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FUNDACAO DE PESQUISA E ASSESSORAMENTO X INDOSTRIA ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARTA DE ITAJUBA CAPITULO 10 © ARCO-VOLTATCO 10, lo. 0 ARCO-VOLTATCO 10.1 Introdugao Os equipamentos de manobra, nos quais podem apa Yecer arcos-voltaicos, devem possuir determinadas caracterfsticas Para serem capazes de suportar todos os efeitos causados pela for magao desse arco-voltaico e, naturalmente, possuirem dispositives adequados para promover a extingdo completa e segura dos mesmos . Gonsequentemente, para estabelecernos as caracteristicas dos equi Panentos de manobra, assim como projetar os dispositivos adequa Ges para extingao de arcos-voltaicos, devemos conhecer bacicanen te sua origem, formagao e propriedades. 10.2 Phopriedades do Anco-Voltaico Um arco-voltaico @ uma coluna de gas que se tor na condutora por altas temperaturas. Sua capacidade condutora formada pela termoionizacdéo: a altas temperaturas as noléculas Gos gases se ionizam, por causa da novimentagio forgade pela tem peratura, e dividem-se em ions (+) e eletrons (-). A coluna de gas, altamente ionizada, torna-se assim o plasma. 0 estudo ¢ ce nhecimento dos fendmenos do plasma tornaram possiveis os modernos desenvolvimentos dos equipamentos de manobra, principalmente os dis juntones, A jonizagdo, ¢ consequente capacidade de condu go, aumenta com o aumento da temperatura, de acordo com uma fun gio exponencial. 10.2.1 Canactenisticas Tensdo-Connente do Arco-Voltaico A manutengdo da temperatura no plasma c sua ca Pacidade de condugdo dependem do balanco de energia, ou em outras Palavtas, do equilibrio de energia do arco-voltaico. Eese balango de energia ou de calor @ determinado de um lado pela quantidade 10.2 de calor contide no arco-voltaico, correspondente A conversao de energis eiétrica: Uaetam onde: ug tensio de arco-voltaico; ig ~ corrente do arco-voltaico, e@ por outro lado pela condugdo do calor ou pela quantidade de ca lor desprendiga ou irradiada do arco. Se tais quantidades de ener gia sdo iguais, o arco-voltaico @ dito estivel , em outre caso instavel. Por exemplo, um arco voltaice estacionario (cor rente continua) somente pode queimar estaveimente, quando 2 cor rente ig for mantida constante; pertubando-se seu balango de energia (por exemplo, através do sopro de um gas, injegao de Sleo, etc. e, consequentemente, redugao de sua temperatura) havera uma queda de sua condutibilidade. Com isso aumenta-se a tensdo ug, au mentando-se a absorgdo de poténcia para compensar a perda de ca lor e queda da temperatura e vice-versa. Assim, 0 comportamento de um arco-voltaico e suas caracteristicas tensdo-corrente podem ser representadas por curvas hiperbélicas conforme figura 10.1 O comportamento de um arco-voltaico sob tensao constante @ diferente. Se o arco voltaico torna-se muito quente , por exemplo através da pertubagdo do balanco de calor, entao ele absorve mais corrente (pelo aumento de sua condutibilidade) e, con sequentemente, mais pot@ncia tornando-se mais quente ainda e au mentando cada vez mais sua condutibilidade e temperatura. Ao con trario, pelo esfriamento do arco-voltaico, havera sua extingac. Assim, um arco-voltaico, sob tensdo constante nao pode ser estavel. No caso de um arco-voltaico de corrente alterna da, como aparece em um disjuntor de alta-tensdo, a corrente ig va ria com a frequéncia (60 Hz). 0 erco-voltaico ndo @ mais estacig 10.3 FIG. 10.1 - Caractertstioa Tensao-Conrente de um Ar co-Voltaico Estacionario (corrente continua) ndnio mas dinamico. Nesse casc, deve-se levar em consideragdo, no balango de energia, além da poténcia que absorve e despreende, tam b@m a quantidade de energia armazenada no préprio arco "Q". 0 ba lango de energia tem assim a forma 4Q > (uy. ig - ND de ‘ ( ‘i Hl mg eee ve ws WW meee Pot@ncia de perdas determinada pela condugio ov irradia glo de calor, Seja a condutancia G de um arco, uma fungao de seu conteido de calor "Ql": ¢=—B - F (Q 7 (a.1) B Considerando "N" como sendo a perda de calor podemos representar: i] pip ~ ND dt = dQ. dt (a2) 10.4 a i Com F'= —S5- resulta por diferenciagao: ac, ar de at ou ac, dF ag de aq dt ac ou dividindo por F e diferenciando resulca: ac 1 F <= - F ugr, - ac F eae eee F G Gea aged ae ieu erm 6 es é tas at aly prea dt Ig dt Ug at F(Q) (a.3) (Ugtg - N) CB) Postutade deo. ayn De acordo com 0. Mayr, a resisténcia de um ar co-voltaico completo pode ser representada por: oO R=K e So +2 e=Kk.e Y% = F ce) onde: Ke Qo si constantes. Al8m disso, pode-se supor que o raio do arco-vol, taico pemanece constante e que o seu conteiido de energia (Q) é da do pela temperatura; a quantidade de calor despreendida igualmen te pode ser mantide constante N = No = constante. A equacgao torna-se: FQ | F (Q) resultando: d Lac = (UgIR - No) (Dd) dt Qo ee Fazendo Qo/No = tT = constante de tempo térmica fbn. 1, gta, ap | tpt - No at ae Tel ieme tt apt acl No Esta equagdo diferencial, segundo 0. Mayr nao @ linear. Para o caso de arco-voltaico estacionario, temos: Ugly - No = 0 10.6 ou No ; Us estacionario Tp (hiperbole) Caso haja uma variagdo brusca de tensao-corrente entao inf 0 dt G = constante © arco-voltaico comporta-se como uma resistén cia Shmica pura. Esse € sempre o caso quando a linha "dinamica"do arco cruza com a linha "estatica” conforme figura 10.2 ebsorvide @ irradioda (N) ae 40 cruzamento’ equiliblio entre energia (Ug. ig) Ponto de cruzamento 2 estocionsrio (nipérbole) FIG, 10.2 - Caracteristicas Tensdo-Corrente: Arco Voltaico Estatico ¢ Dindmico 10,7 Ainda podemos calcular; A equagdo A se torna: aQ i (ugig - 4) @ a equagdo (C) nos da: aR aq ou bean aR ke QO ag dt Qo dt # aR dt isto é: aq go, ae ae Rae sendo: u : pe eee B R Us levando-se em (a): Qo ¢ 8 ) 10.8 A equagdo (8) nado linear @ satisfeita pare um arco-voltaico que @ percorrido por uma corrente senoidal estacio ig = Ig sen ut @ a tensao do arco-voltaico: Ups fa ; oy) sen (2wt + 9) i, | 1 - ten Gur+o) | Pal 1+ Qa? 4 onde: o arco cotg 2wt; e z Qo e 22. = constante de tempo térmica No i A constante de tempo térmica (t) @ 0 tempo que a resisténcia R de um arco voltaico necessitaria para elevar-se a e" vezes, quando ndo mais conduzisse energia (ugig = 0) e a irra diagdo de calor permanecesse constante (Nj = constante). No disjuntor de corrente alternada, 2 constan te de tempo térmica tém uma influ@ncia significativa no processo de interrupgdo: o valor limite da tensao de restabelecimento, de acordo com 0. Mayr, acima do qual pode-se esperar um reacendimen to do arco-voltaico no disjuntor, & inversamente proporcional a0 produto: (r+ we)? onde: t = constante de tempo térmica we * 20 fe = frequéncia prépria do circuito da rede. Consequentemente, para valores limites iguais da tensdo de restabelecimento (produtos t . We iguais) de um ¢is. juntor, a frequéncia prépria da rede pode ser tanto mais elevada, 10.9 quanto menor for a constante de tenpo térmica do arco-voltaics; em eutras palavras, assim o disjuntor torna~se cada vez mais insenst vel a altas frequéncias ou ao gradiente de crescimento da tensao de restabelecimento. A figura 10.3 mostra a tensio ug, calculada de acordo com a equagao (y) durante meio ciclo para diversos valores de we st. lsedn0t = Ted TET] T FIG. 10,3 - Tensdo do Anco-Voltaéco ug durante Meco Ctelo para Diversos Valores det . w (arco-voe taico dinamico) © valor de pico da tensao do arco-voitaico, per tencente ao crescimente da corrente, @ denominado "Tensao de pico de acendimento ou faisca (Uz)" ou "Tensdo de pico de queima (Uz)"; @ valor de pico da tensdo ug, antes da passagem da corrente por zero, @ chamado de "Tensio de pico de extingao (U)". Quanto ne Tt, maior sera a relagao entre u2/U,; wr = © vz = UL = 0; para ut mor @ 0 valor dew, para 0 (corrente continua) Uz = U; = © (tebrico). 0 intervalo de tempo vale 2 Tt. 10.10 Postulado de Cassie A resisténcia especifica do plasma do arco - vol taico (») @ considerada constante. Somente se altera a segao (A) do arco. c por Corresponcentemente, permanecem constantes: conteddo de energia da coluna para cada unidade de volume; perda de energia de cada unidade de volume, durante o tem po. Assim resulta: causa de: Qea.c Fs Ao contrario de Mayr, Cassie propde F(Q) como sendo uma fungZo linear de Q. Para N resulta: tuindo-se F e N por seus valores em (B) result. WeALA =. Q e € A equagdo diferencial, segundo Cassie, substi 7 Soret "Up. Ge ug. p= BO naimente: aa eM eniclarg tl vide Ueap eel it : ae Pheer oe anak ctura e Diadmetro do Anec-Voltaico De acorco com as experifncias de G.Frind « ou Fros pesquisadores, o areo-voltaice @ constituido por um a ar muito bom condutor, © qua? transporte a maior parte da La: © menos quente, suporte do nicieo ws) para varios gases. em seu eixo, @ calculade por / tp \ Dis gehaed (eusee-t lana <°K) onde: Tamoerature Ter Tees jE Tsuporte™ FIG. 10.4 - Téstribuiche Esquematica de Temperatura em Ances-Voktaiccs, {onmados em Diversos Gases ente de arcs vols em (A, raice ex 8 Tg = 20 kA +746 (OX) 8 200 View wm aree-voltaicc, pare cerninada corrente, is elevada quanto menor for sex do arco-voltaice reduz seu diametro, temperate cvoltaice resiriado intensivamente @ maior que temperacy 2 ice n&o res jade 10.13 4 Queda de Tensac no Anco-Voltaice 0 campo elétrico, no qual os eletrons e ions se movimentan na coluna de gas, @ constituido de duas partes (figura 10.5). es) 2 parte imediatamente nas bases do arco-voltaico; b) a parte, a qual esta distribuida ao longo do arco-voltaico. He ry FIG. 10,5 - Distribuigde da Tensio em um Arco-Vottaico Consequentemente: a = queda de tensao nas bases do arco; 8 = queda de tensdo unitaria ao Longo do arco. Os valores de a e 8 variam de acordo com as con digdes do meio ambiente onde se forma o arco-voltaico. De acordo com 0. Mayr temos: Vapor Ar | witrogénio| oxigénio| ¢0, |a"agual Bp Condutibilidade ceeniea 1 0,8 1,8 |2s] 5 |a7 10.14 Nota © material dos contatos nao influencia as quedas de sao. Poténcia ¢ Energia de um Anco-Voltaico A potGncia convertida no arco-voltaico e, em ca da instante, igual ao produto: A energia wp durante o processo de interrupsac, isto &, no tempe tg, no qual ele se queima, & também chamada nergia de manobra" e vale: 2 | pig at (~) A absorgdo ou retirade dessa energie @ id@ntica a0 processo importante de resfriamento do arco-veltaico, ao pre cesso de interrupcao de corrente. As seguintes probabilidades se apresentam: a) por irradiagao; b) por convex ao; °) por conducio; @ resfriamento do gas de manobra por expansio. Quando © processo de absorgdo ou retirada dessa energia € insuficiente,hd sempre a avaria do disjuntor. Consequen femente, 0 processo de interrupcio tem mais probabilidade de su cesso quanto menor for W3. Isto significa que devemos construir Gisjunteres com @ tensao Uz - valor de pico da tensdo de acendi, mento - 2 maior possivel e com o tempo de interrupgio reduzido, ou seja, duragio reduziéa do arco-volraico (tg) através de alta vei 10.15 cidade de abertura e interrupgdo. Em disjuntores modernos, a tensio do arco-vol taico ug, durante meio ciclo, apresente uma acentuada constin cia, quando se analisa seus valores de pico inicial (Uz) © final (UL). 0 gradiente médio de variagdo de ug esté aproximadamente en tre 100 © 200 voit/em (E). A tensio ug, portanto, cresce aproxina damente linear com a dist@ncia de separagao dos contatos, HA varios tipos de disjuntores (por exemplo: dis juntores com fluidos), cujo limite de poténcia é determinado pela capacidade de conversdo da energia co arco-voltaico (Ws) em sua camara de manobra, Por outro lado, estes disjuntores necessitam um comprimentc minim de arco-voltaico (a chamada "distancia de ex tincdo"), para uma determinada tensao de restabelecimente, para ume extingao segura da corrente na passagem por zero. Para tais disjuntores h@ uma velocidade Stima de interrupgao, ou seja, uma velocidade otimizada de separagdo dos contatos, para a qual a ener gia do arco-voltaico torna-se minima. © caleulo pode ser feito aproximadamente e limi tado a circuito monofasico, pois para outros casos torna-se mui to complicado e dificil. A figure 10.6 nos indica a forma de calculo: Seporee FIG. 10.6 - Ca£eugo da Energia do Arco-Voltaico 10.16 & corrente segue 2 f6rmul i= Im. sen ut No inscante, = acontece a separagie dos contatos com a velocidade constante "v". A tensio do arco -voltai co, ug, para gradiente constante (Eg) vale: up ty Ege (te Wee | ug ile: = reer Cee= Im .jsenut| de = - J ¢ r r ' =v. Ey. Im (e- jsen wt! dt J . 0 tempo > pode assumir os seguintes valores: @ © arco-voltaico atinge sua distancia minima 2 , a distancia de extingao; assim, resulta: 10,17 By portanto, nde deve ser maior do que o necessiric, corresponden te a0 valor: lo, Ww Por exemplo, para 2 = 0,15 m, w= 314 (1/seg) (30 Hz) @=0e v= 102 n> 1,5 Algumas transformagdes na equagao resultam em: oo we ; Pee at f (x > $)|sen x] dx ) Ge - *) sen xidx = ¢ (1 = In) - sen ten? or Lo Tv lor que pode ser admitido em fungdo de v, resulta para um nimero inteiro (a): Introduzindo ng = » onde ny @ qualquer va 4 ng +c a nea Wye w 1 sen ¢ { 3 '— 1 - zap - SP gs ae} tare . In low 7 As fungoes no ¢ ¢ podem ser valorizadas segundo a figuraio.7- FIG. 10.7 - Wg = § Ing = a — Simplificando tais formulagdes pode-se afirmar que, de acordo com M. Zihike (1960), quando: = 4 (minimo absoluto) Isto significa, que em um disjuntor com gradien te Ep constante, velocidade de separagao dos contatos constante e em qualquer momento, aparece no minimo a mesma energia, quando @ corrente flui durante 2 semi-perfodos (1 ciclo) & distancia Sti na de extingio. £ew Assim sendo: no = 1 ve S=4 . Para w= 314 (1/seg) (30 Hz) resulta: v= 100. & ou para © = 377 (1/seg) (60 He) 10,3. 10.19 Conclusac: A velocidade de manobra otimizada em (m.seg’') € direta mente proporcional a distancia minima de extingao em (cm) Poténcia de um Arco-Voltaico (ng) £ importante determinar a maxima poténcia de um arco voltaico em fungio da velocidade de abertura dos contatos , pois esta pot@ncia determina outras Limitagdes nesta velocidade. mas: ngs Im. j|sen wt| Eg. v(t - a * toy ng 1 L = —— + — (wt - 6) |sen at] In. Ep. L Ro 1 O valor maximo de 1. (we - 6) |sen ut| é de terminado graficamente, de acordo com a figura 10.6 Concéusa Pot@ncia © energia do arco-voltaico de equipamentos de na nobra sio determinadas através da corrente que flui nos mesmos, @ qual € calculada em fungdo dos parametros do circuito. Esses pardmetros, por exemplo, R e L, nao in fluenciam porém a energia do arco-voltaico em corrente al ternada mas somente em corrente continua. Isto por causa da grandeza relativamente pequena da tensdo do arco, atra vés da qual nao sucede nenhuma interferéncia, no fluxo de 10.20 corrente, mas somente pela passagem da corrente por zero, onde @ evitado um reacendimento do arco. Esta & a diferen ga bisica entre um disjuntor de conrente alternada ¢ um disjuntor de cornente continua, ac qual o fluxo de corren te € influenciado. Tais disjuntores rapidos inseridos na técnica de corrente alternads tem como resultado rela Ses completamente diferentes e a potincia e energia éo arco-voltaico serao diretamente dependentes dos parame tros do circuito. fhemprisnil FIG. 10.8 o =

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