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NUNES, Dierle José Coelho - DUARTE, Fernanda Amaral. Jurimetria e Tecnologia - Diálogos Essenciais Com o Direito Processual.
NUNES, Dierle José Coelho - DUARTE, Fernanda Amaral. Jurimetria e Tecnologia - Diálogos Essenciais Com o Direito Processual.
processual
Dierle Nunes
Doutor em direito processual (PUC-MG/Università degli Studi di Roma “La Sapienza”).
Mestre em direito processual (PUC-MG). Professor permanente do PPGD da PUC-MG.
Professor adjunto na PUC-MG e na UFMG. Secretário Adjunto do Instituto Brasileiro de
Direito Processual. Membro fundador do ABDPC. Membro da International Association of
Procedural Law, do Instituto Iberoamericano de Derecho Procesal e do Instituto
Panamericano de Derecho Procesal. Diretor executivo do Instituto de Direito Processual –
IDPro. Membro da Comissão de Juristas que assessorou no Novo Código de Processo
Civil na Câmara dos Deputados. Diretor do Instituto de Direito e Inteligência Artificial
(IDEIA). Advogado. dierle@cron.adv.br
cadastro indevido aos órgãos de crédito em 2018 - 4. Da análise jurídica dos dados: os
dois lados da jurimetria - 5. Análise inferencial dos dados e a controvérsia da análise
preditiva do Direito - Considerações finais - Referências bibliográficas
1. Considerações iniciais
Isso porque, defende-se que o estudo de dados por meios estatísticos de determinados
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
casos poderiam fornecer substrato para que as partes e o sistema jurídico como um todo
encontrem uma solução mais adequada daqueles. Assim, pretende-se apresentar como
hipótese a possibilidade de o profissional do Direito se utilizar do método estatístico em
sua atuação cotidiana de modo a favorecer a desjudicialização de determinadas
demandas ou mesmo o emprego de novas formas, em especial aquelas que empregam
ferramentas tecnológicas, como a ODR (online dispute resolution) para seu
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dimensionamento .
Evidencia-se o óbvio: não existem respostas simples para problemas complexos. Não é
utilizando o método quantitativo que todas as questões jurídicas serão resolvidas, mas
também é por tal razão que sua aplicação não deva ser desconsiderada.
Em assim sendo, antes de continuar, faz-se necessário pontuar que não se pretende
apresentar o uso da Jurimetria e da tecnologia como soluções mágicas para nossos
problemas. O emprego da primeira se apresenta como mais uma premissa necessária
em decorrência de uma abordagem macroestrutural do sistema processual
(processualismo constitucional democrático) que não desaguará necessariamente numa
proposta pragmática (como a realista) nem convencionalista (como a positivista). Já o
emprego da segunda, notadamente mediante a ODR, pode ofertar novos horizontes.
O que se pretende é ter mais subsídios para que seja possível promover soluções mais
consentâneas com os desafios que os cidadãos passam diuturnamente para dimensionar
seus conflitos no Brasil e que permitam ao sistema processual conseguir enfrentar suas
litigiosidades com maiores chances de oferecer resultados efetivos.
Apesar de comumente citado em textos sobre o assunto, Loevinger não escapou das
críticas de seu trabalho sendo que o próprio termo cunhado foi alvo de apontamentos eis
que, embora o tenha criado, o autor falhou em delimitar todo o âmbito de sua
incidência.
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Para Marcelo Guedes Nunes , a ideia apresentada pelo autor traria uma “definição
indefinida”, tendo em vista a falta de precisão em delineá-la. Nesse sentido, com
objetivo de preencher a lacuna conceitual, Guedes Nunes afirma “definir a Jurimetria
como a disciplina do conhecimento que utiliza a metodologia estatística para investigar o
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
Muito embora não possa ser considerado novo, o assunto é pouco discutido e muitas
vezes mal compreendido pelos juristas brasileiros. No entanto, para demonstrar algumas
benesses de seu emprego, promoveu-se a busca de um tema recorrente que poderia
induzir a qualquer aplicador de nosso sistema jurídico uma impressão dos resultados. Se
fosse indagado ao leitor qual seria o índice de sucesso em ações cíveis, nas quais se
busca a condenação em danos morais por cadastro indevido em órgãos de proteção ao
crédito, qual seria sua primeira impressão? Nas ações nas quais ocorreu a condenação,
qual seria o valor estabelecido? A constatação intuída seria comprovada? Com base em
quais dados se chegou a tais impressões?
Em assim sendo, promoveu-se “manualmente” por cerca de dois meses uma pesquisa
jurimétrica acerca do tema proposto, de modo a ofertar ao leitor um panorama de como
esta abordagem pode ser realizada e em que medida seus resultados atestam (ou não)
as impressões que cada um apresentou ao ler as indagações.
Com o objetivo de explicar minimamente como uma abordagem jurimétrica possa ser
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realizada, o presente trabalho, inspirado em outro anterior buscou parametrizar como
se promove a indenização por dano moral por cadastro indevido em órgãos de proteção
ao crédito.
resultado dos casos que se amoldariam ao tema proposto. Por sua vez, embora o estudo
se paute no ano de 2018, a seleção do marco final em 31.01.2019 se mostrou
impositiva, ante ao fato de que o sistema de busca não possui o filtro “Data do
Julgamento”, mas sim “Data da Publicação”.
Dessa maneira, buscou-se incluir casos julgados no final de dezembro de 2018, mas
publicados apenas em janeiro de 2019. Ressalta-se que a suspensão do art. 220 do CPC,
ocorre entre o final de dezembro e janeiro, razão pela qual tal cuidado se sobressai.
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Ao final da pesquisa, 225 (duzentos e vinte e cinco) arquivos em formato texto foram
analisados para estruturação do banco de dados final. Todavia, após a retirada de
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julgados inservíveis , restaram os 148 (cento e quarenta e oito), portanto, este
trabalho se utilizou como amostra cento e quarenta e oito processos.
Por fim, para além dos fatores anteriormente considerados, também se analisou o valor
inicial da dívida. Entretanto, tal dimensão foi desconsiderada na estruturação final do
banco de dados visto que não trouxe qualquer contribuição para sua análise, uma vez
que na maioria dos casos o valor da suposta dívida, ensejadora do cadastro indevido,
era desprezada na fundamentação da sentença.
Com as informações coletadas, seria possível descrever a amostra por diversos ângulos.
Contudo, por ora, investigam-se os seguintes pontos:
Por fim, cumpre dizer que os gráficos apresentados foram gerados utilizando as
ferramentas PowerBI e Google Spreadsheets.
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processual
Fonte: Imagem elaborada pelos autores, com base em dados extraídos de pesquisa
empíricadisponível em: [https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/sentenca.do].
Assim, do total amostral (148 casos), mais de 57% dos pedidos de condenação ao
pagamento de indenização por danos morais foram julgados improcedentes pelos
magistrados. Nessa mesma análise feita pelo prisma das varas cíveis, ou seja, qual a
proporção de pedidos julgados procedentes e improcedentes por varas cíveis,
observou-se que:
Fonte: Imagem elaborada pelos autores, com base em dados extraídos de pesquisa
empíricadisponível em: [https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/sentenca.do].
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processual
Entretanto, verificar apenas pelas varas não é suficiente, visto que foi constatado ao
longo da pesquisa empírica que algumas sentenças foram proferidas por magistrados em
cooperação. Desse modo, tem-se que a verificação mais adequada seria por juiz,
conforme gráfico a seguir:
Fonte: Imagem elaborada pelos autores, com base em dados extraídos de pesquisa
empíricadisponível em: [https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/sentenca.do].
No gráfico supra, para além de se entender o modo que o magistrado julgou, também é
possível a observação de outra variável: a quantidade destes casos decididos por cada
um dos juízes. A seguir, com o objetivo de considerar de maneira mais cuidadosa os
casos, passa-se ao estudo tanto das hipóteses de procedência do pedido, ou seja,
condenação ao pagamento de danos morais, quanto das de improcedência.
Pois bem, da verificação individual de cada caso percebeu-se que a improcedência dos
pedidos poderia ser categorizada em dois principais blocos: a constatação do débito por
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parte do autor ou a aplicação da Súmula 385 do STJ. Visualmente, tem-se que:
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
Fonte: Imagem elaborada pelos autores, com base em dados extraídos de pesquisa
empíricadisponível em: [https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/sentenca.do].
Nos termos postos, evidencia-se que a aplicação da Súmula 385 do STJ se sobressai,
visto que concorre de maneira quase que paritária com o motivo esperado para
improcedência do pedido em foco, qual seja, a comprovação do débito.
Pelo prisma dos pedidos julgados procedentes, o ponto-chave a ser percebido diz
respeito ao quantum indenizatório. Para a análise dos valores das condenações,
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portanto, é essencial, primeiramente, a construção do histograma destes dados.
Por meio do histograma é possível verificar a distribuição dos dados e sua simetria (ou
assimetria). Ademais, também se percebe a presença de valores atípicos. Deste modo,
veja o histograma construído a partir das 63 (sessenta e três) sentenças nas quais os
pedidos de condenação ao pagamento de danos morais foram julgados procedentes.
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
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Fonte: Imagem elaborada pelos autores, com base em dados extraídos de pesquisa
empíricadisponível em: [https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/sentenca.do].
De imediato, causa certa estranheza que apenas um caso tenha a condenação com valor
de R$ 40.000 (quarenta mil reais), entretanto, antes de afirmar que se trata de um valor
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atípico, ou seja, uma amostra que se localiza de maneira distante do resto do conjunto
é necessário calcular as medidas de centro. Portanto, após a ordenação de todos os
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valores das condenações temos que:
Medidas Valor
Moda (Valor de maior ocorrência) R$ 10.000,00
Média Aritmética R$ 11.739.37
Mediana (Valor central do conjunto de R$ 10.000,00
dados)
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Segundo Triola para saber se um valor é atípico ou não é necessária a identificação
dos quartis, que são valores que dividem o conjunto de dados em quatro partes. Em
outras palavras, ao selecionar o dado na posição correspondente a 25% do conjunto,
tem-se o primeiro quartil (Q1); na equivalente a 50%, o segundo quartil (Q2) (este
quartil se confunde com a mediana), e, por fim, na posição correspondente a 75%,
terceiro quartil (Q3). Desse modo, na amostra analisada os quartis e a amplitude
interquartil, ou seja, a diferença entre o terceiro quartil e o primeiro, são:
Q1 = R$ 7.000
Q2 = R$ 10.000
Q3= R$ 15.000
vezes o valor da Amplitude interquartil ou se abaixo do primeiro quartil (Q1) por uma
quantidade maior do que 1,5 vezes o valor da Amplitude interquartil. Deste modo, no
presente caso, as medidas limites seriam:
Ou seja, em caso de condenação por menos R$ 5.000,00 (cinco mil reais), haveria a
presença de um valor atípico. Tal número não somente é inexistente no caso, como
também impossível. Portanto, não existe valor atípico abaixo do primeiro quartil.
Vejamos agora se ocorre tal fenômeno na parte superior dos dados.
Por fim, em que pese a identificação de quatro valores atípicos no conjunto, estes não
foram desconsiderados para o cálculo da média neste trabalho. Apesar da necessidade
de atenção, considera-se que tais valores, no presente caso, não provocam efeitos
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substanciais.
Assim, pela simples análise dos gráficos e tabelas apresentados é possível apresentar
algumas conclusões. Inicialmente, percebe-se que a maioria dos pedidos de danos
morais analisados foram julgados improcedentes (conforme Imagem 01), ainda, a
depender do magistrado, a frequência de improcedência do pedido aumentava
consideravelmente como demonstra o gráfico da Imagem 03.
Por sua vez, nos casos em que o pedido em foco foi julgado procedente a média dos
valores de condenação era de R$ 11.739,00 (Tabela 01), sendo que condenações acima
de R$ 27.000,00 foram valores atípicos, e, portanto, raros, em 2018.
de redação dos pedidos. Isso porque, nesse contexto, caso o causídico não verifique com
seu cliente se este possui outras negativações anteriores ao objeto da demanda, incorre
no risco, quase certo, de possuir tal pedido julgado improcedente. Permite-se, portanto,
uma abordagem preditiva que poderá ser explorada pelas partes e seus advogados.
Tal situação embora constatada pela própria existência de súmula, é reforçada pelo
estudo que aclara a insuficiência de cautela por inúmeros advogados. Isso se reforça,
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principalmente, em razão da potencialidade de sucumbência recíproca . Em regra, as
sentenças analisadas de fato aplicaram o art. 86 do CPC tendo em vista o verbete
sumular.
Como visto, pela análise dos dados é possível levantar considerações acerca da atuação
do advogado em casos análogos ao estudado. Do mesmo modo, é viável fazê-lo em
relação à situação de solução conciliatória do conflito, ou seja, por via dos meios
integrados de resolução de conflitos.
No entanto, não se pode olvidar que para se chegar aos presentes dados e conclusões
utilizou-se uma amostra relativamente pequena do estado da arte jurimétrico da questão
que pode mesmo se mostrar equivocado caso se amplie o objeto de análise. E apesar da
singeleza do que ora se apresenta os autores gastaram dois meses para estruturar sua
análise o que, no cotidiano da advocacia, pode dificultar seu uso de modo mais
adequado, mesmo que se conte com dados de pesquisa acessíveis. A análise se deu de
modo relativamente simples por se tratar apenas de sentenças que se encontravam na
rede de computadores, de um determinado ano e tribunal. Novamente, sublinha-se,
tratando de apenas uma temática extensamente presente nos tribunais e inclusive
sumulada pelo STJ.
O sistema de buscas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi o principal motivo para o
enorme dispêndio de tempo, visto ter apresentado erro nas consultas. Adicione-se a
dificuldade trazida pela classificação incorreta das sentenças, que exigiu que todas elas
fossem pormenorizadamente estudadas para avaliar se se enquadravam ao tema
escolhido.
Ademais, a formatação dos documentos também foram entrave para o estudo. Enquanto
alguns juízes colocavam uma espécie de cabeçalho para facilitar a identificação do nome
das partes, do número do processo, outros não só não o faziam, mas sequer datavam o
documento. Deste modo, para estruturar os dados era necessário o retorno ao site do
Tribunal e a pesquisa individual do processo para completar informações como
numeração única (usada como chave da tabela), nome do magistrado e até o nome das
partes.
No entanto, não se pode negligenciar que com slogans chamativos no estilo “ganhe mais
causas” diversas empresas se propuseram a oferecer softwares de Jurimetria. Basta uma
pesquisa em qualquer ferramenta de buscas para encontrarmos entidades que parecem
oferecer a predição para todos os casos possíveis de atuação do advogado.
O que tais anúncios não informam são as dificuldades encontradas pelos próprios
cientistas e engenheiros da computação para a criação de um sistema que permita tais
análises de maneira confiável. Tal premissa se baseia no fato de que os julgados são
dados não-estruturados e desenvolvidos em linguagem natural, assim, a predição de
julgados depende impreterivelmente da capacidade de processamento de linguagem
natural (chamada Extração de Informação):
“ação” pode ser utilizada pelo magistrado tanto no seu sentido processual quanto para
se referir às partes do capital de uma empresa. Isso sem contar com o significado
comum, ou seja, derivado do verbo agir.
Tal desafio, além de não ter sido superado, exige a construção adequada de um
conjunto de dados sobre o tema e, para tanto, imprescindível a supervisão humana:
O aumento de demanda dos tribunais não pode ser explicado por apenas um ângulo.
Isso porque, conforme já se apontou com Alexandre Bahia:
Assim, é possível falar que existe uma correlação entre o aumento de demanda nos
tribunais brasileiros e a consagração do direito fundamental de acesso à Justiça,
sobretudo após a Constituição de 1988. Contudo, um dos fatores para compreensão da
hiperjudicialização está na atuação dos litigantes repetitivos (repeat players). É que,
contraditoriamente, em que pese a grande demanda aos tribunais brasileiros, a
titularidade das ações se encontram concentradas. Como pontua Maria Cecília de Araujo
Asperti referenciando-se a estudo realizado pela Comissão de Direitos Humanos das
Nações Unidas:
“[...] a sobrecarga das instâncias judiciárias não seria decorrente de um acesso amplo às
cortes judiciais por parte da população, mas sim do fato de alguns poucos atores, em
especial o poder público e grandes empresas, serem responsáveis por boa parte dos
índices de casos novos ajuizados anualmente e pela frequente recorribilidade de decisões
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judiciais.”
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
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“Resumidamente, pode-se sustentar que o sistema judicial brasileiro nos moldes atuais
estimula um paradoxo: demandas de menos e demandas de mais. Ou seja, de um lado,
expressivos setores da população acham-se marginalizados dos serviços judiciais,
utilizando-se, cada vez mais, da justiça paralela, governada pela lei do mais forte,
certamente menos justa e com altíssima potencialidade de desfazer todo o tecido social.
De outro, há os que usufruem em excesso da justiça oficial, gozando das vantagens de
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uma máquina lenta, atravancada e burocratizada.”
Em outros termos, a admissão dos métodos integrados de solução de conflitos pode ser
encarada, com alguma parcimônia, como ambiente que oportuniza às partes a
encontrarem um resultado de maior grau de satisfação ao conflito a partir do
pressuposto que a sentença nem sempre satisfaz os anseios das partes, ante seu caráter
impositivo.
“por um lado, a fim de realizar com sucesso uma atividade de conciliador, são
necessários tempo, paciência e uma atitude positiva. A tarefa é, obviamente, muito
difícil para os tribunais que estão sobrecarregados e superlotados. Por outro lado, a ideia
da conciliação conduzida pelo juiz coloca este último numa posição de algum modo
ambígua, que pode induzir uma desconfiança e causar a resistência das partes. Essa é a
razão pela qual certos experimentos parecem ser preferíveis, como os utilizados na
França ou na Alemanha, onde o juiz pode remeter as partes para fora do processo de
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resolução judicial”.
Apesar de essa solução paralela ser aconselhável fora do sistema jurisdicional, não é
incomum no Direito estrangeiro a tendência das formas “alternativas” se tornarem parte
do mecanismo oficial de resolução de conflitos: “não apenas porque em diversas
hipóteses sua atuação ocorre de forma anexa à dos próprios Tribunais, mas também
porque passaram por um processo de legalização devido à regulação da matéria tanto
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pela lei quanto pelos advogados”.
“[...] se o objetivo fundamental dos defensores dos meios alternativos foi reduzir o peso
depositado no Judiciário, os caminhos administrativos eleitos para este fim foram no
mínimo peculiares. É que o estabelecimento de programas institucionais de arbitragem e
mediação no âmbito dos próprios tribunais assumiu especial ênfase nesta ascensão,
fazendo com que os custos inerentes à manutenção do sistema jurisdicional seguissem
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
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Essa narrativa é muito relevante no atual contexto do CPC de 2015 pela crença que
motiva alguns em otimizar os meios “alternativos” dentro do sistema jurisdicional.
Talvez essa opção momentânea de absorção pelo Estado Jurisdição seja uma
necessidade, na presente época em que tudo é judicializado, no sentido de busca por
uma adequação.
Nesse sistema, o conflito seria resolvido pelo procedimento que melhor se adeque às
suas especificidades. É dizer que a adjudicação (jurisdição) deixa de ser o único modo
que finda uma controvérsia, abrindo espaço para outros meios tais como a conciliação e
a mediação. Assim:
O que se constata é que apesar dos esforços realizados para concretizar os métodos
para a busca de redução dos processos a cargo dos tribunais os resultados se mostram
muito aquém do que o necessário, claro que sem olvidar que o modelo ainda exige
muitos ajustes e maturação.
Todavia, entende-se que a efetivação de tais métodos integrados perpassa por uma
série de fatores a serem considerados. Nesse sentido Lessa Neto pondera que:
Pois bem, da análise jurimétrica dos casos se liga aos meios integrados de resolução de
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conflito por meio da mensuração razoável do que se pretende.
“ODR pode ser rudimentar quanto se usa o e-mail para marcar uma reunião cara-a-cara
com um terceiro, ou tão extensivo quanto a inscrição de um júri online para ouvir os
argumentos do advogado que representa os litigantes. ODR pode envolver processos de
negociações automatizados gerenciados por computador, ou pode fornecer especialistas
de classe mundial para administrar procedimentos de arbitragem vinculativos. Os
sistemas de ODR podem ser legalistas e baseados em precedentes, como os tribunais,
ou mecanismos flexíveis de tratamento de exceções para funcionar como uma extensão
dos esforços de atendimento ao cliente. ODR pode ser um sistema de gerenciamento de
relacionamento com o cliente multimilionário ou um website de $75 dólares criado para
ajudar um mediador na administração de um pequeno caso. Qualquer uso da tecnologia
para complementar, apoiar, ou administrar um processo de resolução de disputa cai no
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mundo do ODR.” (tradução livre)
Na atualidade, o ODR é a área de resolução de disputas que mais cresce e ganha novas
aplicações, incluindo até disputas de maior valor.
consultar antes de fazer uma compra, a porcentagem seria ainda maior. Os sistemas de
reputação permitem que os usuários façam julgamentos sobre quais vendedores
oferecem a maior chance de uma transação bem-sucedida e, portanto, o menor risco de
uma disputa. Com base no volume global de transações de comércio eletrônico, isso
significa que existem provavelmente mais de 700 milhões de disputas de comércio
eletrônico a cada ano, crescendo para mais de um bilhão de disputas por ano em 2017.
A meta para um grande mercado de comércio eletrônico como o eBay, no entanto, não é
resolver um número excepcionalmente grande de disputas. O objetivo é maximizar o
número de transações bem-sucedidas, e a solução de disputas é essencial para
aumentar esse volume. Ao monitorar o comportamento de compra e venda dos usuários
e estender o lado especializado do triângulo, o eBay pode fornecer resoluções rápidas e
justas que incentivam os compradores a se envolverem em mais transações. Essa coleta
e análise dos dados gerados por um número muito grande de disputas podem permitir
técnicas e abordagens que não são possíveis na resolução de disputas offline presencial.
No mundo das RAMs, vários estudos mediram as taxas de satisfação dos usuários de
diferentes sistemas de RAMs. Na realidade, essas são medidas que derivam do que as
partes dizem sobre como se sentem depois de participar de uma mediação ou
arbitragem. Empresas como o eBay, tendo acesso a cada clique feito por um usuário,
podem examinar a satisfação de uma maneira diferente e mais granular. Em 2010, o
eBay e o PayPal realizaram um estudo que não tinha a intenção de medir a satisfação da
maneira tradicional, pesquisando os participantes antes e depois de participar de um
processo de resolução de disputas. Em vez disso, ele compararia o comportamento real
dos participantes antes e depois do processo, algo que poderia ser facilmente medido
com os dados que eles coletavam rotineiramente. Em outras palavras, o eBay não
analisaria o que os usuários diziam, mas suas ações como compradores ou vendedores
após a participação. Em um processo de resolução de disputas online. O eBay atribuiu
aleatoriamente centenas de milhares de usuários a dois grupos e comparou o
comportamento de compra e vendedor por três meses antes e depois da experiência
com o ODR. Essa taxa de atividade indicava não apenas quão mais ou menos ativa a
parte se tornou no site após vencer ou perder uma disputa, mas também poderia
calcular quanto a empresa ganhou ou perdeu financeiramente como resultado de alguém
participando da experiência de ODR. Isso foi feito sabendo o valor de cada transação na
qual a pessoa se envolveu antes e após o processo de resolução de disputas. Os
projetistas do estudo haviam levantado a hipótese de que as partes que ‘vencessem’ sua
disputa (por exemplo, recebiam um reembolso) aumentaram a atividade e que partes
que ‘perdessem’ a disputa teriam diminuído a atividade. Supunha, em outras palavras,
que as partes vencedoras ficariam mais satisfeitas do que as partes perdidas e
ajustariam o volume de transações de acordo. Isso ocorreu; mas a lição mais
significativa do estudo, e a mais contraintuitiva, foi que a participação no processo de
ODR levou a um aumento da atividade mesmo dos perdedores. O que foi encontrado foi
o seguinte: [os] únicos compradores que diminuíram suas atividades após a primeira
disputa foram compradores para os quais o processo levou muito tempo, mais de seis
semanas. Esta lição confirmou o feedback que ouvimos anteriormente, indicando que os
compradores preferem perder o caso rapidamente, em vez de o processo de resolução
continuar por um longo período de tempo. O sistema de ODR do eBay atende aos três
lados do triângulo. Os poucos cliques necessários para registrar uma reclamação
aumentam a conveniência, a capacidade de analisar dados, extrair informações não
acessíveis anteriormente e usar esses dados para melhorar a experiência do usuário
fornece um tipo de conhecimento não possível com sistemas que dependem de trabalho
humano. Confiança é, em certo sentido, o objetivo principal e abrangente e os dados
sobre padrões de uso podem trazer à luz novas informações sobre o que é necessário
para criar confiança e atrair e manter usuários. É também, de certa forma, apoio
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tecnológico à máxima ‘justiça atrasada é justiça negada’.” (tradução livre)
Apesar de usada pelo eBay, importante ressaltar que a ODR não fica restrita aos casos
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de direito do consumidor , mas se estende a inúmeros outros tipos de demandas. Neste
sentido é possível citar o projeto holandês denominado de Rechtwijzer, que deu origem
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ao “Justice42” , que em sua segunda versão contava com módulos para resolução de
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
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litígios relacionados ao divórcio, a débitos e ao consumo .
Para a ODR, a estatística pode ser aplicada de várias formas, por exemplo: a) para a
análise de como os magistrados decidiram casos anteriores (como se fez anteriormente,
quantificando o valor de condenação em danos morais) para que se programe limites
ótimos das propostas automáticas que o algoritmo possa ofertar às partes numa
autocomposição, de modo a se estabelecer até que valor o acordo seria vantajoso; b)
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como forma de analisar o próprio software de ODR, assim como foi feito pelo eBay .
Outro relatório gerado é o ciclo de vida da reclamação que indica quantas controvérsias
foram resolvidas ou não. A título de exemplo, no primeiro ano de funcionamento, o
sistema foi responsável pela solução (direta ou indiretamente) de aproximadamente
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44% das reclamações. Outros relatórios também podem ser consultados na plataforma
da Comissão Europeia, de modo a confirmar uma das utilizações da estatística nos
sistemas de ODR.
Por fim, ainda que as peculiaridades dos casos a serem resolvidos sejam singulares
Barton e Bibas afirmam que com o tempo o software de ODR poderá se aprimorar:
“[...] E se um número considerável dessas disputas pudesse ser tratado por meio do
ODR, os dados sobre quais e como os casos seriam resolvidos se tornariam mais ricos, e
os programas de ODR ficariam ainda melhores. Os computadores tornam possível coletar
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e usar os dados em um ciclo de feedback positivo, melhorando o processo.” (tradução
livre)
“[...] área que estuda como certas conclusões podem ser logicamente induzidas a partir
da análise de um conjunto de dados sujeitos a uma variação aleatória. A estatística
referencial complementa a descritiva. Enquanto esta resume, explora e descreve os
dados, aquela faz afirmações que vão além da mera descrição dos dados, como, por
exemplo, (i) inferências sobre uma população (caso os dados constituam uma amostra),
(ii) previsões sobre o comportamento futuro das variáveis e (iii) reconhecimento de
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tendências, associações e correlações nas variáveis.”
“[...] por serem estocásticos, os processos jurídicos não evoluem em um único sentido.
A utilização da inferência Estatística na investigação das relações dos estados passado e
presente com possíveis estados futuros de um processo é a essência da análise
prospectiva da Jurimetria. Sua dinâmica temporal aponta sempre para dois ou mais
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resultados possíveis, correspondentes a uma distribuição de probabilidades.”
“Descoberta a nova ação, também com o auxílio da base de dados pertencente ao JBM,
com boas técnicas de Jurimetria, o grande litigante que contratar tal escritório poderá
verificar se, na comarca em que for ajuizada a ação, existem boas chances de sucesso
de sua defesa, buscando saber como será a decisão de determinado juiz a respeito de
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determinada matéria, com uma também determinada empresa.”
“O resultado de tal estratégia, de acordo com José Edgard Bueno, foi positivo para o
grande litigante: (i) ao receberem tais propostas de acordos, os Juízes empreendem
esforços para que a parte contrária faça o acordo; (ii) quando não era possível a
composição amigável, os juízes tendem a condenar o grande litigante naquele valor que
entendia correto, respaldado no laudo apresentado; (iii) foi diminuído o índice de
condenação do grande litigante; e (iv) nos casos em que o cliente não reconhecia o
pedido e não apresentava com essa postura agressiva de fazer acordo, o juiz começou a
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ler a argumentação da empresa, retirando-o da vala comum.”
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
Por essas razões, a crítica sobre a análise preditiva vem aumentando. Na França, o
debate em torno da predição de resultados acarretou recentemente na modificação do
art. 10 do Código de Justiça Administrativa, por meio da lei 2019-22. Tal artigo, disposto
no título preliminar do Código, passou a prever sanção aos que utilizarem os dados do
Judiciário para predizer o comportamento de um magistrado:
“Os dados de identidade dos magistrados e dos membros do registro não podem ser
objeto de uma reutilização tendo como objeto ou efeito a avaliação, análise, comparação
ou predição de suas práticas profissionais reais ou supostas. A violação desta proibição é
punida com as penas previstas nos artigos 226-18, 226-24 e 226-31 do Código Penal,
sem o prejuízo de medidas e sanções previstas pela lei 78-17 de 6 de janeiro de 1978
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relativa à informática, aos arquivos e as liberdades.” (tradução livre)
A alteração da lei francesa aparenta ser uma reação protetiva à estatística inferencial e
merece análise em apartado. Contudo, a opção legislativa parece contrariar a primeira
parte do mesmo artigo que afirma que os “Julgamentos são públicos. Eles mencionam os
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nomes dos juízes que os retornaram” .
Apesar de a Jurimetria não se resumir à análise preditiva, sendo esta apenas uma parte
daquela, seria ingenuidade pensar que esta seria usada sem visar finalidades
estratégicas pelas partes e seus advogados, para que encontrem a saída mais
satisfatória, acarretando, em verdade, um potencial aumento de demandas nos
tribunais.
Assim muito embora todos os pontos devam ser extensivamente discutidos, é inegável
que a estatística já está sendo utilizada por litigantes de grande poder aquisitivo que não
possuem interesse em abdicar da técnica em prol “do resultado correto” da demanda.
Desse modo, entende-se que o conhecimento da Jurimetria se torna ainda mais
essencial a qualquer operador do Direito, de modo que, no mínimo, consiga entender o
novo cenário que se forma.
Considerações finais
Ao longo deste trabalho, tentou-se demonstrar como a Jurimetria pode ser utilizada
pelos profissionais de nossa área, em especial os advogados. Principalmente,
pretendeu-se exemplificar como a metodologia estatística pode auxiliar em variadas
aplicações que podem proporcionar algum aprimoramento do sistema jurídico.
Apesar dos inúmeros alertas, nota-se que grandes litigantes já utilizam da Jurimetria
como forma de litigância estratégica, por meio da análise preditiva do Direito, chegando
inclusive a influenciar na decisão do magistrado. O pensamento estratégico dos grandes
players, contudo, não se resume à utilização da Jurimetria, visto que no caso Samarco o
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas foi empregado com finalidade
estratégica.
Para tanto é necessário lembrar que embora o estudo empírico do Direito não dependa
de instrumentos sofisticados, mas, em larga escala, a Jurimetria seria melhor aplicada
com auxílio de algoritmos computacionais. Contudo, ainda que existam empresas que se
dediquem à venda destes, sublinha-se que não há como garantir a precisão dos
resultados.
Isso porque as decisões judiciais são dados não estruturados, exigindo para sua
estruturação a Extração de Informação. O processo de entender o significado de um
dado e categorizá-lo, além de ser problema em análise na ciência da computação,
depende da formação de um conjunto de dados sobre determinado tema, no caso, sobre
os temas jurídicos (corpus). Por sua vez, a formação deste conjunto (dataset) está
diretamente ligada ao trabalho humano, pelo menos em estágio inicial, visto que este
supervisiona o entendimento da máquina quanto à categorização de uma palavra.
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1 NUNES, Dierle José Coelho; LUD, Natanael; PEDRON, Flávio Quinaud. Desconfiando da
(Im)parcialidade dos Sujeitos Processuais: um estudo sobre os vieses cognitivos, a
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
2 THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Melo
Franco. Novo CPC: fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p.
262.
3 Ressalta-se que embora o relatório tenha sido publicado em 2018 pelo Conselho
Nacional de Justiça, tem como ano base os dados de 2017. CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA. Justiça em Números. Brasília: CNJ, 2018. p.78.
4 Ibidem, p. 28.
5 THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Melo
Franco. Novo CPC: fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p.
261.
6 Cf. NUNES, Dierle José Coelho; TEIRXEIRA, Ludmila. Acesso à justiça democrático. RJ:
Gazeta, 2013.
9 LOEVINGER, Lee. Jurimetrics: the next step forward. Minnesota Law Review, v. 33,
abr. 1949. LOEVINGER, Lee. Jurimetrics: the method of legal inquiry. Heidi Online, 1963.
10 “It must not be imagined that jurimetrics promises any panaceas. The story of man’s
progress is full of nostrums, but devoid of panaceas, and there’s no reason to think that
we may discover one now. Jurimetrics promises no more than an opportunity for law to
move forward along the same rocky road that all the other disciplines have already
travelled”.
11 NUNES, Marcelo Guedes. Jurimetria: como a estatística pode reinventar o direito. São
Paulo: Ed. RT, 2016. p. 103.
12 Ibidem, p. 115-116.
https://www.academia.edu/41155166/Anexo_ao_texto_Jurimetria_e_Tecnologia_diálogos_essenciais_c
Valor: Caso a variável acima tenha retorno verdadeiro, qual valor da condenação em
reais, Numeral.
Débito comprovado: Responde à pergunta: Em caso da variável acima (Súmula 385) ser
falsa, a improcedência ocorreu em razão da comprovação do débito, Booleana
(Verdadeiro ou Falso).
Outro motivo: Indica que outro motivo, não previamente estipulado, foi causa total da
improcedência do pedido de condenação ao pagamento de danos morais. Booleana
(Verdadeiro ou Falso).
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
Observações: Campo propício para indicar quaisquer outras informações úteis à análise e
não previamente determinadas, Texto.
18 Esta súmula dispõe que: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito,
não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado
o direito ao cancelamento”. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 385. Da anotação
irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral,
quando preexistente legítima inscrição, ressalvado direito ao cancelamento. Diário da
Justiça eletrônico: seção 2, Brasília, DF,2009, ed. 379, 27 de maio de 2009. Ou seja, nos
casos em que o autor já possuía outra inscrição o pedido de condenação ao pagamento
de indenização por danos morais era julgado improcedente.
20 Ibidem, p. 119.
23 TRIOLA, Mário. Introdução à estatística. 12. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
24 Ibidem, p. 119.
27 MCGINNIS, John; PEARCE, Russel. The great disruption: how machine intelligence will
transform the role of lawyers in the delivery of legal services. Fordham Law Review, v.
82, 2014, p. 3046.
28 Ibidem, p. 3052.
29 Idem.
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
32 MCGINNIS, John; PEARCE, Russel. The great disruption: how machine intelligence will
transform the role of lawyers in the delivery of legal services. Fordham Law Review, v.
82, 2014, p. 3047.
35 Ibidem, p. 19.
36 NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Eficiência
processual: algumas questões. Revista de Processo, São Paulo: Ed. RT, v. 34, n. 169, p.
116-139, mar. 2009, p. 135.
39 Ibidem, p. 85.
44 Ibidem, p. 147-148.
46 THEODORO JÚNIOR, Humberto; NUNES, Dierle José Coelho; BAHIA, Alexandre Melo
Franco. Novo CPC: fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p.
274.
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
47 LESSA NETO, João Luiz. O novo CPC adotou o modelo multiportas!!! E agora? Revista
de Processo, São Paulo: Ed. RT, v. 244, p.427-441, jun. 2015. p. 428.
48 NUNES, Dierle José Coelho. Processo jurisdicional democrático: uma análise crítica
das reformas processuais. Curitiba: Juruá, 2012. p. 257.
49 É que como a autora explica sobre o papel do advogado: “Se a via escolhida for a
consensual, compete ao advogado orientar o cliente, fazendo uma verdadeira avaliação
da situação concreta, que ofereça mensuração razoável do que pretende. Com a correta
preparação para os meios consensuais, as partes estarão mais propensas à influência de
uma negociação pautada pela busca de resoluções integrativas.” SILVA, Érica Barbosa. A
efetividade da prestação jurisdicional civil a partir da conciliação. Tese (Doutorado) –
Curso de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. p. 288.
50 Por exemplo, a análise empírica realizada no TJMG (ver item 3) não só permite que o
advogado entenda os tribunais de modo a não se aventurarem na redação dos pedidos,
mas também, e principalmente, demonstra um possível caminho a ser seguido, ou ao
menos considerado, se a via escolhida for a conciliatória.
53 NUNES, Dierle José Coelho; LUD, Natanael; PEDRON, Flávio Quinaud. Desconfiando
da (im)parcialidade dos sujeitos processuais: um estudo sobre os vieses cognitivos, a
mitigação de seus efeitos e o debiasing. Salvador: JusPodivm, 2018. p. 50.
54 Idem.
55 Ibidem, p. 62.
59 Ibidem.
60 No original: “They also had the advantage of having a massive number of disputes
and the power of interactive computing. They were able to find patterns and repeated
issues, and how they were generally resolved. They were able to follow customer
satisfaction with the process, even for small problems. This allowed for continuous
tinkering and redesign, with immediate and measurable results.” BARTON, Benjamin H;
BIBAS, Stephanos. Rebooting Justice: More technology, fewer lawyers, and the future of
law. New York: Encounter Books, 2017. p. 112.
61 No original: “It has been estimated that from 3-5% of eCommerce transactions end
in a dispute. For sites without a feedback or reputation system that users can consult
before making a purchase, the percentage would be even greater. Reputation systems
allow users to make judgments as to which sellers provide the greatest chance of a
successful transaction, and therefore lowest risk of a dispute. Based on global
eCommerce transaction volume, that means there are likely more than 700 million
eCommerce disputes each year, growing to more than a billion disputes per year in
2017. The goal for a large eCommerce marketplace like eBay, however, is not to resolve
an exceptionally large number of disputes. The goal is to maximize the number of
successful transactions, and resolving disputes is essential to increasing that volume. By
monitoring the buying and selling behaviors of users and extending the expertise side of
the triangle, eBay can provide fast and fair resolutions that encourage buyers to engage
in more transactions. This collection and analysis of the data generated by very large
numbers of disputes can enable techniques and approaches that are not possible in
face-to-face offline dispute resolution. In the ADR world, various studies have measured
satisfaction rates of users of different ADR systems. In actuality, these are
measurements that derive from what the parties say about how they feel after
participating in a mediation or arbitration. Companies like eBay, by having access to
every click made by a user, can examine satisfaction in a different and more granular
manner. In 2010, eBay and PayPal conducted a study that was not intended to measure
satisfaction in the traditional manner, by surveying disputants before and after
participating in a dispute resolution process. Rather, it would compare the actual
behavior of participants before and after the process, something it could easily measure
with data they routinely collected. In other words, eBay would not look at what users
said but at their actions as buyers or sellers after participating in an online dispute
resolution process. EBay randomly assigned several hundred thousand users to two
groups and compared their buying and seller behavior for three months before and after
the ODR experience. This activity ratio indicated not only how more or less active the
party became on the site after winning or losing a dispute, but could also calculate how
much the company gained or lost financially as a result of someone participating in the
ODR experience. It did this by knowing the value of each transaction the person engaged
in before and after the dispute resolution process. The study designers had hypothesized
that parties who ‘won’ their dispute (e.g., received a reimbursement) would have
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
increased activity and that partie that ‘lost’ their dispute would have decreased activity.
It assumed, in other words, that parties that won would be more satisfied than parties
that lost and would adjust their transaction volume accordingly. This did occur; but the
most meaningful lesson of the study, and the most counter-intuitive, was that
participation in the ODR process led to increased activity even from the losers. What it
found was that: [t]he only buyers who decreased their activity after filing their first
dispute were buyers for whom the process took a long time, more than six weeks. This
lesson affirmed feedback we had heard previously indicating that buyers preferred to
lose their case quickly rather than have the resolution process go on for an extended
period of time. EBay’s ODR system is one that attends to all three sides of the triangle.
The few clicks necessary to file a complaint enhances convenience, the capability to
analyze data, extract information not previously accessible, and use that data to improve
the user experience provides a kind of expertise not possible with systems relying on
human labor. Trust is, in a sense, the overarching and primary goal and the data on
usage patterns can bring to light new information as to what is needed to build trust and
attract and maintain users. It is also, in a way, technological support for the maxim
‘justice delayed is justice denied’”. KATSH, Ethan; RULE, Colin. What we know and need
to know about online dispute resolution. South Carolina Law Review, v. 67, 2016. p.
333-335.
67 Ibidem.
68 EUROPEAN COMMISSION. Report from the Comission to the report from the
commission to the European Parliament and the Council on the functioning of the
European Online Dispute Resolution. European Commission: Bruxelas, 2017. Disponível
em:
[https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/first_report_on_the_functioning_of_the_odr_platform.pdf].
70 NUNES, Marcelo Guedes. Jurimetria: como a estatística pode reinventar o direito. São
Paulo: Ed. RT, 2016. p. 62.
71 Ibidem, p. 157.
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Jurimetria e tecnologia: diálogos essenciais com o direito
processual
73 Idem.
75 Ibidem, p. 227.
76 Idem.
78 Idem.
79 Aqui relembra-se que da estratégia, segundo Ravagnani, adotada pelo escritório JBM,
com base na jurimetria, em oferecer um acordo à parte como forma estratégica, tendo
como resultado a influência do magistrado para sentenciar, caso necessário, de modo
semelhante ou igual ao acordo proposto inicialmente. RAVAGNANI, Giovani dos Santos.
Automação da Advocacia, gestão de contencioso de massa e atuação estratégica do
grande litigante. Revista de Processo, São Paulo: Ed. RT, v. 265, p. 219-256, mar. 2017.
p. 227.
80 Para melhor compreensão do IRDR e do Caso Samarco: NUNES, Dierle José Coelho et
al. O perigo da utilização estratégica do IRDR por litigantes habituais e a necessidade
dos tribunais refletirem sobre sua cooptação: a proibição do incidente preventivo e o
caso Samarco. In: LUCON, Paulo Henrique dos Santos; OLIVEIRA, Pedro Miranda de.
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