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O GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS

apresenta

A CABALA NO TEMPLO
ADONHIRAMITA
Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências

AVISO LEGAL
O ingresso na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com a íntegra do que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO
• A Cabala não faz parte da Doutrina Maçônica, pelo menos originalmente
• E não poderia sê-lo, pois trata-se de uma doutrina religiosa, relacionada à tradição
judaica
• Sua correta compreensão requer o domínio do idioma hebraico
• O fato de tratar-se de uma doutrina religiosa gera certa polêmica em nosso meio, com
relação à sua associação com a Maçonaria
• Porém, a partir da adoção do Templo de Jerusalém, erguido por Salomão, como
principal fundamento mítico de nossa Ordem, a associação da Maçonaria com esta
tradição se tornou praticamente inevitável
• Com a proliferação de Ritos, notadamente a partir da França, não apenas a
associação da Doutrina com a Cabala, mas igualmente com o traçado dos Templos
maçônicos, se tornou evidente em muitos Ritos
• O número de livros, artigos, e trabalhos associando a Cabala à Maçonaria dão a exata
noção da influência dessa tradição em nossa Ordem, seja pelos maçons
individualmente, ou por alguns Ritos em si
• No meu entendimento, há muitas evidências disso no Rito Adonhiramita
• Por se tratar de uma tradição das mais complexas, um exame mais detalhado dos
princípios cabalísticos não seria possível, notadamente no Grau de Aprendiz
• Dado à complexidade da doutrina, não abordarei a tradição cabalística em si,
concentrando a exposição na associação da Árvore da Vida ao lugar geográfico dos
cargos num Templo Adonhiramita
• Portanto, minha intenção nesta apresentação, é descrever sucintamente o conceito de
Cabala, examinar as hipóteses que podem ter levado os ritualistas a inseri-la na
doutrina, e demonstrar as evidências de sua relação com a formatação física dos
atuais Templos Adonhiramitas, ficando o juízo de mérito a cargo da cada um
ESCOPO
• Introdução
• O Que é a Cabala?
• A Árvore da Vida
• O Arquétipo da Árvore
• As Semelhanças
• A Loja Adonhiramita
• As Sefirotes
• A Associação com s Cargos da Loja
• A Cabala nos Rituais
• A Corrente Cabalística da Maçonaria
• A Possibilidade de Influência Metafísica
• Conclusão
O QUE É CABALA?
• A Cabala é uma tradição hebraica, que resumidamente falando, traduz em conceitos mais
filosóficos os princípios alegóricos da Torá. Em hebraico significa “recebimento”, que
sugere ser um conhecimento recebido de D’us
• Numa síntese bastante simplista, podemos assumir que a Cabala é a tradição mística
judaica, um estudo mais aprofundado da doutrina da Torá, provavelmente voltado para a
formação dos rabinos, e que se popularizou com o tempo
• Basicamente, a Cabala pretende esclarecer filosoficamente pontos nebulosos da narrativa
da Torá sobre a criação do Universo e sua ordenação, ou seja, vai além das alegorias
voltadas para a doutrinação das pessoas comuns
• Baseia-se na associação dos caracteres hebraicos com os espíritos, ou emanações de
D’us, incluindo a associação com números, virtudes, formas geométricas, e um sem
número de derivações de interpretações místicas
• As origens dessa tradição são ancestrais. Alguns autores defendem que a Cabala foi dada
a Adão, outros a atribuem a Enoch, Abraão, Moisés, e ao próprio Salomão
• O que sabemos de concreto é que o estudo da Cabala se intensificou a partir do século I,
atraindo a atenção de outras correntes filosóficas e religiosas na Idade Média
• O estudo da Cabala está concentrado em duas obras, o Sepher Yetzirah, Livro da Criação,
e o Sepher Zohar, Livro do Esplendor. O primeiro livro é o mais popular
• A partir da Idade Média, a tradição da Cabala foi objeto de interesse de várias correntes
religiosas e filosóficas diferentes, e surgiram daí versões, ou interpretações, que
modificaram o conceito original, e a aproximou dos princípios de cada corrente em
particular
• Surgiram então versões das mais variadas, Cabala Cristã, Cabala Hermética, Cabala
Draconiana, etc. Isso contribuiu em muito para que a Cabala fosse considerada,
equivocadamente, um ramo do ocultismo
• A Cabala, na verdade, é uma doutrina que leva ao conhecimento, ou melhor ao
autoconhecimento, e essa é a primeira coincidência com a Doutrina Maçônica
A ÁRVORE DA VIDA
• Quando se fala em Cabala, a primeira imagem que vem à nossa mente é essa
• Trata-se da Árvore da Vida, em hebraico Etz Chaim, e considero um elemento
fantástico, enigmático e desafiador
• A Árvore da Vida é a síntese da doutrina cabalística, e utiliza para tal uma
linguagem muito familiar para nós maçons, os símbolos
• É um desenho geométrico, que reúne basicamente 11 círculos ligados por linhas
retas. São 11 emanações, ou sefirotes, e 22 caminhos. Alguns autores defendem
que os 33 Graus de alguns Ritos foram inspirados nessa soma
• As linhas externas dessa figura formam um octógono, e em seu interior, através do
traçado das diversas, linhas podemos enxergar também outras figuras geométricas
• O conceito desse elemento é justamente o de uma árvore, cujas raízes estão
fixadas na sefirote MALKUTH, e a copa em KETHER
• Existe também a associação dessa árvore esquemática com o corpo humano,
correspondendo MALKUTH aos pés, e KETHER à cabeça. Em ambos os casos é um
elemento VERTICAL, cuja ideia central é representar a união do MATERIAL ao
ESPIRITUAL, num trajeto ascensional
• Tudo leva a crer que os ritualistas Adonhiramitas colocaram essa árvore na posição
horizontal “deitando-a” em nossos Templos, a razão disso fica muito mais clara
para os Mestres
• A partir dessa ideia central por trás do simbolismo da Árvore da Vida, várias
associações vem sendo feitas ao longo dos tempos por autores e ritualistas
maçônicos, com maior ênfase a partir do século passado
• Nos slides seguintes, vamos visualizar algumas dessas correspondências, ou
associações entre a Árvore da Vida e os Templos Adonhiramitas
O ARQUÉTIPO DA ÁRVORE
• O arquétipo da árvore está ligado ao CONHECIMENTO, mas não a um conhecimento
qualquer, e sim àquele transmitido através das gerações, da experiência e de
ensinamentos ancestrais
• As raízes da árvore simbolizam exatamente essa ancestralidade do saber, ou, num
vocabulário mais místico, à SABEDORIA DAS IDADES, transmitidas através dos
séculos por incontáveis gerações
• Sob o ponto de vista místico e religioso, a origem dessa ancestralidade remonta ao
próprio CRIADOR
• E para alcançar esse CONHECIMENTO, ou SABEDORIA, devemos “comer” de seus
frutos
• Esse arquétipo na civilização ocidental foi originado também na tradição hebraica,
no Livro do Gênesis, ou Bereshit, referindo-se à Árvore do Conhecimento do Bem e
do Mal, cujo fruto, proibido por IAVEH, foi comido pelos pais da humanidade
• Muito provavelmente por conta desse simbolismo, a associação com uma árvore
tenha sido utilizada para representar o CONHECIMENTO na Cabala
• O estudo da Cabala é um instrumento auxiliar na busca do CONHECIMENTO e da
SABEDORIA
• À título de ilustração, ou curiosidade, havia aqui no Brasil, nas décadas de 1960/70,
uma editora chamada Abril Cultural, cujo logotipo exibia exatamente uma árvore.
Os mais antigos devem se lembrar que as publicações dessa editora eram um
auxiliar fabuloso na busca do conhecimento
TRÊS COLUNAS
• Apesar da tradição cabalística não ser exatamente trinitária, a Árvore da Vida está
orientada de acordo com três eixos, ou PILARES
• O PILAR DA SEVERIDADE, à esquerda
• O PILAR DO EQUILÍBRIO, ao centro, e
• O PILAR DA MISERICÓRDIA, à direita
• Doutrinariamente, nossos Templos também são sustentados por três eixos, ou
COLUNAS
• A COLUNA DA BELEZA ao Norte
• A COLUNA DA SABEDORIA, ao centro, e
• A COLUNA DA FORÇA, ao Sul
• Sem dúvida há uma correspondência de conceitos aqui, tenha isso ocorrido de forma
proposital ou não
• A COLUNA DA SABEDORIA em nossos Templos é “invisível”, localizada atrás da
cadeira do Venerável Mestre, e na Árvore da Vida há uma sefirote também oculta,
DAATH, que igualmente representa a plenitude, localizada no eixo central, o PILAR DO
EQUILÍBRIO
• Assim como é objetivo do maçom alcançar a SABEDORIA, o propósito do cabalista é
atingir DAATH
• Se seguirmos esse raciocínio, não será difícil imaginar a possibilidade dos ritualistas
maçônicos terem se inspirado nessa ordenação axial para distribuírem os assentos
dos diversos cargos em Loja
O PILAR DA SEVERIDADE

• O PILAR DA SEVERIDADE abrange três sefirotes, BINAH, GEBURAH e HOD, correspondendo


respectivamente aos números TRÊS, CINCO e OITO
• Está posicionado do lado esquerdo da Árvore da Vida, e corresponde aos princípios FEMININO e
NEGATIVO
• Comparando-se com a organização espacial de um Templo Adonhiramita, o PILAR DA
SEVERIDADE corresponde à COLUNA DO NORTE, ou da BELEZA, onde têm assento os Aprendizes
• O conceito de BELEZA é de princípio PASSIVO, FEMININO e NEGATIVO
• A exemplo das três sefirotes, também são três as Dignidades que ocupam essa região de nossos
Templos, o SECRETÁRIO, o CHANCELER e o 2° VIGILANTE no Rito Adonhiramita
• O que vemos aqui é uma coincidência de princípios e conceitos, talvez as duas doutrinas tenham
apenas entendimentos parecidos, ou até mesmo originados da mesma fonte, e “escritos” de forma
diferente
• Seja esta ordenação proposital ou não, acho que cabe a nós, minimamente uma reflexão sobre a
possibilidade de ter sido uma associação intencional
O PILAR DA MISERICÓRDIA

• Do lado direito da Árvore da Vida, em oposição ao PILAR DA SEVERIDADE, está localizado o PILAR DA
MISERICÓRDIA
• E igualmente opostos são os princípios e polaridades deste eixo, MASCULINO, POSITIVO e ATIVO
• Vemos novamente uma correspondência com a organização espacial de nossos Templos, no caso, com a
COLUNA DO SUL, onde estão os Companheiros
• Da mesma forma que ocorre com o PILAR DA SEVERIDADE, no PILAR DA MISERICÓRDIA temos três sefirotes,
CHOKMAH, CHESED e NETZACH, correspondendo, respectivamente aos números DOIS, QUATRO e SETE, e
que podem ser facilmente associadas às posições ocupadas pelo ORADOR, TESOUREIRO e 1° VIGILANTE, no
Rito Adonhiramita
• Essa simetria do TRÊS, vai gerar justamente o EQUILÍBRIO, que veremos no eixo seguinte da Árvore da Vida
• Está presente neste eixo a mesma coerência, ou semelhança, na associação da Árvore da Vida com a
organização espacial de nossos Templos
• Resta então, examinar se a mesma lógica pode ser aplicada no eixo central, o PILAR DO EQUILÍBRIO
O PILAR DO EQUILÍBRIO

• No eixo central da Árvore da Vida temos o PILAR DO EQUILÍBRIO


• É formado pelas sefirotes KETHER, DAATH (OCULTA), TIPHARETH, YESOD e MALKUTH,
correspondendo respectivamente aos números UM, ONZE, SEIS, NOVE e DEZ
• Na correspondência com os Templos Adonhiramitas, estaria projetada também em seu eixo
central, a COLUNA DA SABEDORIA, “invisível”, passando por cima do Pavimento Mosaico
• Temos apenas dois cargos associados a estas sefirotes, o VENERÁVEL MESTRE, e o COBRIDOR
INTERNO. As outras três sefirotes estão localizadas em correspondência sobre o Pavimento
Mosaico
• O nome deste eixo, por si só, já é bastante sugestivo, é o CAMINHO DO MEIO, DO EQUILÍBRIO
DA HARMONIA
• O PILAR DO EQUILÍBRIO é de polaridade e princípio NEUTRO
A ÁRVORE DA VIDA COMPLETA

• Este é o traçado completo da Árvore da Vida, composto por dez sefirotes mais
DAATH, a OCULTA, e seus 22 caminhos
• Chama a atenção o fato da leitura do hebraico ser da direita para a esquerda, o
que define a ordenação numérica das sefirotes
• Esta mesma ordenação pode ser notada na distribuição hierárquica dos cargos de
uma Loja Adonhiramita, ressaltando que no caso dos Vigilantes eles simbolizam
respectivamente o DOIS e o TRÊS
• Talvez essa imagem não reproduza com clareza a coincidência entre a distribuição
das sefirotes na Árvore da Vida e a posição das Dignidades da Loja
• Veremos isso com um pouco mais de detalhes no próximo slide
A LOJA ADONHIRAMITA

• Se reorganizarmos a Árvore da Vida nos termos do posicionamento das Dignidades


de uma Loja Adonhiramita, teremos como resultado algo parecido com essa imagem
• É evidente que em virtude das condições espaciais de cada Templo em particular,
esse arranjo sofrerá variações, mas em síntese, essa imagem com proporções um
pouco diferentes será obtida
• A semelhança entre a posição das mesas e altares e a ordenação da Árvore da Vida
é bem evidente, mesmo que se trate de simples coincidência
• Reparem que nesta imagem não estão demarcadas as sefirotes centrais
• No slide seguinte teremos a visualização completa
A FINALIZAÇÃO DO TRAÇADO

• Se inserirmos no diagrama da Árvore da Vida os cargos de uma Loja Adonhiramita,


obteremos uma imagem parecida com esta
• Reparem que no eixo central, o PILAR DO EQUILÍBRIO, entre KETHER e MALKUTH,
estão localizadas exatamente três sefirotes
• Por coincidência, TRÊS é o número de Graus do Simbolismo, e por consequência, do
número de Painéis que são exibidos em Loja
• Reparem também, que estas três sefirotes estão situadas sobre o Pavimento
Mosaico, justamente o local em que o Painel do Grau é exibido
• É possível, portanto, que os ritualistas tenham imaginado que os Painéis de cada
Grau representassem essas três sefirotes, e igualmente uma ascensão hierárquica
entre eles
• Mas para que tudo isso faça sentido, é necessário que exista não somente a
semelhança geométrica entre o traçado da Árvore da Vida e a posição das
Dignidades, mas que haja também correspondência entre o simbolismo de cada uma
dessas sefirotes, com os cargos da Loja, e os Painéis de cada Grau
• Vamos fazer esse exercício a seguir, iniciando pelo simbolismo das sefirotes
AS SEFIROTES
• A expressão sefirote, em tradução livre, significa “números” ou contagem”, e parece
que originalmente se referia à correspondência dos caracteres hebraicos com os
números, e a noção de quantidade
• No Sepher Zohar, assume um sentido metafísico e místico, tornando-se “esferas de
energia”, ou, desdobramentos da Essência Divina, identificados como atributos, ou
virtudes
• Como a tradição da Cabala supõe que nós, seres humanos, somos uma parte
infinitesimal do Criador, essas virtudes ou atributos estão latentes em cada um de nós,
e podem ser despertadas através do estudo e da prática dedicada. Por essa razão, o
diagrama da Árvore da Vida é associado ao corpo humano, ao microcosmo
• É um conceito gnóstico, que propõe o aperfeiçoamento espiritual a partir de um
processo intelectual e cognitivo
• Esse é um conceito bastante semelhante ao “olhar interior” e ao “desbastar da Pedra
Bruta” da Doutrina Maçônica
• Assim, segundo a doutrina, cada uma das emanações ou sefirotes possui uma
característica particular, representando algo a ser perseguido pelo homem na sua
busca pela PERFEIÇÃO
• Para que possamos formar juízo de valor, acerca da possibilidade dos ritualistas
maçônicos terem se inspirado na Árvore da Vida, para definir a posição geográfica das
Dignidades de uma Loja, faz- se necessário examinar cada uma delas, e compara-las
com os atributos de cada um desses cargos
KETHER
• KETHER, a COROA, é a primeira das sefirotes, e corresponde ao número UM. Está localizada no
topo do PILAR DO EQUILÍBRIO. Podemos vê-la também associada ao TAU, o mesmo que está no
avental do Venerável Mestre
• De plano, vemos alguns aspectos que tornam possível sua associação com o cargo de
VENERÁVEL MESTRE, que é a posição correspondente na composição geográfica de uma Loja
Adonhiramita
• KETHER representa exatamente o PRINCÍPIO, a ORIGEM DE TODAS AS COISAS, a CAUSA
PRIMORDIAL, a ESSÊNCIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO
• É em KETHER que todas as demais sefirotes têm origem
• Não possui polaridade, pois tudo está contido nela
• KETHER representa a compreensão, se é que isso é possível, da ENERGIA PURA que deu origem
ao Universo
• Para identifica-la com o Venerável Mestre, é necessário antes que enxerguemos o cargo como
uma instituição, um símbolo, e não como o Mestre Maçom que o ocupa. Aliás, este mesmo
princípio deve ser estendido aos demais cargos
• Neste raciocínio, se analisarmos nosso ritual, veremos que o Venerável Mestre simboliza
exatamente a LUZ DO CONHECIMENTO, que nasce no Oriente e é expandida pelo restante do
Templo. “(...) para ajudar os obreiros com seus conselhos e ilumina-los com suas luzes”
• Se considerarmos que nossa jornada na senda maçônica se inicia em MALKUTH, a última das
sefirotes, correspondendo a porta de entrada do Templo, e que o cargo de Venerável Mestre é o
ápice da hierarquia da Loja, veremos que há coerência em nos dirigirmos a essa emanação, das
raízes para a copa da árvore
• Há outra associação possível neste raciocínio, pois a raiz é a parte da árvore que recebe menos
luz, e sua copa a que absorve maior iluminação
• Me parece que tanto no que diz respeito à ordenação hierárquica dos cargos em Loja, quanto ao
simbolismo do Venerável Mestre, que a associação com KETHER seja possível
CHOKMAH

• CHOKMAH está localizada no topo do PILAR DA MISERICÓRDIA. Corresponde ao número


DOIS
• Representa os princípios ATIVO e MASCULINO, e a polaridade POSITIVA, simbolizando o PAI e
a paternidade
• É chamada de INTELIGÊNCIA ILUMINADORA, COROA DA CRIAÇÃO, e SEGUNDA GLÓRIA
• É o primeiro desdobramento de KETHER
• É a primeira reta traçada desde o ponto de origem
• Representa a virtude da DEVOÇÃO, e simboliza a SABEDORIA
• Na correspondência com a Loja Adonhiramita, CHOKMAH estaria situada na posição ocupada
pelo ORADOR
• Se considerarmos que o Orador, no Rito Adonhiramita, possui a atribuição de Guarda da Lei,
entendendo-se pela expressão lei tanto a ordenação jurídica, legal e normativa, quanto a
litúrgica e ritualística, veremos que INTELIGÊNCIA e SABEDORIA são requisitos desejáveis
para o Mestre que ocupa esta função, além do que, deve ser totalmente devotado à Doutrina
• A atribuição do Orador numa Loja Adonhiramita pode ser considerada patriarcal em algum
sentido. Cabe a ele orientar a Oficina quanto ao rigor da observação da Doutrina
• Neste raciocínio, parece haver coerência na associação do Orador com CHOKMAH
BINAH

• BINAH está localizada no topo do PILAR DA SEVERIDADE, e corresponde ao número


TRÊS
• Na correspondência com a Loja Adonhiramita está situada na posição do SECRETÁRIO
• É a terceira emanação de KETHER, possui princípios FEMININO e PASSIVO, e polaridade
NEGATIVA
• Simboliza a MÃE, a maternidade
• Juntamente com CHOKMAH forma a dualidade do Universo, e todas as demais sefirotes
abaixo destas duas provém da união dessa dualidade
• BINAH, CHOKMAH e KETHER formam o TRIÂNGULO SUPREMO, e se referem ao PLANO
ESPIRITUAL, mesmo simbolismo do Oriente nos Templos Adonhiramitas, onde atuam o
Venerável Mestre, o Orador e o Secretário
• Tem como virtude o SILÊNCIO, e simboliza a COMPREENSÃO e o ENTENDIMENTO
• Não há dúvida de que compreensão e entendimento sejam atributos desejáveis para o
Mestre que ocupa o cargo de Secretário, que tem a missão de gravar os Balaústres de
modo mais fidedigno possível
• Portanto, pelo menos até aqui, vemos que existe coerência na associação dos cargos com
o diagrama da Árvore da Vida, resta-nos examinar se isso também ocorre no Ocidente
CHESED

• CHESED é a quarta sefirote, correspondente ao número QUATRO, e está localizada no


trecho central do PILAR DA MISERICÓRDIA, na posição correspondente ao cargo de
TESOUREIRO numa Loja Adonhiramita
• É chamada também de INTELIGÊNCIA COESIVA ou RECEPTIVA, pois contém, tal como
uma arca de tesouro, ou cofre, todos os Poderes Sagrados em si
• Seus princípios são MASCULINO e ATIVO, e sua polaridade POSITIVA
• Representa a MISERICÓRDIA, e tem como virtude a OBEDIÊNCIA
• A associação desta sefirote com o cargo de Tesoureiro certamente não é tão clara ou óbvia
como as anteriores, mas se considerarmos que o Tesoureiro é o guardião do tesouro da
Oficina, e inclusive, que ele movimenta recursos, à pedido do Hospitaleiro, para a
Caridade, usando de Misericórdia no socorro aos necessitados, veremos que esta
associação não é de todo desprovida de propósito
• Essa associação do Tesoureiro com o Hospitaleiro, e de ambos com CHESED, será
abordada um pouco mais à frente, e talvez se torne mais evidente ou aceitável
GEBURAH

• GEBURAH é a quinta sefirote, associada ao número CINCO, e localizada no trecho central do


PILAR DA SEVERIDADE, correspondendo numa Loja Adonhiramita ao cargo de CHANCELER
• Tem como virtude a CORAGEM, e simboliza o RIGOR
• É também chamada de INTELIGÊNCIA RADICAL, associando-a à DISCIPLINA
• Segundo a doutrina, GEBURAH atua em conjunto com BINAH, o que de certa forma a aproxima
da atuação do Chanceler e do Secretário, cujas funções, por vezes são confundidas
• Possui princípios FEMININO e PASSIVO, e polaridade NEGATIVA
• É considerada oponente de tudo o que é temporal e passageiro, e aliada do que tende a se tornar
eterno por conta de seu valor
• Novamente não vemos uma associação clara, no que concerne às funções desempenhadas pelo
Chanceler, mas há uma certa coerência quando entendemos a necessidade de rigor e disciplina
para os registros de presença, frequência e visitantes
• Nos tempos atuais, a prática de chancelar os documentos oficiais da Loja caiu em desuso, mas
houve época em que era exatamente isso que dava autenticidade às correspondências da
Oficina, o que relaciona o Chanceler com a verdade e o rigor
• A disciplina também está presente na atuação do Chanceler, mas será mais evidente em outro
cargo associado indiretamente a esta sefirote, que é o Mestre de Cerimônias
• Há outro cargo ainda associado indiretamente à GEBURAH, que é o Bibliotecário. Trataremos de
ambos mais à frente
NETZACH

• NETZACH é a sétima sefirote, correspondendo ao número SETE, localizada na base do


PILAR DA MISERICÓRDIA
• Na correspondência com a Loja Adonhiramita, está associada ao cargo de PRIMEIRO
VIGILANTE
• Possui princípios MASCULINO e ATIVO, e polaridade POSITIVA
• Tem como virtude o DESPRENDIMENTO, e simboliza a VITÓRIA e a FIRMEZA
• É chamada também de INTELIGÊNCIA OCULTA
• É em NETZACH que se produz a percepção das diferenças entre os Planos da Existência e
suas manifestações
• NETZACH atua conjuntamente com a sefirote oposta HOD, e ambas se incumbem de
“estabilizar” as formas. Em NETZACH está concentrada a energia que manterá coesa as
formas definidas em HOD. Em linguagem maçônica, a FORÇA, da Coluna do Sul, sustenta a
BELEZA criada na Coluna do Norte
• Parece fazer sentido, principalmente se levarmos em conta que o Primeiro Vigilante é o
responsável pela formação dos Companheiros, e que o Grau 2 retrata exatamente o início
do entendimento do que é espiritual e do que é material pelo maçom
HOD

• HOD é a oitava sefirote, correspondendo ao número OITO, localizada na base do PILAR


DA SEVERIDADE, em posição simétrica à NETZACH
• Na correspondência com a Loja Adonhiramita, está associada ao cargo de SEGUNDO
VIGILANTE
• Possui princípios FEMININO e PASSIVO, e polaridade NEGATIVA
• Tem como virtude a VERACIDADE, e simboliza a GLÓRIA
• É chamada também de INTELIGÊNCIA ABSOLUTA ou PERFEITA
• É em HOD que a Força Primitiva, ou mente instintiva e rudimentar é abrandada. Parece
razoável quando imaginamos que é na Coluna do Norte, equivalente ao PILAR DA
SEVERIDADE na Árvore da Vida, que iniciamos a jornada para conter nosso ímpeto
inferior, combatendo vícios, paixões, superstições, e principalmente nosso ego
• A GLÓRIA a que se refere HOD é a magnificência do Grande Arquiteto do Universo, que
começamos a tentar compreender enquanto Aprendizes
MALKUTH
• MALKUTH, o REINO, é a décima e última sefirote, correspondendo ao número DEZ, e
localizada na base do PILAR DO EQUILÍBRIO
• Na associação com a Loja Adonhiramita relaciona-se ao cargo de COBRIDOR INTERNO,
último cargo correspondente no diagrama da Árvore da Vida
• Possui princípios e polaridade NEUTRA
• Tem como virtude a DISCRIMINAÇÃO, e simboliza o PORTAL
• Talvez a menção da discriminação ser uma virtude possa soar incorreto, mas devemos
entender discriminação em MALKUTH como o DISCERNIMENTO que nos torna capazes de
identificar o certo e o errado, ou, já que estamos falando de um portal, permitir ou negar o
acesso, exatamente como o Cobridor Interno faz em nossos Templos
• Malkuth está relacionada à MATÉRIA, à manifestação mais densa do Universo, mas conjuga
as Energias Cósmicas com as Telúricas. Talvez seja por isso que o Cobridor Interno mantem
sua espada apoiada no solo
• Mas os Planos da Existência são muitos, e de acordo com a doutrina interligados numa
espécie de espiral, semelhante à cadeia de DNA. Assim, MALKUTH é KETHER do Plano
imediatamente inferior, e KETHER é MALKUTH do Plano imediatamente acima. Esta seria uma
das razões da prática do ex-Venerável Mestre assumir a função de Cobridor Interno na
administração seguinte à sua
• A Árvore da Vida é um Decálogo, e as idas e vindas pelos seus 22 caminhos a aproximam do
conceito pitagórico da Década, do retorno à Origem, 10 = 1+0 = 1, ou seja, a manifestação
física, visível e perceptível do Universo retornando à sua Origem ou Causa Primordial
• Porém, MALKUTH não encerra nossa análise sobre a associação da Árvore da Vida com a
Loja Adonhiramita, restam mais três sefirotes
YESOD E TIPHARETH

• YESOD e TIPHARET estão localizas no PILAR DO EQUILÍBRIO


• Correspondem, respectivamente aos números SEIS e NOVE
• Na associação com a Loja Adonhiramita, não correspondem a nenhum cargo, mas à área
de projeção do Pavimento Mosaico, exatamente na região onde são exibidos os Painéis de
cada Grau
• YESOD simboliza o FUNDAMENTO, a BASE, portanto, estaria relacionada ao PAINEL DO
GRAU DE APRENDIZ, base de toda hierarquia maçônica, por onde todos nós começamos,
e onde somos apresentados a todos os fundamentos da Doutrina
• TIPHARET simboliza a BELEZA, o que não deve ser confundido com a denominação da
Coluna do Norte. A BELEZA aqui referida é justamente a capacidade adquirida pela
consciência humana de se perceber como parte da Grande Obra, emanada do Grande
Arquiteto do Universo. Essa percepção, ou distinção do Sagrado, Divino e Espiritual, com
o Material, Mental e Humano, doutrinariamente só obtemos quando atingimos o Grau de
Companheiro Maçom. Talvez pudéssemos melhor traduzir essa expressão como
VISLUMBRE
• TIPHARET tem como um de seus símbolos o CUBO, formato da Pedra Cúbica,
perfeitamente esquadrejada, que fica aos pés do Altar do Primeiro Vigilante
• TIPHARET estaria dessa maneira associada ao PAINEL DE COMPANHEIRO MAÇOM
• Ainda nos resta uma sefirote
DAATH

• DAATH, a décima primeira sefirote, correspondente ao número ONZE, é uma sefirote


especial, OCULTA e INVISÍVEL
• Alguns tratados a localizam no PILAR DO EQUILÍBRIO, e outros afirmam que ela
simplesmente não tem localização, está em lugar nenhum, e em todos ao mesmo tempo.
Até porque, se não é visível a nossos olhos, não podemos indicar em que local ela está
• DAATH simboliza o CONHECIMENTO, não um conhecimento qualquer, mas o
CONHECIMENTO PLENO, a PERFEIÇÃO, a correta compreensão do Universo, comparável
à Iluminação, ou, à Maestria
• DAATH, na verdade, é o objetivo de nosso trânsito em busca do aperfeiçoamento, ao
percorrer os 22 caminhos e as dez sefirotes. É DAATH que tentamos alcançar ao final de
nossa jornada
• Isso a aproxima, e muito, do conceito da COLUNA DA SABEDORIA, igualmente oculta e
invisível em nossos Templos, e que todos pretendemos alcançar
• Neste raciocínio, DAATH está relacionada ao PAINEL DO GRAU DE MESTRE MAÇOM
• Com a análise desta sefirote, o traçado do diagrama da Árvore da Vida e sua associação
com a Loja Adonhiramita está encerrado
E OS DEMAIS CARGOS?
• Esta é uma pergunta das mais legítimas, se os cargos em Loja foram baseados, quanto à sua
orientação, por que nem todos estão relacionados a alguma sefirote?
• Creio que cabem algumas respostas, ou, pelo menos, a mesma resposta desdobrada em mais de
uma justificativa
• A primeira delas, é que muitos dos cargos que conhecemos atualmente foram inseridos ao longo
dos tempos. Como não podemos precisar em que momento a Árvore da Vida foi inserida na
paginação dos cargos em Loja, podemos supor que os ritualistas apenas os acomodaram de
acordo com a função que desempenham nas sessões. Essa hipótese será verificada a seguir
• Outra hipótese, mais objetiva, é que os ritualistas tenham se preocupado apenas em definir a
posição das Dignidades da Loja, os eleitos, justamente porque possuem a condição especial de
terem sido escolhidos, e um Oficial também diferenciado, que é o Cobridor Interno, pela sua
atuação como guardião
• A última justificativa, e que igualmente deve ser considerada, é que a posição dos cargos em Loja
não possui nenhuma relação com a Árvore da Vida, e que o resultado que observamos, assim
como a semelhança com a tradição cabalística seja simples coincidência
• Para que possamos formular nosso juízo de valor, cabe registrar que na obra de referência do
Rito Adonhiramita, a Compilação Preciosa, são mencionados apenas cinco cargos, o Venerável
Mestre, os dois Vigilantes, o Experto e o Cobridor, sendo que o último atuava fora do Templo
• No primeiro ritual Adonhiramita publicado no Brasil, em 1836, pelo GOB, o número de cargos
sobe para nove, sendo acrescentados aos mencionados anteriormente o Orador, o Secretário, o
Tesoureiro, o Mestre de Cerimônias e o Experto, que atuava como Cobridor Interno. Fora do
templo ficava o Cobridor ou Experto de Fora. Eis aí, oito Mestres que poderiam estar localizados
no interior do Templo segundo o traçado da Árvore da Vida
• Mas vamos examinar cada um dos demais Oficiais atuais
PORTA-BANDEIRA E PORTA-ESTANDARTE
• O cargo de Porta-Bandeira não foi inserido nos rituais por questões ritualísticas, mas sim por
necessidade de adaptação à legislação civil brasileira, nos idos de 1920
• Ainda assim, a menção ao cargo de Porta-Bandeira só surgiu no ritual de 1963, publicado pelo
GOB, e em posicionamento diferente do atual, sendo seu lugar, na época, atrás da mesa do
Secretário. No ritual de 1969 passa para a frente do Secretário, e a posição que conhecemos
hoje foi estabelecida apenas no ritual de 2003
• O surgimento do Porta-Estandarte no Rito Adonhiramita também se deu no ritual de 1963,
publicado pelo GOB
• Sua posição, na época, também era diferente da atual, sendo seu assento localizado atrás do
Altar do Primeiro Vigilante, em posição simétrica à ocupada pelo Cobridor Interno no mesmo
período. Com o passar do tempo, para dar maior visibilidade ao Estandarte da Loja, o cargo foi
transportado para o Oriente no ritual de 1977, assumindo a posição que conhecemos hoje
também no ritual de 2003
• Tudo leva a crer que o cargo de Porta-Estandarte tenha sido inserido nesse posicionamento no
ritual por questão de simetria com relação à ocupação do Templo, e da mesma forma que
ocorre com o cargo de Porta-Bandeira, a inexistência de sentido filosófico na função não
sugere ou requer qualquer associação com a Árvore da Vida
HOSPITALEIRO E MESTRE DE BANQUETES

• Os demais Oficiais, pelo menos na atualidade, tem atuação acessória ao Venerável Mestre
e às Dignidades
• O Hospitaleiro, resumidamente falando, é um coletor de óbolos e distribuidor de socorro.
Está relacionado à CARIDADE, e como lida com metais, que são guardados pelo
Tesoureiro, me parece que a escolha dos ritualistas de coloca-lo ao seu lado tenha sido
acertada, e nesse sentido, foi inserido no PILAR DA MISERICÓRDIA na associação com a
Árvore da Vida, e indiretamente relacionado com CHESED
• Com relação ao Mestre de Banquetes, sua posição no Templo sequer é diferenciada,
ocupando um lugar na mesma bancada onde têm assento os Mestres sem cargo na
Coluna do Sul
• Talvez a lógica de sua ocupação próxima ao Tesoureiro seja por conta da necessidade de
dispender parte dos recursos da Oficina para a realização dos ágapes, o que me parece
razoável, porém, não enxergo qualquer motivo de ordem filosófica que requeira sua
associação com a Árvore da Vida. Certamente não foi essa a motivação de seu
posicionamento
SEGUNDO EXPERTO E MESTRE DE HARMONIA

• O Segundo Experto é auxiliar direto do Primeiro Vigilante, por isso tem


assento próximo ao seu Altar. Esse posicionamento foi escolhido
exatamente por conta disso, por se tratar de uma espécie de
desdobramento da segunda das Luzes da Loja
• Assim sendo, indiretamente está associado à NETZACH
• Já o Mestre de Harmonia, desempenha uma função totalmente à parte
durante as sessões, imbuído de enorme responsabilidade com relação à
Harmonia e Equilíbrio das reuniões, porém, ocupando uma posição bastante
discreta, pois o que deve sobressair de sua atuação é exatamente a música
• O cargo surge mencionado pela primeira vez no ritual de 1969 publicado
pelo GOB, e seu posicionamento era atrás do Segundo Vigilante
• Sua localização atualmente é próxima ao Altar do Primeiro Vigilante, e não
parece possuir nenhum sentido místico ou esotérico. Provavelmente foi
objeto de uma escolha sem maiores pretensões, lembrando que no
passado, antes dos recursos tecnológicos que dispomos atualmente, a
música era executada ao vivo, por um conjunto de maçons, o que
certamente demandava um espaço considerável para a acomodação dos
instrumentos e respectivas execuções
• Não enxergo qualquer motivação para associar o cargo a uma das sefirotes
MESTRE DE CERIMÔNIAS E BIBLIOTECÁRIO
• O Mestre de Cerimônias me parece um caso especial
• Se consideramos que em 1836 ele era um dos cargos obrigatórios nas sessões, e
que não havia Chanceler, é bem provável que nesta ocasião ele ocupasse o lugar
deste no Templo
• Se analisarmos essa possibilidade, veremos que o rigor e a disciplina de
GEBURAH se encaixam com maior perfeição nas funções desempenhadas pelo
Mestre de Cerimônias. Talvez fosse essa a ideia original dos ritualistas
• De toda forma, sua associação com GEBURAH me parece correta, ainda que
atualmente ocorra de forma indireta
• Há ainda um aspecto interessante na atuação do Mestre de Cerimônias, pois no
desempenho de suas funções ele percorre simbolicamente, em todas as sessões,
os 22 caminhos da Árvore da Vida
• Quanto ao Bibliotecário, creio que as mesmas observações feitas ao Mestre de
Banquete sejam aplicáveis
• Sua posição no Templo me parece apenas uma questão de simetria, já que não
enxergo uma relação direta com o Chanceler
• Seu lugar em Loja também não possui nenhum destaque, ocupa um assento na
mesma bancada que os Mestres sem cargo na Coluna do Norte
• Dessa forma, não vislumbro a possibilidade de associação do cargo com nenhuma
das sefirotes, afinal, o Bibliotecário guarda livros, e a Árvore da Vida não deixa de
ser um fantástico livro
O ARQUITETO
• O Arquiteto é outro cargo recente no Rito Adonhiramita, sendo mencionado pela primeira vez na
edição de 1963 do ritual do Grau de Aprendiz publicado pelo GOB
• Seu assento é próximo ao Altar do Segundo Vigilante, sendo ele o Mestre responsável por
montar e desmontar a decoração do Templo
• No seu caso em particular, parece haver alguma correspondência com HOD
• Este é o último cargo a ser analisado na formação de uma Loja Adonhiramita na atualidade, e
não apenas esse, mas parece que todos os demais Oficiais acessórios foram propositalmente
excluídos da associação com a Árvore da Vida, evidentemente, se os ritualistas fizeram essa
inserção de modo proposital
• Da mesma forma parece uma decisão lógica, já que a quantidade de sefirotes é menor que o
número de cargos, e a ordenação em Loja, por questão hierárquica, deve favorecer a distinção
daqueles que foram eleitos, escolhidos para desempenhar as funções administrativas e
litúrgicas da Oficina
• Outro ponto, no meu entendimento relevante, para reforçar essa hipótese, é que em 1836 o ritual
determinava que NOVE era o número de cargos necessário para se compor uma Loja Simbólica
Adonhiramita, e que esse número jamais deveria ser modificado. Se considerarmos a hipótese
intencional dos ritualistas em montar a posição dos cargos de acordo com a Árvore da Vida,
veremos que nessa hipótese os diagramas apresentados aqui procedem, já que desses nove
Mestres, um atuava do lado de fora do Templo
• Além disso, SETE é o número de Mestres necessário para abrir a Loja, e ainda que os cargos
obrigatórios não correspondam a todas as Dignidades, é uma quantidade que “cabe” na
organização da Árvore da Vida
OS 22 CAMINHOS
• Como vimos, a Árvore da Vida é composta por dez sefirotes, ou onze, se
considerarmos DAATH, a OCULTA, ou invisível, que são interligadas por 22 caminhos
diferentes
• Esses caminhos representam a trajetória que o homem deve percorrer no campo das
virtudes, na busca pelo seu aperfeiçoamento pessoal, e evolução espiritual
• Mas isso não deve ser interpretado como um trajeto obrigatório, a ser percorrido
fisicamente em nossos Templos para que alcancemos esse objetivo
• Na associação com a Doutrina Maçônica, nós vimos as sefirotes relacionadas aos
cargos das Dignidades da Loja e ao Cobridor Interno. Creio que este tenha sido o
objetivo dos ritualistas, evidentemente na hipótese de tratar-se de algo intencional
• As atribuições das Dignidades reúnem todos os ensinamentos necessários para que
um maçom se torne um Mestre perfeito, ou pelo menos bem formado. O desempenho
dessas funções, evidentemente acompanhado do necessário empenho e dedicação,
irá tornar o Mestre conhecedor da legislação, da Doutrina, da ritualística, da liturgia,
dos processos administrativos, e principalmente, do relacionamento interpessoal
• Ou seja, na busca pelo seu aperfeiçoamento, o desempenho de funções em Loja é
fundamental para que o maçom tenha êxito na sua jornada, e nesse sentido, tanto o
desempenho dos cargos, quanto a doutrina da Cabala, são ferramentas que podem
auxiliar o maçom em sua jornada de aperfeiçoamento
A INSERÇÃO NOS RITUAIS
• Primeiramente temos que entender que a Árvore da Vida, e a doutrina da Cabala, não constam de
nossos rituais
• O que temos é uma possibilidade, com base na distribuição geográfica das Dignidades e do
Cobridor em nossos Templos, pela semelhança com o diagrama da Árvore da Vida. Trata-se,
portanto, de uma especulação, ou suposição, que como vimos, possui alguma coerência
• Como sabemos, os primeiros espaços de reuniões maçônicas não eram exatamente Templos, e
apesar do conteúdo doutrinário, da associação com os cânones do Templo de Salomão, e da
Proporção Áurea, foram na realidade inspirados no Parlamento Britânico. Eram tribunas
• A formatação como Templo, parece ter ocorrido apenas a partir do século XIX, adequando-se às
características de cada Rito, e esse processo só foi completado no século XX
• Não sabemos, se em 1836, as Dignidades das Lojas Adonhiramitas ocupavam o mesmo lugar no
Templo que conhecemos hoje, e tampouco se havia correspondência com o desenho da Árvore
da Vida, mas como vimos, pelo número de cargos existentes à época, essa possibilidade existe
• O primeiro desenho de um Templo publicado num ritual Adonhiramita ocorreu em 1963,
exatamente no período em que o Rito iniciou o processo de reforma ritualística que se
consolidou em 1969
• No caso da associação com a Árvore da Vida, creio que haja uma evidência bastante robusta
indicando que isso ocorreu somente a partir de 2003. Trata-se da movimentação do Cobridor
Interno de trás do Segundo Vigilante, para o meio da porta do Templo, como conhecemos hoje
• Foi somente a partir daí que o traçado da Árvore da Vida passou a ser fielmente reproduzido na
posição das Dignidades da Loja
• Se considerarmos a distribuição dos cargos em Loja como uma evidência desta associação,
podemos afirmar que isso ocorreu com a publicação do ritual do Grau de Aprendiz Maçom, pelo
GOB em 2003, ou seja, é bem recente
QUAL CORRENTE DA CABALA FOI UTILIZADA?
• Se considerarmos que a associação com a Árvore da Vida nas Lojas Adonhiramitas foi intenção
dos ritualistas, saber que corrente da Cabala os norteou torna-se um questão legítima,
notadamente porque existem correntes e entendimentos diferentes
• Não posso afirmar com certeza, mas diria que nenhuma delas em particular, se ocorreu essa
associação proposital foi fruto de conhecimento geral, e não específico
• Creio que nenhum dos reformadores do Rito Adonhiramita era cabalista, e também presumo que
o conhecimento que eles tinham dessa doutrina não era diferente do que o que qualquer um de
nós possui
• Nem Saint-Victor, nem Tschoudy eram cabalistas, e da mesma forma, pelo que sei, o grupo
liderado por Josué Mendes e Aylton de Menezes na década de 1960 também não era
• Na verdade temos muitas hipóteses, e pouca comprovação documental acerca dessa presumível
associação, embora a semelhança dos traçados seja evidente
• Parece também que essa semelhança dos cargos em Loja com o diagrama da Árvore da Vida
não foi uma “descoberta” do Rito Adonhiramita, haja vista a quantidade de artigos e livros que
aludem essa matéria, de autores praticantes do REAA
• Como vimos, o traçado que reproduz a Árvore da Vida com maior fidelidade só foi obtido em
nosso Rito em 2003
• Tudo leva a crer que alguém apenas “enxergou” que a movimentação do Cobridor Interno para o
centro da porta do Templo deixaria o traçado mais próximo, e simplesmente “ajeitou”
• Mas talvez isso seja apenas uma coincidência. Particularmente entendo que a posição atual do
Cobridor Interno seja correta, embora por razões doutrinárias, e não exatamente pela ordenação
da Árvore da Vida
OS MESTRES SÃO INFLUENCIADOS PELAS SEFIROTES?
• Se assumirmos que a associação dos cargos em Loja com a Árvore da Vida foi algo proposital,
se torna lógico perguntarmos se essas “esferas de energia” exercem alguma influência sobre os
Mestres que ocupam os cargos relacionados
• Eu diria que não
• Nossas Lojas, como o próprio título sugere, são simbólicas, ou seja, tudo o que vemos e temos
na decoração e organização dos Templos é alegórico
• A Árvore da Vida não é um amuleto, nem possui, por si só, poderes mágicos ou metafísicos
• A Cabala é um instrumento de aperfeiçoamento do homem, que através de seu estudo dedicado
pode alcançar níveis de entendimento diferenciados sobre o Universo. Vai depender de nosso
aprofundamento e identificação com a doutrina
• E nesse sentido, torna-se uma ferramenta tão útil para nós tanto quanto o estudo dos filósofos
gregos, da mitologia clássica, das tradições védicas, do racionalismo, ou de qualquer outra
corrente do pensamento humano o é
• Julgo que na hipótese dos ritualistas terem inserido essa associação de modo proposital no
arranjo espacial dos cargos em Loja, seu objetivo era o de indicar aos Mestres a existência de
um instrumento que poderia facilitar seu desenvolvimento
• Neste sentido, penso haver uma lógica com relação aos princípios doutrinários da Maçonaria, e
sua associação com a Cabala, que é mais próxima de nossos fundamentos, por ser uma tradição
judaica, que com o Bhagavad Gita, por exemplo
• Além do mais, a Cabala é uma doutrina filosófica, e como tal, pretende influenciar nosso
pensamento e ações, assim como a prática das virtudes preconizada em nossos rituais
CONCLUSÃO
• A Cabala não consta explicitamente de nossos rituais, mas sua influência sobre
determinados Ritos maçônicos é inquestionável, haja vista a quantidade de obras
dedicadas ao tema
• No Rito Adonhiramita, pelas características místicas, me parece algo inevitável
• Não podemos afirmar com certeza se a semelhança existente entre o traçado da Árvore
da Vida e a disposição dos cargos numa Loja Adonhiramita tenha sido algo intencional
• Mas se levarmos em conta que o processo de Abertura da Loja no Rito Adonhiramita
pretende dramatizar a criação do Universo, de acordo com a narrativa do Livro do
Gênesis, ou Bereshit, eu diria que se não é proposital é desejável, ou pelo menos
justificável, pois a Cabala se propõe exatamente a aprofundar o entendimento das
alegorias da Torá
• Mesmo que não concordemos com a associação da Árvore da Vida e a distribuição dos
cargos em Loja, a semelhança existe, e é bastante clara
• A Árvore da Vida nos mostra 22 caminhos diferentes a serem percorridos para nosso
aperfeiçoamento, que não são obrigatórios, mas estão lá para nos auxiliar em nossa
jornada evolutiva, temos o livre arbítrio para escolher trilhar ou não
• Essa própria alegoria de caminhos diferentes é bastante significativa, pois muitos são
os caminhos que nos levam à evolução, e nem todos nós temos vocação para fazer o
mesmo trajeto que nosso Irmão
• Aceitar ou negar essa associação entre as doutrinas é uma opção de cada um de nós,
mas independentemente de nossa opinião subjetiva, a Cabala, incontestavelmente, tem
algo a ensinar a cada um de nós, no meu entendimento existe validade em estuda-la
O Grupo Adonhiramita de Estudos foi idealizado por maçons
praticantes do Rito. Agrega Irmãos de todos os Ritos, em todos
seus Graus e Qualidades, membros de Potências Simbólicas
Regulares, unidos pelo propósito de fomentar a pesquisa, a troca
de conhecimento, e o debate sobre nossa Doutrina, história,
ritualística e liturgia, nas plataformas WhatsApp e Telegram.
Os temas tratados se referem exclusivamente ao Grau de
Aprendiz Maçom.

Todos são bem-vindos! Caso haja interesse em participar, basta


solicitar a inclusão no chat.

Agradecemos a todos pela participação, e contamos com sua presença


em nossas próximas palestras.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos guie e ilumine!

GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS BOA NOITE!


DIFUNDINDO A DOUTRINA ADONHIRAMITA

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