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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 3

2. ÉTICA: DEFINIÇÃO ........................................................................................................ 4

3. ÉTICA NA ANTIGUIDADE ............................................................................................ 10

4. ETICA RELIGIOSA ....................................................................................................... 13

5. ÉTICA NA ESCOLA ...................................................................................................... 19

6. AS DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL E SEU SIGNIFICADO SOCIAL .............. 20

7. A ESCOLA E A FORMAÇÃO MORAL E ÉTICA DOS EDUCANDOS ........................... 21

8. ÉTICA DO EDUCADOR ............................................................................................... 28

9. ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................................................ 31

10. ÉTICA E OS DIREITOS HUMANOS: UM DIÁLOGO REFLEXIVO ............................ 34

11. CONSTRUÇÃO ÉTICA – REFLEXÃO....................................................................... 38

12. REFLEXÃO SOBRE OS PRINCÍPIOS DA CONDUTA .............................................. 44

13. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 46

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1. INTRODUÇÃO

Sejam bem-vindos ao módulo de Ética!

Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação


daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.

As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais. Mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.

Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos


colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar
nosso trabalho.

Como os cursos baseados na metodologia da educação a distância, vocês são


livres para estudar da melhor forma que possa organizar-se, lembrando que: aprender
sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiada
importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/
seus alunos.

Desse modo, a apostila em questão traz os seguintes conteúdos:

 Ética que neste módulo tem como objetivo geral levar o profissional a
perceber que a ética permeia toda a vida do sujeito, quer seja no
ambiente pessoal quanto profissional.

 Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que


entendemos serem os mais importantes para a disciplina.

 Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de


redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico.

Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila
encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas. Criamos,
também, uma pasta de leituras complementares sobre o assunto para enriquecer seus
conhecimentos.

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2. ÉTICA: DEFINIÇÃO

Ética é uma palavra de origem grega, com duas origens possíveis. A primeira
é a palavra grega éthos, com e curto, que pode ser traduzida por costume, a segunda
também se escreve éthos, porém com e longo, que significa propriedade do caráter.
A primeira é a que serviu de base para a tradução latina Moral, enquanto a segunda
é a que, de alguma forma, orienta a utilização atual que damos à palavra Ética
(GOLDIM, 2000).

Fonte https://bitlybr.com/b2Ne6Aw

Desde suas origens entre os filósofos da Grécia antiga, a Ética é um tipo de


saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações dos seres humanos.
A moral também é um saber que oferece orientações para a ação, mas enquanto ela
propõe ações concretas em casos concretos, a Ética – como Filosofia moral – remonta
à reflexão sobre as diferentes morais e às diferentes maneiras de justificar
racionalmente a vida moral, de modo que sua maneira de orientar a ação é indireta:
no máximo, pode indicar qual concepção moral é mais razoável para que, a partir dela,
possamos orientar nossos comportamentos (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).

Os filósofos estavam preocupados com os problemas dos homens juntamente


com suas condutas morais. E assim, sucessivas formas de pensamento nasceram e
segundo Valls (1993), muitas ideias foram surgindo.

No entanto, esse esclarecimento, certamente pode servir de modo indireto


como orientação moral para os que pretendem agir racionalmente no conjunto da sua
vida.

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Ao discorrer no estudo sobre Ética iremos perceber uma abordagem muito


significativa para os cidadãos quando indagamos as pessoas e perguntamos: o que é
ética? Todos se arriscam em logo dar uma resposta, mas nem sempre a explicação é
clara e precisa.

Nos dias atuais podemos constatar que o discurso sobre a ética não é uma
abordagem recente, assim, a possibilidade de dialogarmos sobre esse assunto, faz
com que tenhamos uma atitude diferenciada frente à sociedade atual.

Fonte https://bitlybr.com/L3QJedU

Nesse sentido, podemos fazer alguns estudos e refletir que em diversos


momentos de nossa vida e em vários setores da sociedade aética estará presente e
é nesta acepção que alguns estudiosos nos farão entender ainda mais sobre seu
significado. Álvaro (1994) por exemplo ressalta que:
A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são
fáceis de explicar, quando alguém pergunta. Tradicionalmente ela é
entendida como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e
eventualmente a teleológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas.
Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos
costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos
costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento,
(Álvaro, 1994, p.7)

Assim podemos dizer que a ética não é uma ciência intelectual, é uma prática
vivenciada em todos os setores da sociedade e em todos os tempos. Pode-se
considerar que o seu estudo nos remete a um eterno pensar em que a reflexão e o
construir caminham juntos em prol de uma verdade. Neste contexto a ética é a teoria
ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade (SÁNCHES
VÁZQUEZ, 1970, p.12).

Entretanto a ética tem sua particularidade específica a toda ação humana, e


por esta razão é uma ciência antiga imprescindível na produção da realidade social,
que permeia até hoje em nosso contexto geral e específico de cada cidadão.

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Assim, é importante incentivar o estudo sobre a ética em seus diferentes


aspectos. Após uma definição, somos capazes de dizer que a ética pode ser trazida
como o estudo da verdade; não existe uma ética da mentira, nem a meio éticas e
ambas, éticas e verdade são a essência da sapiência humana.

Fonte: https://bit.ly/2EG5Oxd

E dentro de uma visão tradicional pode-se dizer que a ética é entendida como
um estudo ou uma reflexão cientifica ou filosófica, podendo ser até teológica, em que
os costumes e ações humanas estão intrínsecas por toda vida. Podemos chamar de
ética a nossa própria vida, quando a direcionamos de forma correta.

A ética dentro do de uma perspectiva tradicional era vista como uma atitude de
grande valia, entendiam que era uma “conduta” que todo o cidadão deveria ter do que
é certo e errado.

Sabemos que cada cidadão tem a sua própria ética sempre contida em regras
impostas por um determinado grupo e se partirmos do princípio que estamos inseridos
em um desses grupos, podemos pensar que nossas ações se fundamentam na cultura
transmitida de geração a geração e que nos diz o que é ”certo ou errado".

Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom. Podemos dizer que é o
estudo do que é bom ou mau. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas
para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral
e Direito - pois não estabelece regras.

Assim, segundo alguns autores o estudo da ética também pode ter um cunho
totalmente histórico, pois ela é o fundamento da sociedade.
A ética é o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] é aquela
perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para

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existirmos juntos [...] é o conjunto de seus princípios e valores que orientam


a minha conduta. (Cortella, 2009, p. 102)

Na medida em que entendemos a importância da ética para a sobrevivência


humana com qualidade e integridade, compreendemos também a complexidade
envolvida em suas relações com outros campos do saber e da prática, fundamentais
à vida humana em sociedade.

A ética discute os valores que se traduzem em existências humanas mais


felizes, mais realizadas, com mais bem-estar e qualidade de vida. Além disso, busca
os valores que signifiquem dignidade, liberdade, autonomia e cidadania.

Ética significa modo de ser, caráter, comportamento. É o ramo da Filosofia que


busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade.
Diferencia-se da moral, pois enquanto está se fundamenta na obediência a normas,
tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a
ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento
humano.

Na Filosofia clássica, a ética não se resume ao estudo da moral (entendida


como “costume”, do latim mos, mores), mas a todo o campo do conhecimento que não
é abrangido na física, metafísica, estética, na lógica e nem na retórica. Veja o
quadrinho abaixo que expressa um pouco sobre a evolução moral e ética e reflita.

Fonte https://bit.ly/2V2Idv2

Assim, a ética abrangia os campos que atualmente são denominados


antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, educação física e até
mesmo política, em suma, campos direta ou indiretamente ligados às maneiras de
viver.

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Porém, com a crescente profissionalização e especialização do conhecimento


que se seguiu à Revolução Industrial, a maioria dos campos que eram objeto de
estudo da Filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como disciplinas da
ética, foram estabelecidos como disciplinas científicas independentes. Deste modo, é
comum que atualmente a ética seja definida como “a área da Filosofia que se ocupa
do estudo das normas morais nas sociedades humanas” e busca explicar e justificar
os costumes de um determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios
para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida
como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta,
quando julga- se do ponto de vista do bem e do mal.

A ética não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência, a lei
tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum
indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as
normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro
lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

Modernamente, a maioria das profissões tem o seu próprio código de ética


profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da
ética, frequentemente incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos
passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não
estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por
exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional.
Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela
sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do
direito de exercer a profissão.

A Ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser humano
chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto é, como pessoa. (...) A Ética se ocupa
e pretende a perfeição do ser humano.

Ética existe em todas as sociedades humanas, e, talvez, mesmo entre nossos


parentes não humanos mais próximos. Podemos abandonar o pressuposto de que a
Ética é unicamente humana.

A Ética pode ser um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que


guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular

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(moralidade), ou é o estudo sistemático da argumentação sobre como nós devemos


agir (filosofia moral).

É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito.


Estas três áreas de conhecimento se distinguem, porém, têm grandes vínculos e até
mesmo sobreposições (GOLDIM, 2003).

Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer


uma certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.

Segundo Cortella não existe individuo sem ética sendo assim:

Ético (ethos): disciplina filosófica que estuda o valor das condutas humanas, seus
motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores e justificativas morais, aquilo que se
considera o bem.

Análise da capacidade humana de escolher, ser livre e responsável por sua conduta
entre os demais. Para alguns autores, o mesmo que moral (MARTINS, 2002).

Antiético: contra uma ética estabelecida ou contra a ideia (da ética) que estabelecer
o que devemos fazer ou quem queremos ser, levando os outros em consideração. Muitas
vezes, o antiético tem ideias éticas próprias.

Aético: sem ética, mas não contra uma ou outra ética.

A ética e a moral não devem ser confundidas. Segundo os estudiosos do assunto, a


ética não cria a moral (MARTINS, 2002).

O Professor de ético Mário Alencastro (2000) assevera que toda moral supõe
determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética que os
estabelece numa determinada comunidade. A ética depara com uma experiência histórico
social no terreno da moral, ou seja, com uma série de práticas morais já em vigor e, partindo
delas, procura determinar a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e
subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação moral, a natureza e a função dos juízos morais,
os critérios de justificação destes juízos e o princípio que rege a mudança e a sucessão de
diferentes sistemas morais.

Os problemas éticos, ao contrário dos práticos-morais são caracterizados pela sua


generalidade. Por exemplo, se um indivíduo está diante de uma determinada situação, deverá
resolvê-la por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente,
pois o problema do que fazer numa dada situação é um problema prático moral e não teórico
ético. Mas, quando estamos diante de uma situação, como, por exemplo, definir o conceito de
Bem, já ultrapassamos os limites dos problemas morais e estamos num problema geral de
caráter teórico, no campo de investigação da ética.

Tanto assim, que diversas teorias éticas se organizaram em torno da definição do que
é bem. Muitos filósofos acreditaram que, uma vez entendido o que é bem, descobriríamos o
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que fazer diante das situações apresentadas pela vida. As respostas encontradas não são
unânimes e as definições de bem variam muito de um filósofo para outro. Para uns, bem é o
prazer, para outros é o útil e assim por diante. (ALENCASTRO, 2000).

Fonte https://bit.ly/37eZZAK

3. ÉTICA NA ANTIGUIDADE

O pensamento grego no período 500 a.C., foi um período relevante para os


antigos e gregos porque surgiram muitas ideias, indagações e muitas teorias que até
hoje são discutidas.

Os grandes pensadores daquela época foram: Platão, Sócrates e Aristóteles


os que deram a base da construção do saber sobre reflexão e análise sobre as
atitudes do homem, por isto, é importante perpassar sobre algumas ideias e como os
problemas éticos eram naqueles tempos.

Os gregos refletem sobre a natureza do bem moral de uma base absoluta da


conduta. Estas reflexões procedem do campo religioso que a abordam as ideias éticas

“Conhece-a ti mesmo”, “nada em excesso” estas foram as formulações que originaram


do conceito de “Delfos” Deus de Apolo.

Platão, discípulo de Sócrates (427-347 a.C.), nos escritos Diálogos, explicitava


que a busca do homem era a felicidade. As maiores partes das doutrinas objetivavam,
realmente, a busca da felicidade como centro da preocupação ética. Nas literaturas,
Platão pregava sobre as noções do prazer, sabedoria prática e virtude, em que
indagava: onde está o sumo do bem?

Platão parecia negar os desejos físicos e terrenos e acreditava numa vida


depois da morte. Na literatura A República ele condenava a vida que era voltada aos
prazeres. Já no diálogo Fédon, a imortalidade da alma era como uma espera da
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felicidade depois da morte. Para ele, os homens deveriam buscar durante a vida, a
apreciação das ideias, primordialmente, a ideia do bem. Onde ele afirma no escrito de
“Eros Filosóficos” que chama atenção do homem para a prática da contemplação.

É relevante apontar que os filósofos buscam a arte da dialética do Bem e do


Ser como os astrônomos buscam os astros. Para eles o Ser é permanente, o Bem
também. Para eles o homem deve descobrir um percurso que o leve até o Bem
superior absoluto.

Os filósofos encaram os sábios não como cientistas, mas como homens cheios
de virtudes na busca de equilíbrio, ordem e harmonia em sua vida. Para eles, o sábio
busca subjetivamente a harmonia, o que faz submeter-se à sua própria razão. A
virtude e a dialética estão ligadas uma à outra, desta forma a dialética é o caminho da
apropriação das ideias e a virtude está associada à vida pessoal.

A virtude está ligada à purificação, onde o homem desprende-se a tudo que é


sensível e terreno, e desprendendo de tudo do mundo pode contemplar uma vida
ideal, eterno e imutável, o que explicita o Sumo Bem, segundo Platão. A prática da
virtude trata-se da harmonia (Arete), que reflete a coisa mais preciosa para o homem.
Reflete na medida (métron), já a harmonia social e individual é uma imitação da ordem
cósmica. (Cosmos retrata a ordem, o inverso do Caos).

Para os filósofos, o ideal desejado pelo homem virtuoso é a assimilação de


Deus: aceitação do divino. As plebes encaravam os filósofos como loucos.

Na pesquisa sobre as diferentes virtudes, Platão aponta as principais delas:

 Prudência (frônesis ou Sofia) é a virtude da alma racional, ou seja, o


homem deve ser guiado para os bens;

 Justiça (dike), a virtude que harmoniza e ordena, o que faz pensar na


semelhança ao imortal, sábio e divino;

 Valor (andréia) a virtude que o prazer fica subordinado ao dever;

 Temperança (sofrosine) trata-se da virtude da serenidade, da harmonia


singular e autodomínio;

Com isto, o que contempla a ética platônica é o Sumo Bem, da ligação da


virtude com a contemplação filosófica da virtude da ordem em harmonia universal. No

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entanto, as virtudes morais e intelectuais são restritas, segundo os filósofos a vida


prática se aproxima muito da prática teórica.

Já Aristóteles possuía uma visão muito mais séria que Platão, com isto ele
colecionava depoimentos sobre a vida cotidiana das pessoas, o que o tornou no
grande empirista, nas literaturas afirmava seu esforço comparativo e analítico, quando
comprava várias constituições políticas gregas apontadas nos livros sobre Ética a
Nicômaco e a Ética a Eudemo, Magna Moral e um tratado voltado aos vícios e
virtudes.

Fonte https://bit.ly/3fKmtOc

Aristóteles (384-322 a.C.) faz uma comparação entre o Ser e o Bem, onde faz
uma correlação sobre as variedades das pessoas, para ele cada um possui um bem,
segundo sua essência do que concerne a cada pessoa. Podemos dizer que a ética
aristotélica é eudemonistas, ou seja, seus fins são elencados para que o homem
chegue à felicidade. O filósofo aponta o homem como ser complexo e necessita do
melhor dos bens, dos mais variados tipos deles como: saúde, amizade, riqueza etc.

Para ele os bens são apontados como: força, poder, beleza, virtudes. O homem
tem o seu viver, no sentir e na razão. Para ele a razão precisa da vida virtuosa. Para
o bem próprio do homem deve ser ligada à vida de inteligência ou dedicada ao estudo.

Imagem Filosofia antiga (clássica) Aristóteles- Virtudes:

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Fonte https://bit.ly/378Hy0N

De acordo com Aristóteles, a justiça é a mais importante das virtudes. Contudo,


em excesso ou escassez, quando mal aplicada ou aplicada cegamente, a justiça
poderia gerar injustiça.

Na visão aristotélica, o pensar é o bem divino e precioso no homem. E a


felicidade é conquistada pela virtude.

Veja o quadro abaixo representando- Felicidade em Aristóteles.

Fonte https://bit.ly/39ox3JD

Esta parte dos nossos estudos aponta Platão e Aristóteles como grandes
teóricos das teorias morais, apontando como uma pequena amostra da reflexão ética.

Fonte https://bit.ly/2JbQpqy

4. ETICA RELIGIOSA

Sabemos que a religião grega era naturalista, pois apontavam seus deuses voltados
das forças naturais, como: a força, a inteligência, o amor, o raio e, até mesmo a guerra. Já a
religião judaica está acima de tudo que é natural, sendo o Deus de Abraão, Jacó e Isaac.

Bom, nos termos voltados ao ético e/ou morais, indagamos ao pensamento de como
o homem deve ter suas ações de acordo com a natureza e agir frente à vontade de Deus.

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Para melhor viabilidade é primordial conhecer a vontade deste Deus pessoal, já a


filosofa parte um caminho fora dela: os homens visam a revelação de Deus que não é teórica,
mas centrada na educação do homem. O homem busca a semelhança de Deus, ou seja, ser
santo como Deus.

Fonte https://bitlybr.com/fl6fXtZN

Na religião judaica descrita nos livros do Antigo Testamento, Jesus Cristo


ensina certo aperfeiçoamento. Ele não impede os ensinamentos da Lei antiga, mas
otimiza um mandamento renovado, centrado no amor.

É importante ressaltar que a religião trouxe um grande avanço no progresso


moral da humanidade. A moral neste caso foi colocada nas várias faces do amor
perfeito, numa santidade.

Não podemos esquecer que o fanatismo religioso obscureceu a ética da


liberdade, da fraternidade universal, do amor. Com isto, a religião favoreceu os
filósofos possibilitando novos questionamentos sobre a natureza e a liberdade.

O pensamento ético na Idade Média estava todo ligado à religião, à


interpretação da bíblia. Já na Idade Moderna apresentou duas versões: a procura de
uma ética laica, racional com base na lei natural, ou seja, subjetividade do homem e
por outro lado o pensamento ético-filosófico.

Por outro lado, novos pensamentos surgiram para formular outras teorias éticas
como a pura razão de Kant e Sartre. Outros filósofos apontaram apenas a maneira de
relacionar a filosofia com as doutrinas religiosas, entre eles: Hegel, Schelling, Gabriel
Marcel, entre outros.

O filósofo Ludwig Feuerbach (1804-1872), explana sobre a verdade da religião


utilizando antropologia filosófica, publicou as obras “Abelardo e Heloísa” (1834), “Piere
Bayle” (1838) e “Sobre Filosofia e Cristianismo” (1839). A última citada, influenciou o
pensamento de Karl Marx.
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Na metade do século XIX, Marx apresenta uma nova visão do mundo e


concomitantemente, da história humana. Ele inseriu em suas escritas um sentido
inferido da substituição da religião. Marx aponta a moral revolucionária com base no
pensamento cristão, conversão, martírio, sacrifício e redenção à espera do Reino que
está sendo construído.

No século XX o marxismo é apontado como uma das preocupações éticas. Em


seguida, surge uma tendência moderna centrada em unir uma reflexão filosófica em
uma ética religiosa. Consequentemente desenvolveram na modernidade teorias e
práticas que ignoram os ensinamentos religiosos.

A concepção determinista que aponta a liberdade humana uma ilusão. E a


concepção racionalista que descreve a natureza humana numa perspectiva
transcendental kantiana e coloca a natureza humana como liberdade, a condição da
consciência humana como as formas assertivas da ação moral. A linha de
pensamento Kantiana explicita a universalização dos procedimentos práticos, ou seja,
uma ação moral boa é aquela universalizada, de modo que seja os princípios que
pudessem ser seguidos por todos.

Vale ressaltar que o formalismo Kantiano tem seus encantos, ele tem como a
base exclusiva dos pensamentos e a vontade. Neste sentido, há algumas lacunas
neste pensamento, por exemplo, tortura. Será viável pensar na tortura de modo
universalizado?

No entanto, surgiram outras tendências reveladas como: utilitarismo. O que faz


pensar nas vantagens que podem oferecer para muitas pessoas. Este pensamento
aparece em muitas formulações como pragmatismo, isto é, que deixa à parte as
formulações teóricas e tendem para os resultados práticos mais rápidos.

Neste pragmatismo, há dois segmentos atuais e relevantes para o estudo da


ética que estão interligados. Esta prática está vinculada para a vantagem particular,
ou seja, o meu sucesso está ligado ao meu progresso pessoal, principalmente
econômico. Bem próximo ao pensamento grego do hedonismo, mediada pelo
progresso técnico que advém do mundo atual.

Outra linha de pensamento atual, o positivismo lógico que deixa de lado as


questões fundamentais metafísicas, que direciona apenas para pesquisar a
linguagem moral, formulações éticas e assim por diante. Este estudo é apontado como

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admirável porque o indivíduo não pode viver a vida estudando a ética e sim vivenciá-
la.

QUAIS SÃO OS IDEIAIS ÉTICOS?

Fonte https://bitlybr.com/bQFST

Com base nos nossos estudos, para os gregos o ideal ético está ligado na
busca teórica e prática da ideia do Bem, ou uma desejada felicidade, que era
entendida como uma vida de ordem, virtuosa, com grandes capacidades superiores e
as outras capacidades não fosse desprezada, ao ponto que o homem seja composto
e sintético que necessitasse de muitas coisas, na visão de Aristóteles.

Já na visão de outros filósofos gregos, o ideal ético está interligado com a


natureza e na harmonia cósmica. Em seguida, os teólogos cristãos adotaram o viver
conforme a natureza, viver segundo as leis que Deus proporcionou por meio da
natureza. Os epicuristas acreditavam que a vida deveria estar direcionada para o
prazer, já os estóicos na vida bem natural.

Na visão do cristianismo, as ideias éticas se espelham com os religiosos. O


homem deveria viver para conhecer, servir e amar a Deus. Por isto, o lema de
Sócrates “conhece-te a ti mesmo” retoma em Santo Agostinho que aborda o seguinte
ensinamento: “Deus nos é mais íntimo que o nosso próprio íntimo”. O ideal ético de
uma vida espiritualista está ligado a uma vida fraternal e de amor.

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Fonte https://bit.ly/2HD5roq

Historicamente, há duas formas que se separam radicalmente, o céu e a terra,


o amor de Deus e o amor aos homens o que dificultou os ideais éticos cristãos.

Já no Renascimento e no iluminismo, os aspectos éticos estavam ligados de


uma hegemonia, que o ideal seria viver conforme a sua própria liberdade pessoal. Já
os franceses abordaram o lema da Liberdade, Igualdade e Fraternidade conforme
afirmaram na Revolução Francesa em termos socais.

Kant identificou os termos éticos como a autonomia individual. Segundo o autor,


o homem racional, autodeterminado e autônomo é aquele que tem suas ações
voltadas à liberdade e à razão, apontando os critérios da moralidade.

Já Hegel delineou uma vida livre dentro de um Estado livre, um estado de direito
e deveres, onde a moral e as leis fossem interligadas, sem contradição. O que vemos
é que Platão e Aristóteles se assemelham novamente, com Hegel. Porém, a história
não acompanhou suas teorias, nos últimos anos estes assuntos se tornaram
ideológicos.

No século XX, os grandes pensadores deram prioridade sobre a liberdade


como um ideal ético, privilegiando o aspecto personalista da ética: opção, cuidado,
autenticidade etc.

No entanto, temos o pensamento social e ético, como ideal ético uma vida
social mais justa, sem desigualdades e injustiças econômicas, ou seja, um mundo
mais humano.

Hegel e Maquiavel infiltravam na reflexão ética como um elemento


problematizador, com pensamento revolucionário de esquerda que surgem alguns
fatos complicados. O que queremos apontar é que a relação dos meios e dos fins não
possui conflitos resolvidos. Percebemos que as gerações atuais devam ser
sacrificadas pelas gerações futuras, ou seja, não conseguimos entender que nossas
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ações hoje podem prejudicar as gerações futuras, há falas que as gerações futuras
não compensarão a injustiça atual. Abaixo seguem imagens para reflexão e
aprofundamento de estudos sobre a importância desses filósofos para a sociedade.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel foi um divisor de águas dentro


do pensamento filósofico na Europa ocidental e

também na Rússia do século XIX. Foi um grande admirador


de Platão, Descartes e Kant, e o idealismo alemão adquiriu

sua máxima expressão nesse pensador. O que é mais


interessante é que ocorreu um grande avanço na teoria da

evolução da consciência graças a ele.

Fonte https://bit.ly/3l9Re03

Maquiavel (1469-1527) é um dos mais originais pensadores


do renascimento, uma figura brilhante, mas também algo
trágica. Durante os séculos XVI e XVII, o seu nome foi
sinônimo de crueldade, e na Inglaterra o seu nome tornou-
se ainda mais popular o diminutivo Nick para nomear o
diabo, não havendo pensador mais odiado nem mais
incompreendido do que Maquiavel. A fonte deste engano é
o seu mais influente e lido tratado sobre o governo, O
Príncipe, um pequeno livro que tentou criar um método de
conquista e manutenção do poder político.

Fonte https://bit.ly/3pYV7sp

Cabe ressaltar que parte dos nossos estudos, visa criar uma reflexão ético-
social do século XX, que a sociedade hoje talvez não viva com ações éticas, vivem
amoralmente. Pensem nos meios de comunicação de massa se possui a liberdade de
expressão? Há ideologias? Há indivíduos realmente livres, cidadãos conscientes e
atuantes das consciências com capacidade julgadora?

Enfim, esta parte dos nossos estudos serve para uma breve reflexão.

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5. ÉTICA NA ESCOLA

A ética na escola vem sendo o ponto primordial dos educadores. Atualmente,


com o advento da tecnologia, a internet aborda vários sites que tratam deste assunto
por ensaios, manifestos e leis.

Fonte https://bit.ly/3q2qT7J

Abordamos esta parte do nosso estudo o que propõe os educadores e a escola


na responsabilidade da formação do caráter dos nossos educandos. Em seguida,
explicitaremos mais à frente sobre os PCNs instituindo a ética e a importância de as
escolas configurarem um espaço de reflexão sobre a moral e outras razões, segundo
(PCN, 1998, p.24), “o cotidiano escolar está encharcado de valores que se traduzem
em princípios, regras, ordens, proibições”.

No entanto, no decorrer deste estudo abarcaremos alguns pontos relevantes


que permeiam o assunto:

 As diferenças entre ética e moral e seu significado social;

 A postura da escola frente à formação ética do indivíduo.

Decerto que estes apontamentos a serem discutidos aqui, não têm a pretensão
de dar respostas imediatas pelas instituições e educadores.

Fonte https://bitlybr.com/D1uF0

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

6. AS DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL E SEU SIGNIFICADO SOCIAL

Durante o regime ditatorial, as escolas brasileiras discutiam pouco sobre a


ética. No entanto, os termos mais utilizados na época eram: “exercício da reflexão
crítica” e uma “educação para cidadania”. A formação dos educandos era na disciplina
Moral e Cívica. As aulas eram voltadas para exortação anticomunista.

Atualmente, as abordagens em torno da ética e moral se esforçam para a


formação de um cidadão consciente dos deveres e direitos. Assim, indagamos: que
tipo de educando gostaríamos de formar?

No entanto, Freire aponta as escolas devam construir um currículo que abranja


uma prática social e educativa, a fim de contextualizar as diferenças e acolhimento
aos educandos. Segundo o autor, o campo das cidades educativas que os contextos
que não acolhem a prática educativa, como prática social, mas também se constituem,
através de suas múltiplas atividades, em contextos educativos em si mesmos.
Não há crescimento democrático fora da tolerância que, significando,
substantivamente, a convivência entre dessemelhantes, não lhes nega,
contudo, o direito de brigar por seus sonhos. O importante é que a pura
diferença não seja razão de ser decisiva para que se rompa ou nem sequer
se inicie um diálogo através do qual pensar diversos, sonhos opostos não
possam concorrer para o crescimento dos diferentes, para o
acrescentamento de saberes. Saberes do corpo inteiro dos
dessemelhantes, saberes resultantes da aproximação metódica, rigorosa,
ao objeto da curiosidade epistemológica dos sujeitos. Saberes de suas
experiências feitas, saberes “molhado” de sentimentos, de emoção, de
medos, de desejos (Freire, 2001, p. 7).

O autor acima explana sobre uma educação como prática permanente do ser
humano, respeitando as diferenças das opiniões a aproximando os sujeitos das
curiosidades epistemológicas. Segundo o autor é impossível pensar no ser
programado para aprender. Para ele o ser deve um permanente indagador e com uma
busca permanente do conhecimento, inacabado.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais aponta um sujeito ético, já a moral é


algo independente à sua própria cultura, mas em todas as ocasiões da vida social
(PCN, 1998, p. 23). Há um divisor de águas na nossa história, pois o que refere à
moral e a multiplicidade das concepções que norteiam os comportamentos morais é
apontado no PCN (1998), mas a ética é apontada como tema transversal e se propõe
como “reflexão crítica sobre a moralidade”.

20
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Descartes, explana que a moral provisória teria que reger na conduta do meio,
no Discurso do Método. Para ele, a provisoriedade se justificava pelo fato de que o
método para bem dirigir a razão ainda não tinha condições de ser aplicado ao campo
da moralidade, sendo então necessário adotar uma “casa” temporária, na qual fosse
possível viver enquanto durassem os trabalhos de construção da moradia definitiva,
isto é, da moral universal e verdadeira (Descartes, 1996, p. 27).

Então, refletir, pensar, como medir seus próprios passos, isto é, ponderar o que
vai fazer, reflete um bom moralista.

Outra pessoa que buscou dar relevância ao caráter investigativo e reflexivo da


moral foi John Dewey. Segundo o autor ele explana a necessidade de abandonar as
concepções antigas e criar uma nova concepção de métodos que objetivam apontar
a moral não como um conjunto de regras a serem aplicadas (Dewey, 1958, p. 170).
Ele explica a moral como um estatuto de cientificidade das ciências naturais,
estendendo que nem estes ou aqueles possuíam o compromisso com as verdades
absolutas. Implicava que os homens são responsáveis pela legitimação dos saberes
mais importantes para si mesmo.

Já na visão de André Lalande (1993, p. 349), é à ética que se deve conferir o


estatuto de cientificidade, na medida em que ela estabelece juízos de apreciação
sobre as ações merecedoras dos qualificativos “bons e maus”. Para o autor, qualquer
base de princípios ao campo da moral é designada ao conjunto de prescrições
atingidas num período histórico e em específico contexto social e também como
exortação e a consolidação a tais prescrições – é passível às valorações humanas,
as quais se aplicam às ações relacionadas à conduta.

Outra importante visão de Maffesoli (1994), explicita “morais” as regras ou


modelos de ações ou conduta que têm a função de direcionar à universalidade. Nesse
sentido, A Revolução Francesa foi um movimento que criou a separação de uma certa
moral, a burguesa, para a sociedade ou humanidade. Com isto, Mafessoli define a
ética a um caráter mais específico, levando em consideração os costumes e a conduta
de grupos sociais.

7. A ESCOLA E A FORMAÇÃO MORAL E ÉTICA DOS EDUCANDOS

A escola nasceu no século XVII, com ensino voltado para tradição escolástica.
E o advento da tipografia e de algumas técnicas de produção, a igreja Católica, o

21
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Bispo retrava a escola como uma “oficina para homens”, segundo (Comênio, 1997, p.
104), promovendo uma educação de qualidade e de saberes sólidos, para
apropriarem das mais superiores virtudes e concretizar uma fé sincera e cristã.

Segundo Comênio (1997), desejava moldar a educação desde seu início,


como uma tábula rasa, ou seja, uma mente desprovida de ideais para a mente
humana. Consequentemente, apontava a infância no início dos anos escolares e
trabalhando, moldando aquele ser que era enrijecido pelos vícios, ao ponto de
disponibilizar o ensino respaldado nos métodos adequados. Para ele, o educador
pode criar intelectos desejáveis, como imprime letras no papel.

O filosofo Comênio tcheco


combateu o sistema medieval,
defendeu o ensino de “tudo para
todos” e foi o primeiro teórico a
respeitar a inteligência e os
sentimentos da criança

Esta metáfora diante dos saberes, mais tarde foi discutida como psique
humana, que sofre readequação, com apontamentos comparativos da psique humana
como uma folha em branco passa a se tornar uma folha suja, com conhecimentos
errados. Com isto, cabe ao professor limpar e deixar apto os conhecimentos corretos,
os conteúdos disciplinares escolares. (Mazzotti & Oliveira, 2000, p.13).

Percebemos que este processo educativo é voltado para o modelo professor


modelador. Segundo Comênio era muito relevante aumentar o número de escolas e
acolher todos, como: pobres, ricos, meninos e meninas e até crianças deficientes. A
Didática Magna desenvolve uma metodologia da escola com dever moral/ético e de
incluir aqueles que possuíam a má sorte.

Comênio (1997) acreditava que o objetivo era ter uma pedagogia voltada aos
fundamentos mecanicistas, com integração religiosa e moral/ética. Ele dizia: “infeliz
instrução a que não se converte em moralidade e piedade! (Idem, p. 100).

Já Dewey defendia na centralidade aos alunos, ou seja, os papeis são


invertidos. Ou seja, o foco dos educadores centrado nos seus educandos como
22
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

trabalho pedagógico. Segundo o autor, nada adianta centrar seu trabalho em métodos
tradicionais, pois os métodos devem ser centrados nos ativos, novos, que facilitam a
aprendizagem, não sendo manipuladas pelos livros didáticos. Em outro viés, a
disciplina não pode ser imposta, mas com uma conquista cotidiana no ambiente
escolar e que seja aceita e discutida por todos. Segue abaixo a figura de Dewey para
reflexão e estudo.

Fonte https://bit.ly/3l8iYSJ

Já a Escola Nova refere-se à liberdade do aluno, nos planejamentos de


estudos, à cultura e costumes, ou seja, uma instituição ao entendimento de todos,
com tolerância e respeito. Por outro lado, alguns críticos da educação disseram que
este modelo camufla as relações de dominação da sociedade, oferecendo a ilusão de
que iriam formar novos políticos, cientistas, educadores com nova mentalidade etc.
Segundo nossos estudos, esta metodologia da escola nova segue
concomitantemente com o modelo Comeniano, formando o homem do bem e a
sociedade em harmonia.

Para Dewey não tinha uma escola modelo, uma vez que ele não via uma
educação escolar com desenvolvimento pedagógico para um amanhã tão sonhado e
glorioso e sim um processo de desenvolvimento que vem sendo construído ao longo
do tempo. Explana abaixo:
Educar é extrair do presente a espécie e a potência de crescimento que este
encerra dentro de si. Esta é uma função constante, independentemente da
idade. A melhor coisa que se pode dizer a respeito de qualquer processo

23
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

especial de educação, como o do período escolar formal, é que ele torna o


indivíduo capacitado para receber posterior educação, torna-o mais sensível
às condições de crescimento e mais capaz para delas tirar vantagens.
Aquisição de habilidades, posse de conhecimentos, conquista de cultura, não
são fins, são antes balizas de crescimento e meios para a sua continuação.
(Dewey, op. cit., p. 183)

A escola é encarada como um lugar em que seus educandos vivem uma


expectativa de um futuro memorável. Para que isto aconteça, é necessária uma visão
de educador homogeneizado, pois ele deve abafar as adversidades impostas pelos
saberes e crenças que compõe nossa sociedade de padrões culturais diferentes. Os
quais são vistos em grande parte pela omissão, ignorância, pelo atraso que devem
ser minimizados ou erradicados. Assim, os professores devem encarar que seus
educandos sejam não como uma folha em branco, mas um pedaço de diamante, que
deve ser lapidado que os demais.

A almejada homogeneização na face do padrão moral/ético objetivada para o


aluno. A escola homogeneizadora deve admitir algumas regras hierárquicas de
valores, mesmo que a realidade apresente o surgimento de algumas divergências, o
que é comum e acerca de diferentes interpretações sobre o contexto discutido. Se não
chegar a uma razão no processo argumentativo, é necessário apelar pela frieza das
normas hierárquicas.

Conforme Chauí (1998) a sociedade no Brasil possui princípios de uma


estrutura hierárquica do espaço social, que impulsiona a forma de uma sociedade
fortemente verticalizada, seja nas as relações sociais ou intersubjetivas. É uma
relação sempre ligada ao superior e inferior, que manda e o outro obedece. As
diferenças e assimetrias são sempre destinadas às desigualdades que reforçam
essas relações de poder.

Na figura abaixo é possível refletir sobre a ideologia da Filósofa Marilena Chauí


e entender um pouco sobre a sua relevância.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Fonte https://bit.ly/33ixCRf

Fonte https://bit.ly/33ixCRf

Segundo a autora tem como característica acabar com as divisões de classes


e oferecer um lema de igualdade social. Pensar em um modelo de ensino didático
para todos é o que propõe os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

Sendo assim para muitos a proposta nos PCNs tende buscar uma grande saída
no que diz respeito à desigualdade e a diversidade cultural e na aceitação em relação
ao outro. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) buscar a ética para o
contexto escolar significa enfrentar o desafio de inferir no processo de ensino e
aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento, uma
frequente atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos

25
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

e das circunstâncias de problematização das ações, dos valores e regras que os


norteiam.

Todavia, assim, a proposta da realização de uma educação moral/ética às


crianças e adolescentes deve abordar as condições para o desenvolvimento da
autonomia, compreendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade,
fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da gestão de ações coletiva
e democráticas. O desenvolvimento do ser autônomo é o foco de todas as áreas e
temas transversais e, para alcançá-lo, é preciso que elas se articulem. A mediação
representada pela Ética estimula e favorece essa articulação (BRASIL, 1998, p. 61).
Esta articulação deve ser feita respeitando as diferentes bagagens culturais. Vale a
pena ressaltar como a diversidade cultural que é explanada no PCN:
O fato é que, inevitavelmente, os indivíduos se constituem como tais
convivendo simultaneamente com sistemas de valores que podem ser
convergentes, complementares ou conflitantes, dentro do tecido complexo
que é o social. As influências que as instituições e os meios sociais exercem
são fortes, mas não assumem o caráter de uma predeterminação. A
constituição de identidades, a construção da singularidade de cada um, se dá
na história pessoal, na relação com determinados meios sociais; configura-
se como uma interação entre as pressões sociais e os desejos, necessidades
e possibilidades afetivo-cognitivas do sujeito vividas nos contextos
socioeconômicos, culturais e políticos (BRASIL, 1998, p. 62).

Para afirmar os princípios éticos e morais aponta na Lei 9394/96, no artigo 2º,
instituísse nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana, é
finalidade da educação nacional o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Afirma (SANTOS, 2001), a educação para a cidadania, e os programas


educacionais voltados para esse fim, pressupõe a crença na tolerância, com princípios
no bom senso, da razão e da civilidade, que dispõe aos indivíduos melhores relações
entre si. No entanto, favorece na crença da possibilidade de formação do ser,
encarando a aprendizagem da tolerância e da civilidade dentro do campo escolar.

Historicamente, o ser humano ao nascer aprende sua cultura e se relaciona


com regras e valores da sociedade em que está inserido. A família é o primeiro espaço
de convivência da criança. Ao lado da família, outras instituições sociais veiculam
valores e desempenham um papel na formação moral e no desenvolvimento de
atitudes. As presenças constantes dos meios de comunicação de massa nos espaços

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

públicos e privados conferem a eles um grande poder de influência e de veiculação


de valores, de modelos de comportamento. A religião contribui da mesma forma.

As várias instituições sociais, motivadas por interesses diversos concorrem


quando buscam desenvolver atitudes que expressam valores. Os indivíduos transitam
por algumas dessas instituições durante toda a sua vida; em outras, por períodos
determinados; e em outras, ainda, nunca transitarão (CAMARGO & FONSECA, 2006).

Fonte https://bitlybr.com/mUyRAsy

É relevante apontar que existem duas formas de tratar a questão da diversidade


cultural, sendo: a primeira, é designada de aceitação, faz com que o contato com o
outro se dê pela via da observação e da curiosidade. Exemplificando, nos eventos de
feiras culturais, nas quais os educandos apropriam da existência de crenças, valores
e hábitos culturais diferentes daqueles de sua origem oficial. Embora esse tipo de
abordagem possa contribuir para combater preconceitos, é limitada, pois não avança
na discussão acerca da marginalidade social em que se encontram tais identidades,
segundo (Canen ,1997 p. 4483). No entanto, faz-se necessário uma discussão
posterior para refletir a aceitação das diversidades culturais no tópico adiante.

Fonte https://bit.ly/3liLBwJ

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

8. ÉTICA DO EDUCADOR

A ética do educador pode ser trazida como uma mola de transformação social.
A atuação do docente nas instituições requer uma visão e uma conduta pautada na
diversidade humana.

A figura abaixo retrata um pouco das características docentes frente a um


trabalho educacional ético.

Fonte https://bit.ly/3pXMG0p

É possível ser eficaz, cada um ao seu modo, é possível ser coerente frente às
adversidades que deparamos no campo educacional. Mas, sabemos que é
imprescindível reconhecer que há alguns educadores progressistas que exigem que
seus discentes tenham uma eticidade que falta na atualidade. Não é utopia! Segundo
Freire (2001):

É que a ética ou a qualidade ética da prática


educativa libertadora vem das entranhas mesmas
do fenômeno humano, da natureza humana
constituindo-se na História, como vocação para o
ser mais. Trabalhar contra esta vocação é trair a
razão de ser de nossa presença no mundo, que
terminamos por alongar em presença com o Fonte: https://bit.ly/2V4PZ7R

mundo. A exploração e a dominação dos seres humanos, como indivíduos e como


classes, negados no seu direito de estar sendo, é imoralidade das mais gritantes,
segundo (Freire, 2001, p. 45).

Para o autor é como explicar a miséria, a fome, a dor, a ignorância, dizendo


que o mundo é assim mesmo. No entanto, uns trabalham mais e têm mais,
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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

logicamente, porém chegam outros e falam: é preciso ser paciente, um dia as coisas
irão mudar.

O autor acima explana sobre uma educação para a libertação, de uma


educação que seja a face da radicalidade do ser humano. Ser ético e político! O
educador para ser progressista não pode aceitar uma determinada explicação da
história. É preciso ser rigoroso e inflexível frente às situações do amanhã. Para ele a
libertação se dá na história e se concretiza como um processo de consciência das
mulheres e dos homens é sine qua, conforme (Freire, 2001, p. 45).

Neste sentido, o processo de consciência desta luta política tem grande


relevância e não pode ser desprezada. Os indivíduos são demasiadamente especiais
e superiores aos condicionamentos. No entanto, são imunes às ideologias, possuem
a tarefa de conduzir a massa popular no caminho certo.

Para Freire (2001), o educador progressista é leal ao homem para desenvolver


a autonomia e se entregar ao ser aberto e crítico e ser criticado. Desenvolver um ser
que dê importância na sua posição de classe, de raça e de sexo para a luta da
libertação.

“Nós podemos reinventar o mundo”

Paulo Freire

Fonte: https://bitlybr.com/a19XDQ

Em resposta a este pensamento freiriano um educador progressista entende


que não pode reduzir uma posição de classe, nem a cor da pele numa luta. Se caso
isto acontecer, ele sabe que distorce o sentido da luta.

Propõe-nos a pensar da seguinte forma: a educação pública ou educação


popular? Cada uma possui uma relação com a outra. Para o autor a educação popular

29
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

pode ser ministrada não somente no espaço da formalidade, ou seja, escola. Mas, em
todos os lugares, inclusive, dentro dos movimentos sociais. É necessário a superação
de uma educação mecanicista e perceber a dialética das relações e do mundo.

O autor aponta a relevância do desprendimento do ensino tradicional para o


ensino novo, que sejamos críticos ao ministrar um ensinamento, em seu aprender-
ensinar. No entanto, os educadores devem se preparar para os desafios que tem por
vir, pensar, repensar e aprender novas formas de comportamento.

Fonte https://bitlybr.com/EQXd

Na visão de Masetto (2012) o educador “sabe, sabe ensinar”, porém não é um


ato mecânico e todos os profissionais da área sabem disto. O que o autor quer dizer
que os profissionais da educação não podem ficar presos aos materiais didáticos,
engessados, mas na formação do seu alunado de forma crítica.

Outro ponto importante, os professores devem sempre buscar um feedback de


seus conteúdos e de suas ações durante todo o processo de ensino, segundo
Cavalcante e Cohen (2012). Não esquecer que todos os dias possuem desafios e que
devemos nos colocar todos como aprendiz. Quando ensinamos, aprendemos.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Enfim, os educadores são importantes modelos


e possuem um papel de emitir pensamentos críticos
no ambiente social de cada sujeito.

O educador deve se preocupar com a formação


efetiva dos seus educandos, o ensinar e o aprender
deles, a partir dos princípios dos valores, com saberes
objetivando na autonomia de pensamentos, segundo
(TADÊUS; CUNHA, 2009).
Fonte https://bitlybr.com/5DjrFE
É necessário que os educadores repensem
sempre suas atitudes educativas no viés de formar cidadãos de uma cultura com ética
e cidadania, beneficiando o outro a favor da dignidade humana.

Fonte https://bit.ly/3nUgF7u

9. ÉTICA PROFISSIONAL

Primeiramente, é necessário definir o


que é profissão? O “exercício habitual de uma
tarefa, a serviço de outras pessoas” é o
conceito que Sá (2009, p. 155), designa à
profissão. Não podemos deixar de descrever
que segundo o autor há benefícios, tanto para
quem realiza esta atividade como para quem
for beneficiado por sua realização.

Já a ética profissional é o exercício da profissão na medida em que as ações


do profissional condizem com a moral e a regulação feita pela lei que garante
benefícios para os profissionais e à classe à qual está inserida na sociedade, (Sá,
2009).

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

É importante explicitar que a conduta ética universal independe das culturas


cujos costumes possuem adversidades, ou seja, o cuidado, a honestidade, e a
competência são virtudes almejadas em qualquer meio profissional independente do
campo de atuação ou cultura em que for realizado o trabalho.

Conforme Sá (2009, p. 164) “a profissão não deve ser um meio apenas de


ganhar a vida, mas de ganhar pela vida que ela proporciona, representando um
propósito de fé”.

Para ser um bom profissional é necessário


possuir várias qualificações, o mercado de trabalho
exige muitas habilidades e outras especificidades
de cada sujeito. Com o avanço tecnológico o
mercado trabalhista fica vez mais exigente. Com
isto, faz-se necessário ter algumas
especializações, pois atribuem um grande
Fonte: https://bit.ly/2V2irab
diferencial na carreira profissional.

No entanto, é relevante possuir algumas virtudes exigidas na


contemporaneidade, de modo geral, todas as profissões são necessárias a ética e a
moral.

Sabemos que a moral e a ética são virtudes do meio social conforme já


estudamos anteriormente. Desde a infância aprendemos a conviver com o outro com
respeito ao próximo e as regras da comunidade em que vivemos.

Normalmente, expressamos estes valores na sociedade em que vivemos, no


entanto, oferecer estas virtudes no meio profissional cria uma relação de confiança e
respeito mútuo.

Independente da profissão, seja um médico, advogado, engenheiro ou


professor, por exemplo, cada um deles precisa ser qualificado e precisa dar soluções
sobre qualquer adversidade que houver no seu setor de trabalho.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Fonte https://bitlybr.com/WDajyviZ

Vamos destacar algumas virtudes:

 Zelo: refere-se ao comprometimento do profissional para as funções


trabalhistas que lhe são atribuídas e, claro, responsabilidade na
execução das tarefas que lhe foram atribuídas;

 Honestidade: é uma virtual primordial de cada profissional. Ela


assegura a confiança no seu trabalho e sem ela a vida profissional da
pessoa torna-se mal vista pela sociedade;

 Sigilo: a virtude do sigilo reflete o respeito profissional com as


informações que lhe são atribuídas e que lhe cabem aos seus clientes,
pacientes, alunos etc.

Vale ressaltar que o sigilo nem sempre é solicitado pelo seu chefe, mas cada
pessoa profissional deve atribuir-se a esta prática.

Enfim, a competência reflete a experiência com a bagagem de conhecimento


que a pessoa adquiriu ao longo dos anos, que favorece no potencial do cargo que
esteja ocupando para realização das atividades propostas.

As virtudes são básicas para os profissionais para exercerem um papel na


sociedade.

Com isto, as grades curriculares na graduação oferecem as disciplinas que


incluem a ética e a moral a fim de promover a postura na profissão e o código de ética.

Neste contexto, um dos estudiosos na área, Chiavenato (2005) estabelece:


agregar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar a promoção da socialização
do funcionário ou colaborador. Todavia, agrega valor às inter-relações no campo de
trabalho, ou seja, as empresas precisam promover a socialização dos novos
funcionários, o que pode acontecer através de vários programas de integração, quer
33
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

sejam do tipo formal ou informal; individual ou coletivo; uniforme ou variável, dentre


outros.

Um ambiente saudável, rico, tranquilo e ao mesmo tempo desafiador, que leve


o indivíduo a buscar novas conquistas, a satisfazer novas necessidades favorece não
só as relações pessoais, mas o bom desenvolvimento, a fruição dos trabalhos e o
atendimento dos objetivos da administração quer seja ela pública ou privada.

Fonte https://bitlybr.com/WDajyviZ
10. ÉTICA E OS DIREITOS HUMANOS: UM DIÁLOGO REFLEXIVO

O movimento pós-positivista representa uma grande significação da


reaproximação da Moral com o Direito. O positivismo, por ter separado da moral, não
fazia qualquer diálogo com a legitimidade do Direito e da Justiça, pois este movimento
aparentava indiferente a qualquer valor ético. Já o movimento pós-positivista, parte
com base estrita na legalidade, mas restringindo às normas atribuídas somente ao
juiz, ou seja, nas ações do legislador.

Fonte https://bit.ly/3fCz4mc

Os princípios embasados na lógica da situação que atenda e acolhe os valores


constitucionais se concretizaram no ordenamento jurídico, a Carta Magna; atende as
cautelas dos interesses. Os princípios mais relevantes são: primeiro o princípio da
razoabilidade que designa como “um mecanismo para controlar a discricionariedade
legislativa e administrativa” e o segundo é o princípio da dignidade da pessoa humana,
ou seja, “um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas as pessoas por

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

sua existência no mundo” (...) “Ele representa a superação da intolerância, da


discriminação, da exclusão social, da violência, da incapacidade de aceitar o outro, o
diferente, na plenitude de sua liberdade de ser, pensar e criar”, segundo (Barroso,
2001, p. 30-31).

Diante disso, é possível compreender a efetivação da origem e concretização


dos direitos humanos. Conforme Bobbio (1992) “o problema fundamental em relação
aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los”.
Percebemos que há uma complexidade na concretização.

Atualmente, percebemos que não há uma concretização, pois de um lado está


a regulamentação dos direitos humanos, instituídos em vários documentos
constitucionais. Por outro lado, vemos o desrespeito na sociedade. Em seguida,
deparamos com a Declaração Universal dos Direitos Humanos .

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os


membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é
o fundamento da liberdade, da justiça, e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos
resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da
Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem
de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo
do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração
do homem comum,
A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos
Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os
povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se
esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a
esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas
de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre
os povos dos próprios Estados-Membros quanto entre os povos dos
territórios sob sua jurisdição” (Declaração Universal dos Direitos
Humanos,1998).

A partir desta declaração percebemos a responsabilidade e comprometimento


com base na dignidade humana, com paz social, a posse da liberdade e da
concretização dos direitos humanos.

No entanto, se analisarmos o documento percebemos que existem alguns


pontos contraditórios:

No artigo I: “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”;


já no artigo XV “toda pessoa tem direito a uma nacionalidade”.

35
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

No cenário atual em que o mundo está vivendo, o que podemos dizer dos
refugiados? Dos imigrantes? Podemos constatar que os direitos do ser humano
estão longe dos direitos do cidadão.

No Artigo IV: “ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão


e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas”.

Segundo o Correio Brasiliense 1 ( 2019), em todo mundo, o trabalho infantil


atinge mais de 152 milhões de crianças e adolescentes, dos quais 120 milhões têm
entre 5 e 14 anos. A escravidão ainda é realidade para cerca de 10 milhões de
meninos e meninas. Os dados são da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e da Fundação Walk Free. No
Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que existam 1,8
milhão de crianças e adolescentes trabalhando. Gana, país da África ocidental, com
população mais de sete vezes menor e território 35 vezes inferior, têm mais pessoas
até 14 anos nessa situação do que o Brasil: um total de 2 milhões, atuando
especialmente com pesca e exploração de cacau. O UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância) avalia que 200 mil menores ganenses atuam nas piores
formas de trabalho infantil.

No Artigo V: “ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo


cruel, desumano ou degradante”.

Na noite de quinta-feira (19) de Novembro de 2020 2 , véspera do Dia da


Consciência Negra, João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos,
morreu após ser agredido em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto
Alegre (RS).

Segundo relatos, depois um desentendimento com a caixa do estabelecimento,


a vítima foi levada para o estacionamento do hipermercado, onde a agressão o levou
à morte. As cenas do espancamento foram gravadas. Os agressores, um segurança

1
Ver mais detalhes em Trabalho e escravidão infantil são grandes problemas em Gana -
Blog da Primeira Infância (correiobraziliense.com.br)
2
Ver mais detalhes em:https://congressoemfoco.uol.com.br/video/a-integra-do-video-
daagressao-contra-joao-alberto-silveira-freitas-no-carrefour/

36
ÉTICA NA EDUCAÇÃO

e um policial militar temporário, foram levados à delegacia e, lá, permaneceram em


silêncio. O Carrefour decidiu romper o contrato com a empresa de segurança.

No Artigo XI: “toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser
presumidamente inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo
com a lei, em julgamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas todas as
garantias necessárias à sua defesa; já esta parte refere-se às pessoas que são
julgadas a pena de morte.

Vale salientar que o comportamento humano evolui a passos lentos para a


verdadeira concretização dos Direitos Humanos.

• Direitos Humanos

Muitos estudiosos acreditam que os direitos humanos são originados do Direito


Natural. Eles justificam a origem por compreenderem que as normas são associadas
ao sistema jurídico. O jus naturalismo é estabelecido por dois princípios, sendo: os
primeiros estabelecem as virtudes pessoais são absolutamente válidas pelos
princípios que constatam a justiça das Instituições. O segundo princípio, o sistema
normativo não será qualificado como direito se não estabelecer o respeito pelo
anterior. Já alguns positivistas não aceitam estas opiniões, acreditando que não
existem princípios ideais e absolutamente válidos; segundo eles são relativos à
circunstância e à época.

Na tese de Nino (1996), a definição de


direitos humanos está ligada à concepção de
moralidade. E os princípios morais têm sua
concretização condicionada à aceitação dos
princípios em que afloram a moral crítica. Segundo
o autor, os indivíduos devem valorizar a conduta. A
relevância dos direitos humanos são as ações e
decisões frentes às questões a serem decididas Fonte https://bit.ly/37dckWe

que precisam de moralidade social e de justiça.

Nino (1996) entende que alguns casos não podem ser legitimados positivados.
Pois, o autor aponta o reconhecimento consensual perante a ordem jurídica, com
princípios em valores morais para realmente almejar o respeito aos direitos humanos.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

11. CONSTRUÇÃO ÉTICA – REFLEXÃO

Para Nino (1996), um dos fatores que provocam o conceito moral abstrato do
conceito moral é a desconfiguração da diferença entre moral positiva (moral social) e
moral ideal (moral crítica). A moral positiva, na designação do autor é “o produto da
formulação e da aceitação de juízos com os quais se pretende alcançar princípios de
uma moral ideal”.

Fonte https://bit.ly/36aXroh

No entanto, as regras da moral positiva abrangem os discursos que estão


ligados ao juízo, ou seja, são os princípios que regem a moral ideal, e não a moral
social. Quando referimos ao juízo, trata-se da discriminação dos fatos de uma moral
positiva, que não conseguem expressar as devidas razões para justificar uma
determinada ação.

No entendimento do autor, a moral ideal justifica os fatos e as decisões que


foram tomadas. A distinção da moral positiva e da moral ideal é a concretização e
aceitação social.

Percebemos que é errôneo a ideia de distorcer a separação da moral ideal e


da moral social. Neste sentido, a apropriação adequada da moral na sociedade pode
elencar positivamente as condições que as teorias devem prevalecer para serem
consideradas concretas.

Para facilitar e evitar os conflitos que acontecem, a moral utiliza-se de dois


pontos: o primeiro seria das sanções informais, isto é, é instituída diante do não
cumprimento das regras não aceitas, atua muito parecida com o direito, ao invés de
impor algumas condutas. Já o segundo ponto é o discurso moral, pois se trata de uma

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

técnica argumentativa objetivando a mudança de algumas condutas. Para Nino (1996)


o discurso moral é regido por regras e se não for submisso a elas, a crença seria uma
grande aliada para a convergência de condutas, assim, o final seria aleatório. É
importante ressaltar que o discurso da moral se desliga da autonomia da vontade.
“No discurso moral estão excluídos argumentos, formas de persuasão ou
técnicas de motivação baseados na obediência dogmática a certas
autoridades – humanas ou divinas – recurso a ameaças de danos ou a ofertas
de benefícios, o engano, o condicionamento através da propaganda” (Nino,
1996, p.109.).

O discurso é um meio diferente de atingir um objetivo da aceitação das bases


da conduta. Nino explana os pareceres propondo uma definição breve de um juízo
formulado vinculada da prática e de um discurso moral:

“Um juízo que expresse o fazer X, como moral, pode ser analisado como um
juízo que aconselha a ação X, que ela é exigida, em certas circunstâncias
definidas por propriedades fáticas de índole genérica, por um princípio público
que seria aceito como justificativa última e universal de ações por qualquer
pessoa que for plenamente racional, um juízo absolutamente imparcial e
conhecedor de todos os fatos relevantes” (Nino 1996, p. 117).

O autor aponta as condições que devem ser seguidas para que o juízo seja
verdadeiro. Desta forma, evidenciamos o construtivismo ético que apresenta a moral
como uma manufatura do ser humano, algo especificamente ligado às ações do
homem. Percebemos, assim, que a prática do discurso moral possui uma relevância
epistemológica.

• Os Princípios Da Conduta

As bases da conduta afloram sob uma parte do grupo de direitos singulares


humanos. Por sua vez, apontaremos três bases importantes: o princípio da dignidade
humana, o princípio da inviolabilidade, o princípio da autonomia. Tais princípios
consideramos assim, as bases de uma concepção liberal.

Para justificar esta fundamentação Rawls, (1971) apud Nino (1996) aponta o
equilíbrio reflexivo amplo. No campo da Filosofia tenta encontrar um equilíbrio entre
os princípios gerais e convicções intuitivas, pois não satisfazem as convicções mais
firmes e esquece aquelas que não podem ser efetivas por bases plausíveis. Segue
abaixo um mapa conceitual sobre a esta fundamentação de Raws.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Fonte https://bit.ly/2HDQlPw

Os direitos são importantes para efetivação dos planos de vida que o sujeito
possa vir almejar. Portanto, os princípios podem ser considerados imprecisos, a fim
de inferir nos direitos individuais básicos. Desta forma, trata-se da inviolabilidade da
pessoa, no sentido dos bens, a fim de prejudicar o benefício de outra pessoa ou de
uma sociedade. Faz-se necessário citar alguns bens para melhor entendimento:

 Manutenção da vida consciente, ou seja, concretização dos projetos de


vida;

 Integridade e proteção corporal e psíquica;

 Desenvolvimento das capacidades intelectuais através da educação.


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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

O princípio da autonomia objetiva na amplitude da liberdade de expressão das


ideias científicas, religiosas e políticas, concretizando como um bem, a liberdade do
ser humano projetar o desenvolvimento da sua própria vida. Outro ponto importante é
associar a liberdade para trabalhar e alguns períodos para descansar e por seguinte,
a autorrealização.

Em seguida, vamos delimitar alguns princípios:

• O Princípio Da Inviolabilidade Do Indivíduo

O que assegura este princípio é relacionado ao titular de direito, no entanto, às


pessoas que relacionam com o titular de direito impede alguma ação do titular de
direito. Ao que se referem aos direitos neste caso, são atos lesivos e noviços de
terceiros.

Para entendermos este princípio, trata-se do princípio da inviolabilidade da


pessoa. Nino (1996, p. 239) aponta como uma restrição: “impor aos homens, contra
sua vontade, sacrifícios e privações que não conduzem ao seu próprio benefício”.

No entanto, percebemos que existe uma imparcialidade dos fatos relacionados


dos princípios da inviolabilidade, no campo da moral.

O princípio da inviolabilidade da pessoa, portanto, tem a função de qualificar e


delimitar o princípio da autossuficiência, principalmente quando a ação for prejudicar
outrem.

• Princípios Da Autonomia Do Indivíduo

Segundo nossos estudos de direitos humanos, sua concretização leva ao


liberalismo. Para isto, há uma grande diversidade na lista de liberdades para
realização destas ações. Este princípio da autonomia impede a interferência de
qualquer atividade que prejudique a esfera de outra pessoa.

Para melhor entendimento faz-se necessário definir o princípio da autonomia


do sujeito:
Prescreve que sendo valiosa a livre eleição individual dos planos de vida e
a adoção de ideais de excelência humana, o Estado (e os demais
indivíduos) não deve interferir nessa eleição ou adoção, limitando-se a
planejar instituições que facilitem a consecução individual dos planos de
vida e a satisfação dos ideais de virtude que cada um sustenta e a impedir
a interferência mútua no curso de tal consecução”, conforme (Nino, 1996,
pág. 205).

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Este princípio baseia-se na imprevisibilidade, o mesmo permite compreender


que alguns destes direitos são delimitados pelo princípio da inviolabilidade da pessoa,
a ponto de defender os bens à medida que pode vir a impedir o benefício de outrem.

Vale ressaltar que este bem refere-se à aquisição dos planos de vida que o
sujeito possa vir a almejar.

O bem mais comum é no campo da autonomia é “a liberdade de realizar


qualquer conduta que não prejudique a terceiros”. Já os outros bens são como
instrumentos deste bem. Um primeiro desses instrumentos seria a manutenção da
vida consciente segundo Nino (1996, p. 223).

O princípio da autonomia define-se a uma amplitude de expressão de ideias e


de atitudes, políticas, científicas, artísticas, religiosas etc.

• O Princípio Da Dignidade Do Indivíduo

Segundo Nino (1996, p. 287) a base


deste princípio “prescreve que os homens
devam ser tratados segundo suas decisões,
intenções ou manifestações de
consentimento”. Segundo o autor, as
instituições devem respeitar qualquer Fonte https://bit.ly/33muKme

decisão dos homens, independente de etnia, classe social ou cor da pele e afirma a
ilegitimidade das medidas que querem diferenciar uns homens dos outros.

O autor afirma que o ser humano deve agir de forma que assuma suas decisões
ao ponto de assumir também as consequências de suas ações. Faz parte do ciclo da
vida. Assim, o homem deve ser integrante do seu plano de vida, o mesmo deve
manter-se nas consequências de sua própria vontade, sem prejudicar os princípios
dos outros. Com isto, percebemos que as dignidades das pessoas são inferidas a
partir das regras descritas da moral.

Este princípio que estudamos serve para admitirmos que a vontade do ser
humano é muito importante, independente dos fatores ou consequências que podem
causar para o sujeito ao planejar seu curso de vida.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Já na visão de Pereira (2002), a respeito do princípio da dignidade do indivíduo,


não possui nenhuma correlação com o conceito de dignidade da pessoa segundo
nosso Direito Constitucional.

Segundo a Constituição Federal Brasileira de1998, institui:

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:

- a soberania;

- a cidadania;

- a dignidade da pessoa humana;

- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

- o pluralismo político (CF/88) (Grifos Nossos).

Segundo Scarlet (2009) afirma que se deve entender o princípio da dignidade


da pessoa humana como o princípio que está na base do estatuto jurídico dos
indivíduos, havendo de ser interpretado como individual e universal e cada homem
como um ser autônomo, ainda, com princípios de todos os direitos
constitucionalmente consagrados: direitos e liberdades tradicionais, de participação
política, direitos dos trabalhadores e de participação social. Mas, essencialmente,
alguns direitos assumem, segundo o autor, valoração de primeiro grau da ideia de
dignidade: o direito à vida, à liberdade física ou de consciência, a generalidade dos
direitos pessoais e que se constituem em atributos jurídicos essenciais da dignidade
dos homens concretos, assim possuindo o objetivo de proteger a dignidade essencial
da pessoa humana.

Voltamos na Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º § 2º, institui que os


direitos e garantias expressos na Constituição "não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte" (Brasil, 1988).

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

Fonte https://bit.ly/33muKme

Todavia, a Constituição Federal de 1988, além de atribuir de maneira formal


todas as garantias, as quais todo indivíduo possa almejar em qualquer parte do
mundo, infere ainda outras formas de tutela que associam aos tratados internacionais
adotados no Brasil.

Logo, os indivíduos, independentemente da origem do seu país, possuem os


seus direitos e garantias singulares assegurados, que são protegidos e afiançados
pela Constituição Federal brasileira de 1988. Isto é muito relevante, pois afirmar os
direitos individuais da verdadeira democracia, do Estado Democrático de Direito e,
sobretudo, independente da sua dignidade da pessoa humana, ou seja, são vistos
com respeito e os limites do poder através dos direitos intrínsecos ao cidadão (Scarlet,
2009).

Fonte https://bit.ly/3fCz4mc

12. REFLEXÃO SOBRE OS PRINCÍPIOS DA CONDUTA

Esta reflexão aponta algumas visões dos teóricos que não tem a pretensão de
encerrar, principalmente numa versão fundamentada por Carlos Santiago Nino.

Na busca de fundamentar os Direitos Humanos e a Ética levando em


consideração fatos atuais e a crise do ser humano no mundo moderno visa, a partir
dos princípios da dignidade, inviolabilidade da pessoa e da autonomia que se constrói

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

o “construtivismo ético”, como disse anteriormente, o homem avança em passos


lentos para concretizar realmente os Direitos Humanos.

São várias questões mundiais e do nosso país que nos fazem pensar nos
Direitos Humanos e na possibilidade de vivermos efetivamente os princípios da
autonomia e da dignidade, pois são compatíveis de implicar uma decisão singular
como no campo moral, podemos ter o direito de criar planos de vida que almejamos.
E isto, equivale ao direito e respeito das outras para com a nossa vontade e sabemos
que nossa vontade pode ter ou não consequências favoráveis. Mas, temos o direito
de decidir e enfrentar as consequências.

Esta parte brilhante dos nossos estudos nos faz perceber que o ser humano
possui o direito de ir e vir, de colocar em prática suas ideias tanto no espaço familiar,
no trabalho, nos espaços públicos com respeito às diferenças culturais e de opiniões.

Outra coisa relevante é a aceitação das críticas que podemos receber frente às
opiniões que colocamos aos casos adversos que encontramos no ambiente
educacional. É viável lembrar que educar é necessário desprender dos vícios
anteriores, ou seja, temos que ser aptos aos novos conhecimentos, independentes do
setor trabalhista ou qualquer espaço social.

No entanto, devemos respeitar a bagagem cultural dos nossos colegas de


trabalho e/ou nossos alunos. E entendermos que vivemos num país grande e cada
parte do país possui suas especificidades e seus encantos e assim também são as
pessoas que deparamos na sociedade.

Enfim o cumprimento e a atitude de formar os princípios de conduta ética


sempre darão respaldo para uma cultura imbuída em uma conduta honesta e que
deva ser reconhecida e sempre valorizada em todo contexto humano e social.

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ÉTICA NA EDUCAÇÃO

13. REFERÊNCIAS

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