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Faculdade De Agronomia e Engenharia Florestal

Departamento de Engenharia Rural


Secção De Solos
Licenciatura Em Engenharia Agronómica
Tecnologia De Conservação De Solos

Plano de Conservação de Solos do distrito de Sanga

Discente: Docente:

Batawe, Marifa Livingston Prof. Doutor Daniel Chongo

Faustino, Moisés João

Jose, Matilde Nhama

Mortal, Tchud Helena

Ussi, Sofia Maulide

Monitora:

Kiara Dimande

Maputo, Maio de 2020


Índice

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2
1.1. Antecedentes ................................................................................................................... 2
1.2. Objectivos ....................................................................................................................... 3
1.2.1. Geral ............................................................................................................................ 3
1.2.2. Específicos .................................................................................................................. 3
2. DESCRIÇÃO BIOFÍSICA E SOCIOECONÓMICA DA ÁREA DO PROJECTO .......... 4
2.1. Localização ..................................................................................................................... 4
2.3. Evapotranspiração e período de crescimento .................................................................. 5
2.4. Solos e Hidrologia........................................................................................................... 8
2.5. Uso de terra ..................................................................................................................... 8
2.6. Aspectos socioeconómicos ............................................................................................. 9
2.7. População ........................................................................................................................ 9
2.8. Mão-de-obra .................................................................................................................... 9
2.9. Posse de terra .................................................................................................................. 9
2.10. Situação económica ..................................................................................................... 9
2.11. Agricultura ................................................................................................................ 10
3. Determinação de precipitações máximas em 24 horas que ocorrem com o tempo de
retorno de Tr=2, Tr=5, Tr=10, Tr= 25 e Tr= 50 anos. ............................................................. 11
4. Determinação dos factores da USLE ................................................................................ 12
5. ELABORAÇÃO DO MAPA DE SOLOS E MAPA DE UNIDADE DE TERRA.......... 15
7. ESTIMATIVAS DO RISCO DE PERDAS DE SOLO SEGUNDO USLE .................... 19
8. NECESSIDADE DE MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO ................................................ 21
9. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 23
10. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 24
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 25

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Antecedentes
O solo é afectado por divesros factores bióticos e abióticos que causam o desgaste ou
arrastamento das partículas ao longo do tempo de uma determinada região para outra, sendo a
água da chuva e vento agentes mais activos. Ao processo de deslocamento ou arrastamento das
partículas do solo de um lugar para outro é designado erosão, e pode ser hídrica (agente água)
e eólica (vento) (Imeson e Curfs, 2006). Sob o ponto de vista económico, a erosão do solo é
importante à medida que causa degradação de solos agrícolas, assoreamento de cursos e
reservatórios de água, perda de produtividade dos solos agrícolas e outros tipos de danos
(Brasil, 2006).

Para estimativas de perda do solo, foram desenvolvidas várias equações que tem em
consideração os agentes climáticos (precipitação), edáficos (relevo, cobertura e solo) e maneio.
Uma e outra inclui/exclui certos parâmetros, dependendo da região para qual foi desenvolvida.
No presente trabalho o foco foi no uso da equação universal de perda do solo (ULSE) que
avalia a perda do solo através dos seguintes parâmetros (A=R×K×LS×C×P). O primeiro factor
representa a susceptibilidade do solo ao processo erosivo da chuva, podendo ser atribuída a
características mecânicas, químicas e físicas do solo. O segundo factor é relacionado com a
topografia (declividade) e a erodibilidade depende do maneio do solo e das plantas (Macedo et
al., 2009). A intensidade de precipitação e a inclinação do terreno são os dois factores que
concorrem directamente para erosão, sendo que o método de conservação visa reduzir a acção
de água sobre o terreno (nivelamento, curvas de nível e terraço) (Macedo et al., 2009).

Para melhor planificação das medidas de conservação do solo, podem ser elaborados
mapas de uso de terras, declive entre outras que ajudam a ter uma visão mais detalhada das
condições locais em combinação com informações sobre o clima da região. Dependendo da
necessidade ou da situação de risco de perda de solo, podem ser desenhadas medidas de
conservação que podem ser de vária ordem, como exemplo, implantação da cobertura vegetal,
terraceamento entre outras, mas visto que os factores relativos ao clima são de difícil controlo,
e a erosão é mais influenciada por factores de maneio do que por qualquer outro, portanto o
uso do solo e o maneio da cultura constituem o foco da actuação do homem no combate à
erosão.

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1.2. Objectivos

1.2.1. Geral
 Elaborar um plano de Conservação de Solos do distrito de Sanga.

1.2.2. Específicos
 Estimar o risco de perda de solo segundo a equação universal de perdas de solos (USLE) do
distrito de Sanga;

 Propor as medidas de conservação de solos do distrito de Sanga.

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2. DESCRIÇÃO BIOFÍSICA E SOCIOECONÓMICA DA ÁREA DO PROJECTO

2.1. Localização
O Distrito de Sanga está localizado na parte Norte da Província do Niassa, a 60 km da
Capital Provincial, Lichinga, confinado a Norte com a República da Tanzania, a Sul com o
Distrito de Lichinga, a Leste com os Distritos de Muembe e Mavago e a Oeste com o Distrito
do Lago.

Figura 1: Local do estudo


Fonte: INE (2012).
2.2. Clima
O distrito esta sob influência da Zona de Convergência Intertropical que origina duas
estacoes bem definidas a saber: chuvosa e quente que ocorre nos meses de Dezembro a Março,
com Abril como mês de transição e, estacão seca e fria que vai desde Maio até Outubro, com
mês de Novembro como de transição (MAE, 2005). Com base na classificação de Koppen, o
clima desta região é Tropical Húmido (Aw), modificado pela altitude. Vagas de frio podem
trazer tempestades violentas e chuvas torrenciais de curta duração (MAE, 2005). O distrito de
Sanga recebe uma precipitação média anual de cerca de 614 mm, sendo o mês de Janeiro o
mais chuvoso (110.21 mm) e o de Julho mais seco (8.99 mm) (Tabela1).
Tabela 1: Valores de dados climáticos (Precipitação e temperatura) da estacão de Sangai: Ano 1985 a 2006.

P. média mensal P. máx. Dias de T. média T. máx T. min


Mês
(mm) 24hrs (mm) chuva (oC) média (oC) média (oC)
Janeiro 110.21 50.43 10 26.53 31.79 21.82
Fevereiro 101.85 35.73 10 26.98 31.85 22.15

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Março 74.37 35.35 8 26.45 31.37 21.24
Abril 24.96 11.65 5 24.17 29.89 18.40
Maio 13.50 8.76 3 21.58 28.44 15.91
Junho 12.18 9.01 2 18.73 25.44 11.57
Julho 8.99 5.90 2 18.23 26.51 11.67
Agosto 11.77 8.85 3 20.41 26.19 13.69
Setembro 21.06 11.18 4 22.91 29.05 16.09
Outubro 53.31 22.78 7 23.82 29.37 18.18
Novembro 82.89 32.69 9 24.78 30.30 19.26
Dezembro 98.75 37.06 9 25.18 29.99 20.23
P. méd
613.83 0
anual
P. méd
22.45
24hrs
*Precipitação média mensal (P. média mensal) (22 anos); precipitação máxima mensal de 24 horas (P. máx. 24hrs); número
de dias de chuva por mês; temperatura média (T. media); temperatura média máxima (T. máx. méd.) e temperatura média
mínima (T. mín. méd.) a partir dos dados climáticos (ano 1985 a 2006).

Referente à temperatura, o distrito apresenta uma média máxima de aproximadamente


32º C e uma média mínima de 11.57º C correspondentes aos meses de Fevereiro e Junho
respectivamente, onde o primeiro é o mais quente e o segundo o mais fresco, sendo que a
temperatura média anual é cerca de 23.31ºC. A amplitude térmica anual é de 11.66ºC. O distrito
de Sanga apresenta humidade relativa média anual de 68.08%, variando de um valor máximo
de 72% em Marco e Junho e a um valor mínimo de 73.5% em Outubro e Novembro.
Esta informação possibilita uma melhor planificação da produção, pois a partir do
conhecimento do clima podem ser melhor tomadas as decisões acerca das culturas a produzir
numa determinada estação em que estas estão adaptadas com vista a que as mesmas tenham
um melhor desempenho.

2.3. Evapotranspiração e período de crescimento


Em relação a evapotranspiração, o distrito de Sanga atinge a sua máxima no mês de
Janeiro com 156 mm, um valor que supera a precipitação neste mesmo mês (110.21 mm)
(Tabela 2). Período de dormência: não há período de dormência pois as temperaturas médias
mensais são sempre superiores a 6.5oC. Água armazenada: a humidade armazenada é zero
(0) mm em cada mês, visto que a evapotranspiração (ETP) média é superior à precipitação
média mensal. No Entanto, não existe água armazenada ao longo da estação de Sanga.
Tabela 2: Evapotranspiração mensal (Estação de Sanga)

Mês T. média (oC) P. (mm) ETP (mm) 1/2*ETP (mm) H. armazenada (mm)

Janeiro 26.53 110.21 156 83 0

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Fevereiro 26.98 101.85 129 69.5 0

Março 26.45 74.37 121 61 0

Abril 24.17 24.96 91 50 0

Maio 21.58 13.50 71 40.5 0

Junho 18.73 12.18 53 30 0

Julho 18.23 8.99 59 34.5 0

Agosto 20.41 11.77 82 49 0

Setembro 22.91 21.06 105 61.5 0

Outubro 23.82 53.31 125 69.5 0

Novembro 24.78 82.89 136 75.5 0

Dezembro 25.18 98.75 152 81.5 0

*P = precipitação; ETP = evapotranspiração; temperatura média (T. media); H. armazenada = agua armazenada a partir dos
dados climáticos (ano 1985 a 2006).

 Determinação do início do período de crescimento (= início da estação


chuvosa)

1
Início do período de crescimento é igual ao mês em que P > 2 𝐸𝑇𝑃

 Último mês seco (último mês em que P < 1/2ETP)


o O último mês seco é Outubro.
 Primeiro mês da estação chuvosa (P > 1/2ETP)
o O primeiro mês da estacão chuvosa é Novembro.
 Calcular o número de dias depois do 15o dia do último mês seco (Outubro)
o X = 30*(1/2ETPOut – POut) / ((PNov – POut) + 1/2(ETPOut– ETPNov))
X = 30*(69.5 – 53.31) / ((82.89– 53.31) + 1/2(139 – 151))
X = 10.42
X = 11 dias
Então o início de período de crescimento será: 15 de Outubro + 10 dias = 25 de Outubro.
 Determinação do fim do período chuvoso (e fim do período de crescimento se
não existir armazenamento de humidade no solo)
Qual é o ultimo mês húmido (ultimo mês em que P>½ETP)?
 Ultimo mês em que P>½ETP é Março.
o Março: ETPMar= 121 mm; PMar = 74.37mm; ½ETPMar= 60.5 mm
 Qual é o primeiro mês seco (P<½ETP)?

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o Primeiro mês seco é Abril
o Abril: ETPAbr = 91 mm; PAbr =24.96 mm
 Y = ao número de dias depois do 15º dia do ultimo mês húmido (P>½ETP), que é
portanto o mês de Abril.
o Y = 30*(PMar-½ETPMar) / ((PMar-PAbr) + ½(ETPAbr-ETPMar))
o Y = 30 *(74.37-60.5) / ((74.37-24.96) + ½(91 – 121))
o Y= 12 dias
o Então, o fim do período chuvoso é 15 de Marco + 12 dias = 27 de Março
 Fim do período de crescimento
o Uma vez que não há água armazenada no solo, o período de crescimento
termina aos 27 de Março.
 Comprimento do período de crescimento
o Período total de crescimento: 25 de Outubro a 27 de Março = 154 dias
o Período real de crescimento = período total de crescimento – período de
dormência
o Período real de crescimento = 154 – 0 = 154 dias
O período de crescimento para a cultura de milho, em condições de sequeiro, é a partir
do fim do mês do Outubro aos meados de Março (Figura 1). Durante estes meses a precipitação
é superior a metade evapotranspiração deste local.

Período de crescimento
180.00

160.00

140.00
Precipitacao (mm)

120.00
100.00

80.00
P. total
60.00
ETP (mm)
40.00
1/2*ETP (mm)
20.00

0.00

Meses

Figura 1: Período de crescimento para o cultivo de milho em Sanga

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*Precipitação média mensal (P. total); temperatura média (T. media); ETP = evapotranspiração; a partir dos dados climáticos
(ano 1985 a 2006).

O regime de precipitação tem alguma influência na agricultura e erosão dos solos?

Para agricultura: durante o período de crescimento (154 dias) da cultura do milho


verifica-se disponibilidade de água, que pode suprir minimamente as necessidades de água da
cultura. Ademais, a precipitação anual é suficiente para a prática de certas culturas em sequeiro.

Para a erosão: a ocorrência de erosão na área de estudo é praticamente nula. Dados os


valores de intensidade de curta de duração (30 minutos) não são potencialmente capazes de
causar erosão. Porem a intensidade de precipitação aos 10 anos tem capacidade de causar a
erosão.

2.4. Solos e Hidrologia


O distrito de Sanga possui maioritariamente solos argilosos, vermelhos, profundos e
bem drenados, associados a climas húmidos e sub-húmidos, ocupando manchas consideráveis
nas regiões altas, muito chuvosas da Cordilheira de Sanga. Os solos desta área destacam-se
pela elevada fertilidade e grande potencial agrícola. Solos fersialíticos de textura média e fina,
bem drenados e profundos em regiões com condições de humidade favoráveis, associado a
climas sub-húmidos estão em estreita ligação com o relevo. Estes solos são originários,
essencialmente, de rochas cristalinas quartzíferas, sedimentos não consolidados e rochas
sedimentares não consolidadas. Apresentam-se com a cor avermelhada nos topos, alaranjada
nas encostas e parda a acinzentada nas depressões (como a faixa ao longo do rio Rovuma,
constituída por solos franco-argilosos acinzentados) (MAE, 2005).
Os cursos de água do distrito de Sanga pertencem à bacias hidrográfica do rio Rovuma,
onde dominam os rios Messinge e Lucheringo e os afluentes destes, nomeadamente, Mohola,
Mutuke, Lualece de curso permanente e outros mais pequenos sazonais, constituindo uma rede
densa e bem distribuída de Sul a Norte do distrito (MAE, 2005).

2.5. Uso de terra


De acordo com a carta de uso actual de terra, a agricultura ocupa uma percentagem
significativa da terra da área de estudo. A terra é extensamente ocupada por pradaria e matagal
(que podem ser locais para a prática de actividades florestais).

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2.6. Aspectos socioeconómicos
A terra usada para agricultura neste distrito é maioritariamente utilizada para sistemas
de consociação de culturas alimentares, tais como milho, mandioca, feijões, amendoim e
batata-doce, sendo que o milho e a mandioca são as que maiores extensões de terra ocupam. A
cana-de-açúcar e o tabaco são culturas comerciais importantes para o distrito. A terra é também
usada para produzir fruteiras, e para outras actividades geradoras de rendimentos (MAE, 2005).

2.7. População
A população do distrito de Sanga era estimada em mais de 65 mil habitantes, com uma
densidade populacional aproximada de 4.87 hab/km2. A população é maioritariamente jovem,
com 47.6% abaixo dos 15 anos, tem um índice de masculinidade de 95.4% e uma taxa de
urbanização muita baixa, concentrada na Sede do distrito de Sanga (INE, 2012).

2.8. Mão-de-obra
Estima-se que no distrito de Sanga a relação de dependência económica potencial é de
aproximadamente 1:1, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 10 pessoas em idade
activa (INE, 2012).

A agricultura é a actividade económica que mais ocupa a população activa do distrito,


constatando-se que 85% das explorações são cultivadas por 3 ou mais membros do agregado
familiar. Estas explorações estão divididas em cerca de 20 mil parcelas, 35% com menos de
meio hectare e exploradas em cerca de metade dos casos por mulheres. De reter que, do total
de agricultores, 35% são crianças menores de 10 anos de idade, de ambos os sexos (INE, 2012).

2.9. Posse de terra


Quanto a posse de terra no distrito de Sanga, Administração do distrito e o Serviço de
Geografia e Cadastro (DADR) é a entidade responsável em coordenação com anciãos
influentes locais. Estima-se que a área média das explorações agrícolas familiares seja de 2
hectares, num total de cerca de 10 mil explorações. Com grau de exploração familiar
dominante, mais de metade das explorações do distrito tem menos de 1 hectare dos quais
somente 12% da área é cultivada (INE, 2012).

2.10. Situação económica


A economia do distrito de Sanga é predominantemente baseada na agricultura cuja
pratica ocupa cerca de 30% das terras férteis do distrito, produzindo culturas diversas dentre as

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quais destacam-se as hortícolas, milho, leguminosas, batata-doce, mandioca, tabaco e cana-de-
açúcar, para além de fruteiras tais como a banana, citrinos, etc. Estes produtos agrícolas
juntamente com os produtos da pecuária são comercializados e consumidos pelas famílias
(INE, 2012).
A indústria local ainda é extremamente fraca, com serviços tais como padaria,
carpintaria, moagem, fábrica de refrigerantes e fábrica de confecções quase inexistentes. E
serviços do sector terciários (bancos e empresas de telecomunicações ausentes) (INE, 2012).

2.11. Agricultura
A agricultura é a principal actividade económica do distrito, sendo predominantemente
constituída pelo sector familiar ou pequenas explorações que usa variedades locais, em alguns
casos o uso de tracção animal. As pequenas explorações produzem, sob condições de sequeiro,
milho, amendoim, feijões, batata-doce, tabaco, cana-de-açúcar, banana e mandioca, e ainda
hortícolas e fruteiras. O governo local tem investido em desenvolver estratégias que
impulsionam o desenvolvimento agrário, tais como fomento das principais fruteiras, a
realização de feiras de insumos agrícolas (com destaque a sementes) e melhorias do sistemas e
infraestruturas de irrigação. O distrito possui também recursos naturais e potencial para o
desenvolvimento do turismo (MAE, 2005; INE, 2012).

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3. Determinação de precipitações máximas em 24 horas que ocorrem com o tempo de
retorno de Tr=2, Tr=5, Tr=10, Tr= 25 e Tr= 50 anos.
 Os cálculos da precipitação, seguindo os passos do ANEXO 2, resultaram em:

Tabela 3: Valores de precipitação máxima durante durante 24 horas de 21 anos

Ano 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06
P.max 119.7 38 56.8 64.3 95.5 43 110 38.1 74.5 109.6 49.7 82.9 63.2 142.2 71.7 134.7 150 21.3 39.1 89.2 66 111.6

Tabela 4: Probabilidade da precipitação máxima

i 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Pmax 21.3 38 38.1 39.1 43 49.7 56.8 63.2 64.3 66 71.7 74.5 82.9 89.2 95.5 109.6 110 111.6 119.7 134.7 142.2 150

K (%) 4.3 8.7 13.0 17.4 21.7 26.1 30.4 34.8 39.1 43.5 47.8 52.2 56.5 60.9 65.2 69.6 73.9 78.3 82.6 87.0 91.3 95.7

 Cálculo dos valores de Gumbel.

Precipitação máxima
Valores K = 1 dia
Media (x) 80.5
Desvio Padrão (sx) 36.14
Sn 1.063
Yn 0.524
a = (sn/sx) 0.029
xo= x-yn/a 62.69
X1(y1=0)= X0 +y1/a 62.69
X2(y2=4)= X0+y2/a 198.67

Tabela 5: Precipitação máxima com diferentes tempos de retorno

Tempo de retorno
2 5 10 25 50
Duração (24 horas = 1 dia) 72.5 105 131 165 190
Máximo de 10min 12.99 19.7 24.2 30.8 35.6
Máximo de 30min 23.56 33.9 44.8 54.0 63.0
Máximo de 1h 30.2 32.3 33.2 34.4 35.2

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 Determinação de precipitação de 10 minutos, 30 minutos e 1 hora para
diferentes períodos de retorno.
Tabela 6: Intensidade de precipitação de curta duração (10 e 30 minutos e 1 hora)

Intensidade de precipitação (mm/min)


Duração 2 5 10 25 50
Máximo de 10min 181.2 193.8 199.2 206.4 211.2
Máximo de 30min 60.4 64.6 66.4 68.8 70.4
Máximo de 1h 30.2 32.3 33.2 34.4 35.2

A intensidade de precipitação a curta duração tem a capacidade de causar erosão na


área de estudo. A quantidade de água que cai (181.2 mm), para o tempo de retorno de 2 anos
com uma duração de 10 minutos é muito elevada para que possa ser infiltrada pelo solo, isto
porque a capacidade de armazenamento do solo (150 mm) é inferior a quantidade que o mesmo
pode receber, podendo ocasionar num escoamento superficial. Porém para a precipitação com
duração de 30 minutos não há nenhum risco de erosão do solo.

4. Determinação dos factores da USLE

2.1.Cálculo do valor da erosividade


 Fórmula da FAO (Ateshian, 1974):

R = 1.11*10-3 * a*b*c + 660 (MJ mm ha-1 h)

Onde:

a = precipitação média anual (mm)

b = precipitação máxima de 24 horas, período de retorno de 2 anos (mm)

c = precipitação máxima de 1 hora, período de retorno de 2 anos

a = 614 mm; b = 72.5 mm e c = 30.2 mm

R = 1.11*10-3 * a*b*c + 660

R = 1.11*10-3*614*72.5*30.2

R = 1492.23 MJ mm ha-1 h

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 Equação de Cordeiro (1996) desenvolvida para a província de Maputo

EI30,i = 0.2163 * Pi0.791 * Pmax,i1.049 * Di-0.138

R = EI30 (ano) = i=1,12EI30,i,

Onde:

 EI30,i é a soma do produto da energia cinética total e a intensidade máxima durante 30


minutos de todas as ocorrências de chuva no mês i (J.mm.h-1);
 Pi é a precipitação total no mês i;
 Pmax,i é a chuva máxima em 24 horas ocorrida no mês i
 Di é o número de dias com chuva durante o mês i

R = EI30 (ano) =  EI30 (mês

Tabela 7: Dados para o cálculo de factor R

Mês P. total P.máx D. chuva 0.2163*Pi^0.791 Pmax,i^1.049 Di^-0.138 EI30,i %EI30,i


Janeiro 110.21 50.43 10 8.92 8.92 0.73 398.04 25.80
Fevereiro 101.85 35.73 9 8.38 8.38 0.73 261.35 16.94
Março 74.37 35.35 8 6.54 6.54 0.76 206.39 13.38
Abril 24.96 11.65 6 2.76 2.76 0.79 28.74 1.86
Maio 13.50 8.76 3 1.69 1.69 0.85 14.13 0.92
Junho 12.18 9.01 3 1.56 1.56 0.87 14.21 0.92
Julho 8.99 5.90 3 1.23 1.23 0.88 7.00 0.45
Agosto 11.77 8.85 3 1.52 1.52 0.88 13.05 0.85
Setembro 21.06 11.18 4 2.41 2.41 0.83 25.12 1.63
Outubro 53.31 22.78 7 5.02 5.02 0.77 102.04 6.61
Novembro 82.89 32.69 9 7.12 7.12 0.74 204.36 13.25
Dezembro 98.75 37.06 9 8.18 8.18 0.74 268.13 17.38
Total Total 1542.56
*Precipitação média mensal (P. média mensal) ; precipitação máxima mensal de 24 horas (P. máx. 24hrs); número de dias de
chuva por mês; temperatura média (T. media); temperatura média máxima (T. máx. méd.) e temperatura média mínima (T.
mín. méd.) a partir dos dados climáticos (ano 1985 a 2006).

o R = Σ 30 (mês) = 1542.56 J.mm.h-1


Uma vez que a erosividade obtida a partir da equação de Ateshian (R = 1492.23 MJ mm
ha-1 h) é menor que a erosividade obtida a partir da equação de Cordeiro desenvolvida para a
província de Maputo (R = 1542.56J.mm.h-1), induz-nos a afirmar que quanto maior for a
erosividade maior sera o risco de ocorrência de degradação e mobilização das partículas do
solo, deixando o solo nu e exposto a qualquer tipo de erosã. Certos autores, referem que estas

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equações empíricas dão melhores resultados para as áreas de experimentação e devem ser
usadas com cuidado em outros locais, o que pode justificar a diferença dos valores da
erosividade obtidos uma vez que uma das formulas usadas foi desenvolvida para a província
de Maputo (equação de Cordeiro), e a área de estudo no presente estudo é referente a província
do Niassa.

b) Representação gráfica da distribuição percentual mensal da erosividade (R).

A figura 2 ilustra a distribuição percentual mensal da erosividade (R), onde é possível


concluir que maiores graus de erosividade ocorrem no período compreendido entre os meses
de Novembro à Fevereiro, e regista-se uma estacionalidade da erosividade nos meses entre
Abril à Setembro. O período com maior erosividade é coincidente com o período dos meses
com maior precipitação (período de crescimento).

Distribuição percentual da erosividade


30

25

20

15

10 Percentagem

Figura 2: Distribuição percentual mensal da erosividade (R) ao longo do ano .

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5. ELABORAÇÃO DO MAPA DE SOLOS E MAPA DE UNIDADE DE TERRA
A figura 3, ilustra os principais agrupamentos de solos na área de estudo. A área de
estudo é dominada por tipos de solos complexos: os Ferralsolos háplicos e Cambisolos mólicos
fluvícos (sendo predominantes na área de estudo os Ferralsolos háplicos) (classificação da
FAO).

Legend
VGo_+CM
I_+VGom
VMo

Figura 3: Mapa de solos na área de estudo


Outra classificação caracteriza-os como sendo Solos argilosos Vermelhos óxicos (solos
com CTC < 16 meq/100 g de argila, profundidade moderada: profundidade 50 - 100 cm) e
Solos de coluviões de textura média. Há também ocorrência de solos líticos e Solos vermelhos
óxicos (CTC argila > 16 cmol(+)/kg) de textura média (Leptosolos háplicos e Acrisolos
háplicos ou Lixissolos háplicos segundo a classificação da FAO). A textura do solo varia de
Franco-argilo-arenoso à argiloso; coloração: castanho amarelado e castanho avermelhado
escuro; profundidade é variável.

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A figura 4 mostra o de declividade da área do estudo recortado do distrito do Sanga. O
distrito é caracterizada por uma topografia extremamente acidentada. A topografia da área
recortada varia de ondulada, fortemente ondulada, colinosa, fortemente dissecada a
montanhosa.

Figura 4: Declives da área de estudo


A figura 5 mostra o Mapa de unidades de terra da área do estudo (Sanga). O mapa
representa duas unidades de terra com aspectos de declividade, solo e cobertura diferentes

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uso de terra
VGo_+CM;Co-Fd-M; FL
I_+vgOM;Co-Fd-M;FL
VMo;On-Fo;NF

Figura 5: Mapa de Uso de Terra

A primeira uma unidade apresenta uma declividade que varia de ondulada à fortemente
ondulada, tendo como tipos de solo os Acrisolos háplicos (VMo) e Ferralsolos háplicos
(VGom). E há diversos tipos de cobertura característica para esta Unidade (Não floresta: NF),
que certamente sejam: agricultura (Agr), matagal alto (MAl). A segunda unidade de terra
apresenta uma declividade que varia de colinosa, fortemente dissecada à montanhosa e
caracterizada por Ferralsolos háplicos (VGo), Leptosolos háplicos (I) e Cambisolos mólicos
fluvícos (CM). A cobertura da área é constituída pela floresta (Fl) e matagal alto (MAI).
Referente a relação entre solos e geologia ou solos e vegetação, acredita-se que
claramente existe uma relação entre a geologia e solos. Alias, a classificação de solos usada é
baseada na geologia. Geologias das regiões pré-câmbricas tem agrupamento de solos VA, VM,
VMb, VMo, VG, VGb, VGI, I o que esta em concordância com o verificado na área do presente
estudo. Contudo não foi perceber a relação solos-vegetação devido a fraca informação da cobertura.
Ademais é muito difícil perceber a relação solos-vegetação em ambiente cultivado.

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6. AVALIAÇÃO DE TERRAS PARA MILHO
Tabela 8: Avaliação de terras para a cultura de milho

Unidade de terra Acrisolos háplicos (VMo) e Ferralsolos háplicos (VGo),


Ferralsolos háplicos (VGom). Leptosolos háplicos (I) e
Cambisolos mólicos fluvícos (CM)
Precipitação média anual 614 614
(mm)
Classe de declive (%) Ondulada à fortemente ondulada (8 Colinosa, fortemente dissecada à
– 16) montanhosa (8 – 16; >30)
Frequência de inundação
Classe de drenagem Moderada Moderada a boa
Profundidade efectiva (cm) VGom (50 - 100); VMo>100 VGo <100; I : 0-30; CM: >100
Classe textural VGom: Fr-FrAg- Ag, VMo: Fr - VGo: Fr-FrAg- Ag; I: FrAr - Ag
FrAgAr rocha alterada, CM: FrAgAr- FrAg
Fragmentos de rocha (classe)
Carbono-org (%) Moderada a alta 0.8 – 1.5 I: Muito baixo a moderada (0.05-0.75),
CM:Baixo a muito alto 0.6 – 2.55
pH em água Fort. Ácido a mod. Ácido (4.7 – Mod. ácido - lig. ácido (5.2 – 6.5),
5.4 )

CEe (mS/cm) Não salgado (0 – 1) Não salgado (0 – 1)


Comprimento do período de 154 154
crescimento (dias)
Precipitação do período de 468.04 468.04
crescimento (mm)
Temperatura média do 26.58 26.58
período de crescimento (ºC)
Classe de aptidão S2 S3

As As duas unidades de terra são aptas para o cultivo de milho em sequeiro e aptidão
da primeira unidade de terra é classificada como moderada e a segunda é classificada como
marginal (S3), ou seja, se o factor limitante for manipulado positivamente poderá causar um
incremento na produção da cultura, caso contrário a produção poderá ser afectada.

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7. ESTIMATIVAS DO RISCO DE PERDAS DE SOLO SEGUNDO USLE
As duas unidades de terra escolhidas apresentam grandes diferenças nas suas
características, sendo a primeira unidade de terra constituída por Solos vermelhos óxicos (CTC
argila > 16 cmol(+)/kg) de textura média, com textura Franco-argilo-arenoso castanho
avermelhado, solos profundos e a segunda unidade de terra constituída por solos complexos
com predominância de solos líticos com textura Franco-arenoso a argiloso castanho, solos
pouco profondos sobre rocha alterada . O factor topografia do solo (L*S), estimado usando o
método de Arnoldus e o calculado para as duas unidades em estudo não apresentam valores
diferentes (tabela 9).
Tabela 9: características das unidades de terra em estudo, em termos de solo, declive, uso e vegetação.

Unidade de solo 1 2
Tipo de solo Solos vermelhos óxicos Solos líticos
Textura Franco-argilo-arenoso Franco-arenoso a argiloso
M.O 1.75 0.8
K 0.045 0.034
factor L
Comprimento do declive 100 100
Coeficiente m 0.5 0.2
L 2.13 2.13
Factor S 12 30
S 1.55 7.27
L*S calculado 3.3 15.49
L*S estimado (Arnoldus) 3.28 13.34

Factor P curva nivel + faixas curva nivel + faixas


P 0.3 0.45

Savana arborea ou
Factor C matagal(<20% lenhosas) Floresta
C 0.3 0.7
O valores de LS calculados usando o método de Wischmeier foram maiores em
relação aos estimados pelo método de Arnoldus, porém a magnitude é insignificante.
Tabela 1: Representação da quantidade de solo perdido por hectare por ano nas duas unidades em estudo.

U1 U2
R 1542.56 1542.56
K 0.045 0.034
L 2.13 2.13
S 1.55 7.27
P 0.3 0.45
C 0.3 0.7
Total (ton/ha/ano) A 20.63 255.82
Nas unidades em estudo para a primeira unidade a perda de solo é de 20.63 ton/ha/ano,
sendo esta unidade constituída de solos de textura franco-argilo-arenoso. Na segunda unidade

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a perda de solos estimada é de cerca de 256 ton/ha/ano. A perda de solo calculada nas duas é
muito elevada e não aceitável (máximo aceitável 9 ton/ha/ano), é muito mais grande do que a
formação do solo.

Os factores que podem influenciar um camponês a tomar medidas para diminuir a perda
do solo são:

 R: o homem não tem influência na erosividade da chuva;


 K: só muito esforços é que o homem pode mudar as características do solo (por
exemplo matéria orgânica);
 L: o camponês pode construir terraços ou faixas de contorno para diminuir o
comprimento do declive;
 S: construir terraços;
 P: implementar práticas de conservação (contouring e stripcropping);
 C: Tentar aumentar cobertura do solo durante todo ano

Portanto os factores L, S, P e C podem apoiar o camponês na tomada de decisão sobre


a redução das perdas do solo.

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8. NECESSIDADE DE MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO
As medidas de conservação de solos (medidas biológicas/Agronómicas, melhoramento
do solo, maneio do terreno) que devem ser aplicadas para a redução da perda do solo por erosão
nas áreas do estudo são:

 Medidas biológicas/Agronómicas: Mulch, maneio da cultura (cultivo múltiplo


incluindo rotação de culturas e faixas; culturas de cobertura; elevada densidade
de plantio) e entre outras práticas.
 Maneio do sol: Cultivo paralelo as curvas de nível; minimum tillage; no tillage
e entre outras práticas aplicáveis.
 Medidas mecânicas: terraços; estruturas para o desvio de agua (valas de
drenagem) ou estruturas para reduzir a velocidade da agia; e entre outras
praticas.

A escolha de cada uma das medidas depende do uso de terra e do grau da


susceptibilidade da área a erosão (declive)

A utilização dos terraços depende principalmente do declive. Se o declive permitir


(terrenos menos inclinados), é preferível construir terraços de valas porque o volume de
terraplanagem é muito menor que na construção de terraços de banco. Para área do presente
estudo é preferível construir terraços de banco. A tabela 11 ilustra a distância horizontal e
vertical dos terraços na área de estudo.

Tabela 11: Distância horizontal e vertical com base nas fórmulas de Stewards e Saccardy.

Risco U1 U2
Clima 25 15
Solo 15 5
Gestão 25 25
Uso de terra 35 15
Manutenção 35 25
Ks 135 85
s 12 2
Saccardy DV 26-27 14-15
Stewards DH 38 16
A distância vertical e horizontal dos terraços escolhida para ser usada na unidade de
terra, é a estimada na unidade com elevado risco de erosão (U2).

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 Cálculo de caudal máximo no terraço para a unidade com elevado risco de
erosão (U2).
o s = 30 % (assumimos que o declive não mudou),
o x = 16 m (este distancia tem risco mínimo usando a fórmula de stewards),
o l = 400 m (comprimento máximo aceitável)
o v0 =  * s = 0.152 * 30 = 0.83 m/s
o vc (sandy loam = franco arenoso) = 0.55 m/s
o Tc= (16/0.83) + (400/0.55) = 746.55 s = 12.4 min.
o P(24 h. Tr = 2)= 72.5 mm (Gumbel)
o P(1 h. Tr = 2)= 72.5/2.4 = 30.2
o P(12.5 m. Tr = 10)= 30.2 * 0.82 = 24.77
o I = P/t = 24.77/12.4 = 1.99 mm/min = 3.31 * 10-5m/s
o c (terraço (declive 30), com Floresta e solo de textura franco/arenoso) c =
0.30
o A = x * l = 16 * 400 = 6400 m2
o Qp= 0.30 * 3.31 * 10-5* 6400 = 0.0635 m3/s = 63.55 l/s

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9. DISCUSSÃO
 Estimativas do risco de perdas de solo segundo USLE

A perda de solo na unidade 1 é cerca de 20 ton/ha/ano que segundo (Romero e


Hernandez, 1987) apresenta um grau de erosão elevado e na segunda unidade a perda de solos
estimada é 256 ton/ha/ano que corresponde a um grau de muito elevado. As perdas de solo são
devidas a vários factores, sendo os mais prováveis a declividade e textura, a unidade 1 tem
entre 8-16% de declive e a textura é franco-argilo-arenoso e ambos proporcionam um equilíbrio
em relação a precipitação que ocorre na região. E a unidade 2 tem um declive entre 16-30% e
acima de 30%, apresenta solos com textura franco-arenosa, permitindo um fácil arrastamento
das partículas do solo e acelerando desta forma o processo erosivo.

Segundo Boot et al. (2006) a perda de solos máxima aceitável para solo de textura
argilosa é de 11 ton/há/ano e para solos arenosos a perda máxima aceitável é de 9 ton/ha/ano,
assim a perda de solo da nas duas unidades está muito além do convencionado, o que indica
uma necessidade de implementação de medidas de conservação do solo.

Os factores que podem influenciar o camponês a tomar medidas de conservação do solo


para a segunda unidade de estudo são o factor topografia do solo (L*S), para manipular o factor
topográfico do solo o camponês pode optar em fazer a plantação em curvas de nível (ISGA,
2010) ou fazer o terraceamento do solo, o outro factor que o camponês pode usar para tomar
medidas de conservação é o factor C (cobertura do solo), o camponês pode optar em deixar
restolhos da cultura depois de fazer a colheita para evitar a excessiva exposição do solo.

 Necessidade de medidas de conservação


 Distância entre terraços

As distâncias verticais e horizontais foram calculadas usando dois métodos, a saber;


Saccardy e Stewards. Pelo método de Saccardy, a distância vertical obtido foi de 26-27 m para
unidade 1 e 14-15 m para a unidade 2. Pelo método de Stewards, a distância horizontal obtido
foi de 38 m para unidade 1 e 16 m para a unidade 2, e analisando estas distâncias, pode-se
inferir que a topografia do terreno é a causa desta diferença. A distância vertical obtida nos nas
duas unidades esta fora dos limites aceitável para a distância vertical (12m), mas também muito
baixos para a distância horizontal pelo método de Stewards. Importa referir que os valores
obtidos seriam mais adequados para zonas montanhosas.

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10. CONCLUSÃO
 O risco de perda de solos estimado usando a fórmula universal de perda de solos
para a primeira unidade é cerca de 020 ton/ha/ano, valor este que apresenta um grau
de erosão lelevado e na segunda unidade a perda de solos estimada é 256 ton/ha/ano
que corresponde a um grau de muito elevado.
 As medidas de conservação de solo que podem ser adoptadas para a unidade de solo
que apresenta maior risco de perda de solo incluem a plantação em curvas de nível
de modo a facilitar o escoamento da água no terreno e evitar a concentração da água
nos locais mais baixos do terreno, ou ainda pode-se fazer o terraceamento do solo e
também pode-se optar em deixar restolhos da cultura depois de fazer a colheita para
evitar a excessiva exposição do solo.

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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Boot, U. A., Berg, M. van den, Djik, K. J. van e Massingue, F. 2006. Apontamentos de
Tecnologia e Conservação do Solo. FAEF-UEM. Maputo.
de los suelos por erosión hídrica en el estado de Tabasco. Revista de Geografia
Agricola, pp 95-106.
 Faria, Chico Francisco. 2011. Planeamento Descentralizado no Contexto do
Desenvolvimento Local em Moçambique; Um estudo do caso do Governo do Distrito
de Namaacha (2006-2009). Tese de Pós-graduação. Rio de Janeiro.
 Imeson, A.C e Curfs M. 2006. Erosão do Solo. Lucinda.
 Instituto Nacional de Estatística (INE). 2012. Estatística do Distrito de Sanga. Maputo.
 ISGA. 2010. Manual de Melhores Práticas Agrícolas. USA.
 JustaPaz. 2012. Conselhos Consultivos. Maputo
 Macedo, José R.. Capeche, Claudio Lucas. Melo, Adoildo da Silva. 2009.,
Recomendação de Manejo e Conservação de Solo e Água.Niterói-RJ
 Ministério da Administração Estatal (MAE). 2005. Perfil Do Distrito De BSanga.
Direcção Nacional da Administração Local. Niassa.
 Romero, Juan Larios e Hernández, Jorge. 1987. Evaluación del riesgo de degradación

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