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©Manuel Castells “iaduzido do originals The rise of the network society Para Emma Kiselyova-Castells, ‘cujo amor, trabalho e apoio foram decisivos para a existéncia deste livr. CP-Brasl, Catslogagio-Na-Fonte (Gindicato Nacional dos Edtores de Livros, R), Brasil) (Castells, Manuel, 1942- [A sociedade em rede/Manuel Castells radugio: Roaeide Vendncio Majer — (Aces dainformagio: economia, sociedade e culcuts; 1) ‘Sto Paulo: Paz e Tera, 1999. ISBN 85-219.0329-4 Incui bibliografi casts 1. Tecnologia dainformasio ~ Axpectossocias. 2. Teenologia da infor magio = Aspects conémicos. 3. Sociedade da informagio. 4, Redes de informagio. 5. Tecnologia civilzagio 1 Teale 1, Série 99.0358 cpD-303.483 epu316.422.46 EDITORA PAZ E TERRA S.A. Rua do Triunfo, 177 (01212-010 — Sto Paulo-SP Tels (011) 223-6522 Fax: (011) 223-6290, Sumario Ilustragdes Tabelas Agradecimentos. Prologo: A Rede ¢ o Ser. : ‘Tecnologia, sociedade etransformagio histérica Informacionalismo, industialismo,eapitalismo,estatismo: modes de desenvolvimento e modos de produto. 0 informacionalismo ea peresiroya capitalists, (0 Serna sociedade informacion. Algumas palavras sobre 0 método. . Noted seu me 8 95 : 1. A Revolugio da Tecnologia da lnformasio Que revolugio? LigGes da Revolugio Industrial : ‘A seqiénciahistécca da Revolug da Teenologa da Informagio - “Macromudangas da microengenharia:eletrénica ¢ informagio O divisor teenolégico dos anos 70 Tecnologias da vida. O context social ea dnimica da tansformasio tenolésicn Modelos, atores ¢ locais da Revolugio da Tecnologia da Informagio (© paradigma da tecnologia da informagio Notas 7 2. A economia informacional ¢ o processo de globalizacaio. Introdugio . 12 4 7 au 24 31 36 38 41 a 49 49 33 ST 58 64 65 68 a) 1 81 87 87 5 sumo Produtividade, competitividade ea economia informacional........... 88 O enigma da produtvidede.... 88 {A prodatvidae baseada em conhecimentos 6 especiica da ecenomia informacional? 90 Informacionalismo ¢capaliso, produividadee hcratvidade..... 100 Arepolitzaglo 6ocapitalismo informacional .. 107 ‘A especificidae histrica do informacionalismo 109 A economia plobal: g6nese, estruturaedindmica.......++++ I limites da globaizagao. : us {A diferenciagdo regional da economia global. i 7 ‘A segmentagio da economia global 120 [As fonts de competviade na economia seb. 11 ‘A mais nova divisio intemacional do trabalho : 123 ‘Muang dos modelos da dvisto interacioal do taba na economia informacional/global: 0 poder datriade, a ascensto da repido do Pacifica © fim do Teresiro Mundo « 124 Fontes de crescimento ¢estagnacio na divisto internacional do trabalho: a mudanga do destino éa América Latina a BI {A dinimica de exclusio da nova economia global: 6 destino da Africa? 148 ‘Atma fronteira da economia global: a incorporagdo segmentada da Rissiae das ex-repiblicas soviticas 151 A arquitetura e a geometria da economia informacional/global. 159 ‘Apéndice: Alguns comentitios metodolbgicos sobre as politicas de ajuste da Africa e sua avaliagio .. fase : 161 Notas eda 164 3. A empresa em rede: a cultura, as instituigbes e as organizagdes da ‘economia informacional. .... ius sda 173 Introdugaio 13 “Trajetriasergaizacionais na reestruturag do captalismo ema transigdo do industialismo para o informacionalismo ........ 174 ‘Da produgio em massa A produslo flexivel 195 ‘A empresa de pequeno port ea erise da empresa de grande pore: mito ¢realidade 176 “oyotismo”: cooperagio gerentes-trabalhadores, mlo-de-obra ‘multfuncional, controle de qualidade total e redugdo de incertezas ... 178 Semiro Formagio de redes entre empresas 181 Aliangas corporatvasestratégieas. ....... aes 18 ‘A empresa horizontal eas redesglobais de empresas 184 A crise do modelo de empresas vericais © o desenvolvimento das redes de empresas . 187 ‘A tecnologia da informaglo e a empresa em rede dagen 188 Cultura, nstinigbes e organizagto econdmica:redes de empresas do Leste asiftico veveeseees 192 Tipologia das redes de empresas do Leste asitico, 193 Cultura, organizagbese institigBes:redes de empresas asitices 0 Estado desenvolvimentista ....... 199 “Empresas multinacionsi, empresas transnacionsis e redes internacionais .. 208 0 esprto do informacionalismo i ich sierra OU Notas. § ae seston = 218 48 transformagt de do trabalho ¢ do mercado de trabalho: trabalhadores ativos na rede, desempregados ¢ trabalhadores com Jommada flexivel. ........ REE Eo 2B A evolugio histérica da estrutura ocupacional e do emprego nos paises capitalistas avangados: 0 G-7, 1920-2005......... 224 ( pés-industrialismo, s economia de servigas ea sociedade informacional. ... 225 ‘A tranformagio da estutura do emprego, 1920-70 e 1970-90 230 ‘A nova estrutura ecupacional 7 = 238 (© amadurecimento da sociedade informacional: projesaes de emprego para o séeulo XI 243 Resumo: sevolugfo da estrtura do empregoe sus conseqiéncias para uma andlise comparative da sociedade informacional . 249 Hauma forga de trabalho global? ......... ater aoe 0 processo de trabalho no paradigma informacional 262 0s eftitos da tecnologia da informagto sobre o mercado de trabalho: rumo uma sociedade sem empregos? ...... ce oars trabalho e a divisto informacional: trabalhadores de jomada flexivel .. 285 A tecnologia da informagao e a reestruturagiio das relagSes capital-trabalho: ddualismo social ou sociedades fragmentadas? a =. 293 Notas Apéndice A: Tabelas de dados estatisticos referentes ao capitulo 4 Apéndice B: Observagdes metodolégicas e dados estat Notas... 5. A cultura da virtualidade real: :ainegragdo da comunicagio eletrénica, ‘fim da audiéncia de massa e o surgimento de redes inteativas Introdugdo 299 305 335, 352 353 353 a galéxia de Gutenberg dgaléxa de MeLuhan:o surgimento da cltua da midia de massa. A nova midia ea diversificago de auditncia de massa ‘Comunicagao mediads por computadores, controle institucional, redes sociais ¢ comunidades virtuais. : ‘Aistria do Mintel: ate amowr Acconstelagdo da Intemet ... A sociedade interativa ss A grande fasfo: a mulmidia como ambiente simbslico ‘A cultura da virtualidade real . Notas . 6.0 espago de faxes. Introdugio Servigosavangados, faces da informagio e a cade global ‘O novo espaco industrial... (© cotiiano do domiitio eetnico:o fim das cidades? ‘A transformapdo da forma urbana: a cidade informacional Avitima frontcira suburban dos Estados Unidos . O charme evanescente das cidades européias, Urbanizagio do terceiro milénio: megacidades ...... ‘A teoria social de espago ¢ a teoria do espago de fluxos A arquitetura do fim da histéria....... Espaco de fluxos © espaco de lugares Notas .. 7.0 limiar do etemo: tempo intemporal . Introdugio 355 362 366 367 369 1382 387 394 398, = 403 403 405 412 419 23 424 425 + 428 - 435 442 447 452 457 457 Sumtso ‘Tempo, histiria e sociedade. ...... Tempo como fone de valor: o casino global. A flexibilidade da jomada de trabalho e a empresa em rede O encolhimento ¢ a alteragio do tempo de servigo. .. A indeterminagao dos limites do ciclo de vida: tendéneia para a arritmia social? Nogacio da morte Guerra instantineas Tempo viral Tempo, expagoe sociedad: 0 linia do eterno. Notas eae Conclusfo: A sociedade em rede Nota... Bibliografia ... indice remissivo +457 461 464 466 an an 481 486 = 488 - 492 497 506 . $07 sm Manuel Castells A SOCIEDADE EM REDE Volume I 2 Edigo Tradugdo: Roneide Venancio Majer coma colaboragao de Klauss Brandini Gerhardt | Meters Arivanclld [ [Protesss zz | [ane GA 10L Date: 7 | PAZ E TERRA O espago de fluxos Introdugdo O espago e o tempo sio as principais dimensoes materiais da vida humana. Fisicos jé desvendaram a complexidade existenteatris da falaciosa simplicidade inuitiva desses conecitos. Criangas em ide escolar sabem que 0 espago © 0 tempo relacionam-se entre si. E a teoria de supercordas, altima moda em fisica, ‘antecipa a hip6tese de um hiperespago que articula dez dimensdes, inclusive 0 tempo.' £ claro que nao hé lugar para uma discussio desse tipo nesta andlise, rigorosamente voltada para o significado social do espago e do tempo. Mas mina referéneia a tal eomplexidade vai além do pedantismo retérico. Convidae nos a refletir sobre as formas sociais de tempo e espago que no se limitam és percepgdes obtidas até agora com base nas estruturas sociotécnicas, suplantadas pela experiencia histérica atual Ja que 0 espaco ¢ 0 tempo estio interligados na natureza © na sociedade, também o estario em minha andlise, embors, para maior elareza, enfoque se= icncialmente primero o espago, neste capitulo, e depois o tempo, no préximo. A ordem da seqiiéncia nio é aleatéria: a0 contririo da maioria das teorias s0- ciais clissicas, que supSem o dominio do espago pelo tempo, proponho a hi- potese de que © espaco organiza o tempo na sociedade em rede. Espero que essa afirmagao faga mais sentido no final da jornads intelectual apresentada 20 leitor nestes dois capitulos. “Tanto 0 espago quanto o tempo estio sendo transformados sob o eftito combinado do paradigma da tecnologia da informacio ¢ das formas e processos sociais induzidos pelo processo atual de transformacao histérica, apresentado neste livro. Contudo, o perfil real dessa transformagio ¢ profundamente diverso das prudentes extrapolagdes do determinismo tecnolégico. Por exemplo, parece bvio que as telecomunicagBes avangadas tomariam a localizagdo de escritorios Ubiqua, assim permitindo que empresas transferissem suas sedes de bairros co- zmetciais centrais caros, congestionados ¢ desagradaveis para instalagdes perso 8 Ocspaco de Mares ralizadas, em bonitos lugares ao redor do mundo. Porém, a anélise empirica de Mitchell Moss sobre 6 impacto das telecomunicagdes nas empresas de Manhattan rros anos 80 descobriu que essas novas facilidades de telecomunicagBes avan- ‘adas estavam entre os fatores responsiveis pela lentidio da relocacio de em- presas para longe de Nova York, por razBes que exporei posteriormente. Ou, utilizando outro exemplo sobre um dominio social diferente, supunha-se que & comunicagio eletrnica domicitiae induztia 0 declinio de formas urbanas densas ¢ iminuiria a interagio social localizada espacialmente. No entanto, © primeira sistema de comunicagio mediada por computadores difundido para a massa, 0 Minitel francés descrito no capitulo anterior, originou-se na década de 80 em ‘um ambiente urbano intenso, cuja vitalidade ¢ interacio por contato pessoal nio foram abaladss pelo novo meio de comunicaglo. Na verdade, os estudantes fran- ceses usavam 0 Minitel para organizar manifestagdes de rua contra 0 govern. No inicio da década de 90, a telecomutagdo, ou sea, o trabalho on-line em casa, cera praticada por uma fragio muito pequena da forga de trabalho dos EUA (en- tre 1% 2% em um dia determinado), Europa ou Japio, se nio contarmos a velha e costumeira pritica de profssionais liberaistrabalharem em casa ou o- ganizarem suas atividades em tempo e espaco flexiveis, quando contam com tempo disponivel para isso Embora trabalhar meio-expediente em casa parega estar se tomando um futuro modo de atividade profissional, essa modelidade desenvolve-se a partir do surgimento da empresa integrada em rede e do proces- 0 de trabalho flexivel, conforme analise em capitulos anteriores, ¢ no como cconseqiiéncia direta da tecnologia disponivel. As conseqiiéncias tebricas e priti- ‘cas dessa definigdo precisa sio cruciais. E esta complexidade de interagdo entre a tecnologia, a sociedade e o espaco que abordarei nas péginas seguintes. Para prosseguir nessa deci, examinarei o material empirico sobre a trans- formagio dos padrdes de localizacao das principaisatvidades econdmicas s06 © rove sistema tecnoldgico, tanto em relagio servigos avangados como & in- istria, Depois, tentareiavaliar as poucas informacées sobre a interagdo entre 0 surgimento da casa eletrdnica e a evoluglo da cidade, bem como me estenderci 2 respeito da recente evolugdo das formas urbanas em varios contextos. Entio, resumirei as tendéncias observadas sob uma nova légica espacial que chamo de espago de flucos. Em oposigio a essa légica, apresentarei a organizaco espacial historicamente enraizada de nossa experiéneia comum: 0 espaco de lugares. E rmencionarei o reflexo dessa oposigao dialética entre © espaco de fluxos ¢ 0 espaco de lugares nos debates atuais sobre arquitetura ¢ projeto urbane. O ob- jetivo desse itinerrio intelectual ¢ desenhar o perfil deste novo processo es- pacial, 0 espago de fluxos, que se esté tornando a manifestaglo espacial pre- dominante de poder ¢ fungdo em nossas sociedades. Apesar de todos os meus esforgos para ancorar a nova légica espacial no registro empirico, receio que O espago de Nunes 405 seja inevitavel, no final do capitulo, apresentar 20 leitor alguns fundamentos de uma teoria social de espago, como forma de abordar a atual transformacao da base material de nossa experincia. Mas minha capacidade de comunicar uma teorizagio um tanto abstrata das novas formas e processos espaciais certamente serd melhorada com um breve levantamento dos dados disponiveis sobre a re- cente padronizagdo espacial das fungGes econdmicas e das priticas sociais pre- dominantes? Servigos avancados, fluxos da informacio ea cidade global ‘X economia glotallinformacional &organizada em torno de centos de con- trole e comando capazes de coordenar, inovar © gerenciar as aividades interli- zadas das redes de empresas.‘ Servigos avancados, inclusive finangas, sepuros, bens imobildrios, consultorias, servigos de assessor jurdica, propaganda, pro- §etos, marketing, relagdes piblicas, segurenca, coleta de informacdes e gerenci bbem como PAD e inovaco cientitia, es no ceme de todos 0s processos econdmicos, seja na indistria, agriultura, ener sia, seja em servigos de diferentes tipos.? Todos podem ser reduzidos & gerapio de conhecimento e a uxos da informacao.* Portanto, os sistemas avangados de telecomunicagdes poderiam possibiltar sua localizagio dispersa pelo globo. Mais de uma década de estudos sobre o assunto, no entanto,estabeleceu um modefo espacial diferente, caracterizado pela dispersio e concentragdo simultineas de servigos avangados.’ De um lado, 0s servigos avangados aumentaram substan- cialmente sua participagdo nos indices de empregos no PNB da maioria dos paises, ¢ apresentam 0 maior crescimento de empregos e as taxas mais altas de investimento nas principais éreas metropolitanas do mundo. Sao abrangentes © esto localizados em toda a generafia da planeta, com excerlo dos “uracos negros” de marginalidade. De outro, tem havido uma concentraglo espacial da camada superior dessasatvidades em alguns centros nodais de alguns paises.” Tal concentragio segue uma hierarquia entre as camadas dos centros ucbanos ‘com as fungSes de nivel mais alto, tanto em termos de poder quanto de qualifi cagio, e esta localizada em algumas importantes éreas metropolitanas.© O es- tudo clissico de Saskia Sassen sobre a cidade global mostrou 0 dominio con- junto de Nova York, Tquio e Londres nas finangas intemacionais € na maior parte dos sevigos de consultria © empresariais de ambitointemacional." Jun- tos, esses trés centros cobrem o espectro de fusoshoririos no que diz respeito a transagées financeiras e funcionam em grande parte como uma unidade no mes- mo sistema de transagdes continuas. Mas outros centros sio importantes ¢ até superiores em alguns segmentas especficos do comércio, por exemplo, Chicago 406 © expago de unos € Cingapura em contratos de futuros (aliés, praticados pela primeira vez em Chicago, em 1972). Hong Kong, Osaka, Frankfurt, Zurique, Paris, Los Angeles, Sio Francisco, Amsterdi ¢ Mildo também so centros importantes tanto em servigos financeiros quanto em servigos empresariais intemacionais."? E varios “centtosreyionais” esto rapidamente aderindo & rede, enquanto “mercados emer- gentes” se desenvolvem por todo 0 mundo: Madri, Sio Paulo, Buenos Aires, México, Taipei, Moscou, Budapest entre outros, ‘A medida que a economia global se expande e incorpora novos mercados, também organiza a produgdo dos servigos avangados necessérios para 0 geren- ciamento das novas unidades que aderem 2o sistema © das condigdes de suas conexdes em mudanga continua.!® Um bom exemplo para ilustrar esse processo & Madri,relativamente atrasada em relago a economia global até 1986, Na- quele ano, a Espanha aderiu & Comunidade Européia, abrindo-se totalmente a0 investimento de capital estrangeiro nos mercados das bolsas de valores, em ope- ragBes bancirias e na aquisigao de patriménio das empresas, bem como em bens iméveis. Como ficou demonstrado em nosso estudo," no periodo de 1986-90, 0 investimento estrangeiro direto na bolsa de valores de Madr forvaleceu uma fase de répido crescimento regional ao lado de um boom no setor imobilidrio ¢ ré- pida expansiio dos niveis de emprego em servicos emapresariis. A aquisi¢go de agdes por investidores estrangeiros em Madri entre 1982 © 1988 saltou de 4 bilhdes © 494 milhdes para 623 bilhdes @ 445 milhoes de pesetas, Q investi ‘mento estrangeiro direto em Madri subiu de 8 bithdes de pesetas em 1985 para quase 400 bilhdes de pesetas em 1988, Assim, a construc de escritérios no centro de Madri e de iméveis residenciais de alto nivel, no final dos anos 80, experimentou o mesmo entusiasmo frenético ocorrido em Nova York e Londres, A cidade foi transformada de forma profunda pela saturagio do valioso espaso na metrapole e também por um processo macigo de suburbanizacio que, ate centio, fora um fenémeno de certa form limitado em Madr. 'Na mesma linha argumentativa, 0 estudo realizado por Cappelin sobre a formagio de redes de servigos nas cidades européias mostra a crescente interde- pendéncia e complementaridade entre os centros urbanos de tamanho médio da Unido Européia."* Cappelin concluiu que: A importineiarelativa das relagBes entre eidades e regides parece diminuit quando comparada & importincia das relagGes que interligam viras cidades de rides e paises diferentes... As novas aividades concentram-se em pélos expecificas ¢ isso implica um aumento das disparidades entre os plas ut= ‘banos eas respectivas hinterlindas."* O espace de unos 407 Dessa forma, o fenémeno da cidade global nfo pode ser reduzido a alguns niicleos urbanos no topo da hierarquia. £ um processo que conecta servigos vangados, centros produtores e mercados em uma rede global com intensidade diferente © em diferente escala, dependendo da relativa importéncia das ativi- dades localizadas em cada rea vis-d-vis a rede global. Em cada pais a arqui- tetura de formacao de redes reproduz-se em centros locas e regionais, de forma ue o sistema todo fique interconectado em ambito global. Os terrtérios em tomo desses nés desempenham uma fungo cada vez mais subordinada, as ve- 22s, perdendo a importincia (ou até mesmo a funcio). Um exemplo so as colo- nias populares da Cidade do México (originalmente, assentamentos de possei- 03) que representam cerca de trés tergos da populagio das megalépoles sem esempenhar nenhum papel distinto no funcionamento da Cidade do México como centro intemacional de negécios.)"” Ademais, a globalizardo estimula a regionalizagao, Em seus estudos sobre regides européias na década de 90, utili- zando os dados disponiveis, Philip Cooke mostrou que a intemnacionalizagio crescente das atividades ezonémicas na Europa tomou as regies mais depen- dentes dessas atividades. Assim, as regides, sob o impulso dos governos elites empresariais, estruturaram-se para competir na economia global e estabelece- ram redes de cooperagdo entre as insttuigSes regionais e entre as empresas lo- calizadas na area. Dessa forma, as regides e as localidades nao desaparecem, mas ficam integradas nas redes intemacionais qu ligam seus setores mais dindmicos."* Michelson e Wheeler, a pedido de uma das principais transportadoras, a Federal Express Corporation, obtiveram uma aproximagdo com a arquitetura de uxos da informagio em desenvolvimento na economia global com base em anilise de dados do trifego." Estudaram o movimento de carta, pacotes © caixas enviados pelo sistema overnight (enttegas na manhi seguinte) nas éreas me- tropolitanas dos EUA, durante a década de 90, bem como entre os principais centros remetentes norte-americanos e os destinos internacionais. Os resultados dda anise, ilustrados nas figuras 6.1 e 6.2 mostram duas tendéncias bisicas: (a) dominio de alguns nés ou centros especialmente Nova York, seguido de Los Angeles, aumentando com o tempo; (b) selecionados circuitos de conexo ni cionais e internacionais. Segundo a conclusio ‘Todos os indicadores apontam para um forialecimento da estrutura hierir- Aquica de fungdes de comando e controle ¢ do resultanteintercimbio de informacdo... A concentragdo localizada da informagdo resulta de altos ni veis de incerteza, por sua vez motivada pela transformagdo teenolbgica, per- sonalizagao, desregulamentagio ¢ globslizagdo do mercado... (Contudo) & medida que a épaca atual for se desenvolvendo, persistri a importincia da Fexibilidade, come mecanismo hisico de tuagio, e das economias de aglo-

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