You are on page 1of 199
| APLICADA AO ENGENHARIA CIVIL VOLUME 1 ee 528.4251 644 $395k Cx. d Engenheiro ALBERTO DE CAMPOS BORGES Professor Titular de Topografia e Fotometria da Universidade Mackenzie, Ex-Professor Titular de Construgées Civis da Universidade Mackenzie, Professor Pleno de Topogratfia na Escola de Engenharia Maus, Professor Pleno de Construcic de Edificios na Escola de Engenharia Mau, Professor Titular de Topografia da Faculdade de Engenharia da Fundacéo Armando Alvares Penteado TOPOGRAFIA VOLUME 1 2.* edigfo revista e ampliada Ce EDITORA EDGARD BLUCHER www.blucher.com.br mo CEFETIMA BIBLIOTECA TEBYRECADE OLVERA | Apresentacao Este trabalho se divide em dois volumes. O Vol. 1, que agora é lancado, compée-se da Topografia Basica, ou Elementar. As aplicagdes especificas da Topografia estardio no segundo volume, ainda em preparo. Essa subdivisiio corresponde ao curso de Topografia que o autor vem ministrando aos alunos do Curso Civil de trés escolas de Engenharia da cidade de Sio Paulo: Faculdade de Engenharia da Fundagdo Armando Alvares Penteado (FAAP), Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie ¢ Escola de Engenharia Maua do Instituto Maua de Tecnologia. Assim, 0 primeiro volume corresponde aos assuntos lecionados no primeiro semestre e 0 segundo volume aos temas do segundo semestre. Pela ordem dos capitulos, os assuntos tratados neste primeiro volume sao: 1, Definigdo, objetivos, divisdes e unidades usuais da Topografia 2. Equipamentos auxiliares da Topografia: balizas, fichas, trenas, cader- netas de campo 3. Medidas de distancias horizontais: métodos de medigiio 4, Levantamentos empregando apenas medidas lincares 5. Diregdes norte-sul magnética e norte-sul verdadeira, ou geogrificas 6. Rumos ¢ azimutes, magnéticos ¢ verdadeiros; transformagdes ¢ atua- lizagdes de rumos ¢ azimutes 7. Bissolas 8. Desvios da agulha; corregdes de rumos ¢ azimutes 9. Poligonaso; levantamentos utilizando poligonais como linhas bsicas 10. CAlculo de coordenadas parciais; determinagdo do erro de fechamento linear das poligonais LL Ponto mais a oeste ¢ cAlculo de coordenadas totais 12, CAlculo da 4rea do poligono; métodos das duplas distincias meridianas e das coordenadas totais 13. Ajuste de poligonais secundarias 14, Cilculo das areas extrapoligonais 15. Descrig&io do teodolito; diversos tipos; teoria dos nénios 16. Métodos de medigdo de Angulos horizontais: direto e por deflexdo 17. Retificagdes do “transito” (teodolito) 18. Altimetria; nivelamentos geométricos; niveis ¢ miras 19. Retificagées de niveis 20. Taqucometria; taquedmetros normais e auto-redutores 21, Retificagdes de taquedmetros 22. Medida de distancias horizontais ¢ verticais pelo método das rampas e com a mira de base (subtense bar) 23. Alidade-prancheta auto-redutora Resumindo, vé-se que este primeiro yolume estuda os métodos basicos de Ievantamento: medidas lineares, poligonaco, nivelamento geométrico, taqueo- metria, irradiac&o; e os instrumentos topograficos fundamentais: buissolas, niveis, teodolitos ¢ taqueémetros. Como o segundo volume ainda se encontra em preparo, os capitulos nao estfio numerados, porém faremos um resumo de seus temas: @Curvas de nivel; métodos de obtencto topogrificos e por aerofotogra- metria @Locagio de obras; edificios, pontes, viadutos, tineis, bueiros, galerias @Medicao de distancias por métodos trigonométricos; distancia entre pontos inacessiveis eTerraplenagem em plataformas horizontais e inclinadas Arruamentos e loteamentos; levantamento da rea, projeto e locagio ¢Levantamentos subterrdineos; galeria de minas; equipamentos especiais eTopografia aplicada a hidrometria; medigées de vazo, curvas batimé- tricas; uso do sextante; problema das trés pontos (Pothenot) ‘@ Topografia para estradas; reconhecimento e linha de ensaio (linha basica) @Projeto planimétrico; tragado geométrico Curvas horizontais; circulares, espiral de transigéo, superelevacio e su- perlargura Projeto altimétrico; rampas e curvas verticais de concordancia; parabélicas simétricas ¢ assimétricas Locagao da linha projetada (alinhamento); locagao dos taludes Cilculo dos volumes de terraplenagem: formula prismoidal; corresdo dos volumes nas curvas horizontais ‘eEstudo do transporte de terra: diagrama de massas (Bruckner) @ Divisio de terras; partithas Triangulasao topografica; medidas da linha de base ¢ dos angulos; tri- lateragao eEmprego da eletronica na Topografia; telurémetros e distanciémetros; emprego do raio laser @ Poligonagiio eletrénica; trilateragdo eletrénica; mudangas nos métodos de Jevantamento: ‘© Métodos de determinagao do meridiano local; diregao norte-sul ver- dadeira ‘@Breves nogdes de Astronomia de campo ‘eBreves nogdes de Geodésia Fundamentos e possibilidades da Fotogrametria as Pela quantidade e variedade de assuntos do segundo volume, seu preparo se atrasou. Resolvemcs langar 0 primeiro yolume, antes da conclusio do se- gundo porque fazic ita falta para o acompanhamento dos cursos que minis- tramos. Talvez por scum os temas do primeiro volume elementares, os autores geralmente néio os abordam em seus trabalhos. Introdugao Qual a posigdo da Topografia na Engenharia? A resposta é rélativamente simples: a Topografia existe em todas as atividades da Engenharia que neces- sitam dela, como um “meio” e nfo como um “fim”. Ninguém cursa Topografia apenas por cursar, e sim porque ela serve de meio para outras finalidades. Pode-se afirmar que ela é aplicada em todos os trabalhos de Engenharia Civil, em menor ‘ou maior escala. E utilizada em varias atividades das Engenharias Mecanica, Eletrotécnica, de Minas, e raramente em algumas atividades das Engenharias Quimica, Metalirgica e Eletrénica. Para entendermos 0 porqué dessas afirmagbes € necessirio saber o que a Topografia consegue fazer e as outras Ciéncias nao: medir ou calcular distancias horizontais e verticais, calcular Angulos horizontais e verticais com alta ou altis- sima preciso. Quem mais pode medir distancias horizontais com erro provavel de 1 para 100000? Quem mais pode calcular altitudes (cotas) com precisio de um décimo de milimetro? Quem mais pode medir Angulos horizontais e verticais com precisio de um segundo sexagesimal? Por isso os métodos e equipamentos topogrdficos constituem um recurso para as atividades de Engenharia. Citamos a seguir alguns exemplos, dentro dos trabalhos de Engenharia Civil, que usam da Topografia. a) Edificagdo. A Topografia faz o levantamento plano-altimétrico do ter- reno, como dado fundamental ao projeto; apés o projeto estar pronto, faz sua locagaio e, durante a execugo da obra, controla as prumadas, os niveis e ali- nhamentos. b) Estradas (rodovias ¢ ferrovias). A Topografia participa do “reconhe- cimento”; ajuda no “antiprojeto”; executa a “linha de ensaio” ou “linha basica”; faz 0 projeto do tragado geométrico; loca-o; projeta a terraplenagem; resolve © problema de transporte de terra; controla a execugiio e pavimentagdo (a infra- -estrutura, no caso das ferrovias); colabora na sinalizagao, corrige falhas, tais como curvas maltragadas, etc. ¢) Barragens. A Topografia faz os levantamentos plano-altimétricos para © projeto, loca-o, determina o contorno-da area inundada; controla a execugdo sempre nos problemas de prumadas, niveis e alinhamentos. A Topografia é utilizada também em trabalhos de saneamento, agua, esgoto; construgio de pontes, viadutos, tineis, portos, canais, itrigagdo, arruamentos e loteamentos, porém sempre como um “meio” para atingir uma outra finalidade, Na Engenharia Mecanica ela é indispensAvel na “locagiio de bases de maquinas € nas montagens mecAnicas de alta precisfio”. Na Engenharia Eletrotécnica é utilizada nas hidrelétricas, subestagdes e linhas de transmissio. E comum tam- bém a aplicagio de Coordenadas U.T.M. para arquivo de dados dos sistemas de distribuigdo primario e secundario ‘A Topografia procede aos levantamentos das galerias de mineragdo, ajuda nas partilhas de propriedades e, na Agricultura, nas curvas de niyel ou de desnivel. Por tudo isso, é lamentavel que a Engenharia atualmente praticada em nosso pais coloque a Topografia em posicao secundaria, com tristes conseqiiéncias: vias urbanas expressas com curvas maltragadas que ocasionam muitos acidentes, complexos viarios com espirais de transic&io ao contrario, viadutos e “elevados” com tertiveis sinuosidades, imprevistio nos locais de’ colocagao indispensivel de guard-rail (defensas), colocacao imprépria de sinalizago. Em apoio ao que foi afirmado; podem testemunhar os engenheiros responsaveis pela execugaio de projetos que constatam incoeréncias de medidas entre 0 projeto e a obra, sempre como conseqiiéncia de levantamentos malfeitos. Toda atividade pratica contém erro, e a Topografia ndo pode ser exceco. © que pretendemos, portanto, € que a Topografia seja praticada com erros aceitaveis e, para isso, € necessario que a tomemos como uma atividade impor- tante dentro da Engenharia. E sera, pondo seu estudo em nivel realmente univer- sitario, que se conseguir aplicé-la dentro dos limites de erro aceitaveis. capitulo Hl eIAH AWN Contetdo Topografia: definigao, objetivos, divisbes e unidades usuais 1 Equipamentos auxiliares da Topografia 7 Métodos de medigao de distancias horizontais 13 Levantamento de pequenas propriedades somente com medidas lineares. 24 Diregées norte-sul magnética ¢ norte-sul verdadeira 31 Rumose azimutes 35 Bussolas 44 Corregdo de rumos e azimutes 48 Levantamento utilizando poligonais como linhas bésicas 62 Célculo de coordenadas parciais, de abscissas parciais e de ordenadas parciais 66 0 ponto mais a oeste e célculo de coordenadas totais 77 Caloulo de area de poligono 82 Poligonais secundérias, célculo analitico de lados de poligonais 95 Areas extrapoligonais 102 Teodolito 113 Métodos de medigao de Angulos 118 Retificagdes de transito 126 Altimetria-nivelamento geométrico 136 Retificagao de niveis. 145 Taqueometria 155 Célculo das distancias horizontal e vertical entre dois pontos pelo método das rampas pela mira de base 179 Alidade prancheta 183 Equipamento cletronico 188 capitulo 1 Topografia: definigdo, objetivos, divisées e unidades usuais A Topografia [do grego topos (lugar) ¢ graphein (descrever)] € a ciéncia aplicada cujo objetivo é representar, no papel, a configuragio de uma porgdo de terreno com as benfeitorias que estfio em sua superficie. Ela permite a repre- sentaco, em planta, dos limites de uma propriedade, dos detalhes que estiio em seu interior (cercas, construgSes, campos cultivados ¢ benfeitorias em geral, cérregos, vales, espigdes, etc.). Ea Topografia que, através de plantas com curvas de nivel, representa o relevo do solo com todas as suas elevagdes e depressdes. Também nos permite conhecer a diferenga de nivel entre dois pontos, seja qual for a distancia que os separe; faz-nos conhecer o volume de terra que deverA ser retirado (corte) ou colocado (aterro) para que um terreno, originalmente irregular, torne-se plano, para nele se edificar ou para quaisquer outras finalidades. A Topografia pos- sibilita-nos, ainda, iniciar a perfuragdo de um tinel simultaneamente de ambos os lados da montanha com a certeza de perfurar apenas um ténel e ndo dois, por um erro de direc&o, uma vez que fornece as diregdes exatas a seguir. Quando se deseja represar um curso d’4gua para explorar a energia hidrau- lica para produgdo de energia elétrica, sera a Topografia que, através de estudos prévios da bacia hidrografica, determinara as areas do terreno que serao sub- mersas, procedendo-se & evacuagio e 4 desapropriagdo dessas terras. Podemos afirmar, sem medo de exageros, que a Topografia encaixa-se dentro de qualquer atividade do engenheiro, pois, de uma forma ou de outra, 6 basica para os estudos necessrios quando da construgdo de uma estrada, uma ponte, uma barragem, um ttinel, uma linha de transmissio de forca, uma grande indtstria, uma edificacdo ou, ainda, na perfurac4o de minas, na distri- buic&o de 4gua numa cidade, etc. Seria muito longo, neste capitulo inicial, citar todas as aplicagdes da Topografia; elas irio aparecendo a medida que o assunto estiver sendo exposto. DIVISOES DA TOPOGRAFIA A Topografia comporta duas divisdes principais, a planimetria ea altimetria, Na planimetria so medidas as grandezas sobre um plano horizontal. Essas grandezas so as distincias e os angulos, portanto, as distancias horizontais 2 TOPOGRAFIA os dngulos horizontais. Para representi-las teremos de fazé-lo através de uma vista de cima, ¢ elas aparecerao projetadas sobre um mesmo plano horizontal. Essa representagdo chama-se planta, portanto a planimetria sera representada na planta. Pela altimetria fazemos as medigées das distancias e dos angulos verticais que, na planta, nfio podem ser representados (excegao feita as curvas de nivel, que sero vistas mais adiante), Por essa razo, a altimetria usa como representagdo a vista lateral, ou perfil, ou corte, ou elevacdo; os detalhes da altimetria sio re- presentados sobre um plano vertical. A iinica excegao é constituida pelas curvas de nivel, que, embora sendo um detalhe da altimetria, aparecem nas plantas; porém € cedo para abordar esse assunto e, para ele, existem longos capitulos adiante, ‘As aplicacdes diversas da Topografia fazem com que surjam outras sub- divisées para essa ci€ncia: usos em Hidrografia, Topografia para galeria de minas, Topografia de preciso, Topografia para estradas, etc: porém todas clas se baseiam sempre nas duas divisées principais planimetria e altimetria. Nas plantas, para a planimetria, e nos perfis, para a altimetria, necessitamos usar uma escala para reduzir as medidas reais a valores que caibam no papel para a representagiio. Essa escala é a relagdo entre dois valores, o real e 0 do desenho. Assim, quando usamos a escala 1:100 (fala-se um para cem), cada cem unidades reais serfio representados, no papel, por uma unidade, ou seja, 100m yalerdio, no desenho, apenas 1m. As escalas mais comuns usadas na topografia sfio citadas a seguir. Para a planimetria: a) representago em plantas, de pequenos lotes urbanos, escalas 1:100 ou 1:200; b) plantas de arruamentos ¢ loteamentos urbanos, escalas 1:1 000; ©) plantas de propriedades rurais, dependendo de suas dimensdes, escalas 11.000, 1:2000, 1:5.000; d) escalas inferiores a essas so aplicadas em geral nas representagdes de grandes regides, encaixando-se no campo dos mapas geograficos. Para a altimetria: Geralmente as escalas so diferentes para representar os valores horizontais © os valores verticais; para realar as diferengas de nivel, a escala vertical cos- tuma ser maior que a horizontal; por exemplo, escala horizontal 1:1000 e es- cala vertical 1:10. Para sabermos com que valor se representa uma medida no desenho, bas- tara dividi-la pela escala. ; Exemplo 1.1 Reptesentar,no desenho, 0 comprimento de 324m em es- cala 1:500: 324m y d= = 0.648 m, ou seja, 64,8.cm. Para a operac&o contraria, deve-se multiplicar pela escala. Topogrefia: definicéo, objetivos, divisées e unidades usuais 3 Exemplo 1.2. Numa planta em escala 1:250, dois pontos, A e B, estio afastados de 43,2cm. Qual a distancia real entre eles? d = 0,432m x 250 = 108 m. Quando se trata de Areas, os valores obtidos na planta devem ser multi- plicados pelo quadrado da escala, para se obter a grandeza real. Exemplo 1.3 Medindo-se uma figura retangular sobre uma planta em escala 1:200, obtiveram-se lados de 12 e Scm. Qual a superficie do terreno que © retangulo representa? Area na planta =a m? = 0,12 m x 0,05 m = 0,006 m?. Area real = A = 0,006 m? x 200? = 240 m?, Fazendo-se as operagées parceladamente, facilmente se compreende por que se deve multiplicar pela escala ao quadrado: o lado de 0,12m representa, na realidade, 0,12m x 200 = 24m; © lado de 0,05m representa 0,05 x 200 = 10m; portanto, A= 24 x 10m = 240m? ou, ainda, A =0,12m x 200 x 0,05 m x 200 = 0,12m x 0,05m x 200? = 240 m2. Para facilidade de representagdo no desenho ¢, depois, para simplificar sua interpretacao, € habito usar escalas cujos valores sejam de multiplicagao € divisdo faceis, ou seja, 1:5, 1:10, 1:20, 1:50, 1:100, 1:200, 1:500, 1:1 000, etc. Algumas vezes, podem ser empregadas, ainda, escalas 1:250, 1:300 ou 1: Nunca, porém, se emprega 1:372 ou valores semelhantes, pois haveria muita dificuldade em realizar 0 desenho e, depois, em converter as distancias graficas em valores reais. As vezes ocorre que um desenho, ao ser copiado em clichés para impressiio em livros ow revistas, sofre redugdes fraciondrias que tornam suas escalas indeterminadas. Se, no desenho, aparecerem valores marcados (cotados), pode- remos determinar a escala da impressio dividindo a dist4ncia indicada pela distancia obtida graficamente no desenho. Exemplo 1.4 Numa planta, verificamos que os pontos 1 e 2 tém uma dis- tancia indicada de 820m ¢ que aparecem, no desenho, afastados 37cm. Qual a escala? 820m nn oo portanto a escala é 1:2216,2. Dessa forma, qualquer outra distancia, ndo-cotada na planta, poder ser calculada desde que se obtenha a distancia no desenho e se multiplique por 2216,2. 4 TOPOGRAFIA LIMITES DA TOPOGRAFIA ‘Na Topografia, para as representagSes e cAlculos, supde-se a Terra como sendo plana, quando, na realidade, esta é um elipsdide de revolug&o, achatado. Esse elipséide, na maioria dos casos, pode ser interpretado como uma esfera. Pode-se afirmar que, quando as distancias forem muito pequenas, seus valores, medidos sobre a superficie esférica, resultado sensivelmente iguais aqueles medidos sobre um plano. E necessario, porém, que se fixem os limites para que isso acontega. Acima desses limites, 0 erro sera exagerado, e os métodos topo- graficos deverdo ser substituidos pelos geodésicos, pois estes j levam em con- sideragado a curvatura da Terra. Segundo W. Jordan, o limite para se considerar uma superficie terrestre como plana ¢ 55km?, ou seja, $5000000 m?; ou, ainda, numa unidade muito usada no Brasil (alqueire paulista = 24200 m2), cerca de 2272,7 alqueires pau- listas. Ainda assim, trata-se de um limite para um trabalho de grande preciso. Para medigdes aproximadas, de propriedades rurais, os métodos topograficos podem satisfazer até 0 dobro da 4rea citada, ou seja, cerca de 5000 alqueires. Acima desses limites, a curvatura da Terra produzira erros que no poderdio ser evitados nem por cuidados do operador, nem pela perfeigdo dos aparelhos. Num levantamento dos limites, de uma propriedade excessivamente grande, por processo poligonal, mesmo supondo-se a medida de todos os angulos e distancias sem qualquer erro, ainda assim, no calculo, o poligono nao fechara, pois esta suposto sobre um plano, quando, na realidade, esta sobre uma esfera. UNIDADES EMPREGADAS NA TOPOGRAFIA As grandezas mais freqiientes na Topografia so distancias e angulos; além destas aparecem Areas ¢ volumes. Para distancias, a unidade universal- mente empregada € 0 metro com seus submiltiplos: decimetro, centimetro & milimetro. Excepcionalmente pode-se empregar 0 quilémetro, porém, raramente, pois a Topografia no se destina a grandes distdncias, Para a expresso de reas, usa-se © metro quadrado, salvo em propriedades de zonas rurais, onde ainda se fala em alqueire paulista ou mineiro; para volumes usa-se 0 metro ctibico. Adiante daremos uma relago de valores comparativos de unidades lineares, de Area ¢ de volumes. Para ngulos, a Topografia s6 emprega os graus sexage- simais ou grados centésimos; para fins militares existe 0 milésimo. O grau sexagesimal é 1/360 da circunferéncia, sendo cada grau dividido em 60 min e cada minuto em 60s. Portanto, jé que a circunferéncia tem 360 graus eo grau tem 60 min, a circunferéncia tem 360 x 60 = 21600 min; e tem 21.600 x 60 = 1296 000s. grado centesimal € 1/400 da circunferéncia, sendo cada grado dividido em 100 min de grado, e cada minuto dividido em 100s de grado; portanto, a circunferéncia tem 40000 min ou 4000 000s. Esta unidade é bem mais pratica para uso, pois, sendo decimal, no exige os cansativos trabalhos de transfor- mag&io que o grau sexagesimal implica. Os célculos militares empregam o milésimo. O milésimo é a abertura an- gular resultante da paralaxe de 1 a 1000 m de distancia (Fig. 1.1). Topogratia: defini¢éo, objetivos, divisies e unidades usuats 5 ej / i a tlic cw | Figura 1.1 1.000 m Uma circunferéncia com raio 1000m tem como comprimento C = 27R = = 6 283,185308m; um metro representa pois uma fragdo da circunferéncia igual a 1/6 283,185308. Significa que a citcunferéncia tem 6 283,185308 milésimos. Este € 0 valor exato do milésimo. Acontece que 0 grande emprego do milésimo esta no setor militar por razées de rapidez de calculos. Vejamos um exemplo: um binéculo apresenta gravagéio de reticulos de milésimo em milésimo nas duas diregdes, horizontal e vertical. Observando uma torre que sabemos ter 40m de altura, vemos que ela se encaixa em 5 milé- simos. Qual a distancia entre nés ¢ a torre? Solugiio. Se 40m correspondem a 5 milésimos, quantos metros de altura corresponderao a 1 milésimo? Ja que 1 milésimo corresponde a 1m para a distancia de 1000m, 0 mesmo mi- Ksimo corresponderé a 8m a uma distancia de 8 000m. Resposta. Estamos a cerca de 8 000 m da torre. Nota: todo o cdlculo é apenas aproximado. Comparando 0 milésimo com o radiano (unidade mais usada para fins matematicos) vemos que 0 milésimo corresponde a uma milésima parte do radiano, dai o seu nome. A circunferéncia tem 2x x 1000 milésimos enquanto que tem 2xR/R = = 2n x 1 rad, portanto o radiano é mil vezes maior do que o milésimo. Para uso pratico o nimero de milésimos da circunferéncia completa é aumentado ¢ arredondado para 6 400 (0 numero 6 400 foi adotado por ser mal- tiplo de 2, 4, 5, 8, etc.). Assim cada quadrante correspondera a 1600 milésimos; 45° correspondem a 800 milésimos, etc. E natural que esta aproximagao torna os calculos ainda menos corretos, porém facilitam e aceleram. Quanto as medidas de distancias, os poucos paises, como os Estados Unidos ¢ Inglaterra que nao utilizavam 0 metro como unidade, ja oficializaram o seu uso. Logicamente levaré algum tempo para que o uso pelo povo se generalize. Assim os livros técnicos ainda falarao de polegadas, pés, jardas e milhas durante algum tempo mais. 1 polegada = 2,54cm, 1 pé = 12 polegadas = 30,48 cm, 1 jarda = 3 pés = 91,44 cm = 0,9144 m, 1 milha = 1760 jardas = 1 609,34 m. 6 TOPOGRAFIA Para avaliag&o de reas de pequenas e médias propriedades usa-se o metro quadrado. Para grandes Areas pode-se usar 0 quilémetro quadrado, corres- pondente a um milhdo de metros quadrados. No Brasil ainda se emptega o are, correspondente a 100m, e o hectare, valendo 10000m?, O hectare € em- pregado para Areas de propriedades rurais. No ehtanto, o habito faz com que ainda se utilize 0 alqueire como medida. O alqueire paulista corresponde a um retangulo de 110 x 220m = 24200 m?. © alqueire mineiro ou goiano corresponde a umn quadrado de 220 x 220 m = = 48 400 m?, O alqueire paulista é aproximadamente 2,5 vezes 0 hectare, o que facilita as transformagées; uma propriedade com 40 alqueires paulistas cor- responde aproximadamente a 40 x 2,5 = 100 hectares. A medida americana antiga para Areas & o acre que corresponde a 4840 jardas quadradas ou 0,9144? x 4840 = 4 046,86 m?. Para calculos aproximados pode-se considerar o acre valendo 4000 m?. Para volumes usa-se 0 metro ciibico e, excepcionalmente, para pequenos volumes de gua (medidas de vaz4o), 0 litro. Um metro ciibico contém 1 000 litros. capitulo 2 Equipamentos auxiliares da Topografia Entre os equipamentos auxiliares para se efetuar os levantamentos topo- graficos incluem-se: balizas, fichas, trenas de ago, de lona, de fibra sintética e correntes de agrimensor. Sao esses equipamentos que estardo presentes em todos os trabalhos topograficos. BALIZAS. Sto peas, geralmente de madeira, com 2m de altura, de seo octogonal, pintadas, a cada 50 cm, em duas cores contrastantes (vermelho e branco) e tendo na extremidade inferior um ponteiro de ferro, para facilitar sua fixagdo no ter- reno (Fig, 2.1). Podera também ser de ferro e, nesse caso, de canos galvanizados ou condutos elétricos; terdo maior peso, o que representa uma inconveniéncia; no entanto poderao ser compostas de duas metades, de um metro cada, conec- tadas por uma luva com rosca, o que facilita seu transporte em veiculos pequenos. A baliza é um auxiliar indispensavel para quaisquer trabalhos topograficos, pois possibilita 2 medida de distdncias, os alinhamentos de pontos e serve ainda para destacar um ponto sobre o terreno, tornando-o visivel de locais muito afastados. As balizas séo chamadas também bandeirolas, porém essa deno- minago € quase desconhecida em nosso pais, sendo usada apenas em Portugal. FICHAS Sao pecas de ferro, de segGo circular, com um diametro de 1/4” ou 3/16”, com cerca de 40.cm de altura; so ponteagudas na extremidade inferior, para cravacao no solo ¢, na extremidade superior, poderemos ter uma cabega cir- cular ou triangular (Fig. 2.2); deve-se dar preferéncia as formas triangulares, pois estas dao, ao serem cravadas no solo, maior apoio para as mfios. Devem ser pintadas em cor viva para maior visibilidade, o que evita também perdas no meio da vegetagdo. As fichas destinam-se 4 marcacdo de um ponto sobre o solo, por curto perfodo, porque sua forma permite facil e répida cravagio e retirada do solo. As fichas compéem grupos de 5 ou 10, em argola de ferro, onde so enfiadas pela extremidade superior. Suas diversas aplicacdes iro apare- cendo durante os capitulos seguintes. 250m 050m TOPOGRAFIA 0,50m 2.50m ——BRANco |— FERRO 1/4" § —— veRMELHO 2 A | pov pronase ere chi |——aranco — (oitavada) Figura 2.2 -—vERMELHo Figura 2.1 <— PONTEIRO DE FERRO CORRENTE DE AGRIMENSOR Trata-se de uma pega, para medida de distancias, que, conforme seu nome, assemelha-se a uma corrente, Tem grande facilidade de articulagao e rusticidade, qualidades que a fazem muito pratica para ser usada no campo. E composta de barras de ferro ligadas por elos, dois em cada extremidade, para facilitar a articulagao (Fig. 2.3); cada barra, com um elo de cada lado, mede 20 cm; cinco Figura 2.3 \ 020m i re CL ere 1 U l | BARRA V \ 2ELOS 2ELOS BARRA Equipamentos auxiliares da Topogratia 9 barras com os respectivos elos completam um metro; de metro em metro, en- contra-se presa uma medalha onde se acha gravado o ntimero de metros desde © inicio da corrente. A primeira ¢ a ultima barras sao diferentes, pois contém as manoplas (Fig. 2.4), as quais permitem a extenso com a forca suficiente para climinar a curvatura que o peso da propria corrente ocasiona (esta curva é cha- mada catenaria). A manopla fixa-se num pedago da barra, munida de rosca com porca € contraporca que permitem pequenas corregdes no comprimento total da corrente, As correntes ttm 20m de comprimento. Seu emprego atual é limitado, com o aparecimento das fitas (trenas) de fibra sintética, muito mais praticas e precisas. PEDACOS DE BARRA BARRA coMUM MANOPLA Figura 2.4 1 1 1 1 PORCA E CONTRA-PORCA ! 1 1 20m I ATE A FACE EXTERNA DA MANOPLA I TRENA DE PANO OU LONA E uma fita de lona graduada em centimetros enrolada no interior de uma caixa circular através de uma manivela; scus comprimentos variam de 10, 15, 20, 25, 30 até 50m. Algumas, para maior precisio, possuem um fio metalico flexivel no interior da fita de lona, fio este que tem a fungao de reduzir a elon- gagdio daquelas, quando solicitadas por um esforgo muito grande ou de diminuir sua contragio quando do encolhimento da lona; ainda assim, a trena de pano no oferece condigdes de confianca para ser usada em medidas de responsa- bilidade. A grande facilidade de manuseio a torna, porém, muito aconselhavel para medidas secundarias de pouca responsabilidade, principalmente na medida de detalhes. E indispensdvel que se esteja prevenido sobre a grande facilidade que a trena de pano tem em aumentar o seu comprimento quando puxada com forga superior 4 que se destina; aumentos de 5 a 10 cm sao comuns em trenas de 20 m, apés algum tempo de uso. Como material basico na construgdo das trenas de pano, a lona vem sendo substituida por produto sintético (fibra de vidro), com sensiveis melhoras na durabilidade e na precisio. TRENA DE ACO A trena de ago € uma pega idéntica a trena de pano, porém tem a fita em ago. Geralmente 0 inicio (primeiro decimetro) € milimetrado para medidas de 10 TOPOGRAFIA maior preciso. Nesta pega, os erros ocasionados por uma extensio, através de um esforgo superior ao indicado, so muito reduzidos, e isto sé é levado em consideragéo cm operagées especiais; pode sofrer influéncia da variagdo de temperatura (dilatago e contrago do aco), existindo formulas para a sua cor- rego, © que ocorre também s6 em casos especiais, quando ainda se corrigem ‘os erros resultantes da catendria. Adiante, essas corregées serdo tratadas. As trenas de ago aparecem em comprimentos varidveis de 10, 15, 20, 25, 30, 40 até 50m. As mais comuns so de 20 ou 30m. Os esforgos que devem ser aplicados nas trenas de ago sao de 8 kg para as trenas de 20m, de 10kg para as de 30m e de 15 kg para as de 50 m; as forgas poderiio ser medidas por um dinamémetro colocado numa das extremidades, porém tal providéncia ser tomada apenas nas medidas de precisio. Apesar de ser a peca de maior exatidio na medida de distancias, nio é sempre usada porque exige uma série de cuidados que a tornam pouco pratica nos trabalhos corriqueiros. Pelo fato de ser guardada sempre enrolada nas caixas circulares, a fita de ago tem a tendéncia de formar voltas que escondidas na vegetacao ficam invi- siveis; ao se esticar a trena, a volta se aperta (Fig. 2.5) e acaba por partir-se. 3 (ACIDENTE MUITO COMUM COM TRENAS DE AGO) Figura 2.5 Outro inconveniente é que ela pode enferrujar-se rapidamente; ao final de cada dia de trabalho, ha necessidade de limpa-la com querosene ¢, a seguir, besunta-la com vaselina; guarda-la sem esses cuidados na caixa, é certo que ser& atacada pela ferrugem. Nao pode ser arrastada pelo solo, pois gastara a gravagdo dos niimeros ¢ dos tragos que constituem sua marcagdo. Todos estes fatores tornam a trena de aco muito pouco pratica no uso comum, ficando reservada para as medidas de grande responsabilidade. FITAS DE AGO Sao também trenas de ago, porém no lugar de estarem em caixas circulares fechadas, so enroladas em circulos descobertos munidos de im cabo de madeira. Outra diferenga esté no fato de nao serem gravadas de ponta a ponta, apenas 0 primeiro ¢ o iltimo decimetro € que sfo milimetrados; a parte intermedidria é marcada apenas de 50 a 50cm,os metros inteiros com chapinhas rebitadas na fita e com 0 namero em baixo-relevo, ¢ os meio-metros com pequeninos orificios na fita, sem qualquer outra indicagéo; é uma forma de tornd-la mais Equipamentos auxiliares da Topoarefia 1 riistica, permitindo mesmo que seja arrastada pelo solo sem ser prejudicada (Fig. 2.6). Nas duas extremidades, pequenas argolas permitem a passagem de uma correia de couro para permitir o seu esticamento em condigdes praticas (Fig. 2.7). cIRCULO METALICO ONDE SE ENROLA A FITA | Figura 2.6 Dispositivo para guardar a fita, quando nao estiver em uso CABO DE MADEIRA MANIVELA CORREIA DE COURO PARA FITA DE aco SER PUXADA PELO PULSO 7 Figura 2.7 Extremidade da fita de ago FITAS PLASTICAS Sao extremamente praticas « mais precisas do que as trenas de pano e as correntes de agrimensor. Naturalmente sdo menos durdveis, porém com uso cuidadoso duram muitos anos. Vém sendo encontradas, nas lojas especiali- zadas, fitas com comprimentos de 20, 25 ou 30 m, sem envoltdrio e com correias, também plasticas, nas pontas.Vém graduadas de 5 em Scm, com fundo em branco ¢ as graduagdes em preto e vermelho, o que dé boa visibilidade. Ao experimentar-se sua resisténcia a tragdo, verifica-se que uma fita de 20 m neces- sita de uma forga de 5 a 7k para ficar razoavelmente bem estendida. Aumen- 12 TOPOGRAFIA tando-se para cerca de 12k constata-se uma extensdo de 1cm em 20m; resulta, portanto, muito melhor do que as trenas de lona onde esses erros chegam a cerca de Scm. CADERNETAS DE CAMPO. As anotagées de campo devem ser feitas em cadernetas apropriadas, As condigées de trabalho so ruisticas e Arduas obrigando o emprego de uma cader- neta com encadernagao especial, de capa dura, impermeabilizada e com papel resistente nas folhas internas. Algumas sdo vendidas j4 prontas com titulos impressos para as tabelas de anotagio,0 que no nos parece bom por restringir © seu emprego. E verdade que economiza tempo, no campo; por isso as firmas que usam métodos padronizados podem mandar edita-las especialmente para © seu uso. A caderneta de campo, em certos trabalhos, principalmente oficiais, ¢ uma peca de extrema importéncia ¢ deve set mantida inalterada. Nao podemos es- quecer que, ao calcular, sempre podem ser cometidos enganos, Ora, se alte- rarmos os dados originais, fica impossivel nova verificagao. Em alguns con- tratos de servico, as cadernetas de campo devem ser entregues, juntamente com as planilhas de calculo, desenhos e demais documentos. capitulo 3 Métodos de medig&o de distancias horizontais percorrendo alinha: uso de diastimetros [trena de ago, tre- na de pano, corrente de agrimensor, fi- tas de plistico (PVC), fio de invar] taqueometria mira de base (subtense bar) método das rampas telemetria equipamentos eletrnicos indireto: _ emprego de trigonometria direto Métodos com aparelhos especiais Dizemos que se emprega 0 método direto quando, para se conhecer a dis- tancia AB, mede-se a prépria distancia AB. E método indireto quando, para determinar AB, medem-se qualquer outra reta e determinados angulos que permitem o clculo por trigonometria. O método direto pode ser utilizado percorrendo-se a linha com qualquer tipo de diastimetro, aplicando-o suces- sivamente até o final; por exemplo, se a0 medirmos uma distancia com uma trena de 20 m, conseguirmos aplica-la quatro vezes e, no final, restar a distancia fra- cionaria de 12,73 m, a distancia total sera 4 x 20m + 12,73 m = 92,73 m. Neste mesmo capitulo fazemos uma descri¢ao detalhada para aplicarmos este método com o minimo de erro possivel. Quanto a aplicagdo de aparelhos especiais, os assuntos serdio tratados em capitulos posteriores, porém ja damos uma nogio neste capitulo. TAQUEOMETRIA E 0 emprego do taquedmetro, ou seja, um teodolito que possui linhas de vista divergentes (Fig. 3.1). As linhas de vista FA ¢ FB (divergentes) atingem uma régua graduada (mira), permitindo a leitura da distancia I; conhecida a cons- tante do aparelho (ffi); pode-se assim calcular Sees i sendo S a distancia entre o aparelho no ponto F ea mira no ponto M. 14 TOPOGRAFIA Figura 3.1. Principio da taqueometria; REGUA GRADUADA = MIRA © desenho € vista lateral MIRA DE BASE (subtense bar) Esse equipamento emprega o mesmo principio da taqueometria, porém com uma inversao: aqui o valor J torna-se constante, e a yaridvel é a abertura angular das duas linhas de vista. Uma barra de 2 m (de invar) é assentada, sobre um tripé, no ponto B, de modo a ficar horizontal, e perpendicular a linha de yista que vem de A. O teodolito de alta preciso, colocado em A, mede 0 Angulo visando para a esquerda e depois para a dircita; a distincia AB é a co-tangente de /2, ja que EB = BD = 1m (Fig. 3.2). Figura 3.2 (em planta) METODO DAS RAMPAS O teodolito colocado em A visa para uma régua graduada (mira), colqcada em B com duas inclinagdes da luneta, 2, e «.; estes Angulos so medidos, jun- tamente com as leituras /, ¢ [,, na mira (Fig. 3.3). Figura 3.3 Método das rampas, vista lateral Métodos de medigio de disténcias horizontais 15 A distancia horizontal (H) & obtida pela seguinte formula: “tea,—tea, TELEMETRIA Os telémetros mecAnicos ou 6pticos so aparelhos que aplicam o principio da mira de base ao contrario, isto é, o telémetro que constitui a base esté no ponto A ¢ 0 ponto B é apenas um ponto visado; em fungio da regulagem para se visar B com as objetivas E ¢ D do telémetro, mede-se a distancia AB (Fig. 3.4). & Figura 3.4 atl 8 oO Nas maquinas fotograficas existe também num telémetro éptico, portanto, ao se localizar a imagem para a foto, pode-se saber a distncia em que cla se encontra da maquina, lendo-se na escala das distancias, porém com baixa pre- ciso, pois, além dos 15m, normalmente as méquinas consideram como infinito. Qualquer tipo de telémetro é sempre de preciso muito baixa, mas tem impor- tncia para fins militares porque € 0 processo que nao necesita enviar ninguém ao ponto B. EQUIPAMENTOS ELETRONICOS A aplicacao de raios infravermelhos ou do laser, ou ainda, 0 emprego de aparelhos de emissio de ondas de radio de alta-freqiiéncia (microondas) per- mitem 0 calculo de distancias que vao desde 10 m até cerca de 120 km com rapidez € preciso. A importancia desses equipamentos na Topografia e Geodésia mo- dernas merecera capitulo especial, posteriormente. DIASTIMETROS Supdem-se dois pontos A e¢ B, fixados no terreno por meio de estacas, que s&éio pegas de madeira, geralmente de tamanho reduzido de segio 3 x 3cm e comprimento de 15cm, com a fungéo de marcar, no solo, um determinado ponto; para marcago por periodos mais longos, podem-se empregar estacas maiores, chegando-se até o emprego de marcos de concreto, quando a demar- cago for de grande importancia e responsabilidade. Quer-se conhecer a distancia horizontal entre A e B, usando-se para isso a corrente, As pegas auxiliares serdo quatro balizas e um mago de fichas, Sio ainda indispensAveis dois operadores; um terceiro poderd ser util, porém niio indispensayel. 16 TOPOGRAFIA @ Inicialmente, crava-se uma baliza junto e atras da estaca B. 0 primeiro operador, chamado homem de ré, segura uma baliza sobre aestaca A ¢, junto a ela, uma das manoplas da corrente. © segundo operador, homem de vante, tem nas mios outra baliza, o mago de fichas ¢ a outra manopla da corrente; segurando a baliza a cerca de 20 m (comprimento da corrente) do ponto A, solicita do operador de ré que lhe fornega alinhamento. ‘© homem de ré, colocando-se atras de sua baliza e olhando para a baliza colocada no ponto B, por meio de gestos procura orientar a baliza do homem de vante, de modo a ficar na mesma linha das outras duas; em seguida segura a manopla exatamente no eixo de sua baliza (Fig. 3.5). | MANOPLA EXATAMENTE NO if Elxo Da BaLiza & ae Figura 3.5 BALIZA EXATAMENTE NO a ENTRO DA ESTACA A <—ESTACA A @O homem de vante estica a corrente até conseguir que ela fique com uma catenaria relativamente pequena. Considera-se normal que uma corrente de 20m tenha uma catenaria, cuja flecha central tenha cerca de 30 ou 40cm, nao havendo necessidade de fazé-la uma reta perfeita (seria necessario um esforco acima do normal), Esticando a corrente, o operador de vante traz sua baliza, sempre acompanhando 0 alinhamento, para a posi¢do da manopla. A corrente devera estar horizontal; para isso, nos terrenos inclinados, 0 operador que Métodos de medi¢go de disténcias horizontais 7 estiver na parte mais baixa levanta a manopla, enquanto que 0 operador que est no ponto mais elevado segura a manopla o mais perto possivel do solo (Fig. 3.6). O operador que segura a manopla muito acima do solo devera colo- car-se lateralmente 4 ditegio da linha, para poder controlar a verticalidade da baliza no sentido que mais interessa (Fig. 3.7). Quando as balizas se inclinam para os lados, e ndo para frente ou para tras, os erros resultantes so relativa- mente pequenos. @ Terminada a medida desse setor de 20m, o operador de vante crava uma ficha no lugar da baliza ¢ carrega esta, juntamente com a corrente, para medir Figura 3.6 Altura necesséria para manter o corrente horizontal TERRENO INCLINADO POSIGOES INCORRETAS DA BALIZA RESULTANDO EM ERRO GROSSEIRO Figura 3.7 [EROS NA BALIZA QUE PRODUZEM GRANDES DIFERENGAS VISTA EM PLANTA 18 TOPOGRAFIA outra parcela. O homem de ré, carrega sua baliza até o ponto onde se acha cra- vada a ficha, substituindo uma pela outra; tera em suas mos uma ficha, 0 que significa ja ter sido medida uma correntada. © Quando o terreno tiver grande inclinagdo, para estabelecer a correntada horizontal, sera necessario que uma das manoplas seja colocada no topo da baliza ou até fora dela; isso tornara a medida impossivel; nesse caso, deve-se parcelar a correntada, medindo-se 10 m e depois os outros 10 m. Quando houver ainda maior inclinagiio, poder-se-A medir de 5 em 5m e assim sucessivamente; porém existem duas regras que devem ser obedecidas: a correntada sempre devera ser concluida completando-se a corrente, isto é, os primeiros 10 m devem ser medidos com a primeira parte da corrente e os restantes 10 m com o testo da corrente; a segunda regra determina que, somente quando a correntada se completar, 0 homem de vante cravard a ficha. @ As fichas, assim, terio também o papel de servir para contar 0 nimero de correntadas. Em linhas longas, pode-se esquecer 0 ntimero de vezes em que se completou a corrente, pois a medida total seré igual ao niimero de fichas vezes 20 m, mais a Ultima distancia fracionaria obtida. Erros. Considera-se razoavel a distancia obtida com a corrente quando seu erro esta na relagdo menor ou igual a 1/1000, ou seja, 1m em cada quilé- metro medido; isso € 0 mesmo que dizer 10 cm em cada 100m ou 2cm em cada 20m (uma correntada). Por essa razdo, é necessdrio 0 maximo cuidado para que se enquadre dentro desse limite. Citamos a seguir os principais motivos de erros, para que os principiantes estejam prevenidos contra eles: a) colocar-se atras das balizas, ¢ nao lateralmente; em posigio errada, © observador nfo podera notar a inclinagao das balizas para frente e para tras, provocando 0 maior de todos os erros; b) segurar as manoplas fora do eixo da baliza; ¢) esticar pouco a corrente; d) esticar a corrente fora da linha horizontal; esse erro aparece crescendo em progressio geométrica e, por isso, pequenas diferengas de nivel nao afetam (Fig. 3.8). Vejamos os valores do erro (a—c) quando b varia de 0a 1 m, de 10 em 10 cm. b (em m) 01 02 03 04 0,5 06 07 0.01200 08 0,01600 09 0,02030 10 0,02500 Métodos de medicao de dist3ncias horizontais 19 Ja?=b? Ero na medida = a-c Por esses valores de erro, vé-se que um erro de 10cm no nivel acarreta um erro desprezivel de 0,2 mm; apenas, ao chegar o erro de nivel a 0,6m, é que o erro na distancia atinge cerca de 1cm. e) erro provocado por catendria. Em virtude do peso elevado da corrente, devemos prever que, mesmo quando esticada com forga, ela apresentara uma curvatura, Essa curvatura € denominada catendria, cujo comportamento devi- damente estudado apresenta a formula 8p? Ca 3 (desenvolvimento em série onde apenas o primeiro termo tem valor signifi- cativo), onde C, = erro provocado pela catenaria, em metros: flecha central, em metros; 1 = vao livre (entre os extremos) = comprimento da corrente. Por sua vez a flecha f pode ser calculada por la ae onde . peso por metro linear de corrente, ‘orca de tensio, em quilogramas, portanto ot 645? f? Substituindo, temos _8prtt 31- 64F? portanto pe 24F?° Para uma peca pesada como a corrente ¢ mais pratico aferi-la com uma flecha razoavel, eliminando a necessidade de aplicarmos posteriormente a cor- regdo. Uma corrente de 20m tera uma flecha (/') razoavel de 0,30 m. Entdo ao aferi-la, comparando-a com uma trena de ago precisa, devemos fazé-lo deixando esta flecha. No uso comum, procuraremos entao esticd-la deixando aproxima- damente a mesma flecha, Esse assunto sera comentado logo adiante. Ressaltamos que a falta de comodidade no uso da corrente faz com que, atualmente, prefira-se 0 emprego das fitas de plastico (PVC), que so leves, mais Precisas do que as correntes apresentam a mesma rusticidade destas, isto 6, no necessitam de cuidados especiais para nao se estragarem ou partirem. 20 TOPOGRAFIA Medigdes com a trena de aco, com a fita de ago ou com a fita de plastico (PVC) As medigdes com essas pecas obedecem As mesmas regras das executadas com a corrente; excetuam-se as medidas de linhas de base para triangulagées que exigem cuidados especiais e serdo tratadas adiante. Nas medidas comuns a trena de ago apenas aumenta a preciso da operagio. Aferigdo da corrente — corregdo das medidas obtidas com uma corrente errada. Além dos erros abordados, resultantes das falhas de medigo, existem aqueles que se originam de erro da corrente; esta poder ter um comprimento superior ou inferior ao fixado, Uma corrente de 20 m. por diversas razées, podera medir 19.95 ou 20,04 etc. Para a constatagdo desse erro, deve-se aferir a corrente, comparando-a com uma trena de aco de confianga; no entanto essa aferigdo devera ser feita com a corrente nas mesmas condigdes em que sera usada. Sabe- mos que € praticamente impossivel esticd-la entre duas balizas, eliminando completamente a catenaria, por isso, aferi-la esticada sobre um solo perfeitamente plano é errado, a nfio ser que se acrescente 0 erro que sera cometido ao usa-la com uma determinada flecha. Sabemos que uma flecha de 0.3m reduz o comprimento da corrente em 12mm: gabe Pix 3 ax 2 8 x 009 _ 0,72 03m? fom: 480 eo Portanto, comparando a corrente sobre um solo plano, com uma trena de ago ¢ encontrando-se | = 20,04, 0 comprimento real seré 20,04 — 0,012 = 20,028 quando for usada com a flecha de 30cm Outro modo de aferigo, porém menos exato, seria estender a corrente entre duas balizas, sem tocar o solo, permitindo uma flecha normal. Para isso sera necessario cravar as balizas no solo para que fiquem fixas; a seguir, mede-se a mesma distancia com a trena de ago. Esse sistema é mais dificil menos prd- tico, pois € problemAtico conseguir as duas balizas na posigdo exata sem toca-las, ¢ também pouco provavel a extensio da corrente. Tendo-se aferido a corrente ¢ constatando-se determinado erro, surgem dois caminhos, a correg4o mecAnica ou a corregio analitica. A corrego me- cAnica € feita na propria corrente: usa-se a barra inicial anexa 4 manopla, e que, possuindo rosca, porea e contraporca, permite pequenas retificagdes. Em geral se prefere a correo analitica, por ser mais rapida e exata. Consiste em usar normalmente a corrente, cortigindo os valores obtidos. Essa corregiio ¢ feita usando-se uma simples regra de trés inversa: comprimento real da corrente x | medido comprimento nominal de corrente Métodos de medigéo de distancias horizontais 21 sendo ~ |, 0 comprimento real da linha, |, 0 comprimento medido com a corrente errada. e ¢ 0 comprimento da corrente. A regra de trés é inversa porque. quanto maior for a corrente, menor numero de vezes caber dentro da linha Exemplo 3.1 As linhas dadas neste exemplo (Tab. 3.1) foram medidas com uma corrente que, apés aferida, media 19.96 m. Determinar os compri- mentos corrigidos. Tabela 3.1 Comprimento Comprimento corrigido 113,07 142,56 70,96 42,66 89,87 56,29 66,17 Constante = 5 10-11 Os valores da coluna dos comprimentos corrigidos foram obtides pelo produto dos com- Primentos medidos por 0.998. Exemplo 3.2 A linha A-B foi medida com uma corrente que media 20.06 m, obtendo-se 92,12 m. Qual o comprimento real da linha? c 20,06 L= In 9g = 9212 “Stooyaas 92,40 m. Medidas de distéincia, com trena de aco, para alta preciso Quando for necessaria alta precisio na medida de uma distancia, devemos aplicar métodos especiais. Naturalmente, esses métodos exigirdio dispéndio de muito tempo, porém o tempo gasto torna-se pouco importante com tais casos, pois « precisdo é fundamental. E o caso de uma distancia que sera utilizada como linha de base para triangulagdes, isto é baseados na medida de apenas uma linha iremos calcular (trigonometricamente) muitas outras. Devemos escolher um terreno apropriado, relativamente plano e 0 menos inclinado possivel. Apés a escolha das extremidadés da linha, devemos limpar © terreno e estaquea-lo, de forma que, de estaca em estaca, a distncia seja alguns centimetros (de 2. a 5 cm) menor que o comprimento da trena (Fig. 3.9). Os pontos Ae B sao os extremos da linha a ser medida. As estacas 1, 2, 3 e 4 deverio estar colocadas de tal forma que a trena possa ser esticada diretamente entre elas com a inclinagéo necessaria, assim as distancias diretas (inclinadas) A-1, 1-2, 2.3 e 3-4 serio de 2a Scm menores do que o comprimento da trena. Em cada CEFETINA BIBLIOTECA TEBYRECA DE OLIVEIRA 22 TOPOGRAFIA Figura 3.9 estaca sera colocado um pequeno prego para definir exatamente um ponto. A distancia 4-B sera a que sobrar. As trenas apresentam os primeiros 10 cm, mili- metrados; por isso, poderemos medir as distancias esticando diretamente a trena, lendo até os milimetros. Supondo que. ao colocarmos a divisio de 30 m da trena no prego em 1, lemos 0,023 m em A, a distancia sera 30,000 — 0,023 = = 29.977 m. Ao proceder as diversas medidas devemos anotar as temperaturas ambientais e a tenso com que a trena esta sendo esticada; para isso aplica-se um dinamémetro numa das extremidades da trena. Devemos proceder a um numero clevado de repetigSes das medidas (minimo de quatro vezes) para ser aplicada a teoria dos erros. Serio aplicadas corregdes correspondentes 4 temperatura, 4 tensdo e a catenaria. Com. isso teremos as distancias inclinadas corrigidas entre A-1, 1-2, 23, 34 © 4B (ry, ry, hy, Ty © Fs) Procedendo a um nivelamento geométrico de precisdo saberemos as dis- tancias verticais (diferengas de cotas: v, , v,, 05, D4 ¢ v5) entre A-L, 1-2, 2-3, 3-4 e 4-B. Por Pitagoras calcularemos as distancias horizontais parciais (h, , hy , hy, h, © hg). Somando-as, teremos a distAncia horizontal total 4-B. Corregéo correspondente a temperatura. Uma trena de aco de preciso tera o comprimento exato na temperatura-padrao. Seu comprimento sera leve- mente diferente se for utilizada numa temperatura diferente. Por isso, 0 fabri- cante deveri fornecer a temperatura-padriio ¢ o coeficiente de dilatacdo do tipo de ago utilizado — a temperatura-padrdo em graus centigrados e 0 coe- ficiente de dilatago por metro linear e por grau centigrado. Exemplo 3.3 Corregao da distancia medida de A-1 (29,977 m), sendo comprimento da trena = L = 30m, temperatura-padrao = T, = 20°C, coeficiente para a temperatura = C, centigrado), temperatura-ambiente = T = 32°C. Calculando a correcdo total para a temperatura-ambiente, temos C, x 1x (T-T), 000012 x 30(32-20) = 0,00432 m. 0.000012 (por metro ¢ por grau Uma vez que a elevagdo da temperatura aumentou o comprimento da trena, a distancia medida apresentou um erro para menos. Portanto a corregado sera para mais: distancia corrigida sera 29.977 + 0,00432 = 29,98132 m. Métodos de medi¢ao de disténcias horizontais 23 Corregdo correspondente 4 tensio. A trena tem o comprimento exato para uma tensiio-padrao. Caso seja aplicada numa forga superior, ela se estenderd. O fabricante deveré fornecer a tensiio-padrio € 0 coeficiente de dilatago por metro linear e por quilograma-forga de variacio. Exemplo 3.4 A mesma trena do exemplo anterior tem como tensio-pa- dro = Fy = 8 kgfe como coeficiente de dilatagdo = ¢, = 0,000010m por metro e por quilograma; a forga aplicada (F) é 11 kgf. Como corregio total de forga aplicada, temos: Cy =e; x 1 x (F-Fy), C,, = 0,000010 x 30(11-8) = 0,0009 m. Como a tens&o foi maior do que 0 padrao, 0 comprimento da trena au- mentou, ¢ a distdincia medida apresentou um erro para menos. Portanto a cor- regio também sera para mais: distancia corrigida = 29,977 + 0,0009 = = 29.9779 m. Corregao para a catendvia, Para aplicarmos a formula de corregao da ca- tenaria, devemos conhecer o peso (p) em quilogramas por metro linear da trena, No mesmo exemplo anterior, supondo p = 0,052kgf por metro linear, teremos: pe _ 0,052? x 30° _ S ras? apeeoa 12m A catendria encurta o comprimento da trena, portanto, o erro € para mais e a corregiio sera para menos: distancia corrigida = 29,977 -0,02514 = 29,95186 m. ‘Aplicando, agora, as trés corregdes, vamos ter a distdncia final corrigida = = 29.977 + 0,00432 + 0,0009-0,02514 = 29,95708 m = 29,957 m. 25 2514. Ainda no mesmo exemplo, supondo que, no trabalho de nivelamento geo- métrico, tenha resultado cota de A= 100,000m e cota de 1 = 98,874m, ee cae a distancia horizontal h, (v, = 100,000—98,874 = 1,126 m): hy = foe = / 299571, 126? = 299358 ~ 29,936 m, hy = 29,936 m. Como podemos obseryar, todos 0s cuidados empregados tornam demorada a operacdo, por isso; s6 devemos emprega-los quando a preciso for necessiria. capitulo 4 Levantamento de pequenas propriedades somente com medidas lineares Para proceder a um levantamento somente com medidas lineares, abor- daremos 0 conceito de triangulacio para a montagem da rede de linhas onde seréo amarrados os detalhes. Em seguida usaremos os métodos de amarracgao destes detalhes nas linhas que estfio sendo medidas ¢ finalmente o processo de anotagao na “caderneta de campo”. Sabe-se que o triangulo é uma figura geométrica que se torna totalmente determinada quando se conhecem seus trés lados; nao ha necessidade de conhecer os Angulos. Por essa razdo, nos levantamentos exclusivamente com medidas lineares, os triangulos constituiréo a armagdo do levantamento. Assim, dentro da gleba que se pretende levantar, escolhem-se pontos que formem, entre eles, triangulos encostados uns aos outros, de modo a abranger toda a regio; porém, para atender a necessidade de exatidao, torna-se necessario que tenhamos tridn- gulos principais cobrindo toda a Area c, a seguir, tringulos secundarios sub- dividindo os principais, para permitir a amarragdo dos detalhes. Para esclarecer, vamos imaginar uma certa gleba e indicar, na Fig. 4.1, a solugio certa da disposigao dos triangulos e, na Fig. 4.2, a solugdo errada. A diferenga esta no seguinte: a) na Fig. 4.1, houve preocupagao em estabelecer dois tridngulos principais (ABC e¢ ACD), ¢ todos os outros triangulos so secundarios: b) na Fig. 4.2, no existem tridngulos principais, sendo todos secundarios; nesse caso, havera acumulagao de erro; os erros iraéo passando e somando-se de um para outro tridngulo, serdo, portanto, muito maior a possibilidade de deformagio. A formagao dos triangulos secundarios ¢ menores (ABE, BEH, AES, AGI, GEF, EFH, DFG, CFH e CDF) é necessaria para que se possa atingir, com a triangulagdo, todos os detalhes que se queira levantar. Um detalhe, por exemplo, como a construgdo M (Fig. 4.1), esté muito distante das linhas principais AC, AD e CD; no entanto, a linha secundaria GF, passando perto, facilita a sua localizagao. Desde que se escolham os pontos que formam os triangulos constantes da Fig. 4.1, deve-se medir cada uma das retas que constituem os lados de todos 0s tridingulos. Essas medidas deverio ser feitas de preferéncia com trena de aco; no caso de usar-se a corrente de agrimensor, deve-se aferi-la diariamente com Levantemento de pequenas propriedades somente com medidas lineares 25 Figura 4.1. Triangulago para levantamento, s6 com medidas lineares; processo certo Figura 4.2 Triangulacio errada para levantamento com medidas lineares: 0 erro esté em néo ter havido a preocupa- Ao de formar triéngulos principais,como na Fig. 4.1 26 TOPOGRAFIA a trena para se proceder a corregao analitica. As linhas poderao ser medidas sem qualquer ordem obrigatéria, pois a seqiiéncia em que forem feitas nao afetara o resultado. ‘Ao medir-se uma linha, os detalhes que a marginam serao nela amarrados. Para a amarragdo de um detalhe sobre uma linha que se mede, existem dois processos basicos: o da perpendicular e o do triangulo. © processo da perpendicular consiste em projetar 0 ponto que se quer amartar, sobre a linha, medindo o valor x ao longo da linha e o valor y (perpendicular) entre a linha e 0 ponto em questio. Na Fig. 4.3, ao medir-se a linha AB, para localizagao do ponto P, deter- mina-se a distancia AP’ = x e P’P ortogonal 4 reta AB. A perpendicular PP sobre AB é obtida a olho, sem qualquer aparelho e, por isso, sua precisiio nio € rigorosa. Por essa razdo, tal sistema s6 deve ser usado no levantamento de detalhes muito préximos da linha, 5a 10m ou, no maximo, 20m, 0 que ja 6 muito. Para detalhes mais distantes, ou mesmo quando se quer maior exatidao, © segundo proceso, o da triangulagio, é bem mais adequado. A Fig, 44 indica a amarragao do ponto Q a reta CD por triangulagio. Medem-se as distancias QE ¢ QF; os pontos E e F séo também conhecidos, isto é conhecem-se as distancias CE e CF. Este processo é bem mais exato, portanto ideal para amarragio de pontos mais afastados da reta medida. Estes so os dois métodos basicos e que deverao ser usados de acordo com a conveniéncia. eS O primeiro processo pode ser empregado para levantamento / de um detalhe (um muro, por exemplo) que acompanha a / linha. Quando se deseja amarrar um ponto determinado, de- i vve-se usar o triangulo. i / ih /, Figura 4.3 a \ \ \ \ Figura 4.4 Ve \7 Vy 8 somente com medidas lineares 27 Levantamento de pequenas proprie ANOTAGAO NA CADERNETA DE CAMPO. Quando medimos uma linha, nela prendendo detalhes existentes em ambos 08 lados, existe um processo especial de anotagdo na caderneta de campo. Para exemplificar, vé-se na Fig. 4.5, em planta, a linha 3-4 que ira ser medida. Ela atravessa um passeio cimentado e tem @ sua esquerda uma cons- trugio ABB’. Na Fig. 4.6, tem-se a correspondente anotagdo na caderneta. A linha 3-4 aparece na caderneta como uma faixa; trata-se de um artificio para se poder escrever dentro dela. Representa-se a estaca como um tridngulo e dentro dele o seu numero correspondente. Dentro da faixa anota-se a disténcia ao longo da linha e sempre acumultda desde a estaca a ré (3). E por esta razio que o ponto D, que se encontra 2,40m além dos 20m, aparece anotado na faixa com 22,40m; quando um detalhe atravessa a linha, como acontece na margem esquerda do mesmo, no ponto D, na anotag&o da caderneta a travessia aparece como uma linha perpendicular «i faixa, pois ndo se deve esquecer que a sua largura nao existe, ela é artificial, para que se possa anotar no seu interior. Outra regra é a que diz nao haver necessidade de escala na anotagao da cader- neta, pois valem os valores numéricos anotados. Figura 4.5 Figura 4.6 238 TOPOGRAFIA Analisando-se a planta (Fig. 4.5) e a anotag&o da caderneta (Fig. 4.6), vé-se que 0 caminho foi levantado por perpendiculares a linha tiradas a cada 20m além dos pontos C e D onde as margens, direita e esquerda, cortaram a linha 3-4. A construg&o existente ABB'A’ foi levantada pelos pontos A e B amar- rando-os por triangulagdo no comeco da linha (0,00 m), nos 20 e nos 40 m. No final da faixa, vé-se um triangulo que reptesenta a estaca 4 e o numero 63,10 m, que é distfincia total da estaca 3 até a 4, Quando se aplicar o processo do triangulo para a anotagdo de detalhes, sera necessario lembrar que a base do tridngulo dever estar na linha tendo como vértice 0 ponto do detalhe; o inverso estara errado (Fig. 4.7); se se quiser amartar a reta MN ao ponto A da linha 5-6, ver-se-a que medindo apenas 5-A = 31,10, A 20,70 A-N = 28,20, M-N = 16.40, © detalhe (construsiio) nfo ficaré fixado porque poderé girar em torno de A. A solugio do triangulo, por usar apenas medidas lineares, pode ser apli- cada com sucesso em grande quantidade de pequenos problemas, alias, muito comuns. Por exemplo, para medigdo de um pequeno lote urbano irregular. quando nao se pode contar com um aparelho para obtengao de angulos. Usando-se trena de ago, medem-se os quatro lados do trapézio e a diagonal BD ou AC; a figura ficaré determinada sem qualquer medida angular. 2 c o ALINNAMENTO DA Figura 4.7 Figura 4.8 tN No caso do lote possuir muito fundo e pouca largura, a diagonal ficara quase coincidente com os lados e a precisiio seria prejudicada; neste caso, devera se proceder como na Fig. 4.9: subdivide-se o trapézio total em dois menores, medindo-se AE, EB, BC, CF, FD, AD, EF e as diagonais DE ¢ CE. Finalizando o capitulo, aparece um exemplo de maior vulto, onde aparece inicialmente a planta detalhada de uma propriedade, que foi possivel gracas a medidas apenas lineares. Levantamento de pequenas propriedades somente com medidas lineares 29 8 Figura 4.9 | Fo Figura 4.10 A Fig. 4.11 corresponde as anotagdes de caderneta da linha AB da Fig. 4.10. Caso o leitor se interessar, podera, usando os dados e medidas da Fig. 4.11, reconstruir a parte correspondente 4 Fig. 4.10. 30 TOPOGRAFIA 6 a Ne 8 a 2 fe pe sige. Lergura do posse constonte = fem Todo cantor = 4:59m we a Figura 4.11 Anotagao de cadereta da linha AB capitulo 5 Diregdes norte-sul magnética e norte-sul verdadeira Em virtude da existéncia das duas diregdes N-S, verdadeira e magnética. surgem os conceitos de declinagdio magnética e sua variag&o anual, linhas iso- gOnicas e isopéricas. Sabe-se que uma agulha imantada tende sempre a indicar a mesma diregiio: para isso, basta que seja eliminado, tanto quanto possivel, o atrito entre cla ¢ © apoio sobre o qual esté. Desde que a agulha possua na sua parte central uma haste fina e esta esteja apoiada num orificio esférico, o atrito sera pequeno e o giro sera livre (Fig. 5.1); resta ainda a necessidade do equilibrio perfeito da agulha, para que ela nao se incline, aumentando o atrito. Uma das extremidades da agulha aponta para um ponto do globo terrestre chamado pélo norte magné- tico; a outra extremidade aponta para o pélo sul magnético, Esses polos nao coincidem exatamente com os pédlos norte e sul verdadeiros. A Terra, na sua rotacao difria, gira em torno de um eixo virtual; os pontos de encontro desse eixo com a superficie terrestre chamam-se pélo norie e pélo sul verdadeiros ou geograficos. Quando nos encontramos num certo ponto da terra, a diregao que nos liga ao pdlo norte ¢ ao pélo sul chama-se diregao norte-sul verdadeira ou geografica; a direc&io dada pela agulha imantada chama-se norte-sul magné- tica. Como vimos, estas duas diregdes ndo coincidem, a nao ser acidentalmente em certos pontos do globo, e o angulo entre elas chama-se declinagio magnética local. AGULHA, HASTE VIDRO Figura 5.1 ORIFICIO ESFERICO PARA APOIO Repetindo, para se firmar bem a definigo: a declinagio magnética local € 0 Angulo que a diregao norte-sul magnética faz com a norte-sul verdadeira naquele ponto. Para cada ponto do globo havera uma declinagdo magnética, jf que ela varia com a posig&io em que se encontra o ponto. A Fig. 5.2 representa a esfera terrestre, vista por um observador colocado no pélo norte celeste (plo norte celeste € 0 ponto localizado no infinito, prolongando-se o eixo terrestre 32 TOPOGRAFIA Figura 5.2 na diregfio norte). Na figura, vemos, no centro da circunferéncia, o pélo norte verdadeiro (PNV) e, um pouco a esquerda, o pélo norte magnético (PNM). Para o observador colocado em A, a declinagio magnética seré a; para Ba declinagao sera B (menor do que a) e para C ser nula porque C esta no prolonga- mento do PNM ¢ do PNY, ou seja, no mesmo meridiano. Para 0 ponto D, simétrico a A, a declinagio voltara a ser a, porém com uma diferenga, enquanto em Ao PNM esti a leste do PNY, para D da-se 0 contrario, isto 6, 0 PNM esta a oeste do PNV; diz-se que em A, a declinacao a € para leste, enquanto que em D, a declinacao & para oeste. A declinag&io magnética nfo é constante para 0 mesmo local, pois softe variagdes de diferentes causas e efeitos © pélo norte magnético desloca-se em torno do pélo norte verdadeiro (também chamado de pélo norte geogrifico) seguindo aproximadamente um circulo (0 fenémeno ainda é desconhecido em vista de nfo se terem medidas precisas sendo recentemente). Esses deslocamentos so aproximadamente cons- tantes num certo tempo e séo chamados de variagées seculares; o valor destas variagdes num mesmo ano é diferente para os diversos pontos da Terra. Atual- mente, no Brasil a variagio anual é de 7 min sexagesimais para oeste, na quase totalidade do seu territério. Quando se unem os pontos do globo que tém a mesma declinacio magné- tica, formam-se as linhas isogénicas. Essas linhas caminham aproximadamente na direco norte-sul, porém nfo exatamente; por esta razio, a declinagdo magnética se modifica, principalmente em fungao da longitude local. Como o Brasil € um pais de grande extensdo na diregio leste-oeste (cerca de 35°W em Natal e de 74°W no Acre), as declinagdes sio bem diferentes. Em 1955, em Natal, Rio Grande do Norte, a declinacio era de 21° para oeste; a declinagéo decrescia 4 medida que se caminhava para oeste, chegando a zero préximo a Rio Branco, capital do Estado do Acre; a seguir, a declinagdo passava a ser para leste, alcangando 4° para leste, no extremo oeste do Estado do Acre. Na época atual, a linha de declinagdo zero, chamada linha agénica, atravessa nosso pais. Existem outras variagdes que afetam a declinagio, todas elas, porém, de valor numérico muito mais reduzido. Diregdes norte-sul magnétice ¢ norte-sul verdadeira 33 ‘As variagdes diurnas s6 sfio levadas em conta em trabalhos de grande preciso. Hé declinagées magnéticas diferentes para diferentes horas do dia. Essas diferencas sio muito reduzidas sendo que as maiores atingem cerca de 3’, porém, na maior parte dos casos, nfo alcangam um minuto. Grandes massas minerais locais no subsolo podem ter agéo magnética sobre as agulhas imantadas, provocando variacées locais. Sao as grandes jazidas de rochas magnéticas que produzem perturbagdes na agulha. Nossa atmosfera € atingida, as vezes, por tempestades magnéticas, com origem ora no nosso proprio planeta, ora provocada pelas manchas solares ou de origem extraterrestre. Essas tempestades produzem variagées acidentais na declinagado, mas sao geralmente de curta duracao. As linhas isogénicas de uma certa regio, quando est&o representadas sobre uma carta, constituem o mapa isogdénico. Nos mapas onde sao repre- sentadas as linhas isogénicas, so em geral também representadas as linhas iso- poricas formadas pela ligagio dos pontos de mesma variagio da declinagéo magnética No Brasil imprimem-se os Anuarios do Observatério Nacional ¢ neles habitualmente existe 0 mapa de linhas isogdnicas do nosso pais. A carta isogénica (veja encarte) que anexamos é do ano de 1965,0, isto 6 de primeiro de janeiro de 1966. O sinal negativo significa que a declinago magnética é para oeste (W) e o sinal positivo para leste (E). Nosso pais, em virtude de sua grande extens&o na diregao leste-oeste, apresenta também grande diferenga de declinagdes entre seus extremos. A linha isogénica 21°,5 W corta os estados do nordeste e a linha isogénica 3°E passa pelo Estado do Acre. Nota-se assim uma diferenga de 24°,5 no total. Para utilizagao dessa carta devemos identificar a latitude e a longitude do local requerido, trazendo-as para a carta, localizando assim 0 ponto e interpolando para calcular, por aproximagao, a declinagdo magnética local em 1965,0. Posteriormente se calcula a declinago local, em qualquer outra data, usando a carta de isopéricas (veja encarte), que so as curvas de igual variagdo anual da declinagdo. Vamos dar a seguir um exemplo. Determinar a declinacio magnética. num local perto de Santarém. em primeiro de julho de 1977. Solugdo. 1. Determinagdo da longitude e da latitude de Santarém (cAlculo aproxi- mado). Usando-se um mapa politico qualquer, por interpolagdo, calculou-se: longitude 54.83 W. latitude 2°47. 2. Colocago de Santarém na carta de isogdnicas. Essa carta apresenta os meridianos e paralelos de quatro em quatro graus. A distancia entre os meri- dianos 54° ¢ 0 58° constata-se ser de 2,83 cm. Temos a seguinte proporcao: 4° — 283 cm, ogee x = 0,59 cm. 34 TOPOGRAFIA Para a latitude interpolamos entre 0° e 4° de latitude sul. A distancia entre esses dois paralelos é de 2,85 cm, 4° — 285m, 247 — y, y= 176 em. 3. Com as duas coordenadas (x = 0.59cm ¢ y = 1,76 cm) localizamos Santarém entre os meridianos 54° e 58° W e entre os paralelos 0° ¢ 4° S. 4, Determinagao da declinagdo magnética de Santarém na data da carta, isto é, em primeiro de janeiro de 1966 (1965,0). Vé-se que Santarém fica entre as curvas 11° W e 12° W. Fica a 0.8 m distancia da curva 11°. A distancia entre as duas curvas, no local, é de 1,04cm, entdo 104.em — 1°, 0,8 cm — x, x = 0°77 ou 462. Logo, a declinagio é de 11° 46,2 para W. 5. Locando Santarém na outra carta (de isopéricas) e interpolando da mesma forma, encontramos como variagio anual da declinagGo magnética Iocal 0 valor de 882 para W: primeiro de julho de 1977 — 19765 primeiro de janeiro de 1966 > 1965,0 115 anos 11,5 x 8'82=101'4 ou 1°41',4 Ww, 11° 46,2 + 1° 41,4 = 13° 27,6 W. Resposta. A declinagdo magnética em Santarém, em primeiro de julho de 1977, é de 13° 27,6 para W. (Observacao importante: as distancias nas cartas de linhas isogénicas e isopéricas anexas aparecem modificadas, quando com- paradas com o texto, em virtude da redugao que sofreram os mapas para efeito de impressio; os resultados, porém, estdo corretos.) Ressaltamos que se trata de um valor aproximado. No capitulo seguinte, apés a explicacao do que sejam rumos e azimutes, pretende-se resolver alguns problemas onde se aplicam as declinagdes magné- ticas e suas variagdes anuais — sao os problemas chamados de reaviventagdo de rumos e azimutes. capitulo 6 Rumos e azimutes Sero assuntos abordados neste capitulo: definigées, exemplos e conversoes de rumos em azimutes ¢ vice-versa, a transformacio de rumos e azimutes magnéticos em verdadeiros e os problemas de alteragdo de datas dos rumos © azimutes magnéticos, chamados problemas de reaviventagdo. RUMOS Rumo de uma linha € 0 Angulo horizontal entre a diregao norte-sul e a linha, medido a partir do norte ou do sul na direco da linha, porém, nao ultrapassando 90° ou 100 grd (Fig. 6.1). Figura 6.1 Diz-se que os rumos das linhas: A-L =N70°E, A-2 = $ 45°, 4-3 = $ 30° W, A-4 = N 60° W. 36 TOPOGRAFIA Seri errado dizer que 0 rumo de CD (Fig. 6.2) & N 110° E. O certo & $ 70° E, pois quando o nimero atinge os 90°, passa a decrescer alterando as suas letras, isto é em lugar de medi-lo a partir do norte, passa-se a faze-lo a partir do sul. AZIMUTES Azimute de uma linha é 0 Angulo que essa linha faz com a diregio norte-sul, medido a partir do norte ou do sul, para a direita ou para a esquerda, e yariando de 0° a 360° ou 400 grd (Fig. 6.3). N AZIMUTE fh ESOUERDA 50 NORTE [ AZIMUTE A ESQUERDA \ Do'SuL y RF, ee fs.) szimure a AEA SiReA 0 Note a > = ae naimure - Sine ITA. OO SUL Figura 6.2 Figura 6.3 $ $ Chama-se sentido a direita aquele que gira como os ponteiros do relégio e sentido 4 esquerda, o contrario. Observando a Fig. 6.3, a linha 1-2 tem: a) azimute, a direita do norte = 240°; b) azimute, a esquerda do norte = 120°: ¢) azimute, a direita do sul = 60°; d) azimute, 4 esquerda do sul = 300° No hemisfério sul, e portanto no Brasil, usa-se sempre medir o azimute a partir do norte, sendo ainda mais comum no sentido horArio, ou seja, A direita. No hemisfério norte, em alguns paises, usa-se medi-los a partir do sul. Como so muito raras as ocasides em que usaremos outro tipo de azimute, quando ndo for expressamente afirmado 0 contrario, azimute seré sempre é direita do norte. Quanto a aplicagdo de graus ou grados, depende do aparelho utilizado pata medir os rumos ou os azimutes. Quando a graduag&o do aparelho é em grados, a leitura é sempre nesta unidade, havendo posteriormente a alternativa de transformé-los ou ndo em graus, dependendo ainda das tabelas a serem empregadas. O uso do grado é bem mais simples que o do grau, porém ha certa dificuldade em se mudar um hébito. Esta € a nica razo porque se emprega 0 grau, apesar de sua maior complexidade. Rumos @ azimutes 37 E interessante notar que, estamos habituados a criticar os povos que ainda empregam unidades complexas como a polegada, o pé, a jarda, etc, esque- cendo-nos de que aqui ainda se usa o grau, que também apresenta a mesma complexidade. Exercicios de transformagao de rumos em azimutes a direita do norte (Tab. 6.1). NS Tabela 6.1 Linha Rumo Azimute a direita N42°15'W 317948" ‘ S$ 0°15'W 180° 15 $.89°40' E 90°20' $10°15'E 169° 45° 89°40 E 89°40" N 0°10'E 0°10" N12°00' W 348°00" Exercicios de transformacio de rumos em azimutes 4 esquerda do norte (Tab. 6.2). Tabela 6.2 Azimute A esquerda Linha Rumo 12 $15°0S' W 164° 55’ 23 N 0°50 W 0°50" 34 89°50 W 89°50" 45 $1235 E 192° 35° 5-6 S 7S0E 187° 50° 67 N89°00 E 271°00° 18 N 0106 359° 50° Sentidos a vante e a ré na medida dos rumos e azimutes O sentido a vante numa linha é aquele que obedece ao sentido em que se esti percorrendo 0 caminhamento ¢ 0 sentido a ré, 0 contrario a este sentido: assim, quando se esté medindo uma sucessio de linhas cujas estacas estao numeradas como 1, 2, 3, 4, 5, 6 etc., o sentido a vante da linha que liga 0 ponto 2 ao ponto 3 é de 2 para 3, e 0 sentido a ré, 0 de 3 para 2, O rumo a ré de uma linha deve ser numericamente igual ao rumo a vante, porém com as letras trocadas. Se o rumo vante 3-4 € N 32° E, o ré, isto & 4-3, sera $ 32° W (Fig. 6.4). Vemos que sendo as linhas N, S em 3 e 4 paralclas, 08 angulos de 3-4 com elas sao iguais: 32°. As letras no entanto passam de N-E para S-W. Os azimutes vante ¢ ré da mesma linha guardam entre si uma dife- renga de 180° ou 200 grados. Se o azimute vante de 4B é 110°, 0 ré serd 290°; se 0 vante de CD for 320°, o ré sera 320-180 = 140° (Fig. 6.5). O Angulo NBA

You might also like