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A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA DOCUMENTAÇÃO DO


PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO

Article · November 2014

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Mônica Martins Andrade Tolentino


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
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A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA
DOCUMENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO

Mônica Martins Andrade Tolentino


Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo, FA-UFBA
monica.andrade@ict.ufvjm.edu.br
Bianca Brito Lima Feitosa
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, FA-UFBA
bianca.brito@live.com

RESUMO
O cadastro de um bem cultural tem como finalidade conservar a imagem e a história deste, visando
sua preservação. No Brasil, grande parte dos bens de valor histórico não foi devidamente
documentada e o número de técnicas e tecnologias utilizadas para o levantamento cadastral é
extenso. Dada a ausência de um sistema de cadastro e gestão do patrimônio arquitetônico que utilize
as tecnologias digitais de forma adequada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) e pelos órgãos de preservação estaduais, busca-se estudá-las, compará-las e possibilitar
esta utilização, tornando o processo de documentação mais ágil, a gestão dos bens eficaz e a
preservação do Patrimônio efetiva. Neste artigo, descreve-se o levantamento da Capela de Nossa
Senhora do Vencimento utilizando medição direta e fotogrametria digital. Inicialmente, a planta baixa,
os cortes e as fachadas foram desenhados em AutoCAD, a partir do levantamento feito utilizando
medição direta. A necessidade de um maior detalhamento das fachadas exigiu novo levantamento.
Fotografias tomadas com uma câmara digital calibrada foram feitas para servirem de base para a
criação de ortofotos das fachadas. Utilizando o programa PhotoModeler, ortofotos foram geradas. A
partir da inserção destas no AUTOCAD, novas fachadas com maior riqueza de detalhes foram
desenhadas.
Palavras-chave: Cadastro. Tecnologias Digitais. Patrimônio Histórico. Fotogrametria. HBIM.

ABSTRACT
The registry of a cultural asset has the objective of keeping the image and the history of this asset with
a view to its preservation. In Brazil a great number of the assets with a historical value has not been
properly documented and the number of techniques and technologies used in the process of
registration is very great. Given the absence of a system of registration and management of the
architectural heritage, making adequate use of digital technologies, available to the National Institute
of Historical and Artistic Heritage (IPHAN), the author aims to study and compare the use of those
technologies, speeding up the documentation process, making the management of historical assets
efficient and the preservation of the historic heritage effective. In this paper, the author describes the
process of registration of the chapel of Nossa Senhora do Vencimento. Initially, the floorplan, the
sections and the façades were drawn in AutoCad, using data obtained by means of direct
measurement. The need for a better specification of details in the façades demanded a new gathering
of data. Photos taken with a calibrated digital camera were used as a basis for the creation of
orthophotos of the façades. Orthophotos were generated using the Photomodeler program. By
inserting these orthophotos in the AutoCad, new and much more detailed façades were drawn.
Keywords: Registry. Digital Technologies. Historical Heritage. Photogrammetry. HBIM.

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1 INTRODUÇÃO
Oliveira (2008), no livro “A Documentação como Ferramenta de Preservação da Memória”,
alerta que:
Um dos instrumentos importantes para a preservação da memória é o seu
registro iconográfico, quer pelos métodos milenares, quer pelos processos e
instrumentos mais recentes que a ciência e a técnica do nosso tempo nos
trouxeram. Neste caso, desaparecido o objeto que testemunha o nosso
passado, a sua imagem pode substituir, embora parcialmente, a
necessidade imanente à natureza humana de manter contato com o que se
foi. Daí uma das várias utilidades das representações cadastrais como
forma de preservação da memória. (OLIVEIRA, 2008, p. 13).
Além disso, o cadastro feito com apuro e exatidão é a base sobre a qual serão elaborados
os projetos de intervenção, além de informar a evolução do bem, suas transformações e
deformações ao longo do tempo. Oliveira (2008) defende:
Para aqueles que se ocupam da análise histórico-crítica do monumento, os
cadastros são de primordial importância, pois podem permitir a leitura e o
entendimento das corretas proporções do projeto original e descobrir
eventuais traçados reguladores que comandaram a concepção da
arquitetura, perfeitamente resgatáveis a partir de uma boa representação.
(OLIVEIRA, 2008, p. 13).
O autor ainda revela que o levantamento cadastral não é uma operação que se encerra com
o levantamento rigoroso da geometria do bem, mas deve sofrer atualizações a cada
momento em que é encontrada uma informação nova.
A partir da experiência como Secretária de Obras da Prefeitura Municipal de Serro e da
Coordenação do Programa Monumenta na mesma cidade, além da pesquisa junto aos
órgãos competentes (IPHAN e IEPHA-MG), ficou evidenciado que não existe normatização
com relação às técnicas e tecnologias utilizadas para o levantamento cadastral de bens de
interesse histórico. Entretanto, alguns esforços vêm sendo feitos neste sentido.
Beirão (2011) cita a criação, pela Sociedade Internacional de Fotogrametria e
Sensoriamento Remoto (ISPRS) e pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
(ICOMOS), do Comitê Internacional para Documentação de Patrimônio Cultural (CIPA),
visando a excelência na medição, documentação e monitoramento dos bens, além do
armazenamento adequado destas informações.
No Brasil, o IPHAN vem desenvolvendo e testando o Sistema Integrado de Conhecimento e
Gestão (SICG), criado para integrar os dados sobre o Patrimônio Cultural do Brasil. O
sistema está sendo desenvolvido nas plataformas Word e Excell, entretanto o IPHAN vem
trabalhando para a formulação de um sistema informatizado mais amplo, cujos usuários
serão, além do IPHAN, os estados, municípios e entidades parceiras (como universidades,
centros de estudo, museus, e outros).
Na Bahia, o Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao Desenho
(LCAD) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA), vem
desenvolvendo uma ação com o apoio das instituições responsáveis pela preservação dos
bens culturais no Estado e de parcerias internacionais, com o objetivo de apropriar e
desenvolver técnicas com o emprego de tecnologias digitais que buscam aprimorar e agilizar
o registro documental de bens arquitetônicos e integrados.
Persegue como objetivo mais amplo, a implantação de um de um Centro de Documentação
do Patrimônio Arquitetônico e de Bens Integrados, ligado à FAUFBA e em parceria com os
órgãos relacionados ao patrimônio cultural que atuam na Bahia.
No artigo intitulado “Um centro de documentação do patrimônio arquitetônico”, os autores
Amorim, Groetelaars e Lins (2008) defendem a criação do Centro e explicam:
Sob o aspecto das tecnologias utilizadas, o Centro estará estruturado em

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torno da pesquisa, da aplicação, da difusão de tecnologias digitais de ponta


para o levantamento, o processamento, o armazenamento e a divulgação
deste acervo arquitetônico. Dentre as principais tecnologias para o
levantamento e o processamento dos dados provenientes dos acervos
arquitetônicos, destacam-se a Medição Direta, a Modelagem Geométrica
Tridimensional, a Fotogrametria Digital, o 3D Laser Scanning, os Sistemas
de Informações Geográficas e os Sistemas Hipermídia. (AMORIM;
GROETELAARS; LINS, 2008, p. 201).
Tomando como exemplo o que vem acontecendo na Bahia, este artigo visa estudar e
comparar os métodos tradicionais de registro documental e aqueles baseados em
tecnologias digitais. Este estudo auxiliará na definição de quais técnicas deverão ser
utilizadas para cada tipo de edificação a ser documentada, tornando o processo de registro
mais ágil, a gestão dos bens mais eficaz, e a preservação do patrimônio arquitetônico mais
efetiva. Neste artigo, descreve-se o levantamento cadastral através da medição direta e da
fotogrametria digital, da Capela de Nossa Senhora do Vencimento, localizada no município
de São Francisco do Conde, na Bahia.

2 O CONTEXTO TECNOLÓGICO
O número de técnicas e tecnologias utilizadas para o levantamento cadastral é extenso e a
escolha daquela que deverá ser utilizada em cada situação depende de fatores tais como a
localização do bem, sua dimensão, a precisão pretendida, dentre outros aspectos. Entre as
principais técnicas já consolidadas, pode-se destacar:
 Medição direta: é tradicionalmente executada com o auxílio de instrumentos simples,
como trenas, fios de prumos e níveis. Sobre os esboços do objeto a ser cadastrado são
anotadas as dimensões levantadas. Atualmente é possível trabalhar com instrumentos
de medição automatizados, como as trenas, níveis e goniômetros eletrônicos, que
aumentam a precisão e reduzem o tempo do trabalho em campo.
 Modelagem geométrica: permite o registro e a visualização tanto de modelos
simplificados quanto de objetos sofisticados, com alto nível de realismo. Pode ser
executada a partir de modeladores tridimensionais, como AutoCAD, ou a partir de
programas para Fotogrametria Digital.
 Fotogrametria: possibilita extrair das fotografias a geometria dos objetos com alto grau
de precisão. O objeto é fotografado e através de um software específico, como o
PhotoModeler, é realizada a restituição fotogramétrica, permitindo gerar representações
2D (desenhos) e (3D) modelos geométricos.

Dentre outras tecnologias e técnicas apresentadas e discutidas em vasta bibliografia, mas


ainda não tão frequentemente utilizadas para o cadastramento de bens de interesse
histórico, pode-se destacar:
 Sistemas de Informações Geográficas (SIG): recurso que permitem coleta, gestão,
análise e representação automatizada de dados georreferenciados. Úteis para o
gerenciamento da documentação cadastral e como ferramenta de apoio à gestão.
 Cadastro Territorial Multifinalitário (CTM): conjunto de dados gráficos e descritivos de
uma determinada região, contendo informações corretamente georreferenciadas.
Possibilita o conhecimento detalhado sobre todos os aspectos levantados e orienta e
sustenta as decisões da administração pública.
 Volunteered Geographic Information (VGI): utiliza websites como Wikimapia e
OpenStreetMap para criar, reunir e disseminar informações geográficas geradas por
cidadãos comuns de forma voluntária e independente. Qualquer pessoa com uma
conexão à internet pode selecionar uma área na superfície da Terra e provê-la com uma
descrição, incluindo links para outras fontes. O conjunto destes dados fornece

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informações valiosas sobre o contexto de cada localidade.


 Laser Scanning: constitui o estado da arte para a aquisição e tratamento de dados para
levantamento de edificações. Os dados são coletados pelo scanner e processados por
um software que determina a posição de cada um dos pontos levantados sobre a
superfície do objeto, gerando um modelo geométrico formado exclusivamente por
pontos. O conjunto destes pontos é denominado “nuvem de pontos”. Posteriormente,
com a utilização de programas específicos, este conjunto de pontos servirá de base para
a modelagem geométrica dos objetos levantados com alto grau de realismo e nível de
precisão.
 Building Information Modeling (BIM): paradigma avançado de trabalho colaborativo, que
usa um modelo criado a partir de informações coordenadas e consistentes. Enquanto as
ferramentas CAD focam apenas o projeto e a representação da edificação, a modelagem
da informação da construção (conforme a tradução de BIM adotada pela ABNT),
pretende dar conta de todo o ciclo de vida da edificação, e este é um aspecto que se
presta muito bem ao patrimônio arquitetônico na medida em que permite cadastra-lo,
estuda-lo, modifica-lo e mantê-lo para as futura gerações. Além disto, o BIM possui
outras excelentes características, tais como: visualização 3D e animações, a automação
da produção de documentos (projeções ortográficas, cortes, seções, detalhes, relatórios,
listagens, etc.), simulações de desempenho estrutural, energético, ambiental, e de
custos. Os objetos paramétricos (tais como janelas, portas, paredes, telhados, etc.) não
são definidos isoladamente, mas como parte de sistemas que mantem relação e
interação com os outros objetos.
 Historic Building Information Modeling (HBIM): extensão do conceito BIM, normalmente
usado para analisar o ciclo de vida de uma edificação, o HBIM visa a documentação, a
análise e a conservação de edifícios históricos. Segundo Dore e Murphy (2012, p. 369),
o HBIM contempla um processo que envolve uma solução de engenharia reversa onde,
inicialmente, os elementos arquitetônicos são mapeados usando um laser scanner ou
fotogrametria. Em seguida, os dados levantados são ajustados a objetos paramétricos,
gerando o “modelo completo” da edificação. O produto final HBIM, é o modelo
geométrico da edificação, contendo o nível de detalhes requerido, associando aos
componentes construtivos, seus materiais constituintes e propriedades, além das
relações entre os vários componentes do edifício. A partir daí, vistas, cortes, detalhes,
elevações e perspectivas e outros tipos de modelos poderão ser gerados, possibilitando
a análise e contribuindo para a conservação de edifícios históricos.

No Brasil, o Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão (SICG) vem sendo desenvolvido


pelo IPHAN para integrar os dados sobre o Patrimônio Cultural do Brasil. Estruturado em
módulos (“Conhecimento”, “Gestão” e “Cadastro”), o sistema propõe o preenchimento de
fichas para captura e organização das informações. O website esclarece: “Os módulos
foram idealizados para permitir uma abordagem ampla do patrimônio cultural, partindo do
geral para o específico, com recortes temáticos e territoriais, e possibilitando a utilização de
outras metodologias.” (IPHAN, 2013).
O IPHAN demonstra, ainda, intenção de criar uma “cartografia do Patrimônio”, “[...] uma vez
que todos os bens serão georreferenciados e classificados conforme sua categoria e
recortes temático e territorial dos estudos.” (IPHAN, 2013). Entretanto, não foi possível
saber, até o momento, como este objetivo será alcançado. Fica claro, pela análise das fichas
propostas, que existe um grande trabalho a ser feito. Estas são baseadas em Word e Excell,
e os dados cadastrais são inseridos como imagens, não podendo ser manipulados. Seria de
fundamental importância que o sistema permitisse a análise e a manipulação de dados, o
que tornaria possível gerar novas informações e não só recuperá-las do banco de dados.
Acredita-se que um estudo comparativo e a consequente definição da melhor técnica ou
tecnologia a ser utilizada para o levantamento e gerenciamento de informações cadastrais

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garantiria uma maior uniformidade dos produtos resultantes, gerando uma base de dados
confiável e de fácil manipulação para técnicos e pesquisadores do Patrimônio Histórico.
Pretende-se estudar e comparar os métodos tradicionais de registro documental e as
tecnologias digitais de forma a auxiliar aos técnicos responsáveis a escolherem com
segurança a melhor técnica a ser utilizada para o levantamento cadastral de um bem
específico e o gerenciamento da documentação gerada, tendo como parâmetros a
localização (relacionada à acessibilidade), a disponibilidade de recursos, equipamentos e
pessoal técnico, o grau de comunicabilidade com a comunidade onde está inserido, dentre
outros.
Neste artigo, descreve-se um levantamento cadastral utilizando duas destas técnicas: a
medição direta e fotogrametria digital.

3 CAPELA DE NOSSA SENHORA DO VENCIMENTO


A Capela de Nossa Senhora do Vencimento é o único templo brasileiro dedicado à santa
portuguesa. A Figura 1 mostra o monumento no estado de abandono em que se encontra, cuja
imagem foi capturada em junho de 2014.

Figura 1 – Capela de Nossa Senhora do Vencimento

Fonte: Tolentino, 2014.

Pertencente ao antigo Engenho Paramirim, a capela foi construída no século XVIII, e


reformada no final do século XIX. Azevedo (2012), assim descreve o monumento:
Possui planta com nave e capela‐mor, ambas com a mesma largura, que
são ladeadas por galerias laterais com arcos e sacristias. Os telhados
terminam sobre cornijas, com exceção das galerias que apresentam
platibandas vazadas. A fachada principal foi refeita. Uma portada aparatosa
em estuque rompe a cornija e termina no frontão. Ao nível do coro, existem
janelas apenas nas torres. Merece destaque os bulbos de tipo bizantino que
servem de terminação às torres e são revestidos de azulejos industriais,
assim como a janela com gelosia que liga a capela‐mor à sacristia direita. O
forro da nave é plano e o da capela‐mor em abóbada abatida. O altar
principal é neoclássico, em estuque. Barras de azulejos semi‐industriais
revestem a nave e capela‐mor, que possuem piso de mármore. Possui um
lavabo de lioz do século XVIII e pia batismal em mármore de carrara. As
imagens originais estão guardadas na Usina Cinco Rios, do mesmo
proprietário. A capela está situada sobre uma elevação, a cavaleiro de uma
extensa área verde e do povoado de Paramirim. Ao lado da sua fachada
leste, estão as ruínas da antiga casa‐grande do engenho e, ao lado da
fachada oeste, pequenas casas que servem atualmente de residências para

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os lavradores da fazenda. (AZEVEDO, 2012).


No estado da Bahia, o Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC/SIC), foi executado
na década de setenta do século XX, sob coordenação do arquiteto Paulo Ormindo de
Azevedo. Trata-se de um inventário sistemático que inclui os bens tombados e também
monumentos não reconhecidos como tal, mas considerados como ameaçados. Lançado em
1975, ainda hoje o Inventário é um instrumento de referência, destinado a facilitar a tarefa
de preservação no Estado. Pesquisou-se a Capela de Nossa Senhora do Vencimento,
objeto deste estudo, no referido inventário e verificou-se que a mesma não consta do
documento (IPAC, 2014).
Nos dias de hoje, o Sistema de Informações do Patrimônio Cultural da Bahia (SIPAC) é o
instrumento de gestão, difusão e compartilhamento de informações desenvolvido para
atender as demandas que envolvem o patrimônio cultural do Estado, e pode ser acessado
via web. Neste sistema, o município de São Francisco do Conde, pertencente à região do
Recôncavo, e conta com cinco bens protegidos. A Capela de Nossa Senhora do
Vencimento, mais uma vez, não é incluída nesse registro (IPAC, 2014).
As Figuras 2, 3 e 4 mostram o monumento no estado em que se encontrava em julho de
2014.

Figura 2 – Capela de Nossa Senhora do Vencimento

Fonte: Amorim, 2014.

Figura 3 – Capela de Nossa Senhora do Vencimento

Fonte: Amorim, 2014.

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Figura 4 – Capela de Nossa Senhora do Vencimento

Fonte: Amorim, 2014.

Tendo em vista a importância do bem, dada a sua excepcionalidade arquitetônica e histórica


(relacionada ao ciclo do açúcar), a falta de documentação e o estado de degradação em que
se encontra o bem, faz-se necessário um levantamento detalhado do mesmo.

4 LEVANTAMENTO E PROCESSAMENTO DOS DADOS


Foram feitas duas visitas ao local. Durante a primeira, realizada nos dias 6 e 7 de junho de
2014, foi realizada a conferência, pelo processo de medição direta, dos desenhos cedidos
pelo arquiteto Elias Machado. A Figura 5 representa a fachada frontal e a Figura 6 a planta.
Nesta visita, foi constatado que o detalhamento das fachadas externas era insuficiente para
a documentação pretendida.

Figura 5 – Fachada da Capela de N. S.do Vencimento produzida por medição direta

Fonte: Machado, 2014.

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Figura 6 – Planta Baixa da Capela de Nossa Senhora do Vencimento

Fonte: Machado, 2014.

Dada a necessidade de um maior detalhamento das fachadas, no dia 13 de julho de 2014 foi
feita nova visita ao local. O intuito desta visita foi realizar o registro fotográfico para a
posterior elaboração de um modelo geométrico e de ortofotos através de fotogrametria
digital, com a utilização do programa PhotoModeler. A Figura 7 mostra a fachada principal a
partir da ortofoto produzida.

Figura 7 – Ortofoto da Capela Nossa Senhora do Vencimento

Fonte: Brito, 2014.

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Em seguida foi realizada a interpretação entre a ortofoto gerada e o desenho elaborado a


partir do levantamento feito através de medição direta. A Figura 8 representa a fachada
principal interpretada e vetorizada no AutoCAD, usando a imagem (raster) produzida, como
pano de fundo para a cópia interativa das feições do objeto.

Figura 8 – Fachada da Capela de N. S. do Vencimento produzida por fotogrametria

Fonte: Tolentino, 2014.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo apresentou o levantamento cadastral da Capela de Nossa Senhora do
Vencimento, utilizando medição direta e fotogrametria digital. Na primeira visita ao local, o
levantamento foi feito utilizando medição direta. Na segunda visita, foram tomadas
fotografias com uma câmara digital calibrada.
Durante a primeira visita, a enorme quantidade de lixo encontrada no local e a degradação
do edifício, que apresenta rachaduras e o telhado comprometido, tornaram a tarefa perigosa.
Durante a segunda visita, as condições de luminosidade, prejudicadas pela chuva
intermitente, e a localização da edificação, implantada em meio a outras muito próximas
entre si dificultaram a produção de um conjunto de fotos mais adequadas para a geração
das ortofotos das várias fachadas. Também a impossibilidade em tomar fotos do telhado,
devido à ausência de edificações mais altas ou de uma grua de onde as fotos pudessem ser
tomadas, dificultou a geração de ortofotos que melhor representassem os bulbos revestidos
de azulejos que arrematam as torres.
As fachadas vetorizadas em AutoCAD a partir das ortofotos geradas no PhotoModeler
(Figura 8) apresentam um nível de detalhamento superior às desenhadas a partir dos
esboços feitos com medição direta (Figura 5). Ainda assim, alguns elementos decorativos,
como os localizados acima das portadas são de vetorização extremamente trabalhosa. Uma
solução possível para o cadastro de edifícios com tal nível de pormenores, poderia ser a
apresentação da própria ortofoto em escala e cotada.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos o professor Arivaldo Leão Amorim pela orientação consistente.

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REFERÊNCIAS
AMORIM, A. L.; GROETELAARS, N. J.; LINS, E. A. Um centro de documentação do
patrimônio arquitetônico. Fórum do Patrimônio. Belo Horizonte: v. 2, n. 1, mai./ago. 2008.
AZEVEDO, E. B. Capela de Nossa Senhora do Vencimento. Disponível em:
<http://www.hpip.org/Default/pt/Homepage/Obra?a=1207>. Acesso em: 27 jul. 2014.
BEIRÃO, Carla Castelo Branco. O potencial do laser scanner terrestre para o inventário
do patrimônio arquitetônico. 2011. 79 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.
DORE, C.; MURPHY, M. Integration of Historic Building Information Modeling and 3D GIS for
Recording and Managing Cultural Heritage Sites. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
VIRTUAL SYSTEMS AND MULTIMEDIA: Virtual Systems in the Information Society, 18.,
2012, Milan. p. 369-376.
GOODCHILD, M. F. Citizens as sensors: the world of volunteered geography. GeoJournal,
v. 69, n. 4, 2007, p. 211-221.
IPAC. Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural da Bahia. SIPAC: Sistema de
Informações do Patrimônio Cultural da Bahia. Disponível em:
<http://patrimonio.ipac.ba.gov.br/documentacao-e-memoria/ipac-sic/>. Acesso em: 24 abr.
2014.
IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Sistema Integrado de
Conhecimento e Gestão – SICG. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=14897&retorno=paginaIphan>.
Acesso em: 24 abr. 2014.
MURPHY, M.; MCGOVERNA, E.; PAVIA, S. Historical Building Information Modelling -
Adding Intelligence to Laser and Image based surveys. In: INTERNATIONAL
WORKSHOP 3D-ARCH, 4., 2011. p. 7.
OLIVEIRA, Mario Mendonça de. A Documentação como Ferramenta de Preservação da
Memória. Brasília: IPHAN / Programa Monumenta, 2008.
SOUZA, Guilherme Henrique Barros. Método de Modelagem da Parcela Espacial para o
Cadastro Tridimensional. Tese (doutorado em Ciências Cartográficas) - Universidade
Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2011.

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