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apresenta
A CABALA NO TEMPLO
ADONHIRAMITA
Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• A apresentação foi baseada no Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil –
GOB, edição 2009
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil nem de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências
AVISO LEGAL
O ingresso na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com a íntegra do que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO
• A Cabala não faz parte da Doutrina Maçônica, pelo menos originalmente
• E não poderia sê-lo, pois trata-se de uma doutrina religiosa, relacionada à tradição
judaica
• Sua correta compreensão requer o domínio do idioma hebraico
• O fato de tratar-se de uma doutrina religiosa gera certa polêmica em nosso meio, com
relação à sua associação com a Maçonaria
• Porém, a partir da adoção do Templo de Jerusalém, erguido por Salomão, como
principal fundamento mítico de nossa Ordem, a associação da Maçonaria com esta
tradição se tornou praticamente inevitável
• Com a proliferação de Ritos, notadamente a partir da França, não apenas a
associação da Doutrina com a Cabala, mas igualmente com o traçado dos Templos
maçônicos, se tornou evidente em muitos Ritos
• O número de livros, artigos, e trabalhos associando a Cabala à Maçonaria dão a exata
noção da influência dessa tradição em nossa Ordem, seja pelos maçons
individualmente, ou por alguns Ritos em si
• No meu entendimento, há muitas evidências disso no Rito Adonhiramita
• Por se tratar de uma tradição das mais complexas, um exame mais detalhado dos
princípios cabalísticos não seria possível, notadamente no Grau de Aprendiz
• Dado à complexidade da doutrina, não abordarei a tradição cabalística em si,
concentrando a exposição na associação da Árvore da Vida ao lugar geográfico dos
cargos num Templo Adonhiramita
• Portanto, minha intenção nesta apresentação, é descrever sucintamente o conceito de
Cabala, examinar as hipóteses que podem ter levado os ritualistas a inseri-la na
doutrina, e demonstrar as evidências de sua relação com a formatação física dos
atuais Templos Adonhiramitas, ficando o juízo de mérito a cargo da cada um
ESCOPO
• Introdução
• O Que é a Cabala?
• A Árvore da Vida
• O Arquétipo da Árvore
• As Semelhanças
• A Loja Adonhiramita
• As Sefirotes
• A Associação com s Cargos da Loja
• A Cabala nos Rituais
• A Corrente Cabalística da Maçonaria
• A Possibilidade de Influência Metafísica
• Conclusão
O QUE É CABALA?
• A Cabala é uma tradição hebraica, que resumidamente falando, traduz em conceitos mais
filosóficos os princípios alegóricos da Torá. Em hebraico significa “recebimento”, que
sugere ser um conhecimento recebido de D’us
• Numa síntese bastante simplista, podemos assumir que a Cabala é a tradição mística
judaica, um estudo mais aprofundado da doutrina da Torá, provavelmente voltado para a
formação dos rabinos, e que se popularizou com o tempo
• Basicamente, a Cabala pretende esclarecer filosoficamente pontos nebulosos da narrativa
da Torá sobre a criação do Universo e sua ordenação, ou seja, vai além das alegorias
voltadas para a doutrinação das pessoas comuns
• Baseia-se na associação dos caracteres hebraicos com os espíritos, ou emanações de
D’us, incluindo a associação com números, virtudes, formas geométricas, e um sem
número de derivações de interpretações místicas
• As origens dessa tradição são ancestrais. Alguns autores defendem que a Cabala foi dada
a Adão, outros a atribuem a Enoch, Abraão, Moisés, e ao próprio Salomão
• O que sabemos de concreto é que o estudo da Cabala se intensificou a partir do século I,
atraindo a atenção de outras correntes filosóficas e religiosas na Idade Média
• O estudo da Cabala está concentrado em duas obras, o Sepher Yetzirah, Livro da Criação,
e o Sepher Zohar, Livro do Esplendor. O primeiro livro é o mais popular
• A partir da Idade Média, a tradição da Cabala foi objeto de interesse de várias correntes
religiosas e filosóficas diferentes, e surgiram daí versões, ou interpretações, que
modificaram o conceito original, e a aproximou dos princípios de cada corrente em
particular
• Surgiram então versões das mais variadas, Cabala Cristã, Cabala Hermética, Cabala
Draconiana, etc. Isso contribuiu em muito para que a Cabala fosse considerada,
equivocadamente, um ramo do ocultismo
• A Cabala, na verdade, é uma doutrina que leva ao conhecimento, ou melhor ao
autoconhecimento, e essa é a primeira coincidência com a Doutrina Maçônica
A ÁRVORE DA VIDA
• Quando se fala em Cabala, a primeira imagem que vem à nossa mente é essa
• Trata-se da Árvore da Vida, em hebraico Etz Chaim, e considero um elemento
fantástico, enigmático e desafiador
• A Árvore da Vida é a síntese da doutrina cabalística, e utiliza para tal uma
linguagem muito familiar para nós maçons, os símbolos
• É um desenho geométrico, que reúne basicamente 11 círculos ligados por linhas
retas. São 11 emanações, ou sefirotes, e 22 caminhos. Alguns autores defendem
que os 33 Graus de alguns Ritos foram inspirados nessa soma
• As linhas externas dessa figura formam um octógono, e em seu interior, através do
traçado das diversas, linhas podemos enxergar também outras figuras geométricas
• O conceito desse elemento é justamente o de uma árvore, cujas raízes estão
fixadas na sefirote MALKUTH, e a copa em KETHER
• Existe também a associação dessa árvore esquemática com o corpo humano,
correspondendo MALKUTH aos pés, e KETHER à cabeça. Em ambos os casos é um
elemento VERTICAL, cuja ideia central é representar a união do MATERIAL ao
ESPIRITUAL, num trajeto ascensional
• Tudo leva a crer que os ritualistas Adonhiramitas colocaram essa árvore na posição
horizontal “deitando-a” em nossos Templos, a razão disso fica muito mais clara
para os Mestres
• A partir dessa ideia central por trás do simbolismo da Árvore da Vida, várias
associações vem sendo feitas ao longo dos tempos por autores e ritualistas
maçônicos, com maior ênfase a partir do século passado
• Nos slides seguintes, vamos visualizar algumas dessas correspondências, ou
associações entre a Árvore da Vida e os Templos Adonhiramitas
O ARQUÉTIPO DA ÁRVORE
• O arquétipo da árvore está ligado ao CONHECIMENTO, mas não a um conhecimento
qualquer, e sim àquele transmitido através das gerações, da experiência e de
ensinamentos ancestrais
• As raízes da árvore simbolizam exatamente essa ancestralidade do saber, ou, num
vocabulário mais místico, à SABEDORIA DAS IDADES, transmitidas através dos
séculos por incontáveis gerações
• Sob o ponto de vista místico e religioso, a origem dessa ancestralidade remonta ao
próprio CRIADOR
• E para alcançar esse CONHECIMENTO, ou SABEDORIA, devemos “comer” de seus
frutos
• Esse arquétipo na civilização ocidental foi originado também na tradição hebraica,
no Livro do Gênesis, ou Bereshit, referindo-se à Árvore do Conhecimento do Bem e
do Mal, cujo fruto, proibido por IAVEH, foi comido pelos pais da humanidade
• Muito provavelmente por conta desse simbolismo, a associação com uma árvore
tenha sido utilizada para representar o CONHECIMENTO na Cabala
• O estudo da Cabala é um instrumento auxiliar na busca do CONHECIMENTO e da
SABEDORIA
• À título de ilustração, ou curiosidade, havia aqui no Brasil, nas décadas de 1960/70,
uma editora chamada Abril Cultural, cujo logotipo exibia exatamente uma árvore.
Os mais antigos devem se lembrar que as publicações dessa editora eram um
auxiliar fabuloso na busca do conhecimento
TRÊS COLUNAS
• Apesar da tradição cabalística não ser exatamente trinitária, a Árvore da Vida está
orientada de acordo com três eixos, ou PILARES
• O PILAR DA SEVERIDADE, à esquerda
• O PILAR DO EQUILÍBRIO, ao centro, e
• O PILAR DA MISERICÓRDIA, à direita
• Doutrinariamente, nossos Templos também são sustentados por três eixos, ou
COLUNAS
• A COLUNA DA BELEZA ao Norte
• A COLUNA DA SABEDORIA, ao centro, e
• A COLUNA DA FORÇA, ao Sul
• Sem dúvida há uma correspondência de conceitos aqui, tenha isso ocorrido de forma
proposital ou não
• A COLUNA DA SABEDORIA em nossos Templos é “invisível”, localizada atrás da
cadeira do Venerável Mestre, e na Árvore da Vida há uma sefirote também oculta,
DAATH, que igualmente representa a plenitude, localizada no eixo central, o PILAR DO
EQUILÍBRIO
• Assim como é objetivo do maçom alcançar a SABEDORIA, o propósito do cabalista é
atingir DAATH
• Se seguirmos esse raciocínio, não será difícil imaginar a possibilidade dos ritualistas
maçônicos terem se inspirado nessa ordenação axial para distribuírem os assentos
dos diversos cargos em Loja
O PILAR DA SEVERIDADE
• Do lado direito da Árvore da Vida, em oposição ao PILAR DA SEVERIDADE, está localizado o PILAR DA
MISERICÓRDIA
• E igualmente opostos são os princípios e polaridades deste eixo, MASCULINO, POSITIVO e ATIVO
• Vemos novamente uma correspondência com a organização espacial de nossos Templos, no caso, com a
COLUNA DO SUL, onde estão os Companheiros
• Da mesma forma que ocorre com o PILAR DA SEVERIDADE, no PILAR DA MISERICÓRDIA temos três sefirotes,
CHOKMAH, CHESED e NETZACH, correspondendo, respectivamente aos números DOIS, QUATRO e SETE, e
que podem ser facilmente associadas às posições ocupadas pelo ORADOR, TESOUREIRO e 1° VIGILANTE, no
Rito Adonhiramita
• Essa simetria do TRÊS, vai gerar justamente o EQUILÍBRIO, que veremos no eixo seguinte da Árvore da Vida
• Está presente neste eixo a mesma coerência, ou semelhança, na associação da Árvore da Vida com a
organização espacial de nossos Templos
• Resta então, examinar se a mesma lógica pode ser aplicada no eixo central, o PILAR DO EQUILÍBRIO
O PILAR DO EQUILÍBRIO
• Este é o traçado completo da Árvore da Vida, composto por dez sefirotes mais
DAATH, a OCULTA, e seus 22 caminhos
• Chama a atenção o fato da leitura do hebraico ser da direita para a esquerda, o
que define a ordenação numérica das sefirotes
• Esta mesma ordenação pode ser notada na distribuição hierárquica dos cargos de
uma Loja Adonhiramita, ressaltando que no caso dos Vigilantes eles simbolizam
respectivamente o DOIS e o TRÊS
• Talvez essa imagem não reproduza com clareza a coincidência entre a distribuição
das sefirotes na Árvore da Vida e a posição das Dignidades da Loja
• Veremos isso com um pouco mais de detalhes no próximo slide
A LOJA ADONHIRAMITA
• Os demais Oficiais, pelo menos na atualidade, tem atuação acessória ao Venerável Mestre
e às Dignidades
• O Hospitaleiro, resumidamente falando, é um coletor de óbolos e distribuidor de socorro.
Está relacionado à CARIDADE, e como lida com metais, que são guardados pelo
Tesoureiro, me parece que a escolha dos ritualistas de coloca-lo ao seu lado tenha sido
acertada, e nesse sentido, foi inserido no PILAR DA MISERICÓRDIA na associação com a
Árvore da Vida, e indiretamente relacionado com CHESED
• Com relação ao Mestre de Banquetes, sua posição no Templo sequer é diferenciada,
ocupando um lugar na mesma bancada onde têm assento os Mestres sem cargo na
Coluna do Sul
• Talvez a lógica de sua ocupação próxima ao Tesoureiro seja por conta da necessidade de
dispender parte dos recursos da Oficina para a realização dos ágapes, o que me parece
razoável, porém, não enxergo qualquer motivo de ordem filosófica que requeira sua
associação com a Árvore da Vida. Certamente não foi essa a motivação de seu
posicionamento
SEGUNDO EXPERTO E MESTRE DE HARMONIA