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Aula 3
Aula 3
NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS
EFEITOS DA POSSE E
CONTRATOS IMOBILIÁRIOS
E DIREITO DO CONSUMIDOR
A u la 0 3
1. Prolegômenos do usufruto
Quando nós tratamos da matéria dos direitos reais, existe uma matriz nos direitos reais, que é
o instituto da propriedade.
→ Usufruto é um direito real sobre a coisa alheia, ou seja, aquilo que os romanos falavam Iura
in re aliena – direito sobre a coisa alheia. Usufruto é um direito real sobre uma coisa que é de
propriedade de um terceiro.
Tem a ver com o Direito Condicional que é a matéria das gerações/dimensões dos Direitos Hu-
manos.
Direito de propriedade é a matriz dos direitos reais. Este tem sua origem no código civil de
1916. Neste período, tínhamos o direito de propriedade como um “direito sagrado”, intocável
por terceiros, porque temos a concepção do código de 1916, fruto da Primeira Geração dos
Direitos Humanos.
Essa Primeira Geração dos Direitos Humanos, identificada com a Revolução Francesa e uma
série de componentes da história da humanidade, tem como base os direitos liberais, tendo a
plena liberdade; além disso, é onde nasce a chamada autonomia da vontade, o homem passa a
ser livre e ele tem a liberdade para gerar riquezas.
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→ Homem, neste contexto, é de proposta, não uma questão de gênero, pois assim era trata-
do o direito no início do século passado.
A propriedade, o direito de ser proprietário, foi uma grande conquista da humanidade, porque
antes não havia esse direito de ser proprietário, e esse direito é muito importante para alimen-
tar, fomentar e dar alicerce à concepção da primeira geração dos Direitos Humanos, que é a
liberdade.
→ O modelo econômico da sociedade brasileira em 1916, era um modelo agrícola, rural, agropas-
toril, evidentemente havia indústrias nessa época, mas não eram as indústrias que fomentavam
a sociedade brasileira, e sim a exploração da terra, plantação, criação de animais, dentre outros.
Então, nessa época, foi entendido que se o homem é livre para gerar riqueza, o direito precisa
assegurar a propriedade, porque a partir do momento que o direito assegura ao homem o di-
reito de ser proprietário, esse direito era sagrado (“intocável”), pois o direito tinha que garantir
ao homem esta “ferramenta” que gera riqueza.
Depois, vem vários momentos na história da humanidade. Temos a queda da bolsa em 1929,
que implicou, basicamente, na “quebra” desse modelo liberal; vem a Primeira Guerra Mundial
e a Segunda Guerra Mundial, em paralelo, nós temos o movimento que nasce na União Sovié-
tica, o movimento social de ideias sociais, enfim, vários componentes fazem com que comece a
haver uma mudança no entendimento dos Direitos Humanos, então nasce uma segunda gera-
ção dos Direitos Humanos.
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• Complemento:
Vem a Terceira Geração dos Direitos Humanos, muito identificada com a preservação dos di-
reitos ambientais. Atualmente, a propriedade com essa concepção social significa um direito
ambientalmente sustentável, ou seja, ser uma propriedade produtiva e ambientalmente sus-
tentável. Lembrando que isto é para propriedade urbana e rural.
Temos a Lei nº 10.257 do Estatuto das Cidades, então se vocês têm um terreno, são advogados
de uma incorporadora que quer fazer um investimento, uma incorporação imobiliária, não bas-
ta apenas construir, é necessário fazer um licenciamento ambiental, um estudo de impacto de
vizinhança e de impacto ambiental.
→ Se tem um terreno e pretende construir neste terreno, obviamente, vai gerar riqueza, pois
será contratada uma empresa para construir, gerando empregos, impostos; mas, a questão é se
a construção é ambientalmente sustentável, se não está limitando direitos dos vizinhos. Pode-
-se construir um arranha-céu de 50 andares quando o plano diretor permite no máximo 10
andares?
• O que é posse?
I – Teoria de Savigny (Teoria Subjetiva da Posse): Temos a posse como sendo animus domini
(de ser dono) e corpus, ou seja, quem é que tem a posse nas ideias de Savigny é aquele que tem
a coisa consigo (corpus), querendo ou sendo o dono.
• Teoria do Ihering (teoria objetiva da posse): que é o primeiro passo para afastar a posse da
propriedade, mesmo elas ainda conversando entre si.
→ Para Ihering, posse é o corpus, isso é exercer um poder sobre a coisa, com ou sem o animus
domini.
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Ou seja, se eu não sou proprietário de uma coisa e eu tenho a coisa comigo, para Ihering, eu
tenho o corpus (a posse), independentemente de eu querer ser o proprietário ou não. Isto é
importante para o usufruto, porque o usufrutuário vai ter a posse independentemente de ter a
posse como animus domini ou não.
No momento em que nós temos a posse, ela está vinculada na propriedade na sua origem e
continua a estabelecer esse diálogo com a propriedade, mas hoje a posse é considerada uma
figura jurídica autônoma independente da propriedade.
Na medida em que a propriedade passou a ter este caráter social, em sendo a propriedade
um direito matriz, a posse também passa a ter um caráter social.
→ “Nesse sentido, por ser um direito ‘matriz’ dos Direitos Reais, os demais tipos identificados
como Direito das Coisas também são entendidos como direitos de cunho social. Então, trata-se
da denominada função social da posse, em especial da posse-moradia, da posse-família. Enfim,
da posse que resulta da dignidade da pessoa humana e, em paralelo, a posse que implica a pró-
pria dignidade da pessoa humana.”
a) Eu tenho direito real e eu registrei no cartório de registros imóveis, ora se eu tenho o direi-
to real e eu registrei, eu tenho um direito com efeito erga omnes.
b) Se eu não o registrei, eu não deixo de ter o direito real, porém esse direito tem efeitos in-
terpartes, isto é, entre a pessoa e eu.
Esta evolução tem muito a ver com a função social da posse, pois se eu tenho uma posse, seja
resultante de uma servidão, do usufruto, do direito de uso, do direito de habitação, superfície;
se eu tenho a posse registrada, essa posse tem efeitos erga omnes, agora se ela não está regis-
trada, se eu não tenho o título ou eu tenho e não está registrado, o efeito não é erga omnes,
mas eu tenho a posse, porque eu tenho a posse moradia.
→ Se eu não tenho título provando que tenho a posse, terei que provar, agora se eu provar que
tenho a posse mesmo sem o registro, eu tenho a proteção possessória.
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→ O usufrutuário pode locar na qualidade de locador o imóvel do qual ele não é proprietário?
Evidentemente, ele pode locar, porque ele tem direito de usar e fruir.
Exemplo: Pode-se usar o imóvel para moradia ou por um aplicativo alugar o imóvel.
A) Quanto à origem:
Legal, quando decorre da lei e não da vontade das partes, sendo desnecessário o seu registro
no Cartório de Registro de Imóveis (Lei nº 6.015/73, artigo 167, I) para produzir os efeitos erga
omnes. Assim, tem efeitos erga omnes mesmo sem o registro por resultar da previsão legal.
Pelas características, trata-se de ato gratuito.
Exemplo: Usufruto dos pais sobre os bens dos filhos menores (Art. 1.689, I, CCB).
→ Todo usufruto tem que ser registrado para ter efeitos erga omnes?
Resposta: Não, o usufruto legal tem efeitos erga omnes mesmo sem o registro.
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Existe uma hipótese, agora falando sobre doação no seu sentido concreto, em que a pessoa
pode doar o patrimônio.
Exemplo: Posso fazer a doação (ato intervivos), para a pessoa A. Essa doação é válida; eu sou o
proprietário e tenho os quatro elementos GRUD (gozar, reaver, usar, dispor), daí se faz a doação
à pessoa A, ele terá então os quatro elementos, afinal ele é proprietário.
Resposta: A proteção deste doador, até porque muitas vezes o doador faz a doação quando ele
já tem uma idade avançada.
→ Usufruto voluntário por retenção (reservado): O doador doa retendo o uso e o fruir, reserva
para si o direito de usar e fruir.
→ Usufruto Misto: Quando o usufruto resulta da usucapião, mesmo que rara a hipótese de inci-
dência prática, nos termos do artigo 1.391 do CC. Para alguns doutrinadores, seria uma hipótese
de usufruto legal; para outros, usufruto judicial e, para a terceira corrente é da espécie mista.
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Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
É a hipótese de, por exemplo: ‘A’ conceder o usufruto a ‘B’ sobre imóvel de propriedade da-
quele, sem a feitura da escritura pública de instituição do usufruto, ou mesmo tendo sido feita,
não foi registrada. Passados 20 anos, ‘A’ aliena o imóvel para ‘C’ que, por sua vez, não deseja a
permanência de ‘B’, assinalando a este o prazo de 30 dias para a desocupação do imóvel. Ora,
mesmo sem o registro, ‘B’ poderá intentar ação de usucapião para adquirir o usufruto vitalício
que ‘A’ lhe outorgara, mesmo sem o registro.
→ Alguns autores entendem que essa espécie de usufruto seria usufruto legal, resultante da
lei, outros entendem que seria usufruto judicial, porque na verdade o usufrutuário vai ter que
entrar com uma ação de usucapião.
Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em
relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses
couber ao sobrevivente.
Nos planos da existência validade e eficácia, sabe-se que os negócios jurídicos passam pelos
três planos, primeiro tem que ter existência jurídica, ou seja, a norma jurídica deve incidir so-
bre o suporte fático (fato social), alguém que vai usar e frui coisa alheia; o segundo plano é o da
validade, ou seja, temos que observar em sendo o usufruto convencional e voluntário se este
usufruto é válido.
É preciso determinar se o nu-proprietário e o usufrutuário são plenamente capazes. Se não,
será que foram representados ou assistidos?
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Exemplo: A fiança é um contrato formal; quando se trata de fiança, identificamos como um dos
dois contratos: como a locação, ser fiador de um contrato de locação, ou o mútuo, é o emprés-
timo de coisa fungível. Nesses dois casos a lei não exige a forma, ou seja, a forma é livre.
Exemplo: Se pode locar um imóvel ou tomar dinheiro emprestado na palavra, verbalmente.
Será devedor tendo ou não contrato escrito.
No caso em tela, deve ser examinado se o suporte fático do caso em concreto é indeficiente ou
deficiente, conforme é o estudo resultante da teoria do fato jurídico.
→ Então, por exemplo, deve ser observada a capacidade dos agentes, ou seja, o nu-proprietário
e o usufrutuário, bem como a licitude do objeto conferido em usufruto.
Porém, tem destaque o fato de a lei conceber o usufruto como um ato jurídico em que a forma
para a sua instituição ser livre, ou seja, a forma do ato pode ser adotada ou não, admitindo-se
ser um ato formado de forma verbal, tácita ou por escrito (público ou particular).
Por isso, em havendo o título (sem o registro), a legislação admite a usucapião ordinária; em
não o havendo, é admitida a usucapião extraordinária, sempre comprovada a posse mansa e
pacífica do usufrutuário. (v. artigo 1.238 e 1.242 do CC/02).
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer
ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter
produtivo.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente,
com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.
Porém, somente para sublinhar, se as partes firmarem a escritura pública, o usufruto terá efei-
tos erga omnes quando do registro no Cartório de Registro de Imóveis. Em não sendo adotada
a forma pelas partes, deve ser provado (ad probationem tantum).
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Exemplo: Eu tenho um imóvel que não é bem de família, tenho uma dívida com uma terceira
pessoa e eu não paguei, estou em atraso, estou protelando e sei que não vou pagar. Mas eu
tenho um terreno que pode ser penhorado se meu credor entrar com uma ação de execução, o
que eu “posso” fazer? Posso simular o usufruto.
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3. Da Casuística:
O usufruto pode recair sobre bens móveis ou imóveis, individualmente considerados, bem
como sobre o patrimônio parcial ou integral do nu-proprietário e, também, sobre direitos (títu-
los e ações de sociedades), podendo compreender sua totalidade ou referir-se somente à parte
dos frutos e utilidades.
Admite-se, ainda, a constituição de usufruto sobre coisas fungíveis ou consumíveis, hipótese
em que o usufrutuário deve restituir coisa equivalente que recebeu (mesmo gênero, qualidade
e quantidade). A registrar, ainda, que o usufruto da coisa principal implica, também, o dos aces-
sórios, salvo disposição em contrário. (vide artigos 1.390 e 1.392 do CC/02).
Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio
inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades.
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus
acrescidos.
§ 1º Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o
dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero,
qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição.
§ 2º Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os recursos minerais a que se refere o art.
1.230, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira de exploração.
§ 3º Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário tem direito
à parte do tesouro achado por outrem, e ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para
obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado.
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Exemplo 1: Posso conceder a alguém o usufruto de sacas de arroz, que é um bem fungível e
consumível, terão que me devolver o mesmo tipo de sacas de arroz.
Exemplo 2: Se eu conceder para vocês o usufruto do meu apartamento, e a mobília? Essa mobí-
lia também estará em usufruto? Poderíamos pensar que usufruto é só para coisa imóvel, mobí-
lia é móvel, mas eu posso fazer usufruto do meu automóvel que no caso é móvel. Então, o fato
de ser móvel, neste caso, não afasta o usufruto, sendo o usufruto acessório.
Logo, se eu conceder o usufruto do meu apartamento, mobília sendo acessório que conse-
quentemente segue o principal, significa que estou oferecendo usufruto do apartamento e da
mobília. A não ser que algo seja especificado no contrato de usufruto.
Não, em razão de somente o usufrutuário ter o direito de usar, salvo se for permitido que o
nu-proprietário a utilize.
Então, nos quatro elementos da propriedade o direito de usar não é do nu-proprietário, salvo
se tiver no contrato de usufruto essa hipótese de “co- utilização”.
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Via de regra, quando o usufrutuário faz uma benfeitoria necessária, tem que ser ressarcido
pelo nu-proprietário. Se fizer uma benfeitoria útil, geralmente será ressarcido, e se for voluptu-
ária, via de regra não será ressarcido, salvo se houver previsão contratual.
Enquanto a pessoa não é ressarcida, tem o direito de reter a coisa consigo (direito de retenção). A
benfeitoria necessária faz com que o usufrutuário tenha direito de ressarcimento e de retenção.
h) O usufruto é transferível?
O artigo 1.393 do CC afasta a possibilidade.
Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se
por título gratuito ou oneroso.
Exemplo: Se vocês receberam bens de usufruto do meu apartamento, vocês vão inventariar o
estado de conservação, a mobília, entre outros.
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Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que
receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lhe
exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.
Exemplo: Posso conceder o usufruto do meu apartamento e informo que tem que pagar um
seguro todo ano, essa despesa vai ser do usufrutuário.
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e) dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa (Art. 1.406, CCB).
Se o usufrutuário não pagar as despesas ordinárias e a coisa sofrer uma grande depreciação, o
usufrutuário deve ressarcir o nu-proprietário.
Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra
a posse da coisa, ou os direitos deste.
Sempre quando o usufrutuário morre, seja temporário ou vitalício, termina o usufruto, com
exceção se o usufruto for para duas ou mais pessoas;
Inciso V é quando a coisa já está destruída;
No inciso VII, a coisa está em via de destruição por falta de conservação.
DO USO
Previsto no artigo 1.412 do CCB, é um direito real sobre a coisa alheia de terrenos públicos ou
particulares, a título oneroso ou gratuito, por prazo certo (termo final certo) ou indeterminado
(termo final incerto), concedido para fins de urbanização, industrialização, edificação, cultivo
de terras ou outra utilização de interesse social.
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Há, apenas, a cessão do atributo de o(a) usuário(a) utilizar, usar a coisa, seja ela móvel ou imó-
vel. Assim, o proprietário é aquele que faz a cessão real da coisa e o usuário, que tem um direi-
to personalíssimo, apenas pode usar a coisa.
Quando recai sobre coisa imóvel, o direito real de uso deve ser registrado no Cartório de Regis-
tro de Imóveis para produzir efeitos erga omnes. A natureza real da categoria, com efeitos erga
omnes, o diferencia do comodato que, em sendo um direito pessoal, tem efeitos interpartes.
Em conformidade com a previsão do artigo 1.413 CCB, são aplicáveis ao uso, no que não for
contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto. Nesse sentido, o direito ao usu-
ário pode ser cedido de forma temporária ou vitalícia, a uma ou mais pessoas, que terá(ão) o
dever de zelar pela coisa e pagar as despesas ordinárias, etc.
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessida-
des suas e de sua família.
§ 1º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar
onde viver.
§ 2º As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros
e das pessoas de seu serviço doméstico.
Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relati-
vas ao usufruto.
DA HABITAÇÃO
O direito real de habitação está previsto no artigo 1.414 do CCB e constitui o mais restrito dos
direitos reais sobre a coisa alheia em razão de apenas ser cedida uma parte do atributo de usar,
qual seja, o direito de habitar o imóvel. Assim o proprietário transmite o direito e o habitante
tem o direito exclusivo de moradia em seu benefício.
Em conformidade com o artigo 1.416 CC, aplica-se à habitação as disposições relativas ao usu-
fruto, salvo se for contrário à sua natureza. O direito de habitação pode ser legal, previsto no
artigo 1.831 CC (é reconhecido ao cônjuge sobrevivente, seja qual for o regime de bens do ca-
samento, a prerrogativa relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que
seja o único daquela natureza a inventariar). Também pode ser convencional, quando decorre
de ato intervivos ou causa mortis (testamento).
Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular des-
te direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família.
Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições
relativas ao usufruto.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem
prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao
imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
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