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Revista Brasileira de Educacgao do Campo Brazilian Journal of Rural Education ARTIGO/ARTICLE/ARTICULO DOI: hisps/ /s doi ose/ 10.20873/ufesbece14751 Desafios do ensino da Extensio Rural: praticas e metodologias na produgéo do conhecimento com agricultores e agricultoras familiares vce raace ce suznssanes', © sara serps suna?, © sons naa reicarue sega 12.3 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Faculdade de Engenharia Agricola (Feagri/Unicamp). Avenida Candido ‘Autor para corespond6neia/Author fr conespondence: vanide@@unicamp.br RESUMO. 0 presente texto objetiva refletir sobre os desafios do ensino de Extensio Rural, a partir das suas possibilidades metodolégicas e praticas no contexto do curriculo obrigatério do curso de graduacdo em Engenharia Agricola, da Faculdade de Engenharia Agricola da Universidade Estadual de Campinas. Buscamos compreender a contribuigio de pés-graduandos que participaram do Programa de Estigio Docente na ampliagao do exercicio da docéncia e o papel da disciplina na formagio dos(as) alunos(as) no didlogo com _agricultores(as). Entrevistamos dez estudantes de graduagio, trés alunas de pés- graduandas que participaram do Programa de Estagio Docente ¢ trés grupos de agricultores familiares que participaram da disciplina. A disciplina Sociologia e Extensio Rural da graduagio em Engenharia Agricola representa um contraponto a uum curso com uma tendéncia orientada por e para o agronegocio. Esta disciplina académica se desenvolve sob uma estratégia didética e metodolégica realizada com agricultores(as) familiares, a partir da construgao coletiva de conhecimentos, se consolidando na resisténcia e (re)existéncia do devir no desenho de possibilidades construidas na aproximagio da Universidade por meio da extensao. Palavras-chave: educagio, experiéneia de ensino, comunicagio rural, agroecologia. [[RBEC_[ Tocamindpois/Brasl_[e7 | e7 Este contd utiliza a Licenea Creative Commons Atbutio 4.0 Taterational License (Open scces, This content is icensed under a Creative Commons atibuion-spe BY Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. witness sexi de Exc ara pric «mela mrad de Challenges of teaching Rural Extension: practices and methodologies in the production of knowledge with family farmers ABSTRACT. This article aims to reflect on the challenges of teaching Rural Extension, from its methodological and practical possibilities in the context of the mandatory curriculum of the undergraduate course in Agricultural Engineering of the School of Agricultural Engineering of the State University of Campinas. We seek to understand the contribution of postgraduates who participated in the Teaching Intemship Program in the expansion of the teaching practice and the role of the discipline in the training of students in dialogue with farmers. We interviewed: ten undergraduate students, three graduate students who participated in the Teaching Intemmship Program and three groups of family farmers who participated in the discipline. The discipline Sociology and Rural Extension in the Agricultural Engineering undergraduate course represents a counterpoint to a course with a bias oriented by and for agribusiness. This academic discipline is developed under a didactic and methodological strategy carried out with family farmers, based on the collective construction of knowledge, consolidating itself in the resistance and (re)existence of the becoming in the design of the possibilities built in the approach of the University through extension. Keywords: education, teaching experience, rural communication, agroecology. RBEC [Tocanindpots/Bast [v7 [ ef4751 | 10205 jufesbeceT4751_[ 202 [ES Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. witness sexi de Exc ara pric «mela mrad de Desafios de la ensefanza de la Extension Rural: practicas y metodologias en la produccién de conocimiento con los agricultores familiares RESUMEN. Nuestro objetivo es reflexionar sobre los desafios de la ensefianza de la Extension Rural, a partir de sus posibilidades metodologicas y pricticas en el contexto del curriculo obligatorio del curso de pregrado en Ingenieria Agricola de la Facultad de Ingenieria Agricola de la Universidad Estatal de Campinas. Buscamos entender la contribucién de los posgraduados que participaron en el Programa de Pricticas Docentes en la expansin del ejercicio de la docencia y el papel de la disciplina en la formacién de los estudiantes en el didlogo con los agricultores. Entrevistamos: diez estudiantes de grado, tres estudiantes de posgrado que participaron en el Programa de Pricticas Docentes y tres grupos de agricultores familiares que participaron en la disciplina. La disciplina Sociologia y Extensién Rural de la licenciatura en Ingenieria Agricola representa un contrapunto a una carrera con tendencia orientada por y para la agroindustria, Esta disciplina académica se desarrolla bajo una estrategia didictica y metodolégica llevada a cabo con los agricultores familiares, basada en la construceién coleetiva del conocimiento, consolidindose en la resistencia y (re)existencia del devenir en el disetio de las posibilidades construidas en la aproximacién de la Universidad por medio de la extension. Palabras clave: educacion, experiencia de _ensetanza, comunicacién rural, agroecologi RBEC [Tocanindpots/Bast [v7 [ ef4751 | 10205 jufesbeceT4751_[ 202 [ES Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft Introducao Com 0 movimento politico-estudantil de Cérdoba, Argentina, em 1918, a estrutura das universidades latino-americanas comegou a se modificar em termos de ensino e de administragio. O movimento estudantil de Cérdoba questionava o papel até entio desenvolvido pelas universidades, em especial a sua baixa patticipagio na atuagio com a sociedade, culminando no Manifesto Liminar dos estudantes cordobeses. © movimento dos(as) estudantes logrou conquistas importantes, como a participagio estudantil_na universidade e a liberdade académica a partir da autonomia universitiria. Assim, se fortaleceu, com a Reforma de Cérdoba de 1918, a articulagdo entre universidade e sociedade, a partir da extensio universitéria, influenciando a pritica extensionista nas universidades latino-americanas (Roldan & Mendoza, 2017; Gonzilez & Fernindez-Larrea, 2017; Deus & Henriques, 2017; Tommasino & Cano, 2016). © debate sobre Extensio Universitaria vem ganhando atengao nas universidades brasileiras em funcdo da Curricularizagdo da Extensio'. O processo de Curricularizagio da Extensfo nas instituiges de Ensino Superior nasce de uma percep¢do (e questionamento) sobre o distanciamento das universidades com a sociedade, se afastando do que preconizavam Darcy Ribeiro e Paulo Freire, no que se refere 4 democratizagiio da universidade e a sua fungio social. A indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa ¢ Extensio ja estava garantida a partir da Constituigfio de 1988, porém o que se nota nas universidades brasileiras & a maior énfase na pesquisa e no ensino, dissociados da extensio, Nos cursos de graduacdo das Cigneias Agririas, a tradicional disciplina de Extensio Rural (Fialho, 1996), em muitos casos, ¢ aquela que possui maior proximidade com a sociedade ao promover, por meio de discussio académica, a interagdo entre estudantes e a comunidade rural, em especial agricultores(as) familiares Paralelamente, a extensio universitaria também desenvolve a relagao entre a academia & a sociedade de forma diferenciada, atuando transversalmente entre as mais variadas disciplinas diferenciando-se das propostas das disciplinas especificas de Extensio Rural. A extenstio universitiria, de acordo com o Forum de Pro-reitores de Extensio das Instituigdes Piiblicas de Educagao Superior Brasileiras - FORPROEX, ¢ aquela que ocorre por meio de um proceso interdisciplinar de educagio, cultura, ciéncia e politica para a promogio da interagdo entre universidade e demais setores da sociedade (Forproex, 2012). A disciplina de Extensio Rural, do contexto do ensino académico, desenvolve um contetido teérico e [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 4 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft metodolégico que vai contribuir com a formagio de estudantes de diversos cursos, em especial aqueles ligados as Cignei is Agrarias. Na trajetéria histérica da disciplina de Extensfio Rural, seu contetido programitico nos diversos cursos das Ciéneias Agririas no Brasil passou por diferentes contextos, que vio desde abordagens difusionistas (como forma de instrumentalizar 0 futuro profissional & difusio de inovagdes) (Fialho, 1996) a contetidos referentes ao desenvolvimento rural relacionados aos principios agroecol6gicos e ao uso de metodologias participativas (Callou et al, 2008). Os cursos de graduagio relacionados as Cineias Agririas, de forma geral, possuem vigs bastante teenicista (Tereso, 1992), baseados, sobretudo, na formagio de profissionais para atuarem com grandes propriedades rurais. Embora 0 curso de Engenharia Agricola da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) possua grande parte de seu contetdo curricular direcionado a formagio eminentemente técnica de seus estudantes, ha um conjunto de disciplinas relacionadas a area de Desenvolvimento Rural que proporciona a formagio do(as) Engenheiro(a) Agricola frente & relevancia socioeconmica da agricultura familiar. Neste conjunto de disciplinas esté inserida a disciplina Sociologia e Extensio Rural. Tendo em vista o debate atal sobre Extensio Universitiria e a importancia que a disciplina Sociologia e Extensio Rural possui para a formagio em Engenharia Agricola, objetivamos com este texto refletir sobre os desafios contemporineos do ensino de Extensio Rural, tendo como base as metodologias e as priticas de ensino desta disciplina, oferecida como parte do curriculo obrigatério do curso de graduago em Engenharia Agricola, da Faculdade de Engenharia Agricola (FEAGRI) da Unicamp. Neste cenério, buscamos compreender a contribuigdo e o papel da disciplina na formagao dos(as) alunos(as) no didlogo com agricultores(as) que participaram do processo de ensino ¢ aprendizagem durante os iiltimos cinco anos em que foi oferecida (periodo de 2018 a 2022). Além disso, buscamos refletir sobre a relagdo entre universidade e sociedade a partir das experiéneias trabalhadas na disciplina Optamos por partir de Ingold (2000; 2012) como estratégia tedrica-metodolégica para marear as linhas construidas pelo ensino da diseiplina de Sociologia e Extensio Rural, a partir da percepco de alunos(as) ¢ agricultores(as) sobre esta disciplina académica e as vivéncias em extensio rural por ela proporcionadas. Partimos de uma amostra nao probabilistica ¢ intencional, composta por dez estudantes de graduagao que cursaram a disciplina, és pés- [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft graduandas que participaram do Programa de Estagio Docente (PED) na disciplina, uma funcionéria e trés grupos de agricultores(as) familiares que atuaram na disciplina. Os eritérios utilizados para a escolha dos(as) entrevistados(as) foram: todas as pés-graduandas do Programa de Estigio Docente e todos os grupos de agricultores(as) que atuaram na disciplina durante 0 periodo de amilise estabelecido. Para _os(as) alunos(as) de graduagio entrevistados(as), a escolha se deu em fungGo de sua maior ou menor patticipagdo no desenvolvimento dos projetos. Todos os(as) participantes desta pesquisa foram entrevistados(as) de forma on-line, nos meses de junho e julho de 2022, com o auxilio de um roteiro de entrevistas. Utilizamos um roteiro base para todos os(as) entrevistados(as). Acrescentamos algumas perguntas, ao roteiro base, de acordo com o perfil do grupo entrevistado, As entrevistas foram gravadas e posteriormente transeritas. A. operacionalizagao desta disciplina tem inicio no semestre anterior ao seu oferecimento. No primeiro semestre de cada ano, entramos em contato com o grupo (ou grupos) de agricultores(as) que participaro da disciplina. A ideia desse contato é verificar 0 interesse e a possibilidade de sua contribuigao com a disciplina. Em conjunto, estabelecemos alguns temas que sao prioritarios de serem desenvolvidos nos projetos. Durante a disciplina, que ocorre no segundo semestre de cada ano, realizamos visitas aos grupos participantes, a fim de construir um didlogo com os(as) agricultores(as). O planejamento das visitas 8 realizado com os(as) akunos(as) a partir do contetido teérico abordado nas aulas e da construgo de roteiros que sero guias para obtengdo de informagdes sobre a realidade a ser trabalhada. Durante todo o semestre o(a) pos-graduando(a) PED & responsivel por articular e “animar” os grupos de graduandos(as) formados para 0 desenvolvimento dos projetos. Os projetos so desenvolvidos no constante didlogo entre os(as) participantes da disciplina: docentes, agricultores(as), PED, ahunos(as). A tltima visita a campo tem como objetivo o compartilhamento dos projetos com os(as) agricultores(as), a finalizagdo da disciplina e sua avaliagao Além desta introdugio, este artigo contém outras quatro segdes. Realizamos um resgate historico da disciplina Sociologia e Extensio Rural, na sequéncia refletimos sobre 0 curso de Engenharia Agricola em sua relagdo com a disciplina e, apés isso, discutimos a aproximagdo da Universidade com o meio rural proporcionada pela disciplina. Finalizamos 0 artigo tecendo algumas consideragdes finais. [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 6 Sours Esquerdo, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $.M.P.P. 202). Dard ccna Este Rar ria « mom a ra do cote com eon «pa fai a So Resgate historico e compreensao da dis logia e Extensio Rural da FEAGRI A disciplina de Extensio Rural foi ineluida no curriculo do curso de Engenharia Agricola da FEAGRI a partir de 1984 (ainda sem a Sociologia em sua denominagao), com carga horiria de 30 horas", Esta disciplina surge em um contexto da necessidade de maior aproximacio dos estudantes com o meio rural, a partir do contato com a realidade dos(as) agricultores(as) (Tereso, 1992). A disciplina se toma Sociologia e Extensio Rural em 1988 com a contratagio de uma nova docente (em 1987) para a FEAGRI, a profa. Sonia Bergamasco, que pervebeu a importincia de se trabalhar conceitos sociolégicos na disciplina, pois © trabalho do(a) extensionista rural ocorre com agricultores(as) e os grupos sociais do meio rural. A década de 1980 & mareada pelo processo de redemocratizagio do pais e permeada pela efervescéncia de movimentos sociais de luta pela terra. A regido de Campinas foi palco dessas lutas, haja visto que em 1984, depois de um longo processo de negociagio com representantes do Estado, foi implantado no municipio de Sumaré o assentamento Sumaré Ie, em 1985, o assentamento Sumaré II (Femandes, 1999). A profa, Sonia Bergamasco, antes de ingressar na FEAGRI, era responsavel pela disciplina de Sociologia e Extensio Rural na Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Botucatu. Ao ingressar na FEAGRI, trouxe toda a sua experiéneia de atuagio com agricultores(as) familiares da regifio de Botucatu, e inicio seus trabalhos com os assentamentos da regio de Campinas incluindo, em 1988, na disciplina Sociologia e Extensio Rural da FEAGRI, atividades de campo no assentamento Sumare I. A partir de entio, a disciplina propds uma nova metodologia de ensino-aprendizagem que propiciou aos estudantes de Engenharia Agricola a interagao com agricultores(as) familiares e a produgdo de conhecimentos praticos sobre a sua realidade. Nesta disciplina, uma das priticas trabalhadas ¢ a realizagio de projetos em conjunto com os(as) agricultores(as) familiares a partir de demandas por eles(as) apresentadas. Assim, durante o semestre em que é ofertada a disciplina, visitas pré-agendadas com grupos de agricultores(as) familiares sfo realizadas para que estudantes e agricultores(as) possam refletir sobre a realidade e buscar solugdes para as dificuldades enfrentadas. Diversos projetos foram realizados e muitos deles implementados pelos(as) agricultores(as) e/ou por suas organizagdes. Projetos como a criagdo de logomarea para cooperativa, criagao de logomarea [CRBEC | Tocantindpoik Basal [v7 [ ela751 | 100873 /uttabece [anad [ass] 7 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft para grupo de mulheres, criagao de ferramenta para o controle de vendas em aplicativo, planitha de controle de estoque, andlise de prego de alimentos organicos, projeto de irrigagao, dentre outros, foram colocados em uso pelos grupos trabalhados. A aproximagio dos(as) estudantes com a realidade da agricultura familiar tem promovido mudangas em alguns conceitos pré-estabelecidos, especialmente no que se refere a movimentos sociais e reforma agriia, ideal universitario de educar os jovens para a construcdo de uma consciéncia auténoma, representa um grande desafio que vai além dos curriculos, dos programas de estudo .... Envolve aproximi-los de uma realidade que s6 conhecem superficialmente, quase sempre através da visio dos meios de comunicacdo de massas (Rivera, 2017, p. 197). Durante o desenvolvimento dos projetos, os grupos de estudantes mantinham contato permanente com os grupos de agricultores(as) participantes da disciplina. Neste proceso ha 0 acompanhamento constante dos(as) responséveis pela disciplina, como a docente, a PED ¢ funcionéria(o) do laboratério de Comunicagao de Pesquisas Ambientais e Agricolas, Em cada conjunto de grupos tinha alguém acompanhando, entdo, a gente conseguia contato quase que direto com 0s agricultores para tirar chividas pontuais. Entio, 0 fato de ter essa participacdo, tanto nés do ponto de vista de apresentar propostas com critérios técnicos que a gente tinha aprendido no curso, mas também dela (desse acompanhamento), de trazer pra gente na discussao, 0 que dava e o que nao dava para fazer, o que era € 0 que nao era aplicavel, culminow num projeto mais robusto .... Se nfo tivesse esse processo, de construcao coletiva do projeto, das duas uma: ou a gente ia chegar num projeto extremamente tecnificado, imteressante, mas que iria para a gavela porque nao dava simplesmente para aplicar, ou entio ia chegar em algo que nem sequer de fato era problema ali no assentamento (Enwevista, aluno que cursow a disciplina no segundo semestre de 2019). O contetido tedrico trabalhado na disciplina compreende o entendimento da sociologia ¢ a sua relagio com a extensto rural; principios e filosofia da extensio rural; o processo de comunicagao, abordado inicialmente com uma dindmica de grupo e depois contextualizado com coneeitos teéricos; 0 quadro historico-institucional do servigo de assisténcia técnica e extensio rural no Brasil; a Politica Nacional de Assisténcia Técnica ¢ Extensio Rural ¢ a Agéncia Nacional de Assisténcia Técnica e Extensio Rural; a extensfo rural na atualidade no Brasil e no estado de Sao Paulo; métodos e técnicas utilizados na extensio rural; movimentos sociais do campo; organizagao rural: associativismo e cooperativismo. Esta disciplina é trabalhada a partir de um esforco coletivo entre docentes, pesquisadoras(es) ¢ funciondrias(os) que possuem como linha de pesquisa, estudos e praticas, [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 8 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft as questées relacionadas ao rural e a agroecologia enquanto campo de conhecimento ¢ experiéneias, na parceria com os movimentos sociais e a agricultura familiar” No entanto, as linhas da disciplina nfo sfo tragadas de forma tranquila, mas na resisténcia do esforgo de desamarrar uma série de nés que tinha como entrave a hegemonia do agronegécio entre os processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos na Engenharia Agricola, tendo como referéncia o campo das engenharias e das exatas, conforme Parchen (2007). O interesse dos(as) alunos(as) da Engenharia Agricola ¢ maior pelos assuntos que envolvem 0 agronegécio ¢ as engenharias. No inicio da disciplina hé uma dinimica de apresentacio da turma, onde é perguntado também o seu tema de interesse e trabalho no curso, os temas mais presentes sio: tecnologia de pés-colheita de alimentos, agricultura de preciso, mecanizagao agricola, quando nao, se desenvolve na confusio entre a engenharia agricola e a agronomia, Este entendimento pode ser elucidado por meio da fala de uma das alunas entrevistadas: Olha eu entrei bem perdida, eu nem sabia, exatamente, © que um Engenheiro Agricola fazia, Dei uma pesquisada antes de me candidatar, mas na minha cabeca eu achava que ia ter muito mais matéria de Engenharia Agronémica do que Engenharia mesmo, que € 0 curso da FEAGRL. E ai depois no decorrer do curso eu vi que era bem diferente, mas como eu ja tinha passado... As matérias etam bem dificeis, mas eu estava conseguindo tocar bem a graduacao. Entio eu decidi terminar a graduagdo, mesmo boa parte das matérias nfo sendo do meu interesse, nfo 0 que eu gostava, mas vi que o meu desempenho académico nao estava tio ruim e achava que eu ia conseguir dar conta. Ai as matérias que eu mais gostei foram, realmente, no final da graduagdo, que foram, principalmente, as matérias eletivas com a professora dessa disciplina; entio fiz com ela duas eletivas, que era Agroecologia, se nfio me engano, e uma de Marketing. E no final mesmo, acho que foi uma das wiltimas disciplinas que eu fiz, que foi a de Sociologia e Extensio Rural (Entrevista, aluna que cursou a disciplina no segundo semestre de 2020). (as) alunos(as) inelinados para uma atuagao e/ou interesse na drea de extensdo rural possuen um histérico de entendimento sobre o curso de Engenharia Agricola que parece estar marcado por sua associagio ao curso de Agronomia, No entanto, 0 curso de Engenharia Agricola pode ter um papel de formagao de extensionistas, sobretudo no campo da agricultura familiar, mesmo que sua atuago seja majoritariamente voltada para o agronegécio. Afinal, trabalhamos no e com o mundo rural. [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 9 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft curso de Engenharia Agricola e a disciplina Sociologia e Extensao Rural Conforme ja comentado, o historico do curso teve como referéneia pesquisas voltadas para o desenvolvimento de maquinas agricolas e pré-processamento de produtos agricolas. Embora tivessem alunos(as) que se interessassem por tecnologia e méquinas agricolas, também compreendia uma visio mais voltada para o meio ambiente e a produgio de alimentos, compreendendo casos com um histérico familiar oriundo do rural, aspecto que pode ser observado no seguinte depoimento: Eu prestei vestibular com a perspectiva que era uma Engenharia mais aplicada a0 meio ambiente, producdo agricola e tudo mais... Mas que no ia me fadar a ficar preso dentro de uma indistria para o testo da vida. Mas eu sendo téenico em Mecatrénica, eu entrei com a perspectiva que eu ia para drea de robética, de miquinas agricolas e tudo mais ... Ai eu tive comtato com a pés-colheita, eu fiz iniciacto cientifica, aqui no laboratério. Depois fiz o meu TCC também, e acabei indo mais para essa area, e dentro da pés-colheita, especificamente, pata frutas e hortalicas, que sempre foi onde eu mais gostei, que tem também uma grande rea da pés-colheita em gris, mas negécio de commodities, de monocultura nio é muito comigo. Mas eu j4 cresci completamente no contexto urbano. Mas tinha muitas histérias, a ‘minha avé sempre falow muito sobre colheita de algodio da roca. Ento eu sempre fui muito permeado pela histéria do meio rural, nas narrativas, nas historias da familia; mas nao na ritica, Mas eu fui ter contato de fato com coisas mais estruturadas de produgdo agricola, producao de alimentos e depois com a agricultura familiar e com assentamentos rurais, quando eu vim para faculdade mesmo (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2019) A percepgao dos(as) alunos(as) nem sempre leva em conta as questées do mundo rural e suas areas de conhecimento, carregando visdes estigmatizadas da agricultura familiar e, sobretudo, dos assentamentos rurais, de acordo com um dos ahmos entrevistados. Neste sentido, no debate entre a agricultura familiar ¢ o agronegécio o curso da Engenharia Agricola da UNICAMP ¢ entendido como “agronegécio e miquinas pesadas”, segundo uma das alunas de pés-graduagiio do PED entrevistada. Vimos este aspecto na entrevista com uma aluna também: Eu acho que € muito voltado para 0 mercado do agro, né, a0 agronegécio em si, Nao tem nenhuma matéria, assim, voltada para a producdo familiar, tirando a da Agroecologia Extensio; e acho que falta, um pouco, desse vigs sabe ... Mas no geral eu vejo que & muito voltada mais, assim, para 0 agronegécio mesmo, do que para a produgao familiar (Entrevista, aluna que cursow a disciplina no segundo semestre de 2020). [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 10 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft No entanto, o curso de Engenharia Agricola também é considerado muito vasto, com a capacidade de atender o que a agronomia © as engenharias especificas nao desenvolvem, oportunizando meios de aprofundar diversas areas do conhecimento E um curso bem abrangente na teoria, & um curso que vocé tem matérias na mecanica, na civil, € uma gama que vocé pode atuar. Eu mesma nfo seguia a parte mais agro ¢ dev a possibilidade de ir para o amo financeiro, abre potencialidades de trabalho. Porém, poderia tornar essa formacdo mais fluida no sentido de balancear mais a teoria com a pritica, a parte prética a gente tem muito contato com maquina, sendo que eu acho que a agricultura no & 86 isso. Ter essa pritica para estar préximo de agricultores. A maioria quer (méquinas, agronegécio) ¢ vao para esse lado, s6 que tem pessoas que querem essa vertente que mio & explorada (Entrevista, aluna que cursow a disciplina no curso de verdo janeiro de 2020), Ao mesmo tempo, pode haver duas perspectivas diferentes sobre a pratica de campo da Engenharia Agricola que levam a pensar os desafios do curso, trazendo a centralidade da pritica como possibilidade de vivenciar e repensar a sua estrutura curricular. curso para mim, e ai eu falo de um contexto de quem veio da cidade grande, foi assim, completamente, disruptivo, me colocou em contato com coisas que faziam parte do meu dia a dia, mas que eu nao tinha ideia de como isso estava relacionado diretamente, porque eu nao vivia ali no campo, eu vejo que é uma perspectiva diferente de quem vem de, por exemplo, do meio rural, pra fazer, ¢ af jd vem com a ideia de como... tirar o leite da vaca, ajudar 0 pai na produgao agricola, é uma perspectiva completamente diferente ... Entaio essa interagao era bastante interessante, entio eu fui de fato calgar as botinas e sujar nas aulas praticas, aqui, no campo experimental, quando teve gente que ja nasceu com as botinas sujas, trabalhando no dia a dia no meio rural. E ao mesmo tempo eu vejo que o curso é bastante amplo no ponto de vista de abordar as diversas reas, umas com mais énfase, outras com menos (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2019), Acho que a gente poderia focar um pouquinho mais na parte agricola, assim para o campo, para as coisas priticas dentro do curso, porque acaba ajudando a gente mais depois. Porque muita gente sai da faculdade sem munca ter ido pro campo direito, eu tive a oportunidade de trabalhar em campo enquanto estava na faculdade ainda e é totalmente diferente. Acho que isso € algo a ser explorado melhor no curso, nao sei se como disciplinas novas, mas eu acho que dé para aproveitar disciplinas que a gente jé tem e aproveitar melhor o tempo fora de classe. Porque é o diferencial do nosso curso né, para se diferenciar um pouco das outras engenharias (Entrevista, altino que cursou a disciplina no segundo semestre de 2021). A importaneia da pritica nfo & de hoje argumentada como central no processo de educagio, se a tomamos como libertadora, critica, dialética e dialégica, na relagao dos individuos, educandos(as) e educadores(as) com o mundo, como constitutive de conhecimento no reconhecimento do seu papel de sujeitos cognoscentes na “praxis” da (sua) ago, da (sua) reflexdo e da (sua) transformagio (Freire, 1983). Neste caminho, por meio da relagdo nao dicotémica entre a pritica ¢ a teoria para a reflexao da prépria ago, conforme [CRBEC_[ Tocaatindpots Brat [v7 [ e14751 | 1020873 /atesbec e475 | 2002 [SSN 25054965] a Sours Esquerdo, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $.M.P.P. 202). Dard ccna Este Rar ria « mom a ra do cote com eon «pa fai uma abordagem freiriana, a Engenharia Agricola pode ser capaz de se abrir para as possibilidades de sustentabilidade e transformagao, construindo conhecimentos por meio da agroecologia, da extensio e da sociologia rural, por exemplo, em que se considera a disciplina de Sociologia e Extensio Rural (Freire, 1983). Uma das alunas pés-graduanda do PED que foi entrevistada abordou muito bem esta questio: Eu acho que é uma érea extremamente importante ... S6 que et acho que... A Engenharia Agricola, ela precisa se sustentabilizar e nao ser s6 essa formagao, nao pode ser apenas um discurso e sim na pritica. Mais do que nunca, a formacio do novo engenheiro agricola dos engenheiros, engenheiros e engenheiros agricolas precisa ter esse olhar forte na questi da sustentabilidade do campo. F ai nés estamos falando da relacdo, de produzir, principalmente sem veneno, Tem a ver com questao politica, tem a ver com questdo social, E ai é aonde que entra as disciplinas de extensdo rural, de sociologia, que vao fazer essa abordagem. Garanto que as outras nao fazem essa abordagem. Que hi a questio de povos tradicionais também, além dessa formacio, dessa formacio com um olhar extremamente sustentével e uma formacao social. E eu acho que isso perpassa por todas as disciplinas do fururo. E ai acontece essa questo da sustentabilidade, nado s6 como discurso, mas sim como prética na formacao de engenheiros agricolas, Passar pela sustentabilidade e pela questo social. Nao da para, como fala, desvencilhar uma da outra (Entrevista, aluna pos-graduanda de PED ¢ colaboradora da disciplina). No entanto, este avango ainda se mostra como um desafio ja que a Engenharia Agricola parece se desenvolver, de acordo com uma das alunas que cursou a disciplina, sob as rédeas da iniciativa privada, “a servigo do que a gente se contrapée”, dificultando a busca da inter ou transdisciplinaridade, 0 tabalho social e a pritica de campo da agricultura, pelo menos familiar. O processo de curricularizagao da extensdo em curso pode ser uma possibilidade, mas nos resta perguntar como ele ser conduzido. Acho que no momento que a gente conseguir mais interdisciplinar 9 curso, isso dara mais embasamento pro profissional. As vezes a gente aprende muitas coisas isoladas e se elas fossem combinadas no curso, no préprio curriculo, isso seria muito interessante. E a questo, por exemplo, da disciplina, quando a gente faz a disciplina de Extenséo Rural, quando ew vou no produtor e ele diz que um dos principais problemas la esta sendo o resfriamento de hortalicas, e a gente teve uma disciplina de resfriamento © ai voc€ consegue usar as metodologias participativas nos contextos de avaliacao dos projetos para executar juntos com 08 agricultores ... Eu acho que o desafio esta em congregar, em tornar mais interdisciplinar 0 curso, para que as potencialidades sejam ainda maiores (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2019). Eu acho que ter um entrosamento maior entre as disciplinas e a extensfo .. Agora tem uma obrigatoriedade da extenso nos curriculos das universidades ... Acho que isso abre ai uma brecha para se pensar uma aplicacdo, de uma outra visdo, de uma outra forma de cumprir com as cargas, com 0s curriculas, integrando a extensto o mais proximo possivel de cada uma das diseiplinas. Entio ew acho que é uma questio complexa no sentido da gente ter [CRBEC_[ Tocaatindpots Brat [v7 [ e14751 | 1020873 /atesbec e475 | 2002 [SSN 25054965] 2 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft piiblico, inclusive para atender todas as demandas que gerariam cada disciplina ter um trabalho de extens4o para atender, para poder acompanhar demandas ... Mas eu acho que isso poderia ser mais intezrado desde 0 inicio do curso ... E também outra coisa que eu acho que foi se perdendo, eu acho que foi mesmo 0 corpo a corpo do Engenheiro com a agricultura (Entrevista, funciondria aposentada e participante da diseiplina) Neste sentido, a disciplina Sociologia e Extensio Rural vem representando historicamente dentro da FEAGRI muito mais do que a resisténeia de uma area académica voltada para a extensio rural no proceso de produgio de conhecimento, mas uma capacidade de dialogar com as cigncias humanas, consolidando processos transdisciplinares tio requeridos (Segrera, 2005), em um social que parte das demandas da agricultura familiar e dos movimentos sociais. No entanto, a disciplina se desenvolve por uma ambiguidade que nfo tem a oportunidade de ser trabalhada desde o inicio do curso para contribuir de fato com a formacio dos(as) engenheiros(as) agricolas ¢ marear desde o ingresso do(a) aluno(a) na Universidade a importancia de um conhecimento baseado na sociologia e na extensio rural. Esta disciplina é ministrada no tltimo semestre do curso, caso fosse ofertada no inicio ou na metade do curso, quem sabe teriamos mais interesse ¢ mais egressos(as) orientados(as) para 0 trabalho extensionista, para a atuagio junto & agricultura familiar e aos movimentos sociais, em didlogo com os principios da agroecologia. Eu lembro de ser muito pontuado, quando eu fiz a disciplina, que a disciplina deveria ser colocada no inicio do curso, disciplinas similares no inicio, para as pessoas terem nogao da disciplina desde o inicio. A pessoa ja fez 75% de curso e talvez ela nao pegou nenhuma disciplina assim e munca teve contato com essa vertente da engenharia agricola (Entrevista, aluna que cursou a disciplina no curso de verdo/janeiro de 2020), Tem uma ambiguidade ai que acho que tem de um lado, pelo fato dela ser no final do curso, que é uma questo que a gente j4 chegou a ponderar, quando a gente estava ai, junto, na faculdade. O fato deles chegarem no final do curso para fazerem a disciplina, ainda que tenha passado por uma ou outra disciplina que abordava as questdes mais ligadas as questoes sociais da agricultura ... Pra mim eu acho que, ndo sei, nfo sinto que era a melhor etapa pra eles. Até porque tem uma demanda que eles estio mais pra fora do que pra dentro, né, ja estdo nos estigios ... Entio realmente, assim, eu acho que no momento anterior em que eles estivessem mais disponiveis, no momento ainda mais ligado no curso, acho que seria mais. efetivo 0 cumprimento da disciplina (Entrevista, funcionéria aposentada e participante da disciplina). ‘Na maioria dos cursos, a disciplina ¢ ministrada nos Ultimos semestres. Dessa forma, para o processo de formacao nao ha um fio que conduz os(as) estudantes para a compreensio [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 3 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft de outras realidades do meio rural (que nao apenas o agronegécio), capaz de integrar os diferentes conhecimentos abordados no curso (Callow et al., 2008). As percepdes apresentadas podem indicar que na disciplina nfo hi conflitos ou contro érsias, o que nao é verdade. Os conffitos se fazem presentes, o que pode ser percebido em uma das falas da funciondria aposentada que contribuiu com a diseiplina: “E tem algumas coisas mais gerais, desde a falta de respeito conosco ¢ de questionarem o agricultor, como ele se organizava com o sitio dele. Uma arrogineia muito grande, esse lugar ocupado pelo Cruz (engenheiro, personagem da pega de teatro “O Extensionista”, trabalhado na diseiplina). No tiltimo semestre do curso de Engenharia Agricola, os(as) alunos(as) ja possuem seus interesses profissionais definidos (ou quase), & muitos deles(as) ja esto no mercado de trabalho, diminuindo assim o interesse pelos assuntos abordados na disciplina. Em uma das turmas fomos questionadas sobre 0 porqué do desenvolvimento de trabalhos com agricultores(as) assentados(as), pois a ida a um assentamento estava causando desconforto entre os(as) alunos(as). Isso demonstra o desconhecimento da realidade do meio rural. Este fato foi trabalhado com a turma e o pré-conceito existente foi sendo modificado ao longo da disciplina Entio assim, tinha uma forma de fazer a disciplina para cumprir crédito, mio era exatamente uma participacdo assim de coragdo, que as pessoas estavam interessadas, entdo tem essa ambiguidade em relagdo a isso, que assim, ali no dia a dia eram poucas as pessoas que de fato tinha uma atencdo, que se dedicavam com essa disciplina ... Porque ao mesmo Tempo que no cotidiano na sala de aula tinha uma certa auséneia, de repente tem coisas que atravessaram as pessoas que ficaram, que marcaram, esses retornos mais pontuais (Enwevista, funcionéria aposentada e participante da disciplina) Algumas vezes a percepgio que os(as) estudantes possuem sobre a disciplina antes de cursé-la é diferente e recheada de pré-concepydes © julgamentos sobre assuntos que desconhecem ou que conhecem de forma pouco profunda, Pereebemos que para alguns alunos(as) ha uma transformagio no seu modo de pensar e compreender os assuntos abordados. Via como s6 uma outta disciplina que precisava cursar, mas acredito que existe mais necessidade de ter mais informacdo sobre isso. Agricultura familiar é um desafio que vai encontrar no campo e & muito pouco explorado na faculdade (Entrevista, aluna que cursou a disciplina no segundo semestre de 2021). [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] or Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft Mesmo diante dos desafios da sua resisténcia, a disciplina Sociologia ¢ Extensio Rural vem se desenvolvendo no curso de Engenharia Agricola de forma horizontal e didatica, pensada, desde sua origem, para ser paradigmética e processual, tendo na aproximag3o com 0s agricultores e agricultoras envolvidos(as) a centralidade do processo, e no sentir, pensar & fazer da educagio: “é no pensar, é no sentir e no querer; tem muita afetividade, tem muita emogio envolvida” (de acordo com uma das pés-graduandas que colaborou com a disciplina). Este aspecto abordado pela colaboradora nos leva a dialogar com o desenvolvimento epistémico e pedagégico feito por intelectuais latinoamericanos no século XXI, tais como Walter Mignolo, Anibal Quijano, Arturo Escobar, entre outros, além da propria Catherine Walsh, que vém pensando criticamente e transdisciplinarmente fora dos limites modemo, colonial, ocidental, eurocéntrico, racista e capitalista, mas desde os(as) subalternos(as) & petiféricos(as) que produzem conhecimentos silenciados historicamente. Estes conhecimentos outros nao se limitam a academia ¢ sdo construidos desde as lutas de povos colonizados, as agdes dos miovimentos sociais, dos povos e comunidades tradicionais no pensar/ser/fazer/sentir da sua prixis e no contraponto retérica da modemidade ¢ da colonialidade, a partir de uma pedagogia decolonial frente 4 geopolitica hegeménica (Walsh, Oliveira & Candau, 2018). Nos fazem refletir ¢ repensar (auto)criticamente como seria construir a disciplina a partir de uma pedagogia decolonial? Sobretudo para os agricultores(as) e os movimentos sociais, 0 didlogo desenvolvido sé tem sentido se ha aproximagio com a classe trabalhadora. E uma questio de classe também, tendo em conta que a relagio entre Universidade e populago foi historicamente marcada por servigos orientados para a classe trabalhadora. Tem-se como referencia a criagao das chamadas Universidades Populares (UP), que surgem na Europa no século XIX em diversos paises no mundo e na América Latina, como resposta as reivindicagdes das populagdes negadas pelas Universidades (Fraga, 2017). A gente sempre deixou assim bem claro que para nés, enquanto movimento social, ter essa proximidade da academia é, de certa forma, uma realizacdo do que a gente defende, que é a academia sé tem sentido se ela se aproximar da classe trabalhadora ... Mas a tarefa da academia é se aproximar do povo, nao se distanciar & de um modo geral, a universalidade acaba se distanciando, Ow seja, 0 cientifico conhecimento se distancia muito da classe, Entio, quando a gente participa de eventos e atividades que nem essa, para nés é um prazer e um orgulho, porque é 0 que a gente defende, se concretizando. Eu estava dizendo aqui que para nés, como movimento social, ter essa proximidade, essa participacto nossa mum estudo do conhecimento da academia é um prazer, porque é 0 que a gente defende, a universidade, ela tem que estar, ela tem que estar préxima da classe trabalhadora, préximo do trabalhador & [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] as Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft ndo distante. Entao, porque quando a gente participa desse processo, a gente transmite o conhecimento que a gente acumulou, mas a gente absorve esse conhecimento que também tem na academia ... Eu sempre oriento os meninos, olha se eu no posso atender vocés vio ¢ cuidem dessas pessoas, porque elas esto aqui com um proposito de entender nds, mas também de nés aprender com eles (Entrevista com Responsivel pela Frente de Comercializagdo dos Armazéns do Campo do MST e participante da disciplina). De fato, na construgio pedagégica da disciplina hd um esforgo de superar a transferéneia de conhecimento a partir de uma educagio bancéria, conforme a critiea de Paulo Freire (2005) em “A pedagogia do oprimido”, baseada na domesticagao. A todo momento buscamos desconstruir concepedes arraigadas da relagio da extensio com transferéncia, difusto, propaganda, persuasio etc., segundo Freire (1983), e de uma percepedo sobre o conhecimento académico verticalizado. A desconstrugao pretendida pelas professoras da disciplina, desde a sua concepgio, diz. respeito @ uma pritica histériea de ruptura com o ensino tradicional da extensfo rural - um ensino permeado por relagdes autoritérias e hierarquizadas - que ocorreu a partir dos anos 1970 em diversas universidades no Brasil, conforme Callow et al. (2008), tendo como referéncia a obra Extensio ou Comunicagio? de Paulo Freire. Quando perguntamos aos(iis) alunos(as) a diferenga da disciplina de Sociologia e Extensio Rural em relagio is demais do curso de Engenharia Agricola, uma das respostas foi: Primeiro 0 modo como ela era dada, nao era de forma alguma como uma disciplina expositiva. A maior parte da disciplina que a gente tem, que a gente passa aqui é na ideia da educagdo bancéria, em que o professor vai li na frente apresenta os slides, vocé tem que dar um jeito de absorver tudo aquilo de alguma forma e vomitar aquilo nas avaliagdes no final do semestre para obter uma nota. A primeira diferena; isso eu percebi na primeira aula: foi que sem a participagao dos alunos nao construia a disciplina, Todas as aulas dependiam da participacao dos alunos. E além disso a avaliagao nao eta de fato ... uma avaliagao padraio de prova, era um projeto. Entdo se a gente ndo se inteirasse desse procedimento a gente ndo ia conseguir desenvolver o projeto. Entdo acho que a principal diferenga & 0 modo, da forma como funciona o contetido pedagégico da disciplina com a avaliacao, 8 uma das poucas disciplinas que a gente consegue vincular com que & avaliado, so poucas as disciplinas (Entrevista, aluno que cursow a disciplina no segundo semestre de 2019). Sociologia e Extensio Rural: aproximagao entre Universidade e o mundo rural A ementa da diseiplina visa contribuir para um entendimento introdutério sobre sociologia e extensio rural partindo de uma problematizagao da extensio, Para isso, trabalhamos com a obra elassiea de Paulo Freire: “Extensio ou Comunicagao?”, discutindo os [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 16 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft principios e a filosofia da extensto, desconstruindo algumas ideias de extensio associada ao assistencialismo ou 4 difusio de tecnologias. A compreensio da extensio rural vai sendo aprofundada a partir da proposta de leitura e encenagdo, por parte dos alunos(as), do livro: “O Extensionista”, de Felipe Santander, uma pega de teatro que contribui para desconstruir concepgdes fundadas no extensionismo assistencialista e difusionista, na tensio entre uma orientagao produtivista e humanista critica (Rodrigues, 1997). Neste caminho, a disciplina também desenvolve a extenséo rural como estratégia de transformagio da realidade rural no Brasil. Parte de uma revisio critica do proceso de difusio de inovacdes tecnolégicas na agricultura e dos métodos clissicos de assisténeia técnica extensio rural, para uma discussio patticipativa, permeada pelo uso das metodologias participativas enquanto estratégia de didlogo e construgio de conhecimentos sobre sustentabilidade e agroecologia, Desta forma, trabalhamos também nogdes de organizagao rural, associativismo © cooperativismo, produzindo entendimento sobre os movimentos sociais do campo. A disciplina tem como estratégia didatica 0 didlogo processual com grupos de agricultores e agricultoras familiares que possuem trajetoria em pesquisas e projetos de extensdo construidos junto com as professoras ¢ as colaboradoras, culminando na elaboragao conjunta de projetos de intervencio na realidade possiveis de serem aplicados no prazo de uma disciplina e que partem da demanda dos(s) préprios(as) agricultores(as): A gente se dividit: em algumas frentes de trabalho com eles. Se eu ndo me engano, teve uma frente de desenvolvimento, de identidade visual e de redes sociais, uma frente que se preocupou em ajudar a gente com um problema tecnolégico especifico, que era a da embalagem a vacuo, um problema de pos colheita que a gente tinha aqui, E um outro grupo que ficou... Foi a pés colheita, a logomarca, Acho que de plano de negécios mesmo, de ajudar a gente a pensar no plano de negocios da cooperativa © o que seria possivel ... E um quarto que era 0 do calendério, que ajudou a gente a pensar em fazer um planejamento da produeao aqui (Entrevista com uma das agricultoras que participou da disciplina) De acordo com uma das alunas de pés-graduagio de PED e colaboradora, iniciar a disciplina com a desconstrugao do extensionista é 0 primeiro passo significative para uma construgdo mais critica da extensio rural; “o segundo ponto € conhecer os agricultores e agricultoras, sentir € ouvir eles e elas falando, esse contato & fantastico ...ver essa galera e olbar pra essa demanda, eles e elas tém uma demanda conereta”. [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] wv Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft Mas a gente fez tum processo inicial de apresentacao para a professora das possibilidades & de formagao dos grupos, de acordo com as nossas demandas especificas da cooperativa. Acho que aqui a gente teve uma dificuldade inicial, porque a cooperativa estava, no periodo da disciplina, ainda numa fase muito incipiente, de uma experiéncia que € a experiéncia da producto de gras, de feijzio organico e de milho orginico ... A gente estava entio com duas safras dessa produgdo de gros orginicos e a necessidade de pensar e amadurecer entre nds mesmo essa experiéncia, Eu acho que foi bastante importame porque a gente péde, a0 dialogar com os estudantes, com a professora, organizar informacdes e organizar e entender quais eam as nossas demandas também. Entio, ajuda a gente, no nosso préprio planejamento estratégico, entender quais eram os gargalos e como que a gente poderia somar esforcos nisso (Entrevista com uma das agricultoras que participou da diseiplina). Assim, reconhecer como os ahunos ¢ as alunas, os agricultores ¢ as agricultoras pereebem o processo da disciplina, tem muito a dizer sobre as possibilidades de relagdes e vineulos de trajetérias que vao sendo construidos durante a disciplina, que tem o fazer COM um sentido muito maior do que o PARA. As percepgdes vio além do que usualmente se percebe, na correspondéncia e na descoberta de mundos @ conhecimentos a partir da experimentagao, que para Ingold (2012; 2015) esté muito relacionado as mos e a improvisagio: “Numa visita dessa, a galera aprende mais do que sei li em quanto tempo de aula” (Entrevista, aluna pés-graduanda de PED e colaboradora da disciplina). Primeiro, acho que a disciplina foi quase um alento... um espago de conforto no meio de um semestre, Porque quanto mais a gente chega no final do curso, mais conturbadas ficam as, coisas, Entio uma meméria afetiva que eu tenho muito da disciplina, que era um dia que ew ia para aula e que ia ser algo legal de fazer. Eu lembro, inclusive, que a primeira atividade que a gente teve, que foi sugerida logo no comeco, foi a professora que passou o livro .. era uma obra de teatro *O Extensionista’, ... que a gente fez um teatro de fantoche para contar parte daquela histéria. E foi mito bacana porque ela permitiu, ela fugin do padrio. Eu Iembro que a primeira aula passou uma série de livros, coisa que a gente sempre teve livros. textos na faculdade, nas disciplinas, mas a gente nao era obrigado a ler, que a gente os usava para fazer exercicios e resolver provas. E de repente eu chego em uma disciplina em que passa uma série de livros, esperando que a gente leia para trazer isso para o debate, para discussao dentro da sala de aula ... Eu li aquela mesma obra com outro olhar, dai foi quando eu tive esse contato mais direto com a obra de Paulo Freire e tudo mais. Entao essa forma de ter guiado contatos com obras importantes, tal qual foi Paulo Freire, mas também a Primavesi; também outros autores importantes, autoras e autores da Agroecologia, da Extensio Rural, da Reforma Agraria no Brasil. Sé que era nmito mais do ponto de vista de ola, se vocés lerem esse material vai ser mais interessante a préxima aula; ¢ nao olha, leiam esse material porque isso vai cair na prova (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2019). Sociologia e Extensfo Rural uma disciplina obrigatéria, a visto era que era uma disciplina de humanas num curso cheio de exatas, foi algo para respirar. Nao tinha parado para pensar nos assuntos que eram abordados. E um momento para pensar em outras dreas, que epresentam muito a agricultura brasileira (Entrevista, aluna que cursou a disciplina no segundo semestre de 2021). [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 18 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft Com a pandemia de Covid-19, a docente e as(os) colaboradoras(es) da disciplina tiveram 0 desafio de adequar a sua metodologia para o formato on-line. A primeira divida que surgiu foi sobre a continuidade ou no da realizagio do trabalho pratico com os(as) agricultores(as) familiares, pois nao seria possivel a realizagao das visitas nas propriedades. Decidimos manter os projetos e a participagio dos(as) agricultores(as). No formato presencial, trabalhamos com agricultores(as) da regio de Campinas, pela proximidade de deslocamento. © formato on-line possibilitou 0 desenvolvimento de traballios com agricultores(as) de outras regides, como do Pontal do Paranapanema e de Promissio, regides distantes de Campinas Avaliamos que esse processo foi interessante, contudo as aulas presenciais e as visitas nas propriedades so mais enriquecedoras para a construgio do conhecimento. © on-line surpreendeu em relaco ao contato com os agricultores familiares, quando a gente teve a possibilidade de falar com eles, a gente desenvolveu os projetos e foi de qualidade. Mas por outro lado, o contato fisico poderia ter sido melhor para desenvolver algumas questoes, nessa parte (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2021). Esta pode ser uma percepeao pontual de alguns alunos(as) mais dedicados a disciplina e as teméticas abordadas, pois durante os dois anos de oferecimento on-line percebemos a auséncia de grande parte dos(as) alunos(as) nas aulas. “Durante a pandemia eu acabei nio levando tanto a sério a disciplina” (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2020). Inclusive, uma das alunas entrevistadas e que fez a disciplina no formato online disse ter feito uma visita, algo que nao ocorreu. “Lembro de ter feito uma visita a uma cooperativa e pude ver como era o dia a dia. Vi uma produgao com agrofloresta, vi a parte do beneficiamento, conversei com os agricultores, com os responsaveis” (Entrevista, aluna que cursou a disciplina no segundo semestre de 2021), Neste contexto, dialogamos com Ingold (2012; 2015) para percebermos as construgdes possiveis e experimentadas com a disciplina, a partir da extensfo universitiria e, sobretudo, da extensio rural, para além do seu conteiido mas, por uma concepgao construtivista da extensdo rural agroecolégica: ‘A coeréncia pedagigica, com base na educagdo popular, na construcio de ensino- aprendizagem de forma participativa .. O enfoque pedagégico é fundamentado na Agroecologia ... As outras [disciplinas] s4o totalmente transferéncia de conhecimento, educagao bancéria ... Sao todas bem mais focadas no agronegécio. Desde metodologia de ensino-aprendizagem a quem é 0 piblico, o foco (Entrevista, altuna pés-graduanda de PED colaboradora da disciplina). [CRBEC_[ Tocaatindpots Brat [v7 [ e14751 | 1020873 /atesbec e475 | 2002 [SSN 25054965] 19 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft Desde a Politica Nacional de assisténcia Técnica e Extensio Rural - PNATER (2003- 2004), em sua contribuigao a problematizagao do papel da extensio rural e 4 ruptura com a trajetdria do servigo de assisténcia técnica e extensio rural (ATER) historicamente vigente no Brasil, hé um avango das concepgdes tedrico-metodologicas até entio conduzidas, dando lugar ao enfoque participative orientado pela agroecologia e pela sustentabilidade, na defesa de uma universalidade de carter piblico, destinados prioritariamente & agricultura familiar e aos povos ¢ comunidades tradicionais (Brasil, 2004; Caporal, 2015; Petersen et al., 2009). Com © surgimento da PNATER, a tarefa de educagdo na extensio rural assumia novos paradigmas e bases pedagdgicas em suas atividades de formacio (Caporal, 20015), na problematizagio das desigualdades de género, de geragio, de raga e de etnia, na incluso social e produtiva das populagdes mais pobres do pais (Brasil, 2004). A extensiio rural agroecolégica se desenvolve no reconhecimento de diferentes formas de saberes oriundaos da relagdo entre as pessoas € 0 ambiente na construgio de agriculturas mais sustentiveis: no manejo dos recursos naturais ¢ na adogdo de teenologias apropriadas desenvolvidas nas pesquisas, priticas e aprendizagens COM as pessoas envolvidas, respeitando seus interesses ¢ necessidades (Caporal & Dambros, 2017). Outro ponto que eu gostei muito foram as metodologias participativas, ento a gente primeiro aprendia, era exposto a0 contetido tedrico, de dizer alba essas sAo as metodologias, € assim de quem propés fez... Dai a gente realizava na sala, fazia alguma atividade na sala com essas metodologias e depois a gente estrutura isso para levar para a pratica; era quando 2 gente ia fazer com os agricultores, essas atividades, esses encontros e usar isso para fazer 0 projeto. E ai isso foi revoluciondrio na minha formagto ... Por exemplo, na época que eu fiz a disciplina, 0 meu projeto foi na area de beneficiamento... na verdade de processamento minimo de couve. Eles faziam a producao de couve fatiada ¢ eles ainda tinham dificuldade do ponto de vista sanititio, de embalagem ¢ tudo mais. E ai eu consegui aplicar coisas de ‘uma area que eu gostava muito, que era da pés-colheita ... Olha vocé nfo vai chegar li, eles vio te dizer o problema e vocé vai apresentar a solue%o. Isso & construido coletivamente. E ai Voce entra no comego com o pé atris, se perguntando e... ser que isso funciona? E vor’ chega no final do projeto com um projeto incrivel, construido de forma coletiva e que & baseado em tudo aquilo que voeé vit... E acho que uma coisa que foi bastante confortante na disciplina & que vocé conseguia aplicar a teoria e a pritica de forma conjunta na atividade do dia a dia (Entrevista, aluno que cursou a disciplina no segundo semestre de 2019), Neste sentido, um “ fazer com” ingoldiano pode implicar um devir no previamente elaborado pelo conhecimento técnico dos(as) formandos(as) em Engenharia Agricola, com a contribuigio de desenhos, para pensar o esforgo de Ingold (2015), mas também métodos e metodologias participativas (Verdejo, 2010) que dispdem de uma série de ferramentas diditicas e lidieas no processo de construgio de conhecimento. Constrdi-se conhecimento [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 20 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft construindo e se reconstruindo no processo de improvisagao; tragando linhas e improvisando de acordo com fluxos contrafluxos dos “modos do mundo”, distanciando-se de uma conexio entre dois pontos extremos do conhecimento técnico e empirico, conforme seus proprios movimentos, priticas, pereepgdes ¢ ages (Ingold, 2012). Vejamos esta analogia mediante as falas dos(as) entrevistados(as): S6 tenho a agradecer porque para nés & importantissimo a gente ter esse diflogo para contribuir com nds nisso ... Porque como acabou Pronera que efa o programa que contribuia para a formagdo e capacitacto nossa mesmo, assim, entio nds ficamos meio dezapadrinhados, digamos assim, dezamadrinhados. E ai acho que vocés, sem diivida, tém um potencial enorme. Inclusive acho que numa mudanga de conjuntura ai, & nés pegarmos a experigncia sistematizada de vocés © apresentar para outros hugares ... E isso que vocés analisaram wm canal de comercializagao nosso, além de varios outros canais de comercializacao ... (Entrevista, Responsavel pela Frente de Comercializagao dos Armazéns. do Campo do MST). Eu acho que eles nos deram muitos subsidios para escolha da maquina e o formato da maquina e entender esse desafio da miquina de embaladora de graos a vicuo, Acho que esse foi bastante importante. Eles ajudaram a gente no plano de negécios, especificamente a fazer uma precificaedo, fazer uma pesquisa de preco. E isso foi para gente importante até pra entender, ainda que esse processo de pesquisa de precos tem sido muito dinimico. Mas a gente se socializou e construiu a metodologia a partir de diferentes formas de pensar preco de produto. Eles ajudaram a gente entender, inclusive, que 0 nosso prego do nosso feija0 orginico estava muito mais barato do que os precos operados no mercado ... Entio, foi para a gente ter essa dimensfo da precificacdo. Foram todos os grupos na verdade, contribuiram, Acho que tiveram contribuigdes importantes, mas a extensfo é essa via de mao dupla, assim, 1né, ndo adianta s6 elaborar e a gente nao dé conta de fazer esse proceso na pritica. Entio, existem continuidades que dependiam muito mais da gente do que da propria disciplina mesmo. Entdo, acho que isso fica muito marcado dessa continuidade de um proceso que depende mais da gente se organizar e dar conta também (Entrevista com uma das agricultoras que participou da disciplina) Diante de um cenério politico que favoreceu o desmonte de politicas piblicas voltadas para a agricultura familiar e para a seguranca alimentar e nutricional, o desafio ¢ a propria resisténcia da disciplina em sua estratégica didatica e metodolégica caracterizada pelo didlogo nio s6 entre a Universidade e os(as) agricultores(as), mas também com o ambiente, a realidade do campo, seus agroecossistemas, instrumentos ¢ téenicas empiricas, A disciplina Sociologia ¢ Extensio Rural é fundamental para contribuir nos processos de extensio e fortalecer a caminhada da agroecologia e dos movimentos sociais, em sua resisténcia em um curso de Engenharia Agricola. Ao mesmo tempo, outras disciplinas podem estar juntas nesta caminhada de forma transversal. Como desafio, elencando, primeiro manter essa mesma pegada, Segundo, fazer esse didlogo ai na universidade para tentar envolver outras disciplinas, outros cursos e ampliar. Pensando [CRBEC_[ Tocaatindpots Brat [v7 [ e14751 | 1020873 /atesbec e475 | 2002 [SSN 25054965] a Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a esd cn de Esse Rana ria « gi a ado abt ft sempre na massificagao, que é qualquer movimento social tem que pensar assim e torcer. Talvez dai organizar esses estigios. Por exemplo, nos armazéns da para ter... eles fazem estigio ... Fazer parte do acompanhamento e mesmo estégio aqui na vida real mesmo. Ji podem ficar 15 dias. A gente pode até pensar em uma ajuda, pagar as despesas, gente combinar que ele ajuda com 0 conhecimento dele e com a mio de obra ... E eu acho que outro desatio que € transversal a tudo & continuar 0 didlogo em tomno da agroecologia. Como fortalecer esse diflogo dentro da academia que esta mais presente? (Entrevista, Responsivel pela Frente de Comercializagao dos Armazéns do Campo do MST). Ao longo da disciplina, 0 processo de extensio, no trabalhar, com agricultores e agricultoras € provocado. O didlogo com a realidade da agricultura familiar é germinado em um cenatio de sujeitos de um rural que, na maioria das vezes, nao se conhece, conforme nos convoca a perceber uma das agricultoras entrevistadas: Para mim, 0 maior potencial é aproximar os estudantes da realidade e de uma realidade que eles no conhecem ou nfo conheciam ... Ento, esse reconliecimento ou o conhecimento do potencial da agricultura familiar, do potencial dos assentamentos de reforma agratia e de possibilidade deles olharem isso como um campo a ser trabalhado, como algo a ser desenvolvido. En acho que esse, para mim, é 0 principal potencial dessa disciplina. Acho que © segundo é essa aproximagfo da universidade em si instituigao, para além da aproximacao dos estudantes, da aproximacio da universidade com a realidade mesmo. Acho que essa disciplina ela junta com trés tripés muito importantes da universidade, o ensino, a pesquisa e extensdo, no sentido de poder fazer com que eles desempenhem pesquisas, de que eles fagam extensfo e que eles aprendam fazendo isso (Entrevista com uma das agricultoras que patticipou da disciplina). Neste caminho, 0 conhecer se aproxima da possibilidade de reconhecimento do potencial da agricultura familiar, de um campo que deveria ser mais trabalhado, mais pesquisado ¢ mais estudado, na relagao entre a Universidade ¢ 0 mundo rural. A interagio entre ensino, pesquisa e extensio ainda compreende um desafio, embora seja trabalhada em algumas disciplinas especificas, como as relacionadas & extensto rural Consideragdes finals Problematizar os desafios do ensino da extensio rural na conjuntura politica atual implica em refletir sobre o lugar em que se desenvolve as suas lutas, a Engenharia Agricola, na resisténeia de uma disciplina que se contrapde niio s6 ao paradigma do agronegécio, mas também as suas formas de pensar e conduzir a produgao de conhecimento: uma educagao bancaria, hierarquizada, difusionista e produtivista, caracterizada pela domesticagio e pela propaganda. Aqui, o lugar do social é 0 nfo lugar, em que se cegam as possibilidades de diélogos com as cigncias humanas e a interdisciplinaridade, ou seja, com as pessoas e com a [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 2 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a ie dE Ra rit: meg ma prea abt ft vida. A produgao de alimentos & composta de vida. Vidas que passam por situagio de inseguranea alimentar ¢ fome de acordo com as pesquisas mais recentes da Rede Penssan (2022). ‘No caminho de uma educagao libertadora a disciplina Sociologia e Extensio Rural ven tecendo linhas de conhecimento com a vida, com as pessoas, com as plantas, com os alimentos, com as florestas, com os animais, com as aguas, 0s ares ¢ a terra, se consolidando na resisténcia ¢ (re)existéncia do devir no desenho de possibilidades construidas na aproximacio da Universidade por meio da extensio. O diilogo construide & muito mais do que a conexio de suas polaridades porque ¢ tecido conjuntamente respeitando seus proprios movimentos e abertura de caminhos. Acreditamos que esta diseiplina proporeiona aos alunos(as) de Engenharia Agricola a oportunidade de conhecer e compreender uma categoria social pouco abordada durante o curso, qual seja, a agricultura familiar, especialmente agricultores(as) assentados(as). Antes de cursarem a diseiplina, poueos eram os(as) alunos(as) que conheciam um assentamento rural, ou mesmo uma propriedade familiar organica. Nesta aproximagio, entre alunos(as) ¢ agricultores(as), muitas erengas, € alguns preconceitos, sio descontruidos. Com o desenvolvimento dos projetos a partir da realidade dos(as) agricultores(as), os(as) alunos(as) se sentem mais titeis ao aplicarem os seus conhecimentos na pritica. No contexto da disciplina, trabalhar a relagio entre ensino, pesquisa e extensio ¢ indispensavel aos seus proprios conceitos, priticas e trajetorias, sendo impossivel a sua fragmentagio. A experigneia com as atividades desenvolvidas na disciplina Sociologia e Extensio Rural contribuiu para 0 processo de curricularizagao da extensiio na FEAGRI, com a criagao de outras duas disciplinas de priticas integradoras de extensio (Priticas Integradoras de Extensio Rural Ie If). Com essas novas disciplinas, pretendemos desenvolver, de forma ampliada, as atividades junto a grupos de agricultores(as) familiares que jé vem sendo realizadas, Como desafios dos cursos de Ciéncias Agririas, reivindicamos possibilidades de disciplinas que dialoguem com os sujeitos do mundo rural, da agricultura familiar e camponesa, das comunidades tradicionais e dos movimentos sociais. Para que 0s nossos esforgos sejam fortalecidos. [CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT B0E_[ BNET] 23 Sours Esquerdo, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $.M.P.P. 202). Dard ccna Este Rar ria « mom a ra do cote com eon «pa fai Referéncias Brasil. (2004). Ministério do Desenvolvimento Agririo. Politica Nacional de Assisténcia Técnica e Extensao Rural. Brasilia: MDA. Callou, A. B. F., Silva Pires, M. L. L., Leitdio, M. R. F. A., & Santos, M. S. T. (2008). 0 estado da arte do ensino da extensao rural no Brasil. Revista Extenstio Rural, Ano XV(16), 84- 116. 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[CRBEC_[Tocaatindpok/Biasl [7 [ ela751 | 1020873 /attabeceT 1] 2002 [BEES] 25 Sours Esquento, VF, Scher, 8S, & Besgumasco, $ ML. cote a Das de cn de Esco Rare ri meng ma pre * © Plano Nacional de Educagao (2011-2020), apontava em uma de suas metas (12.7) que as Instituigdes de Ensino Superior devens “assegurar, no minimo, 10% do total de eréditos curti-culares exigidos para a graduaglo em programas e projetos de Extensto Universitiria”, Esta meta foi ratificada no Plano Nacional de Educagao de 2014-2024 * Atualmente essa diseiplina possui 45h, sendo oferecida durante o segundo semestre de cada ano, * Os grupos de agricultores(as) que participam da disciplina sto aqueles cujas docentes possuem tradigao de abalhos realizados em coujunto, por meio de projetos de extensto, de pesquisas, eventos, cursos, entre outros, Hid uma relagao prévia, de trabalbo, que foi construida com esses grupos. Informagées do Artigo / Article Information Recebido em: 21/08/2022 ‘Aprovado em: 1011/2022 Publicado em: 19/12/2022 Received on August 21th, 2022 ‘Accepted on November 10th, 2022 Publehed on December, 19th, 2022 Contribuigses no Artigo: Os(as) autores(as) foram os(as) responsavers por todas as elapas @ resultados da pesquisa, a saber elaboracto, andise @ interpratagao dos dades; esorta e revisdo do contalido da manusorta e; aprovago da verso ‘inal pubicada ‘Author Contributions: The author were responsible for the designing, delineating, anslyzing and interpreting the data, production ofthe manuscript. citea revision ofthe content and approval ofthe final version published Contitos de Ineresse: 0s(as) auloves(as) declararem nao haver nenhum confite de inerasse rareranta a aste argo Contlet of interest: Nene reported. ‘Arvaliacao do artigo ‘Anigo avaiado por pares. ‘Article Peer Review Double rewew. ‘Agencia de Fomento Funding [CRBEC_[ Tocaatindpots Brat [v7 [ e14751 | 1020873 /atesbec e475 | 2002 [SSN 25054965] 26 Sours Esquerdo, VF, Scher, 8S, & Bergamasco, § MP. P2022). Der cede Exe Rar im non ss aia meng ma pre Come citar este artigo ! How to cite this article APA Souza-Esquordo, V. F, Sober, S. 8, & Bergamasco, S.M_P. P. (2022). Dasafios do ensino da Extensa Rural prticas © mmetodologias na produgSo do conhecimenta com agicutores e agricultaras familiares, Rev. Bras. Eduo Camp, 7, 614751 flip do org/10-208,7 uf roe 214751 ABNT SOUZA-ESQUERDO, VF; SIEBER, SS. BERGAMASCO, SMP. P. Dasafios do ensino da Extenséo Rural: praticas © metedologias na producao do coniecimento com agncultores 0 agricutoras familares. Rev. Bras. Educ. Camp. Tocantndpols,v.7, 614751, 2022. hip dx do om/10 2087 tec 814751 [RBEC | Tocaatindpotis/Baasl [7 [ el4751 [1020873 ateabe

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