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Comunicação e Gestão

de Recursos Hídricos
Sumário
Apresentação................................................................................................................................................................ 3

Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos..................................................................................... 6

Resumo da Unidade 1.................................................................................................................................................... 17

Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social..................................................................... 19

Resumo da Unidade 2.................................................................................................................................................... 34

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento................................................. 35

Resumo da Unidade 3.................................................................................................................................................... 50

Unidade 4 - Planejamento de Comunicação................................................................................................... 51

Resumo da Unidade 4.................................................................................................................................................... 60

Referências Bibliográficas........................................................................................................................................... 61

Expediente
Coordenação: Cláudia Dianni (Assessora de Comunicação Social | ANA)
Diagramação: Raylton Alves (ANA)
Ilustrações: Produtiva TI
Pesquisa: Verônica Lima (Produtiva TI)
Equipe ANA: Ana Carolina Braz, Daniel Cardim, Marcela Coelho e Natália Sampaio

Este material é parte integrante do curso Comunicação e Recursos Hídricos, que integra o catálogo de
cursos da Agência Nacional de Águas em cumprimento ao Art. 4º, XV, da Lei nº 9.984/2000, que confe-
re à ANA a atribuição de “estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a gestão de
recursos hídricos”. Os conteúdos desta públicação podem ser reproduzidos, desde que citada a fonte.

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Voltar ao Sumário Apresentação
A Comunicação faz parte da gestão estraté- Apesar da importância do tema, a disponi-
gica das instituições, entidades, órgãos e or- bilização de informações e a compreensão
ganizações. O reconhecimento da sociedade da sociedade sobre o Sistema Nacional de
é meio e fim para a existência dessas organi- Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIN-
zações. Por isso, o estabelecimento de uma GREH) ainda são insuficientes.
comunicação eficiente e eficaz com seus pú-
blicos, interno e externo, é fundamental, prin- Talvez isso deccorra também do fato de que por
cipalmente para uma legislação e um siste- muito tempo a água tenha sido considerada
ma (de recursos hídricos) desenvolvidos para um recurso natural renovável e abundante que
serem descentralizados e participativos. poderia atender, sem maiores restrições, a qua-
se todos os seus usos. Mas a partir da segun-
No entanto, a disponibilização de informações da metade do século passado, o crescimento
ainda não é suficiente para a sensibilização e demográfico, o uso intensivo da água nos pro-
mobilização da sociedade para as questões cessos produtivos e a poluição gerada pelas
que envolvem a gestão dos recursos hídricos atividades humanas provocaram, mesmo em
e tampouco para os processos comunicativos regiões úmidas, uma drástica reavaliação dos
entre os entes do Sistema Nacional de Ge- conceitos sobre recurso renovável e abundante.
renciamento de Recursos Hídricos, ou seja,
órgãos gestores de recursos hídricos, cole- As sociedades de vários países industriali-
giados (comitês de bacia e conselhos de re- zados conscientizaram-se dos graves riscos
cursos hídricos) e agências de bacia, que são que corriam caso não mudassem a manei-
os braços executivos dos comitês. Em uma ra de administrar o uso e o aproveitamento
organização articulada em formato sistêmico, de suas águas. Desde então, muitos países
como é o caso do SINGREH, a comunicação começaram a incorporar em suas políticas e
cumpre um papel fundamental. legislações novos modelos para administrar
e cuidar de seus recursos hídricos.
Veja nesta animação sobre o Comitê de
bacias, como o sistema de recursos hídricos No Brasil, não foi diferente. Nestas últimas dé-
é multidisciplinar e possui diversos públicos, cadas ocorreram significativas transformações
o que requer uma comunicação democrática, na área de recursos hídricos. Se de um lado
transparente e eficiente. certos problemas tornaram-se mais graves e
complexos, por outro, ampliaram-se as opor-
tunidades de discussão e de soluções, além
de ter sido criado um arcabouço jurídico ins-
titucional a partir da Constituição Federal de
1988 e da promulgação da Lei 9.433 de janei-
ro de 1997, que instituiu a Política Nacional de
Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIN-
GREH). No entanto, a Lei e o Sistema ainda são
desconhecidos da sociedade.

Quase dez anos depois da criação da Lei,


http://www2.ana.gov.br/Paginas/impren- uma pesquisa conduzida pela organização
sa/Video.aspx?id_video=80 não governamental WWF, em dezembro de

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2006 entre mais de mil pessoas em 207 mu- Portanto, é necessário criar as bases para am-
nicípios, apontou que: pliar e democratizar as discussões sobre os te-
mas relacionados a água de forma a estimular
o permanente diálogo e aumentar o poder da
sociedade por meio da informação e da par-
ticipação na implementação e acompanha-
mento da Política Nacional de Recursos Hídri-
cos, fortalecendo os canais de comunicação
existentes, criando novos, e aperfeiçoando os
meios de interlocução social.

No entanto, a disponibilização de informações


Cerca de dez anos depois da pesquisa do WWF, ainda não é suficiente para a sensibilização e
o estudo “Transparência na Gestão dos Recursos mobilização da sociedade para as questões
Hídricos no Brasil”, conduzido em 2015 pela ONG socioambientais que envolvem a gestão dos
Article 19 em parceria com o Grupo de Acompa- recursos hídricos e tampouco para os proces-
nhamento e Estudos em Governança Ambiental sos comunicativos entre os entes do SINGREH,
da Universidade de São Paulo (USP), revelou a ou seja, órgãos gestores de recursos hídricos,
fragilidade da disseminação de informações so- colegiados (comitês de bacia e conselhos de
bre recursos hídricos, tema que não tem sido recursos hídricos) e agências de bacia, que
considerado estratégico pelos governos. são os braços executivos dos comitês. Em uma
organização articulada em formato sistêmico,
O estudo mostrou que os 26 estados e Distrito como é o caso do SINGREH, a comunicação
Federal variam entre 0 e 65, em um índice que cumpre um papel fundamental.
vai até 100 pontos, que indica a transparência
das informações nas páginas eletrônicas ins- E isso não é verdade apenas para o SINGREH.
titucionais dos órgãos gestores estaduais de A comunicação é condição básica para a con-
recursos hídricos. Apenas três estados alcan- vivência humana que, com o desenvolvimen-
çaram resultado acima de 50. to tecnológico, tem se tornado uma das áreas
mais importantes na sociedade, à medida que
é requisitada como forma de mediação de to-
das as relações sociais na atualidade.

Atualmente é indispensável refletir sobre a


melhor forma de utilizar tecnologia e comuni-
cação, dois conceitos que se confundem e se
misturam cada vez mais.

No caso da gestão pública, tanto a busca por in-


formações quanto o monitoramento das ações
realizadas podem ganhar muito com a utiliza-
ção correta dos recursos da tecnologia e da co-
municação, com os quais é possível fortalecer a
ideia de cidadania, estimulando a visão de que
cada pessoa é também parte do processo de
gerenciamento dos recursos coletivos.

Os brasileiros acostumaram-se a acompanhar


notícias sobre a seca no semiárido nordestino
e a evolução das ações de mitigação e convi-

4 Apresentação
Diante desse cenário, torna-se cada dia mais
necessário pensar na comunicação como
parte das estratégias de gestão dos recursos
hídricos. Isso porque quanto mais informa-
ções de qualidade sobre o tema circularem,
maiores serão as possibilidades de melhorias
significativas na conservação e uso susten-
tável da água, de modo a influenciar positi-
vamente os valores e hábitos ambientais da
sociedade. Ou seja, o planejamento de comu-
nicação é muito importante para a gestão de
recursos hídricos, porque é parte significativa
na composição do planejamento de gestão a
ser construído pelo Sistema Nacional de Ge-
renciamento de Recursos Hídricos (SINGREH).

Para contribuir no cumprimento desta mis-


são, a Agência Nacional de Águas oferece o
curso Comunicação e Gestão de Recursos
Hídricos, entre as várias opções de seu catá-
vência com a seca promovidas por várias es- logo de cursos do Programa de Capacitação
feras de governo. Nos últimos anos, porém, a em Recursos Hídricos.
convivência com secas inesperadas e históri-
cas no Sudeste e as incertezas geradas pelas No ambiente virtual de cada unidade do cur-
oscilações climáticas aumentaram o interesse so, você terá acesso a textos complementares,
da imprensa e da sociedade pelo tema. vídeos e spots, ao resumo de aprendizagem
de cada unidade, além de recomendação de
Sob uma perspectiva geral, as ações de co- leituras e referências bibliográficas.
municação apoiam a divulgação da gestão
integrada dos recursos hídricos e a imple-
mentação da Política Nacional de Recursos
Hídricos. Sob o ponto de vista estratégico, a
comunicação deve contribuir para a redução
dos conflitos reais e potenciais de uso da água
e dos eventos hidrológicos críticos, como se-
cas e inundações e, fundamentalmente, para
a percepção da conservação da água como
valor socioambiental fundamental.

A gestão dos recursos hídricos é um tema ain-


da pouco conhecido e discutido nos debates
públicos, especialmente nos meios de comu-
nicação. Mesmo que a realidade de escassez
hídrica esteja se tornando cada vez mais pre-
sente em diversas cidades brasileiras, a maio-
ria das notícias e discussões fazem referência
a ações reativas a essas situações decorrentes
de má utilização dos recursos hídricos, e não a
ações de prevenção ou acompanhamento da
gestão e do planejamento desses recursos.

Apresentação 5
Unidade 1
Comunicação: Origem e Fundamentos Voltar ao Sumário

A comunicação é um conceito amplo, que pode Como surgiu a comunicação?


ser aplicado em diversas dimensões. Comuni-
cam-se as células do nosso corpo, assim como O desenvolvimento da linguagem humana re-
podemos considerar a comunicação uma con- monta à pré-história, mas podemos considerar
versa entre duas pessoas, ou mesmo essa que a sociedade grega, nos primórdios da demo-
estamos estabelecendo por meio desta inter- cracia, como principal marco para o desenvol-
face. Também é considerado comunicação o vimento da linguagem enquanto instrumento
telejornal que diariamente fornece informações de persuasão argumentativa por meio da re-
sobre os mais diversos assuntos. tórica. Esse fato é importante porque a busca
por uma argumentação é a base para a cons-
A comunicação para a gestão de recursos trução da linguagem corriqueiramente utiliza-
hídricos requer estratégias e habilidades da nos meios de comunicação.
para desenvolver todas essas modalidades
e há técnicas adequadas para cada uma O principal autor que sistematizou o estudo e a
dessas situações em formato de oficinas, discussão sobre a retórica foi Aristóteles, que vi-
workshops, seminários, coletivas de impren- veu entre 384 e 322 a.C. A partir de sua obra a
sa, meios eletrônicos ou comunicação digital retórica ganhou bastante importância, e seu es-
como veremos mais adiante. tudo permitiu a ascensão de muitos oradores e
escritores especializados em argumentar com
base nos estudos aristotélicos. É desta época a
A comunicação pode ser feita de diversas formas
primeira sistematização da comunicação em:

Quando se dá no encontro LOCUTOR DISCURSO OUVINTE


de duas pessoas.
DIRETA
Quando as pessoas estão
distantes e dependem de
alguma forma de mediação,
seja uma carta, e-mail, livro
ou mesmo jornais, revistas,
INDIRETA rádio, entre outras formas
de mediação.
Aquela em que dois indiví-
Aristóteles explicou assim a retórica, que sis-
duos trocam algum tipo de
tematiza os meios para conseguir persuadir:
informação por meio de de-
terminada linguagem, como
INTERPESSOAL a fala, a escrita ou gestos. Inventio: escolha dos argumentos;
Dispositio: ordenamento dos argumentos;
Elocutio: estilo para expressar os argumentos;
No caso da comunicação Actio: estilo comportamental e gestual;
de massa, precisa ser fei- Memoria: capacidade mnemônica para ex-
ta por meio de um suporte por os argumentos.
GRUPAL, técnico multiplicador.
INTERGRUPAL E dividiu a persuasão, ou seja, aquilo que se
OU MASSA quer demonstrar, em três componentes:

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Ethos: Remete ao caráter, credibilidade e Hoje é essencial pensar na argumentação e
confiança do interlocutor. Está diretamente nos conceitos envolvidos em tal processo para
ligado ao conceito de ética; analisar os meios de comunicação. A todo o
Pathos: Remete à paixão e está relacionado tempo as audiências desses meios estão ex-
aos sentimentos da audiência. Relaciona-se postas a argumentos que tentam persuadi-las
com o que hoje conhecemos como empatia; em algum aspecto: seja para consumir algo,
Logos: Remete especificamente ao conheci- ou para corroborar uma ideia, um discurso, ou
mento ou à razão lógica da própria mensagem. mesmo a versão de um fato ocorrido.

Esses três aspectos formam, segundo os es- Conceitos e Práticas em Comunicação Social
tudos aristotélicos, a base da argumentação
retórica, que se configura como um proces- Já que conhecemos as origens dessa forma
so dinâmico, e não um fenômeno estático. de argumentação pública, vale também en-
Observe o esquema: tendermos as principais correntes teóricas e
alguns intelectuais que analisam os meios
de comunicação e seus argumentos para
refletir sobre como a contribuição desses
intelectuais pode nos ajudar a pensar estra-
tégias para divulgar conteúdos em gestão
de recursos hídricos.

Principais Correntes Teóricas em Comunicação

Entre os anos de 1920 e 1960, foram desen-


volvidas várias teorias nos Estados Unidos.
No final da década de 1940, estudos dos
matemáticos e engenheiros do setor de te-
lecomunicações Claude Shannon e Warren
Weaver resultaram na Teoria Matemática da
Comunicação, que popularizou o “Sistema
Geral de Comunicação”.

Teoria Matemática da Comunicação


A prensa de Gutenberg
Trata-se de uma teoria de perspectiva pura-
Desde esse período até a Idade Média, o mente técnica. A fonte produz a mensagem
controle da comunicação esteve nas mãos que será codificada pelo emissor e a mensa-
de quem detinha o poder político-econô- gem, transmitida para o receptor que irá deco-
mico e, na maioria das vezes, religioso. A dificá-la. Tudo isso por meio de um canal des-
revolução dessa conjuntura só viria com a tinado a algo ou alguém, ou seja, o foco não
invenção da prensa mecânica por Johannes está na mensagem e em seu significado ou in-
Gutenberg no século XV, por volta de 1450. terpretação, mas na acuidade da transmissão
Invenção decisiva para o início da democra- e na quantidade de informação transmitida.
tização dos registros escritos.
É importante ressaltar que o termo “infor-
A invenção da prensa mecânica também é mação” remonta às raízes latinas informatio,
considerada a origem da Imprensa, já que cujo significado se aproxima da ideia atual
permitiu a reprodução de textos de forma de “moldar” ou “dar forma”, enquanto o ter-
mais rápida e barata, abrindo a possibilidade mo comunicação comunicare significa tornar
para o surgimento dos primeiros periódicos. comum ou partilhar. No entanto, a Teoria Ma-

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temática da Comunicação populariza a uti- Outras correntes ampliaram o uso do termo
lização da palavra informação como ‘trans- informação ao incorporar a interpretação, ou
missão linear de dados’. seja, o significado que as informações carre-
gam em si ou os significados que a elas são
Transmissão linear de dados atribuídos. Foram incorporadas outras áreas
do conhecimento, como os estudos da Psico-
logia. O Behaviorismo, iniciado a partir de 1913
por John B. Watson (foto), baseado no mode-
lo de estímulo e resposta como “motores do
comportamento humano”, influenciou várias
teorias, como por exemplo a que ficou conhe-
cida como Agulha Hipodérmica.
Vejamos como seria a aplicação desse con-
ceito, por exemplo, na transmissão de dados Teoria Hipodérmica
captados pela Rede Hidrometeorológica Na-
cional, que monitora o Brasil. Surgiu no período entre guerras e seu nome
alude à agulha da seringa de injeção por des-
crever a capacidade dos meios de comuni-
cação de inserir conteúdo. Essa teoria consi-
derou as massas um todo homegêneo, sem
olhar as diferenças individuais. A mensagem
atingiria o público e o levaria a agir com uma
resposta. A Teoria Hipodérmica, que explorou
o caráter manipulador da comunicação, foi a
Fonte: https://www.timetoast.com/timelines/john-b-watson--2 base de livros sobre propaganda e propagan-
da de guerra. O foco estava no emissor.

Teoria Funcionalista

Já a Teoria Funcionalista, herdeira do Positivis-


mo de Auguste Comte, buscou compreender
os fenômenos sociais e a função de todos os
elementos no processo comunicativo, conside-
rando a diversidade e a relação entre os indiví-
duos, a sociedade e o meio de comunicação,
criando o termo Cultura de Massa. Os funcio-
nalistas consideraram as expectativas e neces-
sidade de satisfazer o público. O foco foi deslo-
cado para o receptor.

Principal expoente des-


sa teoria, Harold Las-
swell desenvolveu um
esquema em que consi-
derava o meio por onde
a informação é enviada,
da teoria matemática,
mas também o paradig-
ma clássico aristotélico
John B. Watson da comunicação:

8 Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos


EXEMPLO Nos anos 50 também ganhou notoriedade a
Escola de Palo Alto (Califórnia), de Gregory
QUEM? Agência Nacional de Águas Benson, que passou a ser chamada Teoria
(Emissor) (ANA)
da Nova Comunicação e apresentou um mo-
Será autorizada captação de delo circular, segundo a qual a transmissão
DIZ O QUÊ?
água no reservatório em dias da informação se dá de maneira constante e
(Mensagem)
alternados impõe um comportamento. Em linhas gerais,
EM QUE CANAL? Sites, rádios, jornais, TVs e mí- segundo essa Teoria, não é possível não se
(Meio) dias sociais comunicar, pois não apenas a comunicação
PARA QUEM? Setores usuários de recursos gera comportamento como o próprio com-
(Receptor) hídricos do reservatório portamento é uma forma de comunicação,
COM QUE portanto, a comunicação é processo de re-
Alerta. Redução de consumo troalimentação e seus efeitos (ou retornos)
EFEITO?
geram novas ações de comunicação. Confira
FEEDBACK Economia de fato, dúvidas de
abaixo a ilustração do Modelo circular da Teo-
(Retorno) usuários, debates, protestos
ria da Nova Comunicação.

Teoria do Poder da Mídia Paralelamente à Escola Americana, a Escola


de Chicago, entre 1910 e 1940, conduziu suas
O sociólogo Paul F. Lazarfeld escreveu sobre o pesquisas de forma empírica desenvolvendo
Poder da Mídia e aprofundou a compreensão so- o conceito de ciência social da comunicação.
bre a cultura popular, assim como sobre os pa-
drões de comportamento e transformações so- Os estudos da comunicação ganharam um
ciais provocadas pela mídia que teria substituído caráter multidisciplinar ao incorporar conheci-
a cultura popular pelo gosto popular. Segundo a mentos das áreas de Sociologia, Antropologia,
teoria, a mídia cria controles sobre os indivíduos. Linguística, além da Semiótica e Semiologia,
O excesso de informação entorpeceria a sensibi- que se referem aos sistemas de significação,
lidade do público e causaria desinteresse. Essa ou dos signos, e se dedicam a compreender
teoria colocou o foco na mensagem e na sua in- como o homem percebe o que o rodeia, sen-
fluência sobre a sociedade e criou o modelo do do muito aplicadas nas áreas de cinema, das
fluxo de comunicação em duas etapas, segundo artes visuais, por exemplo.
o qual as audiências são estratificadas e também
influenciam seus grupos de relacionamento com Na Europa, concomitante à Escola America-
os conteúdos que recebem, o que deu origem na, as pesquisas que se destacaram foram as
ao conceito de Opinião Pública. Essas teorias fi- mais críticas aos comportamentos sociais e
cam conhecidas como Escola Americana. contexto político e econômico da época.

Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos 9


A Escola de Frankfurt, cuja principal contribui- elementos da cultura humana em relação a
ção é conhecida como Teoria Crítica da Socie- um sistema ou estrutura mais abrangente, re-
dade, se inspirou no materialismo de Karl Marx forçou o caráter multidisciplinar da Comunica-
e Friedrich Engels e reuniu um círculo de filóso- ção, incorporando preceitos da antropologia,
fos e cientistas sociais que se uniram no fim da linguística, filosofia, semiologia e os estudos
década de 20 e foram fortemente influenciados de mitologia e vida cotidiana, como os de:
também por Freud e Nietzsche. Seus principais
integrantes e herdeiros foram Theodor Ador- Roland Barthes: Semiologia e estudos de
no, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert mitologia
Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm.
Um grande expoente dessa escola para quem
Entre os conceitos mais importantes cunhados os veículos são propagadores de mitos. Se-
por essa escola está o de “Indústria Cultural”, gundo ele, mitos encerram em si um sistema
que discutiu os efeitos da reprodução em massa de comunicação, ou seja, uma mensagem ou
e da pressão mercadológica na arte e na produ- um modo de significação. Barthes também
ção artística, o que estabeleceria novos padrões se destacou nos estudos sobre a estrutura
estéticos transformando a cultura em mercado- da linguagem da fotografia e chamou aten-
ria. Criou o conceito de “cultura de massa”. ção para a mensagem fotográfica contida na
composição, que pode sofrer interferências
Fonte: http://www.filigranadesign.com.br/editorial/wp-content/uplo-
ads/2012/05/capa_cultura-de-massa.jpg do fotógrafo ou de edição. Ele discutiu a ima-
gem como aparelho reprodutor de ideologias
e criou dois termos para analisar as imagens
fotográficas:

Studium

Elementos visuais que nos tocam de forma


impessoal e são relativos a valores morais,
humanos ou culturais.

A Escola de Frankfurt apontou os meios de Punctum


comunicação de massa como responsáveis
pela propagação da padronização dos bens Elementos ou detalhes que saltam da foto-
culturais, ou seja, os meios de comunicação grafia e nos atingem “como uma flecha”.
foram analisados como mais um instrumento
integrado à lógica do mercado. Vamos pensar?

Entre os anos 50 e 60 a Escola Francesa, ins- O que para você seriam studium e punctum
pirada pelo estruturalismo, que considera os nas imagens ao lado?

10 Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos


Clayton de Souza / O Estado de S. Paulo Catraca Livre

Represa Atibainha Enchente

Zig Koch / Banco de Imagens ANA Zig Koch / Banco de Imagens ANA

Gado ilhado no Pantanal Rio São Francisco

Clayton de Souza / O Estado de S. Paulo Eraldo Peres / Banco de Imagens ANA

Tragédia de Mariana Semiárido do Nordeste

Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos 11


Na França vários intelectuais de diferentes áre- dando origem à Escola Latino-Americana de
as se destacaram por criticar a comunicação Comunicação. Apesar de não estar concen-
de massa, como Jean Baudrillard, que entre trada em uma única instituição, essa escola
outros pontos, discutiu a sociedade de con- se refere a diversos pesquisadores latino-a-
sumo. Para ele, a comunicação de massa cria mericanos que se posicionaram em torno de
verdades absolutas e uma realidade construí- temas como dominação, hegemonia, resis-
da que chamou de hiper-realidade. Ele usou a tência, liberdade de informação, comunica-
expressão Simulacro: simulação para confun- ção de massa, dependência, etc.
dir e criar necessidades.
Tais temas emergiam do próprio contexto so-
cioeconômico e cultural que marcaram aque-
le momento histórico, principalmente as crises
econômicas, o fortalecimento das ideologias
políticas, a redução dos direitos sociopolíticos
e da liberdade de expressão, além da questão
do subdesenvolvimento.

Teoria da Dependência

A Teoria da Dependência, que tratou das des-


vantagens econômicas e geopolíticas dos
Já Pierre Bordieu chamou a televisão de “es- países periféricos e exploração pelos países
pelho de Narciso”. Em seu livro Sobre a Tele- ricos do centro, influenciou de forma decisiva
visão, ele discute o modo como se produz a os estudos dessa escola. A ideia era construir
notícia e sua pasteurização. Para ele, a mídia teorias originais e condizentes com o contex-
é conservadora ao escolher algumas notícias to latino, superando o subdesenvolvimento e
em detrimentos de outras. O autor fez algu- criando possibilidades para o surgimento de
mas provocações interessantes. diferentes formatos de meios de comunica-
ção, sob paradigmas culturais essencialmen-
Veja como você responderia às perguntas ela- te latino-americanos. Dentre os expoentes
boradas pelo autor ao considerar o que divulgar dessa escola, destacam-se, entre outros:
com relação à gestão de recursos hídricos. Se-
gundo Bordieu, é preciso questionar o seguinte: Luiz Beltrão

“O que tenho a dizer está destinado a atingir Luiz Beltrão, primeiro doutor de comuni-
todo mundo? ” cação do Brasil, desenvolveu o conceito
“Estou disposto a fazer de modo que meu Folkcomunicação que trata de pesquisar as
discurso, por sua forma, possa ser entendido formas de comunicação não hegemônicas,
por todo mundo? ” ligadas direta ou indiretamente ao folclore
“Será que ele merece ser entendido por popular, que grupos minoritários ou margi-
todo mundo? ” nalizados encontram para transmitir conte-
údos a seus pares – sejam ideias, opiniões,
Teoria Crítica informações de interesse coletivo. A Folkco-
municação organizada por Beltrão tornou-se
Na América Latina, a partir da década de a primeira teoria genuinamente brasileira.
1960, foi principalmente a Teoria Crítica da
Escola de Frankfurt que influenciou os es- Exemplos de Folkcomunicação são os folhe-
tudos sobre comunicação em um contexto tos de cordel (foto), grafites, apresentações
de efervescência política em diversos pa- de cantadores populares (como os repentis-
íses – principalmente durante as ditaduras, tas), entre outras formas.

12 Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos


Luís Ramiro Beltrán Juan Díaz Bordenave Literatura de cordel

nidades ribeirinhas, às vezes até isoladas em


muitas bacias hidrográficas brasileiras, como
na Amazônia, por exemplo.

Paulo Freire

Outro grande expoente da comunicação co-


munitária foi Paulo Freire, educador que de-
fendeu a importância da comunicação nos
processos educativos, sobretudo nas zonas
Mario Kaplún Armand Mattelart rurais do País. Ele também foi um crítico dos
meios de comunicação de massa e da forma
como os destinatários dos conteúdos produ-
zidos eram tratados como receptores passi-
vos sem relação dialógica.

Educomunicação

Com o desenvolvimento cada vez maior das


tecnologias da informação, a relação entre
comunicação e educação ganha força, inau-
gurando o conceito de “Educomunicação”,
Paulo Freire Luiz Beltrão termo utilizado pela primeira vez pelo ar-
gentino Mario Kaplún, quando remetia mais
à ideia de leitura crítica da mídia. Na acep-
Assista ao vídeo da Rede Mocoronga de Co- ção mais ampla, foi utilizado pela primeira
municação Popular em Tapajós e Anapiuns e vez pelo pesquisador Jesús Martin-Barbero,
reportagem da Rádio Nacional. outro importante ícone da Escola Latino-A-
mericana mais contemporânea, que se de-
As pesquisas de Beltrão dialogam intimamen- dicou a estudar a comunicação a partir das
te com os estudos em torno da Comunicação culturas populares na América Latina.
Comunitária, que buscavam compreender
como se organizavam e funcionavam as for- As discussões em torno do conceito de “Edu-
mas de comunicação populares, em contextos comunicação” deram origem a um curso
de pequenas comunidades que buscavam al- específico de graduação, hoje ainda pouco
ternativas aos grandes meios de comunicação oferecido em universidades brasileiras. Esse
do País, como por exemplo, pequenas comu- termo se refere a práticas pedagógicas que

Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos 13


consideram não apenas os recursos tecnoló-
gicos da comunicação, mas também e prin-
vipalmente os processos comunicacionais,
especialmente sua produção e recepção, sob
uma perspectiva mais democrática e crítica.

A “Educomunicação” e o pensamento de
Paulo Freire são as bases inspiradoras do
subprograma IV.3 – Comunicação e Difusão
de Informações em Gestão de Recursos Hí-
dricos do Plano Nacional de Recursos Hídri-
cos, cujo objetivo é difundir conceitos, inicia-
tivas e demais informações relativas à Gestão
dos Recursos Hídricos para o conjunto da
sociedade em regiões e bacias hidrográficas,
fortalecendo os canais de comunicação exis-
tentes e possibilitando a criação de novos
canais de interlocução social.
Marshall McLuhan
A “Educomunicação” também é citada na
Resolução 98 (março de 2009) do Conselho poradas, como a sincronicidade, a velocida-
Nacional de Recursos Hídricos, que estabe- de e a anarquia. A comunicação passa a po-
lece princípios, fundamentos e diretrizes na der ser feita a qualquer momento. Segundo
área de informação e educação, no âmbito Eugenio Trivinho, André Lemos, entre outros
da Gestão Integrada de Recursos Hídricos, autores, a internet permitiu um caleidoscó-
do Sistema Nacional de Gerenciamento de pio (veja-o na próxima página) onde são vei-
Recursos Hídricos. culados textos, vozes, imagens e animações
por computadores, tablets e celulares.
Redes e Comunicação Digital
Manuel Castells
Marshall McLuhan
Para o sociólogo espanhol Manuel Castells,
Nos anos 60, o canadense radicado nos EUA novas tecnologias da informação estão inte-
Marshall McLuhan ficou conhecido por vis- grando o mundo em redes interligadas glo-
lumbrar a Internet quase trinta anos antes de balmente, que se tornam fonte de formação,
ser inventada. É dele o termo Aldeia Global. orientação e desorientação da sociedade.
Paara ele a Internet é, acima de tudo, uma
McLuhan queria dizer que o progresso tecno- criação cultural (A Galáxia da Internet, 2003).
lógico levaria as pessoas a viver como em uma Considerado o principal analista da era da
aldeia, em que todos poderiam se comunicar. informação e das sociedades conectadas
Entre seus livros, os mais famosos são A Men- em rede, Castells einvestiga os efeitos da
sagem é o Meio e A Galáxia de Gutemberg. informação sobre a economia, a cultura e a
sociedade em geral. Professor emérito da
Com a popularização da Internet a partir dos Universidade do Sul da Califórnia, Los Ange-
anos 90, outros termos foram incorporados les, e da Universidade da Califórnia, Berke-
aos estudos da comunicação, como ciberes- ley, Ele também é autor da trologia A Era da
paço e cibercultura. O foco deixou de ser o Informação - A Sociedade em Rede (1996); O
esquema tradicional de emissor, receptor e Poder da Identidade (1997); Fim do Milênio
mensagem e a transmissão da comunicação (1998) e do livro O Poder da Comunicação
eletrônica. Outras preocupações foram incor (2009), entre outros.

14 Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos


CURIOSIDADES
Você sabia que a Bíblia foi o primeiro
livro impresso por Gutemberg em mea-
dos do século XV?

E que o filósofo francês e teórico da co-


municação Jean Baudrillard inspirou o filme
“O Show de Truman” do australiano Peter
Weir (1998), em que a vida do personagem
principal se passava dentro de um set de
filmagem de programa de televisão?

O francês também foi fonte inspiradora


da trilogia Matrix dos irmãos Wachowski
(1999). O personagem principal da saga
cibernética, o hacker Neo, guardava seus
programas no fundo falso do livro Simula-
cros e Simulações (Baudrillard, 1981).
O americano Noam Chomsk, professor de
linguística do Massachusetts Institute of Te-
chnology (MIT) é conhecido por suas análi- lando a criação de políticas públicas;
ses críticas sobre o poder de manipulação Promover um melhor entendimento da so-
que a mídia exerce nos Estados democráti- ciedade sobre as funções do setor público,
cos modernos (Mídia: Propaganda Política e estimulando a participação social e a consci-
Manipulação (2002) ência da cidadania, entre outras.

Comunicação Pública Essas atividades pressupõem o entendimen-


to de que a comunicação deve ser institucio-
Para o planejamento de recursos hídricos, o nalmente incorporada ao conjunto de ações
conhecimento básico das teorias é tão impor- e estratégias definidas para o relacionamento
tante quanto a discussão da importância da da instituição com o público.
comunicação e da transparência dos proces-
sos de divulgação de informações, tendo em No caso da gestão dos recursos públicos, tal
vista o caráter público dos recursos. como a gestão dos recursos hídricos, o pla-
nejamento estratégico da comunicação deve
Além de ser uma estratégia que contribui buscar garantir, portanto, a transparência dos
para a manutenção do espírito público no ge- processos e o esclarecimento de conceitos
renciamento dos recursos, a Comunicação necessários para que o recurso possa ser uti-
Pública também se caracteriza por ser um lizado de forma racional e respeitando sua di-
eixo importante na busca por participação e mensão coletiva. Além disso, a Comunicação
controle sociais satisfatórios para atingir a efi- Pública é essencial para estimular e susten-
ciência na gestão desses recursos. tar a participação social direta ou indireta nos
Várias atividades inerentes à gestão pública processos de gestão, influenciando na for-
estão diretamente ligadas a práticas da Co- mulação e condução das políticas públicas.
municação Pública. Algumas delas são:
A divulgação de informações de interesse
Promover e avaliar ações de interesse público; público deve contemplar a diversidade do
Dar destaque às demandas sociais, estimu- público e estabelecer estratégias que con-

Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos 15


siderem a diversidade social, já que o bem e Propaganda e demais fazem parte de um
público serve a toda a sociedade. Da mesma composto de comunicação e suas funções
forma que os recursos hídricos devem contar são tidas como potenciais quando integradas
com uma gestão integrada, dada a diversida- a um único objetivo, de forma que a sinergia da
de de seus usuários, também a comunicação informação permita que a comunicação seja
deve incorporar a ideia de integração. eficiente e os objetivos e resultados, amplia-
dos. Em um ambiente diverso como as bacias
Comunicação Integrada hidrográficas brasileiras, em que as mensagen
são dirigidas a um público heterogêneo que
Consiste no conjunto articulado de esforços, varia de comunidades ribeirinhas, com poucos
ações, estratégias e produtos planejados e ou nenhum conhecimento sobre o tema, a es-
desenvolvidos com o objetivo de agregar pecialistas em recursos hídricos, é necessário
valor e consolidar a imagem ou uma mensa- usar os mais diversos tipos de ferramentas e
gem específica junto aos diversos públicos estratégias, de carro de som a mídias digitais.
de interesse. Para Philip Kotler, o conceito de
Comunicação Integrada abrange a análise É preciso ter em mente que a gestão da co-
das funções estratégicas de cada atividade municação deve buscar antecipar-se aos fa-
de comunicação e sua integração contínua tos e apresentar uma política eficaz e trans-
e permanente, somando esforços para que a parente, com mensagens que estejam de
mensagem seja concisa e uniforme. acordo com as estratégias definidas. Por isso,
ganha importância a capacitação técnica dos
Para Margarida Kunsch, a Comunicação Integra- profissionais que atuam na área, que devem
da é uma visão holística das várias modalidades, desenvolver uma visão multidisciplinar de to-
ou seja, comunicação institucional, interna e das as atividades da comunicação.
mercadológica (quando for o caso).
O profissional precisa estar preparado para de-
A Comunicação Integrada é um conceito que senvolver mensagens adequadas, selecionar
se fortalece cada vez mais no contexto das o canal de divulgação ideal e decidir a compo-
instituições, porque considera a posição de- sição que será utilizada e, finalmente, adminis-
cisiva da comunicação nos mais diversos pro- trar todo processo e mensurar os resultados.
cessos que compõem as relações sociais das
entidades. Com o advento das mídias sociais, A prática da comunicação pública e integra-
ela ganha ainda mais importância, já que as da requer conhecimentos sobre as formas e
interfaces comunicacionais na internet pas- meios possíveis de comunicação, e sobre a
sam a fazer parte do cotidiano das pessoas. rotina e o papel dos diferentes profissionais
Todas as especialidades da comunicação de- envolvidos no processo, além das ferramen-
nominadas de ferramentas, como Jornalismo, tas utilizadas por eles. Este será o tema de
Relações Públicas, Marketing, Publicidade nossa próxima unidade.

16 Unidade 1 - Comunicação: Origem e Fundamentos


Voltar ao Sumário Resumo da Unidade 1

Principais conceitos aprendidos nesta unidade: tisticamente – esse modelo é estreitamen-


te ligado aos estudos e desenvolvimento da
Comunicação interpessoal e mediada eletrônica e das tecnologias digitais.

Podemos diferenciar a comunicação inter- Escola de Frankfurt


pessoal e a comunicação mediada identi-
ficando a existência de um suporte técnico Questiona e analisa os impactos sociais dos
para a realização desta última, enquanto grandes meios de comunicação e das tecno-
a comunicação interpessoal se resume ao logias informacionais no contexto da segunda
contato direto entre dois indivíduos. metade do século XX. Um dos conceitos mais
importantes cunhados por essa escola foi o
Origem da comunicação de “indústria cultural”, que discutiu os efeitos
da reprodução em massa e da pressão mer-
Os estudos da comunicação remontam à dis- cadológica para a arte e a produção artística,
cussão sobre retórica elaborada por Aristóte- que estabeleceria novos padrões estéticos.
les. O autor refletiu sobre e detalhou o pro-
cesso argumentativo a partir dos conceitos Escola Latino-Americana de Comunicação
de ethos, pathos e logos, que corresponde-
riam, respectivamente, ao caráter e credibili- Faz referência a diversos pesquisadores la-
dade do interlocutor/comunicador, empatia tino-americanos que se posicionaram em
em relação à mensagem, e ao conhecimento torno de temas como dominação, hegemo-
lógico da própria mensagem. nia, resistência, liberdade de informação,
comunicação de massa, dependência, entre
Gutenberg outros, no contexto socioeconômico e cultu-
ral que marcou a América Latina na segunda
A invenção da prensa mecânica também é metade do século XX sob crises econômi-
considerada como a origem da imprensa, já cas, fortalecimento das ideologias políticas,
que permitiu a reprodução de textos de for- redução de direitos sociopolíticos e da li-
ma mais rápida e barata, tornando a informa- berdade de expressão, além da questão do
ção cada vez mais acessível e menos exclu- subdesenvolvimento. Emergem dessa esco-
siva. A invenção de Gutenberg contribui de la os conceitos de Comunicação Comunitá-
forma decisiva para que a argumentação e a ria e Educomunicação, que refletem sobre o
persuasão tenham se consolidado como ins- papel central da comunicação na educação
trumentos da vida pública e da democracia. e na formação cultural dos cidadãos.

Estudos e principais correntes teóricas em Comunicação Pública


comunicação
Importante instrumento que mantém o espí-
Escola Americana rito público no gerenciamento de recursos,
promovendo a divulgação de informações
A comunicação é entendida de forma linear, necessárias para que a gestão se dê de for-
com foco na transmissão quantitativa de in- ma transparente e responsável. Dentre as
formações: cada mensagem é diferenciada práticas de Comunicação Públicas, é possí-
de acordo com a quantidade de informações vel citar: promover e avaliar ações de inte-
transmitidas, que podem ser medidas esta- resse público; dar destaque às demandas

17
sociais, estimulando a criação de políticas
públicas; promover um melhor entendimen-
to da sociedade sobre as funções do setor
público, estimulando a participação social e
a consciência da cidadania, entre outras.

Comunicação Integrada

A Comunicação Integrada é um conceito


que se fortalece cada vez mais no contexto
das instituições, porque considera a posição
decisiva da comunicação nos mais diversos
processos que compõem as relações sociais
das entidades. A comunicação é entendida
de forma ampla como estratégia de ação
com o objetivo de construir uma imagem
pública sólida (sobre uma instituição ou as-
sunto), nos mais diversos meios de comuni-
cação disponíveis atualmente.

18 Resumo da Unidade 1
Voltar ao Sumário
Unidade 2
Conceitos e Práticas em Comunicação Social

Comunicação social e seus profissionais a atuação dos jornalistas também pode se


diferenciar de acordo com suas funções. Ob-
No Brasil, a gestão dos recursos hídricos é serve as principais delas a seguir.
feita por bacia hidrográfica e são vários os se-
tores usuários de uma bacia hidrográfica. Por Principais funções do jornalismo
isso, o público a quem é preciso se dirigir é
sempre amplo e variado, portanto, para fazer Reportagem: nessa função, o jornalista é res-
as mensagens chegarem até cada público é ponsável por buscar, apurar e transmitir as in-
preciso trabalhar com o conceito de comu- formações relevantes para a construção de
nicação integrada, como vimos na Unidade I. uma reportagem ou matéria jornalística, inde-
Para isso, é importante conhecer quem são pendentemente do veículo de comunicação.
os profissionais especializados e quais são as
ferramentas de comunicação. Edição: essa função é responsável por revisar
e adequar as reportagens escritas ou gravadas
A importância e os impactos da comunicação pelos repórteres antes da publicação ou trans-
na sociedade, como vimos no capítulo ante- missão através do rádio e da TV.
rior, pressupõe a responsabilidade social dos
profissionais que trabalham com a difusão de Produção: a responsabilidade do produtor é
informações. Essa responsabilidade diz res- viabilizar o trabalho do repórter, fazendo con-
peito a ética e transparência na divulgação de tatos e marcando encontros para entrevistas
informações verdadeiras, já que a circulação que vão gerar as matérias jornalísticas. Nor-
de informações é fonte para a formação da malmente esse profissional trabalha para pro-
“opinião pública” sobre a gestão de recursos gramas de televisão, jornalísticos ou não. O
hídricos, seus instrumentos e eficiência. produtor também pode propor temas para as
reportagens, além de realizar uma pesquisa
Esse pressuposto deve basear as ações em prévia sobre o assunto, que vai orientar o re-
qualquer meio de comunicação eleito para pórter na apuração das informações.
uma determinada ação, sob pena de colocar
em risco a credibilidade do Sistema Nacio- Assessoria de imprensa: essa função é ligada
nal de Gestão de Recursos Hídricos. Infor- às instituições e empresas que buscam visibi-
mações incorretas fornecidas ou divulgadas lidade de seus temas na sociedade. O profis-
erroneamente devem ser corrigidas. Vamos sional de assessoria de imprensa é responsá-
falar sobre isso mais adiante. Agora vamos
conhecer os profissionais de comunicação e
suas ferramentas de trabalho.

São profissionais responsáveis por redigir,


organizar e transmitir as informações em de-
terminados veículos de comunicação, prin-
cipalmente nos meios de comunicação tra-
dicionais: jornais, rádios, revistas, televisões.
Atualmente, os jornalistas estão utilizando
cada vez mais diferentes plataformas de di-
vulgação de informações, tais como os blo-
gs e os perfis em mídias sociais. Além disso,

19
vel por entrar em contato com a imprensa para Radialistas
chamar a atenção de assuntos que interessem
à instituição que representa que sejam divul- Os radialistas são profissionais que trabalham
gados, ou seja, para sugerir e ajudar na produ- com as questões técnicas de transmissão de
ção de matérias (atuação ativa). Ele também informação via ondas de rádio, em veículos de
atende jornalistas, quando procurado (atuação comunicação que utilizam esse suporte técni-
passiva), de veículos de comunicação para co. Embora o nome do profissional remeta às
fornecer informações interessantes ou pres- transmissões pelo rádio, também inclui profis-
tar esclarecimentos sobre a entidade que re- sionais que trabalham
presenta. Geralmente, o assessor de imprensa viabilizando tecnica-
também é responsável por apurar informações mente a transmissão
e redigir matérias para os canais de comunica- de informações em te-
ção da instituição, mas com a diferença de que levisões. Também são
os temas sobre os quais escreve estão ligados conhecidos como pro-
à instituição na qual trabalham. fissionais de rádio e TV.

Por isso, é muito importante ter em mente que Publicitários


o jornalista que representa um veículo de co-
municação, ou seja, trabalha para a Imprensa, Profissionais especializados em estratégias de
apura informações em nome da sociedade e marketing e publicida-
seu interesse é sobre fatos noticiosos, não im- de ou propaganda, que
portando se são positivos ou negativos para a visam a promover um
instituição que ele procura. Já o assessor de produto, marca ou ideia
imprensa trabalha principalmente com fatos ligada a uma instituição
positivos para a instituição que representa, ou empresa. Esses pro-
com o objetivo de divulgar esses fatos. Ele fissionais se envolvem
também intermedeia a relação com a impren- em todos os processos
sa quando há fatos negativos ou difíceis. que constituem esse
tipo de divulgação.
Portanto, não se esqueça: Jornalista que tra-
balha na Imprensa não faz assessoria para a Designers
sua instituição. Ele apura fatos!
São profissionais responsáveis por criações
gráficas, logotipos, marcas, entre outras iden-
tidades visuais relacionadas a uma instituição,
empresa, ou ente público. Também podem de-
senvolver, junto com
um profissional de
programação gráfica
na internet, a identi-
dade visual para sites,
blogs, portais, entre
outros veículos online.

Relações publicas

Profissional que tem como função sistematizar


e organizar as atividades na área de comunica-
ção e informação de uma empresa ou institui-
ção, prezando pelo bom relacionamento entre

20 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social


tal entidade e seus públicos de interesse. Atuam relevância e abrangência a grandes veículos
diretamente, por exemplo, com pronunciamen- de comunicação, nem esconder notícias re-
tos oficiais, eventos institucionais, em parceria levantes de amplo impacto em veículos de
com assessores de imprensa no atendimento a pouca circulação ou audiência. Confira a se-
jornalistas, lançamentos de campanhas institu- guir alguns exemplos de notícias.
cionais, entre outras atividades.
Vídeo Relevância nacional: Jornal da Record
O que é notícia? 22/03/2011 – http://arquivos.ana.gov.br/vi-
deos/20110322_ReportagemEspecialsobreo-
É considerado Notícia um fato inédito (ou no- AtlasBrasilporRegiao-Record.flv
vidade sobre fato já existente) relevante e de
interesse público, portanto, abrangente. Relevância local: Jornal de Piracicaba
Do latim, “notícia” significa notoriedade. Uma 22/03/2016 – http://www.jornaldepiracicaba.
vez identificada a notícia, esse fato deve ser com.br/cidade/2016/03/pcj_comemora_co-
redigido em texto informativo, de forma sim- branca_pelo_uso_da_agua
ples, direta, objetiva e imparcial. A notícia não
deve incluir a opinião do jornalista ou veículo Interesse Localizado: Site do CBH PARA-
de comunicação. Entrevistados podem revelar NAPANEMA
sua opinião, nunca o repórter. Trataremos do http://paranapanema.org/oficinas-discu-
tema Opinião mais adiante. tem-plano-estrategico-para-bacia-do-para-
napanema/
Notícia é fato atual e de interesse social e não
pessoal. É muito importante definir a abran- Uma notícia poder ser “quente”, quando tem
gência de impacto e interesse da notícia para prazo de validade para ser veiculada, geral-
saber a que público se destina, portanto, em mente no próprio dia da apuração, devido
que veículos deve ser veiculada. Por exemplo, à transmissão do mesmo tema por veícu-
a qualidade da água nos rios brasileiros é notí- los concorrentes ou porque no dia seguinte
cia de abrangência nacional, por isso, o esfor- será passado, ou “fria”, quando pode ser vei-
ço de divulgação deve ser nacional, inclusive culada a qualquer momento, pois foca em
quanto ao alcance dos veículos de imprensa um fato permanente ou de maior duração.
para quem se oferece a notícia. E a notícia pode ser exclusiva, quando é di-
vulgada por um único veículo. Essas são os
Já a instituição da cobrança pelo uso da denominados “furos de reportagem”.
água em uma determinada bacia hidrográ-
fica pode ser fato relevante para os usuá- Lead
rios locais ou para quem mora naquela ba-
cia, portanto, é notícia para veículos locais. É a denominação que se dá para o início dos
Uma reunião para discutir a implementação textos jornalísticos, geralmente o primeiro
da cobrança será um assunto relevante para parágrafo, onde devem aparecer as princi-
os membros do comitê e para os setores pais informações sobre o tema tratado. A de-
usuários de recursos hídricos da Bacia, por nominação vem da palavra em inglês lead,
exemplo, portanto, boas alternativas de di- que significa “conduzir, liderar”. Ou seja, as in-
vulgação para essa notícia pode ser o site formações do lead conduzem a forma como
institucional, o boletim de notícias enviado o tema vai ser tratado, ao concentrarem as
aos públicos de interesse da Bacia Hidrográ- principais informações a serem transmiti-
fica ou ainda um e-mail marketing para es- das. Geralmente, o lead responde às seguin-
ses públicos de interesse. É muito importan- tes perguntas: ‘quem?’, ‘o quê?’, ‘quando?’,
te reconhecer a abrangência da notícia para ‘onde?’, ‘como?’ e ‘por quê?’ cujas respostas
modular o esforço e a estratégia de divulga- conduziriam a um “resumo” do tema a ser
ção. Não se deve oferecer notícia de pouca tratado de forma objetiva.

Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 21


As respostas às essas perguntas devem estar Radio
no primeiro e no segundo parágrafo (suble- Televisão
ad), de preferência. A estrutura do texto jor-
nalístico é chamada de “pirâmide invertida”, Podendo ser uma matéria isolada ou várias
pois as informações mais relevantes devem matérias encadeadas que integram uma re-
aparecer nos primeiros parágrafos. Nos pará- portagem especial, que comporta uma mo-
grafos seguintes surgem outras informações dalidade de texto semelhante, mas com
por ordem decrescente de importância. Con- maior extensão, que permite um texto com
fira abaixo exemplo de Lead. recursos e linguagem mais elaborados. Veja
abaixo um exemplo de reportagem sobre os
Reportagem Globo 21/01/2016 – http://g1. 100 anos da seca de 1915.
globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/
noticia/2016/01/novo-predio-do-forum-tera- Reportagem especial do jornal cearense Di-
-inauguracao-oficial-em-uberaba.html ário do Nordeste – http://diariodonordeste.
verdesmares.com.br/cadernos/regional/me-
Termos e conceitos recorrentes na prática morias-de-cem-anos-1.1217405
da comunicação
Algumas diferenças importantes
Cada profissão possui um vocabulário especí-
fico e com a comunicação não é diferente. Agora que já sabemos o que é uma maté-
ria, vamos compreender a diferença entre
Os vários profissionais listados anteriormente matéria, artigo, editorial e nota, pois é mui-
convivem entre si, dada a interdependência to comum uma certa confusão entre esses
de suas funções e atividades. Nesse contexto, produtos jornalísticos.
desenvolvem diversos tipos de produtos co-
municacionais, utilizam jargões e expressões Artigo
próprias da área profissional, estabelecem pa-
râmetros de comportamento que contribuem Em jornalismo, é o texto que expressa uma
para desempenhar seus papéis. opinião pessoal ou de um grupo específico,
geralmente publicado em jornais ou sites de
Para melhor compreensão desse ambiente notícias que possuem espaços dedicados à
profissional e seus produtos, vamos apresen- opinião de colaboradores frequentes ou con-
tar a seguir algumas definições que compõem vidados para expressarem suas opiniões so-
o universo da comunicação. bre um assunto em discussão pela sociedade
no momento da publicação. Podem repre-
Matéria ou reportagem jornalística sentar um importante espaço de divulgação
de conceitos institucionais, tendo como base
Reportagem é processo investigativo, de apu- um assunto de interesse público. Mas o arti-
ração e de produção que vai resultar em uma go sempre é assinado por uma pessoa física
matéria jornalística, ou seja, é o formato dado à ou fala em seu próprio nome, que represen-
notícia. Deve ter linguagem objetiva que visa a in- ta uma instituição. O especialista, ou assessor
formar sobre algum assunto, apresentando fatos, de imprensa da instituição que o especialis-
exemplos, argumentos e opiniões de especialis- ta representa, pode procurar o veículo onde
tas ou pessoas envolvidas com o tema. Deve se- tem interesse que o artigo seja publicado e
guir o princípio da imparcialidade, ouvindo todos submetê-lo à seleção do veículo, que recebe
os lados interessados no fato noticioso que está dezenas de proposta de artigos por dia. Geral-
sendo reportado. Pode ser publicado em: mente, o espaço do artigo é pré-definido pelo
jornal, site ou revista, portanto, vale a pena se
Impresso informar e enviar o artigo já no tamanho ade-
Digital quado. Veja a seguir um exemplo.

22 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social


Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 23
24 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social
Editorial Nota

Muito semelhante ao artigo jornalístico, di- É uma informação curta, normalmente de


fere no fato de que representa a opinião do um parágrafo no máximo, de caráter de uti-
veículo de comunicação. Geralmente trata lidade pública ou política ou social. Bastante
de temas sensíveis à população e fatos em usado por colunistas políticos ou sociais, ge-
voga na sociedade e possuem um local fixo ralmente a fonte da informação não é iden-
dedicado à opinião do jornal, portal de no- tificada (informação em off, como veremos
tícias ou revista. Quando telejornais expres- melhor na próxima unidade).
sam sua opinião, geralmente o âncora iden-
tifica que se trata da opinião do telejornal. Fonte
Veja o exemplo abaixo:
É a denominação corriqueira que os jornalis-
tas dão aos especialistas ou personalidades
a quem recorrem para falar de determinado
assunto. O termo metafórico é utilizado em
todos os contextos de produção de informa-
ções, sejam mais tradicionais, como jornais
e TVs, sejam nas novas formas de transmis-
são de informações por meios digitais. Uma
boa fonte é aquela que busca estabelecer
um bom relacionamento profissional com os
jornalistas, pois será consultada como fonte
de informação, possui boas informações que
são consideradas notícias e está disponível
para ser consultada para dar informações ou
conceder entrevistas.

Repare que, no exemplo anterior, as principais


fontes são os presidentes dos comitês de ba-
cias hidrográficas. Veja na imagem a seguir.

Entrevista

Processo de perguntas e respostas que o


jornalista promove junto às fontes para bus-
car informações e dados relevantes para a
construção de uma reportagem. No caso de
jornais impressos, quando se trata de uma
fonte importante e relacionada a um tema
relevante, a publicação da íntegra das per-
guntas e respostas passa a ser o foco do
jornalista. Nesses casos, o texto publicado
pode ser chamado de entrevista “pingue-
-pongue”, por causa do formato de pergun-
tas e respostas. Observe o exemplo.

Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 25


26 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social
Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 27
Infográfico assessores de imprensa ou entre jornalistas
e suas fontes de informações. Também é um
Muito semelhante ao artigo jornalístico, difere termo usado de forma genérica para se refe-
no fato de que representa a opinião do veículo rir a um assunto que pode ser transformado
de comunicação. Geralmente trata de temas em matéria. Uma boa pauta é um assunto
sensíveis à população e fatos em voga na so- onde há notícias com as características des-
ciedade e possuem um local fixo dedicado à critas anteriormente, que rende matérias ou
opinião do jornal, portal de notícias ou revista. furos de reportagem.
Quando telejornais expressam sua opinião,  
geralmente o âncora identifica que se trata da Aviso de Pauta
opinião do telejornal. Veja o exemplo abaixo:
A pauta também pode se originar de uma
São recursos que ajudam a compreender o prática muito recorrente entre os assessores
assunto da reportagem por meio da visuali- de imprensa, que é o envio para os jornalis-
zação gráfica de dados. O infográfico a seguir tas de um texto curto e direto, com o obje-
complementa a compreensão da entrevista tivo de avisar sobre um fato, geralmente um
exemplificada no item anterior. Observe: evento, que irá ocorrer em breve.

Pauta Release

Texto que orienta o jornalista no desenvolvi- O release é um tipo de texto jornalístico muito
mento de uma reportagem, uma pauta con- semelhante às matérias, que tem como ob-
tém as principais informações sobre o tema, jetivo chamar a atenção de jornalistas e veí-
dados complementares, informações sobre culos de comunicação para um tema espe-
as possíveis e mais indicadas fontes, além de cífico. O nome se origina na expressão press
orientações sobre as melhores abordagens release, que no inglês se refere à divulgação
do tema. Pode ser apresentado de diversas para a imprensa. Com o uso corriqueiro, a
maneiras, a depender do veículo de comuni- expressão foi reduzida apenas a release. O
cação. Os assessores de imprensa também formato dos releases tem, cada vez mais, se
podem organizar pautas a serem enviadas aproximado de matérias e reportagens, for-
como sugestões para jornalistas nas reda- necendo informações cada vez mais deta-
ções. Geralmente, estas sugestões surgem lhadas e completas para o jornalista, já que
das próprias conversas entre jornalistas e com o desenvolvimento tecnológico a fun-

28 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social


ção do jornalista tem se tornado mais com- Quanto mais segmentado o mailing, melhor
plexa, o que exige cada vez mais tempo do eficiência da comunicação a ser enviada, já
profissional. Veja exemplo: que é muito mais interessante que a informa-
ção chegue até o interlocutor que realmen-
Reportagem: http://www2.ana.gov.br/Paginas/ te vai utilizar a informação, do que a men-
imprensa/noticia.aspx?id_noticia=12800 sagem ser enviada para um público pouco
definido, que provavelmente irá ignorá-la.
Coletiva de Imprensa É importante que o mailing não seja muito
complexo para ser acessado, pois o obje-
São eventos que as instituições, entidades, tivo é facilitar o trabalho do profissional de
empresas ou mesmo personalidades orga- comunicação e não o confundir. Outro fator
nizam para comunicar ou esclarecer deter- importante para a eficiência do mailing é sua
minada informação a vários meios de comu- atualização constante, já que é comum que
nicação ao mesmo tempo. Geralmente são haja dinamismo sobretudo em relação a nú-
organizadas com pouca antecedência, já que meros telefônicos e endereços eletrônicos.
refletem a necessidade de esclarecer even-
tos ou notícias importantes de última hora e Newsletter
são adequados apenas para informar, escla-
recer, divulgar ou prestar contas sobre fatos A newsletter é uma forma de organização de
relevantes de grande interesse público. informações a serem enviadas para um mai-
ling específico, seja na forma impressa ou
Um ou vários oradores fazem uma introdu- digital. Geralmente, apresenta textos curtos,
ção do assunto e logo após os jornalistas que destacam um assunto, um produto ou
presentes realizam as perguntas que julga- uma ação específica. Na versão eletrônica,
rem convenientes. São abertas a todos os que é a mais utilizada atualmente, esses tex-
veículos e imprensa, mediante credencia- tos remetem a links para páginas de mídias
mento prévio ou não, e se diferem de en- sociais ou websites referentes ao assunto
contros de relacionamento com a imprensa que está sendo destacado.
que são eventos menores feitos para estrei-
tar relações, explicar fatos de forma didática Quando não utilizam links, podem ser organi-
sem que haja notícia a ser divulgada neces- zados com textos mais longos e reportagens.
sariamente. Diferente das coletivas, os en- A denominação vem do inglês e significa “bo-
contros de relacionamento com a imprensa letim de notícias”. Por isso, o termo pode ser
são organizados com um ou mais jornalistas usado como sinônimo de boletim informativo.
convidados, geralmente aqueles que acom- Atualmente os boletins eletrônicos são con-
panham o setor de recursos hídricos ou meio siderados mais práticos e econômicos que
ambiente, por exemplo. as revistas impressas, pois dispensam gas-
tos com impressão e distribuição. Confira na
Mailing próxima página o exemplo do Boletim Água,
newsletter da Agência Nacional de Águas.
É uma forma de organização dos contatos im-
portantes para o relacionamento na área de Deadline
comunicação. A denominação vem da palavra
em inglês mailing, que significa “correspon- É o limite máximo de tempo disponível para
dência”. Ou seja, trata-se da organização de a conclusão de um material de comunicação
informações que auxiliam no contato e corres- para viabilizar sua publicação ou realização.
pondência (em especial via e-mail) com ato- É um termo muito utilizado por jornalistas
res importantes para a realização do trabalho porque há um horário limite para que a notí-
na área de comunicação. Pode conter dados cia seja incluída na próxima edição do jornal,
como: telefone, área de atuação, e-mail e site. revista ou telejornal, etc.

Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 29


30 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social
Clipping enquadramentos da câmera, utilização de do-
cumentos e fotografias, etc. Veja o exemplo:
Seleção de reportagens e matérias dos mais
diversos meios de comunicação que citam Link do Vídeo - https://www.youtube.com/
determinado assunto ou instituição interes- watch?v=hEUJLcWIX8M
sada. É uma prática muito utilizada para mo-
nitorar como a Imprensa está cobrindo um Campanhas especiais
assunto, como a instituição ou assunto está
sendo retratado, se de forma positiva, nega- É quando uma instituição ou empresa preten-
tiva ou neutra, ou como a sociedade está de- de chamar atenção sistemática para um assun-
batendo ou interpretando um tema. A deno- to ou fato específico, durante um determinado
minação vem do inglês e remete à ideia de período de tempo, pode lançar através de seus
“recortes de jornais”. No entanto, hoje, com canais de comunicação uma campanha espe-
a diversificação dos meios de comunicação, cial, na qual explica o tema e reúne o maior
o clipping é feito em todos os tipos de ve- número de informações relacionadas ao tema.
ículos, inclusive em mídias sociais. Existem As campanhas são uma forma de sensibilizar
empresas específicas que oferecem o servi- o público de maneira organizada e estratégica.
ço de clipping de materiais para as mais di- Elas podem utilizar instrumentos complemen-
versas instituições, que trazem informações tares para alavancar a campanha, tais como ví-
quantitativas e qualitativas. deos, mídias sociais, seminários, etc.

Vídeos Institucionais Exemplo da Campanha: “Eu viro carranca para


defender o Velho Chico”
São instrumentos audiovisuais que auxiliam Confira a campanha completa: http://cbhsao-
na divulgação de conceitos, campanhas, en- francisco.org.br/virecarranca/
tre outras mensagens importantes para a ins-
tituição ou empresa que pretende divulga-los. Slogan
São muito úteis no caso da gestão de recursos
hídricos, porque podem explicar de forma di- Frase curta, de efeito forte e fácil memorização
dática os temas ligados à gestão. que guarda uma mensagem capaz de fazer as
pessoas se lembrarem de uma causa, empre-
Link do Vídeo - https://www.youtube.com/
watch?v=Ypr9v48_B34

Os vídeos também podem apresentar animações


que auxiliam nas explicações didáticas, com o
objetivo de facilitar a compreensão para os mais
diversos tipos de público. Veja o exemplo:

Link do Vídeo - https://www.youtube.com/


watch?v=Iye8mZexCSM

Vídeo – documentário
sa ou produto. O ideal é que tenha um concei-
É um tipo de vídeo que apresenta uma realidade to por trás da ideia, ou seja, um criativo argu-
específica com vistas a sensibilizar o espectador mento persuasivo. O termo em inglês provém
para aquele assunto. Geralmente utiliza lingua- do gaélico “sluagh-ghairm” que significa “grito
gem muito próxima do jornalismo, mas pode de guerra”. E é mesmo, já que a ideia é chamar
explorar técnicas mais subjetivas, bem como a atenção. Lembra-se da campanha do rio São
recursos complementares, como trilha sonora, Francisco que vimos anteriormente?

Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 31


IMPORTANTE
Para uma boa comunicação sobre recursos
hídricos, não podem faltar imagens, como
fotografias e vídeos. Por isso, não deixe de
organizar um Banco de Imagens, para usá-
-las em suas ações de comunicação e dis-
ponibilizá-las para a Imprensa. Lembre-se
do bordão: Uma Imagem Vale Mais do que
Mil Palavras! Cada foto deve conter pelo
O slogan é: “Eu viro Carranca para Defender o menos as seguintes informações:
Velho Chico”.
Local e data;
Logotipo ou logomarca Identificação das pessoas que apare-
cem na foto com nome e cargo;
É a representação visual ou gráfica que identifica Legenda: uma frase curta que resuma ou
a marca de uma instituição, empresa ou campa- complemente a principal informação da
nha. Além de ser visualmente agradável, deve imagem;
ter uma ideia criativa, ou seja, deve significar algo Palavra chave para facilitar a busca;
e, assim como o slogan, carregar algum concei- Crédito (autor da foto);
to. Por exemplo, a logomarca da Agência Nacio- Informações sobre direitos autorais.
nal de Águas, é formada por ondas de água que
formam as letras A e N. Esse conceito fica claro
nesta vinheta: https://www.youtube.com/wat-
ch?v=JtshF-n-mis&list=PLdDOTUuInCuz6SWIi-
Qttv0Wf9JnpcWlNS DICA

Briefing Com o advento da fotografia digital, a quan-


tidade de fotos registradas tem aumentado
É um conjunto de informações, uma cole- exponencialmente. Atualmente há aplicati-
ta de dados para o desenvolvimento de um vos específicos, como o GeoSetter (gratui-
trabalho de comunicação. Ele contém as to), ou as ferramentas como o Adobe Bri-
informações básicas necessárias para fazer dge e o Adobe Lightroom, que permitem
um plano de comunicação, um vídeo insti- inclusão de metadados, que são informa-
tucional ou um evento, por exemplo. O ideal ções básicas relacionadas a uma imagem
é que além do documento com as informa- que facilitam a sua busca e identificação,
ções e a demanda básica sobre o produto de inclusive com georreferenciamento por
comunicação a ser produzida, haja também GPS. Veja no exemplo da próxima página
uma reunião de briefing entre a área de co- uma fotografia com informações inseridas
municação e a área técnica que demanda o por meio do Geosetter. Muitos outros con-
produto. Leia no ambiente virtual o exemplo ceitos e definições poderiam ser aqui lis-
de um briefing para a produção de um plano tados, no entanto, acreditamos que esses
de comunicação para a fictícia Bacia do Rio já são suficientes para a compreensão das
Cristal. Faremos algumas referências a este rotinas dos profissionais de comunicação.
exemplo ao longo do curso.
Palavra chave para facilitar a busca;
Crédito (autor da foto);
Informações sobre direitos autorais.

32 Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social


Unidade 2 - Conceitos e Práticas em Comunicação Social 33
Resumo da Unidade 2 Voltar ao Sumário

Principais conceitos aprendidos nesta unidade: contratados. No entanto, essa longa descri-
ção de conceitos também tem como objetivo
Profissionais de comunicação familiarizar os integrantes dos comitês de ba-
cia com os termos utilizados recorrentemen-
As ações de comunicação na sociedade po- te na área de comunicação, a fim de esta-
dem ser exercidas por diversos profissionais, belecerem relacionamentos com jornalistas
que desempenham diferentes papeis: jorna- e outros profissionais. A aproximação com o
listas, radialistas, publicitários, designers e re- universo da comunicação e seus profissionais
lações públicas compõem a gama de atores pode render boas pautas e matérias, espon-
que fazem da comunicação uma profissão. taneamente. Mantenha seus contatos com
Dentre esses, os jornalistas merecem aten- profissionais da comunicação em dia!
ção especial, já que podem atuar em diversas
frentes, como assessoria de imprensa, repor-
tagem, edição, produção, entre outras.

Termos e conceitos da comunicação

Alguns importantes conceitos foram apresen-


tados, como num glossário dos principais ter-
mos utilizados no dia a dia pelos profissionais
da comunicação: notícia, pauta, lead, briefing,
clipping, campanha, seminários, entre outros
termos foram descritos para facilitar o proces-
so de aprendizagem sobre o planejamento
de comunicação. São conceitos importantes
aos quais os comitês de bacia podem sempre
recorrer para sanar dúvidas e planejar ações
de comunicação da melhor maneira possível.

DICA

Vale conhecer e pesquisar as principais empre-


sas de comunicação que atuam no seu municí-
pio ou região. Muitas vezes, as empresas podem
oferecer consultorias ou serviços acessíveis, que
podem render um alto índice de divulgação das
ações. Cabe ao comitê decidir a melhor forma
de buscar e utilizar recursos para isso.

IMPORTANTE

Nessa unidade descrevemos diversas fun-


ções que devem ser exercidas por profissio-
nais. Recomendamos, sempre que possível,
que esses profissionais sejam consultados e

34
Voltar ao Sumário
Unidade 3
Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento

CANAIS DE COMUNICAÇÃO: FORMA E CON- área técnica ou assunto, os jornalistas precisam


TEÚDO – PEQUENA INTRODUÇÃO interagir em alguma medida com os temas a
serem cobertos. Por isso, relacionar-se com os
Quando escolhemos uma ferramenta de comu- jornalistas, de modo a difundir um assunto entre
nicação para transmitir nossos conteúdos, ou esses profissionais, é uma das principais estra-
seja, nossas mensagens, é necessário conhecer tégias para a divulgação de um tema nos meios
o potencial e as limitações de cada ferramenta. de comunicação tradicionais.
Para se relacionar com um veículo de Imprensa,
por exemplo, é preciso entender sua complexi- Como já afirmado neste curso, levar o tema da
dade, as principais características de seu funcio- gestão dos recursos públicos para o debate na
namento, e o que o influencia. Isso é importante esfera pública faz parte da responsabilidade
porque forma e conteúdo são extremamente social que os meios de comunicação têm (ou
dependentes, ou seja, para circular, as informa- deveriam ter) para com a democracia. Esse re-
ções são diretamente vinculadas ao suporte lacionamento pode ser promovido de diversas
técnico utilizado para a veiculação. formas. A principal delas, por se tratar da forma
mais comum nos meios de comunicação “tra-
Por isso, é importante compreender cada es- dicionais” (jornais, rádio e televisão) é tornar-se
pecificidade para refletirmos o comportamento uma fonte confiável para os jornalistas.
necessário para um diálogo eficaz com os meios
de comunicação e qual ferramenta escolher. Para isso, não basta ser um bom especialista
sobre um assunto. É necessário também difun-
A IMPRENSA dir entre os jornalistas a necessidade de falar
sobre o assunto, destacando a importância do
Inicialmente, vale destacar a forma mais tradicio- tema para a construção da sociedade e para a
nal da comunicação social, que é a transmissão vida das pessoas. Mas, de que modo é possível
de informações por meio dos veículos de co- sensibilizar os jornalistas para as informações de
municação tradicionais: jornai.s, revistas, rádios interesse público? A resposta a essa pergunta
e emissoras de televisão. Utiliza-se aqui o termo deve contemplar alguns aspectos importantes,
“imprensa” para designar esses meios de comu- que são apresentados a seguir.
nicação e seus correspondentes na internet, por-
que é uma palavra ainda muito utilizada para se
referir a esses espaços de produção jornalística. Qualidade e interesse
da informação
Sua origem remonta ao próprio surgimento da
prática do jornalismo, que inicialmente era uma
atividade intrínseca ao processo de impressão Conhecer e respeitar a
de materiais em papel, jornais, boletins, circula- rotina dos jornalistas
res, etc. Com o surgimento de diferentes veícu-
los de comunicação, a atividade se diversificou, Respeitar a “natureza” do
mas o termo continuou sendo utilizado para in- veículo de comunicação
dicar a atividade realizada por jornalistas.

Desde seu surgimento, o papel do jornalismo (da


O relacionamento profissional
imprensa) se caracterizou por se basear em re-
lacionamentos sociais. Isto é, para abordar uma

35
Qualidade e interesse da informação No caso do exemplo que usamos para mos-
trar um briefing, na unidade 2, o da Bacia do
A primeira e mais importante estratégia de Rio Cristal, uma notícia que destacasse o as-
sensibilização é a qualidade da informação soreamento nos lagos dos reservatórios das
que será divulgada. Jornalistas buscam infor- duas usinas hidrelétricas instaladas da Bacia,
mações de interesse da população, ou seja, Esmeralda e Rubi, que tem impacto direto na
relevantes para a sociedade, principalmente captação das águas e na disponibilidade da
quando as consequências dos fatos informa- água para a geração de energia, seria de am-
dos são capazes de influenciar uma parcela plo interesse regional, tendo em vista a ame-
significativa da sociedade em geral ou de uma aça direta ao fornecimento de energia para
determinada região. Em jornalismo, o conceito a população, podendo causar aumento na
de “valor-notícia” está diretamente relaciona- tarifa e até mesmo racionamento de água e
do a essa estratégia, pois se refere à expressi- de energia. Por outro lado, uma reunião para
vidade do tema para a comunidade onde será decidir questões internas do comitê de bacia
veiculada. Para determinar o valor-notícia, os não será importante para o público amplo,
jornalistas utilizam alguns parâmetros, chama- nem vai chamar a atenção num contexto de
dos de critérios de noticiabilidade. outras notícias possíveis.

Ineditismo: as informações inéditas são mais IMPORTANTE


relevantes do que as informações já publicadas.
Improbabilidade: quanto mais inesperada a Muitas vezes, uma informação pode não ser
informação, mais expressiva ela será. de interesse do público mais amplo, mas
Interesse: quanto mais pessoas afetadas pode ser interessante para o público interno.
pelas informações transmitidas, maior inte- Esse tipo de informação pode ser divulgada a
resse ela terá. esse público específico e interessado, carac-
Apelo: a informação será mais importante, terizando o processo de comunicação inter-
quanto mais curiosidade causar entre os in- na, que se contrapõe à comunicação externa,
terlocutores. cujo público é mais genérico.
Proximidade: quanto maior a proximidade
geográfica, mais importante e significativa A comunicação interna é bastante impor-
ela se torna. tante para a comunicação de instituições
Empatia: a identificação dos públicos diante marcadas pela gestão participativa, como
das informações também é muito significativa. é o caso do SINGREH. É imprescindível que
Proeminência: quanto mais pessoas públi- haja transparência na condução da gestão
cas envolvidas, mais interessante se torna a de tais recursos, além da garantia do envol-
informação. vimento de todos os atores que se predis-
Impacto: quanto mais impactante for a in- põem a representar os setores usuários ou
formação, maior será a probabilidade de ser a sociedade, no caso dos comitês de bacias
publicada. hidrográficas, por exemplo. Um instrumen-
Interesse humano: as informações podem fazer to interessante para ações de comunicação
referência a histórias de vida, que podem des- interna são as newsletters ou boletins infor-
pertar a atenção da sociedade por seu exemplo. mativos a serem enviados diretamente para
o público específico.
Além desses critérios, utilizados para carac-
terizar uma informação em notícia, é valido No caso do exemplo da Bacia do Rio Cristal,
ressaltar que as informações sobre um tema uma informação que poderia ser alvo da comu-
específico também devem se destacar diante nicação interna seria a readequação de datas
de outras tantas informações, relacionadas a para reuniões internas para discussão sobre a
outros temas, que podem ser divulgadas. implantação da cobrança do uso da água.

36 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


Conhecer e respeitar a rotina dos jornalistas exemplo, ao receber uma equipe de jornalis-
mo televisivo, é muito importante ter em vista
Como todos os outros profissionais, os jornalis- que esse tipo de veículo trabalha com equipa-
tas possuem uma rotina diária composta por al- mentos que exigem um espaço mínimo para
gumas atividades e ferramentas predetermina- a gravação de uma entrevista. É também inte-
das para o desenvolvimento do seu trabalho. A ressante contribuir para que a entrevista tenha
administração do tempo é essencial para essa um senso estético agradável usando roupas
rotina repleta de atividades, e influencia direta- formais, por exemplo. Outro exemplo impor-
mente a qualidade do trabalho, já que a produ- tante é a linguagem a ser utilizada em cada
ção jornalística exige um tempo de dedicação à tipo de abordagem com a imprensa: Provavel-
pesquisa e compreensão do tema a ser noticia- mente, ao conceder entrevista para um jornal
do. Desse modo, é muito importante respeitar a impresso, a fonte poderá se alongar nas expli-
grade de atividades desses profissionais, bem cações, o que não pode acontecer nas entre-
como as funções específicas de cada profis- vistas que serão televisionadas, porque estas
sional, buscando enxergar os melhores e mais possuem um tempo bem mais restrito.
estratégicos momentos da rotina do jornalista
para fazer um contato, bem como os melho- O relacionamento profissional
res formatos para a abordagem. Por exemplo,
ao pensar na rotina de um profissional de jornal É importante compreender que o profissional
impresso, é interessante considerar que os mo- de jornalismo não age por interesse próprio.
mentos de reuniões de pauta que geralmente Diversas forças sociais influenciam sua atua-
ocorrem pela manhã, a depender da empresa, ção, desde a própria identidade profissional,
não são propícios. Pior ainda entre o final da tar- até os interesses políticos e econômicos da
de e o início da noite, hora do fechamento da empresa de comunicação à qual está vincula-
edição, mas dependo do noticiário ou progra- do. Sendo assim, quando um jornalista aborda
ma, o horário de fechamento varia. um assunto conforme a intenção do plane-
jamento de comunicação, o profissional não
É evidente que esse aspecto do relaciona- está fazendo um “favor”, mas sim reconhecen-
mento com a imprensa exige certa dedicação do o valor do assunto para a esfera pública de
de tempo em compreender o funcionamento discussão. Não é respeitoso “barganhar” com
interno dos meios de comunicação. Mesmo jornalistas, o que poderia até arriscar a credi-
demandando tempo e a construção gradual bilidade da fonte. Ao criar um relacionamen-
de relacionamentos profissionais, essa com- to com os profissionais da imprensa, pressu-
preensão pode fazer a diferença na divulga- põem-se motivações que sejam estritamente
ção de um assunto e criar laços duradouros profissionais que se baseiem no interesse pú-
com um meio de comunicação. blico. Ainda que seja possível haver uma apro-
ximação de caráter mais pessoal com os
Respeitar a “natureza” do veículo de comunicação profissionais dos meios de comunicação, a
credibilidade não deve ser colocada em risco,
É importante compreender as características com a preservação do profissionalismo.
específicas do veículo de comunicação com o
qual se pretende relacionar, o que inclui suas Apesar da importância dos profissionais de
estruturas de funcionamento interno, a que comunicação para a esfera pública, especial-
grupos pertencem os veículos e sua linguagem. mente os jornalistas, e considerando o atual
contexto de desenvolvimento tecnológico, é
Considerar essas questões não apenas facili- importante compreender que a circulação de
ta o relacionamento entre a fonte e o jornalis- informações não depende somente da atuação
ta, mas também confere maior efetividade ao de empresas jornalísticas. Com a expansão das
processo de transmissão da informação pre- mídias de divulgação e a convergência entre as
visto no planejamento de comunicação. Por mesmas, muitas informações podem chegar

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 37


diretamente ao público sem a intervenção de imprensa sempre poderá enviar ao jornalista
um jornalista ou outro comunicador. Essa con- informações complementares. No entanto,
juntura faz com que seja necessário cada vez é muito importante que ele esteja bem in-
maior cuidado com o grau de clareza e corre- formado e preparado para ser um porta-voz,
ção das informações divulgadas. tanto do ponto de vista da forma como, e
principalmente, do conteúdo.
Vale ressaltar, ainda, que os temas de inte-
resse público, geralmente, são muito bem Num mundo cada vez mais mediado por tec-
recebidos pela mídia em geral. É suposto nologias de comunicação, a difusão de men-
que os jornalistas busquem salvaguardar a sagens e informações se dá de forma cada vez
responsabilidade social inerente ao exercí- mais direta (sem intermediários), mais veloz e
cio do jornalismo na sociedade. No entan- em quantidades cada vez maiores. Esse cená-
to, o desenvolvimento tecnológico, ao criar rio é responsável por um fenômeno muito co-
condições para o crescimento exponencial mum na atualidade que é o desaparecimento
e constante do fluxo de informações na so- das fronteiras entre informações verdadeiras
ciedade, impôs um ambiente saturado de e informações forjadas ou com fundamentos
informações que, muitas vezes, confunde frágeis. Por isso, profissionais competentes se
os públicos, e representa uma barreira para fortalecem como fontes confiáveis.
a compreensão focada de um assunto. Isso
porque quanto maior o número de informa- Os profissionais porta-vozes passam a re-
ções em circulação, mais difícil será colocar presentar todo o conhecimento institucional
um assunto específico em evidência. Por isso, acumulado ao longo do desenvolvimento
tenha certeza que o seu tema é realmente da própria instituição. Essa afirmação leva à
relevante antes de procurar a imprensa. crença de que se trata de uma responsabi-
lidade exagerada, mas na verdade trata-se
Porta-Vozes apenas do fato de que as organizações são
entes abstratos, e o público tende a associar
Quando se fala em divulgação de mensagens as imagens às informações por elas veicula-
de uma organização, instituição ou mesmo das. No caso das instituições de gestão de
de uma empresa, é imprescindível pensar recursos públicos, os profissionais também
não apenas nos veículos e canais de comu- podem ser associados não apenas às orga-
nicação, mas também nos porta-vozes das nizações em si, mas também a partidos ou
mensagens, que vão representar as ideias di- instâncias governamentais, que nem sempre
fundidas perante o público. Mesmo quando têm relação com trabalho do profissional.
se utiliza o serviço de assessoria de impren- Nesse sentido, ele deve estar atento para
sa, o relacionamento com os públicos pode deixar claro sua atribuição e papel dentro da
ocorrer por meio de mensagens atribuídas a instituição, bem como o papel da instituição
uma fonte, ou seja, um profissional específi- no contexto social em que está inserida.
co. Neste caso, as assessorias realizam, en-
tre outras tarefas, o trabalho de colocar essas Além disso, os profissionais são atores estra-
pessoas em contato com o público-alvo ou tégicos na consolidação da chamada “comu-
encaminhar a resposta por escrito. nicação integrada” nas organizações, ou seja,
a ideia de que a comunicação, ao assumir um
Cada instituição deve ter porta-vozes pre- papel central na sociedade contemporânea,
parados para conceder boas entrevistas. O também deve ser trabalhada em suas mais
porta-voz não precisa ser como uma enci- diversas dimensões dentro de uma instituição
clopédia, ou seja, ele não tem que saber ou – seja no relacionamento com a imprensa, nas
lembrar-se de tudo que envolve sua área de questões relativas à área de publicidade e pro-
especialidade “na ponta da língua” no mo- paganda, na comunicação com seu público
mento da entrevista, pois a assessoria de interno, na presença institucional nas mídias

38 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


sociais etc. Os porta-vozes têm capacidade de to sobre a ética da instituição para guiar sua
figurar como o profissional que ao estar atento conduta. Caso contrário, pode haver uma
tanto à filosofia de conduta institucional, quan- exposição desnecessária ou mesmo o des-
to aos canais de comunicação possíveis, pode gaste da imagem da instituição junto à mídia
agregar as visões das diferentes áreas de uma e ao público. Ele deve saber delimitar o as-
instituição em um fio condutor comum e para sunto que vai divulgar.
isso ele precisa estar treinado.
Essas diretrizes devem orientar o porta-voz
Desse modo, quanto mais próximo for o relacio- não apenas em seus primeiros contatos com
namento do porta-voz com os possíveis canais a mídia, mas em todo o seu relacionamento.
de comunicação, e quanto maior conhecimen- Esses preceitos também contribuem no de-
to o porta-voz tenha sobre esses canais, me- senvolvimento das outras etapas de prepa-
lhor será a qualidade da informação veiculada. ração e desempenho do profissional para se
Isso porque, ao conhecer a natureza do canal tornar um bom porta-voz.
de comunicação, os profissionais, linguagens e
características envolvidas, mais o porta-voz se
Principais passos para se preparar um porta-voz
sentirá à vontade para desenvolver uma boa
narrativa, com tranquilidade e responsabilida-
de, conforme veremos a seguir. 1 Entender a pauta

Vale ressaltar que uma instituição pode e deve 2 Apresentação física


ter mais de um porta-voz, a depender do tama-
nho da organização e de sua expressividade
social. Além disso, diferentes porta-vozes po-
3 Conhecer a instituição

Conhecer o tema
dem se destacar em uma mesma instituição de
acordo com suas especialidades.
4 da entrevista
Definir e defender uma
Preparação do profissional 5 “mensagem-chave”

Antes de dar destaque às etapas necessárias 6 Disponibilidade


para a preparação do porta-voz, é importan-
te ressaltar duas diretrizes fundamentais: 7 Linguagem adequada

Responsabilidade: com o nome da institui-


ção a que representa. Deve estar consciente
8 Pós-entrevista

de que não fala por si apenas. É um repre-


sentante opiniões pessoais não interessam. 1) Entender a pauta: compreender a de-
O porta-voz é responsável pela qualidade manda que está atendendo e as característi-
dos conteúdos informados e pela adequação cas da mídia que vai transmitir a informação.
do comportamento seu e da instituição. Por
exemplo, não se deve representar uma en- 2) Apresentação física: é sabido que a lin-
tidade que trabalha pela sustentabilidade e guagem ultrapassa a fala. Modos de vestir
ser flagrado em ações que prejudicam o meio e de se comportar dizem tanto quanto uma
ambiente. Hoje em dia, o comportamento vale mensagem falada ou escrita. Por isso, o por-
também para a presença nas mídias sociais. ta-voz deve cuidar adequadamente de sua
Conhecimento da ética institucional: é co- apresentação visual em casos de entrevis-
mum que os porta-vozes sejam instigados a tas, seja audiovisual ou não.
falar sobre temas polêmicos ou controver-
sos. Nesses casos, é imprescindível que o 3) Conhecer a instituição: o conhecimento
porta-voz tenha um profundo conhecimen- do porta-voz deve ir além da esfera técnica

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 39


e de atribuições de sua instituição. Ele deve cobrança do uso da água poderia ter como
conhecer a filosofia de conduta da organiza- mensagens-chave os benefícios da aplica-
ção, e função em um contexto maior. ção dos recursos advindos desse tipo de
cobrança e o fato de não se tratar de um im-
4) Conhecer o tema da entrevista: parece posto, mas de uma espécie de taxa de con-
óbvio, mas é muito importante que o porta- domínio paga pelos usuários do rio.
-voz esteja bem preparado para responder
todas as possíveis perguntas sobre o assunto 6) Disponibilidade: uma das característi-
de uma entrevista. Muitas vezes, por ques- cas mais significativas da entrevista é o fato
tões hierárquicas, os porta-vozes se arriscam de que ela conserva muitas expectativas.
ao fazer declarações sobre temas que não De um lado, o entrevistador espera ouvir
dominam, o que também significa um risco determinadas declarações. Do outro lado, o
para a imagem da instituição. Nesses casos, porta-voz espera destaque para sua decla-
caso haja disponibilidade, é válido designar ração ou entrevista. Todo esse clima de ex-
outro porta-voz especialista que possa for- pectativa confere à entrevista certa tensão,
necer dados com clareza e correção. Caso que faz parte do momento. O mais impor-
contrário, cabe ao porta-voz, junto com as tante é encarar a entrevista como um espa-
instâncias decisórias da instituição, decidir se ço estratégico de produção de informações
é válido correr o risco ou recusar a entrevista. sobre um tema, mas ter claro que a expec-
A recusa não é um problema grave é até cor- tativa pode ser frustrada, o que não deve in-
riqueiro na dinâmica de trabalho jornalístico; terferir na disponibilidade do porta-voz em
mesmo assim, deve ser feita de forma a man- uma outra oportunidade.
ter o bom relacionamento com os jornalistas.
7) Linguagem adequada: aqui, vale lem-
5) Definir e defender uma “mensagem-chave”: brar a citação do filósofo Sócrates: “Pense
Trata-se da principal ideia, argumento ou con- como pensam os sábios, mas fale como fa-
ceito a ser transmitido. Uma espécie de fio lam as pessoas simples”. Mas isso não signi-
condutor da entrevista que o porta-voz deve fica usar jargões e frases feitas. É importante
destacar sempre que puder, ainda que não es- usar frases claras, objetivas e didáticas e evi-
teja diretamente ligado ao tema da pergunta. tar opiniões pessoais.
Neste caso, ele deve ter a habilidade de “en-
caixar” aquela mensagem em sua resposta.
8) Pós-entrevista: finda a entrevista, é im-
Por exemplo, no caso da Bacia do Rio Cristal, portante que o porta-voz estabeleça um
uma entrevista sobre a polêmica questão da clima cordial com os jornalistas, trocando
contatos, e colocando-se à disposição para
mais informações. O bom relacionamento do
porta-voz com a imprensa é essencial para
que a instituição tenha uma boa reputação
no ambiente comunicacional.

Essas dicas de preparo de porta-voz são


orientadoras, ainda mais em um ambiente
comunicacional em plena e constante muta-
ção. Cada oportunidade de entrevista pode
demandar habilidades diferentes a depen-
der do contexto. Por isso, é importante que
o porta-voz seja uma pessoa sociável e dis-
posta a enfrentar desafios. Muitas empresas
de comunicação oferecem treinamentos de

40 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


porta-vozes. São os chamados Media Trai- GERENCIAMENTO DE CRISES
nings ou Treinamentos de Mídia, que buscam
melhorar a capacidade de relacionamento No relacionamento com a imprensa, pode
com os jornalistas. ocorrer episódios em que a imagem institu-
cional seja lesada ou esteja envolvida com
É importante destacar que as entrevistas pas- fatos que ameacem a credibilidade da ins-
sam por um processo de edição, que pode tituição. Nesses casos é necessário acessar
incluir cortes e mudanças em termos utiliza- todo conhecimento possível sobre a impren-
dos, principalmente nos casos de entrevistas sa e sobre o assunto e se preparar para gerir
que geram publicações escritas, onde tam- a crise de forma menos nociva possível. Al-
bém é comum que os títulos não sejam tão gumas ações para seguir nesses casos são:
condizentes com o texto publicado.
1) Sempre ter em vista que a gestão da
Além disso, nem sempre o fato de conceder crise tem como objetivo reduzir, minimizar,
uma entrevista vai resultar necessariamen- e até mesmo extinguir, quando possível, os
te numa publicação, o que vai depender da efeitos de um fato que tenha abalado a ima-
força da informação transmitida de acordo gem da instituição.
com os critérios de noticiabilidade mais im-
portantes para o jornalista no momento da 2) Definir uma equipe responsável pela
publicação. Veja a seguir exemplos de boas tomada de decisões e escolha das infor-
e más entrevistas. mações e respostas que serão divulgadas
sobre o tema em questão. Esse grupo irá
Essas dicas de preparo de porta-voz são centralizar o atendimento à imprensa ou a
orientadoras, ainda mais em um ambiente outros públicos sobre o tema. Isso evita que
comunicacional em plena e constante muta- diferentes pessoas falem sobre a polêmica,
ção. Cada oportunidade de entrevista pode o que poderia gerar incongruências que po-
demandar habilidades diferentes a depen- dem fragilizar ainda mais a figura institucio-
der do contexto. Por isso, é importante que nal e reduzir a sua credibilidade.
o porta-voz seja uma pessoa sociável e dis-
posta a enfrentar desafios. Muitas empresas 3) Monitoramento constante dos dados
de comunicação oferecem treinamentos de que estão sendo publicados sobre o tema.
porta-vozes. São os chamados Media Trai- Essa ação é importante para que haja a
nings ou Treinamentos de Mídia, que buscam possibilidade de correção, quando for o caso.
melhorar a capacidade de relacionamento
com os jornalistas. 4) Prezar pela transparência e objetivida-
de ao fornecer respostas e informações so-
É importante destacar que as entrevistas pas- bre o tema. A melhor opção é sempre a ver-
sam por um processo de edição, que pode dade, sempre definindo estrategicamente
incluir cortes e mudanças em termos utiliza- como apresentá-la.
dos, principalmente nos casos de entrevistas
que geram publicações escritas, onde tam- 5) Não fugir dos debates de ideias e das
bém é comum que os títulos não sejam tão entrevistas, o que poderia acarretar má
condizentes com o texto publicado. interpretação. Nesses casos, é importante
dar atenção especial à preparação para
Além disso, nem sempre o fato de conceder as coletivas de imprensa, que são muito
uma entrevista vai resultar necessariamente comuns nas crises, e nas quais podem
numa publicação, o que vai depender da força surgir perguntas polêmicas. Por outro lado,
da informação transmitida de acordo com os a própria instituição pode chamar uma
critérios de noticiabilidade mais importantes coletiva de imprensa para esclarecer seu
para o jornalista no momento da publicação. posicionamento.

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 41


PUBLICIDADE E PROPAGANDA Já a Lei 12.232/2010 estabelece normas
para contratos da administração pública de
Outras conhecidas ferramentas de comunica- serviços de publicidade prestados neces-
ção são a publicidade e a propaganda. As duas sariamente por meio de agências de pro-
práticas estão intimamente ligadas ao consu- paganda no âmbito da União, estados e mu-
mo de produtos, mas também podem ofere- nicípios, considera serviços de publicidade o
cer recursos úteis para o planejamento da co- conjunto de atividades realizadas integrada-
municação institucional e de utilidade pública. mente que tenham por objetivo o estudo, o
planejamento, a conceituação, a concepção,
Segundo o Conselho Executivo das Normas- a criação e a execução da publicidade com
-Padrão (CENP), entidade privada que tem o objetivo de promover a venda de bens ou
como objetivo garantir, no âmbito nacional, serviços, difundir ideias ou informar o público
boas práticas comerciais entre anunciantes, em geral. Link para conhecer essa Lei http://
agências de publicidade e veículos de co- www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
municação, os termos são sinônimos. Alguns 2010/2010/Lei/L12232.htm Um dos prin-
autores buscam diferenciar os dois termos, cipais produtos da área de publicidade e
embora tal diferenciação cause polêmica. No propaganda é a criação de uma marca ou lo-
Brasil, segundo os professores do Departa- gotipo que cai caracterizar a instituição.
mento de Mercadologia da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), no livro “Gestão de Marketing” Tal processo de criação tem como base principal
(DIAS, 2011), uma das referências na área, uma o conceito que orienta as ações da instituição, os
das possíveis diferenciações pode ser feita seus principais temas. Esse conceito tem a ver
como no quadro a seguir. diretamente com a missão, visão e valores, con-

Conceito Definição Exemplos

Todas as formas de comunicação


Notícias sobre um produto ou empresa
espontâneas sobre uma marca,
publicadas gratuitamente num meio
Publicidade assunto, empresa ou produto. Nesse
de comunicação. Popularização de um
tipo de comunicação, a divulgação
assunto (“boca a boca”.
é feita voluntária e gratuitamente.

Todas as formas de divulgação de


Propaganda Outdoors, banners, etc.
informações mediante pagamento.

É necessário ressaltar que os dois conceitos são interdependentes e, inclusive, estudados


conjuntamente. Uma propaganda sempre é uma fonte importante e estratégica de publicidade.

O mais importante nessa tentativa de definição é forme serão vistos na próxima unidade. A partir
destacar que a publicidade e a propaganda são dessa ideia central, é criada uma imagem que
instrumentos do marketing, que é outro concei- vai identificar e caracterizar a instituição. Vale
to muito importante no contexto da comunica- ressaltar que a marca também pode ser defini-
ção. Segundo a American Marketing Association, da especificamente para produtos, campanhas
o marketing seria uma função organizacional ou ações de mobilização especiais. É recomen-
que engloba um conjunto de processos: a cria- dável que a marca seja criada por uma agência
ção, a comunicação e a entrega de valor para os especializada, o que exige um investimento re-
clientes, bem como a administração do relacio- lativamente alto. No entanto, a importância des-
namento com eles, com o objetivo de beneficiar se passo para a consolidação da instituição na
a organização e seu público interessado. sociedade é de extrema importância.

42 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


Comerciais de TV: anúncios pagos divul- No caso da circulação de informações de in-
gados durante a grade de programação de teresse público, as peças oriundas da área de
uma televisão com o objetivo de promover publicidade e propaganda podem ser instru-
um produto. mentos interessantes para a divulgação de de-
Spot: tipo de comercial específico para terminados assuntos, com especial destaque
emissoras de rádio, que aproveitam a lingua- para campanhas. Nesses casos, tal como na
gem mais direta e coloquial para promover criação da marca, é necessário contratar uma
um produto. agência de publicidade que seja especializada
Anúncio para jornais e revistas: propagan- na produção dessas peças. A partir dessa dis-
das que utilizam linguagens visual e escrita cussão sobre os conceitos em publicidade e
para promover um produto nas páginas de propaganda, é possível entender os possíveis
jornais ou revistas. caminhos para estar presente na mídia através
Outdoors: grandes painéis posicionados de suas peças. Observe a seguir:
em pontos estratégicos nas cidades que uti-
lizam as linguagens visual e escrita para pro- Mídia paga: tratam-se dos casos em que é
mover um produto. preciso pagar pelo espaço ocupado, seja uma
Anúncios para redes sociais: cada vez mais propaganda em revistas ou televisão, seja
comuns, esse tipo de anúncio aproveita os es- uma citação em um perfil estratégico no Face-
paços das redes sociais para promover um pro- book ou outra mídia social, etc. Geralmente, as
duto. Podem ser utilizadas as linguagens au- propagandas são organizadas por agências de
diovisual, ou apenas visual e escrita. Publicidade e Propaganda, que reúnem profis-
Panfletos: também conhecidos como filipe- sionais especialistas nesse tipo de divulgação,
tas ou flyers, a depender do tamanho do papel, tais como designers, publicitários, redatores,
são peças que utilizam o suporte do papel em roteiristas, etc. No caso do setor público, este
formato a ser entregue individualmente, que se é um requisito legal. Espaços publicitários só
utilizam das linguagens visual e escrita para a podem ser adquiridos por meio de uma agên-
promoção do produto. cia de publicidade e propaganda contratada,
Cartazes: também conhecidos como ban- conforme estabelece a Lei 12.232/2010.
ners, têm o mesmo objetivo dos panfletos, mas
como têm formato maior, são expostos em lu- Mídia espontânea: são os casos em que
gares estratégicos, geralmente dentro de esta- se faz referência a um assunto, produto ou
belecimentos comerciais, no interior de veícu- empresa sem que haja um acordo financei-
los de transporte coletivo de pessoas, etc. ro para isso. Nesses casos, a mídia que dá
publicidade ao tema age espontaneamente,
Vale ressaltar que os cartazes e panfletos, em- geralmente pelo interesse na notícia. Outro
bora estejam cada vez mais em desuso de- exemplo são as campanhas de conscientiza-
vido ao crescimento das redes sociais, ainda ção publicadas em redes sociais e jornais a
podem ser instrumentos interessantes para partir do interesse público sobre um tema,
comunidades mais remotas ou ribeirinhas que ou seja, a relevância social do mesmo. Com
tenham baixo acesso à internet. a ampliação e popularização das mídias so-
ciais, a espontaneidade no tratamento de
No entanto, a utilização do papel deve ser ava- um tema tem sido cada vez mais objeto de
liada com cuidado, já que o processo de produ- interesse dos comunicadores em geral.
ção de papel consome um volume expressivo
de água. Por isso, não utilizar o papel também Para decidir sobre a alocação de um assun-
pode ser uma forma de conscientização sobre to em um veículo, principalmente quando se
o uso racional da água e, consequentemente, trata de mídia paga, é importante discutir as
sobre a preservação do meio ambiente e dei- formas de aferição de audiências nas mais
xar isso claro pode ser uma forma de transmitir diferentes mídias. O conceito de “audiência”,
uma mensagem de uso racional da água. apesar de ter sua etimologia ligada ao sen-

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 43


tido da audição, é utilizado para designar o Medição por painel: também utilizado para
público que participa de qualquer processo medir a audiência na internet, é feita a partir
de comunicação, por meio de rádios, jornais, de uma amostra de usuários da internet, que
televisão, revistas, internet, entre outros. devem se voluntariar para participarem da
aferição, já que precisam instalar um software
Cada um dos processos exige um método di- nos seus computadores que faz o registro de
ferente de medição da audiência, que pode todas as páginas visitadas. Esse tipo de me-
ser expressa em números absolutos ou per- dição é comum em empresas que fazem o
centuais, e também pode ser segmentada a monitoramento do comportamento dos fun-
partir de diversas variáveis, tais como gênero, cionários durante o trabalho.
idade, classe econômica, grau de instrução,
etc. As diferentes formas de abordagem dos Órgãos de aferição de audiência no Brasil
métodos vão refletir exatamente as caraterís-
ticas dos órgãos que os desenvolvem e apli- Instituto de Verificação de Circulação (IVC):
cam. A seguir, são listados alguns dos signifi- órgão que desenvolve e aplica um método
cativos órgãos e métodos utilizados no Brasil. para medir a circulação de publicações im-
pressas, sobretudo jornais e revistas. No Brasil,
Métodos surgiu no início da década de 1960, e desde
então tem aprimorado o serviço de auditorias
Gross Rating Point (GRP): é a taxa bruta de para medir os públicos de impressos. Mais
pontos de audiência, utilizado sobretudo na recentemente, com o advento e desenvolvi-
aferição de programas e propagandas televi- mento cada vez mais veloz da internet, passou
sivas. Esse parâmetro demonstra em termos a ser chamado IVC, de forma a abarcar outros
percentuais o resultado de uma comunica- métodos e canais a serem medidos.
ção realizada. Trabalha com os conceitos de
alcance, cobertura, e frequência das audiên- Nielsen Company: um dos mais importantes
cias. Por exemplo, o GRP pode demonstrar o institutos de aferição de audiência e compor-
percentual de domicílios que foram afetados tamento de consumidores do mundo. Surgiu
por uma propaganda televisiva. no ano de 1923, sendo a pioneira na área de
pesquisa de mercado. Criou métodos próprios
Target Rating Point (TRP): tem a mesma lógi- que se tornaram referência para os estudos de
ca do GRP, mas trabalha em termos de audi- audiência, destacando-se nas análises de audi-
ência individual e, portanto, mais específicos. ências de televisão, área na qual se tornou sinô-
Por exemplo, o TRP pode demonstrar quan- nimo de aferição de público (em alguns países,
tos consumidores do universo do público- os índices de audiência de TV são comumente
-alvo foram atingidas por uma propaganda. conhecidos como “Nielsen ratings”).

Web Analytics: atua na aferição de audiência IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
da internet, que é feita através de códigos que Estatística): um dos principais órgãos de audi-
são ligados às páginas da internet e permitem a toria de audiência, principalmente televisiva, do
medição do número de acesso que uma página Brasil. Já atua há mais de 70 anos no mercado na
recebe. Também permite a qualificação desse área de medição de audiência, opinião pública, e
número de acesso, especificando quantos na- comportamento de consumidores. Tem diversi-
vegadores (browsers) acessaram uma página, ficado sua atuação, para medição da audiência
por quanto tempo, com que frequência, etc. A na internet no Brasil o Ibope tem parceria com o
limitação desse método é a imprecisão do nú- Nielsen. A partir de 2015, o Instituto alemão GFK
mero de pessoas, já que a mesma pessoa pode também passou a fazer medições no Brasil.
acessar uma página de navegadores diferentes;
e do mesmo modo, um único navegador pode Google Analytics: serviço gratuito oferecido
ser compartilhado por pessoas diferentes. pelo Google para a medição da audiência de

44 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


websites na internet. É a principal ferramen- Link para saber mais sobre essa Lei. http://www.
ta utilizada nesse tipo de auditoria na internet, planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm
muito comum entre desenvolvedores. Cada vez
mais profissionais vêm se especializando nesta Direito autoral: preserva a autoria de toda cria-
ferramenta, destacando sua importância para ção intelectual que exige um ato criativo por
a comunicação na atualidade, especialmente parte de um indivíduo, tais como texto, foto-
profissionais de marketing, programação digi- grafia, músicas, vídeos, ilustrações, logotipos,
tal, publicidade e propaganda, entre outros. etc. Para utilizar quaisquer dessas criações, é
necessário pedir autorização para o autor ou
É importante ressaltar que esses são apenas pagar para sua utilização. No Brasil, esse direi-
os exemplos mais comuns e há vários outros to é regulamentado pela Lei 9.610, de 1998.
organismos, métodos, softwares, entre outros
instrumentos que são como medidores de Uso de imagem: o direito à imagem é garan-
audiência e pesquisa de comportamento de tia que todo indivíduo tem sobre a represen-
usuários. Tais ferramentas são importantes alia- tação gráfica de sua própria figura, em diver-
dos no planejamento de comunicação, porque sas expressões: fotografias, vídeos, gravuras,
podem oferecer informações interessantes e entre outras. Para que seja utilizada sua ima-
significativas que servem de base para definir gem, um indivíduo deve autorizar, sendo que
públicos, canais e estratégias de divulgação o consentimento pode se dar mediante paga-
de informações. Além disso, essas informações mento ou não. Geralmente, o uso de imagem
podem ser importantes para orientar a avaliar é pago em casos de utilização comercial de
os resultados do plano de comunicação após a uma imagem (propaganda, vídeos institucio-
sua execução. nais, etc.). No Brasil, essa garantia está ex-
pressa no Capítulo II do Código Civil.
O acesso a alguns instrumentos de aferição,
no entanto, depende de alocação de recursos No Brasil, uma obra se torna domínio público
financeiros, seja por meio de pagamento de quando o autor, ou seus herdeiros, deixam de
uma pesquisa específica encomendada junto possuir o direito sobre aquela criação. Nossa
aos órgãos de medição, seja pela contratação legislação estabelece que são 70 anos para
de profissionais que dominam métodos e fer- que uma obra seja considerada de domínio
ramentas que podem fazer a diferença para público. Um bom exemplo é a obra de Antoine
o planejamento de comunicação. Alguns ins- de Saint-Exupéry, sendo o livro mais conheci-
trumentos, principalmente os ligados à redes do “O Pequeno Príncipe”. Em 2015 completou
sociais, estão disponíveis gratuitamente como 70 anos de sua morte; portanto, em 1º de janei-
Cetic.br e Research da Google, entre outros. ro de 2016 sua obra se tornou domínio público.

Direitos autorais RELAÇÕES PÚBLICAS

Outra questão específica ligada à publicidade Uma das formas mais interessantes de alcan-
e propaganda que também pode exigir um in- çar os públicos de forma direta e objetiva são
vestimento financeiro é a utilização de direitos as Relações Públicas. Essa área do conheci-
autorais e direitos de imagem. Ao divulgar um mento busca estratégias cada vez mais efi-
assunto, é possível utilizar textos, imagens, ví- cientes de relacionamento com os diversos
deos, entre outros instrumentos que deman- públicos de interesse. No caso da gestão dos
dam autoria e o uso de imagens (fotografias, recursos hídricos, os públicos são muitos, e
desenhos, ilustrações, etc.). bem variados, tais como pesquisadores, uni-
versidades, imprensa, usuários, sociedade ci-
Ao fazer uso desses instrumentos é necessário vil e os próprios integrantes do Singreh: órgãos
atentar para as leis que regulam os direitos auto- gestores de recursos hídricos, conselhos de
rais e direitos de uso de imagens Lei 9.610/1998. recursos hídricos, comitês de bacias hidrográ-

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 45


ficas e entidades delegatárias que cumprem sensibilizar os formadores de opinião e tirar
funções de agências dos comitês de bacia. dúvidas sobre a questão.

Para estreitar o relacionamento com esses pú- Um bom exemplo dessa prática é a organização
blicos, a área de Relações Públicas utiliza como de mini expedições, feitas pelo Projeto Manuel-
instrumento fundamental a realização de even- zão em Minas Gerais. O Projeto conta com forte
tos, que podem ser definidos como o ato de reu- envolvimento das comunidades locais, como
nir pessoas e/ou instituições em determinado por exemplo: a elaboração de mapas para os
local, a partir de um objetivo comum pré-defini- participantes, atividades realizadas em campo,
do. Os eventos são ótimas oportunidades de for- como caminhadas e apresentações culturais.
talecer positivamente a imagem das instituições. As mini expedições citadas são organizadas
para divulgar a importância da preservação das
Tipos de eventos bacias hidrográficas da região e já foram reali-
zadas com as chamadas “descidas” pelos rios
Vamos conhecer os diferentes tipos de even- Curimataí e Taquaraçu e pelo Ribeirão da Mata.
tos a depender dos efeitos que se quer produ-
zir ao reunir as pessoas. Veja a seguir. Honoríficos: têm como objetivo homenage-
ar personalidades de determinada área com
Expositivos ou Demonstrativos: têm como honrarias concedidas pela instituição pro-
objetivo divulgar produtos, serviços, publica- motora do evento. Também podem ser iden-
ções, por meio de uma exposição pública, que tificados como eventos competitivos, pois
pode ocorrer durante um período, ou apenas geralmente estão ligados a um concurso ou
algumas horas como feiras, salão, mostra, ex- competição prévia. Exemplos: entrega de tí-
posição, inauguração de espaços. Na Bacia do tulos, medalhas, placas, diplomas ou prêmios.
Rio Cristal, o exemplo do briefing da Unidade Um exemplo é o Prêmio ANA, que a cada dois
2, poderia ser a inauguração da sede do comi- anos premia melhores práticas na gestão e
tê de bacia, ou uma mostra de fotos enviadas uso sustentável de recursos hídricos, além de
pela sociedade civil sobre a importância e ou reportagens sobre o tema.
degradação do Rio Cristal e seus afluentes.
Acesse o site para ver o Prêmio ANA:
Acesse o site para ver a Exposição Fotográ- http://premio.ana.gov.br/Edicao/2017/de-
fica Vale Ouro: fault.aspx
http://dacc.univasf.edu.br/?page_id=2308
Dialogais: têm como objetivo difundir infor-
Sociais ou Coloquiais: são eventos que mações. Para isso, reúnem autoridades e es-
utilizam encontros sociais, entretenimen- pecialistas para fomentar debates e promover
to ou lazer, para promover o compartilha- reflexões sobre os temas em questão. Podem
mento de ideias e a aproximação dos par- ser responsáveis pela produção de conhe-
ticipantes. Nessa perspectiva, a escolha do cimento, a ser apresentado em publicações
público convidado é estratégica para o êxito divulgadas posteriormente, como forma de
do evento. Geralmente, os eventos sociais consolidar as discussões promovidas como
compõem outros eventos maiores como seminário, simpósio, congresso, palestra, con-
coffee break, brunch (café da manhã prolon- ferência, workshop, fóruns, etc. No caso da
gado, em estilo buffet), almoços, jantares, Bacia do Rio Cristal, poderia ser proposto, por
happy hour, saraus, etc. Para a Bacia do Rio exemplo, um seminário conduzido por espe-
Cristal, seria possível pensar em um café da cialistas sobre os desafios e oportunidades na
manhã para jornalistas para esclarecer so- implementação dos instrumentos de gestão
bre a importância da cobertura da impren- na Bacia. Vamos conhecer alguns dos princi-
sa no processo de instituição da cobrança pais formatos de eventos dialogais.
do uso da água na Bacia, com o objetivo de Seminários

46 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


Encontro de especialistas em um assunto es- itemlist/category/108-conferencia-nacional-
pecífico. Há apresentação de vários aspectos -do-meio-ambiente
de um mesmo assunto por um ou mais expo-
sitores. Diferencia-se da palestra pela duração Fórum
e pelo número de expositores. O objetivo é
informar e promover o debate sobre um de- Discussão sobre um tema mestre com livre
terminado assunto. São apresentados casos apresentação de ideia e interação entre pa-
ou estudos e depois há debate com a plateia. lestrantes e público. Geralmente várias ins-
Geralmente tem um moderador. tâncias, entre ONGs, poder público, setor
acadêmico, etc. estão representados. Ao fi-
Acesse o site para ver um exemplo: nal, as opiniões são recolhidas e uma con-
http://seminarioagua.ana.gov.br/2013-7ed/ clusão é feita representando a opinião da
maioria. Pode durar um ou mais dias.
Simpósio
Acesse o site para ver um exemplo:
São vários expositores com a presença de http://www.worldwaterforum8.org/pt-br
um coordenador. Geralmente o tema é cien-
tífico. São apresentados vários pontos de vis- Workshop ou oficina de trabalho
ta sobre um mesmo assunto. Após as apre-
sentações, a plateia participa com perguntas Reuniões para debater, praticar e tentar en-
dirigias à mesa. Nem sempre os expositores contrar soluções para um problema. O objeti-
debatem entre si. O objetivo é promover o in- vo é fazer com que os participantes conheçam
tercâmbio de informações. um determinado assunto, de modo dinâmico,
juntando a teoria e a prática. Pode fazer parte
Acesse o site para ver um exemplo: de um evento de maior porte.
http://www.abrh.org.br/xxisbrh/
Acesse o site para ver um exemplo:
Congresso http://v-workshop-pdsbh-2015.webnode.
com/?utm_source=copy&utm_medium=pas-
Tem caráter deliberativo, ou seja, os partici- te&utm_campaign=copypaste&utm_con-
pantes debatem os temas e as propostas or- tent=http%253a%252f%252fv-workshop-pds-
ganizadas em discussão e depois votam, par- bh-2015.webnode.com%252f
ticipando efetivamente das decisões tomadas.
Vale ressaltar que, quando se trata de elabo-
Acesse o site para ver um exemplo: rar um plano de comunicação para um even-
http://www.abas.org/xixcabas/ to, é necessário ponderar fatores que podem
influenciar atividade tendo em vista a trans-
Conferência versalidade de todas as áreas da organiza-
ção: fornecedores de produtos, prestadores
Quando tem caráter político tem o objetivo de serviços, equipe de apoio e execução das
de periodicamente verificar como está o de- tarefas, protocolos a serem seguidos duran-
senvolvimento de uma política local, esta- te o evento, programação do evento, convi-
dual ou nacional e estabelecer novas metas. dados, local do evento, questões técnicas,
Pode ser feita pelos poderes executivos ou entre outros fatores. Por isso, é imprescindí-
por movimentos sociais. Possui um regimen- vel seguir um check list e circular uma ava-
to e a participação de delegados, com com- liação no final do evento. Acesse o ambiente
posição de grupos de trabalho. virtual para acessar o exemplo de Check list.

Acesse o site para ver um exemplo: Cada evento pode ter um cerimonial ou um pro-
http://www.mma.gov.br/acessibilidade/ tocolo específico. Tratam-se de ritos específicos

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 47


que orientam as relações entre as instituições, Mídias sociais: forma de estruturação de redes
estabelecidas por leis municipais, estaduais e sociais através da internet. Tornaram-se obje-
federais, no caso de eventos públicos. to de observação com o advento dos sites de
relacionamento pessoal tais como Facebook,
Essas formalidades são importantes porque LinkedIn, MySpace, Google+, etc. Mas também
determinam os procedimentos que se su- podem se caracterizar por redes fechadas e
cedem em um evento, resguardando o bom restritas a um ambiente privado como redes
senso, a disciplina, o respeito, a harmonia en- intranet nas empresas, por exemplo.
tre os participantes, a hierarquia das autorida-  
des presentes, entre outros preceitos descri- Confira alguns exemplos abaixo:
tos no Decreto 70.274/72. https://www.facebook.com/cbhdoce/
https://twitter.com/cbhdoce
Acesse o site para conhecer essas regras. https://www.youtube.com/user/cbhdoce
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/de-
creto/d70274.htm Muitos pesquisadores da comunicação se
dedicam à reflexão do conceito de rede,
COMUNICAÇÃO DIGITAL sendo Manuel Castells um dos teóricos mais
importantes nessa temática, como vimos na
Este é um canal em plena expansão que se Unidade 1. Para Castells (1999), a socieda-
transforma rapidamente. Com a populariza- de organizada em redes virtuais apresenta
ção da Internet e consequentemente das potencialidades inéditas para a história da
Redes Sociais, ficou muito mais simples a humanidade. A onipresença das pessoas no
disseminação de conteúdo. A possibilidade espaço virtual, a hiperconexão, é uma reali-
de entrar em contato direto com o público a dade que modifica o cotidiano das pessoas
ser atingido é sempre interessante, pois essa e passa a constituir uma nova forma de se
forma de interação sem intermediários apre- relacionar com o mundo e com as pessoas.
senta muitos potenciais. Um bom planeja-
mento de comunicação deve prever a utiliza- Para o autor, uma das grandes vantagens des-
ção de redes e mídias sociais para alcançar se novo estilo de vida é a horizontalidade das
o objetivo determinado. Vamos entender as relações, ou seja, a possibilidade de trocas não
diferenças entre esses dois conceitos: necessariamente hierarquizadas, que pode se
multiplicar e tornar ainda mais complexas as
Redes sociais: podem se referir a quaisquer relações fora do ambiente virtual.
conexões sociais, em um espectro indivi-
dual, comunitário, regional, e até mesmo DICA
global. A estrutura dessas conexões pode
ser de diversas naturezas, de acordo com A principal ferramenta de comunicação digital
a relação estabelecida entre as partes co- é um bom site institucional, que seja atrativo e
nectadas. As redes são imprescindíveis para de fácil navegação para o usuário. As principais
a sociabilidade dos indivíduos, seja em ter- informações devem estar na página principal e
mos profissionais, recreativos, pessoais, etc. nos sites de instituições sobre recursos hídricos
Os integrantes do Sistema Nacional de Ge- não devem faltar as seguintes informações:
renciamento de Recursos Hídricos podem
se organizar em rede que podem conviver Quem somos, valores, missão e atribuições;
também como redes dos integrantes do Endereço, telefone e um canal de comunica-
SINGREH, por exemplo, a Rede Brasil de Or- ção com o usuário;
ganismos de Bacia (REBOB). Legislação básica sobre gestão de recur-
sos hídricos;
Confira aqui página da REBOB. Descrição sobre o Sistema Nacional de Ge-
http://www.rebob.org.br/ renciamento de Recursos Hídricos;

48 Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento


Informações sobre os instrumentos de ges- Eventos, redes e Planejamento de Comunicação
tão e sua implementação;
Informações sobre monitoramento de rios, re- Os eventos presenciais, muito comuns nas orga-
servatórios e sistemas de alerta, quando houver; nizações em geral, têm apresentado correspon-
Centro de Documentação e Publicações dência no ambiente virtual com frequência cada
(com pautas, atas e deliberação das reuniões, vez maior. A utilização do streaming faz com que
no caso dos comitês de bacia); um evento possa ocorrer em vários locais ao
Espaço para Notícias; mesmo tempo. Por isso, é cada vez mais comum
Acesso às redes sociais; a integração dos eventos em grandes ações que
Exemplo: http://www.sigrh.sp.gov.br/ mobilizam redes sociais e públicos diversos. Ao
se promover uma ação ou evento numa mídia
Além disso, vale ressaltar também o grande social, também é necessário fazer um plane-
potencial das ferramentas de interação de- jamento minucioso, com objetivos claros e es-
senvolvidas a partir das mídias sociais. A se- tratégias organizadas. Além disso, muitas das
guir, descrevemos algumas: mídias sociais também oferecem importantes
ferramentas para medir tráfego e visualizações, o
Hangout e Skype: duas ferramentas que per- que contribui para a avaliação das ações promo-
mitem a conversa em tempo real com a trans- vidas e aperfeiçoamento das mesmas.
missão de imagens, como nas videoconferên-
cias. Permite um nível de interação pessoal Com o fato de muitos eventos presenciais tam-
(face a face) pela internet. bém ocorrerem concomitantemente no am-
biente virtual, a integração dos ambientes online
Streaming ou transmissões ao vivo: alguns e off-line tem sido cada vez mais comum. Desse
aplicativos permitem a transmissão ao vivo modo, o planejamento das ações também pode
de acontecimentos por meio da internet. Tais ocorrer integradamente de forma que um even-
aplicativos diferenciam-se do hangout e do to complemente o outro e estejam focados nos
Skype porque permitem que qualquer pes- objetivos pré-estabelecidos. A integração das
soa acesse o streaming, sem necessidade redes e mídias sociais reforça a reflexão de que
de vínculo prévio nas mídias sociais. Trata-se as tecnologias de comunicação ocupam um lu-
de uma comunicação para públicos mais di- gar cada vez mais privilegiado nas relações so-
fusos, e não de nível de interação pessoal, ciais na atualidade, influenciando cada vez mais
embora a maioria deles permita a existência as formas como as informações circulam na so-
de comentários. Bons exemplos são o Pe- ciedade. É, portanto, imprescindível considerar
riscope, SnapChat, Facebook Live, Youtube, essa realidade nos processos de planejamento
TwitCasting Live, entre outros. Veja abaixo de comunicação e de tratamento das informa-
uma página exemplo. ções que se pretende divulgar.

Unidade 3 - Canais de Comunicação e Formas de Relacionamento 49


Resumo da Unidade 3 Voltar ao Sumário

Principais conceitos aprendidos nesta unidade: ors, materiais para campanhas especiais. Mui-
tas vezes essas peças se constituem como
Relacionamento com a Imprensa uma forma de inserção paga (mídia paga).
Mas também é possível conseguir inserções
É importante oferecer uma informação de espontâneas de um assunto na mídia, como
qualidade e que tenha de fato relevância acontece com as campanhas de conscienti-
para o interesse público. Os jornalistas utili- zação, dado seu interesse público.
zam alguns critérios de noticiabilidade, ou
seja, pressupostos para que uma informação Na produção de peças publicitárias, é neces-
se torne notícia. Por isso, é importante estar sário ficar atento às questões de direito auto-
atento para a diferença entre informações de ral e o direito de uso de imagem.
interesse do público interno e do público ex-
terno. Cada tipo de informação pode ser tra- Relações Públicas
balhado de forma diferente.
É a área do conhecimento que busca desen-
Porta-Voz volver estratégias de relacionamento com
o público. Sua principal ferramenta são os
Para garantir a qualidade da informação for- eventos, que podem ser: expositivos, sociais,
necida, é importante que os porta-vozes es- dialogais, honoríficos. Para a realização de
tejam bem preparados para representar a um evento é válido ficar atento aos protoco-
instituição diante da imprensa. Essa é uma los e cerimoniais necessários.
figura importante, sobre quem recai muita
responsabilidade. Por isso, o porta-voz deve Comunicação Digital
se preparar da melhor maneira possível, além
de prezar por sua imagem de credibilidade. Diversos instrumentos surgidos com a inter-
Também se recomenda que os porta-vozes net, sobretudo as redes sociais, podem ser
tenham sempre em vista uma mensagem- utilizados para promover o contato direto com
-chave a ser transmitida durante a entrevista. os públicos da instituição. A possibilidade de
entrar em contato direto com o público que
Gestão de Crise se quer atingir é sempre interessante, pois
essa forma de interação sem intermediários
As instituições podem passar por momentos apresenta muitos potenciais. Além disso, a in-
de crise, e a área de comunicação não deve tegração das ferramentas online com as es-
ficar alheia a esse processo. A conduta deve tratégias off-line também é importante para o
ser de cautela diante dos problemas, evi- êxito na área de comunicação.
tando mentiras e o prolongamento da crise,
além de realizar o monitoramento de cada in-
formação que circular sobre o tema.

Publicidade e Propaganda

São instrumentos do marketing que auxiliam


na criação da marca, um importante passo
para a instituição, além de outras peças im-
portantes, como anúncios, cartazes, outdo-

50
Unidade 4
Voltar ao Sumário Planejamento de Comunicação

O que e porque planejar

O planejamento de comunicação é parte da


estratégia de gestão dos recursos hídricos,
como de qualquer outra área. Trata-se de
um mapa de estratégias sobre como disse-
minar informações e mensagens e influen-
ciar públicos. O plano orienta as ações por
meio das quais se fará a divulgação de um
determinado assunto, conferindo intenções mas também em outras dimensões da comuni-
a essas ações, de acordo com a lógica pré- cação na sociedade. Por exemplo, a depender
-estabelecida na estratégia geral da gestão. da ação, pode ser utilizado um carro de som
para alcançar comunidades remotas ou isola-
O Plano de Comunicação deve estar alinhado das, sem acesso à internet ou onde rádios não
à missão, visão e valores da instituição. A mis- são populares; uma peça de teatro para crian-
são diz respeito ao segmento da sociedade no ças, por exemplo; uma intervenção na cidade
qual a instituição atua diretamente. Já a visão tal como a grafitagem de um muro, entre outras
é relativa às metas que a instituição pretende possibilidades, mas antes de definir as melho-
atingir a partir de sua atuação, seu desenvol- res práticas, é preciso formular o plano.
vimento e realizações futuras. Já os valores
dizem respeito à maneira como a instituição Para além de constituírem um modelo a ser se-
age, suas condutas e prioridades. guido, as etapas aqui apresentadas buscam dar
destaque aos processos comunicacionais mais
Esse tipo de planejamento é muito comum importantes a serem considerados durante a
entre as agências de comunicação que tra- elaboração de um planejamento. Cada caso
balham com marketing e publicidade, as específico de ação a ser planejada pode exigir
quais têm como objetivo a venda de um pro- uma estruturação diferente do plano de comu-
duto ou uma marca (consumo), e também nas nicação; no entanto, todos devem atentar para
agências de relações públicas e assessorias os processos que a seguir serão discutidos.
de imprensa, que podem até trabalhar com
marcas, mas se especializam mais na cons- É possível formular um plano de comunicação
trução simbólica de determinado assunto, plurianual com as diretrizes e estratégias de
ou mesmo imagem de uma personalidade comunicação para um Comitê de Bacia, por
pública, considerando nessa construção as exemplo, ou um Plano de Comunicação para
relações interpessoais com jornalistas, pro- uma ação específica, como para o lançamento
dutores, formadores de opinião, e comuni- do Plano de Bacia Hidrográfica, para a campa-
cadores em geral. Cada tipo de agência or- nha de eleição dos membros do comitê ou para
ganiza seu planejamento de comunicação o processo de instituição da cobrança pelo uso
de acordo com o segmento em que trabalha. da água em uma Bacia. Portanto, o Plano pode
ser aplicado e organizado em diversos níveis,
O planejamento de comunicação é um proces- seja para uma instituição como um todo, uma
so importante para buscar a divulgação quali- ação específica, um produto a ser lançado, etc.
tativa de um determinado assunto, de modo a
incluí-lo na pauta de discussões de uma comu- É importante iniciar respondendo a algumas
nidade por meio dos veículos de comunicação, perguntas: O que planejar? Por que planejar?

51
Como planejar? Vamos aplicar esses questiona- 3) Qual a opinião e a expectativa dos dife-
mentos ao exemplo do briefing utilizado na Uni- rentes públicos de interesse?
dade 2: Um Plano de Comunicação para a Insti-
tuição da Cobrança pelo Uso da Água na Bacia Procure responder as seguintes questões,
do Rio Cristal. Veja o exemplo do briefing para o depois clique sobre cada uma delas para
plano de comunicação no ambiente virtual. conhecer exemplos de respostas para a Ba-
cia do rio Cristal.
O que vamos planejar?
1) Qual (is) problema (s) quero resolver com
As ações de comunicação e mobilização e seu meu plano de comunicação?
devido cronograma para disseminar informa- Desconhecimento, resistências e falta de infor-
ções e conhecimentos sobre a cobrança pelo mações sobre a cobrança pelo uso da água
uso da água na Bacia do Rio Cristal. na Bacia do Rio Cristal;

Por que vamos planejar? 2) Tenho recursos financeiros para ações de


comunicação? Quanto?
Para mapear os públicos, desafios, oportunida- Não há recursos. A cobrança pelo uso da água
des, forças e fraquezas para nos prepararmos ainda não foi implementada na Bacia;
e definirmos nossas ações estratégicas, posi-
cionamentos e mensagens chaves e cumprir 3) Qual a equipe envolvida e sua formação?
nosso objetivo em tempo hábil. Em outras pala- Grupo de voluntários de diferentes câmaras
vras, para definir o rumo que iremos trilhar para técnicas do Comitê de Bacia com habilidades
chegar onde queremos, ou seja, qual o nosso comunicacionais (oratória, habilidades fotográ-
objetivo. Mas antes de definir onde queremos ficas, com internet, com redes sociais, criativos);
chegar, precisamos saber onde estamos, ou
seja, qual o contexto ou diagnóstico, para de- 4) Preciso de equipamentos? Quais? Os tenho?
pois traçar as estratégias ou como alcançar o Computador com acesso à internet, ferramen-
objetivo e em quanto tempo (cronograma). tas de diagramação e edição, equipamento
para fotografia e filmagem, espaço físico para
Diagnóstico ou onde estamos? reuniões. Voluntários possuem equipamentos
e/ou conseguiram com parceiros;
Uma das primeiras providências a serem to-
madas antes de realizar um plano de comuni- 5) Quem são meus parceiros?
cação é identificar o contexto comunicacional Órgãos gestores de recursos hídricos, prefeitu-
e o problema que a comunicação quer re- ras, universidade, ONGs;
solver. Esse processo pode ser realizado por
meio de diversas ações, tais como reuniões in- 6) Quanto tempo tenho para realizar essa
ternas, aplicação de questionários a diferentes ação de comunicação?
públicos, levantamento de informações sobre Quatro meses.
a instituição, contratação de pesquisas de opi-
nião junto ao público ou várias dessas ações Objetivo ou Meta
conjugadas, desde que sejam identificadas
pelo menos as seguintes questões: É preciso delinear os motivos que fundamen-
tam as ações planejadas, os chamados obje-
1) Como se processam as formas de co- tivos gerais do planejamento, que podem ser
municação social atualmente? de natureza quantitativa (por exemplo, o nú-
mero de pessoas impactadas pela comunica-
2) Como a instituição se relaciona com os ção) e qualitativa (por exemplo, a circulação de
principais meios de comunicação social e determinada interpretação sobre um assunto).
seus públicos? Também é preciso ter claro qual será a abor-

52 Unidade 4 - Planejamento de Comunicação


dagem, ou seja, as diretrizes que irão definir pode determinar as melhores linguagens a
os aspectos a serem enfatizados e priorizados serem utilizadas.
nos processos comunicativos. Quanto melhor
definidos os objetivos de um planejamento, Ao buscar entender as características dos dife-
mais fácil será a execução das ações e, conse- rentes públicos, é possível definir outras ques-
quentemente, mais satisfatória será a análise e tões relevantes para o planejamento, como
avaliação do planejamento. o período ideal para promover determinada
ação. No caso da gestão dos recursos hídricos,
Procure responder as seguintes questões, fique atento para os diferentes grupos de pú-
depois clique sobre cada uma delas para co- blicos e considere todos. Veja abaixo.
nhecer exemplos de respostas para o exem-
plo da Bacia do rio Cristal. Público interno: funcionários, colaboradores e
fornecedores que participam do dia a dia da ins-
1) Que comportamento e/ou opinião que- tituição que faz o planejamento da comunicação;
ro mudar?
Induzir o uso racional ao despertar a consci- Público do Sistema de Gestão de Recur-
ência do valor econômico da água e reduzir sos Hídricos: usuários de recursos hídricos,
resistências dos setores usuários com relação membros dos conselhos de recursos hídricos,
à cobrança pelo uso da água na Bacia; membros de comitês de bacia e agências de
água, órgãos gestores de recursos hídricos;
2) Qual será minha abordagem?
Econômica, com relação aos recursos finan- Público externo: pessoas de fora da instituição
ceiros que serão arrecadados em benefício da e do sistema, mas cuja ação ou opinião possui
gestão da bacia e à indução da redução do impacto no setor, como jornalistas, pesquisa-
uso dos recursos hídricos; dores, universidades, gestores públicos, mi-
nistério público, prefeituras, parlamentares ou
3) Quem são meus públicos estratégicos e qualquer outro público formador de opinião.
que mudança (s) espero de cada um deles?
Públicos Estratégicos: principais setores usu- Cada público vai exigir um determinado tra-
ários da bacia do rio Cristal (setor elétrico, ir- tamento no planejamento de comunicação,
rigantes, produtores de gado, indústrias de segundo a linguagem, ferramentas e ações
cutelaria, companhias de saneamento), im- a serem promovidas, e até mesmo crono-
prensa, ONG e universidade. Mudanças espe- grama. Para a organização desses públicos
radas: apoio à instituição da cobrança pelo na rotina diária, é importante manter um ar-
uso da água na bacia do rio Cristal. quivo com os contatos atualizados (mailing)
de cada possível público-alvo de uma ação,
Público-Alvo conforme visto na Unidade 1.

A definição do público-alvo é crucial para o Estratégia


planejamento. Isso porque é essencial compre-
ender com quem vamos nos comunicar para É o como, ou seja, o caminho que será per-
melhor esboçar as metas e resultados a serem corrido para alcançar o objetivo ou meta defi-
obtidos. Cada público tem um comportamento nida. São as ações e instrumentos de que dis-
específico, baseado em valores socioculturais, pomos para chegar lá. Apesar de, em muitas
hábitos e prioridades e peculiaridades que in- abordagens, ser tratada como um item a mais
fluenciam diretamente a forma como reagem a na elaboração de um plano de comunicação,
uma informação ou mensagem. a estratégia perpassa todas as etapas do pla-
nejamento, sendo responsável por dar coesão
Conhecer a forma como o público se com- a todas as fases, de forma que não se redu-
porta também é muito importante porque zam a apenas ações subsequentes e lineares,

Unidade 4 - Planejamento de Comunicação 53


mas contenham em si toda a complexidade posto tem duas frentes de análise: interna e
inerente aos processos comunicacionais, ou externa. As forças e fraquezas dizem respei-
seja, num planejamento de comunicação a to a características identificadas no âmbito
estratégia tem a função de elemento coesi- interno da instituição; já as oportunidades e
vo e integrador de todas as decisões e ações ameaças se referem ao ambiente externo no
num mesmo objetivo. É na definição das es- qual a instituição está inserida.
tratégias que vamos dar vida ao conceito e
Comunicação Integrada que vimos na Unida-
de 1. Para implementar a estratégia será ne- Contribui Prejudica
cessário definir quais serão as ações táticas
Interno Força Fraqueza
utilizadas, ou seja, as formas de consumar as
(instituição) (S) (W)
estratégias. É aí que entra a criatividade para
usar as ferramentas de comunicação que vi- Externo Oportunidade Ameaça
mos na Unidade 2 para fazer chegar nossos (ambiente) (O) (T)
posicionamentos e mensagens-chave ao
nosso público de interesse.
Uma das grandes vantagens do modelo
Como planejar? SWOT é mapear as dificuldades e potencia-
lidades da instituição no que se refere à área
Agora que conhecemos as etapas do plane- da comunicação. Ao visualizar esses proble-
jamento, vamos verificar como definir as es- mas e possibilidades, é possível também in-
tratégias. Há ferramentas que nos ajudam a ferir as principais necessidades e prováveis
traçar esse mapa. Neste curso vamos usar a soluções a serem contempladas pelo plane-
ferramenta Análise SWOT ou FOFA. jamento de comunicação. Além disso, o es-
quema permite a reflexão sobre como utili-
Análise SWOT zar forças e oportunidades (pontos positivos)
como potenciais espaços de superação das
O modelo SWOT, originário dos estudos em fraquezas e ameaças (pontos negativos).
administração, é um importante instrumento
para o diagnóstico e, portanto, para o plane- Vamos aplicar a análise SWOT ao briefing da
jamento em comunicação. A denominação Unidade 2, ou seja, simular um Plano de Co-
SWOT é uma sigla resultante dos seguintes municação para o processo de implementa-
termos em inglês: strengths, weaknesses, ção da cobrança pelo uso da água na Bacia
opportunities e threats que significam, res- do Rio Cristal, nossa bacia fictícia.
pectivamente, forças, fraquezas, oportunida-
des e ameaças. No Brasil, também pode ser O cruzamento da análise SWOT revela suas
chamado de FOFA (Forças, Oportunidades, necessidades e pode ajudar a definir as estra-
Fraquezas e Ameaças). Uma análise preli- tégias. Ao unir forças e oportunidades, você
minar da sigla já permite concluir que esse pode dar um salto em direção à sua meta.
modelo tem como objetivo identificar o am- Por outro lado, a união de suas fraquezas
biente ao qual uma instituição está exposta com as ameaças pode paralisar a instituição.:
(oportunidades e ameaças), bem como suas Mas se você aplicar as forças às ameaças,
características constitutivas (forças e fraque- poderá sobreviver a uma crise, assim como
zas). Observe o esquema. olhar para suas fraquezas à luz das oportu-
nidades poderá resultar em um crescimento.
Para o planejamento em comunicação, o Veja o diagrama central da próxima página.
modelo SWOT é uma importante forma de
organização dos dados levantados junto à Geralmente, para complementar a análi-
instituição e ao seu contexto de atuação. É se SWOT, é comum a identificação de bons
interessante observar que o esquema pro- exemplos ou referências de ações similares

54 Unidade 4 - Planejamento de Comunicação


Unidade 4 - Planejamento de Comunicação 55
às que serão propostas no planejamento de Definindo ferramentas de comunicação
comunicação que se está produzindo. Esses
exemplos e referências são importantes para Definir as ferramentas de comunicação a se-
classificar as quatro variáveis SWOT e tam- rem utilizadas na divulgação é parte essen-
bém para guiar as ações planejadas de for- cial da estratégia. Elas devem se adequar aos
ma a obter resultados eficazes. Esse processo objetivos da divulgação, aos públicos, e à
também é conhecido como benchmarking, abordagem pré-definida.
termo em inglês que poderia ser traduzido
como ‘referenciar’ ou ‘elencar as referências Canais e veículos: os veículos de comunica-
segundo um modelo exemplar’. ção tradicionais, como rádio, TV, jornais e re-
vistas são considerados os principais instru-
A partir da análise SWOT ou FOFA você pode mentos para a viabilização de divulgações.
escolher descrever seu Plano de Ações que
inclui o uso das ferramentas de comunicação Por sua importância, podem aparecer como
que você vai utilizar para cada uma de suas um item específico do planejamento de comu-
estratégias, que podem ser divididas por pú- nicação, mas não deixam de compor o cenário
blicos, por exemplo. Essas ações e ferramen- das ferramentas a serem utilizadas no plano.
tas devem ser condizentes não apenas com o
orçamento disponível, mas também com os Plano de Ação
recursos humanos e técnicos à disposição. Por
isso, ponderar os custos e tempo das ações O plano de ação nada mais é que a definição
que fazem parte do processo de comunicação da execução prática de todas as atividades
a ser executado também é fundamental, para definidas nas fases anteriores do processo de
evitar desperdícios e frustações. Isso reforça o comunicação. Esse plano pode ser apresen-
caráter processual e reflexivo do planejamento, tado num formato de planilha ou tabela, que
que deve ser contextualizado e estar sob cons- facilita a sua visualização e também o acom-
tante análise. É preciso flexibilidade para ajustar panhamento das ações previstas. Esse con-
o plano sempre que houver necessidade. trole é importante para a verificação do pro-
cesso enquanto ocorre, e também para uma
IMPORTANTE posterior avaliação. Dentre os principais itens
de um plano de ação, destacam-se:
Para cada público e ferramenta de comunica-
ção escolhida é importante estar atendo para Responsáveis: é importante que para cada
a linguagem que não se limita à fala, mas tam- ação prevista seja atribuído um responsável,
bém a linguagem corporal e estética a ser uti- que poderá não apenas fazer o controle das
lizada (apresentação visual de entrevistados, atividades, mas também resolver imprevis-
locações para gravações, etc.) no material. Por tos e otimizar as ações e recursos destinados
exemplo, não se deve usar linguagem técnica para cada ação. A definição de responsáveis
ou jargões para públicos que não dominam o também é muito importante para a posterior
tema gestão de recursos hídricos. avaliação e verificação dos resultados do pla-
nejamento de comunicação.
Guarde termos técnicos sobre irrigação, por
exemplo, quando for se dirigir aos irrigantes
apenas. No geral, é importante ser claro, con-
ciso e didático. Da mesma forma, a linguagem
usada em redes sociais é mais moderna e pode
até ser provocativa, enquanto a linguagem usa-
da para escrever um artigo em um jornal deve
ser formal, mas não difícil. A clareza é a regra
sempre. Evite ser restrito e arrogante.

56 Unidade 4 - Planejamento de Comunicação


Cronograma: é a determinação dos períodos Crowdfunding
em que as ações serão executadas, desde a
preparação até a avaliação dos resultados. Um É a obtenção de capital para iniciativas de inte-
bom cronograma é, ao mesmo tempo, preciso resse coletivo através da agregação de múlti-
em sua definição de datas e prazos e adaptá- plas fontes de financiamento, em geral pessoas
vel em casos de imprevistos. Ou seja, é neces- físicas interessadas na iniciativa.
sário que o cronograma seja exato, mas que
também preveja possíveis espaços para so- Crossfunding
luções de contratempos. Essa dupla face do
cronograma só pode ser delineada a partir de Criado para representar um modelo de capta-
um bom entendimento da dinâmica da própria ção de fundos para projetos que cruza a capta-
instituição, e também da clareza dos objetivos ção tradicional com empresas e o modelo de
que se pretende atingir – por isso, cada cro- crowdfunding, ou financiamento coletivo.
nograma é único. Ele também deve refletir a
interdependência das ações propostas, geral- Crowdsourcing
mente apresentando em ordem cronológica
as atividades a serem desenvolvidas. É o processo de obtenção de serviço, ideias ou
conteúdos mediante a solicitação de contribui-
Orçamento: é importante que o plano tam- ção de um grupo de pessoas, ou seja, de uma
bém contemple a alocação de recursos, se- comunidade on-line.
jam eles financeiros ou humanos, que são
inerentes a todas as ações a serem executa- Mensuração de resultados
das. O plano deve prever a origem dos recur-
sos financeiros a ser aplicado no plano, bem A partir do início da execução das ações pla-
como os responsáveis por alavancar os recur- nejadas, é importante que haja um acompa-
sos e até o valor máximo a ser alocado em nhamento crítico das atividades, de forma a
cada ação, se for o caso. analisar as consequências das ações pratica-
das. Ao iniciar esse acompanhamento, é fácil
DICA verificar a necessidade de estabelecer alguns
critérios e padrões que vão balizar tal acom-
Quando não há orçamento destinado à comu- panhamento. Esses critérios variam de acordo
nicação, é possível estabelecer parcerias com com a ação avaliada, e são importantes instru-
instituições interessadas, com prefeituras, ór- mentos de verificação e controle, porque deles
gãos gestores de recursos hídricos, buscar derivam os indicadores que determinam o êxi-
fundos de fomento à gestão de recursos hídri- to ou o fracasso do planejamento executado.
cos disponíveis nos estados ou os programas Nessa dinâmica, é importante compreender
Progestão e Procomitês da Agência Nacional e que o acompanhamento se dá durante todo
Águas, que incluem metas de comunicação so- o processo, desde o diagnóstico e abordagem
cial para órgãos gestores estaduais de recursos inicial, até a avaliação feita ao serem finaliza-
hídricos e para comitês de bacias hidrográficas. das todas as ações. Para isso, é importante di-
Outra forma moderna. Outra forma moderna de ferenciar os conceitos de controle e avaliação.
levantar recursos financeiros são os atuais fi- Veja na tabela da próxima página.
nanciamentos coletivos pela internet, conheci-
dos como crowdfunding, crossfundig ou crowd- Como é possível inferir, o controle é neces-
sourcing. Atualmente há várias plataformas que sário para fazer os ajustes inerentes ao pro-
permitem essas campanhas na Internet onde é cesso de comunicação ao longo do período
possível cadastrar um projeto. Geralmente es- de execução. Ele é importante para encon-
sas plataformas cobram um percentual do va- trar um equilíbrio entre o objetivo e expecta-
lor arrecadado como taxa administrativa pelo tivas. Já a avaliação serve para estabelecer
trabalho realizado. Informe-se! um panorama das consequências das reali-

Unidade 4 - Planejamento de Comunicação 57


zações, analisando se o planejamento resul- Em suma, a avaliação é uma etapa do planeja-
tou em ações: mento que ressalta a importância e o valor da
comunicação na gestão institucional. Por isso,
1) Eficientes: que alcançaram os melhores devem ter acesso a ela não apenas as equipes
resultados possíveis com os recursos que a executaram, mas também todas as áreas
2) Eficazes: que alcançaram aos alvos de- da instituição, de modo a fortalecer a comuni-
finidos; cação na instituição. Isso porque os resultados
3) Efetivas: houve relação entre objetivos de um planejamento de comunicação reve-
traçados e resultados. lam muito mais que simples indicadores, mas
também muito da cultura, comportamentos e
Enquanto o controle tem a ver com a veri- hábitos da instituição diante de seus públicos.
ficação das diretrizes estabelecidas no pla-
no, a avaliação diz respeito à mensuração Há diversas ferramentas que monitoram o tráfego
dos resultados do que foi planejado. As duas de informações em diversas redes sociais, como
etapas se relacionam entre si, mas guardam Facebook, Twitter e Youtube. Isso ajuda a medir
diferenças fundamentais. o retorno sobre um investimento, como também
é importante para o planejamento de ações. Al-
Ao final de um processo devidamente contro- gumas dessas ferramentas são: Scup, Radian6 e
lado, ou seja, cujas diretrizes foram verifica- Social Mention. As redes sociais já possuem esse
das em todas as etapas, a avaliação vai iden- acompanhamento de páginas, como o Trending
tificar alguns fatores que devem indicar: Topics do Twitter e o Insights do Facebook.

A qualidade do que foi executado, as po- Como já afirmado anteriormente, os parâme-


tencialidades a serem exploradas e erros a tros variam de acordo com as ações planeja-
serem evitados; das e efetuadas. No entanto, alguns são muito
Os caminhos para melhorar a comunica- comuns na área de planejamento em comuni-
ção com os diferentes públicos; cação. Observe no quadro da próxima página:
Contribuições para o desenvolvimento da
estrategia geral da instituição, bem como a Vale lembrar que o clipping e sua análise quali-
estrategia específica de comunicação; tativa, é um importante instrumento de verifica-
Contribuições para outras áreas e também ção da inserção de um tema na mídia. Existem
para novos projetos e ações a serem planejadas. empresas específicas para esse tipo de men-

58 Unidade 4 - Planejamento de Comunicação


suração e, paralelamente, os próprios gestores de haver espaços para a criação de novidades
podem acompanhar as menções por meio do na área – com o desenvolvimento cada vez mais
acompanhamento direto das mídias de interes- veloz da tecnologia, a inovação tem sido cada
se e também por meio de alguns instrumentos vez mais estimulada. Alguns critérios podem
da internet, como as próprias pesquisas no goo- orientar a consolidação desses três fatores,
gle, os “alertas do Google”, que permitem con- tais como qualidade, quantidade, investimento
figurar o próprio e-mail para receber pesquisa de recursos humanos e financeiros, tempo de
relacionadas a um assunto ou termo, etc. Além execução, retorno das ações, relação custo-
disso, o Google Analytics é um instrumento in- -benefício, etc. Cabe aos gestores e profissio-
teressante para analisar um site – interações, nais envolvidos no processo de planejamento
visitas, tempo de leitura, etc. de comunicação avaliar os critérios mais ade-
quados e as possibilidades mais interessantes
As mídias sociais, especialmente o Face- a partir da conjuntura em que estão inseridos.
book, também fornecem gratuitamente
mensurações sobre o desempenho das in- Esperamos que tenham gostado do cur-
formações divulgadas numa página, permi- so. Lembrem-se de visitar o espaço virtual
tindo um acompanhamento mais minucioso, para ter acesso ao material complementar.
que pode orientar as ações. Lá você vai encontrar também uma suges-
tão de Plano de Comunicação para o briefing
Em resumo, os parâmetros, instrumentos e in- apresentado na Unidade 2 sobre nosso per-
dicadores variam, e devem ser flexíveis a ponto sonagem: a Bacia do Rio Cristal.

Unidade 4 - Planejamento de Comunicação 59


Resumo da Unidade 4 Voltar ao Sumário

Principais conceitos aprendidos nesta unidade: vidades a serem realizadas para a divulgação:
diagnóstico, definição de objetivos, públicos,
O que é planejar estratégias e ferramentas a serem utilizadas.

O planejamento de comunicação é um pro- Mensuração e resultados


cesso importante para buscar a divulgação
qualitativa de um determinado assunto, de Clipping, Google Analytics, ferramentas do
modo a incluí-lo na pauta de discussões de Facebook, entre outros instrumentos podem
uma comunidade – através dos meios de co- ser utilizados para mensurar os resultados
municação, mas também em outras dimen- dos assuntos divulgados. Essa é uma etapa
sões de relacionamento com a sociedade. importante porque pode orientar ações futu-
Serve para definirmos onde estamos (diag- ras, com o aperfeiçoamento das estratégias
nóstico), para onde vamos (objetivos e metas) de ação. Cabe aos gestores e profissionais
e como (por meio de estratégias que envol- envolvidos no processo de planejamento
vem ações táticas). Planos de Comunicação de comunicação avaliarem os critérios mais
podem ser elaborados e executados em di- adequados, bem como as possibilidades
versos níveis, seja para uma instituição como mais interessantes a partir da conjuntura em
um todo, uma ação específica, um produto a que estão inseridos.
ser lançado, etc. É sempre válido lembrar que
o planejamento de comunicação busca inter-
ferir na sociedade transformando ou criando
imaginários, símbolos, interpretações e ideias
sobre determinado tema ou ideia.

Diagnóstico e análise SWOT

Processo de identificação de como a comu-


nicação se organiza na comunidade, sua re-
lação com o assunto alvo do planejamento,
bem como a expectativa dos diferentes públi-
cos sobre o tema. O modelo SWOT, originário
dos estudos em administração, contribui com
esse processo: a denominação é uma sigla
resultante dos seguintes termos em inglês:
strengths, weaknesses, opportunities e thre-
ats que significam, respectivamente, forças,
fraquezas, oportunidades e ameaças. No Bra-
sil, também pode ser chamado de FOFA (For-
ças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças).

Definindo um plano de ação

É importante que cada ação seja planejada de


acordo com a especificidade do público-alvo,
além do planejamento passo a passo das ati-

60
Voltar ao Sumário Referências bibliográficas

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trabalhos/gt3/gt3_terra.pdf [acesso em
agosto de 2017].

Sites consultados

www.treinamentodemidia.com.br
www.aprendizdomarketing.com
www.marketingdeconteudo.com.br

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