Professional Documents
Culture Documents
Matemática para Economia e Gestão Autor Bruno Maia
Matemática para Economia e Gestão Autor Bruno Maia
para
Economia e Gestão
Bruno Maia
bmaia@ual.pt
1a edição
2014
A sebenta encontra-se protegida por direitos de autor. Todos os direitos de autor ou
outros direitos de propriedade intelectual presentes no texto, imagens, e outros conteúdos
da sebenta são propriedade do autor. É permitido reproduzir extractos de texto por meio
de cópia ou distribuição para outras pessoas, mas em todos os casos para ns não comer-
ciais. Só é permitido utilizar o conteúdo da sebenta para uso pessoal. Nenhuma parte
desta sebenta pode ser distribuída para ganhos comerciais nem poderá ser modicada ou
incorporada em qualquer outro trabalho, publicação ou site.
Conteúdo
1 Álgebra 3
1.1 Números e recta real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Operações aritméticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Tabuada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Fracções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Percentagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.6 Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7 Expressões algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.8 Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.9 Inequações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2 Funções 21
2.1 Geometria analítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Função linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Sistemas de equações lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 Conjuntos de R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.5 Função quadrática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6 Estudo de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.7 Função exponencial e logarítmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.8 Função valor absoluto, ou módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.9 Sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3 Cálculo Diferencial 47
3.1 Derivada num ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2 Função derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.3 Regra da cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.4 Monotonia, extremos e concavidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.5 Derivadas parciais e extremos condicionados . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.6 Teoremas de continuidade e de diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . 62
4 Cálculo Integral 67
4.1 Primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.2 Equações diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.3 Integração por substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.4 Integração por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.5 Integral de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.6 Cálculo de áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
1
2
Capítulo 1
Álgebra
Denição 1.2. A recta real é aquela na qual se dene uma origem 0, um sentido crescente
(ou positivo) e uma escala linear:
3
Exemplo 1.1. A seguinte recta real está incorrectamente desenhada, uma vez que a
distância entre 0 e 2 está inconsistente com as outras distâncias (escala não linear):
A seguinte recta real está correctamente desenhada, pois a distância entre múltiplos
consecutivos de 100 é constante:
4
1.2 Operações aritméticas
c = a − b = a + (−b)
2+3=5
2 + (−4) = 2 − 4 = −2
−3 + 4 = (−3) + 4 = 1
−1 − 3 = (−1) + (−3) = −4
Exemplo 1.4.
h i h i h i
− 1 + ( −3 + 1 ) = − 1 + ( −2 ) = − − 1 = 1
h i
5 − 37 = − 37 − 5 = −32
5
Denição 1.5. Consideremos o produto de a, b ∈ R.
(a) Se a e b tiverem o mesmo sinal, então a · b > 0
(b) Se a e b tiverem sinais contrários, então a · b < 0
(c) Se a = 0 ou b = 0, então a · b = 0
1
Denição 1.6. O inverso de a 6= 0 é b = = a−1 .
a
A divisão de a por b 6= 0 é o produto de a com o inverso de b:
1
c=a÷b=a· (b 6= 0)
b
Exemplo 1.5.
"Mais com menos dá menos":
ou
(−3) × 2 = 2 × (−3) = (−3) + (−3) = −6
| {z }
2×
1 1
2−1 = 10 ÷ 2 = 10 · =5
2 2
Exemplo 1.6.
5 + 2| ×{z100} = 5 + 200 = 205
prioridade
h i h i
(−2) × (−2) × (−2) × (−2) = (−2) × (−2) × (−2) × (−2) = 4 × 4 = 16
6
1.3 Tabuada
× 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
3 6 9 12 15 18 21 24 27 20
4 8 12 16 20 24 28 32 36 40
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
6 12 18 24 30 36 42 48 54 60
7 14 21 28 35 42 49 56 63 70
8 16 24 32 40 48 56 64 72 80
9 18 27 36 45 54 63 72 81 90
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
22 32 42 52 62 72 82 92 102
4 9 16 25 36 49 64 81 100
7
1.4 Fracções
Denição 1.7. Os números racionais podem ser representados sob a forma de fracção:
p 1
=p· , p ∈ Z, q ∈ N
q q
p
Para representar na recta real, divide-se cada intervalo unitário em q subintervalos de
q
1
comprimento . De seguida, contam-se |p| subintervalos para a direita ou para a esquerda
q
a partir da origem, de acordo com o sinal de p.
6 5
Exemplo 1.8. Marquemos − e na recta real:
4 4
Exemplo 1.9.
2 −1 8 −3 5
+ = + =
3
|{z} 4
|{z} 12 12 12
(4) (3)
8
Exercícios (Fracções).
2. Simplique:
1 −1
(a) 1 1
2
− 1 (b) −
3 6 5 3
3. Calcule e simplique
1 1 1 x − 1 1 − x −1 + 4x
(a) − + (c) − −
2 3 6 x + 1 x − 1 2(x + 1)
2+a 1−b 2b
(b) 2 + 2
− 2 2
ab ab ab
4. Simplique
3 4 5 x 3x 17x
(a) + − (d) − +
7 7 7 10 10 10
3 4 x + 2 1 − 3x
(b) + −1 (e) +
4 3 3 4
3 5 5 5
(c) · (f) −
5 6 2b 3b
5. Simplique
5x2 yz 3 x2 + xy
(a) (c)
25xy 2 z x2 − y 2
x + 3y
(d)
xy
2x + 5 x
(b) (e) 2
x2 + 2x x + 2x
p
6. Uma fracção diz-se imprópria se |p| ≥ |q| (e diz-se própria no caso contrário).
q
21
Por exemplo: é uma fracção imprópria.
8
21
Escreva como a soma de um inteiro com uma fracção própria.
8
9
1.5 Percentagens
10
Exercícios (Percentagens).
1. Um produto é vendido por 370 e. Se a margem de lucro for 15% do preço de venda,
quanto será o custo de produção deste produto?
2. O custo de produção de um produto é de 260 e. Se pretender ter uma margem de
lucro de 15% sobre o preço de venda, por quanto deverá vender o produto?
3. O custo de produção de um produto é de 260 e e o seu preço de venda é 370 e.
(a) Qual a margem de lucro relativamente (%) ao preço de venda ?
(b) Qual a margem de lucro relativamente (%) ao custo de produção ?
4. O custo de produção unitário de um produto é 80 e e o seu preço de venda é P .
Determine P para ter um lucro de 20% sobre o preço de venda (e não sobre o custo
de produção).
1.6 Potências
n·a = a
| + a +{z. . . + a}
n termos a
Exemplo 1.15.
23 = 2 · 2 · 2 = 8 ; 3·2=2+2+2=6
am am a m
am · an = am+n = am−n am · bm = (a · b)m =
an bm b
11
Exemplo 1.16.
75
5
3
2 ·2 =24 7
= 73 25 · 35 = 65 35 3
72 =
25 2
1 1
3−1 = 2−3 =
2
50 = 1 35 = 35×2 = 310
3 23
Observação.
1
(−10)2 = (−10)(−10) = 100 (2x)−1 =
2x
1 2
− 102 = − 10 · 10 = −100 2x−1 = 2 · =
x x
Note que (a + b)n 6= an + bn . Considere o seguinte contra-exemplo:
Exemplo 1.17.
√ 3 √ 3
361/2 = 36 = 6 e 163/2 = 161/2 = 16 = 43 = 64
Observação.
√ √ √
a + b 6= a + b
Por exemplo: √ √ √ √
9 + 16 = 25 = 5, mas 9 + 25 = 3 + 5 = 8
12
Exercícios (Potências).
1. Calcule:
3. Expanda e simplique:
4. Simplique:
p24 p3 a4 b−3 (x + 1)3 (x + 1)−2
(a) (b) (c)
p4 p (a2 b−3 )2 (x + 1)2 (x + 1)−3
5. Se x−2 y 3 = 5, calcule:
6. Calcule
7. Simplique
9. Simplique as potências:
13
1.7 Expressões algébricas
Exemplo 1.19.
(c) 3x(y + 2z) = 3xy + 6xz (f) (t2 + 2t)4t3 = t2 4t3 + 2t4t3 = 4t5 + 8t4
Exemplo 1.20.
(a) (x + 3)2 = x2 + 6x + 9
(b) (2x − 1)2 = (2x)2 − 4x + 1 = 4x2 − 4x + 1
(c) (3x − 2)(3x + 2) = 9x2 − 4
Denição 1.11 (Termos semelhantes).
São monómios do mesmo grau (as variáveis são potências iguais):
14
Exercícios (Expressões algébricas).
1. Desenvolva
4. Desenvolva e simplique:
(a) −x(2x − y) + y(1 − x) + 3(x + y)
(b) (2xy − 3x2 )(x + 2y) − (y 2 − 2xy)(2x − y)
5. Substitua x = 2z − 1 e simplique:
6. Factorize
7. Prove as igualdades
(a) 4x2 − y 2 + 6x2 + 3xy = (2x + y)(5x − y)
(b) x2 − (a + b)x + ab = (x − a)(x − b)
15
1.8 Equações
1 1 8
4x = 8 ⇔ · 4x = · 8 ⇔ x= ⇔ x=2
4 4 4
Proposição 1.9 (Fórmula resolvente do 2o grau).
√
−b ± b2 − 4ac
2
ax + bx + c = 0 ⇔ x= , se b|2 −{z4ac} ≥ 0
2a
∆
Exemplo 1.23.
(x2 + 1)(x − 3) = 0 ⇔ x 2
1 = 0} ou x − 3 = 0
| +{z ⇔ x=3
impossível
r
c c c
2
ax + c = 0 ⇔ 2
x =− ⇔ x=± − , se − ≥0
a a a
16
Exemplo 1.24.
1
2x2 − x = 0 ⇔ (2x − 1)x = 0 ⇔ 2x − 1 = 0 ou x = 0 ⇔ x= ou x = 0
2
1 1
4x2 − 1 = 0 ⇔ x2 = ⇔ x=±
4 2
Teorema 1.11 (Factorização de polinómios do 2o grau). Se
ax2 + bx + c = 0 ⇔ x = x1 ou x = x2
então
ax2 + bx + c = a(x − x1 )(x − x2 )
√
3± 5
x2 + 1 = 3x ∧ x 6= 0 ⇔ x2 − 3x + 1 = 0 ∧ x 6= 0 ⇔ x=
2
17
Exercícios (Equações).
1. Resolva:
(a) 3x − 5 = x − 3 (c) −x − 3 = 5
x−3
(b) 3x − (x − 1) = x − (1 − x) (d) + 2 = 3x
4
2. Resolva:
1 1 x 1 −5
(a) = (c) + =
2x + 1 x+2 x−5 3 5−x
x+2 8 2 3 2 9
(b) − 2 = (d) − = 2
x − 2 x − 2x x x−3 x+3 x −9
3. Resolva em ordem a x:
1 1 √ ax 1 1 1
(a) + =2 (c) 1 + x+ √ =0 (e) + =
ax bx 1+x x a b
ax + b z − 2y + xz
(b) =A (d) a2 x2 − b2 = 0 (f) = 4y
cx + d z−x
18
1.9 Inequações
Exemplo 1.30.
x>3 ⇔ x ∈ ]3, +∞[
Exemplo 1.31.
1 1 8
4x < 8 ⇔ · 4x < · 8 ⇔ x< ⇔ x<2
4 4 4
Multiplicação por um factor negativo, com inversão do sentido da desigualdade:
1 1 9
−3x < 9 ⇔ − · (−3)x > − · 9 ⇔ x>− ⇔ x > −3
3 3 3
Proposição 1.13.
Seja k > 0.
|f (x)| ≤ k ⇔ −k ≤ f (x) ≤ k
Exemplo 1.32.
|x − 1| ≤ 2 ⇔ −2 ≤ x − 1 ≤ 2 ⇔ −2 + 1 ≤ x ≤ 2 + 1 ⇔ −1 ≤ x ≤ 3
Exemplo 1.33.
|x + 2| ≥ 1 ⇔ x + 2 ≤ −1 ∨ x+2≥1 ⇔ x ≤ −3 ∨ x ≥ −1
19
Exercícios (Inequações).
2. Resolva:
4. Idem:
x −x
(a) ≥0 (c) >0
x−1 x2−1
x−4
(b) ≤0
1−x
(a) x2 ≤ 9 1
(c) >2
(b) −3x2 ≥ −12 x
6. Resolva:
(a) x2 ≥ 0 1
(c) ≤1
(b) −x2 − 1 ≥ 0 x2 + 1
20
Capítulo 2
Funções
Exemplo 2.1.
No plano cartesiano, estão representados:
• Os pontos (x, y) ∈ R2 tais que x = 2
(recta vertical);
• Os pontos (x, y) ∈ R2 tais que y = −1
(recta horizontal);
• O ponto A = (2, −1);
21
Teorema 2.1 (Pitágoras).
Num triângulo com lados de comprimento
a, b, c ∈ R+ ,
a2 + b 2 = c 2
se e só se os lados de comprimento a e b
formarem um ângulo de 90o .
42 +32 = 52 ⇔ 16+9 = 25 ⇔ P. V.
e o Teorema de Pitágoras arma que se a
proposição for verdadeira (P. V.) então o
triângulo é rectângulo, com o ângulo de 90o
entre os lados de comprimento 4 e 3.
Proposição 2.3.
A circunferência de centro na origem
e raio r > 0 é o conjunto dos pontos
(x, y) ∈ R2 tais que
p
x2 + y 2 = r ⇔ x2 + y 2 = r 2
22
Exercícios (Geometria analítica).
a) x = −2 c) x=0 e) y=0
b) y=1 d) y = −3 f) x=3
x2 + y 2 = 1
23
2.2 Função linear
24
Exemplo 2.5. Um avião viaja a 900 km/h. Sejam t o tempo de viagem (em horas) e d
a distância percorrida (em km). A distância percorrida é directamente proporcional ao
tempo de viagem:
d
d = 900 t ⇔ = 900 (t 6= 0)
t
e m = 900 km/h é a constante de proporcionalidade (directa).
y = mx
| {z+ }b
f (x)
Esta equação dene a recta que passa por (0, b) e (1, b + m).
Dizemos que b é a ordenada na origem e que m é o declive da recta.
25
Exemplo 2.6.
y = 2x + 1
x y = 2x + 1
−1 2(−1) + 1 = −1
0 2(0) + 1 = 1
1 2(1) + 1 = 3
2 2(2) + 1 = 5
∆y
Observação. Uma vez que m = ⇔ ∆y = m ∆x , escolhendo x1 e x2 por forma a
∆x
que ∆x = x2 − x1 = 1, concluímos que ∆y = m · 1 = m, ou seja: o declive m é a variação
da variável dependente y para um aumento unitário da variável independente x.
Exemplo 2.7. Os declives das seguintes rectas são:
26
Exercícios (Função linear).
(a) (c)
A = (0, −2) 2 C = (3, 2)
(b) B = 1,
3
8. Uma tipograa cobra 1400 e para imprimir 100 exemplares de um livro, e 3000 e
para imprimir 500 exemplares do mesmo livro. Suponha que o custo de impressão
é uma função linear do número de exemplares (mas não proporcional).
(a) Determine a equação para o custo C da impressão de Q exemplares.
(b) Calcule o custo de impressão de 300 exemplares.
(c) Esboce o gráco de C em função de Q.
27
2.3 Sistemas de equações lineares
1
Proposição 2.5 (Rectas perpendiculares). m1 e m2 (6= 0) satisfazem m1 = −
m2
Demonstração.
Os vectores v1 = (x1 , y1 ) e v2 = (x2 , y2 ) são perpendiculares se e só se:
v1 · v2 = x1 · x2 + y1 · y2 = 0
28
Denição 2.5 (Soluções de Sistemas de Equaçoes Lineares (SEL)).
Uma solução de um SEL de duas variáveis reais
a11 x + a12 y = b1
a21 x + a22 y = b2
29
Exercícios (Sistemas de equações lineares).
ax + by = c e dx + ey = f
são paralelas se e só se ae − bd = 0.
(b) Classique quanto ao número de soluções:
2x − 4y = 1
−3x + 6y = 7
30
2.4 Conjuntos de R2
Denição 2.6 (Segmento de recta entre dois pontos).
O segmento de recta entre P1 = (x1 , y1 ) e P2 = (x2 , y2 ) é o conjunto:
−−→
(x, y) = P1 + t P1 P2
= P1 + t (P2 − P1 )
= (1 − t) P1 + t P2 , t ∈ [0, 1]
Denição 2.8.
Uma função diz-se côncava ou convexa se { (x, y) ∈ R2 | y ≥ f (x) } for um conjunto
côncavo ou convexo, respectivamente:
Côncava: Convexa:
31
Exercícios (Conjuntos de R2 ).
Exemplo 2.10.
A função y = x2 depende quadraticamente de x (logo, é não linear):
x y = x2
−2 (−2)2 = 4
−1 (−1)2 = 1
0 (0)2 = 0
1 (1)2 = 1
2 (2)2 = 4
Denição 2.9. A curva denida por y = ax2 (a 6= 0) é uma parábola com vértice na
origem e concavidade virada para:
32
Proposição 2.6. A parábola y = ax2 com vértice em (0, 0) pode ser transladada para o
vértice V = (h, k) e eixo de simetria x = h através de:
y = a(x − h)2 + k
b b2
h=− , k = f (h) = c −
2a 4a
Exemplo 2.11.
y = (x − 1)(x + 3) ⇔ y = x2 + 2x − 3
2
h=− = −1 , k = f (−1) = −4
2·1
logo o vértice é V = (−1; −4) e o eixo de simetria é x = −1.
Denição 2.11. Os zeros de uma função real f (x) são as soluções da equação:
f (x) = 0
Gracamente, são as abcissas dos pontos da intersecção do gráco y = f (x) com o eixo
das abcissas (recta y = 0).
x y = f (x)
x1 f (x1 ) = 0
x2 f (x2 ) = 0
33
Se f (x) = ax2 + bx + c e ∆ = b2 − 4ac , teremos:
∆<0 ∆=0 ∆>0
a>0
a<0
Proposição 2.7.
Se y = ax2 + bx + c tem dois zeros x1 , x2 , o eixo de simetria do seu gráco é
b x 1 + x2
x=− =
2a 2
Exemplo 2.12.
Seja f (x) = (x + 2)(x − 4). Os zeros desta quadrática determinam-se por inspecção:
f (x) = 0 ⇔ (x + 2)(x − 4) = 0 ⇔ x+2 = 0 ∨ x−4 = 0 ⇔ x = −2 ∨ x = 4
34
Exercícios (Função quadrática).
5. Esboce os grácos
Denição 2.12. O domínio de uma função é o conjunto de valores que a variável inde-
pendente (frequentemente x) pode tomar.
O domínio de uma função:
(a) polinomial, p(x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a1 x + a0 , é R
p(x)
(b) racional, r(x) = , é {x ∈ R : q(x) 6= 0 }
q(x)
35
Exemplo 2.13. A função f (x) = x(2 − x) é quadrática (polinomial), logo tem domínio
Df = R. A concavidade da parábola é virada para baixo, e o seu vértice é (1, 1), logo o
contradomínio de f é Df0 = ] − ∞, 1 ]:
Exemplo 2.14.
36
Exemplo 2.15. A restrição da parábola y = x2 a [0, +∞[ admite inversa. Com efeito
√ √
y = x2 ∧ x ≥ 0 ⇔ x=± y ∧ x≥0 ⇔ x=+ y
Denição 2.16. Uma função é par se f (x) = f (−x) e ímpar se −f (x) = f (−x).
Proposição 2.9 (Limites notáveis).
ex − 1 bx
(a) lim =1 (c) lim = +∞ (b > 1)
x→0 x x→+∞ xp
x k
(b) lim = +∞ (b > 1) (d) lim 1 + = ek
x→+∞ logb x x→+∞ x
1
Exemplo 2.16. Consideremos f (x) = . O domínio de f é R \ {0}.
x
Para determinar o contradomínio, iremos calcular a função inversa:
1 1
y = f (x) ⇔ y= ∧ x 6= 0 ⇔ x= ∧ y 6= 0 ⇔ x = f −1 (y)
x y
logo o contradomínio é R \ {0}, pois a função inversa está bem denida para y 6= 0. A
função é ímpar, pois f (−x) = −f (x).
37
f é crescente em R− ∪ R+ .
Tem uma assímptota horizontal y = 0
quando x → ±∞, pois:
1
lim =0
x→±∞ x
38
2.7 Função exponencial e logarítmica
x y = 2x
−2 1/4
−1 1/2
0 1
1 2
2 4
3 8
x
1
Exemplo 2.18. A função exponencial f (x) =
2
x
1
x y=
2
−3 8
−2 4
−1 2
0 1
1 1/2
2 1/4
39
Denição 2.18. A função logarítmica de base a ∈ R+ \ {1} é a inversa da função
exponencial com a mesma base e indica-se por:
f −1 (y) = loga y
Observação. Nestes grácos, o eixo das abcissas corresponde à variável y e o eixo das or-
denadas à variável x, para facilitar a correspondência com a função inversa (exponencial).
Proposição 2.10 (Propriedades dos logaritmos).
x
loga (x · y) = loga (x) + loga (y) loga = loga (x) − loga (y)
y
Exemplo 2.19.
ln x + 2 ln y = ln x + ln y 2 = ln xy 2
x4 z 5
4 3 5
4 ln x − 3 ln y + 5 ln z = ln x − ln y + ln z = ln
y3
ln 30
log2 (30) =
ln 2
40
Exercícios (Função exponencial e logarítmica).
1. Resolva:
6. Resolva:
(a) log2 x + log2 2 = −2
(b) log3 (x2 + 8) − log3 x = 2
1 1
(c) log10 (x + 1) − log10 (x − 1) = 0
4 2
41
2.8 Função valor absoluto, ou módulo
(
x se x ≥ 0
f (x) = |x| =
−x se x < 0
Analiticamente, teríamos:
( (
x(x − 2) se x(x − 2) ≥ 0 x(x − 2) se x ≤ 0 ∨ x ≥ 2
f (x) = | x(x − 2) | = =
−x(x − 2) se x(x − 2) < 0 −x(x + 2) se 0 < x < 2
42
Exercícios (Função valor absoluto).
5. Resolva:
2.9 Sequências
Denição 2.20. Uma sequência de números reais é uma sequência innita e ordenada
de números reais, designados por termos da sequência. Os termos podem repetir-se.
Exemplo 2.22. Os números pares positivos formam uma sequência de números reais:
2 , 4 , 6 , 8 , 10 , 12 , 14 , 16 , . . .
O termo de n-ésima ordem (o n-ésimo número par) pode ser obtido através de an = 2n,
ou seja, os termos da sequência são os valores de uma função com domínio N (ou N0 ):
n 1 2 3 4 5 6 7 8 ···
an = 2n 2 4 6 8 10 12 14 16 · · ·
Denição 2.21. Uma sequência aritmética é aquela em quaisquer dois termos consecu-
tivos têm diferença constante: an+1 − an = d. O seu termo geral é:
an = a1 + (n − 1)d
43
Exemplo 2.23 (Aumento linear de preços).
Um título mensal de transportes custa 50 e.
Prevê-se que o seu preço aumentará 2, 5 e em cada ano.
O preço após n anos será pn = 50 + 2, 5 n. É uma sequência aritmética com termo inicial
p1 = 50 e diferença comum entre termos d = 2, 5.
ano n 0 1 2 3 4 5 6 7 8
preço pn 50, 0 52, 5 55, 0 57, 5 60, 0 62, 5 65, 0 67, 5 70, 0
Denição 2.22. Uma sequência geométrica é aquela em que a razão entre quaisquer dois
an+1
termos consecutivos é constante: = r. O seu termo geral é:
an
an = a1 · rn−1
ano n 0 1 2 3 4 5 6
preço pn 50, 00 52, 50 55, 13 57, 88 60, 78 63, 81 67, 00
44
Proposição 2.11.
A soma dos primeiros k termos de uma série aritmética an = a1 + (n − 1)d é:
k
X n
an = a1 + ak
n=1
2
Proposição 2.12.
A soma dos primeiros k termos de uma série geométrica an = a1 · rn−1 é:
k
X 1 − rk
an = a1 ·
n=1
1−r
45
Exercícios (Sequências).
1. a) Depositou-se 12 000 euros num depósito a prazo com composição anual de juros,
que rende 4% por ano. Qual será o valor do depósito após 15 anos?
b) Um depósito a prazo com composição anual de juros rende 6% por ano. Que
quantia deveria ter sido depositada há 5 anos atrás para que hoje tivesse 50 000
euros?
2. Uma quantidade aumenta 25% por ano durante 3 anos. Qual é a percentagem de
aumento combinada ao longo desses 3 anos?
3. a) O lucro de uma empresa aumentou 20% de 1990 para 1991, mas diminuiu 17%
de 1991 para 1992.
O lucro em 1990 foi superior ou inferior ao de 1992 ?
b) Que percentagem de diminuição do lucro de 1991 para 1992 asseguraria que os
lucros em 1990 e em 1992 fossem iguais?
4. Um depósito a prazo rende 5% ao ano (juros simples).
Sejam:
x = montante depositado (e)
y = juros recebidos após um ano (e)
Os juros y (e) recebidos após um ano ∝ ao montante depositado x (e):
y
y = 0, 05 x ⇔ = 0, 05 (t 6= 0)
x
e 0, 05 = 5% é a constante de proporcionalidade (directa).
46
Capítulo 3
Cálculo Diferencial
f (b) − f (a)
O seu declive é: m=
b−a
A derivada de f em x = a é o número:
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) := lim
h→0 h
47
Denição 3.3 (Recta tangente ao gráco de f num ponto).
O declive da recta tangente ao gráco y = f (x) em x = a é f
0
(a) (se existir).
A recta tangente tem declive f (a) e passa por A = a , f (a) , logo terá equação:
0
y − f (a) = f 0 (a) (x − a)
Exemplo 3.1.
Seja f (x) = x2 . Calcule f 0 (1) e determine a equação da recta tangente a f em x = 1.
f (1 + h) − f (1) (1 + h)2 − 1
f 0 (1) = lim = lim
h→0 h h→0 h
h2 + 2h h(h + 2)
= lim = lim = lim (h + 2) = 2
h→0 h h→0 h h→0
y − f (1) = f 0 (1) (x − 1)
y − 1 = 2 (x − 1)
y = 2x − 1
Exemplo 3.2.
Sendo f (x) = x2 − 3x, calcule f 0 (2).
f (2 + h) − f (2) (2 + h)2 − 3(2 + h) − (−2)
f 0 (2) = lim = lim
h→0 h h→0 h
2
h +h h(h + 1)
= lim = lim = lim (h + 1) = 1
h→0 h h→0 h h→0
Exemplo 3.3.
Sendo f (x) = x2 , calcule f 0 (a).
f (a + h) − f (a) (a + h)2 − a2
f 0 (a) = lim = lim
h→0 h h→0 h
2
h + 2ah h(h + 2a)
= lim = lim = lim (h + 2a) = 2a
h→0 h h→0 h h→0
48
Exercícios (Derivada num ponto).
1. Com base nos grácos y = f (x) e nas rectas tangentes apresentadas, determine:
f 0 : Df 0 −→ R
x 7−→ f 0 (x)
49
Exemplo 3.5. f (x) = x3 + 3x
f (1 + h) − f (1)
f 0 (1) = lim = ... = 6
h→0 h
Em geral:
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim = . . . = 3a2 + 3
h→0 h
Proposição 3.1. Regra de derivação de uma potência:
..
(x2 )0 = 2x .
Exemplo 3.6.
(3x2 − 5x + 2)0 = (3x2 )0 − (5x)0 + (2)0 = 3(x2 )0 − 5(x)0 + (2)0
= 3 · 2x − 5 · 1 + 0 = 6x − 5
Proposição 3.3. Regra de derivação do produto: se u = f (x), v = g(x), então:
(u · v)0 = u0 · v + u · v 0
Exemplo 3.7.
2 0
(3x − 5x)(2x4 + x2 ) =
= (3x2 − 5x)0 (2x4 + x2 ) + (3x2 − 5x)(2x4 + x2 )0
= (6x − 5)(2x4 + x2 ) + (3x2 − 5x)(8x3 + 2x)
= 12x5 + 6x3 − 10x4 − 5x2 + 24x5 + 6x3 − 40x4 − 10x2
= 36x5 − 50x4 + 12x3 − 15x2
Proposição 3.4 (Derivada do quociente). Sejam u = f (x), v = g(x).
u 0 u0 · v − u · v 0
=
v v2
Exemplo 3.8.
0
x2 (x2 )0 (x + 1) − (x2 )(x + 1)0
= =
x+1 (x + 1)2
2x(x + 1) − x2 x2 + 2x
= =
(x + 1)2 (x + 1)2
50
Proposição 3.5 (Derivada da função exponencial).
(ex )0 = ex (ax )0 = ln a · ax
1. Calcule
0 √ 0
(a) (3x5 )0 (g) x x
1
(d)
x3
√ 0 (h) (2x2 + 3x4 )0
(b) (x10 )0 (e) x
0 0
1 1
(c) (x−4 )0 (f) √ (i) 5
3x − 2
x 2x
51
4. Calcule (derivada da exponencial):
du du dv
( u ◦ v )0 (x) = u0 [ v(x) ] · v 0 (x) ou = ·
dx dv dx
52
Exemplo 3.12. Para calcular a derivada de
5
f (x) =
(x3 + 2x + 1)4
5
notamos que f (x) = (u ◦ v)(x), onde u(v) = 4
e v(x) = x3 + 2x + 1.
0 v
Calculando u0 (v) = 5v −4 = −20v −5 e v 0 (x) = 3x2 + 2, teremos:
−5 −20 · (3x2 + 2)
f 0 (x) = −20 x3 + 2x + 1 · (3x2 + 2) =
(x3 + 2x + 1)5
Exemplo 3.13. Para calcular a derivada de
√ 1/2
f (x) = x 4 + x = x4 + x
1. Para cada par de funções u(v) e v(x), indique a expressão de (u ◦ v)(x) e use a regra
da cadeia para calcular (u ◦ v)0 (x).
(a) u(v) = 4v 5 e v(x) = x3 + 2 x+1
(b) u(v) = v 4 − v e v(x) =
x
3. Calcule:
3 #0 0
(c)
"
(2x + 1)(x + 5)3
x3 − 1
(a)
x2 + 1
p 0
(d)
0
(b) x3 (x2 − 3x)4
f (x)
53
6. Determine f 0 (x) em função de g e de h:
(crescente) (decrescente)
Teorema 3.9. Seja f contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Se ∀x ∈ ]a, b[:
1. f 0 (x) > 0 então f é (estritamente) monótona crescente em [a, b].
2. f 0 (x) = 0 então f é constante em [a, b].
3. f 0 (x) < 0 então f é (estritamente) monótona decrescente em [a, b].
Denição 3.6. Os pontos de estacionariedade de uma função diferenciável f são as
soluções de f 0 (x) = 0.
1
Exemplo 3.14. Estudemos os intervalos de monotonia de f (x) = − x3 + 2x2 − 3x + 1.
3
f 0 (x) = −x2 + 4x − 3
54
x −∞ 1 3 +∞
0
f (x) − 0 + 0 −
f (x) & min. % max. &
Denição 3.7. Uma função tem um extremo relativo (ou local) em x = a se f (a) for o
maior (ou menor) valor que a função toma numa vizinhança de x = a.
Ou seja, se para todo o x ∈]a − δ, a + δ[ (para um dado δ > 0) se vericar:
mínimo relativo: máximo relativo:
f (x) ≥ f (a) f (x) ≤ f (a)
Denição 3.8. Uma função tem um extremo absoluto (ou global) em x = a se f (a) for
o valor máximo (ou mínimo) que a função toma em todo o seu domínio (e não apenas
numa vizinhança de x = a).
Exemplo 3.15.
f (x) = 4 − (x − 1)2
tem um máximo absoluto em x = 1, que é f (1) = 4, porque
(x − 1)2 ≥ 0 ⇔ 4 − (x − 1)2 ≤ 4
com igualdade se e só se x = 1.
Proposição 3.10. Seja f uma função diferenciável num intervalo aberto I . Se f tiver
um extremo relativo (máximo ou mínimo) em c ∈ I , é necessário que c seja um ponto de
estacionariedade de f , isto é: f 0 (c) = 0.
55
Denição 3.9 (Concavidade).
Seja f duas vezes diferenciável num intervalo aberto I . Se ∀x ∈ I :
d2 Q
>0 ⇔ α · (α − 1) > 0 ⇔ α>1
d K2
e
d2 Q
<0 ⇔ α · (α − 1) < 0 ⇔ 0<α<1
d K2
logo a função de produção é convexa se α > 1 e côncava se 0 < α < 1.
56
Exercícios (Monotonia, extremos e concavidade).
(c) h(x) =
x+2
57
3.5 Derivadas parciais e extremos condicionados
p
f (x, y) = C ⇔ x2 + y 2 = C ⇔ x2 + y 2 = C 2
Denição 3.12. A derivada parcial de uma função de n variáveis reais:
f (x1 , . . . , xn )
em ordem a uma variável xi é a derivada obtida quando se consideram as restantes
variáveis constantes. Designam-se por:
∂f ∂f ∂f
, , ... ,
∂x1 ∂x2 ∂xn
Exemplo 3.19. Calcule as derivadas parciais de:
f (x, y) = x3 + 2xy + y 2 + 1
Se y é constante:
∂f ∂ 3 ∂ 3 ∂ ∂ 2
= x + 2xy + y 2 + 1 = x + 2y x + y + 1 = 3x2 + 2y
∂x ∂x ∂x ∂x ∂x
Se x é constante:
∂f ∂ 3 2
∂ 3 ∂ ∂ 2 ∂
= x + 2xy + y + 1 = x + 2x y + y + 1 = 2x + 2y
∂y ∂y ∂y ∂y ∂y ∂y
Denição 3.13 (Extremo local).
f (x1 , . . . , xn ) tem um máximo, ou um mínimo local em (a1 , . . . , an ) se e só numa vizi-
nhança deste ponto se vericar uma das seguintes condições (respectivamente):
f (x1 , . . . , xn ) ≤ f (a1 , . . . , an ) ou f (x1 , . . . , xn ) ≥ f (a1 , . . . , an )
58
Proposição 3.11 (Condição necessária para a existência de um extremo local).
Se f for diferenciável, para que (a1 , . . . , an ) seja um extremo local, é necessário que seja
um ponto de estacionariedade de f (que anule simultaneamente as n derivadas parciais):
∂f
(a1 , . . . , an ) = 0
∂x1
..
.
∂f
(a1 , . . . , an ) = 0
∂xn
Exemplo 3.20.
f (x, y) = (x − 1)2 + (y − 2)2
f tem um mínimo absoluto em (1, 2), que é f (1, 2) = 0.
Sendo f diferenciável, os seus extremos locais têm de ser pontos de estacionariedade:
∂f
∂x = 0
( (
2(x − 1) = 0 x=1
⇔ ⇔
∂f 2(y − 2) = 0 y=2
=0
∂y
59
Denição 3.15. O gradiente de uma função real f de n variáveis reais é o vector cujas
componentes são as derivadas parciais de f :
∂f ∂f
∇f = , ... ,
∂x1 ∂xn
∇f (1, 0) = (2, 0)
√ √ !
2 2 √ √
∇f , = ( 2, 2)
2 2
∇f (0, 1) = (0, 2)
60
Denição 3.16. Num problema de optimização de uma função objectivo f (x1 , . . . , xn )
sujeita à restrição g(x1 , . . . , xn ) = C dene-se a função de Lagrange (ou Lagrangeana):
Exemplo 3.23. Maximize f (x, y) = −2x2 −y2 +5x+6y sujeita à restrição 2x + 4y = 10.
| {z }
g(x,y)
A Lagrangeana é L(x, y, λ) = −2x − y + 5x + 6y − λ [2x + 4y − 10].
2 2
∂f ∂g
=λ
∂x ∂x
−4x + 5 = 2λ −4x + 5 = 2λ −4(−2y + 5) + 5 = 2λ
∂f ∂g ⇔ −2y + 6 = 4λ ⇔ −y + 3 = 2λ ⇔ 2λ = −y + 3
=λ
∂y ∂y
2x + 4y = 10
x = −2y + 5
x = −2y + 5
g(x, y) = 10
y=2
8y − 20 + 5 = −y + 3 9y = 18
1
2λ = −y + 3 ⇔ 2λ = −y + 3 ⇔ λ= ⇒ o máximo é f (1, 2) = 11.
2
x = −2y + 5 x = −2y + 5
x=1
61
3.6 Teoremas de continuidade e de diferenciabilidade
∃c ∈]a, b[ : f (c) = k
Corolário 3.15. Seja f uma função contínua em [a, b]. Se f (a) · f (b) < 0 então:
∃c ∈]a, b[ : f (c) = 0
Exemplo 3.24.
A função f (x) = ln x + x é contínua no seu domínio, Df =]0, +∞[.
Consideremos o intervalo [e−1 , 1].
1 1−e
f (e−1 ) = ln(e−1 ) + e−1 = −1 + = <0
e e
f (1) = ln 1 + 1 = 1 > 0
Logo f (e−1 ) · f (1) < 0 e pelo corolário do teorema de Bolzano f tem pelo menos um
zero em ]e−1 , 1[.
Teorema 3.16. Do valor extremo, ou de Weierstrass
Seja f uma função contínua num intervalo fechado I = [a, b].
Então f tem máximo e mínimo absolutos em I :
∃c, d ∈ I , ∀x ∈ I f (c) ≤ f (x) ≤ f (d)
Corolário 3.17.
Uma função contínua transforma um um intervalo fechado num intervalo fechado.
62
Teorema 3.18. De Rolle
Seja f contínua em [a, b], diferenciável em ]a, b[ e f (a) = f (b). Então:
∃c ∈]a, b[ : f 0 (c) = 0
Exemplo 3.25.
1 1
Consideremos f (x) = x3 − x no in-
3 3
tervalo [0, 2].
Esta função é polinomial, logo é contínua
em [0, 2] e diferenciável em ]0, 2[.
f (2) − f (0) 2−0
= =1
2−0 2−0
Pelo teorema do valor médio de Lagrange
existe c ∈]0, 2[ tal que f'(c)=1.
1
Podemos conrmar este resultado: de facto, f 0 (x) = x2 − e
3
√
0 2 1 4
2 2 3
f (x) = 1 ⇔ x − =1 ⇔ x = ⇔ x=± ,
3 3 3
√
2 3
conrmando-se que c = ∈ ]0, 2[ e f 0 (c) = 1.
3
63
Exercícios.
8. Use o teorema do valor médio de Lagrange para provar que se f for diferenciável
em ]a, b[ e ∀c ∈]a, b[ , f 0 (c) = 0, então f é uma função constante em ]a, b[.
64
Exercícios.
O estudo completo de uma função consiste em estudar:
(a) domínio e contradomínio (e) primeira e segunda derivadas
(b) zeros (f) monotonia e extremos locais
(c) paridade (g) pontos de inexão
(d) limites, continuidade e assímptotas (h) esboço do gráco
2. Calcule f 0 (x):
√ √
(a) f (x) =
x 3
+ (c) f (x) = x · 2x − 3
2 x
(b) f (x) = (3x − 5x + 2)4
2
(d) f (x) = (3x)5 · (3x2 − 5x + 2)4
3. Considere as funções:
1
f (x) = g(x) = x2 + 1
x+1
(a) Caracterize (f ◦ g)(x).
(b) Calcule (f ◦ g)0 (x).
(c) Estude a monotonia e os extremos locais de f ◦ g .
(d) f ◦ g admite função inversa?
4. Faça o estudo completo da função:
3x
f (x) = √
4x2 + 1
(a) Domínio
(b) Zeros e intersecção na origem ( 0 , f (0) )
(c) paridade
(d) f 0 (x) e f 00 (x)
(e) limites, continuidade, assímptotas, monotonia, extremos locais, pontos de in-
exão e concavidade
(f) esboço do gráco
(g) contradomínio
65
66
Capítulo 4
Cálculo Integral
4.1 Primitivas
Proposição 4.1. Se F (x) é uma primitiva de f (x), então F (x) + C é a forma geral de
todas as primitivas de f (x). C designa-se por constante de integração.
Z
0
F (x) = f (x) ⇔ f (x) dx = F (x) + C
Exemplo 4.1. Seja F (x) = x2 , logo F 0 (x) = 2x. Diz-se então que F (x) = x2 é uma
primitiva de f (x) = 2x. Contudo, F (x) = x2 não é a única primitiva de f (x) = 2x:
Z
2
0
x +C = 2x ⇔ 2x dx = x2 + C
3
Por exemplo: as funções x2 , x2 + 1 e x2 − são primitivas de 2x ;
2
67
Reparemos que: Z
0
(x) = 1 ⇔ 1 dx = x + C
Z
2 0
2x dx = x2 + C
x = 2x ⇔
Z Z Z
[f (x) + g(x)] dx = f (x) dx + g(x) dx = F (x) + G(x) + C
Exemplo 4.3.
Z Z Z Z
2 2
3x + 4x + 3 dx = 3x dx + 4x dx + 3 dx
Z Z Z
2
= 3· x dx + 4 · x dx + 3 dx
x3 x2
= 3· +4· + 3x + C
3 2
= x3 + 2x2 + 3x + C
Proposição 4.4.
Z Z
1 1 ax
dx = ln |x| + C e eax dx = e +C (a 6= 0)
x a
68
Exercícios.
1. Calcule:
Z Z Z
1
(a) x dx6
(d) 3x −4
dx (g) dx
x5
x3
Z Z Z
(b) dx (e) x −3
dx (h) x7/2 dx
2
√
Z
2
Z Z
(c) 3x4 dx (f) (i)
x dx √ dx
x
2. Calcule:
Z Z
(a) 2
(c) 2x5 − 3x dx
x+x dx
Z 3
x 3
Z
3
(b) dx (d) − 3 dx
x 3 x
3. Calcule:
√
Z Z r q
(a) x x dx √
(b) x x x dx
4. Calcule:
Z Z Z
(a) e −x
dx (b) 2x
6 e dx (c) 3x dx
7. Calcule:
Z Z
x3 − 3x + 4
Z
(a) (x − 1) dx 2
(b) (x + 2) dx 3
(c) dx
x
69
4.2 Equações diferenciais
Exercícios.
70
4. Determine F (x) sabendo que:
1 1 5
(a) F 0 (x) = ex − 2x e F (0) = (b) F 0 (x) = x(1 − x2 ) e F (1) =
2 2 12
5. Determine a função f (x) e esboce o seu gráco, sabendo que:
(a) f (0) = 2 e o gráco de f 0 é:
Teorema 4.5.
Z Z
0
f [ g(x) ] · g (x) dx = F [ g(x) ] + C ⇔ f (u) du = F (u) + C
71
Exercícios.
d
1. (a) Calcule: (3x2 − 2)4 .
dx
Z
(b) Complete: ... dx = (3x2 − 2)4 + C .
2. Calcule:
Z √ Z
√
(a) 34
t · 3 − 5t5 dt (b) x2 · x − 1 dx
3. Calcule
Z Z
(a) x2
(d)
3
2x e dx x2 ex dx
Z √ Z
2−x
(b) 3x · 2
x3 + 1 dx (e) √ dx
2x2 − 8x + 1
(ln x)2
Z Z
2x
(c) dx (f) 2
dx
x x +1
Exemplo 4.7.
Z
ln(x) dx =
Z Z
1
ln(x) · 1 dx = ln(x) · |{z}
x − · x dx
| {z } |{z}
0
| {z } x |{z}
u v u v |{z} v
u0
Z
= ln(x) · x − 1 dx
= ln(x) · x − x + C
72
Exemplo 4.8.
√
Z Z
2 2
x · (x + 1)3/2 −
x · | x{z+ 1} dx = |{z} 1 · (x + 1)3/2 dx
|3 {z |3 {z
|{z} |{z}
u v0 u } u0 }
v v
Z
2 2
= x · (x + 1)3/2 − (x + 1)3/2 dx
3 3
2 2 2
= x(x + 1)3/2 − · (x + 1)5/2 + C
3 3 5
Exercícios.
1. Calcule:
√
Z Z Z
(a) x
x · e dx (c) 2
x · x − 1 dx (e) x3 e2x dx
Z Z
1
(b) ln(x) dx (d) ln x dx
x
2. Calcule:
Z Z Z
x
(a) 8
x (x + 5) dx (b) 2
x ln(x) dx (c) dx
e3x
73
4.5 Integral de Riemann
Pretendemos calcular a área sob o gráco de uma função não negativa, em [a, b]:
Z 4
Área(A) = 2 dx = 3 · 2 = 6
1
(b)
2
3·3
Z
9
Área(B) = (x + 1) dx = =
−1 2 2
(c)
Z 1 √ π
Área(C) = 1 − x2 dx =
0 4
74
Denição 4.5. O Integral de Riemann de uma função não negativa em [a, b]:
Z b
f (x) dx
a
O processo de cálculo da área (se existir) consiste no limite das aproximações através de
rectângulos de largura cada vez menor:
Z b n
X
f (x) dx := lim f (xk )∆x
a n→+∞
k=1
b−a
sendo ∆x = e xk pertence ao k -ésimo sub-intervalo de [a, b].
n
Quando o limite existe, dizemos que a função é Riemann-integrável em [a, b].
a e b são os limites de integração inferior e superior e f (x) é a função integranda.
A denição do integral de Riemann como o limite das áreas que são aproximações por
rectângulos não é um método adequado ao cálculo sistemático de integrais, em geral.
75
Teorema 4.8. Teorema Fundamental do Cálculo (1):
Seja f uma função contínua num intervalo.
O integral indenido
Z t
A(t) = f (x) dx
a
Z t
0 d
A (t) = f (x) dx = f (t)
dt a
Demonstração.
A(t + h) − A(t) h · f (t)
A0 (t) = lim ≈ = f (t)
h→0 h h
Exemplo 4.10.
" #1
Z 1
1 3
x2 dx = x =
0 3
0
1 3 1 3 1
= ·1 − ·0 =
3 3 3
76
Proposição 4.10. Propriedades do integral denido, ou de Riemann:
Z a Z a Z b
f (x) dx = 0 f (x) dx = − f (x) dx
a b a
Exemplo 4.11.
Z 1 Z 2 Z 0
2
x dx = 0 2x dx = − 2x dx
1 0 2
Z b Z b Z b
[f (x) + g(x)] dx = f (x) dx + g(x) dx
a a a
Exemplo 4.12.
Z 2 Z 2 Z 2
2 2
3x + 2x dx = 3x dx + 2x dx
0 0 0
Z 2 Z 2
2
= 3· x dx + 2 · x dx
0 0
Exemplo 4.13.
Z 2 Z 1 Z 2
|x − 1| dx = |x − 1| dx + |x − 1| dx
0 0 1
Z 1 Z 2
= (−x + 1) dx + (x − 1) dx
0 1
77
Exercícios.
3. Calcule:
Z x Z x Z x
d d d
(a) 3
t dt (b) |t| dt (c) |t − 1| dt
dx 1 dx −1 dx −2
4. Esboce a região cuja área é representada pelo seguinte integral denido e calcule-o:
Z 4 Z 2 Z 1 √
(a) 2 dx (b) (x + 2) dx (c) 1 − x2 dx
1 −1 0
Proposição 4.13. Área de uma região limitada por uma função negativa:
78
A área de uma região limitada por uma função negativa, Área(A), é igual à área da
região simétrica, Área(B), limitada pela sua função simétrica (positiva):
Z b Z b
Área(A) = Área(B) = − f (x) dx = − f (x) dx
a a
Concluímos assim que o integral denido de uma função f (x) ≤ 0 num intervalo [a, b] é
o simétrico da área entre o gráco de f e o eixo das abcissas, em [a, b].
Exemplo 4.14.
" #1
1
x2
Z
1
(x − 1) dx = −x =− ,
0 2 2
0
Proposição 4.14. O integral de uma função contínua num intevalo é igual à soma das
áreas acima do eixo das abcissas, subtraída das áreas abaixo desse eixo:
Z d Z a Z b Z c Z d
f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx + f (x)dx + f (x)dx
0
|0 a b
{z } | {z } | {z } | {z } c
Exemplo 4.15.
Z 2
(x − 1) dx = 0
0
79
Proposição 4.15.
A área de um conjunto limitado superiormente e inferiormente por duas funções:
Z b
calcula-se através do integral f (x) − g(x) dx .
a
Exercícios.
(x, y) ∈ R2 | x2 − 2x ≤ y ≤ 2 − x
A :=
(x, y) ∈ R2 | 2x2 ≤ y ≤ 8
B :=
80