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‘ J . SUSSEKIND, Flora. “As vtionas-algozes ¢ oimaginécio do medo”. I ! ‘ AS VITIMAS-ALGOZES E [AGI [O DO MEDO O IMAGINARIO DO MEDO ‘0 cores do stave feu, tenchor come noute de cempesade: Abdio Bfando egm arco pel conte cession ee ‘eninge perpen Goaquim Manuel de Macedo. As vim algeze,) Jean-Baptiste Debret, em sua Viagem pitorescae bivt6rica ao Brasil, de 1839, apresenta duas cenas de “"Malhacto de Judas no sibado de Aleluia’* que, se observadas com os olhos do panico senhotial, pazecem prefigurat, sem querer, os quadros de envenenaimento ¢ violéncia fisica mprevista por parte dos servos contra seus proptiettios, convertidos em espécies de judas ingénuos ¢ em cotpos de palha e mascaras, com os quais tum escritor como Joaquim Manuel de Macedo prowwuaria, tés décadas de- pois, amedrontar 2 populaeio branca e sugerit como Gnica solugdo poss vel para tais “‘malhagcs”inespetadas uma emancipacio gradual dos es. ‘tavos com plena indenizagio para seus senhotes por parte do governo, Solucdo que configura a tese basa, reiterada desde o prologo, e que pas. 10 pela conclusto de cada um dos rts quadros de excravidio e traigdo hat. por Macedo em seu volume de novelas-libelo de 1869, Ar sims. algozes, . ‘Voltemos, no entanto, por um instante, a Debret ¢ aos alegresalgozes ddos judas de patha. Lembre-se, por exemplo, a aquarela, hoje percencen- te 20 Museu da Chicara do Céu no Rio de Janeiro, em que se vé uma pe- ‘quena multido de passantes ¢ malhadores em torno de um judas jf sem a Perna direta, que vai sendo arrastada por umn molequinho, talver em di- eso a um outto grupo de meninos que espancam, jogado no chio,o seu pr6prio e pequeno “judas”. Chama a atencho, ai, fora a bela agitaglo da ‘ena tio cheia de cores ¢ integrantes, o fato de os dois "judas" (tanto o ue esti em primeizo plano, enforcado numa érvore, quanto o que, 0 chao, em segundo plato, & direta, esté 2 intcira mercé de ws meninos) ferem rostos brancos, enquanto a quase totalidade dos spectadores¢ pat- ticipantes da “‘queimacao" € de negros. Esem divida exctavos, jf que ne tnhum deles aparece calgado. Brancos, afora os bonecos de palhar 36 al. ‘guns personagens pouco nitidos que se véem saindo da igreja bem ao fun- do da cena. Fora qualquer jusifcativa biblica para a brancura de tais apéstolos-de-brincadcira, talvez nao tivesse meimo muita graga repctit XxxI ‘num sibado de Aleluia milhacto absolutamente idéntica as que se asss- tiam, a qualquer pretexto, no dia-a-dia. Isto é: de negios. Além disso, 0 piGptio Debret chama a atencio para a camada social a que pertenceriam ‘os malhadores: “a classe iedigente”*.E para alguns de seus alvos predile- tos: “'personagens importantes do governo"", como vita no sibado de Aleluia de 1831. Judas bem postos na vida, malhadores indigentes: eta, entio, a distribuigio de papéis mais frequente aos olhos do viajante francts. Mas o sibado de Aleluix de Debret nto sc limita a essa aquarela. Pro- ceatou detalhar um outto tipo de enforcamento, bem mais caro, eavolven do fogos, efeitos tcatras e dois bonecos presos a uma drvore, Um deles, 0 Judas habieual, com um saco de dinheio numa das mios ¢ uma tabule ‘com dizetes hosts pendurada no pescogo; 0 outro, um diabo que se movi- ‘menta grasa 2 explosto dealguns foguectes, c, pot fim, realiza ele mesmo © enforcamento em meio 20s “clamores de alegria do povo apinhado mas ras” ¢ a0s “aplausos dos espectadores dos baledes"”, Curioso nesta se- gunda forma de “queimagio"” € 0 fato de os judas continuarem brancos ¢ (05 dois diabos, ora acorrentados, ofa com roupas tio simples quanto as de uum criado qualquer, serem ambos negros. Nio que a imagem do castasco negro fose alguma novidade. E a representasZo dos executores, de tio de- ‘monfaca, nfo conwida propriamente a uma associagao diteta a qualquet figura humana. Persiste, entretanto, como na outra cena pintada por De- bet, a cor branca para os bonecos Supliciados e a cor negta para os seus algozes. (© que, se no relato de viagem de Debret nao chega a ter maior desdo- ‘bramento, muda de figura quando, em 1869, em meio a discussBes mais acaloradas em tomo da emancipagio, a0 crestimento das fugas, furtos © ‘times de cativos contra proprietirios efeitores, 2 ameaca de cisdes no in- terior da pr6pria classe senborial, Joaquim Manuel de Macedo constr6i ‘um perfil aterorizante para o escravo, misto de igre eserpente, de vitima calgoz, capaz de atacar quando menos e espera. Quando os senhores es- {do dormindo, como em "Simeio — o cioulo”; envenenando 0 café ¢ as, plantagBes do fazendeiro com raizes desconhecidas, como em "*Pai-Raiol 0 feiticeito"; minando a “‘canduta’” da inexpetiente sinhd-moca, no seu pr6prio quarto, como em ‘Lucinda — a mucama". Transformam-se, ‘nos ts casos, e em movimento sincronizado, escravos em algozes ¢ se- ahores em vitimas. Vikimas nfo mais de palha, algozes vistos sem o olhar complacente das familias seahoriais que descem as escadarias da igreja na ‘de Debret. A petspectiva nos “quads literSrios da escraviddo"” ‘de Macedo & bem outta. Neda que lembre a Aleluia de Debret. A violén- cia petde af qualquer eardter festivo. E, “petigo negro", de um lado; possvel divisio na camada senhorial, de outro: € 0 medo 0 eixo dos "‘quadros exemplares" do escritor emanci- xx pacionista. Medo a ser provocado no seu Ieitor-senhor com cores bem Imais carregadas do que 25 de uma aquarela como a do viajante-pintor, com énfase na traigdo e na dissimulago como tragos inerentes 20 escravo € na ingenuidadec na credulidade como marcas egistadas dos fazendeiros ¢ donos de esravos, com recutso freqiente ao melodrama e um nico in; teresse decarado desde o “PrSlogo”: defender a carnada proprietiia; de- monstrando 2 necessidade de decretar:elarmeima a Emaiieipacto. ates, ‘que tal pudesse se dar por meios mais cruentos, antes que a 'nefasta in- fluéncia’ de tais “‘vitimas-algozes” e de ameagadoras scnzalas pudesse macular de modo itremedivel fazendas ¢ sobtados brancos. Ou, nas pa- favras cmplices do narrador seahorial de As vitimas-algozes 20 seu leitor: “nossas casas”, “norsas fazendas""*. Ameaca deta, portanto. A literatura como exemplo Porque € como sieples demonstrabes de idéntica tese — a escavidio um mal, transforma os cativos em algozes ¢ 0s senhores em vitimas, e5- cravos —. como pardbolas que propdem ao leitor uma Gnica conduta pos: sivel — a emancipagdo gradual —, como telatossingulares, mas exenspla- res da mesma regra geral — a escravido € um cancto, “sfilis moral que infecciona’’ as casas ¢ farendas senhotizis —, que s* poderiam definit as ttés novelas que compem As vitimar-algozes. Mesmo fazendo uso de pe- ripécias folhetinescas (sobrecudo em ‘Lucinda — a mucama”), de recut- 40s tomados de empréstimo 20 melodrama (como a figura abnegada de pai esenhor do fazendeiro Domingos de "'Simefo —o crioulo””, ou a ce- za do asassinato dos proprietérios pelo escravo traidor, na mesma novela, ‘em que mortent atingidos pela mesma bala os recém-casados Hermano ¢ Flotinda), de um clima de teror, como o de “'Pai-Raiol — o feticeiro””, ttabalhado propositadamente também nas outras histbrias; mesmo ficcio- nalizando exemplos diversos para demonstrariddntica necessidade eman- cipacionista, & em diregio 20 documento ¢ no 3 ficgto que Macedo pro- cura encaminhar os seus "quadtos da escravidzo’ € exatamente com base numa oposicio bem marcada entre verdade fantasia que Macedo define o seu ideal verista no prologo de As vftinsas- alpozes eos perc musetininni 1 a gugileissls Shem pom raiaesels A queteros te segedos nem reservs ments conveso Coe et emerge gepbhtge ine ths acm Isto de nfo precisarem de demonstracio é um truque ret6rico, é claro. 2x egseupecr sn Se “Todo o lio €, na verdade, uma tentativa de afitmar que, sob as hist6tias de Simefo, Pal-Raiol e Lucinda, manifescase uma Ginica interpretagdo to- do-poderosa: a de que a escravidio faz vitimas-algozes ¢ deve set gradual- ‘mente extinta, scm preju‘z0 pata os grandes proprietitios de cativos. To- do o livro repete, em trésversdes, essa mesma idéia. ldéia que precede a ‘pt6pria construgio natrativa da histriase, de cerca maneira, chega mes- ‘mo a tomar o seu lugar. O que liga 25 268es narradas, o que explica o per- fil malévolo dos eseravos ¢ ingtnuo dos seahores, o que justfica 0s finais tthgicos das duas primeiris novelas ¢ 0 desfecho moralizance da Gitima ‘io € tanto o pr6ptio enredo ou o earéter dos personagens, mas sim a tese ‘emancipacionista ea afirmacdo de um ““perigo negro" crescente, que pa- fecem preceder até mesmo a leitura das novelas e estdo expressas desde 0 pprblogo do primeiro volume. Funcionam como chave-mestta: por um Ia- do, para interligat as situgées ctiadas; por outro, para interpreci-las de ‘acordo com a perspectiva emancipacionista e senhorial-cm-pinico com ‘que sio narradas. £ possive, alii, estender a As sitimar-algozes parce do comentirio de Siiviano sobre um outro romance de tese, 0 Mota Cogueiro (1878), do abolicionista Jo do Patrocinio: ier, pois, obs ects com cecaosomados de empttuimo bfx, smascom pogo que e dew de ia, wbretugo pour ner aa Somme Sn tao ats pla tte drole {om ettcin apoio pio ato defn. Anes dep econ un tefipicens onacoori mice senha hace vor a peor umacanis no pa, solr 20 fetor urs Por isso no & de estranhar que as trés novelas de Macedo teaham por final no propriamente um desfecho romanesco, mas a de uma conviegZo e de uma regra de agio. E exemplar, ness sentido, o mo- do como se conclui "Simeto —o cou”. Assassinadosos senhores, ea lizado o furto por Simedo, seus cGimplices escravos e seu patceio branco, © Barbudo, capnurados ¢ condenados 0s cufpados, a histra ado termina, ‘Ro entanto, al. Acabada a histria de Simeto, cabe a0 narradot uma outa tarefa: a de sfitmar o seu ciréter de parsbola, de fornecer ao leitor, caso hhaja ainda alguma ddvida, a chave interpretativa ‘correta’” para compre: ende-la. Por isso, uma vez concluida a trama, prossegue a explicagio: SE asap cps tne ee ee ee tsuneo fas EERE: ory rey ceo tubo, fa sa tert Erma iit cena ev coqemen pti pene : xxv Porquant,¢ todos saber, «liberdade morals, oobi, €capas de f- FE escravdao detada, deprava toma o hamem capa dot mas medonhos Fica demonstrado, pois, que nto € propriaments ~te Simezo singular ‘© culpado de tio medonho crime, que este € apenas um caso exemplar ¢, ‘onde se lé “‘Simeao"', deve-se ler "“Escravidao"’. Ela sim, a instituicio personificada af no servo-cria da casa, setia a vetdadeira responsivel por todos os males relatados. Fica faltando, no entanto, um clemento a essa hist6tia parabélica de ‘Macedo. Falta a explicitacio de uma conduta, de uma forma de agit a ser adotada pelo leitor a partir do momento em que aptende com o narrador- didata o “‘verdadcito sentido” do que acabata de ler: “'Se queteis matar Simedo, acabar com Simezo, matai a mae do crime, acabai com a escravi- dio""*, Regra de ago sugetida quase com as mesmas palavras ao final de “Pai-Raiol — o feiticeéiro”’: ail ¢ Eat, alge pol ecivi, cs dou sos sins ‘Ot Pesce, port scious a casi co Bal iS ccrmisls nd amaclgc€ pli? B, ainda com maior énfase, repete-se na mais amzaa das tres narrati- vas, ‘'Lucinda — a mucama", mote semethante: cacinnin crop desta epninats, Sosate copes Sesame opens Oh Bua cx an cob Bets Regra de agto idéntica — banit a esravidio — repetida desde o pt6lo- 0 até a Gltima novela, sem maiotes variagSes ¢ dirigida sempre a um ‘mesmo tipo de interlocutor: um ptblico de senheres, eapaz, portanto, de conctetizar tais imperativos antiescravoctatas. Nio hé mesmo qualquer sombra de dévida no texto de Macedo quanto 3 posigfo de classe de seus leicores. Quem teria tanto medo de envenenamentos, furtos,assassinatos cesedugbes por parte de escravos? Proprietirios de escravos, €evidente, E€ a cles!” que se dirige diretamente Macedo desde o prdlogo ameasador: Porque esas historias wetactsimas foram de ontem, so de hoje, cteto de aman fiagmcec reproduc, eng Wes cor Endo ameaga apenas, demonstta. Algumas vezes argumenta. Sempre tendo em vista interesses da camada proprititi, € claro, E se sugere a ‘emancipagio, nfo é sem pesa os pr6s € os contras de outts medidas pos- siveis. De um extremo paternalismo, por exemplo, para com os cativos. Tein logo rejeitada: “O ressentimento légico ¢ eatutal da escravidto faz «edo ou tarde da protegida ingrata’”, afirma o nattador de As vftineas- elgozes. Outta hipétese sugetida no livvo: uma sesetidade a beira do cruel como recurso inibidor da audécia escrava. E igualmente afsstada: “novo tengano, e pior que 0 outro: a compressio provoca a reacio, a crueldade a vinganga feron'"™. Terceia ¢ altima possibilidade, abandonada ainda ‘com maior énfase e com explicagbes quase maquiavélcas deste nartador- ‘émplice da clase senhorial: a de educar os proprios excravos, Ou, como se lem “Pai-Raiol — o feiticeiro" Se fixes inne vos cxt2vs ng tligita dos seus devtes, ism tambérnenecestamente ms tlio de vas dies de homent, et ‘ado eprepaado a resttoct intlgente dos oprimidos Naibt.:pois, grandes disfarces humanistas na propaganda emancipa- ionita romanecata de Macedo, Nada de permits conscientzagto teligente” dos oprimidos ou quaisquer vingancas, veladas ou ferozes. A temancipasio devetia pari: dos pr6ptios fzendeitose proprietiios, E nfo ‘a wroco de nada. Com incenizagio. E substituindo-se a mio-de-obra es- ‘tava e velhos métodos de plantio por uma modernizasio ineviével, lou- vével e muito mais bucratia: ‘And bem que afrg da neceidade es ito de expesiéoia ttm jbiotod- salem dart nbn crema commiancenin tes gue podheem gel cuhado, ninesonrezemenei &, pois, com olhos de regociante que se observa ¢ rejeita a excravidio con Al ofiar algores.Eenguanto se ita epetidns vere vo que (que se descreve ali €fato incontestive, sfo cenastestemunhadas a qual- ‘quer momento pelos eitores, hé uma espécie de duclo latente que per- cotte esas novelas exemnplares. Nao apenas o duelo explicto entte senho- tes bondosos (a ponto de se utlizarem nomes tao Gbvios como “*Angé- ica”, “Libesato”, “Plcido’” ou "*Candida’) ¢ escravos traigoeiros. Mas lum outio, que se dclineava entio de modo mais evidente na camada se- ‘horial brasileira entre padttcs estamentais ¢ burgueses de dominagto, entre a grande lavoura eo escravismo, de um lado, ¢ trabalho live € urba- nizagio, de outro. Duelo que as vezes €sugerido nos “‘quadros da escravi- dio" de Macedo, como na momento em que Teresa perguna zo matido Borges para que tantos csravos, em “Pai-Raiol — 0 feiticeito”, ou na discussdo sobre os escravos travada entre Florencio da Silva e seu filho Li- berato, em ‘"Lucinda —a mucama’’. Mas que se desenka com mais care- 2a, nfo nesta ou naquela discuss, e sim na pt6ptia necesidade de Mace- do escrever o seu livo-libel. E porque de algum modo se temia uma ci- so na classe senhorial que se mostrava necessirio o reforgo de suas identi- dades e interesses comuns. Daf o recutso continuado ao temor. Daf a ne- cessidade de se superenfatizar 0 perigo negro. Enfase que se, pot um Is- do, funciona como forma de persuasio ¢ coesio, por outro, testemmunha tanto 0 pinico senhorial real diante das atitudes de vilénciajéregistrads xxv ou spenasimapndis por pa ds exavos,quanio cretimenso aque se asistia de fato nas décadas de 60-70 da criminalidade escrava no pats, Triplo eegisto, portanto, se vetfica em As sitimas-algozes: do esforco de caesto de uma camada social pot meio de uma literatura com alto indi- ce de exemplatidade ¢ baixo de ficionalidade; de um temor seahorial «tescente;¢, talvez em parte 8 revelia de Macedo, d cotidiano de escravos domésticos rutais € do crescimento da resisténcia negra, ditetamente proporcional ao desse pinico branco de scus Simedes, feticeitos ¢ mu- camas, Traidores sho os outros” Negros, estrangeiros, receptadores, homens livres sem profissio def dda; estes sio alguns dos fantasmas com que se procura soliificar a identi dade de classe no interior da camada senhorial em As vitimas-algozes, Souvanel, francés, professor de canto ¢ sedutor de Cindida em Lucinda — 2 mucama”; Batbudo, figura sinistra, de ganae :nflueacia sobre Si- ‘meio, sempre patado numa venda & beira da estrada e, 20 final da no |a, edimplice do assato 3 fazenda de Domingos Angélica; Dourot Boni- ficio, homem que se faz passat por médico qualificado, cesponsivel em parte pela morte de Teresa, mulher do fazendeito Paulo Borges, "cur deito"", que se toma inclusive compadre da escrava Esméria cm "Pz Raiol — 0 feiticeito”: estes alguns dos‘ fantasmas brancos”” de Macedo. ‘Todos eles, no entanto, matcados por alguma ligacdo mais esteita com 0 ‘mundo dos escravos. Souvanel, na tealidade amance da mucama Lucinda, std sempre 25 voltas com os cativos para que levem bilhetes amorosos ¢ propiciem encontres norurnos com a sinh-moga. Barbudo € quem sugere 4 Simedo a necessidade de, além de tornar-se foro, roubar 0 que pt dda casa senhorial. O “doutot” Bonificio estreica'a tal ponto seus lagos ‘com a esctava Esméria que se torna padrinho de teu filho com o fazendei- 1. E, indiretamente, porque se mostra incapaz de perceber o envenena- ‘mento de que fora vitima Teresa, tea qualquer suppeits de Borges com re- lagio 2 escrava que, aos poucos, se toma senhora absoluta da casa Essa ligasdo com 0 mundo dos escravos parece macular definitivamente tais petsonagens, que, mesmo assim, cumprem 2 sua fungto nas novelas: fornecet, por oposicio, uim perfil generoso, simpitico ¢ honesto 208 se- Shores ¢ seus herdeiros. Porque € em relacio diteta com as camadas (de ttabalhadores livres ou excravos) que dominam ox da qual dependcm (co ‘mo Souvanel) que se define a classe proprietfria nesses“ quadros da escra- vidgo"" de Macedo, Um exemplo? O pedido de cleméncia de Florinda pa- « 12 Simeto mesmo depois de este ter tentado furé-la, Outio: a aticude de Frederico ¢ Libetato quando descobriram que "‘Souvanel”’, na tealidade xxv Dermany, se achava escondido num cortico carioca. Ou, segundo a pers: pectiva % nastador de “Lucinda — a mucama’*: Fede ear ten out Ree ee ee aro nol, cppuahins soar epebes thane

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