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REDAÇÃO:

O quadro expressionista “O grito”, do pintor norueguês Edvard Munch, retrata a inquietude, o


medo e a desesperança refletidos no semblante de um personagem envolto por uma
atmosfera de profunda desolação. Para além da obra, observa-se que, na conjuntura brasileira
contemporânea, o sentimento de milhares de homossexuais assolados pelos preconceitos
enfrentados durante a doação de sangue é, amiudadamente, semelhante ao ilustrado pelo
artista. Esse cenário nefasto ocorre não só em razão da negligencia governamental, mas
também devido à má circulação de notícias falsas durante a chegada do HIV ao Brasil.

A princípio, é imperioso notar que a indiligência do Estado potencializa a impunidade da


homofobia nesse tipo de situação. Esse contexto de inoperância das esferas de poder
exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve
como presentes na sociedade, todavia, sem cumprirem sua função social com eficácia. Sob
essa ótica, devido à baixa atuação das autoridades, critérios homofóbicos, como o de que
homens que se relacionam com outros homens não podem doar sangue, são partes dos
requisitos para a doação. Nessa perspectiva, para a completa refutação da teoria do estudioso
polonês e mudança dessa realidade, faz-se imprescindível uma intervenção estatal.

Outrossim, é igualmente preciso apontar a circulação de notícias falsas durante o período de


chegada do HIV ao Brasil. Posto isso, de acordo com o filósofo George Santayana no livro “A
vida da razão”, aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.
Diante de tal exposto, a afirmação do filósofo é exemplificada, pois em 1980, a imprensa
brasileira e alguns cientistas da época, tratavam a doença como algo exclusivo dos gays, isso
traz consequências negativas até o momento atual, como é o caso da associação de indivíduos
homossexuais à portadores da doença. Logo, é inadmissível que esse cenário continue a
perdurar.

Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar esses preconceitos. Dessarte, a fim de
permitir que os homossexuais possam fazer a doação de sangue sem serem prejulgados, é
preciso que o Ministério da Saúde, por intermédio de pesquisas científicas, justifiquem o
porquê homossexuais estão inaptos para a doação. Paralelamente, caso isso não seja
justificado, é preciso que o Ministério da Justiça, por meio de decisões judiciais, proponha
mudanças, na legislação brasileira, em relação ao critério que exclui esses indivíduos
prejudicados. Espera-se assim, que os sofrimentos emocionais retratados por Munch
delimitem-se apenas ao plano artístico.

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