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TRABALHO DE APLICAÇÃO DE PRINCÍPIOS NO PROCESSO

Órgão julgador: Segunda Turma


Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 20/02/2018
Publicação: 09/10/2018

Ementa
E irrazoável imposição de prisões provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, em
decorrência de excessos na interpretação e aplicação da lei penal, bem assim da
processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter
humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico vigente. IX – Quadro fático
especialmente inquietante que se revela pela incapacidade de o Estado brasileiro
garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até mesmo às mulheres que não
estão em situação prisional, como comprova o “caso Alyne Pimentel”, julgado pelo
Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher das
Nações Unidas. X – Tanto o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio nº 5 (melhorar
a saúde materna) quanto o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5 (alcançar
a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas), ambos da
Organização das Nações Unidades, ao tutelarem a saúde reprodutiva das pessoas
do gênero feminino, corroboram o pleito formulado na impetração. X – Incidência de
amplo regramento internacional relativo a Direitos Humanos, em especial das Regras
de Bangkok, segundo as quais deve ser priorizada solução judicial que facilite a
utilização de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as
hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. XI –
Cuidados com a mulher presa que se direcionam não só a ela, mas igualmente aos
seus filhos, os quais sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante
contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade
absoluta à concretização dos direitos destes. XII – Quadro descrito nos autos que
exige o estrito cumprimento do Estatuto da Primeira Infância, em especial da nova
redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do Código de Processo Penal. XIII –
Acolhimento do writ que se impõe de modo a superar tanto a arbitrariedade judicial
quanto a sistemática exclusão de direitos de grupos hipossuficientes, típica de
sistemas jurídicos que não dispõem de soluções coletivas para problemas estruturais.
XIV – Ordem concedida para determinar a substituição da prisão preventiva pela
domiciliar - sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas
previstas no art. 319 do CPP - de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou
mães de crianças

Decisão
Prisional, atuar junto às esferas competentes para que o protocolo de entrada no
ambiente prisional seja precedido de exame apto a verificar a situação de gestante
da mulher. Tal diretriz está de acordo com o Eixo 2 do referido programa, que prioriza
a saúde das mulheres privadas de liberdade. Os juízes responsáveis pela realização
das audiências de custódia, bem como aqueles perante os quais se processam ações
penais em que há mulheres presas preventivamente, deverão proceder à análise do
cabimento da prisão, à luz das diretrizes ora firmadas, de ofício. Embora a provocação
por meio de advogado não

Observação
Regra 52, itens 1, 2 e 3, regra 56, regra 57, regra 58 e regra 59 das Regras das
Nações Unidas para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de
Liberdade Para Mulheres Infratoras, de 2010 (Regras de Bangkok); Regras mínimas
para o tratamento de prisioneiros (Regras de Mandela). Número

RELACIONANDO
Dentre todos os princípios, os dois que mais se encaixa com o caso escolhido
é o Princípio do devido processo legal e o Princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional.
No caso do devido processo legal, uma vez que o processo deve estar em
harmonia com o conjunto de todos os princípios e regras, e não apenas com um
princípio constitucional, como o julgado caso “Alyne Pimentel”. Como o seu objetivo
é proteger o direito das pessoas, no caso acima este princípio foi de suma importância
para garantir o cuidado com as mulheres gestantes presas, e também com os seus
filhos. Além de assegurar que os juízes cumpram com todos os deveres jurisdicionais,
protegendo os cidadãos da parte mais forte, que é o Estado.
Já na inafastabilidade do controle jurisdicional, se aplica pelo fato de que não
é permitida nenhuma atitude que dificulte o acesso à Lei, independentemente das
condutas do cidadão ou de sua raça, cor, sexo e afins.

DOS PRINCÍPIOS
1. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
O processo, para ser considerado justo e devido, deve estar em harmonia com
o conjunto de todos os princípios e regras do direito, e não somente com uma lei
específica X ou com um princípio constitucional Y.
O princípio do devido processo legal tem como função principal, portanto, criar
elementos, dentro do processo, necessários à promoção do ideal de proteção dos
direitos de todas as pessoas. Por consequência, o Poder Judiciário deve observar as
garantias inerentes ao Estado de Direito, bem como respeitar a lei como um todo,
assegurando a cada um o que é seu. Dito de outro modo: o princípio do devido
processo legal protege as pessoas contra o Estado, que é a parte mais forte dessa
relação. No âmbito dos processos judiciais, temos os juízes. Eles agem em nome do
Estado e exercem a função jurisdicional: por esse motivo devem respeitar uma série
de normas protetivas dos bens e da liberdade das pessoas!

2. PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL


Dito de outra forma, é a garantia do direito de provocar a prestação jurisdicional
para obter uma resposta do Poder Judiciário. A lei não pode criar barreiras e dificultar
o acesso à justiça aos cidadãos.
Tem também relação com o direito de ação em sentido amplo, isto é, o de obter
do Poder Judiciário uma resposta aos requerimentos a ele dirigidos, que não pode se
recusar a examinar e a responder os pedidos. Pode ser que o juiz nem analise o
mérito processual, por algum defeito no processo, mas ele dará uma resposta mesmo
assim.

Ana Elísia Aguiar Cardoso Costa


Kaillany Ises de Sá dos Santos
Nicole Saraiva Viana
Pedro Henrique Moreira

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