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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

COMPOSTAGEM

MONITORAMENTO DE COMPOSTEIRAS

Professores: Gilson Lameira e Luísa H. Oliveira

Bruna Brenno Oliveira RA: 11202020561


Giulia Oliveira dos Santos RA: 11201920680
Geovana Alves de França RA: 11201922296
Julia Harano Alves RA: 11201811751
Nathan Carvalho Brito RA: 11201810491
Raiane Pereira dos Santos RA: 11201720284

Santo André

2023
1. Introdução

A compostagem é um processo biológico de decomposição de materiais orgânicos,


que tem como objetivo transformar resíduos orgânicos em um composto rico em nutrientes,
que pode ser utilizado em diversas aplicações agrícolas.

O processo de compostagem é importante porque reduz a quantidade de resíduos


orgânicos enviados para aterros sanitários e contribui para a redução da emissão de gases de
efeito estufa, além de gerar um produto final que pode ser utilizado na agricultura, reduzindo
a necessidade de fertilizantes químicos.

Este relatório tem como objetivo apresentar os resultados de um processo de


compostagem realizado na composteira denominada de D1, instalada no Bloco L da UFABC,
durante 29 dias. Foi analisada a quantidade de unidades formadoras de colônia das amostras
trabalhadas e comparadas com outras composteiras instaladas no mesmo período.

2. O Processo de compostagem

2.1 O que poderia explicar a diferença nas temperaturas apresentadas pela


Composteira D1 em relação às demais, notadamente nos eventos 3 e 10 ?

A composteira D1 apresentou em sua composição inicial principalmente 63% de


folhas e talos (considerados materiais castanhos) e 11% de frutas (considerados materiais
verdes). Já as demais composteira, apresentaram em sua composição inicial principalmente
14% de folhas (considerados materiais castanhos) e 59% entre frutas, cascas de frutas e fibras
(considerados materiais verdes).

Materiais castanhos são ricos em carbono e materiais verdes são ricos em nitrogênio.
Uma compostagem bem-sucedida requer uma mistura equilibrada de materiais verdes e
castanhos para fornecer os nutrientes necessários e manter uma boa estrutura e aeração da
pilha de compostagem. A relação ideal entre carbono e nitrogênio é de cerca de 30 partes de
carbono para 1 parte de nitrogênio. Com isso, é possível notar que a proporção de carbono é
maior do que a de nitrogênio na composteira D1, o que acontece de forma inversa nas demais
composteiras, beneficiando o aumento da temperatura de D1.

Uma composteira saudável precisa de uma mistura adequada de materiais verdes e


marrons para funcionar corretamente. Em geral, as folhas e os talos podem ajudar a aumentar
a temperatura da composteira por serem mais densos e fibrosos, o que pode ajudar a criar
espaços de ar na pilha de compostagem. Esse aspecto pode ter sido prejudicado nas demais
composteiras, pois apresentaram 40% de frutas trituradas e apenas 19% de cascas de frutas e
fibras, que possibilitam a formação de espaços de ar na composteira, além da geração maior
de umidade durante a decomposição das frutas.

2.2 O que poderia explicar a diferença no volume de lixiviado gerado pela


composteira D1 em relação às demais, entre a instalação das composteiras e o evento
12?

Como a composteira D1 apresentou uma proporção maior de materiais castanhos, que


são geralmente mais secos do que os materiais verdes, é possível que a pilha de compostagem
estivesse muito seca. Isso pode levar à geração de mais lixiviado, pois a água não estava
sendo retida pelos materiais em decomposição. Além disso, por conter uma porção menor de
nitrogênio, a compostagem poderia não estar com nutrientes suficientes para alimentar as
bactérias decompositoras. Então, a decomposição pode ser mais lenta e menos eficiente,
resultando em mais lixiviado.

Como mencionado anteriormente, uma mistura equilibrada de materiais verdes e


marrons é importante para uma compostagem saudável. O desequilíbrio na proporção dos
dois materiais na composteira D1 também pode ter contribuído para o aumento do lixiviado.

2.3 O que poderia explicar o pico de temperatura alcançado pela composteira D1


no evento 09, após a primeira revira?

Durante os primeiros dias, a temperatura da composteira apresentou um aumento


gradual na temperatura, mas que logo estabilizou, por apresentar pouca aeração e proporções
inadequadas de materiais verdes e castanhos, tornando o processo de decomposição mais
lento e menos eficiente. A primeira revira pode ter ajudado a aumentar a aeração e misturar
melhor os materiais, estimulando a atividade microbiana e levando a um aumento de
temperatura.

2.4 O que pode explicar a temperatura acentuadamente baixa apresentada pela


composteira D2 do evento 04 ao 14, em relação às demais composteiras?
A composteira D2 foi a única que apresentou em sua configuração uma tampa plástica
não perfurada, dificultando a troca de gases e a consequente aeração da matéria orgânica ali
presente. Sabemos que é necessário uma constante troca gasosa entre a pilha de compostagem
e o ambiente, visto que os microrganismos presos na decomposição que desejamos realizar
são do tipo aeróbicos. A provável diminuição da aeração da pilha não propicia a proliferação
das bactérias e fungos ali presentes, diminuindo o potencial de digestão e de geração de calor.

É possível observar um aumento de temperatura no evento 10, que coincide com a


data de revira da pilha, propiciando a aeração é uma atividade mais intensa da biota
envolvida.

2.5 O que poderia explicar a temperatura da composteira D2 ter ultrapassado as


demais entre os eventos 15 e 18 e depois do 27 ao 29?

A velocidade da ação dos microorganismos está diretamente relacionada a alguns


fatores que são cruciais no processo de compostagem, estes são: presença de oxigênio,
temperatura, pH e umidade. Dentro das condições ideais é possível alcançar a fase de
humificação de forma rápida, assim como a variação destas condições promove desequilíbrio
nos demais fatores, diminuindo a eficiência do processo. A composteira D2 possui como
particularidade na sua configuração de montagem a presença de uma tampa plástica,
dificultando a troca gasosa entre o substrato e o ambiente, dificultando que a aeração do
substrato fosse eficientemente realizada ao longo da semana (excedendo o período de revira).
Por conta da diminuição da eficiência de oxidação da matéria orgânica, acredita-se que o
processo tenha se tornado mais lento que o das outras composteiras, mantendo, desta forma, a
fase termófila por mais tempo que as demais.

2.6 Comente e tente explicar o que aconteceu com a curva de temperatura da


composteira D1 nos intervalos 1-9 e 10-29?

Logo no segundo evento da composteira D1, as temperaturas já atingiram valores


superiores a 45°C, indicando o início da fase termofílica. No evento 9, um dia após a revira,
as temperaturas atingiram 63°C, devido a aeração e a presença de oxigênio, estimulando a
atividade dos microorganismos. Do evento 10 em diante, ocorreu a diminuição de
temperatura, que teve uma drástica redução nos dois eventos subsequentes e uma redução
gradual nos próximos. É provável que esse comportamento se deu devido à proporção de C/N
(com uma taxa de carbono muito alta), o que nos primeiros dias estimulou a ação dos
microrganismos, porém com o consumo de nitrogênio e a queda de sua quantidade, esses
microrganismos tiveram suas atividades reduzidas e, consequentemente, a temperatura da
composteira também foi reduzida, e, mesmo com as reviras seguintes, não houve aumento de
temperatura significante.

2.7 O que ocorreu de comum ao substrato de todas as composteiras entre os


eventos 21 e 25?

Dentre os eventos 21 e 25 é possível observar uma certa estabilização das curvas de


temperatura, onde já não se observa mais variações intensas, o que pode representar dinâmica
instável das comunidades ali presentes (aumento, diminuição, desequilíbrio, etc.). Como
observamos a estabilidade da temperatura, pode-se considerar que nessa fase ocorreu o
equilíbrio das atividades de oxidação e humificação do substrato, podendo também funcionar
como indicador de troca entre a fase termófila e mesófila.

2.8 Comente o comportamento das curvas de geração de lixiviado das


composteiras entre os eventos 01 e 28.

O lixiviado é um dos produtos da compostagem, formado pela degradação dos


resíduos e devido à umidade, à água que escorre no processo e às bactérias que dissolvem a
matéria orgânica, gerando esse líquido. As curvas de geração de lixiviado mostram uma
produção de volume maior na composteira D1, que se estabiliza por volta do evento 25,
enquanto as outras seguem um comportamento parecido entre si, aumentando gradativamente
com o passar dos dias.

2.9 Comente o comportamento das composteiras N1, N2 e N3 ao longo do


processo.

As composteiras apresentaram curva de temperatura muito semelhante ao longo de


todo o processo. Do evento 3 ao 11 temos o constante aumento da temperatura do substrato,
caracterizando o início da fase termofílica. Nessa fase temos a intensidade máxima de ação
dos microrganismos, visto o favorecimento do metabolismo da biota presente. Também temos
curvas de geração de lixiviado bem semelhantes. A partir do evento 15 temos a estabilização
da temperatura das composteiras em aproximadamente 35°C, havendo algumas pequenas
variações de temperatura que coincidem com eventos de revira, propiciando a aeração das
pilhas e promovendo a atividade dos microorganismos. E nos últimos 4 eventos temos a
convergência na temperatura ambiente, indicando a diminuição da ação bioxidativa no
substrato.

Quanto a geração de lixiviado podemos notar uma semelhança entre as 3 curvas,


também convergindo num volume próximo de geração de efluente líquido.

Podemos observar de maneira geral que, por conta da composição de matéria orgânica
nas 3 composteiras serem semelhantes, com exceção da adição de esterco animal na
composteira N3, as fases mesófilo e termófila apresentam transições semelhantes em ambas
as composteiras analisadas, assim como a geração de efluentes. Outro ponto importante de
ressaltar é a configuração de montagem da N3, onde não foi utilizado uma tela furada para
evitar a presença de animais indesejados. Não foi possível concluir mudanças claras no
comportamento do substrato presente na composteira N3 devido a ausência de tampa. Talvez
seja possível notar alguma diferença analisando a presença de organismos no composto.

2.10 O que deve ser feito para alcançar e manter a temperatura do substrato na
fase termófila do processo?

Para atingir a fase termófila do processo, é necessário que a proporção C/N esteja de
acordo com o recomendado, uma vez que os microrganismos dependem desses nutrientes
para poderem atuar na quebra das moléculas orgânicas. Se tiver um excesso de carbono, os
microrganismos atuam de forma mais lenta e a temperatura não aumenta. Além disso, é
necessário a aeração, por meio da revira, para que o processo permaneça aeróbico e a taxa de
compostagem se mantenha constante.
Questões aula prática:

2.11 A presença de microrganismos é idêntica em todas as composteiras


amostradas?

A presença de microrganismos é semelhante em todas as amostras, variando um


pouco na concentração de UFC, variação esta que pode ser agregada a diversos fatores
didáticos (manipulação realizada por diversas mãos, não utilização de máscara, manipulação
incorreta da Placa de Petri e bico de Bunsen, etc.) que acabam influenciando na incubação
destes microrganismos.

2.12 Quais fatores podem determinar a distribuição de microrganismos no


processo de compostagem?

Alguns fatores são cruciais para a proliferação de microrganismos no substrato que


desejamos converter em composto, dentre eles estão a temperatura, a umidade e o pH do
meio. Em uma faixa ótima de pH, isto é, entre 6.5 e 8 as bactérias dominam, enquanto em pH
mais baixo, os fungos se multiplicam de forma descontrolada e acabam diminuindo o
desenvolvimento das bactérias também responsáveis pela decomposição da matéria orgânica.
A presença de oxigênio é outro fator crucial na distribuição dos microrganismos, já que a
falta de oxigênio torna um ambiente propício para o desenvolvimento de bactérias
anaeróbias, dando origem a outro processo de compostagem, que seria a biodigestão e geraria
biogás.

Outro fator que pode influenciar na distribuição do microrganismo são os resíduos que
foram utilizados para formar o substrato. Alguns materiais propiciam o crescimento de um
grupo segregado de microrganismos, causando desequilíbrio de biota no meio.

3. Materiais

● Amostras de 4 composteiras,
● 4 placas de petri,
● 1 pipeta automática de 1 mL,
● 4 tubos de ensaio com capacidade para pelo menos 20 mL
● Luria Bertani Agar (LBA)
● Meio Martin,
● 200 mL de solução salina 0,7% NaCl esterilizado,
● 1 frasco esterilizado com capacidade para 90 mL de solução salina
● bico de Bunsen,
● Estufa de incubação;
● Canetas para retroprojetor (preta, verde, azul ou vermelho).

4. Procedimento Experimental

Foi coletado 10g da composteira analisada e colocada em um frasco estéril para que a
amostra fosse dividida em 4 com diferentes concentrações. Depois, elas foram despejadas em
uma placa de petri e em cada uma foi adicionado um meio diferente, LBA ou de Martin, de
acordo com o indicado na Tabela 1.

Assim que endureceu, e com as amostras devidamente solidificadas, foi feita a


verificação do número de colônias de bactérias e fungos depois de 24 horas (20/04 às 18h) e
em 120 horas (24/04 às 18h).

Diluição Meio LBA Meio de Martin

10 -2 - 1 placa

10 -3 1 placa 1 placa

10 -4 1 placa -
Tabela 1 - diluição de acordo com os meios de cultivo

Imagem 1: LBA 10-4


Imagem 2: LBA 10-3

Imagem 3: MM 10-3

Imagem 4: MM 10-2
5. Análise

5.1 Observação em 24h

Depois de 24 horas, foi observado a quantidade de colônias de fungos e bactérias em


cada uma das amostras. Os resultados podem ser observados na Tabela 2.

Diluição Meio de Cultivo Unidades formadoras de


Colônia (UFC/mL)

10-2 Martin 26 x 10 2

10-3 Martin 0 x 10 3

10-3 LBA 8 x 10 3

10-4 LBA 9 x 10 4
Tabela 2 - Resultados obtidos na observação em 24h.

Imagem 5: LBA 10-4, 9 colônias


Imagem 6: LBA 10-3, 8 colônias

Imagem 7: MM 10-3, 0 colônias


Imagem 8: MM 10-2, 26 colônias

5.2 Observação em 120 h

O mesmo foi feito depois de 120 horas da preparação das amostras. Os resultados
foram apresentados na Tabela 3.

Diluição Meio de Cultivo Unidades formadoras de


Colônia (UFC/mL)

10-2 Martin 44 x 10 2

10-3 Martin 14 x 10 3

10-3 LBA 9 x 10 3

10-4 LBA 14 x 10 4
Tabela 2 - Resultados obtidos na observação em 120 h
Imagem 9: LBA 10-4, 14 colônias

Imagem 10: LBA 10-3, 9 colônias


Imagem 11: MM 10-3, 14 colônias

Imagem 12: MM 10-2, 44 colônias

6. Discussão

Comparando os resultados com os obtidos por outras equipes, que foi disponibilizado
pelos professores, é possível identificar uma diferença considerável nos números. Muitas
amostras obtiveram números elevados, maiores que 50 colônias, e até passando de 100. Uma
hipótese é que nossa composteira não teve proliferação suficiente de microrganismos, e assim
não atingiu a fase termófila. Mas isso é refutado pelo gráfico 1, que mostra que entre os
eventos 8 e 10 a composteira D1 passou dos 60 graus celsius.
Outra hipótese possível para isso foi a contaminação das amostras no momento do
manuseio, o que permitiu que bactérias e fungos externos fossem proliferados naquele meio.

A terceira, é que o preparo das amostras obtidas foi feito de forma incorreta, e isso
gerou um baixo número de colônias.

Gráfico 1: temperatura atingida pelas composteiras ao longo do processo.

Portanto, foi observado que as composteiras tiveram desempenho dentro do


apresentado em aulas, apenas uma atingiu a fase termofílica, mesmo sendo caseira. De acordo
com os materiais utilizados em cada uma e as condições propiciadas, foram observados
limites da ação bacteriana e de fungos por limitação de aeração, elevação de temperaturas
esperadas, confirmação de um esterco já inerte, pois não afetou nas curvas da composteira
N3. Foram feitas 3 reviras e foi necessário algumas correções de umidade. Ao partir para a
análise laboratorial, identificou-se a presença desses fungos e bactérias atuantes, embora
nossos resultados particularmente foram inferiores aos de outros grupos em números.
Concluímos então que na prática foi comprovada a teoria.

7. Referências

Aulas de Compostagem 2023.1

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