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& 'S¢ por meio da experiéncia se conhece 0 verdadeir sentido dessa palavra. Quando estamos despertos em verde earmos perdi dos em nossos pensamentos reconhecemos a nds mes- a por tris dees. O pensamento deixa de ser uma atividade autnoma que se apossa d 16s ¢ condu nossa vida. A consciéncia assume o con- | tole sobre ele. O pensamento perde o dominio da nossa | vida e se torna servo da consciéneia, que 6 a ligasio | consciente com a inteligéncia universal. Outra palavra | para ela é presensa: consciéncia sem pensamento. mos como a consc Qual a relasao entre consciéncia e pensamento? Cons ciéncia é 0 espago em que os pensamentos existem quando esse espaso jé se tornou consciente de si mesmo. ir 0, propésito interior e viver ieerce pata a satisfagio do pro- ‘base para o verdadeiro sucesso. * A tumanidade esti destinada a superar o sofrimento, ‘mas nao da maneira como o ego imagina, Um dos seus numerosos pressupostos errdneos, um dos seus muir tos pensamentos enganosos é: “Eu nfo deveria ter que softer.” Algumas vezes essa ideia é transferida para alguém préximo a nés: “Meu filho néo deveria ter que softer.” Esse pensamento esti na raiz do soffimento, que tem um propésito nobre: a evolugio da conscién- cia € 0 esgotamento do ego. © homem na cruz. é uma imagem arquetipica. Ele € todo homem ¢ toda mulher. Quando resistimos a0 softimento, o processo se torna lento porque a resisténcia cria mais ego para ser eli- minado. No momento em que 0 aceitamos, porém, 0 processo se acelera porque passamos a sofrer de modo conseiente, Conseguimos aceitar a dor para nds mes- ‘mos ou para outra pessoa, como um filho ou um dos pais. Em meio a0 sofrimento consciente jé existe a transmutagio. O fogo do softimento transforma-se na Juz da consciéncia, O ego diz: “Eu no deveria ter que softer”, ¢ esse pensamento aumenta nossa dor. Ele € uma distorgio da verdade, que é sempre paradoxal. A verdade é que, antes de sermos capazes de transcender o soffimento, precisamos accité-lo. Seo conflito egoico tem de fato um propésito, este & indireto: ele cria cada vez mais sofrimento neste mundo, © 0 softimento, embora produzido em sua maior parte pelo ego, no fim também o deste 0 ego se consome. 56. s7 & Un dia vou me libertar do ego.” Quem esté falando? © ego. Libertar-se dele néo é verdadeiramente um sande trabalho, mas uma tarefa muito pequena. Basta tstarmos conscientes dos nossos pensamentos ¢ das nossas emogdes & medida que eles vio surgindo. Nao se trata de “fazer”, ¢ sim de “ver” com atengio. Nesse sentido, é verdade que nfo ha nada que possamos fazer para nos libertar do ego. Quando esse mudanga acon- quando passamos do pensamento para 2 consciéncia, uma inteligéncia muito maior do que @ esperteza do ego comega 2 agir na nossa vida. tece, ou se} & Ninguém se tora bom tentando ser bom, ¢ sim tencontrando a bondade que ja existe dentro de si mesmo e permitindo que cla sobressaia. No entanto, essa qualidade s6 se distingue quando algo fundamen— tal muda no estado de consciéncia da pessoa. Apenas pare de cultivar opinides.” © que isso signi- fica? Deixe de lado a identificagio com a mente. Assim, quem vocé é além da mente emergiré por si mesmo. 58 & Um ponto essencial do despertar & a identifieagito daqucla parte em nés que ainda néo se modificou: 0 ego da maneira como ele penst, fala ¢ age. Quando voc’ descobre a inconsciéncia em si proprio, aquilo que torna 0 reconhecimento possivel é 0 surgimento da consciéncia, ¢ 0 despertar. Voc8 nao pode lutar con tra 0 ego e vencer, assim como no consegue combater a escuridio, A luz da consciéncia €rudo 0 que & neces- sario. Vocé é essa luz. & Uma grande parte da vida de muita gente é consu- mida por uma preocupagio obsessiva com as coisas. E por isso que uma das doengas do nosso tempo ¢ 2 proliferasdo de objetos. Seja o que for que o ego bus- que ea que se apegue, isso € um substituto do Ser que ele nfo consegue sentir. Vocé pode valorizar as coisas ¢ se preocupar com elas. Porém, sempre que se pren- der a esses objetos, saberd que se trata do ego. E nunca, estara de fato atado a uma coisa, mas a um pensa~ mento que contém algo como “eu”, “mim” ou “m "Toda vez que vocé accita completamente uma perda,o ego é suplantado e quem voce é, 0 Ser que consciente de si mesmo, aparece. Mhitos individuos nto compreendem isso até esta- rem no leito de morte ¢ constatarem que nada que é exterior, nenhuma coisa, jamais correspondeu a quem eles sio. Com a proximidade da morte, todo conceito de propriedade acaba se revelando sem 0 menor sen- tido, Nos seus dltimos momentos de vida, as pessoas também entendem que, embora tenham estado em busca de uma percepgio mais completa do cu 20 longo de toda a sua existencia, o que elas estavam de favo pro- curando, seu Ser, sempre havia estado ali, mas fora obs- curecido de modo significativo por sua identificagio com as coisas, 0 que, em tiltima anilise, significa iden- tificagio com a mente. {duos experimentam o despertar quando subitamente se tornam conscientes dos tipos de pense- mento que costumam ter, sobretudo os negativos € per- sistentes,com os quais podem ter se identificado durante toda a vida. De repente, ha uma consciéncia que esta consciente do pensamento, mas que nao é parte dele. & O movimento de retoro na vida de uma pessoa, 0 enfraquecimento ou a dissolugio da forma, por meio do envelhecimento, da doenga, da incapacidade, da perda, de algum tipo de tragédia pessoal, contém um grande potencial para o despertar espiritual - 0 rom- pimento da identificago da consciéncia com a forma. Nia nova Terra, a velhice seré universalmente reco- nhecida e valorizada como um periodo para o floresci- mento da consciéncia, Para aqueles que ainda estiverem perdidos nas circunstincias externas da vida, seré 0 20 lar, quando iro des- pertar para seu propésito interior. Para outras pessoas, representard a intensificacao ¢ 0 auge do processo do despertar. momento de uma volta ta 2 68 Enntretanto, & medida que nossa consciéncia se apro- funda ¢ o ego deixa de controlar nossa vida, no temos que esperar até que nosso mundo encolha ou entre em colapso por causa da velhice ou de uma tragédia pes- soal para que nosso propésito interior desperte em nds. Como a nova consciéncia esta comegando a surgir no Planeta, é cada vez maior o niimezo de pessoas que ja néo precisam ser sacudidas para despertar. Elas abra~ gam esse processo de modo voluntério, mesmo enquanto ainda estio envolvidas no ciclo de erescimento e expan- silo. Quando esse ciclo deixar de ser usurpado pelo ego, a dimensio espiritual entraré poderosamente no mundo, tanto através do movimento de saida — pensamento, fala, ago e criagdo — quanto por meio do movimento de retorno ~ siléncio, Ser e dissolugao da forma, * Aimar € reconhecermos a nés mesmos no outro. A. alteridade entdo se revela uma ilusio que pertence a0 reino puramente humnano, 0 ceino da forma. Sempre que alguém nos reconhece, isso traz a dimen- s20 do Ser mais plenamente para o mundo por meio de nés dois. Esse é 0 amor que redime o mundo. 64 65 Capitulo 5 R ESPACO INTERIOR &k Quando a consciéncia nio esti mais totalmente absorvida pelo pensamento, parte dela permanece no seu estado original, nao condicionado, sem forma. Esse € 0 espaco interior * A sida da raioria das pessoas é um amontoado desor= denado de coisas: itens materiais, tarefas a fazer, questbes sobre as quais pensar, Esse tipo de vida se asserelha A histéria da humanidade,definida por Winston Churchill “ depois da outra”. A mente des- ‘como “uma maldita: sas pessoas ¢ ocupada por um emaranhado de pensamen- tos, um apés o outro. Essa é a dimensio da consciéncia. dos objetos, que ¢ a realidade predominante de um grande niimero de in deles é to confusa. Essa consciéncia precisa ser equi- librada pela con: retorne a0 nosso planeta ¢ a humanidade cumpra seu destino. © surgimento da consciéncia do espaco é 0 proximo estigio da evolugio da nossa espécie. iduuos ~ e é por isso que a vida a do espaco para que a sanidade 6s 0 * O sentido da consciéneia do espago é que, além de estarmos conscientes das coisas - que sempre se resu- mem a percepgées, pensamentos e emogdes -, existe um estado subjacente de atengao, Isso quer dizer que temos consciéncia nfo apenas das coisa (objetos), como também do fato de que estamos conscientes. E 0 que ‘ocorre quando somos capazes de sentir um siléncio interior sempre alerta ao fundo enquanto os eventos acontecem no primeiro plano. Essa dimensio esta pre- sente em todos nés. No entanto, para a maioria das pessoas, cla passa totalmente despercebida. As vezes, ua aponto da seguinte maneira: “Vocé é capaz de sen- tir sua propria presenga”” A consciéncia do espago representa a liberdade tanto em relagio ao ego quanto a dependéncia das coisas, do materialismo ¢ da materialidade. Ela é a dimensio. ‘espi- ritual que, sozinha, pode dar um significado verdadeiro e transcendente a este mundo. & Qaando nao estamos mais totalmente identificados com as formas, a consciéncia — quem nds somos ~ se vé livre do seu aprisionamento na forma. Essa liberdade & © surgimento do espaco interior, Ele chega como um estado de silencio © calma, uma paz sutil enraizada dentro de nés, mesmo diante de algo que parece mau — “Isto também passara”. De repente existe espago em torno do acontecimento. Ha também espago 20 redor dos altos e baixos emocionais, até mesmo da dor. E, acima de tudo, existe espago entre nossos pensamentos, Desse espaco emana uma paz que nao é “deste mundo”, porque este mundo é forma, enquanto a paz. 6 espago. Essa é a paz de Deus. 7 n Agora podemos desfrutar ¢ estima as coisas ¢ 03 ‘eventos sem Jhes atribuir uma importéncia que eles ndo tem. Estamos em condigdes de participar da danga da criagio € de ser.ativos sem nos apegar ao resultado ¢ sem impor exigencias pouco razoaveis em relacio so mundo, como “satisfaga-me", “faca-me feliz”, “fuca-me sentir seguro”, “diga-me quetn sou”. © mundo nao pode nos dar nada disso ¢, quando deixamos de ter essas expectativas, todo 0 softimento que nés mesmos cria-~ ‘mos chega ao fim. Toda essa dor se deve a valorizacao exagerada da forma e a falta de consciéncia da dimen- siio do espaso interior. Quando essa dimensao esté pre- sente na nossa vida, podemos aproveitar as coisas, as experiéncias ¢ os prazeres sensoriais sem nos perder- mos neles, sem nos apegarmos internamente a nada ro é, sem nos tornarmos viciados no mundo. Sempre que a dimensio do espago se perde ou no é conbecida, as coisas assumem uma importincia abso- Jua, uma seriedade e um peso que, na verdade, eas nao tém. Toda vez. que o mundo nfo é visto da perspectiva que nio tem forma, ele x torna um lugar ameagador «ei tltima andlise, de desespero. O profeta do Antigo ‘Testamento sentiu isso quando escreveu: “Todas as cot sas se afadigam, e mais do que se possa dizer.” * Podemos descobrir o espaso interior ctiando lacunas no fluxo do pensasnento. Sem elas, ele se torna repeti- tivo, desprovido de inspiragao, sem nenhuma centelha criativa ~ € € assim que ele é para a maioria das pessoas. Nao precisamos nos preocupar com a duragao dessas lacunas, Alguns segundos bastar, Aos poucos elas irio aumentar por si mesmas, sem nenhum esforgo da nossa parte. Mais importante do que fazer com que sejam longas, é crid-las com frequéncia para que nossas ativi- dades didrias e nosso fluxo de pensamento sejam entre- meados com espagos. 9, wR "Tomas consciéneia da respiragzo fer com que aaten- so se afaste do pensamento e produs espago, & Tome consciéacia da ua respiragio, Observe a sen- sagio do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada ¢ saida do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como 0 peito € o abddmen se expandem e se contraem ligeira- mente quando vocé inspira e expira, Basta uma respi raglo consciente para produzir espaco onde antes havia a sucessio ininterrupta de pensamentos. Uma respira- 40 consciente (duas ou trés seria ainda melhor) fei veves ao dia é uma maneira excelente de criar espacos na sua vida. Mesmo que vocé medite sobre sua respiragio por duas horas ou mais, 0 que é uma pritica adotada por algumas pessoas, uma respiragiio basta para deixé-lo consciente, O resto so lembran- gas ou expectativas, isto é pensamentos, Na verdade, respirar nao é algo que fazemos, mas algo que teste- munhamos. A respiragio acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligéncia inerente ao corpo. Por- tanto, basta observi-la. Essa a tensio nem esforgo. Além disso, note a breve suspensio do fSlego — sobretudo no ponto de parada no fim da expiraio ~ antes de comegar a inspirar de novo. de no envolve nem Sempre que estamos aborrecidos com algo que ocor- eu, com alguém ou com uma situagao, a verdadeira causa desse estado de fnimo no é 0 que aconteceu, nem a pessoa, nem a circunstancia, mas a perda da ver~ dadeira perspectiva que apenas o espago pode oferecer Estamos presos & consciéncia dos objetos, inconscien- tes do espago interior atemporal da consciéneia pro- priamente dita. & A consciéncia do espago tem muito pouco a ver com 6 estado de desorientagao, Ambos estio além do nivel do pensamento. Isso eles tém em comum. A diferenga fundamental, contudo, & que, no. primeito caso, nos colocamos acima do nfvel do pensementos no segundo, ficamos abaixo dele. Um 6 0 préximo passo na evolu- 40 da consciéncia humana; o outro, uma regressio a uum estigio que superamos eres atrés 76 ” jento A descoberta do espaco inte~ rior, a principal barreira & descoberta daquele que tem a ‘experincia, é nas tomarmos tio subjugados pela expe- Héncia que acabemos perdidos nela. Isso significa que 4 consciéncia esti desorientada em seu préprio sonho. Somos arrebatados por todo pensamento, toda emosio € toda sensasiio,a tal ponto que, na verdade, nos encon- tramos num estado de sonambulismo. Essa tem sido a situagdo normal da humanidade por milhares de anos, * Quando ouvirmos falar de espaco interior, pode ser que comecemos a buscé-lo. No entanto, se fizermos isso como se estivéssemos procurando um objeto ou uma experiéncia, no teremos sucesso. Esse é 0 dilema de todos aqueles que esto tentando alcangar a com- preensio espiritual, ou iluminacao. Por isso, Jesus disse: “O Reino de Deus nio vii de um modo ostensivo. Nem se diré: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus jé esté dentro de vss. 7% & Se nio gastamos todo © nosso tempo com descon- tentamento, preocupasio, ansiedade, depressio, deses~ pero, nem nos deixamos consumir por outros estados negativos; se temos a capacidade de desfrutar as coi- sas simples, como ouvir o som da chuva ou do vento; se conseguimos ver a beleza das nuvens passando pelo ccéu; se temos condigdes de ficar sozinhos de tem- pos em tempos sem nos sentir solitdrios nem carentes do estimulo mental de um entretenimento; se somos capazes de nos ver tratando um estranho com uma bondade sincera sem esperar nada em troca, isso sig- nifica que se abriu um espaso ~ nfo importa que seja curto ~ no fluxo incessante de pensamentos que é a mente humana. Quando isso acontece, experimen- tamos uma sensagao de bem-estar, de paz viva, ainda que sutil. A intensidade pode variar de um sentimento quase imperceptivel de contentamento em segundo plano até o que os antigos sibios da India chamavam de ananda — a alegria do Ser. Como fomos condicio- nados a prestar atengao apenas a forma, provavelmente 1no temos consciéncia dessa alegria, a nao ser de modo indireto. Por exemplo, existe um elemento comum na capacidade de vermos a beleza, de valorizarmos as coi~ sas simples, de gostarmos de ficar sozinhos de nos relacionarmos com as pessoas com benevoléncia. Esse elemento comum é um sentimento de contentamento, de paz e de vivacidade que ¢ 0 pano de fundo invisivel sem o qual essas experiéncias nfo seriam possiveis. Sempre que vocé detectar a beleza, a amabilidade, 0 reconhecimento do que existe de bom nas coisas sim- ples da sua vida, procure pelo pano de fundo de tudo isso dentro de si mesmo, Mas nfo o busque como se estivesse tentando encontrar alguma coisa. Vocé nio conseguiré identificé-lo ¢ dizer: “Agora eu o tenho.” ‘Também nio poder prendé-lo com a mente e defini- lo. Ele é como o céu sem nuvens. Nao tem forma. E espaco = é silencio, a dogura do Ser, é infinitamente mais do que estas palavras, que podem apenas sugerir o que cle é. Quando vocé for capaz de senti-lo direta~ mente em seu interior, ele se aprofundara. Entio, toda vez que vocé valorizar algo simples — umn som, uma ima- gem, um toque —, nos momentos em que vir a beleza ¢ sempre que tiver um sentimento de benevoléncia em relagio 20 outro, sentiré 2 amplitude interior que é a fonte ¢ 0 contexto dessas vivéncias. 80 * Eysa 6 outea maneira de encontrar 0 espago interior: torne-se consciente de estar consciente. Diga ou pense “Bu Sou” e niio acrescente mais nada. Tome conscién~ cia do siléncio que acompanha 0 Eu Sou. Sinta sua presenga, que é 0 puro estado de ser despojado de qual- quer coisa, despido, revelado. Nao hd nada que o afete = nem a juventude nem a velhice, nem a riqueza nem a pobreza, nem a bondade nem a maldade, nem quais- quer outros atributos. Capitulo 6 ® NOSSO PROPOSITO DE VIDA * Nossa vida tem um propésito interior ¢ um exterior O primeiro deles diz respeito a Ser e & primitio. O segundo se refere a fazer e é secundério. O significado genuino, ou primirio, da vida nao pode ser encontrado no nivel exterior. Ele nio diz respeito 420 que fazernos,e sim ao que somos ~ isto é, 20 nosso estado de consciéncia. ‘Também estamos aprendendo que a a¢io, embora necessari apenas um fator secundirio na mani- festagio da nossa realidade externa. O fator primétio na criagio € a consciéncia. Na mos a \porta quanto seja~ » quanto esforgo realizemos, nosso estado de consciéneia cria nosso mundo, Portanto, se no hou- ver uma mudanga nesse nivel interior, quantidade das ages que executamos nto fara diferenga. Vamos ape- nas recriar novas versGes do mesmo mundo intimeras vezes, um mundo que é um reflexo externo do ego. 4 Quando temos um lampejo de consciéncia ou pre~ senga, reconhecemos isso de imediato. Néo se trata mais de um simples conceito na nossa mente. Entio somos capazes de escolher conscientemente nos man- ter presentes, em vez. de nos entregar a0 pensamento initil. Podemos convidar a presenga para nossa vida, isto 6, criar espaso. Com a graca do despertar vem 2 responsnbilidade, Temos a opgao de seguir em frente como se nada tivesse ocorrido ou de ver a importin- cia disso e reconhecer o despertar da consciéncia como a coisa mais importante que pode nos acontecer. Estar- mos abertos & consciéncia emergente atrairmos sua luz para 0 mundo torna-se assim 0 propésito primério da nossa vida. * A asio desperta & 0 alinhamento do nosso propésito exterior ~ 0 que fazemos ~com o nosso propésito inte~ = despertarmos e nos mantermos despertos. Por meio dela, entramos no estado de unificagio com 0 propésito que sai do universo. Através de nés a cons- ciéncia fui para o mundo, Ela se derrama sobre nossos pensamentos e os inspira. Inunda todas as nossas reali- aagoes as orienta e frtalece. Siio as modalidades da ago desperta: aceitagio, prazer c entusiasmo, Cada uma delas representa uma frequén- cia vibracional da consciéncia. Precisamos nos manter atentos para gerantir que uma modalidade permanesa ativa sempre que estivermos envolvidos na execugio de Igo - da tarefa mais simples @ mais complexa. Caso ‘io estejamos no estado de aceitagdo, nem no de pra- zer, nem no de entusiasmo, é porque estamos causando sofrimento a nés mesmos € aos outros. ON Exmbora possamos nio gostar de fazer determinadas coisas, precisamos a0 menos aceitar que temos de exe- ‘cuté-las. Aceitagio significa o seguinte: por enquanto, 0 que esta situagZo, este momento, requer de mim é isto, entio eu 0 fago de boa vontade. Se voet nfio conseguir encontrar prazer no que vai fazer nem aceitar que deve executar isso, parc, Caso. contririo, nfo estari assumindo a tinica responsebili- dade que vocé de fato pode assumir e que também algo que importa de verdade: seu estado de consciéncia. E, se vocé nfo faz. isso, niio se responsabiliza pela vida. 87 & Nia nova Terra, o prazer substituiri o querer como a forsa motivadora dos nossos atos. Q querer deriva da ilusto do ego de que somos um fragmento isolado des- ligado do poder que se encontra por trés de toda cria- sf. Por meio do prazer, nos conectamos a esse poder criativo universal. A expansio e a mudanga positiva no nivel exterior tém muito mais probabilidade de ocorrer na nossa vida se formos capazes de sentir prazer no gue jé estamos empreendendo,em verde esperarmos porumamudanea para entdo passarmas a gostar do que fazemos. Quando tornamos o momento presente, nfo o pas- sado nem o futuro, o nosso ponto focal, a capacidade que temos de gostar do que estamos fazendo aumenta extraordinariamente ¢, com cla, a qualidade da nossa vida. A alegria nto acontece para n6s~ nunca, Bla emana da dimensio sem forma em nosso interior, da consciéncia em si, portanto é una com quem nés somos. Sentimos prazer com qualquer atividade em que este- jamos plenamente presentes, com toda aio que nio seja apenas um meio para alcangarmos um fim. © que ‘nos proporciona essa sensago nfo € 0 ato que executa~ rmos,e sim a energia vital que flui para cle, Essa anima- soe o que nds somos existemn como uma coisa s6, Isso significa que, quando temos prazer em fazer algo, esta- mos de fito sentindo a alegria do Ser no seu aspecto dinamico. E por isso que tudo o que nos da prazer nos coloca em contato com o poder que esti por tris de toda ctiacio. * Vou apresentar agora uma técnica espiritual que pro- porcionara mais poder ¢ expansio criativa & sua vida. Enumere suas atividades cotidianas. Inclua aguelas que considera desinteressantes, chatas, entediantes, tes ou estressantes, No entanto, nfo acrescente nada que voct odeie ou deteste fazer ~ esses so casos para aceita- o ou pata nao realizao. Da lista podem constar aida para o trabalho ¢ a volta para casa, a compra de manti- ‘mentos, 0 preparo da comida ou qualquer coisa que voce considere masante ou estressante na sua rotina didtia, Depois, quando as estiverexecutando, permita que clas sejam um veiculo para o estado de alert Este absolu- tamente presente no que esté fazendo e sinta sua atengio, 0 silencio vivo dentro de vocé, como 0 pano de fundo desse ato. Logo descobriré que, em vez de estressante, ‘monétona ou irritante, sua ago no estado de conscién- cia elevada acaba se tornando agradavel, Para ser mais preciso, o que lhe da prazer no € a ago externa em si, mas a dimensio interna da consciéncia que flui para ela. Isso é encontrar @ alegria do Ser no que vocé esti exe- cutando. Caso sinta que nio ha significado na sua vida ou que ela esta cheia de tensio ou tédio,é porque ainda incorporou essa dimensio ¢ agir com a con cia desperta ainda nfo se tornou set: objetivo principal * Oenmusiasmo mostra que existe um profundo prazer no que fazemos,além de uma meta ou visio em nome da qual rabalhamos. Quando acrescentarnos urna meta 20 prazer proporcionado por nossa agao, 0 campo energé- fico ou frequéncia vibracional muds, Certo grau do que podemos chamar de tensio estrutural é agora acrescen- tado 20 prazere, assim, ele se transforma em entusiasmo. No ponto méximo da atividade criativa alimentada por esse sentimento haveré enorme intensidade e energia no gue executamos. Vamos nos sei diresio ao alvo ~e havera prazer no trajeto. como uma flecha em AAos othas de um espectador pode parecer que esta- mos sob estresse continuo, porém a intensidade do entusiasmo nio tem nada a ver com tensio. $6 nos estressamos quando nossa intengio de atingir a meta é maior do que a vontade de fazer. Nesse c250, 0 equi librio entre prazer € tensio estrutural se perde, ¢ esta ultima vence. O eestresse costur «, entio, nos privamos da energia criativa do universo. ser um sinal de que o ego voltou Em seu lugar restam apenas a forga ea tensio do desejo egoico. Com isso, precisamos lutar e trabalhar duro para alcangar 0 objetivo. A tensio diminui tanto a qualidade quanto 2 eficdcia do que executamos sob sua influéncia. ‘Também existe uma forte ligagéo entre ela e as emo- ‘ses negativas, como 2 ansiedade ¢ a raiva. O estresse € t6xico para o organismo. AXo contiério da tenséo, o entusiasmo tem uma ele- vada frequéncia energética ¢ assim vibra em consondn- cia com o poder criativo do universo. por isso que Ralph Waldo Emerson disse: “Nada grandioso jamais foi alcangado sem entusiasmo. O eantusiasmo sabe para onde estd indo, embora, 20 mesmo tempo, este linhado com momento presente, 2 fonte da sua vitldade, do seu pacer e do seu poder. Ble ni “quer” nada, pois ndo sene falta de nada, Envontra-ee num estado de unificegio com a vid. E,por mais dindm cas que sejam as atividades inspiradas por ele, nfo nos perdemos nelas. HA sempre um expaco silencioso, mas intensamente vivo, no centro da agéo, um micleo de paz em sua esséncia ~ cle é a Fonte de tudo ¢, ainda assim, ec ree. E.stamos em meio a ui acontecimento extremamente importante na evolugio da cons tanto, esse assunto no vai sair no jornal. No nosso pla- neta ~ € talvez si s partes da nossa galaxia e mesmo além dela ~ a consciéncia esta despertando do sonho da forma. Nem todas as formas (o mundo) ido se dissolver, embora seja certo que mui- tas desaparecerio. Isso significa que a consciéncia pode ‘agora comegar a criar a forma sem se perder nela.’Tem ‘como permanecer consciente de si mesma até enquanto a produz ea sente. Por que ela deveria continuar a criar € a sentir a forma? Pelo prazer que essa ago propor- ciona. De que mancira a consciéncia faz. isso? Por meio de seres humanos despertos que aprenderam o signifi- cado da aso desperta, ia humana, Entre- iltaneamente em mi Una nove espécie esté surgindo no planeta, Ela esta surgindo agora, ¢ vocé faz parte del 93 Capitulo 7 TORNAR-SE PRESENTE * Temos como aprender a néo manter vivos aconteci- mentos ¢ situagGes, mas, em vez disso, a sempre ditigir a atengio para 0 momento presente ~ puro, atempo~ ral -,em ver de nos deixarmos atrair por histérias pro- duzidas pela mente. Assim, nossa prépria presenga se torna nossa identidade, ¢ nao nossos pensamentos € emogées. * Somente a presenga é capaz de nos libertar do ego, pois s6 podemos estar presentes agora - € no ontem nem amanhi. Apenas cla consegue desfazer 0 passado em n6s e assim transformar nosso estado de consciéncia. 9% 7 * ique alerta. Se vocé estiver consciente, seré capaz, de reconhecer essa vor pelo que ela é: um velho pen samento condicionado pelo passado. Além disso, no precisara mais acreditar em todos os seus pensamentos. Verd que se trata de algo antigo, nada mais. Conscién~ cia significa presenga, e $6 ela pode dissolver o passado inconsciente dentro de nés. & Nozea,0 que é chamado satori significa um momento de presenga, um breve afastamento da voz na nossa cabega, dos processos do pensamento e do seu reflexo sobre 0 compo na forma de emosio. Bo despertar da dimensio interior em que antes estavam o ernaranhado dos pensamentos ¢ o turbilhiio das emogoes. 8 * Pasa darmos fim 20 softimento que vem afigindo ‘a condi¢io humana hé milhares de anos, precisamos comesar por nés mesmos assumir a responsabili- dade por nosso estado interior em qualquer momento. Ou seja, agora. Portanto, pergunte-se: “Estou dando mostras de negativismo neste exato instante?” Depois fique alerta, preste atengo nos seus pensamentos e nas euas emosbes. Observe as formas de infelicidade que se manifestam em graus menos clevados, como aquelas que mencionei anteriormente: descontentamento, iti- taco, saturago, etc. Atente para os pensamentos que parecem justifiar ou explicar essa infelicidade, mas que, na verdade, sio seus causadores. Caso vocé tome consciéncia de um estado negativo dentro de si mesmo, isso nao significa um fracasso da sua parte. Ao contré- tio, mostra que obteve sucesso. Enquanto a consciéncia nao se manifesta, existe identificacio com os estados internos — ¢ essa identificagio 0 ego. Corn 2 consciéncia vern 0 abandono da identifica ‘40 com os pensamentos, as cmogdes ¢ as reagdes. No entanto, esse processo nio deve ser confundido com negacio. Os pensamentos, as emogGcs ¢ as reagdes sio detectados e, no momento em que sto reconhecidos, 0 fim da identificagéo se dé de forma automtica. Nossa percepgio do eu, ou seja, de quem somos, passa entio por uma mudanga: diante de nés esto os pensamentos, aS emogdes ¢ as reagbes ¢ agora nds somos a conscién- cia, a presenga consciente que testemunha esses estados. As emogées ¢ até mesmo os pensamentos sio des- personalizados pela consciéncia. A natureza impessoal de ambos é reconhecida, O eu deixa de existr nels. Sto apenas emogdes e pensamentos humanos."Toda a nossa histéria pessoal, que, em tiltima anilise, nfo passa mesmo de uma histéria, de uin amontoado de pensa- mentos e emogGes,adquire uma importéncia secundaria € nfo ocupa mais o primeiro plano da nossa conscién- cia, Ela deixa de formar a base para nosso sentido de identidade. Nos somos a luz da presenga,a consciéncia de que somos mais importantes e mais profundos do que quaisquer pensamentos e emnoybes. 100 101 * O negativismo é desttuido de inteligncia. Ee é sem= pre uma criagio do ego. "Troda vez. que nos encontramos nesse tipo de condi- Go, hd algo em nés que deseja o negativismo, que 0 percebe como prazeroso ou acredita que ele nos dard enn cree quem gostaria de tornar a si mesmo e a0s outros infeli- zes ¢ causar doengas ao proprio corpo? Portanto, sem- pre que o negativismo surgir e formos capazes de estar conscientes de que existe algo em nés que sente prazer nele ou acredita que ele tenha um propésito util, esta- remos nos tornando diretamente conscientes do ego. E nesse momento que nossa identidade se transfere do ego para a consciéncia. Isso quer dizer que 0 ego estd encolhendo, enquanto a consciéncia est se expan- dindo. Seem meio ao negativismo conseguirmos compreen- der que estamos causando sofrimento a nés mesmos, isso sera suficiente para nos colocar acima das limi Bes das reagdes ¢ dos estados egoicos condicionados. Isso mostrard as infinitas possibilidades que se abcem para nés quando a consciéncia esta presente — manei~ ras diferentes e muito mais inteligentes de enfrentar- ‘mos qualquer situagio. Assim que reconhecemos nossa infelicidade como algo no inteligente, nos libertamos dela, © negativismo é destituido de inteligencia. Ele é sempre uma criago do ego, que pode ser esperto, mas 102 103, 9. «WK Qaanto maior foro passado compartithado num rela~ cionamento, mais presentes precisamos estar. Caso con tratio, seremos forcados a reviver 0 passado zepetidas vezes. Una relagéo auténtica é aquela que nao é dominada pelo ego, que esté sempre voltado para a construgéo de uma imagem ¢ é autocentrado, Num relacionamento genuino, hi um fluxo de atenglo plena e receptiva que € dirigido & outra pessoa, nele nao cabe nenhum outro querer. Essa atengio plena é a presenga ~ 0 pré-requi- sito para todo relacionamento auténtico. * Eznquanto observarnos, escutamas, tocamos ou aju- damos nossos filhos, petmanecemos atentos, calmos, inteiramente presentes — tudo 0 que queremos é 0 ins~ tante como ele é Dessa maneira, damos lugar ao Ser. Nesse momento, se estamos presentes, nao somos 0 pai nem a mie, ¢ sim a atencio, a calma, a presenga que esti escutando, olhando, tocando e até mesmo falando. Somos o Ser por tris do fazer Trenho falado sobre isso de modo mais especifico no que se refere aos filhos, porém essa é uma questio que a todos os relacionamentos. Na verdade, fazer nunca é 0 suficiente se negligen- ciamos o Ser. 104 * A tnsioria das pessoas v8 apenas as formas exterio- es, no atentando para a esséncia interior, assim como niio percebendo sua propria esséncia e se identificendo somente com sua forma fisica e psicolégica. Como existe certo grau de presenga, isto é, de atengio silenciosa ¢ permanente nas percepgdes humanas, nossa espécie tem a faculdade de sentir a esséncia vital divina, a conscién- cia, ou 0 espitito imutivel, que hé em todas as criatu- ras, em todas as formas de vida, reconhecendo-a como compativel corn nossa prépria esséncia, Por isso, somos capazes de amé-la como a nés mesmos. * Qaando se encontrar com as pessoas, no trabalho ou em qualquer outro lugar dé a elas 0 maximo de aten- iio. Vocé jé nfio estaré ali como individuo, e sim como campo de consciéncia, de presenga alerta.O motivo ori ginal da sua interagfo com o outro ~ comprar ou vender alguma coisa, pedir ou dar informages, por exemplo ~ & agora secundétio. © campo de conseigncia que se forma entre vocés se estabelece como 0 propésito pri- cia adquire uma relevincia muito maior do que qualquer assunto € do que ot objetosfisicos ou imaginados.O Ser humano passa a ser mais importante do que as coisas deste ‘mundo, Iso nao significa que vocé vi se descuidar do aque precisa ser feito no nivel pritico. Na verdad a exe- cugo das coisas nio «6 fica mas ficil como também se desenrola com mais energia quando a dimensto do Ser 2.0 surgimento desse campo unificado de conscigncia entre as pessoas dos relacionamentos na nova Terra, mirio da interagio. Esse espago de conse é reconhecida e, assim, se torna prim: 106 107 O perdao acontece de modo natural quando enten- demos que o rancor nio tem outro propésito a nio ser fortalecer uma falsa percepgio do eu, ou sej, poss litar a existéncia do ego. Compreender é libertar-se. O ensinamento de Jesus sobre ‘perdoar os inimigos” trata, em esséncia, de desfaver uma das principais estruturas egoicas da mente humana. Exsiste apenas um praticante do mal no planeta: a inconsciéncia humana, Compreender isso é 0 caminho para 0 perdio. Quando perdoamos, nossa identidade ima se dissipa e nossa verdadeira forga se mani- festa ~ a forga da presensa, Portanto, em vez de culpar ,acenda a luz, A presenga é um estado de grande amplitude interna. Quando estamos presentes, perguntamos: “Como devo responder as necessidades desta situagzo, deste momento?” Na verdade, nem sequer precistmos fazer essa pergunta, Estamos em siléncio, atentos, abertos 20 que é.'Trazemos uma nova dimensio Entio observamos ¢ escutamos, Assim nos tornamos unos com a situaglo, Sempre que,em vez de reagirmos a ‘uma circunstincia, nos fundimos a ela, a solusio surge da propria circunstincia, Na verdade, nfo somos nés, as pessoas, que estamos olhando e escutando, mas o silén- cio alerta em si. Entio, se a ago € possivel ou necessa~ a executamos ou, mais exatamente, a ago correta acontece por intermédio de nés. A ago correta é aquela que é adequada para o todo, Quando ela é consumada, o silencio alerta e amplo permanece. Ninguém levanta 0s bracos num gesto de triunfo gritando um desafiador “E isso ait” nem dizendo “Olhem, cu consegui 108

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