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Resistências no Tratamento Psicanalítico

A psicanálise é um tratamento valioso que lida com as dificuldades e o sofrimento humano em


toda sua forma, ajuda no crescimento pessoal oferecendo uma forma de compreender e
mudar padrões de vinculo e relação interpessoal, crises existências, conflitos conjugais e
familiares, além dos transtornos psicopatológicos como ansiedade, depressão etc., enfim traz
melhor qualidade de vida e melhora o convívio social.

Porem nesse processo psicanalítico pode surgir algumas resistências que podem estar
presente durante todo o tratamento. Essa resistência do paciente pode surgir
conscientemente ou inconscientemente. O paciente cria esse mecanismo para evitar o acesso
ao inconsciente e a oposição ao método analítico.

Freud observou que a resistência era um obstáculo para a progressão do tratamento


dificultando a esclarecimento dos sintomas. Considerado por ele como um mecanismo de
defesa do paciente desenvolvidos para evitar situações de “perigo” relacionados aos desejos
sexuais do inconsciente ou agressivos e que esses não sejam expressados com liberdade ou
diretamente. Esse mecanismo de defesa age como uma tentativa de proteger o equilíbrio
psicológico entendendo o procedimento analítico como uma ameaça, as resistências surgem
como oposição ao trabalho analítico e ao ego racional do paciente.

“Os mecanismos defensivos dirigido contra um perigo passado reaparecem no tratamento sob
forma de resistência contra cura. Disso se repreende que o ego considera a própria cura como
um novo perigo”. (Freud, 1937).

Uma das resistências mais nítidas e frequente é o silencio do paciente, podendo acontecer
consciente apresentando falta de vontade em conversar e expor seus sentimentos, ou pode
ocorrer inconscientemente onde aparentemente não há nada em sua mente a ser dito. Sendo
fundamental para uma analise a fala, o silencio de um paciente pode impedir a evolução do
tratamento. Deve-se adotar uma abordagem firme e decidida aplicando perguntas onde o
paciente se acalme e entenda os procedimentos da analise respeitando sempre seu tempo.

A postura do paciente também pode surgir como uma defesa, a posição que se senta, a rigidez
do corpo, uma posição mantida durante toda a sessão são sinais de resistência. Pode se
observar, por exemplo, uma pessoa com voz mansa e calma sobre um determinado assunto e
seu corpo não condiz com a calmaria, mãos apertadas, corpo se contorcendo ou mesmo se
levanta do divã pode ser uma indicação do desejo inconsciente de fugir do analista. Entre
outros a também o bocejo, braços cruzados contra o corpo, tornozelos inquietos, movimentos
repetidos durante a conversa, são sinais que o corpo fornece indicando o desconforto e a
angustia transformado em resistência. Assim como a maneira de falar uso de chavões, termos
técnicos ou conversas vazias indicam uma tentativa de fuga de imagens vividas e evocativas da
linguagem pessoal do analisado.

Outra característica é a fixação no tempo, há variação de presente e futuro nesses casos é


quando o paciente fala de seu passado com liberdade sem citar nada do presente ou ao
contrário, prendendo-se em um período de tempo essa oscilação de tempo é uma fuga.

Atrasos nas sessões, faltas ou esquecimentos também podem indicar uma resistência, uma
relutância do paciente em criar vinculo com o tratamento ou aceitar um vínculo com o
analista.
A resistência do superego, considerada por Freud como a mais difícil para o analista discernir e
abordar, é a pressão sofrida pela moral da consciência onde o paciente se permite ter um
pensamento que te gera culpa e reprime esse pensamento gerando uma sensação de mal
estar durante a sessão tornando-o resistente ao trabalho analítico por se sentir imoral.

A resistência emprega atividades defensivas, uma delas é a repressão que consiste na tentativa
do ego de evitar o acesso a consciência as excitações e as representações desconfortáveis,
tentando evitar a perda do controle. A repressão e responsável pelos sentimentos como
pudor, vergonha, normas morais, interesses culturais e religiosos, enfim serve como “freio
emocional” sendo necessária para a estruturação do desejo humano, porem em exagero pode
gerar ou compor uma doença ou sintomas. Já na conversão acontece a disfunção de órgão de
sentido ou na musculatura como tremores, paralisia, anestesias etc, na tentativa de aliviar a
tensão afetivo emocional por vias das expressões somáticas, algum sintomas também podem
aparecer como vomito, náuseas e vontade de defecar ou urinar. E uma doença mental que
semiconsciente surge como doença, chamado de síndrome de Ganser.

Outra importante atividade defensiva é o deslocamento, que é a mudança do objeto da


angustia por outro permanecendo no ato, um exemplo é o caso do “pequeno Hans” relatado
por Freud, que sentia medo de seu pai e deslocou esse medo para os cavalos.

A negação trata-se de uma forma de evitar a vida real, nesses casos as imagens tem acesso a
consciência parcialmente para terem a oportunidade de nega-las, podendo levar a
irracionalidade do indivíduo. Alguns tipos de negação social são: escapismo, adiar
compromissos, não enfrentar situações desagradáveis, criação de doenças imaginarias,
podendo aparecer também em forma de fantasias como se colocar no lugar de artistas de
cinema ou televisão buscando fugir da realidade.

Concluindo essas formas de resistências criadas pelo inconsciente ou não, surgem durante a
analise como uma tentativa do paciente de proteção e oposição ao analista no trabalho
analítico, criando esses obstáculos, o inconsciente se sente protegido de algum sentimento
que causa dor. A função do trabalho analítico e quebrar essas barreiras e enfrentar o
sentimento tão bem guardado e obter acesso ao seu inconsciente quebrando essa oposição.

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