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ANIBAL BRUNO PERIGOSIDADE CRIMINAL e MEDIDAS DE SEGURANCA R Editora Rio 1, TEORIA DA PERIGOSIDADE CRIMINAL Crime e Deiesa Social ‘As duat realidades centrais da ciéncia criminal modema séo 0 fem perig2so que ameaga ou que fere e a scciedade que se defende. A escola clissica do direito penal ia de conteido des ficticias, no qual se debatia a ‘como ente juridico, complexidude ‘das causas que determinam © crime, re deliberacio do agente e, em conseqié do delito sobre de frustragio, que andamn pelos cédigos a s de mil cambiantes © a determinar a estranha ait No seu sistema, menos se cogita da defesa social do que da isfasdo daquele principio de justica absolute © da reafirmacio do direito negadc pelo delito, E, para ch centre 0 delitoe a pena Quis Pemanecer fora do suceder histérico. Carrara mesmo Jou esse caréter acabado e invaridvel de sua doutrina, detivade dcia sobre a vida. Eas suas iscaram influir sobre o fendmeno da ‘istema, baseado em nobre aspiracio © maximo de acat @ curva das estatisticas da ealidade viva, impossivel de colher nas mathes de 1c puramente légica, ‘Ao tempe, alids, de sua formagio, mal se podia pressentir o 10 do comportamento humano ¢ os fatores profundos da varidade. Seria realmente dentro da pura Iégica Juridica que ‘necessariamente construir a doutrina do direito criminal e, PERIGOSIDADE CRIMINAL * nis condicdes do mano ¢ do meio em que ele cresce € vive os “ido real _da criminalidade reresies comuns protegidos por uma norma, a que o criminoso ndo se pod> acomodar, Dal o pequenos desregramen 4 a ordem ji perigo, uma ameaca permanente & bor orde que a norma consagra. Esto af os dois termos do problema: perigo social, defesa social. Contra o criminoso ha que defender-se a sociecade. £ esse 0 dover elementar de toda estrutura que vive ¢ subsiste. O movimento de defesa, um dos mais poderosos impulsos nos seres vivos, que nos ‘animais superiores dispde de um conplexo de atividides que poem ‘em fango todos os valores psicos e psiquicos do individuo, é funda- ‘mental em toda organizacio. Conservar-se & dever © necessidade para a orgenizagio conservar-se, defendendo a sua estritura € os legitimos interesses sociais com ela relacionados. aso clementar instinto gregério, que agrupa os homens, do cl primitivo as formas supremas de organizagao do Estado mod } alto valor da sa férmula: ANIBAL BRUNO 13 impée a subordinagdo & norma, moral ou direito, que nasce espontd- ‘05 homens, que se apura e se complica no envolver indispensdvel a vida do homem ¢ da sociedade -ontra a norma, a inadaptagio @ norma, ameagam as da sociedade e provocam 6 legitimo movimento iano aceitou e desenvolveu o prinei- jésofos © juristas, que tem 2 a, o homem surgiu no drama ypetuoso movimento da sua ameaga 2 ordem © a0) ‘No préprio eriminoso i bilidade, de Feuerbach Definindo a temibilidade, como “a perversidade constante ativa 2 do delingtiente > a quantidade do mal previste que se deve temer por ‘a pena deve ser determinada pela te e acrescenta, em nitida compreenstio do jo que transformard radical- Nas diversas assembléias, se o grapo belga~ sapaz de Targa compreensdo do problema, posto 1e em geral limitado a periculosidade pés-delitual, outros grupos, 0 PERIGOSIDADE CRIMINAL temente impregnado de espi sico, amor: he 05 impulsos ¢ reduziram por fim a su et Logo no congresso de Hamburg, de 19 da periculosidade dos ingaro de apesar dos debates que se f io do estado 0 relator a nocio de est a personali- individual contra a personalidade social, mas sustentava que 0 ituoso era o sintoma mais clato da gravidade social do estado 4 legislador deve de- inar as condigdes econhocer © pperigoso, a fim de garantir a liberdace individual ¢ respeitar 08 do dit 20; €)_o legslador especit jtar as infragdes de direito comum que permitem a declaragio 30 ANIBAL BRUNO 15 estado perigoso 20s delingiientes primérios, salvo em autores de crimes graves © especificos. ‘Essas concusoes foram apciédas por Garraad e Rappaport e 6 voto final do cengresso reconhece que existem delingiientes que, razio de seu estado mental ou de sua vida criminosa, devem conside* rarse como em estado perigoso; que 0 do perigoso no pode ser privado das garantias da liberdade individual, e que € a lei que dev: determinar as condigé: pode fazé-lo senio ten dos crimes. ‘Tomar medidas io penal do Estado. E a opinilo de Rappaport, E sobre ela devia orientar-se toda a atuacio do grupo francés nos con- sressos da. Unito ‘que casos determinados pel ite pode substituir a do at ‘compatisel, sob 0 pont erigoso e estabeleci sr de adaptagio ou de para a determina Visoin Comateanu, que desenvolveu uma tese de Bucarest, sustentava que a periculosida- il. Por fim aprovon Congresse mavam Garcon, Garraud, Nabokoff, von “A lei deve estabelecer medidas es- 16 PERIGOSIDADE CRIMINAL ciais de seguranca social contra os delingiientes perigosos, em razio que ela define, seja de seus amtecedentes hereditérios e pessoas mani- festadas por um crime ow um delio que a mesma determina, A mesa fica encarregada d 2, mostrou-se igualnente receioso das do estado perigoso poderia oferecer Intensa controvérsia se inflamou em torno do conceito do estado perigoso. Isaef formulou a sua proposta: “O congresso considera ino- portuna e perigosa para a liberdade pessoal a adocio do conceito do ‘estado perigoso no eédigo penal, por causa de sua extrema latitude e falta de clareza” ‘ Nabokoff, ne presidéncia, sugere a seguinte resolucao: I — A atividade penal do Estado, que descansa sobre 0 reco- thecimento do principio da culpabilidade pessoal e se distingue, em esséncia, de toda outra forma de influéncia coativa sobre a pessoa, deve apoiarse sobre a apreciacdo, nfo s6 da naturza e gravidade do endo também des peculiaridades pessoais do delin- giiente, manifestadas por esse delito sequranga que se ce se enzontram em estado perigoso, uando asia liberdadee os dteitos da yersonaldade esto Frotegidos por garantias amplas e sides TT — Quando se tor rantias, 0 Esticlo pode empregar crime, abs ita da pena, as medidas menci vyamente pre das posicdo dessas medidas deve corfiarse ao juiz penal, que vi também sua execugo. IV — 0 congresso considem inadmissivel a do legisla- 6digo penal, de um conesito geral do estado perigoso, porém, amplo exame de questfio em duas diregSes: ANIBAL BRUNO 7 gorias de delicqiientes perigosos, contra os quais possam ser tomadas medidas de sezuranca; 2 8 — No sentido de estudar as condigées processuais para sua | aplicagao. Tal resolugao foi aprovada por fraca maioria. O estado perigoso foi o tema exclusivo do iiltimo Congresso in- temnacional da Unio, reunido em Copenhague, em 1913, Em trabalhos preparat6rios, reuniu-se previamente em Paris a mesa central dh Unido, com assisténcia de delezados de onze grupos locais. Decidiu levar ao préximo Congresso as duas proposigdes Vo~ tadas em Bruzellas, resolvendo insistir sobre as medidas de dsfesa do estado perigoso Para esse fim, sugeriu definir certas categorias de individuos perigosos, indicando as segui c tes; 2.2) — 0s aleodlicos e deficientes de qualquer espécie; 3°) — 05 mendigos ¢ vagabundos Para cada uma dessas categorias estudaria 0 congresso as condi- ‘ges em que se deva basear o diagndstico do estado perigoso, as me= de defesa social que devam ser aplicadas e a autoridade a quem se deva atribuir a funedo de aplicé-las. Estava asdm de antemao limitado o tema e tracado um plano eciso aos trabalhos do Congresso. ntiia, coube a Nabokoff dissertar sobre os reincidentes, bre os defeituosos perigosos, e a Garraud sobre men- dos. re as conelusdes com que Nabokoff encetrou o seu relatsrio omo mais importantes as seguintes: — 0 sistema que combina o indice formal da reincidéncia 4, que leva a considerar o delingitente como € perigoso para a ordem social, deve set mal. V — A aplicacio das medidas ide das penas ordind- fatorio © que sua organizacdo & racional; b) ‘a obstéculo algum insupervel para a stados, a sua volta ao trabalho honrado — Xo sentido de uma determinago concreta daquelas cate- (| PERIGOSIDADE CRIMINAL €). que o patronito social dos libertos se encontra incidentes perigosos, a medida de seguranca deve seguir a , set aplicada depois ‘que a pena tenha sido sofrida e nfo subst ‘A maneira pela qual Cornate: © assunto de sua tese, da maior importincia para a teoria da Ihe, do o interesse. Nao foi mesmo ressante quadro dos mendigos, vazabund bonneteurs, propontio medidas de def ranga para os deficientes, casas de fencurs, bonneteurg e reincidente, € casa ligos e vagabundos, entretanto, fran- neque se resolve, do. em segundo plano, 0 conceito subjetivo da pengosida "A discussio se acendeu em volta das medidas de seguranca a serem aplicadas acs reincidentes. A questo da sentenca indetermi- nada pie em chogue as correntes adversas. Jasper propse que © Congresio nao vote con:lusdes. Nabokoff se optie a essa proposta € 0 Congresso vota. Torp apresenta uma_indicac ceausas relativas 20s reincidentes hi requeridas pela tes lenar os acusados a uma pena pri ‘um estabelecimento de seguranya exclusivament> dest se a causa se ve ante jurados, deve fazer-se a especial sobre a concorréncia das condigdes da deve estar obtigado a trabalhar so> certas condigses que, quando se 1e combina o indice formal da recidiva com a apreciacio subjetiva, que conduz a consilerar 0 criminoso ANIBAL BRUNO 19 ‘como um reincidente de hébito e perigoso para a ordem social, deve | reconhecer-se como © mais racional. — A 2xclusio dos criminosos politicos da categoria dos, ‘os quais podem exercer-se as medidas de seguranca, ia to justa quanto necesséria — A duragio minima do intemamento a ser promunciado ‘comporta pelo menos « mesma duracdo que a da pena pri- iberdade que deveria ser pronunciada, podendo esse minimo, ser aumentado de dois anos no méximo Uma comissio especial dec com a expiracio do tempo inimo fixado pelo juiz, deve nto cessar ou ser mantido. de exigir, de dois em dois por isso que o juiz. deve pronunc:ar contra o reincidente peri iedida de seguranga ou uma pena, cujo minimo ele fixa, mas eujo A questo de saber se juiz deve proxuneiar contra o reincidente perigoso uma pena segui- medida de seguranca ou simplesmente essa medida de segu- Essa breve exposigie mastra-nos como o conceito da periculosi- cilou inceciso nos varios congressos da Unio onde foi de- (© ecletism> que dominaya no seio da Unido nfo permitia alcan- Demais, nas disc quer ado Tabor desses congressos resultou quase estéril ds periculosidade 6 seus esforgos saiu a nogdo do estado perigoso obs- cance ¢ as suas aplicagtes. se a nogio do exiado reincidentes, alec de conceituar a peric ‘para os quais deve combinar- representam com a nogio de ato ci wento de varios quadros de delingiieates, ide reconhecida funcionaria como verdadei- iduos desse genero em: PERIGOSIDADS CRIMINAL 1.9 — Criminosos_profission: icidentes especialistas; iqiientes bebedores habituais; iqilentes menores de moral petvectida. Liszt, em seu relatério ao Conaresso de Bruxelas de 1910, além lientes, 05 delirqilentes vagabun- ais, reincidentes mél- tiplos, amplia 0 conceito ¢ 0 estemle a nao delingientes, menores © adolescentes abandonados, dementes perigosos ¢ ésrios habituais. Garraud classifica os perigosos em um quadro de trés categorias ‘que lembram os grupos sugeridos pela mesa cent‘al da Unido, na sesso de Paris, preparatério do Cangresso de Copeahague: ‘So para ele perigosos: 1.9 — Os que o sfo em razio do seu estado semi-loucos); 2. — Os que o so em razfo de seus antecedsntes judiciais (re- incidentes); 3.9 — Os que o so em razio de sua maneira de ser ¢ de viver (wagabundos, mendigos, souteneurs, boaneteurs, apaches) Todas essas es excluem uma formua geral do estado perigoso e sugerem uma tipicidad: jagées pergosas que lembra fa das figuras delitivas dos cOdigos eléssicos. Extensio da Teoria extraram a compreender que todos ruidosamente haviam Jangado no som ameaca de subversio de toda a 1m definitivo, aqueles dois axiomas, da defesa sociale. da. periculosidade do. agente. Havia de. caberihes retomar aquela idéia inicial de um chefe do positivismo ¢ oferecer da periculosidade uma férmula que Ihe pe conceito fundamental de todo odie ANIBAL BRUNO 2 Sobre a dficuldade de estabelecer-se um conceito doutrinado © de uma vez afirmou- siste na probailidade de que um individuo cometeré ou voltari a cometer um dilito, segundo a concepcio de Asta dentro desse conceito gecal que ocorre a alaboracio da teoria Induil cogitar de f6rmulas que se aproximem da esséncia do fenémeno € delineiem contorno dos casos singulares. E perante cada individuo que so formula o juizo da periculosi- Esta é sempre uma frmula individual in:egrada com grande “uma periculosidade cara déncia (comprende-se) em sentido Dai partiv a teoria para.a sua ev Nessa evclugio agitada, onde se ferem aqueles pontos agudos le suscitaram as ardentes reftegas entre positivistas e cldssicos, acen- Socata Para uns é vel a determinadas inguc-se subs- sidade. Fala-se at em responsabilidade moral indo aqaela o fundamento da pena nos cha- Onde faite @ responsabilidad: a periculosi- , aplicar-sc-iam penas. Nos casos de periculosi- wedidas de seguranea, Essa cor estado perigoso, ‘mas sim entre cos nos. Congress da, Un ibtoo| hog egies eal 22 PERIGOSIDADE CRIMINAL professor madrilenho Jimenez Asia, alcanc! ia da teoria e abrangem no mesmo con’ os josidade criminal a reclama © proprio fato do del impor. Nem todos of deli voltada para o delingiiente tem por fim emendé-| ico social, em defesa da sociedade, ausente a pei explica a sancio. Falta ao. agente aquele atributo person atitude defensiva da sociedade maniiestada pel “Nenhuma sangio sem periculosidade do agent de Grispigni. sutso da periculosidade cr ? ‘Deve submeter-se a tratamento penal, assegt nez de Asta, ni gressio seja livre no) © semelhante aos demais como querem os que f cui um perigo dade ou estado perigoso Com Sabatini, nfo ganha a tecria em clareza ¢ coeréneia. Tulga ess2 autor sesolver a que cardter de verdadeito ds de sancao Distingue Saba ses: a contingente ¢ “A primeita, a titulo de dolo ou de ‘culpa, refere-se a0 fato especifico préprio do homen normal. A se gunda, a titulo de imanéncia criminal refere-se ao nodo de ser e de pe inde em si mesma inalidade inanente, possivel ANIBAL BRUNO manifestar-se a conduta, a0 comportamento anormal do sy forme a sua pesonalidade psiquica como estado subjetivo eriminal..” “Suposto este estado 6 0 estado de periculosidade criminal. A. imar isa psiquica mina a nogio do titulo prépr ; a periculosidade & ‘a0 mundo externo © deter= ce no delirio cometer atos que te se pode ser delingiiente na base nio ha lugar fara procedimentos juris para coergdes de natureza administrativa com fi social, tratande-se de simples pericul jo elemento psfqn possa atingir. ‘Mas, Jangada ‘eonceto rise do estado perigoso. A periculosidad , como um estado mérbido precede e acompanha 0 que deve ser tomado em admits-se a periculosidade (0 ¢ sobre ela fazer incidit da sociedade. iSgica do coneeite ia das intervengdes mais eficazes para ia de que essa profilaxia do delito possa profilaxia se volta para o procura sur ito antes da sua corporificacao no fato, ento Interferir, em momento eficaz, como instru- 24 PERIGOSIDADS CRIMINAL mento de defesa da sociedade © cono garantia dos direitos do proprio ‘Suposto perigoso, ameacados pela x Ai, porém extremam-se as o tinguem a periculosidade pés-dk ‘excluem a esta do dominio do como a seu pressuposto indispensdvel da periculosidade, transformando-a ‘nz itude ou inclinagdo especttica de um autor de delito, a cometer , a recair na delingiien i te a Tei tanto no caso em que € preisuposto para a aplicacio saneao criminal, quanto no caso om que determina a aplicacai medida de policia”. Mas nao ousa chegar @ conseqiéncia ‘mente se impunha e justifica a existéncia de medi cada uma delas, sancdo criminal pura a primeira, medida de pol para a segunda te Jiminez de Asia, I6gb0 © coerente como ifica pericalosidade sem delito € periculosidade pés-del julgador, embora as diferencie 1 procede a distineao, sorque IM. 08 c6digos € 6 a eh se a} sa social por vi igos penais jgno-am e a mi Nilo procede, porém, a distinedo sob © ponto de vista do c criminal € “a capacicade de uma pesioa de se tomar idade autora de delito”. O delito é mero sintoma da peri- 4, como diz Wach, o sintoma legal do carster anti-social a periculosidade 0 precede e 0 delito surge com efcito da peri- idade anterior. ANIBAL BRUNO 25 cencerram-se nesse gnero. Para esta tiltima, ocorre, igumas legislagdes, a medida de esterilizacio. desenvolvidas em capitulo seguinte acentuargo melhor ‘assim caracterizado, bastaria para justificé-Ia, da pena essa expiaciio e de castigo ¢ considerada a sangio criminal como meio de emenda ¢ de inocuiza~ Ausente a periculosidade, 0 ato delituoso néio basta para provo~ car a sancao. Surge dif a rei © ponto de vista sangdo criminal”, Ligada imanentemente a periculosidade da delingliente, a sangio no s6 por els existe, mas ainda por ela se especifica e se gradua. A espécie de saredo, a maneira co tempo da sua aplicagaio dependem da natureza e da intensidade do estado perigoso do acusado. A Teoria no Ambiente do Direito Criminal A visao que nos permitem as ciéneias modernas que se ocupam do homem indvidual e social superou necessariamente a viséo antiga, cosamente imprecisa e obscura, a que nos haviam habituado os todos do Nai ampla e mais profunda Janos e sociais, que hoje podemos atingir, nao S Sets efeitos a todos os ramos das especulacdes cientificas iham homem e a sociedade por obj , em particular, 0 dirsito criminal PERIGOSIDADE CRIMINAL se 0 proprio dreito privado, 5 transformagdes sucessivas ‘na comple- como poderia esse direito cri- manter-se estético, através dos tempos, alheio a todo esse acervo de fatos que se vem acumulando solre das formas de transicao. iuas forcas que orientam a ewolucdo do penssment De um lado, 0 impulso vigoroso do moviment as novas conquistas da ct renies ou veladus ten - Do outro, € to tradigéo juridica, & a opinigo piibliva, sto idéias religiosas, morais, filos6ficas, que se foram lentamente formando e lentamente do no espirito ¢ consolidando por sézulos de costumes ¢ de legislagSes nelas uniformemente bascadas. Fora conser i vvas e de prudéncia, que se faz sentir no gesto precavido com que os juristas, em geral, consideram os avancos da doutrina Dai esse dualismo cm que repoata a influéncia das duas corren tes diversas e de que se ressente, nc pensamento de muitos, a ti da periculosidade. Essa dubiedade de posicdo em frente ao problema conduz a acei- \ tacio concorrente de principios dousinariamente divergentes Preso aos postulades do cedo hd de revelar-se fundamentalmente inconcilisve com a teoria. ANIBAL BRUNO 7 © 0 seu pressuposto, a respons nib pode fundamentarse sobre a base da perculosidade smente, a absoluta inconciliaeso ‘como expiacao, figuras delii- fna_periculosidade do homem de I, para que juridicamente seja entusissmo, chamou Lenz a0 ia, mas pode haver uma dou- sociedade, os recursos ido realista que 1¢ da pena, por essa fore: ie Dorato Monteiro chamou 0 sabio labor do 28 PERIGOSIDADE CRIMINAL ‘Aos poucos irse-do esbatendo aquzles sentimentos de revolta e de dio, a que nfo refugiu mesmo algun jurista do p ‘Lembremo-nos de que, hi meros de cet Alexander e Staub, formas de h ivamente do 10 bruxas, a penas mais duras do que as que incidem sobre homicidas. Loucos mesmo eram que se Ihes impunha emparelhava-se com as torturas que ‘vam sobre 0s ¢ri domina na matéria € 0 tema do perigo ¢ 0 dever para com os menores. Nao 6 possivel que esse maravilhoso despertar da consciéncia pelos fatos bio-psicolégicos, is de menores e ciiou uma legis tiga superiormente hunanas e sobretudo racior comum e 0s juristas que meditam sobre o crime dos J4 6 grato recoahecer que hé frigmentos de postivismo criminal © da teoria de periculosidade em cada projeto e em cxda cédigo penal dos tiltimos tempos. Esse direito er Politica Criminal, com a sua indole prag acomodar as possibilidades reais de legislacio atual. Mas sio téo largas as concess6es que thes fazem os mosmos que mais se apegam jonalismo juridico, que ndo ha como néo perceber amos todos, t dores, 9 supeitosos © prudentes, mas todos impelidos por uma forca lexordvel, que € a mesma que ainda a colorit de ton realista todas es manifestacbes desta fase da nosse cultura, Por outro lado, autores distanes, em pri idade, dela se aproximam ra fundamentagao de vii titutos do di Conceituando a culpabitidade, 20r exemplo, virios se referem nfo a0 ato isolado, mas a personalidade total do autor, Para Grunhut, a acusacio de cu(pabilidade deperde da periculo- Sidade do acusado, que ele transforma em momento de culpabilidade, Lenz fala de uma culpabilidade potencial, que depende das disposig6es que integram a personalidade do agente. E a culpabili- ANIBAL BRUNO. 29 dade de disposico de Seelig, que precede ¢ segue a culpabilidade atual e influi aumentando-a ou mesmo diminuindo-2. Gleispach e Kadecka referem-se a uma pura’ responsabilidade baseada no saréter de Kolrausch, que vé a culpabilidade em uma contradigao entre as leis da vida do individuo e as normas do mundo circundante, fSrmula do desajustamento social do. perigoso. Em todos esses conceitos sente-se latente, embora alguns 0 con~ testem como Seelig, a idéia da periculosidade, que se infltra nesmo em sistemas distantes do positivismo. ‘A propia corrente francesa, que olha com tanta suspeicio a teoria, no que respeita, pelo menos, aos habituais do crime, poe em fancao 0 critério da periculosidade Graus da Perigosidade Pode considerarse a gradua¢io da periculosidade sob varios aspectos. Interesse, sob esse portto de vista, a maior ou menor importincia do bem tutelado pelo direito, que se acha ameacado de lesio por parte do sujeito perigoso Tnflui tmbém a maior ou menor probabilidade de que realmente a persistir ou se incrementa 0s casos © grau da periculosidade que facam prever a sua maior ou metor inclinaco e persisténcia & pritica de atos dé quanto mais stores crimindgenos internos e entre estes os per- Nesse caso, o advento do delito pode acorrer imos estimulos do ambiente 1m indiferentemente © sucessivamente nos mais vos. Hi a gravidade diferente dos delitos dos q ; 8 3 PERIGOSIDADE CRIMINAL inda dos que frequentam, com Periculosidade Criminal © Anormalidade Psiquica Ha nos autores mesmo mais modernos 4m maior obscuridade no coneeituar o: atibutos Jégiea do homem, que determinarian a tenden ‘A maioria fala em anormalidae psi anormalidade psiquiea o fundamente de toda pe resmos jf contestaram a propriedale da expresso, pela sua imprecise latitude, chegeu a perder todo sentido positive Veremos adianie a complexidnde ‘des causas desse. rotunda desajustamento social que deriva pa o deh Perceberemos, entio, como interferem, nos atos humanos, / que a heranca acurculow na intimidsde das calulas geratrizes que © 4\hiorem transporta como 0 legado de todos os morten que o precede. \ram na estirpe; causas que @ propia vida or cstimulos do mundo circundante, e5 }ram como forcas imanentes da pese idade, mai lato tne, oaelse: deforma que sciseralcans oovastatar ‘mulam, ansiosos por evasio, no funto tenebroso do subscn, E tudo isso em fungio do meioe do momento. Esta ai cifncia do zomportamento humano. Ta esa, nio The pode bastar @ anro- em. a sociologia, mesmo ro conceito amplssimo de Ferri, disyirtua 0 carter. Sairé antes das péginas da moderna sovial, no sentido de Park e Burgess ou Kymball Young © egradn quando 03 socislogos se tornarem biologistas ¢ 06 biologistas socisloges Elementos do Jutzo da Periculosidade O estudo da perst ide bio-sociolégica do individuo, sua complexidade, da 0 primeiro fundamento ao juizo da peticulo- sidade criminal ‘Mas, como em clinica médica srocuramos firmar jufeo integral do paciente, atingir a maneira total pela qual o seu crganismo, como unidade viva, reage na ocorréncia patol6gica, determinar, em suma, © scu comportamento biolégico; em direito criminal é a férmula do comportamento social, tendente crminalidade, do siposto perigoso. que pretendemos definir. ANIBAL BRUNO 31 Mas, imaginar 0 homem aliado do tempo ¢ do espago € abstragio sem sentido Ha que tomé-lo imerso no seu mundo cireundante, naquilo que Hess chamou 0 seu espaco vital, com o qual so conjuga, reunidos » homem e meio, como corrente continua de acbes ¢ de reacées, assim, em seu préprio meio © em seu comportamento diante da vida, que havemos de completar os dados para a interpretagio da personaliade do individuo. E 0 proprio Adler, pesquisador do profundo, afirma que no hé outro caninho para compreender uma personalidade, senic a contemplaco dos movimentos que realiza para resolver as problemas da vida, Assim, so acordes todos os autores em que nao serd em simples exame antropol6gico que se pode buscar o juizo da periculosidede, como nao € no simples exame clinico que se firma o médico para o seu diagn6stico e prognéstico. Ha que fazer interferirem no conceito todos aqueles dados que possam anstruir sobre o carater do indigitado, sobre 0 modo de ‘a recto em face dos habituais estimulos.do mei ‘Na consideracio do especial estado de periculosidade, devernos iF em apreco, portanto: 1.9 — As condigoes fisicas ¢ psiquicas que caracterizam a per- sonalidade do agente © possam explicar tend&ncies anti- fato delituoso ou no em que se exprime a periculo- idades Ds motivos que determinaram o fato ¢ as circunstincias que 0 cercaram; A vida antecedente do autor; comportamento contemporineo © subseqiiente a0 liar ¢ social em que se formou © onde vive 0 suposto perigoso, formula os seguintes dudos para o b) Psiguica, c) Moral jo delito: a) forma ¢ modo do ato, b) 41 ‘ado de dano on per'go PERIGOSIDATE CRIMINAL Grispigni poe em considera¢ao, para o estudo da periculosidade, : 1.2 O delio cometido, elemento para cle de 0. 2.9 Conduta posterior ao delito. 3.° A. -vida_anterior. 4.° Pericia antropoligica ou psiquiditica. Jimenez de Asta, mais coeren! ira de considerar © conceito do “estado perigoso, sem delito ou péi-delitual, oferec> o seguinte com de dados que devem ser tomados em considemeio; a) a perso- aspecto antropolégico, ato que manifesta a periculosidade, Em todos esses esquemas de anélise, falta, eniretant de primordial importincia, a consileracio do meia familiar © soci onde se formou o espirito do suposto perigoso e sob decorre 0 proceso da sua vida. Esse é um dos elzmentos m: da espécie e do grau de periculosidade. dado subsidiatio no dagndstico da periculosidade seria ainda a impressao ‘produzica itlico, 0 tentar contra a pessoa ou pro- priedade de outros, ou por suas ameagas contra a pessoa ou proprie- dade”. dade, Seria ol a0 qual os. outros contri ‘Nem sempre, porém, é 0 delito 0 elemento decsivo na sintoma- tologia da periculosidade. Basta refletir na auséncie de uma relagéo constante entre a gravidade do delite e a gravidade do estado perigoso. ANIBAL BRUNO revela a personalidade, Néo excl 08 de que no: possamos que € 0 fundamento real da periculosidade. B claro que o crime 4 faz presu jdade, como um dos seus sinais mais demonstrativos, porém, do crime, @ sua natwreza, as circunstincies de que se revestiu, o estudo da per- sonalidade bio égico-social do agente, esclarecerio a existéncia ou no do estado perizoso. Em realidade, poucos serio os casos em que se possa afirmar | isento de periculosidade a um criminoso. Sio casos quase todos que ‘0s e6digos vigentes 4 incluem na consideragio das causas de exclusio da culpabilidade. Fora dai, o crime é realmente, um sintoria de pericul aquele que trensforma a periculosidade suposta em pei monstrada, 2 criminalidade latente em ci todos os delingientes, 6 pelo fato de haver cor isso 86 se demenstram socialmente perigosos” jo de ver, & aptidio para deling wit. Essa capacidade revelou 0 contramos no conceito que Roceo nos dé %$ © poder, a aptidéo, a idoneidade, a ressGes equivalentes) da pessoa a ser causa de agdes ou pergosas e, assim, de dano ou de parigo”, c acresceita: ipacidade, enquanto se trate daquelas particulates aches dae foma solidamente na oré- 1a preocupacao dos la escola positiva com as possi , Tevelada, sobretado, no seu projeto iN0, a teoria da periculo: PERIGOSIDADE CRIMINAL detinalientes s20_perigosos. ~E certo, contudo, gi facilmente volvera a d ago, uma vez realizada, exige menor esforco para set 1ep ial pera a possivel elaboracdo posterior tem fatores pesson i a fraqueza dos ‘Com o sentido super periculosidade, assume Gris sustentavel, entre a concepcio r ai tica. E com ela contradiz as claras © ingue a periculoséiade criminal Se 0 acompanharmos, abando omém que vated 8 preoeupero espiito do jriea "Tes, endo, . Perculsidade 0 river de mera aa ANIBAL BRUNO 35, @ idénticos delitos corresponder sempre pena uma vez que aquel de cada delits nos seus mencres cambiantes excluiria, pra , de diagnésti ansuficiente pa Nio fice, er anélise minuciosa de idas para o éxito do ato, sdo elementos influentés 20 juizo da periculosidade. ma qualquer preocupagzo sobre responsa- (¢, a teoria exelui a distingao clfssica entre is ores, entretanto, € certas construgdes legislativas, io da periculosidade, como ima medida de seguranca, distinta da pena. i © problema que se tem vindo a complicar no ter- ias do homem e da sociedade foram conceitos da natureza e dos limi= aces se multipli- ia desses estados andmalos na 6 PERIGOSIDADE CRIMINAL ctiologia e na pacogenia do delite ¢ os limites da imputabilidade se desvaneciam. Por fim, impOs-se a conclusis de que, na essincia do di quase sempre @ manifestagio de uma personslidale mais ow ‘anémala e deficiente sob 0 ponto de vista biopsicclégico. ‘Surge, assim, fortemente conprometida na grande maioria dos casos, aquela normalidade do querer, tomada ptlos cédigos como pressuposto da pena, a E ento, ou a grande multidt0 dos andmales bi ‘yem a incluir-se entre os loucos, sem objeto. magis normais e em reslidade falseia-se o fundamento aimi criminal, ‘Desse modo divorcia-se inexoravelmente da vida a concepedio ol sica e, no terreno da teoria da pxticulosidade, o dualismo revel absolutamente sem sentido, Medidas de Seguranca sobejamerte demonstrado a idade. E se 0 ponto de vista niedidas primitivas, as necessidades reais da defesi social impunham ‘a'sua transformago em elemento defensivo, ao mismo tempo i dante, emendativo ¢ inocuizador. a pena era atacar de face > velho reduto do 1amadas medi- pio avancado e fecundo, sem comprometer os axomas clissicos da idade © da pena, 0 essas medidas de segurane trumentos de defesa da sociedade, ANIBAL BRUNO 37 idualizago da pena, langado no campo da stiea pela escola positiva é ai que encontra 6 melhor ensejo de aplicacao: A naturzza e © grau do estado perigoso oferece o molde a que } se adapie, ccm eritério individualistico, a medida corretiva. [ Ai, a saxcéo tido amplo, é capaz de realizar da sua finalidade como instrumento intimida- da pena, fraco mas incontestével motivo a social, no se extingue com a transformacéo dos fun- tos da aeao repressiva do Estado, Na: las de seguranga, jwer que sejam, ha sompre um contetdo restritivo de um bem ‘8 que nao pode ser indiferente 0 homem, ¢ nesse nticleo la virtude, de intimidacao geral, em que se fan- iximo de acdo preventiva da pena cléssica, S, porém, se decorre o delito de falhas na educacio © presumiu suficientemente contra os estimulos 3s do meio ou os impulsos de instintos desregrados, ou condigées at do ambiente familiar ow social , a aciio educadora apropriados, é que poder reconduzit os forma de comportamento compativel com a con- ‘em que no fundo do comportamento delituoso ‘orgiinico ou psiquico, susce sempre nocivos, essa espécie 38 PERIGOSIDADE CRIMINAL ‘A cada uma dessas fungUes ‘170 de c ‘mas especiais de sanciio, com os meios ma necessérios A sua perfeita a ‘No miiximo dos casos, tem porque pode atuar para digo penal lade, om 08 aspectos que venha da a apresentar no julgamento ou da exceucao. Exigéncias da Teoria da Perigositade a sua necessiria para t adogio de me- rmem radicalmeate 0 atual apai Reclama entre outras 2 rmacdo das penitencidrias em =stabelecimentos de organizados racionalmer m orientacaio ‘de regime de trabalho que se sssidades de discplina e de seguran- ‘de modoa favorecer a adap- l6gicas, constit criminais, capazes de orga- tos que denun- © a0 comportamento gersl do indicado, para de verdadeiras clinicas eriminol6gicas, anexas aos de corregfio, para a orientaco co tratamento refor~ pedagénico em «el para a elaboragio de pareceres sobre 0 estalo dos detidos, para ito & conveniéncia de medides posteriores: ANIBAL BRUNO 1) —Criagio de departamentos de ass tos, que os encaminhem para o trabalho e a vida social comum. Objegdes Em tomo da teoria ‘Ges, Nao nos a das forgas tradicionais. Reconliegamos que a t orginico de perieita harmo boragio que, se processa ainda, nfo con- imnar da doutrina aspecios frégeis, que justificam algumas es que the tém siGo opostas. Nao s: pode, porém, reclamar de uma teoria que apenas se labora, que assenta os seus pri a dificuldades © a pidez.e a cceréncia rigorosa dos velhos institutos, rest € porfiado labor de légica e de sabedoria ¢ tic variadas so as divergéncias entre os grandes mestres do cia de um puro cléssico. que se tém er imeira Ievanta pressuposio da impossi Ceterminar com seguranca a existéncia e a cessacdo do, ial sua apo para compreender a poder de dominio sobre si mesraa?” snte CSdigo Penal Italiano assenta a imputal 40 PERIGOSIDADE CRIMINAL Essas’ nogies filosGficas, que © dissipam como fumo, quando queremos aplicé-tas a casos coneretes, contrastam sirgularmente com © carater real e positivo da nocao dz periculosidade, Essa periculosidade, que os adve que 0 juizo de pet a bio-psicologica sobre o individuo. E dentro ia dos casos, esse exane nos permitiré um diagnéstico lade com a mesma fat para serem redutive's a formulas albsolutamente precises. Os sibios refazem cada dia a aventura da descoberta do homem. ‘Mas, por mais que progridam as cicias da vida e do esprito, 6 pro- ignostizar 0 comportarento do homem por simples pericia bio-psicol6gica. Por isso ninguém pretenden né doutrina fazer do resultado do |. E muitas vezes de tal modo idade, com 0 seu carder portament : diagnésti ANIBAL BRUNO ‘catego Dessa inprecisio relativa do ekame antropolégico, como meio il de diagaéstico da periculosidade, que os adversirios da teoria evidentemente exageram, nao resulta, portanto, a impossiblidad> pré- ica de se estbelecer a sua f6rmula, com suficiente seguranca para fundamentar ama pro ‘Sabemos hoje que no hé um tipo de criminoso nato, como rea~ lidade antropot6ziea, no sentido primitivo lomibrosiano. Mas hé con- digGes inatas ie desajustament social, de periculosi- dade crimina, ide teve ainda a Virtude de esdarecer e completar a idéia fundamental de Lomibroso, dando-the sentido ci dade pritica, Daf decorre para o Estado novo campo de atividade na Iota contra o crime. Sio atitudes que escapam 20 dire al. Admi= tir-se-fo come termos do programa da medicine social, ramo nascente das citncias médicas e sociais, onde a sociologia se ie perturbam 0 a criminal. consi- se nesse capftulo as medidas eugén nga de atributos da periculosidade, a protec da maternidade, de instru, de educagao, de teeducacio, de tra- a moralidade da familia, nente sob 0) iene mental, para a manutenedo, em suma, de condi¢des, crescimento © @ persisténeia dos homens em situagio ientes, que podemos chamar de peticulo- frustre, em que o perigo de delito é presuncao remota e incerta, 42 PERIGOSIDADS CRIMINAL nfo ha porque inte-ferir 0 Estado. As proprias pesquisas bio-psicolégi- cas da personalidade, se determincdas compulsoriamente, chocar-se- -lam com diteitos invioléveis no sittema juridico atual ‘Ai, em verdade, nao se pode bem falar de pericalosidade, porque las que se aplicam a esses casos destinam-se da periculosidade, da conteiido. imbém insuperivei do juizo da perc les que com ele convivem, ‘nas, que acompanham as vida e de trabalho se cias da seguranca e ANIBAL BRUNO 43 seja a doutrina que domine 0 cédigo, sendo de notar jo na teoria do de periculostiade criminal sobre qualquer i duos cujo ginero de i i io de periculosidade, a medida de , orientada como é a recon- Autores sugerem que, eccita a teoria da periculosidade, morto ia 0 cédigo e o propti minal Desde que € sempre do fato, delito, ato ou modo de viver peti- a.sancao. ligada intimamente A ex’sténcia 44 PERIGOSIDALE CRIMINAL © proprio Jimenez de Asia, langando 0 seu projeto de direit criminal para o futuro remoto, que se pode ter camo a for avaneada, dentro da corrente posiivista, de organivacto ju minal ¢ que ele mesino prevé ut6pea, supoe tum edligo, lem os julzes veriam perdido 0 cariter juridieo da sua missao, itido 9 conccito da pericul io criminal ¢ tran sta. As pericias idas pia o tratamento. as investigagdes de periculosidade hao de ser em grande arte inspiradas em dados bi ‘Nao se conch que jurisperitos. __, Como quer que se transforme o direito crimisal, 0 dade ¢ de Junga nto se apartard de suas nommas. Seré sempre izes que hé de caber julgar situagSes em que se restringem ou se amalam bens juridicos da maior valan PERIGOSIDADE SEM DELITO 8 repressivas com que os c6dligos procuram 8 onda trambordante da criminalidade revelam-se fragilis da forca impotuosa das causas eriminégenas, Nada mais expressivo desse fato do que a curva crescente do fendmeno do delito e sobretudo a massa impressionante dos habituais do crime, que vivem a descrever entre a sociedade 0 cércere o ciclo vel de sua atividade malsa, Tudo isso clama irrefutavelmente a ineficécia das virtudes da pena classica, impelido pelas causas profundas que o A severidade dos cédigos, resi wadiu mesmo os setores do clas- £6 na obra da tende cada vez mais a provar que 0 criminoso é freqiien desequilbrado, um degencrado, um defeituoso ou um aleodlico, lidade moral escapa ao juiz como ao médica. querer conhecer esse obscuro mistério. », queira-o ou no, suas decises py le suas diividas sobre a justiga e a cfic essa luta contra a criminalidade ha de pe (0 criminal nao se resolve a ampliar-se e rejuvenescer

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