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| capitulo 5. Prova em auditoria 27 como 6 0 caso de indicios de fraude, situacdes que resultem num aumento do tisco inerente (como é o caso da empresa ter intengées de ser admitida a cota- | do em bolsa), prova de auditoria que contradiga outra prova de auditoria ob- © ‘tida, circunstncias que sugiram a necessidade de procedimentos de auditoria ‘adicionais e informagéo que ponha em causa a fiabilidade de documentos. 5.1. Assergdes das demonstragées financeiras E por cada uma das principais componentes das demonstracées financeiras: (1) ® classes de transagées, (2) saldos e (3) apresentacao e divulgacao ~ 0 drgio de | gestio & visto como estando, implicitamente ou explicitamente, fazendo afir- “mages relacionadas com a propriedade, com a valorizacdo, com o reconheci- mento, com a apresentagio e divulgagdo, etc. que se tomam por verdadeiras. 'As asserges subjacentes as demonstragées financeiras, de acordo coma ISA 31511, so as seguintes: Quadro 5.1. — Assorgies subjacentes as demonstragdes financeiras Relatives a classes de Relativas aos saldos _Relativas @ apresentagao transagdes fin e divulgagao ‘Ocorréncia (ocorrence) Existéncia (existence) ~ Ocorréncia _(ocorrence) | —as transagdes e acon- ativos, passives e inte- — os acontecimentos © tecimentos que se encon- resses no capital proprio as transagées divuigadas existem. ‘ocorreram. ram e estdo relacionados ‘com a entidade. Direitos e Obrigagdes Direitos e Obrigagdes (rights and obligations) (rights and obligations) — =a entldade possui ou Os eventos divulgados controla 0s direitos sobre estéo relacionados com a 08 ativos, © 0s passives entidade. representam obrigagées a entidade, BD AAS No 1105, $11 identifica 5 tipos de assergGes, nfo as relacionando especificamente com as Wdasces de transages, com os saldos finais ou com a apresentagdo divulgacdo. Essas assercdes Uo esistencifccorinla, iets eobrignces,apreventagi e dlgaso plenitude elon: Laiclapagte— —— ——— cutecdulaite 238 Manual de Auditoria Financeira Capitulo 5.Prov Plenitude (completeness) Plenitude (completeness) Plenitude (completeness) ia -, bem co Plefdes as operagoes e — todos 08 ativos, passi- — todas as clivulgagdes valorizacao. Zcontecimentos estaore- vos e interesses no capital que deveriam ter sido d- e gistados, proprio foram registados, vuigadas foram de facto ivulgadas. S.A4. Asst ee alortzacio Gol corréncia: Te Rigor (accuracy) — valo- Valorizagao e imputagéo Rigor valorizagao (@c- gerne € fee © outros dados rela- (valuation and allocetion) curacy and valuation) — & relacionados Gionados com transages | — ativos, passivos @ inte- informacdo ests adequa- as vendas co @ acontecimentos foram resses no capital proprio damente divulgada e potas do é relevar spropriadamonte regista- estdo registados nas de- quantias apropriadas: S contabil dos. monstrag6es finanoeiras peeonas! pela quantia apropriada. (Os rendimentos e os gas- periodo fora tos. foram corretamente venda, esta imputados, Bg oes ee ae Ly fades, emrelagdoe Corte (cut-off) — transa- ocorréncias ‘goes © acontecimentos Fad, foram registados no pe- eecrreniclss riodo contabilstico a que do de facto dizem respeito. Rigor: Te Classificagao | (classifi Classificagao e com- mentos for. cation) — transagdes € preensibilidade (classif- testo corre acontecimentos foram re- cation @ understandabily) a ‘istados nas contas apro~ = 2 informagao financeira ai priadas, {oi apresentada e relatada 1 ativos fi de forma aproprieda, @ as acrescido divuigagées no anexo en- tal a contram-se descritas com ees clareza. semorespr —— See confirma a Nem todas as assergdes se aplicam a todos os itens das demonstracées finan- Cortex0 ceiras, 0 auditor deve ter em atengao as asser¢Ges relevantes, ou seja, aquelas s foram que podem ter uma influéncia significativa ou na classe de transacées, ou nos devem ass saldos finais ou na apresentacao e divulgacao. co foram (0 objetivo da recolha de prova é 0 de testar as assergdes acima descritas, efetuar ot de modo a validé-las. Por exemplo, o inventério, a 31 de dezembro, é 0 cul- pode exan minar de uma série de transacBes que ocorreram durante o ano, refletindo Gnal do ar ‘as suas varias componentes (matérias-primas, matérias-subsidiérias, merca- foram reg. dorias), bem como a sua respetiva valorizagdo (custo de aquisicao ou valor | ocorr: realizével Iiquido, dos dois 0 mais baixo). Assim, existe o risco das quanti dades que suportam o inventadrio no estarem corretas ~ assercio existén- P contabilie examina Financeira leteness) algagées sido di- 4e facto com: (olassifi- ‘dabilty) vanceira relatada, ja, 0 a8 exo en- as com 's finan- aquelas + ou nos oscritas, 6 ocul- Aetindo merca- ou valor quanti- sxistén-_ Capitulo 5. Prova em auditoria 239 cia -, bem como 0 risco deste nao estar corretamente valorizado - assercao. valorizagio. ere 5.1.1, Assergdes relacionadas com transagdes Ocorréncia: Todas as transacGes e acontecimentos realmente ocorreram e estéo relacionados com a empresa, Por exemplo, o érgao de gestao afirma que todas, as vendas contabilizadas no exercicio so transacdes validas. Assim esta asser- ao 6 relevante em relacio as vendas, pois 0 drgao de gestio pode ter interesse em contabilizar vendas ficticias; Plenitude: Todas as operagées e acontecimentos que ocorreram durante 0 perfodo foram contabilizados. Por exemplo, se um cliente ndo contabiliza uma venda, esta conta estard subavaliada, De referir que a preocupagio do auditor em relacdo a esta asser¢ao é oposta a preocupacao do auditor com a assergio da ocorréncia; enquanto a plenitude se traduz numa subvalorizacdo das vendas, a ocorréncia, uma venda que o érgao de gestdo diz que ocorreu uma venda quan- do de facto nao ocorreu, traduz-se numa sobrevalorizagéo das vendas; Rigor: Todos os valores e outros dados relativos a transagdes e aconteci mentos foram contabilizados adequadamente e os seus valores acumulados estdo corretos, ou seja, foram adequadamente contabilizados de acordo com 6s prinefpios contabilisticos. Por exemplo, o normative contabilistico diz que 108 ativos fixos tangiveis devem ser contabilizados pelo seu custo de aquisicao, acrescido de todos os gastos suportados para entrarem em funcionamento, se tal acontecer confirma-se a asser¢do do rigor. Se uma venda esté contabilizada sem o respetivo desconto, pode confirmar a asser¢do da ocorréncia, mas nao se confirma a asser¢ao do rigor; Corte:,0 corte é uma afirmagao que atesta que as transag6es e acontecimen- tos foram contabilizados no exercicio correto, Os procedimentos do auditor devem assegurar que as transagdes ocorridas antes e apés o final do exerci- cio foram contabilizadas no respetivo periodo contabilistico. Por exemplo, ao efetuar o teste de corte as vendas & data de 31 de dezembro de 2013, 0 auditor pode examinar uma amostra de guias de remessa e de faturas emitidas antes do final do ano e apés 0 inicio do ano seguinte, para assim verificar se as vendas foram registadas no periodo correto. 0 objetivo é validar que todas as vendas que ocorreram em N foram contabilizadas em N e ndoem Nel. Assim, o auditor examina as guias de remessa para se assegurar que vendas de N+1 nao foram contabilizadas em N e que vendas de N nao foram contabilizadas em N+1. 240 Manual de Auditoria Financeira Data das ‘Ano auditado (ano N) —_demonstragdes financeiras Ano seguinte (N+) Periodo do corte Figura 5.1. — Corte de operagdes : esta afirmagao est relacionada com a contabilizagdo, nas contas apropriadas, de todos os acontecimentos que ocorreram durante o perfodo. Por exemplo, se os gastos com despesas de conservacio e manutencio de ati- vos fixos tangiveis foram devidamente contabilizadas como um ativo ou como uum gasto, tendo em atencao a politica definida pela empresa, 5.1.2, Assergées relacionadas com os saldos Existéncia: Esta asser¢ao esté relacionada com os saldos finais dos ativos, passi- vos e capital préprio, ou seja, se estes realmente existem a data do balanco, Por “exemplo: o saldo de inventério significa que o érgio de gestéo afirma que ele existe e que estd disponfvel para venda; Direitos e obrigagdes: As afirmacées relacionadas com direitos e obrigagées. referem-se ao facto da entidade ter direitos sobre os ativos e os seus passivos representarem obrigacdes. Por exemplo, 0 drgao de gestdo atesta que tem di- reitos sobre o inventério evidenciado a data do balanco, da mesma forma, os montantes evidenciados em financiamentos obtidos - locacées, representam obrigagées da entidade e ao mesmo tempo direitos sobre essas locaces; Plenitude: esté relacionada com o facto de todos os ativos, passivos e capital préprio, que deveriam ter sido inclufdos nas demonstragées financeiras & data de encerramento terem sido de facto includos. Por exemplo, o érgao de gestio afirma que o saldo de fornecedores & data do balanco representa todas as obri- gages perante fornecedores que existem a essa data; Valorizagdo e imputagio: A assercao valorizacao e imputagdo esté relacionada com 0 facto dos ativos, passivos e capital préprio estarem contabilizados pelo valor correto, bem como quaisquer gestos ou rendimentos. Por exemplo, os i ventérios devem ser contabilizados pelo menor dos seguintes valores, ou 0 cus- to de aquisicao ou o valor realizavel liquido, de igual forma 0 érgdo de gesto afirma que os ativos fixos tangiveis sio depreciados tendo em tengo 0 seu uso, Capitulo 5, Pro 5.1.3. Assi Ocorréncia, di acontecimen dose relacio: ta os contrat obtidos e se esté'a afirma dor eum dir Plenitude: que deverian te divulgada rialmente re Classificag bilidade esta damente apr Por exemplo prazo maxim Quadro £ ‘Assorgbes « gestio relai conta de Existéncia Direitos e ob Pienitude Ocorréncia Valorizagao € 5.2. Prov Aprovaem conclusées q ‘ia Financeira inte (N41) nas contas 0 perfodo, agdo de ati- vo ou como vos, passi- alango. Por ma que ele obrigacées us passives que tem di- 2 forma, os presentam jes; 35 € cap sirasa data o de gesto Jas as obri- elacionads izados pelo nplo, 0s in- 5, ovo cus- de gestao poseuuso. Capitulo 5, Prova em auditoria 5.1.3, Assergées relacionadas com a apresentacao e divulgagao Ocorréncia, direitos e obrigagées: estas assergdes relacionam-se com 0 facto de acontecimentos, transacées e outros assuntos estarem corretamente divulga- dos e relacionados com a entidade, Por exemplo, se 0 érgio de gestdo apresen- ta os contratos de leasing celebrados como passivo na rubrica financiamentos obtidos e se as difusées inerentes esto adequadamente divulgadas no anexo, esté a afirmar que a transagdo ocorreu, que tem uma obrigagdo perante o cre- dor e um direito sobre o bem adquirido Plenitude: Ao testar esta assercio o auditor averigua se todas as divulgacdes que deveriam ser efetuadas nas demonstragées financeiras foram efetivamen- te divulgadas, Assim o érgio de gesto afirma que todas as divulgagées mate- rialmente relevantes foram divulgadas no anexo. Classificacdo e compreensibilidade: As afirmagGes classificagao e compreensi- bilidade esto relacionadas com o facto de a informacio financeira ser adequa- damente apresentada e descrita, e se as divulgagdes séo expressas com clareza. Por exemplo, o érgio de gestdo afirma que a divida de curto prazo venceré no prazo maximo de um ano. Quadro 5.2. — Assergdes, erros potenciais e procedimentos de auditoria ‘Assergbes do érgao de gestiorelativamentea —Erropotencial —Procedimentos de auditoria conta de clientes Existéncia Giiente ficticio Circularizagao de clientes Direltos e obrigagdes Créditos transmitidos Inquirir 0 Grgo de gestao so- a sociedades de facto- bre créditos transmitides a so- ring cledades de factoring Plenitude Dividas de clientes no Cruzar as faturas emitidas com contabilizadas. 098 registos contabilisticos ‘Ocorréncia Vendas néo efetuadas Cruzer 08 registos contabils: ticos com as faturas que Ihes serviram de suporte Valorizacao e imputagao Imparidades no con- Efetuar testes de imparidade tabilizadas 5.2. Prova em auditoria A prova em auditoria é toda a informacao utilizada pelo auditor para chegar as conclusdes que servem de suporte a sua opiniao. 22 Manual de Auditoria Financeira Na sua abordagem & obtencao de prova o auditor necessita de ter em aten- fo fatores que podem afetar a credibilidade dessa prova, como ¢ 0 caso da integridade do drgdo de gestao, do risco econémico do cliente, da qualidade | do sistema de informacio do cliente, da envolvente e do sistema de controlo interno implementado. De seguida apresentamos uma abordagem a recolha de prova: Quadro 5.3. — Abordagem para a recolha de prova Passo Preocupagdes ‘Agao 1. Compreender + Caracteristicas da indis- + Avaliar a integridade do or Ocliente ea in- tra go de gestao diistria onde se * Integridade do drag de * Avaliar 0 sistema de infor- insere gestio e pressées que —mago do cliente ossam influenciar a cre- * Identiticar fatores de risco dibilidade das demonstra- + Realizar procedimentos ena- (des financeiras iticos preliminares + Natureza e qualidade do sistema de informagao + Influéncia da envolvente 2. Avaliar 0 isco * Risco inerente * Identificar fatores que pos- de distorgdes._* Risco de control sam colocar em causa a materiais, | as- * Sistema informético confianga na informagio sergdo a asser- fornecida pelo cliente go, para cada ‘+ Fazer um levantamento © rea de risco do avaliagao do sistema de cliente controlo interno . Testes aos sal- + Que quantidade? * Efetuar procedimentos ana- dos e transa- * Que procedimento? liticos e testes aos saldos @ goes * Quando deverd ser reali as transagOes, corroboran- zado? do a informagao financeira e outras informagées sobre 0 desempenho da empresa 4. Avaliar se a + Necessidade de ajusta- + Realizar procedimentos ana-_ prova recolhida ments liticos finals e procedimen- & adequada e + Deficiéncias dos sistemas —_tos adicionais se necessario emitir 0 relatério * Deciair qual 0 tipo de relaté- de auditoria rio a emitir tendo por base a prova recolhida Fiterberp, Let al, 2076, Analing-A business risk approach fo conducting @ quality audit. 10th ed. South-Western Capitulo 5. Prove A prova deve a quantidade do auditor (n¢ o ajudem a de priada est re Ihida é releve se pretende te um fornecedo fornece prove das circunsta | 2 Prova observ. vagéo da cor Documentos faturas, guias Provas envia ditor Prova docurt um sistema ¢ 7 Fal creer capitulo 5. Prova em auditoria 3 A prove deve ser suficiente e apropriada. A suficiéncia esté relacionada com | a quantidade de prova que deve ser obtida, dependendo esta do julgamento do auditor (neste campo 0 auditor pode utilizar ferramentas estatisticas que "0 ajudem a determinar a quantidade necesséria), © facto da prova ser apro- priada estd relacionado com a qualidade da mesma, ou seja, se a prova reco- | thida é relevante e fidvel. A relevancia esté relacionada com a assercdo que se pretende testar (ex. a resposta a um pedido de confirmagéo de um saldo de tum fornecedor, fornece-nos prova sobre a assergao da existéncia, mas no nos fornece prova sobre a asser¢ao da plenitude). A fiabilidade da prova depende das circunstdncias em que é obtida. Quadro 5.4, — Fiabilidade da prova em auditoria a ag ee es Maior confianga ‘Menor confianga [_Malor contianga ____Is Pi cocervnda cl Tex obser. Prova observada indiretamente (ex. li Prova observada diretamente (ex. 008°" tagem da contagem de stocks enviada vaio da contagem de stocks) rr) Ries toc ee pce gato) err! Documentos gerados externamenta (ex. Documentos gerados _internamente faturas, guias de remessa) (Quias de entrada, notas de encomenda) Proves enviadas diretamente para o au Provas remetidas pela empresa ao audi- itor tor Prova documental Provaverbal Documentos originals Fotocépias Prova gerada internamente através de Prova gerada intermamente fornecida um sistema eficaz de controlos ppor um sistema ineficaz de controlos Mais credivel Prova gerada externamente, enviada diretamente para 0 auditor Prova gerada externamente, mantida na empresa em —— Prova gerada internamente, confirmada por terceiros Lea nent, contiemade pox tereeos_| Prova geradla intarnamente, no confirmada por terceiros ’ ‘Menos credivel Figura 5.2. — Credibilidade da prova

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