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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE ____________

Processo nº (...)

NOME DO CLIENTE, já qualificado nos autos da ação penal em


epígrafe que lhe move o Ministério Público do Estado _____/o
querelante (tratando-se de queixa crime), vem, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 403, §3º do Código de Processo Penal
apresentar:

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS


Pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

Breve resumo dos fatos, com a descrição dos fatos narrados na


inicial acusatória, bem como que ocorreram durante a instrução
criminal.

Exemplo:

Trata-se de processo no qual o réu foi denunciado pelo Ministério


Público sob a alegação de ter cometido o crime de lesão corporal leve, previsto
no artigo 129, caput, do Código Penal. O fato ocorreu durante uma briga em
uma festa, onde o réu, na condição de empregador, supostamente agrediu
seu funcionário, causando-lhe lesões corporais de natureza leve.

A denúncia foi recebida pelo juízo competente e, após regular


instrução processual, a defesa passa a apresentar suas Alegações
Finais, com o objetivo de demonstrar a ausência de provas suficientes
para a condenação do réu e, ainda, abordar outras questões relevantes
para o deslinde da causa, como a prescrição da pretensão punitiva,
mencionada a seguir na preliminar.

II –DO DIREITO

PRELIMINARES

DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

Inicialmente, cumpre destacar a ocorrência da prescrição da


pretensão punitiva no caso em tela, razão pela qual requer-se o
reconhecimento e consequente extinção da punibilidade do réu.

Conforme os autos, a suposta conduta delitiva teria ocorrido em


[data da consumação do fato], sendo a denúncia recebida em [data do
recebimento da denúncia]. Entre a consumação do delito e o
recebimento da denúncia, transcorreu um período superior a quatro
anos, ultrapassando o prazo prescricional previsto para o crime de lesão
corporal leve.

O artigo 109 do Código Penal estabelece que a prescrição, antes


de transitar em julgado a sentença final, varia conforme a pena máxima
cominada ao delito, sendo de 12 anos, 8 anos, 4 anos ou 3 anos,
conforme a pena máxima cominada seja superior a 8 anos, superior a 4
anos, superior a 1 ano ou igual a 1 ano, respectivamente. No caso em
apreço, o crime de lesão corporal leve, previsto no artigo 129, caput, do
Código Penal, possui pena máxima cominada de 1 ano de detenção,
razão pela qual o prazo prescricional é de 4 anos, nos termos do artigo
109, inciso IV, do Código Penal.

Ademais, o artigo 111 do Código Penal dispõe que o curso da


prescrição começa a correr do dia em que o crime se consumou. Nesse
sentido, tendo em vista que o lapso temporal entre a consumação do
fato e o recebimento da denúncia supera o prazo prescricional de 4
anos previsto no artigo 109, inciso IV, do Código Penal, resta
configurada a prescrição da pretensão punitiva.
O que pode ser alegado em preliminares?

1 – Causas extintivas da punibilidade do art. 107 do CP e outros;

2 – Prejudiciais de mérito (artigos 92 e 93 do CPP);

3 – Preliminares processuais (art. 95 do CPP0;

4 – Outras nulidades: art. 564, III e IV do CPP;

5- Ausência de proposta de suspensão condicional do processo ou


outros benefícios despenalizadores.

DO MÉRITO

Neste ponto, é necessário argumentar e expor teses e provas que


possuam o condão de servir como base para a concessão dos pedidos a
serem formulados pela defesa. É de suma importância demonstrar a
correlação entre o caso em análise e as teses de defesa a serem
apresentadas. Não se deve, por exemplo, simplesmente colacionar um
julgado do STJ ou do STF sem explicar o porquê de seu cabimento no
caso concreto.

Exemplo:

I - Legítima Defesa

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a conduta do réu se


enquadra na hipótese de legítima defesa, prevista no artigo 25 do
Código Penal, que estabelece: "Entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem."

No caso em tela, conforme apurado durante a instrução processual,


o réu foi agredido injustamente pelo seu funcionário, sendo obrigado a
se defender para resguardar sua integridade física. O réu utilizou-se de
meios moderados e necessários para repelir a agressão, não
ultrapassando os limites impostos pela situação. Dessa forma, sua
conduta encontra-se amparada pela excludente de ilicitude da legítima
defesa, conforme preceitua o artigo 25 do Código Penal.
II - Excludente da Culpabilidade por Inexigibilidade de Conduta
Diversa

Ademais, cabe destacar a existência de uma excludente de


culpabilidade, com fulcro no artigo 22 do Código Penal, que dispõe: "Se
o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível
o autor da coação ou da ordem."

Embora o referido dispositivo legal trate especificamente de coação


irresistível e obediência hierárquica, a doutrina e a jurisprudência
brasileiras admitem a aplicação do princípio da inexigibilidade de
conduta diversa em outras situações análogas, como forma de excluir a
culpabilidade do agente.

No caso concreto, o réu se viu diante de uma situação em que, para


preservar sua integridade física e repelir a injusta agressão, não lhe era
exigível outra conduta que não a adotada. A reação do réu foi
proporcional à agressão sofrida, e a conduta diversa, nesse contexto,
seria ineficaz e colocaria em risco sua própria segurança. Logo, deve ser
reconhecida a excludente da culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa, em consonância com o artigo 22 do Código Penal e o
entendimento jurisprudencial e doutrinário sobre o tema.

Diante do exposto, pugna-se pelo reconhecimento das excludentes


de ilicitude e culpabilidade, com base nos artigos 25 e 22 do Código
Penal, respectivamente, e, consequentemente, pela absolvição do réu,
nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal.

III – DOS PEDIDOS

Ao final, deve-se salientar resumidamente os pedidos com base


nas teses levantadas no item supracitado em alegações finais. A título
exemplificativo:

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

1. Preliminarmente, o reconhecimento da prescrição da pretensão


punitiva do Estado, com fundamento nos artigos 109 e 117 do
Código Penal, e, consequentemente, a extinção da punibilidade
do réu, nos termos do artigo 107, inciso IV, do Código Penal;

2. No mérito, em caso de não acolhimento da preliminar, a


absolvição do réu com base na excludente de ilicitude da legítima
defesa, prevista no artigo 25 do Código Penal, e na excludente de
culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa, com fulcro
no artigo 22 do Código Penal, em consonância com a
jurisprudência e a doutrina aplicáveis ao caso, nos termos do
artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal;

3. Subsidiariamente, caso não sejam reconhecidas as excludentes


de ilicitude e culpabilidade, requer-se a aplicação da pena no
mínimo legal e a substituição da pena privativa de liberdade por
multa, conforme previsão do artigo 60 do Código Penal, dada a
primariedade do réu, a ausência de antecedentes criminais e a
inexistência de circunstâncias judiciais desfavoráveis.

4. Se porventura o Juízo entender pela condenação do réu, requer-


se, na dosimetria da pena, seja reconhecida a atenuante XXXX,
bem como afastada a causa de aumento XXXX, para que seja
respeitado o princípio da individualização da pena, previsto no art.
5º, XLVI da Constituição Federal;

5. Ainda, havendo condenação, que seja fixado o regime inicial de


cumprimento de pena aberto, uma vez que restarão preenchidos
os requisitos legais previstos no art. 33, §1º, “c”, do Código Penal
OU os requisitos preenchidos em jurisprudência consolidada,
conforme entendimento colacionado no item anterior.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, data.

Advogado, OAB.

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