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Capitulo EQUAGOES DIFERENCIAIS COM COEFICIENTES VARIAVEIS 6.1 Equacio de Cauchy-Euler 6.4 Solugdes em Torno de Pontos 6.2 Revisio de Séries de Poténcias; Singulares Solugdes por Séries de Poténcias. 65 Duas Equagées Especiai 6.3 Solugses em Toro de Pontos | Ordindrios (nao-singulares) Capitulo 6 Revisio Capitulo 6 Exercicios de Revisao Conceitos importantes Atte agora temos resolvide equagées diferenciais lineares de ordem dois ou mais alta somente quando estas possuem coeficientes constantes. Em aplicacdes, equagées lineares de ordem superior com coeficientes no-constantes (varidveis) so igualmente importantes, se no mais. Por exemplo, se quisermos encontrar a temperatura ou 0 potencial u na regio compreendida entre duas esferas concéntricas, come mostrado na figura, entéo sob certas circunstancias temos de resolver ‘a equacio diferencial. } Equacao de Cauchy-Euler Equagdo auxiliar Séries de potéacias Solucdes por séries de poténcias Relagdo de recorréncia Ponto ordinario Ponto singular Ponto singular regular (singularidade regular) Ponto singular irregular @u 42m | (singularidade irregular) de? ee Método de Frobenius Equacao indicial Raizes indiciais . Equagdo de Bessel / Equagao de Bessel paramétrica & Fungdes de Bessel Equacio de Legendre Polindmios de Legendre ; Continua 274 Volume 1 Cap. 6 Equacées diferenciais com coeficientes varidveis. 275 Continuagao em que a varlivel r > Orepresentaadistanciaradial medidaapartirdocentrodasesferas. Equagées diferenciais com coeficientes variaveistaiscomo xy" + xy +? - Fy = 0, (1 = xy” - dey’ + nf + Ly = 0 e y” — 2xy' + Iny =0 ocorrem em aplicagdes como problema de potencial, distribuigdo de temperatura € fenémeno vibratorio, para mecAnica quantica. Equacdes com coeficientes varidveis nao podem ser resolvidas com a mesma facilidade com que resolvemos equagées diferenciais com coeficientes constantes. Na verdade, nio podemos esperar que a solugéo, mesmo de uma equagio simples como y” — 2xy = 0, possa ser expressa em termos de fungées elementares construldas com poténcias de x, senos, co-senos, logaritmos e ‘exponenciais. O melhor que podemos fazer em relagdo a equacao y” — 2xy=0 é encontrar uma solugao na forma de uma série infinita. Porém, ha um tipo de equacio diferencial com coeficientes varidveis, chamada equagio de Cauchy-Euler, cuja solucio geral pode sempre ser escrita em termos de fungées elementares. Comegamos este capitulo com essa ‘equacio. 6.1 EQUACAO DE CAUCHY-EULER Qualquer equaco diferencial da forma -4, ay OE ay et A tt aE + ay = Bt, 276 —-Equagées Diferenciais Cap.6 Volume I em que 4, dy — 1, --.» 49 sfio constantes, é chamada de equacao de Cauchy-Euler,* ou equacao eqiiidimensional. A caracteristica desse tipo de equacio diferencial € que 0 graw de cada coeficiente monomial coincide com a ordem de derivacao: Te Te aly id" nd’y a 2 a te go Somente para efeitos de discussio, concentraremos nossa atengo na resolucio para a equagdo homogénea de segunda ordem 2, arth + be By = 0. A solugio para equagdes de ordem superior & andloga, Ainda, podemos resolver a equagio ndo-homogénea 2, andy + be B+ cy = ate pelo método da variagdo dos parametros, uma vez determinada a fungio complementar y(x). Nota 0 coeficiente de d?y/dx? € zero para x = 0. Entao, para garantir que os resultados fundamentais do Teorema 4.1 possam ser aplicados & equagio de Cauchy-Buler, devemos encontrar a solugdo geral no intervalo (0, 2). Solugdes no intervalo (—, 0) podem ser obtidas substituindo r = —xna equacao diferencial. Método de Solugdes Tentaremos uma solugo da forma y = x”, em que m deve ser determinado. A primeira e a segunda derivadas sio, respectivamente, 2 oy _mgt-' ¢ GE fami! ¢ = mm — Dx ?, § * Augustin — Louis Cauchy (1789 — 1857) Nascido em plena revolugio francesa, Cauchy foi destinado a iniciar uma revolugdo prépria — em matemitica. Por suas contribuigdes originais, mas especialmente pelo esforgo em elucidar confusdes matemiticas e sua incessante busca por definigSes satisfatérias © provas rigorosas de teoremas, Cauchy é freqientemente chamado de “o pai da andlise modema” . Um escritor prolifico, Cauchy produziu cerca de 800 artigos em astronomia, fisica e matemética. Foi ele quem desenyolveu 0 conceito de convergencia de uma série infinita ¢ a teotia de fungdes complexas. A mesma mente que era sempre aberta e questionadore em ciéncia ¢ matemética, era estreita ¢ conser- vadora em muitas outras éreas, Franco ¢ arrogante, Cauchy era impetuoso em relaco a questtes religiosas e politicas. Sua posicfo nesses assuntos freqilentemente o indispunham com seus colegas. Volume 1 Cap. 6 Equagdes diferenciais com coeficienies varidvels. 277 Conseqiientemente, a equagao diferencial torna-se y = ax? x mm = We" ~ 2 + be x ma | + ex 0 ark — Aye" + bmx” + cx” x"(am(m — 1) + bm + c). Logo, y = x” sera uma solugdo para a equacio diferencial quando m for uma solugao para a equacao auxiliar. am(m — 1) + bm +c =0 ou am? + (6 -am+c=0. Ww Ha trés casos distintos a serem considerados, dependendo das ratzes dessa equagao quadratica, a saber: raizes reais e distintas, reais e iguais ou complexas. No tltimo caso, as tafzes sio conjugadas. CASO | Raizes Reais e Distintas Sejam mj e my as raizes reais de (1) com my # mp. Entao, yp =x ee yy =a” formam um conjunto fundamental de solugdes, € a solugao geral é ys ep + cx Q) EXEMPLO 1 ad2x dy ve Resolva x Re ao Solugdo Em vez de simplesmente memorizar a equagio (1), € preferivel supor que y = x” seja a solugdo para entender a origem e a diferenga entre essa nova forma de equagao auxiliar e a obtida no Capitulo 4. Derivando duas vezes ay yn PY Fes met", i = mior= hy substituindo na equagdo diferencial: ee 24 “if 220 De By = Pv on — Wye 2 — Dae mal Vat ¢™m(m — 1) — 2m — 4) = xm? — 3m — 4) = 0 Diferenciais Cap. 6 Volume L sem? — 3m — 4 = 0. Agora, (m + 1)(m — 4) = Oimplicam = -1em; = 4. Logo, y sey! + cox, a CASO II Raizes Reais e Iguais Se as raizes de (1) so iguais, isto é, my = me, entdo obtemos somente uma solucio, a saber, y = x”. Quando as raizes da equagao quadritica am? + (b — a)m +c = 0 sao iguais, 0 discriminante dos coeficientes é necessariamente nulo. Segue-se dessa formula quadratica que a raiz é m, = -(b - a)/2a, Agora, podemos construir uma segunda solucdo y> usando (4) da Segao 4.2. Primeiro, escrevemos a equacio de Cauchy-Euler na forma &y , b dy iG Pee e fazemos a identificagao P(x) = b/ax. Logo, ef ands aon [ee i ebay ine =x | — Fol zm dx nap (goa tae =xm j Pl x lb = ala gy uD =x J@ = x" inx, Asolugdogeraléportanto y= ex + cox nx. @) EXEMPLO 2 _ - 2, Resolva wre eyso ac? dx Volume 1 Cap.6 Equagées diferenciais com coeficientes varidveis 279 Solugdo A substituigao y implica 2, ar + ad + y = a%4m(m — 1) + 8m + 1) = x(4m2 + 4m + 1) quando 4m? + 4m + 1 = QouQm + 1)? = 0.Comom) = — 1/2, asolugae geral € 2 In x. 2 y=ea Ve + ox” Para equagdes de ordem superior, se m for uma raiz de multiplicidade k, entdio pode ser mostrado que x In, (In x), a eI ay ~ | sio k solugdes linearmente independentes. A solugdo geral para a equagdo diferencial deve portanto conter uma combinagao linear dessas k solugdes. CASO Ill Raizes Complexas Conjugadas Sc as raizes de (1) sio complexas my =a + if, mz, =a - if, emqueaeB > Osio reais, entZo uma solugio é ya Cutt By yet 8, Mas, como no caso de equacées com coeficientes constantes, quando as raizes da equagdo auxiliar sao complexas, queremos escrever a solugao em termos de fungdes reais somente, Notamos a identidade xB = (clr yP = ef ne a.qual, pela frmula de Euler, € 0 mesmo que x = cos In x) + i sen In x). Analogamente, temos a7 ® = cos(B In x) — i senf In x). Somando e substituindo os dois dltimos resultados, temos, respectivamente, xB 4 2° ® = 2cosf In x) x — 8 = diseng In x). Como y = Cy + 8 + Cox ~ 8 € uma solugao de ary” + bry’ + cy = 0 para qualquer valor das constantes Ce C;, vemos que y, = x78 +B), (C, = = 1) 280 Equagées Diferenciais Cap.6 Volume t yp =P 2%), (C= 1, =-1 ou Yi = 2x%(cos@ In x) yo = 2ix%(sen( In x)) so também solugées. Como W(x* cos In x), x“sen(@ in x)) = Bx ~ | # 0, B > 0, no intervalo (0, »), concluimos que yy = a cos In x) e y2 = x* senB In x) constitui um conjunto fundamental de solugdes para a equacdo diferencial. Logo, a solugao geral y = x7[e; cosB In x) + c2 sen In x). ‘4 EXEMPLO 3 Resolva o problema de valor inicial ay 30 ‘ Pat aeg t= 0. m=, yd) = Solugdo Temos By ; EE + eB + 3y = eM (odn — 1) + 3m 4 3) = Mn? + Im +3) = 0 quando m? + 2m + 3 = 0. Pela formula quadratica, encontramos m, = —1 + Vie my = —1 — 2i. Se fizermos as identificagdes @ = —1 ¢ 8 = ¥2, veremos por (4) que a solugdo para a equasdo diferencial € 27 '[ey cos(v2 In x) + cy sen(v2 In x)]. Usando as condigdes y(1) = 1, yl) =-5 na solugdo acima, encontramos ¢) = 1 © 2 = —2N2. Logo, a solugao para o problema de valor inicial € y = x7 |[cos(v2 In x) — 2V2 sen(v2 In x)]. O grafico dessa solugao, obtido com a ajuda de um computador, esta representado na Figura 6.1. a Volume 1 Cap.6 Equagéesdiferenciais com coeficientes varidveis 281 Figura 6.1 EX x EN M P L oO. a Resolva a equagio de Cauchy-Buler de terceira ordem ots se eBoy =o. Solug&o As trés primeiras derivadas dey = x" sio B, ® met", Po mim — y= % SH = mtn — 1X — 2!" — 3, portanto a equagio diferencial dada torna-se PO 52 Has de ae de = Omi = 1m = 2yxe™— 3 + Sx? m(m — Wye" =? + Tams"! + 8x = x"(m(m — Lum — 2) + Smim - 1) + Tm + 8) = x"m? + Im? + 4m + 8). Nesse caso, vemos que y = x" serd uma solugdo para a equagao diferencial se m for uma raiz da equacdo cubica m+ 2m? +4m+8=0 ou (mt 2m? +4) = 282 Equagées Diferenciais Cap. 6 Volume I As raizes so: my = —2, m = 2i, my = ~2i. Logo, a solugio geral € y = cx"? + ©) cos(2 In x) + c3 sen(2 In 2). . EXEMPLO 5 Resolva a equagao nao-homogénea wy” = 3xy’ + 3y = Arte Solugdo A substituigao y = x” conduz a equagao auxiliar mon — 1) — 3m +3=0 ou (m — 1)m— 3) =0. Logo, Ye = cx + ee, Antes de usarmos a variagio dos pardmetros para encontrar uma solugao particular Yp = MAY + ty2, lembramos que as formulas uf = Wi/weus =W2/W, em que 0» vn 0 Ke) yt yt fix) ¢ Wo Wronskiano de y; ¢ y2, foram deduzidas supondo-se que a equagao diferencial tenha sido colocada na forma especial y” + P(x)y’ + QCxy = fx), Portanto, dividimos a equagdo dada por x’, e na equagiio fazemos a identificagao fix) = 2x7e*. Agora, com yy 3 3 x x 3 0 & ie w= =23, w= =o = de 1 32 i | 22. 3x? encontramos SpX af = EE = etc A integral da dltima fungao € imediata, mas no caso de uj, integramos por partes duas vezes. Os resultados sio uy = x72 + Qxe — De © uy = et. Logo, Jp = MYL + Maye (exe? + Qxet — 2e*)x + efx? = 2x7e* — Deer Volume 1 Cap.6 Equagées diferenciais com coeficienies varidveis. 283 Finalmente, temos Y= Yo Yp = ex + C23 + BrPe* - Derek, a Método Alternativo de Solucao Qualquer equagio diferencial de Cauchy-Buler pode ser reduzida a uma equagio com ceeficien- tes constantes por meio da substituigao x = e'. O préximo exemplo ilustra esse método. EXEMPLO 6 rdy dy pe Resolva Pegg tyes Solugao Com a substituigao x = e' out = In x, temos que i regra da cadcial ) regra da cadeia e do produto] -1(dy_w ~xlae dt Substituindo na equacao diferencial dada e simplificando, obtemos @y ody ye ta teh Como essa iiltima equagio tem coeficientes, sua equagio auxiliar € m? — 2m + 1 =0, ou (m — 1) = 0, Logo, obtemos y, = cye! + cxte!. Pelo método dos coeficientes indeterminados, tentamos uma solugao particular na forma y, = A + Bt Essa suposigao conduz a -2B +A + Bt = 1, assim A = 2 B= 1. Usando y = ye + yp obtemos y= cel + one +246 daf'a solugao geral para a equagao diferencial original no intervalo (0, ©) € yrex tox inx+2+Inx. 2 284 Equacaes Diferenciais Cap. 6 Volume ! 6.7 EXERCICIOS As respostas dos exercicios selecionados esto na pagina 456. Nos Problemas 1-22, resolva a equagio diferencial dada. I. xy" -2y=0 2 Ary” ty =0 3 4 xy” 5 6. x°y” + Sx? + 3y = 0 1. x*y" — 3xy’ — 2y = 0 8 xy” + Bay —4y = 0 9. 2S5x?y” + ISxy' + y = 10. 4x7y" + dxy’ LL. x7)" + Say’ + ay = 0 1. x°y” = Tay’ + 4 ly 13, xy" — xy + 2y 15. 3x°y” + Oxy + y = 0 16. 2x7y” tay ty =0 17. x’y” - 6y = 0 18. xy” tay-y =0 3 2, a, 2, 32¥ _ 51 d¥ 9, dy 3TY _ gtd ¥ , gpd _ gy 1th es net ey oes woo tae ay dy, gay ad’ 3@y 9 2@y , ad a. xg + 6G 0 aa, AE + OEE + OTS + OKT Hy =O Nos Problemas 23-26, resolva a equagao diferencial dada sujeita As condigdes iniciais indicadas. 23. x7 y” + 3xy’ 24. x7 y” — Sry’ + 8y = 0, y(2) = 32, y'Q)=0 0, WI) =0, yl) =4 25. x7 y" tay ey =O, MI = yQ) =2 26. x? y" = Sey + 4y = 0, (1) = 5, yl) =3 Nos Problemas 27 ¢ 28, resolva a equagao diferencial dada sujeita 4s condigées iniciais indicadas. [Sugestao: Fagat = —x.} 28. x? y" — dxy’ + 6y = 0, y(-2) = 8 y(-2)=0 Resolva os Problemas 29-34, usando variagao dos parametros. 27. 4x2 y" + y = 0, We =2, Ee 29, xy" + yl ax 30. xy” — 4y’ = x4 Bh. 2ey" + Sey ty =x? 32, x2!" > Day’'+ Qy ax’ - oF Volume 1 Cap.6 Equagdes diferenciais com coeficientes varidveis 285 33. xy" — ay" + y= Oe 34. xy” — 2x" + 2y =? In Nos Problemas 35-40, resolva a equagao diferencial dada fazendo a substituigao.x = e'. ady 35. CTD + 10D + fy = 36. x°y" — Ary’ + 6y = In x? 37. xy" = Bay’ + By = 4+ Oe 38. 2x7y” - Bry’ - By = 1 +e ta? 3 39. xy" + Oxy’ — 20y = 5/24 40. Jay ere 8-@ 3 ae de +inw? 41. Considere duas esferas concéntricas de raios r = aer = b, a < 6, como mostrado na Figura 6.2. A temperatura u(r) na regiiio compreendida entre as esferas é determinada pelo problema de vator de fronteira u(a) = uy, (6) = my. em que up € wy Sao constantes. Resolva essa equacao, 42. A temperatura no’anel circular mostrado na Figura 6.3 € determinada pelo problema de valor de fronteira ula) = My u(b) = ey. ‘em que up € # so constantes. Mostre que tq Inir/b) — uy Inir/a) anos ina7b) Nos Problemas 43-45, resolva.a equagio diferencial dada. @) ay %, 43. @ - 1° ~ He - 1) —4y = 0 [Sugestao: Pagar = x - 1). at ax % 44, Gx + 4)'y" + 10Ge + Ay’ + Sy = 0 45. (x + 2)" + (ce + 2p + y= 0

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