que era estranho estar chupando o
pau de outro homem. Era Lucian. Travis relaxou a garganta e levou Lucian o
mais longe que pôde. Ele estava tendo um bom ritmo e então o pênis de Lucian
pulsou em sua língua.

— Travis! — Lucian avisou.

Calor inundou a sua língua e então o gozo doce-salgado de Lucian


cobriu a sua garganta. Travis engoliu em seco até que ele conseguiu tudo e
então limpou em torno do pau meio duro de Lucian. Ele lambeu os lábios e
sentou-se de joelhos, observando do belo homem à sua mercê. O peito de Lucian
estava levantando, um braço jogado sobre o rosto enquanto ofegava. Travis
sorriu, lubrificando o seu pau e pressionando-o para a bunda de Lucian. Ele
empurrou suavemente, deixando Lucian se acostumar com a pressão.

— Lucian?

— Sim?

— Está tudo bem?

— Mais.

Travis aproximou-se e Lucian o apertou. Travis engasgou com a


sensação em seu pau e fechou bem os olhos, lutando contra o seu orgasmo.
Sexo nunca foi assim antes. O calor de Lucian, o aperto vicioso em seu pênis,
tudo parecia ampliado. Lucian abaixou, fazendo com que Travis entrasse mais
em seu corpo. Ele se inclinou sobre Lucian e o beijou enquanto empurrava. As
suas testas descansavam uma contra a outra, enquanto tentavam recuperar o
fôlego. Lucian o abraçou e então eles estavam se movendo juntos.

Travis empurrou para a frente, a sua respiração falhando quando os


dedos de Lucian afundaram em suas nádegas. As suas bocas se encontraram
em um beijo apaixonado enquanto Travis empurrava os seus quadris em Lucian.
Os dedos de Lucian o seguraram, puxando-o para dentro cada vez mais forte e
Travis não conseguia recuperar o fôlego. O seu estômago se apertou, as suas
bolas contraíram, e os seus dedos se curvaram quando ele soltou um grito de
êxtase.

Lucian rugiu debaixo dele e sêmen atingiu o seu peito. Travis enterrou
o rosto no pescoço de Lucian, tentando recuperar a sua sanidade. Os seus olhos
se abriram e ele ergueu a cabeça, encarando Lucian.

— Eu também te amo.

— Eu não falei coisa alguma.

— Você pensou?

— Não, foi mais como eu senti isso.

Travis rolou para o seu lado, olhando para Lucian.

— Eu devo ter sentido como você se sente e coloquei-o em palavras.


A menos que eu esteja errado?

— Não. O que eu sinto por você, é o que dizem todos os outros. Eu


acredito que eu te amo.

— Você acredita, hein? — Travis arqueou as sobrancelhas.

— Eu te amo. — Lucian puxou Travis de volta para cima dele.

— Bem, eu espero que sim. Você me aguentou com a minha merda


antes de perder a minha memória, então você me aguentou com a minha merda
quando eu não me lembrava de coisa alguma, e então novamente quando eu
recuperei a memória. Você é um homem paciente. — Travis riu.

— Você vale a pena. — Lucian segurou o rosto de Travis. — Você me


deixa louco.

— Você me chamou de merdinha.


— Foi um carinho.

— Sim, certo, — Travis bufou. Ele ficou sério e olhou para Lucian. —
Cronos não está morto, não é?

— Eu penso que não. Ele pode ter escapado do fogo que você e os seus
irmãos invocaram.

— Não somos mais como primos?

— Talvez, mas todos vocês são irmãos, não é?

— Deus, isso é sensual.

— Não saia do assunto.

— Eu não posso fazer promessas. — Travis riu.

Lucian agarrou o traseiro de Travis com as duas mãos e apertou.

— Deixe-me fazer o café-da-manhã.

— Você cozinhará?

— Sim. Eu tentarei. Faço uma boa carne assada.

— Bem, isso parece delicioso para o jantar. Carne assada demora um


pouco para cozinhar.

— Então, ovos.

Travis tomou banho, pensando em Lucian em sua cama, enrolado em


seu corpo e não conseguiu conter o sorriso. Esperava que Lucian se mudasse
com ele agora. Sabia que teria que ficar nos apartamentos para se proteger.
Muito trabalho foi feito para torná-los seguros para todos eles. Travis mordeu o
lábio. Lucian concordaria? Loki provavelmente moraria com Cezar
eventualmente para que ele não estivesse sozinho. Travis saiu do chuveiro,
secando o cabelo. Talvez devessem levar as coisas mais devagar como Loki e
Cezar?
— Você está preocupado com alguma coisa? — Lucian enfiou a cabeça
no banheiro.

— O quê?

— Eu sinto desconforto de você.

— Não é isso. Eu, uh, estava me perguntando se você se mudaria,


eventualmente.

— Eu acredito que sim. Faria sentido que eu estivesse aqui.

— E é isso?

— Não. Eu gostaria de estar com você o tempo todo, Travis. Você é a


minha outra metade.

— Certo. — Travis exalou de alívio.

— Você não é apenas o meu trabalho. Você é a minha vida.

— Sério? — Travis sussurrou.

— Passarei todos os dias lhe assegurando isso. Percorremos um longo


caminho, Travis, mas ainda temos muito para caminhar. — Lucian inclinou-se,
beijando os lábios de Travis. — Agora, vá se vestir.

Travis foi para o seu quarto e rapidamente se trocou. Ele entrou na


cozinha para encontrar Lucian na mesa comendo torradas.

— Parece bom. O que faremos hoje?

— Você verá.
Uma hora depois, estavam no escritório de James Jacobs no prédio de
escritórios de Caden. Gaia estava em um canto, cercada por um brilho.

— Olá, James, — Lucian disse antes de se curvar para Gaia.

— Eu adoro quando eles me respeitam. — Gaia avançou, andando em


torno de Lucian e Travis. Ela estalou a sua língua, balançando a cabeça. — Eu
disse a Ares o que eu sabia, mas ver por mim mesma é um presente. Dê-me as
suas mãos, — Gaia instruiu.

Ela colocou a mão de Lucian em cima da de Travis e depois as segurou


entre as dela. O escritório parecia zumbir e então uma luz brilhante irradiou dos
três. As costas de Travis se endureceu e então uma paz diferente de qualquer
outra que ele conheceu, assumiu.

— Parece que vocês dois foram divididos. — Gaia colocou uma mão na
bochecha de cada um. — Vocês já encontraram o seu lar.

— Novamente. Obrigado, Gaia. — James inclinou a cabeça.

— Parece que todos os Olimpianos estão encontrando as suas almas


gêmeas. Teremos que esperar e ver quem é o próximo. Fiquem bem.

Gaia desapareceu e Travis abraçou Lucian. Uma tosse os interrompeu


e eles se viraram para encontrar James sorrindo para eles.

— Descansem algum tempo, hein?

— Obrigado, James. — Lucian apertou a sua mão.


— Eu sei exatamente onde levá-lo. — Travis sorriu.

— Eu não entendo isso. — Lucian franziu a testa para a vara de pesca


em sua mão.

— Pare de falar, gostoso. Você pegará um peixe.

— Como saberei quando ele está aí?

— Lucian ... — Travis usou o seu tom de advertência.

— O quê? O peixe pula no barco? Eles são coloridos?

— Apenas olhe a linha. Quando você sentir puxar um pouco, puxe.

— Preferia ver os peixes no aquário. — Lucian franziu o cenho.

— O médico não disse que deveria tentar pescar?

— Sim, mas foi quando eu estava estressado.

— E agora você não está? — Travis bufou. — Você sempre estará no


limite comigo, Lucian. Eu sou um maldito semideus.

— Você acha que eu mudaria isso? — Lucian procurou nos olhos de


Travis. — Eu não trocaria você por coisa alguma, Travis Rhoades.

Travis abaixou a cabeça. Caramba, ele se sentia como uma criança


quando Lucian olhava para ele assim. Era como se ele pudesse ver através dele.
Travis olhou para cima.
— Você deixará Wayne te morder?

— Estou pensando nisso mais agora. Preciso estar vigilante em meus


deveres com você.

— Foda-se o peixe. — Travis se levantou. — Você falando assim está


me excitando.

A linha de Lucian deu um puxão e ele puxou a vara. Algo estava


puxando.

— Eu tenho algo! — Se a sua vara dobrasse mais, ele pensava que


quebraria.

Travis saltou excitadamente, agarrando a rede.

Lucian trabalhou em enrolar o anzol, mas a coisa maldita lutou muito.


Ele finalmente avistou logo abaixo da superfície e Travis o compensou, usando
as duas mãos para trazê-lo para dentro do barco. O peixe laranja flutuou ao
redor, a sua boca abrindo e fechando.

— Droga! Tem que pesar pelo menos nove quilos! Nós temos que jogá-
lo de volta, no entanto. — Travis franziu a testa.

— O quê? Por quê? Eu apenas suei para obtê-lo!

— É um peixe protegido, Lucian. É um peixe-agulha amarelo. Eles


estão em perigo. Esses caras têm a vida mais longa da espécie.

— Então podemos mantê-lo, — Lucian argumentou.

— Lucian. — Travis tentou sorrir, pegando as suas mãos. — Você não


entende por que temos que soltá-lo?

Lucian pensou nisso, balançando a cabeça lentamente.

— Seria errado ferir algo que está protegido.

— Sim.
— Existe alguma coisa que possamos manter?

— Você quer continuar pescando? Eu pensei que você odiava.

— É divertido quando você pega um.

— Tudo bem, mas sem mais não e não posso. Eu tenho que me
concentrar.

Lucian riu.

Eles passaram horas pescando e Lucian pegou muitos peixes, alguns


dos quais eles mantiveram. Quando terminaram, o sol estava se pondo. Lucian
pegou a mão de Travis e o virou.

— Obrigado por isso.

— Por que não ficamos na água esta noite? Podemos largar a âncora
em Bainbridge3 e observar as estrelas.

— Não sei, Travis. Isso é perigoso.

— Pode nos proteger com um feitiço?

— Posso, mas me esgotará. — Travis suspirou e Lucian o tomou em


seus braços. — Um dia iremos onde quer que você queira e ficaremos o quanto
você quiser. Juro que farei isso acontecer para você, Travis.

— Eu acredito em você. — Travis sussurrou.

Eles deixaram o barco junto com o peixe na casa de Russell e voltaram


para os apartamentos. Travis destrancou a porta e foi para o chuveiro.

— Você quer tomar um banho? — Travis chamou por cima do seu


ombro.

— Acho que é uma boa ideia. Eu não percebi o quanto estou fedendo.

3
Bainbridge Island: cidade localizada no estado norte-americano de Washington.
— Droga, Lucian! — Travis riu do banheiro.

— Eu disse algo que você achou engraçado?

— Entre aqui!

— Eu não posso–

Lucian foi levado para o chuveiro e jogado contra os azulejos.

— Eu adoro quando você é violento. — Ele sorriu.

— Ah, inferno.

FIM

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