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lrg THE CLASIAL LANGUAGE OF ARCHITECTURE Capran do 1980 The on abe Lode ete ede “inguin / nh Sumac: iS te hed= S uManen Fe, “eet Todas os dives desta elise eerador 8 “Lovaria Martins Fonts Ears Lie. a Contin Remato 30340 ‘1325000 Sav Pane SP Brasil Teh) 2993677 Pas (1 81089867 ‘ma: ifo@marafoescom Ipinemarinsonescom BR Wetultaons adie be ep A INDICE Pref’ci0 noun * 1. A esséncia do classicismo 2. A gramética da Antiguidade 3. A lingiifstica do século XVI. 4. A ret6rica do bart0C0 5. A luz da razio—e da argucoogi 6. Do clissico 20 modern0 Glossario... Notas sobre a literatura da arguitetura classica Créditos das ilustrages a4 Dive uch meen ae? ae 4444 CAPITULO SEIS DO CLASSICO AO MODERNO Hiieay Bas BEE og atl ote ocean Durante a primeira metade do século XX, 0 aspecto arquite- tonico do mundo mudou completamente, Podemos tragar agora, como fato histérico, o desenvolvimento, dentro desse periodo & no mago do processo de mudanca, daquilo que convencional- mente chamamos 0 Movimento Moderno em arquitetura. Esse movimento teve inicio na década posterior a 1914, Atingiu 0 ponto culminante de sua forga inovadora no final da década de 1920 e, apés a Segunda Guerra Mundial, explodiu como uma bomba de efeito retardado, preenchendo o imenso véewo deixado pelos anos de guerra. Seus efeitos se difundiram tanto, a ponto de nijo existir lugar algum no mundo industrializado no qual os blo- cos delgados, altos e reluzentes, as perspectivas de pilares de concreto ¢ as sequéncias de janelas recortadas néio tenham se tor- nado tipicos e familiares. Esta 6 a revolugo arquitetOnica de nosso século —a mais ra- dical e universal na histéria do mundo. No seu decorrer, questées, de forma arquitet6nica tenderam a ocupar um segundo plano, dan- do lugar as questdes de tecnologia ¢ industrializagao, planejamento em larga escala e produgo em massa para suprit necessidades so- ciais — questdes mais de construcdo do que de arquitetura. E com todas essas mudangas, onde foi parar a “linguagem” da arquitetu- ra? Para respondermos adequadamente, € preciso buscar as origens hist6ricas do Movimento Moderno, através do estudo do pensa- ‘mento ¢ da atuagZo das personalidades que determinaram seu cur- so. Teremos que examinar uma série de prefiguragdes do Mo- ng Me 110 ALINGUAGED cLASSICA DA ARQUITETURA em | vimento, que emergiram em tradigOes consecutivas remontando a0 | século XVITe ao Tiuminismo. ~~ Vocés devem estar lembrados de que ja tratei anteriormente a filosofia arquitetOnica do abade Laugier, 0 homem que expés a0 mundo a imagem da casa primitiva, ou “choupana ristica”, como fonte de toda a beleza arquitet6nica. Era uma imagem bastante in- génua — uma estrutura sem paredes formada apenas por quatro troncos nos quais se apoiavam galhos servindo de vergas ¢ de caibros. Podemos assumir que tal construgio — obviamente instil ppara qualquer um, independente de seu grau de primitivismo — rnunca existiu, exceto na imaginagao de Laugier. Sua sangio arqueo- 6gica era semelhante & sangio antropol6gica do Nobre Selvagem de Rousseau, que apareceria na cena literdria alguns anos depois. [Na verdade, tratava-se de uma representacao simbélica, cujo senti- do era indicar a existéncia, por tras de Roma e da Grécia, de um principio que seria como que a esséncia da arquitetura, ‘Nio acredito que o pr6prio Laugier tenha perecbido as impli- cagbes desta afirmago, as quais s6 vieram a ter conseqiiéncias apés um longo periodo de tempo. O fato de se considerar a casa primitiva como arquitetura “pura” implicava necessariamente que esta fosse a solucio mais eficiente para um problema especifico da habitagiio? Obviamente, no, O mesmo fato implicava também que a arquitetura “pura” se limitasse a colunas, vigas e caibros? Parece que Laugier tinha isso em mente, ¢ do seu ponto de vista a casa primitiva era apenas a redugiio do templo clissico & sua ex- { ptessio mais simples — uma expresso ainda dentro dos limites da } linguagem cléssica da arquitetura. Por outro lado, sua idéia era po- tencialmente racional (a coluna era simplesmente um esteio cilin- drico, ¢ 0 frontio, um mero triangulo) —continha o germe de uma \arquitetura da qual todos os elementos decorativos ¢ plésticos ha- vviath sido removidos e, uma vez que algum tipo de acabamento \fosse dado aos troncos, nfo passava de uma geometria de sélidos. Mas, ainda assim, continuava sendo arquitetura. ‘Tal arquitetura, que tomou forma — ow algo semelhante — em fins do século XVII, tinha implicagSes bastante utdpicas, & uma de suas manifestagdes mais surpreendentes € a cidade ideal ‘concebida, projetada, nunca executada, mas publicada em 1805, ‘pelo arquiteto francés Ledoux. E uma cidade imaginéria para uma sociedade imagindria, contendo alguns projetos inesperados tanto ‘quanto a sua finalidade como quanto & sua forma, A ilustra¢o 107 DO CLASSICO AO MODERNO 111 ‘mostra um deles: um centro de educacdo sexual para adolescentes — assunto muito sério, diga-se de passagem — cujo programa cui- dadosamente elaborado nao nos diz respeito neste livro. Reparem. em sua geometria, uma disposi¢ao complexa porém harmoniosa de sélidos, que se ajusta muito bem & paisagem. A analogia com a definig&o de arquitetura dada por Le Corbusier, em 1921, € irre- sistivel: “o jogo dos volumes, dispostos com maestria e exatidio sob a luz”. Le Corbusier também projetou uma cidade ideal, a Ville Radieuse, ¢ ndo surpreende que, na década de 20, um estu- dioso da arquitetura tenha se interessado pelo assunto a ponto de escrever um livro tragando um paralelo entre as duas Utopias: a de Ledoux e a de Le Corbusier. Isso nao quer dizer que Le Corbusier tenha sido influenciado por Ledoux — tanto que eu saiba, nio foi. ‘A paixio de Ledoux por eificios concebidos como um agre- gado de formas geométricas simples foi compartilhada por outros “arquitetos de sua época, e mesmo posteriores, como o alemao Karl Friederich Schinkel. Em seu Altes Museum, em Berlim, as formas so simples mas de grande efeito. O resultado € essencialmente ‘uma massa retangular cujos lados so definides por uma sequléncia transparente de colunas. Por trés destas, uma parede interna fecha © volume, o qual se eleva apenas no meio para conter 0 sagudio central do museu. Ao lado desta combinagio tridimensional sim- ples, 0 Museu Britanico, com todo o esplendor de suas colunatas, nao Se sai bem na comparago. Pois 0 Museu Britanico nao passa + de um conjunto de colunatas, sem nenhum indfcio do edificio que fica por trés; na verdade, para quem 0 examina do exterior, 0 edifi- cio poderia mesmo nem estar Id ‘Apesar da importancia que atribui & geometria de s6lidos pu- ros do projeto de Ledoux e do museu de Schinkel, voces devem ter notado que as ordens esto presentes em ambos 0s exemplos: no projeto de Ledoux, o portico grego numa das extremidades do edi- ficio, controlando as linhas principais da composigao ¢ repetindo- se na colunata semicircular no outro extremo; no museu, a colun- ata espetacular e finamente detalhada, elemento formal de grande importancia para o conjunto. A linguagem da arquitetura classica ainda se mostra viva e as ordens nao s6 esto presentes, mas con- trolam o projeto. Ainda que nos parega estarmos no limiar da ar- ‘quitetura moderna, este s6 seria transposto muito mais tarde. Entre 05 dois momentos, estende-se quase todo o século XIX e parte do século XX. ae 1108 2 acts bauer 112 ALINGUAGEM CLASSICA DA ARQUITETURA ke Os estilos histéricos sfio a grande preocupagio do século XIX. | Bdificios cléssicos eram constantemente construfdos, porém os pro- | jetos se reportavam ao passado, no apenas & Grécia ou a Roma, ‘mas a praticamente todas as diferentes fases do desenvolvimento ___clssico, transformando o passado na tinica fonte de inspiracao. No 12.63 New Ashmolean Museum, em Oxford, que jé vimos anteriormente, C.R. Cockerell entrelagou, na mesma obra, ornamentos extraidos de templos gregos, uma disposicio de colunas sugerindo 0 modelo do arco triunfal romano, uma comnija inspirada em Vignola e ele- mentos de origens tio dispares como 0 maneirismo florentino € 4.114 Nicholas Hawksmoor. Vinte anos depois, a Opera de Paris, projeta- da por Charles Gamier, repete 0 mesmo fendmeno a0 combinar uma concepeo bésica de Bramante, a colunata do Louvre — na 41.81 — qual foi introduzida uma ordem subsididria segundo o principio es- 1.68 tabelecido por Miguel Angelo no Capitélio— com alguns elemen- tos do Louvre antigo e um ético romano. Os projetistas clissicos estavam, por assim dizer, girando em tomo das realizagdes do pas- sado em busca de coisas que poderiam ser feitas outra vez, de for- ma diferente ou em novas combinacdes. ‘Nesse mesmo momento, o penisamento ativo e progressista da época de Laugier tomou uma dirego que se pode considerar ines- peraila. Por mais cléssica que fosse a orientagao de sua arquitetura, 0s franceses no poderiam ignorar completamente alguns dos cios mais audaciosos, duradouros e engenhosos jamais construfdos em seu territ6rio, as catedrais medievais. Por outro lado, os france- «ses sempre admiraram 0 g6tico como obra de engenharia, sem a re- |} veréncia nostdlgica e provinciana dos ingleses. A partir da admira- | sie pela economia ¢ integridade estrutural presents numa igre abobadada, talvez fosse inevitavel que transferissem a idéia de uma | arquitetura racional da Antiguidade cléssica para a Idade Média. Desualquer modo, o maior tedrico francés do século XIX, Eugene Duc, passou a maior parte de sua vida estudando a arqui- a como um meio racional de construir e, em suas aulas,

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